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Estabilização da tutela provisória

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Estabilização da tutela provisória 
“Que bicho é esse?” – 2ª edição! Tutela Provisória Antecedente Antecipada de Urgência e o instituto da estabilização da tutela
20 de maio de 2016 ~ Deixe um comentário 
Neste segundo texto sobre as tutelas provisórias trataremos a respeito de um instituto consagrado no novo CPC e que tem sigo alvo de grandes debates: a estabilização da tutela.
Antes, gostaria de agradecer aos leitores interessados no texto anterior (sobre as teses da dupla inércia e da inércia única) ! Tivemos mais de 4000 acessos e mais de 250 compartilhamentos nas redes sociais! Prova que o tema é massa e que todo mundo tá interessado em estudar o novo código. Desde já, o MUITO OBRIGADO de todos nós do “Ponderando o Direito”!
Mais uma vez não custa repetir: há mais dúvidas do que respostas sobre o tema. Mas não se assuste, já estivemos em situação pior. É que o desenvolvimento doutrinário a respeito do novo código já jogou uma luz sobre essa danada estabilização da tutela.
O novo CPC inovou no art. 303, ao prever essa estranha regra. Estamos, na verdade, seguindo o modelo de algumas legislações estrangeiras, a exemplo da França, Portugal e Itália, onde já se consagraram institutos semelhantes à estabilização da tutela provisória.
É importante delimitarmos a incidência do instituto: somente se aplica para a tutela provisória antecipada antecedente de urgência. Apenas aqui, frise-se! Se o pedido for cautelar, de evidência ou incidental ao procedimento, não haverá estabilização. Da mesma forma, não há falar de estabilização em sede de tutela provisória recursal.
Para que se fale em estabilização é preciso que a situação apresentada seja de exageradamente urgente e o procedimento adotado seja o de requerer a tutela satisfativa antecipadamente e de forma antecedente, ou seja, através daquela petição inicial sumária ou incompleta ou “malamanhada” prevista no art. 303. Trata-se de um procedimento específico, de situação de extrema urgência contemporânea à propositura da ação, o que justifica o seu caráter antecedente.
Essa hipótese é aquela em que o autor se encontra numa situação em que não dispõe de tempo hábil para estruturar direitinho sua petição, juntar todos os documentos e informações para fazer a petição inicial como manda o figurino e com respeito a todos os requisitos dos arts. 319 e 320. No caso, apresenta-se uma simples petição somente indicando o pedido de tutela final, a exposição da lide, o direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo. Em suma: demonstra o autor a urgência que justifica a apresentação desta petição inicial provisória.
Um exemplo que aconteceu comigo: a concessionária cortou, sem qualquer aviso prévio, o fornecimento de energia de uma senhora idosa residente em zona rural. Não bastasse, como costuma ocorrer no interior de pernambuco, a atividade profissional que servia ao sustento de toda a família era desenvolvida no mesmo terreno! Esta situação urgente e injustificada me fez apresentar pedido de tutela antecipada antecedente de urgência, tendo o juiz ordenado prontamente o reestabelecimento do fornecimento de energia!
Em situação como esta, concedida a tutela provisória, o autor terá o prazo de quinze dias para aditar a petição inicial e então aperfeiçoar a causa de pedir, apresentar os pedidos, toda documentação e trazer os demais elementos necessário à higidez de sua peça vestibular. Superada a urgência pela concessão da tutela, o autor terá mais tempo e tranquilidade para aditar a petição inicial com as informações que deixou de apresentar originalmente em razão do perigo de dano.
Ao réu, para evitar a estabilização cabe recorrer [o que? Recurso obrigatório?? É mesmo?] da decisão concessiva da tutela provisória através de Agravo de Instrumento (art. 304, caput c/c art. 1.015, I).
Na hipótese de o autor aditar a inicial e o réu não recorrer, o processo será extinto sem resolução de mérito e aquela medida concedida anteriormente se estabilizará. É o que nós estamos chamando de estabilização da tutela provisória ou estabilização da tutela antecipada. Resta tentar explicar, então, o que significa a estabilização da tutela provisória.
Trata-se de uma técnica monitória. Lembra da “ação monitória”? Lá o autor apresenta uma prova escrita que denota o reconhecimento de uma obrigação. O magistrado, em um juízo de cognição sumária, verificará se aparentemente foi assumida uma obrigação. Caso “pareça” (muitas aspas) que o autor tem razão, expede-se de um mandado de cumprimento ou de pagamento (art. 701). Se o réu não manejar os embargos monitórios (peça de defesa), aquele mandado transforma-se em título executivo judicial. Ou seja, duas características básicas conformam a técnica monitória: cognição sumária + inércia do réu. De sua aplicação surge um título executivo a partir de cognição sumária, verticalmente pouco aprofundada. Pronto, o raciocínio é o mesmo. É só trazer o que aprendemos sobre monitória ~ mais ou menos ~ para a tutela provisória!
A concessão do pedido de tutela antecipada antecedente de urgência acerta de pleno direito uma decisão judicial dotada de eficácia executiva ou mandamental [pergunta pra próxima: é um título executivo isso??]. A cognição aqui é rarefeita. Apesar disso, é possível obter definitividade na execução ou no mandamento materializado nesta decisão, a depender da atitude do réu em recorrer ou não (ou, em linguagem mais técnica, secundum eventum defensionis).
Trocando em miúdos: se o réu não recorrer, dá ruim pra ele! Babau! Agora só propondo a ação revisional! Trata-se manifestamente de uma técnica monitória.
Além do meu exemplo prático tratado acima, os casos mais comuns para a aplicação desta técnica tendem a ser as ações para fornecimento de medicamento ou as ações contra operadora de planos de saúde face à negativa de autorização ao internamento e desde que haja urgência no início do tratamento.
Uma vez estabilizada a tutela, o processo é extinto sem resolução de mérito, conquanto o autor tenha a seu favor uma decisão de conteúdo mandamental ou executivo. É isso mesmo! É estranho, mas é isso aí [falaremos sobre isso em outra oportunidade!].
Caso qualquer das partes queira rever o provimento, terá o prazo de dois anos para pedir a revisão da decisão que concedeu a tutela provisória de urgência. Ultrapassado o termo, aquela decisão se estabiliza definitivamente, havendo uma espécie de superestabilização [mais uma da série “o que danado é isso?” É uma coisa julgada? Será? Ahm? Ahm???]
Pra fechar, só pra ficar claro: a decisão denegatória da concessão de tutela provisória não se estabiliza. Só se estabiliza a decisão que concede a tutela antecipada antecedente de urgência e desde que o autor expressamente opte pelo procedimento, como manda o figurino (vulgo, art. 303, § 5º) e ~ cumulativamente ~ o réu não interponha recurso.
Estabilizada a decisão, tem-se uma extinção do processo sem resolução de mérito e dotada de eficácia mandamental ou executa a favor do autor! Já pensou? É estranho demais mesmo… Melhor pensar na efetividade, duração razoável do processo, adequação procedimental, o final de semana que vem chegando aí (e com ele a suspensão dos prazos)… porque pensar na tal da tutela provisória tá muito complicado!

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