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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS E CIÊNCIAS EXATAS ENGENHARIA AMBIENTAL PETRÓLEO: CONDIÇÕES PARA EXPLORAÇÃO, ACUMULAÇÃO E EXPLORAÇÃO Beatriz de Oliveira Cavalheri Prof. Dr. Walter Malagutti Filho RIO CLARO 2018 1 INTRODUÇÃO O petróleo é a fonte de energia mais importante da atualidade. Trata-se de um líquido viscoso, menos denso que a água, sendo uma mistura complexa de hidrocarbonetos e quantidades variáveis de não-hidrocarbonetos. Segundo o Balanço Energético Nacional de 2017, cerca de 36.5% da oferta de energia interna do Brasil provém de petróleo e derivados (BRASIL, 2017). O presente trabalho, portanto, tem por objetivo abordar alguns aspectos essenciais para a compreensão das condições geração, acumulação e exploração do petróleo, evidenciando os processos geológicos relacionados em cada uma dessas etapas. 2 CONDIÇÕES PARA GERAÇÃO A teoria mais aceita para a origem do petróleo, para os geólogos e geoquímicos, é a de uma origem orgânica. Nas décadas de 60 e 70, surgiu a teoria orgânica moderna para a origem do petróleo, a partir do conceito de "rocha geradora", rochas sedimentares ricas em matéria orgânica. A teoria orgânica foi definida nos seguintes termos: "A matéria orgânica depositada com os sedimentos é convertida por processos bacterianos e químicos, durante o soterramento, num polímero complexo, o querogênio, que contém pequena quantidade de nitrogênio e oxigênio. Este processo é acompanhado por remoção d'água e compactação dos sedimentos. O querogênio, por sua vez, é convertido em hidrocarbonetos por craqueamento térmico a maiores profundidades e temperaturas relativamente elevadas". (MELLO, 1980). Portanto, a interação dos fatores - matéria orgânica marinha (fitoplâncton), sedimento e condições termoquímicas apropriadas é fundamental para o início da cadeia de processos que leva à geração do petróleo (THOMAS, 2001), conforme ilustra a Figura 1. Figura 1 - Etapas da formação do petróleo nas rochas geradoras Fonte: PETROBRÁS, 1981. 3 CONDIÇÕES PARA ACUMULAÇÃO Para que haja acumulação do petróleo, é necessário que ocorra a migração após o processo de geração e, logo em seguida, que esta tenha o seu caminho interrompido pela existência de algum tipo de armadilha geológica. O petróleo, após ser gerado e ter migrado, é eventualmente acumulado na chamada “rocha reservatório”. A rocha reservatório deve apresentar vazios no seu interior (porosidade) e estes vazios devem estar interconectados (permeabilidade). As rochas reservatório constituem, portanto, em arenitos e calcarenitos, e todas as rochas sedimentares dotadas de porosidade intergranular que sejam permeáveis. Além disso, algumas rochas como os folhelhos e alguns carbonatos, normalmente porosos porém impermeáveis, poder vir a se constituir como rochas reservatório, quando apresentam-se naturalmente fraturados (THOMAS, 2001). Após as condições de geração, migração e reservatório serem atendidas, para que se dê a acumulação do petróleo é necessário a existência de uma barreira em seu caminho. Esta barreira é produzida pela chamada “rocha selante”, cuja principal característica é sua baixa permeabilidade. Os folhelhos e os evaporitos constituem excelentes rochas selantes (THOMAS, 2001). A Figura 2 exemplifica as relações espaciais entre as rochas geradoras, reservatórios e selantes. Figura 2 - Relações espaciais entre rochas geradoras, reservatórios e selantes Fonte: THOMAS, 2001. Para a formação de jazida de petróleo, é necessário a existência de armadilhas ou trapas, obstáculos naturais à migração do petróleo para zonas de pressão mais baixas, até atingir a superfície. As trapas podem ser do tipo estrutural - produzidas pela ação de movimentos da crosta terrestre -, estratigráfica - formada pelas variações na permeabilidade das rochas -, ou combinadas, envolvendo características desses dois tipos (PETROBRÁS, 1981). 4 CONDIÇÕES PARA EXPLORAÇÃO Para descobrir uma jazida de petróleo em uma nova área, é necessário unir uma gama de dados geológicos e geofísicos das bacias sedimentares, a fim de propor a perfuração de um poço. Um programa de prospecção visa fundamentalmente a dois objetivos: (i) localizar dentro de uma bacia sedimentar as situações geológicas que tenham condições para a acumulação de petróleo; e (ii) verificar qual, dentre estas situações possuem mais chance de conter petróleo. Não se pode prever, portanto, onde existe petróleo, e sim os locais mais favoráveis para sua ocorrência (THOMAS, 2001). Para realizar um programa exploratório, portanto, é necessário fazer uso dos métodos geológicos e dos métodos geofísicos. Dentre os métodos geológicos, é possível citar o mapeamento geológico, através das rochas que afloram na superfície e do mapeamento da subsuperfície através de um poço exploratório, de forma a reconhecer, delimitar e identificar estruturas capazes de acumular hidrocarbonetos, além do uso de ferramentas como a fotogeologia e aerofotogrametria. Dentre os métodos geofísicos, a gravimetria, a magnetometria e os métodos sísmicos podem ser utilizados (THOMAS, 2011). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL, MME. Balanço Energético Nacional. MME, Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Brasília, DF. Disponível em, 2017. MELLO, L.A.M. Geoquímica do Petróleo. Centro de Pesquisas de Desenvolvimento. Divisão de Exploração. Setor de Geoquímica. Rio de Janeiro. PETROBRÁS. CENPES. 1980. PETROBRÁS. Exploração e produção de petróleo no Brasil. Petrobrás, Serviço de Comunicação Social. Rio de Janeiro. 1981. THOMAS, J.E. Fundamentos de engenharia de petróleo. Interciência, 2001.
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