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1 RECURSOS NO PROCESSO CIVIL PROFESSOR DANILO FONTES DA SILVA 1. TEORIA GERAL DOS RECURSOS 1.1. CONCEITO “[...]meio ou remédio impugnativo apto para provocar, dentro da relação processual ainda em curso, o reexame de decisão judicial, pela mesma autoridade judiciária, ou por outra hierarquicamente superior, visando a obter-lhe a reforma, invalidação, esclarecimento ou integração.” (Humberto Theodoro, 2007, vol. I, p. 620) 1.2. FUNDAMENTO DO DIREITO DE RECURSO Princípio do Duplo Grau de Jurisdição “ ‘Psicologicamente – lembra Gabriel Rezende Filho – o recurso corresponde a uma irresistível tendência humana’. Na verdade, é intuitiva a inconformação de qualquer pessoa diante do primeiro juízo ou parecer que lhe é dado. Naturalmente, busca-se uma segunda ou terceira opinião. Numa síntese feliz, o mesmo processualista resume a origem dos recursos processuais em duas razões: A) a reação natural do homem, que não se sujeita a um único julgamento; B) a possibilidade de erro ou má-fé do julgador.” (Humberto Theodoro, 2007, vol. I, p. 621) Conforme Alexandre Câmara (2008, Vol. II, p. 6), os que defendem o duplo grau de jurisdição têm as seguintes justificativas: Fundamentos: A) o juiz de segunda instância é mais experiente e mais instruído que o de primeira; B) há a possibilidade de erro ou prevaricação do juiz de primeira instância; C) necessidade de controle psicológico do julgador de primeira instância, sabedor de que sua decisão será examinada por outros juízes; D) maior exame da questão; E) inconformismo natural da parte que perde em primeira instância; F) necessidade de controle dos atos jurisdicionais, enquanto atividade estatal. 2 De acordo com Câmara (2008, Vol. II, p. 6): “Parece-nos que o princípio do duplo grau de jurisdição revela mais desvantagens do que vantagens...” 1.3. CLASSIFICAÇÕES A) Quanto à finalidade: a) de reforma – quando se busca uma modificação na solução dada à lide, visando a obter um pronunciamento mais favorável ao recorrente; b) de invalidação – quando se pretende apenas anular ou cassar a decisão, para que outra seja proferida em seu lugar (ocorre geralmente em casos de vícios processuais); c) de esclarecimento ou integração – são os embargos declaratórios, nos quais o objeto do recurso é apenas afastar a falta de clareza ou imprecisão do julgado, ou suprir alguma omissão do julgador. B) Quanto ao órgão que os decide: a) devolutivos (ou reiterativos) – quando a questão é devolvida pelo juiz da causa a outro juiz ou tribunal (juiz do recurso). Exs.: Apelação e recurso extraordinário. b) não-devolutivos (ou iterativos) – quando a impugnação é julgada pelo mesmo juiz que proferiu a decisão recorrida. Exs.: Embargos declaratórios e embargos infringentes. c) mistos – quando tanto permitem o reexame pelo órgão que exarou a decisão, bem como a devolução da análise da questão a um órgão superior. Exs.: agravo e apelação contra indeferimento da petição inicial. C) Quanto à continuidade do processo a caminho da execução: a) suspensivos – os que impedem o início da execução. Exs. Apelação. b) não-suspensivos – os que permitem a execução provisória. Ex.: Agravo de Instrumento, Recurso Extraordinário. 1.4. ATOS PROCESSUAIS SUJEITOS A RECURSOS “No processo são praticados os chamados atos processuais, ora pelas partes, ora por serventuários da justiça, ora por peritos, ora por terceiros e ora pelo juiz.” (HTJ, 2007, vol. I, p. 621) Apenas dos atos do juiz é que cabem os recursos. E, ainda, não de todos, mas de alguns atos do juiz. Somente cabe recursos contra os seguintes atos do juiz: 3 A) Sentença (513; 162, §1º) B) Decisões interlocutórias (522; 162, §2º) Dos despachos não cabem recursos (504) 1.5. RECURSOS ADMISSÍVEIS EM NOSSO PROCESSO CIVIL (496) I. Apelação II. Agravo III. Embargos Infringentes IV. Embargos de Declaração V. Recurso Ordinário VI. Recurso Especial VII. Recurso Extraordinário VIII. Embargos de divergência em Recurso Especial e em Recurso Extraordinário 1.6. