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ALTERIDADE Profª. MSc. Bruna Adriano A descoberta do “outro” na Antropologia Como vimos em nossas aulas anteriores, a Antropologia nasce como o estudo das civilizações humanas primitivas e, como tal, como um estudo de realidades “inferiores” ou mais “simples” aos olhos do pesquisador; Civilizações que já deixaram de existir; Civilizações primitivas na África, América Latina, Ásia, Oceania, etc. Nesse processo evolutivo, vimos que a etnografia é o instrumento utilizado pelo antropólogo para uma imersão na realidade do “outro”, do grupamento humano a ser investigado; A descoberta do “outro” na Antropologia Ao ingressar no mundo do “outro”, no entanto, os Antropólogos alcançaram uma importante constatação: eles não estavam apenas conhecendo a uma nova cultura, como estavam na realidade descobrindo a sua própria! O estudo do ser humano em sua totalidade envolve não apenas o estudo de tudo o que compõe uma sociedade, mas sim o estudo de todas as sociedades humanas, inclusive a do próprio pesquisador; A descoberta do “outro” na Antropologia A partir da observação de como o “outro” vive, ao se tornar imerso nessa outra possível realidade humana, o pesquisador descobre aquilo que ele em sua própria cultura tomava como natural, como “humano”, mas que na realidade é cultural, decorre do próprio contexto onde o pesquisador vive; Retirada da “miopia” da cultura em que vivemos; Estranhamento (depaysement) – perplexidade provocada pelo encontro com culturas que para nós são tão distantes, mas que a partir delas provoca-se uma modificação no olhar que temos sobre nós mesmos; A descoberta do “outro” na Antropologia Desse modo, o conhecimento do “outro”, não é meramente o entendimento de alguém externo a mim, de uma cultura distante, é um processo de compreensão de si mesmo também: “Começamos, então, a nos surpreender com aquilo que diz respeito a nós mesmos, a nos espiar. O conhecimento (antropológico) da nossa cultura passa inevitavelmente pelo conhecimento das outras culturas; e devemos especialmente reconhecer que somos uma cultura possível entre tantas outras, mas não a única” (LAPLANTINE, p. 13). “O diferente é o outro, e o reconhecimento da diferença é a consciência da alteridade: a descoberta do sentimento que se arma dos símbolos da cultura para dizer que nem tudo é o que eu sou nem todos são como eu sou” (BRANDÃO, 1986, p. 07). A descoberta do “outro” na Antropologia A alteridade não é... A) simplesmente traduzir o “outro” nos moldes do que é, para a minha sociedade, conhecido e correto; Isso na realidade é uma supressão da alteridade; B) estender a minha racionalidade às dimensões do universo, como fizeram os missionários jesuítas com os indígenas; Isso é, na realidade, projetar uma racionalidade “provinciana”, limitada no espaço e no tempo; A descoberta do “outro” na Antropologia Assim, a abordagem antropológica promove uma revolução epistemológica, a partir de uma revolução do olhar, que decorre da descoberta da alteridade: Nós não nos vemos mais como o centro do mundo, mas convivemos em meio a uma miríade de culturas possíveis e igualmente humanas; Neste processo há não somente uma ampliação do saber do “outro”, mas também do saber sobre si mesmo; A descoberta da alteridade, desse modo, permite verdadeiramente ampliar o conceito de humanidade, para abarcar dentro dele todos os seres humanos, não apenas os indivíduos que partilham de uma mesma cultura. A Alteridade na Antropologia Quem é o “outro” da análise antropológica? Isso dependerá da investigação a ser elaborada: Podemos relacionar: Indivíduos – indivíduos; Culturas – culturas; Indivíduos – Culturas; Culturas – Meio-Ambiente; A Alteridade na Antropologia Disso decorrem: Uma ruptura do naturalismo social – da visão de que nossos comportamentos estão inscritos em nós desde o nascimento; Há também uma ruptura com o humanismo clássico – identificação da natureza humana pensando nas diferenças, não apenas a partir da visão: Greco-romana; Europeia; Judaico-cristã; Etc. A Alteridade na Antropologia O estudo antropológico é desenvolvido a partir de um conflito entre identidade e alteridade. Por um lado, procuro compreender o outro na forma como ele próprio vive e vê o mundo, Por outro lado, esta compreensão deve se dar na perspectiva de um indivíduo que está na cultura, mas não é esta cultura, é ainda um outro; A Alteridade na Antropologia Ao subestimar a alteridade, promove-se apenas a transcrição de uma cultura a partir do discurso de outra: RISCO DE CAIR EM UM ETNOCENTRISMO; Ao superestimar a alteridade, tudo se torna tão relativo, a ponto de não ser possível uma comunicação dos seres e das culturas: RISCO DE ABANDONAR A ANTROPOLOGIA COMO CIÊNCIA; A Alteridade e Etnocentrismo O reconhecimento da alteridade conduz o estudo antropológico a uma negação do etnocentrismo; A Alteridade e Etnocentrismo O reconhecimento da alteridade conduz o estudo antropológico a uma negação do etnocentrismo; O etnocentrismo pode ser compreendido como o ato de: “[...] repudiar pura e simplesmente as formas culturais: morais, religiosas, sociais, estéticas, que são as mais afastadas daquelas com as quais nos identificamos. “Hábitos de selvagens”, “na minha terra é diferente”, “não se deveria permitir isso”, etc., tantas reações grosseiras que traduzem esse mesmo calafrio, essa mesma repulsa diante de maneiras de viver, crer, ou pensar que nos são estranhas” (LÉVY-STRAUSS, 1976, p. 334). A Alteridade e Etnocentrismo Como vimos, afirmar a alteridade envolve o apelo ao reconhecimento de si mesmo no “outro” e isso implica em negar a existência de uma hierarquia entre as diferentes culturas, essa atitude permite relativizar: Racismos; Nacionalismos; Preconceitos religiosos; Etc. A Alteridade e Etnocentrismo Dessa forma, um outro resultado do reconhecimento da alteridade como um princípio da análise antropológica é a negação do mérito científico de uma visão etnocêntrica: “O etnocentrismo, como prática cultural, impede que vejamos o outro em seus próprios termos, de forma coerente, e que algum tipo de relativização de mim e do outro seja possível.” (SIQUEIRA, 2007, p. 127). BOA NOITE!
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