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS A) Legitimidade para recorrer (499) B) Tempestividade (506 e 507) C) Singularidade e adequação do recurso Princípio da fungibilidade (ou da adequação) dos recursos D) Preparo (511) Deserção (511, §2º) E) Motivação 1.7. EFEITOS DOS RECURSOS A) Devolutivo – “restabelecimento do poder de apreciar a mesma questão, pelo mesmo órgão judicial que a proferiu, ou por outro hierarquicamente superior.” (HTJ, 2007, vol. I, p. 637) B) Suspensivo – “impedimento da imediata execução do decisório impugnado.” (HTJ, 2007, vol. I, p. 638) “De maneira geral, os atos de execução só devem ocorrer depois que a decisão se tornar firme (coisa julgada ou preclusão pro iudicato), por exigência mesma do princípio do devido processo legal. Enquanto não se esgotam os meios de debate e defesa, enquanto não se exaure o contraditório, não está o Poder Judiciário autorizado a invadir o patrimônio da parte (CF, art. 5º, LIV e LV). [...] Enfim, a regra geral é que todo recurso tenha o duplo efeito e que só será privado da suspensividade quando houver previsão legal expressa a 4 respeito. Omissa a regulamentação a respeito do tema, o recurso terá produzir a natural eficácia suspensiva, regra que, no silêncio da lei, se aplica, por exemplo, aos embargos infringentes e aos de declaração.” (HTJ, 2007, vol. I, p. 638) * Efeito Substitutivo (512) (HTJ, 2007, vol. I, p. 638) “A par dos efeitos devolutivo e suspensivo, um outro efeito – o substitutivo – é atribuído pelo art. 512 a todos os recursos. Consiste ele na força do julgamento de qualquer recurso de substituir, par todos os efeitos, a decisão recorrida, nos limites da impugnação.” 1.8. DESISTÊNCIA E RENÚNCIA AO RECURSO A) Renúncia (502) – antes de recorrer. “Ocorre a renúncia quando a parte vencida abre mão previamente do seu direito de recorrer.” Pode ser: Tácita – decorre do simples transcurso do prazo recursal Expressa – se traduz em manifestação de vontade da parte B) Desistência (501) – “A desistência é posterior à interposição do recurso.” * “Da desistência do recurso ou da renúncia ao direito de interpô-lo, decore o trânsito em julgado da sentença. Fica, todavia, assegurado o direito ao renunciante ou desistente de valer-se do recurso adesivo, caso venha a outra parte a recorrer após a renúncia ou desistência. Finalmente, havendo desistência do recurso principal, torna-se insubsistente o recurso adesivo. Accessorium sequitur principale.” (HTJ, 2007, vol. I, p. 639) * Aceitação tácita da sentença (art. 503) 1.9. RECURSO ADESIVO (500) 1.10. REFORMATIO IN PEJUS “O Código de Processo Civil anterior continha regra expressa vedando a reforma da decisão recorrida para piorar a situação jurídica do recorrente, sem que a outra parte também tivesse recorrido. O Código atual não reproduziu a norma, mas o preceito continua vigente pro força de princípio inerente ao sistema estrutural do processo de prestação jurisdicional. Com efeito, não se admite a prestação jurisdicional de ofício, e ao juiz só é dado realiza-la mediante provocação da parte e nos limites do que for por ela postulado (art. 2º). No julgamento do recurso, destarte, pode-se acolher ou não o pedido de reforma formulado pelo recorrente, mas não se tolera que a pretexto de reexame da decisão impugnada se lhe possa impor um gravame maior do que o constante da 5 decisão reexaminada, e que não tenha sido objeto, também, de recurso do adversário do recorrente. Valer-se do recurso para agravar a situaçãodo recorrente importa, em outros termos, decidir extra ou ultra petita, atuar jurisdicionalmente de ofício, e violar a coisa julgada ou a preclusão, no tocante àquilo que se tornou definitivo para a parte que não recorreu.” (HTJ, 2007, vol. I, p. 626) 2. RECURSOS EM ESPÉCIE 2.1. APELAÇÃO A) Conceito (cabimento) (513) “Apelação [...] é o recurso que se interpõe das sentenças dos juízes de primeiro grau de jurisdição para levar a causa ao reexame dos tribunais de segundo grau, visando obter uma reforma total ou parcial da decisão impugnada, ou mesmo sua invalidação.” (HTJ, 2007, vol. I, 646) *Relembrar, aqui, o conceito de sentença, diferenciando-a de decisões interlocutórias. B) Prazo (508, 506, 184) C) Forma de interposição (514, 511, 519) *Lembrar do preparo e deserção (511 e 519) D) Efeitos da apelação (515, 516,517, 518, 520, 521) Recebimento da apelação (Declaração dos efeitos pelo juiz) (518) *Informe-se, a título de curiosidade, que a decisão do juiz que declara os efeitos nos quais recebe a apelação é decisão interlocutória, contra a qual cabe agravo de instrumento. Devolutivo a) extensão (515) b) profundidade (515, §§1º, 2º e 3º; 516) c) questões de fato (517) Suspensivo (520) Execução provisória (521) 6 E) Não recebimento da sentença conforme com súmula do STJ ou STF (518, §1º) F) Contra-razões (518) Forma Prazo Reexame dos pressupostos de admissibilidade (518, §2º) G) Cabimento do recurso adesivo (500, II) 2.2. AGRAVO A) Conceito (cabimento) (522) B) Espécies de agravo (522) * Ressalte-se que na sistemática atual o agravo retido é a regra. C) Prazo (522) D) Agravo Retido Preparo (518, § único) Requisição de apreciação pelo tribunal (523, §1º) Contra-razões (523, §2º) Juízo de retratação (523, §2º) Agravo Retido contra decisões proferidas na AIJ (523, §3º) E) Agravo de Instrumento Cabimento (522) Forma e direcionamento (524; 525, §2º) Documentos (525) Preparo (525, §1º) “Petição de notícia do agravo” (526) Prazo (526) Inadmissibilidade do agravo (526, § único) Recebimento do agravo de instrumento (527) Indeferimento liminar (527, I; 557) Conversão em Agravo Retido (527, II) Efeito suspensivo e antecipação de tutela (527, III) 7 Requisição de informações ao juiz da causa (527, IV) Contra-razões (527, V) Reforma da liminar e juízo de retratação (527, § único) Reforma da decisão pelo juiz de primeiro grau (529) 2.3 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CABIMENTO (535) PRAZO E DESNECESSIDADE DE PREPARO (536) CONTRADITÓRIO EFEITO INTERRUPTIVO (538) EMBARGOS PROTELATÓRIOS (538, par. único) 2.4 EMBARGOS INFRINGENTES CABIMENTO (530) PRAZO (508) AGRAVO DA DECISÃO QUE INADMITE OS EMBARGOS (532) CONTRARRAZÕES (531) EMBARGOS ADESIVOS (500, II) 2.5 RECURSO ORDINÁRIO PARA O STF: arts. 102, II, a, CF e 539, I CPC PARA O STJ: arts. 105, II, a, b, c, CF e 539, II, CPC PRAZO (508) PROCEDIMENTO (540) 2.6 RECURSOS ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO CABIMENTO (arts. 102, III e 105, III) PRAZO (508) FORMA (541) CONTRA-RAZÕES (542) EFEITOS (542, §2º) INTERPOSIÇÃO SIMULTÂNEA (541, 543) REPERCUSSÃO GERAL DO RE (102, §3º, CF e 543 –A e B do CPC) Resp Repetitivos (543 – C) Agravo da decisão denegatória de RE e Resp (544) 2.7 EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RE E REsp CABIMENTO (546, CPC) PRAZO (508) PROCEDIMENTO (546, par. Único)
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