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Métodos e Princípios de Interpretação Constitucionais

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I - MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
Sendo a Constituição um instrumento técnico jurídico-político, deve-se partir, na sua interpretação, de um sistema organizado, metódico, científico, para sua interpretação. Deve-se se socorrer à técnica científica para buscar obter os significados e os sentidos do Texto Máximo. Assim, a Hermenêutica Constitucional, fornece alguns métodos de interpretação do texto constitucional, sendo que todos eles podem ser usados, não existindo uma prioridade ou uma precedência de um sobre o outro. Todos tendem a colaborar para encontrar o sentido mais adequado do texto constitucional. 
1.1 Conceito
A interpretação constitucional busca compreender, investigar e revelar o conteúdo, o significado e o alcance das normas que integram a Constituição. Interpretar as normas constitucionais significa (como toda a interpretação de normas jurídicas) compreender, investigar e mediatizar o conteúdo semântico dos enunciados lingüísticos que formam o texto constitucional.
1.2 Métodos Jurídicos ou Clássicos de Interpretação Constitucional (Ernest Forsthoff)
1.2.1 Interpretação Literal, Gramatical ou Textual
Interpretação voltada ao significado exato do texto legislativo, onde o intérprete que adota a interpretação literal, não pode fugir do sentido geral e amplo do texto. A interpretação gramatical consiste na compreensão do sentido possível das palavras, servindo esse sentido como limite da própria interpretação.
O método gramatical de interpretação tem por escopo realizar uma interpretação morfológica e sintática do texto normativo, ou seja, a mera leitura do texto já seria capaz de revelar o sentido e o alcance da norma jurídica. A interpretação gramatical é o momento inicial do processo interpretativo. O texto da lei forma o substrato de que deve partir e em que deve repousar o intérprete. Na interpretação constitucional, por vezes, não é necessário ir além da letra e do sentido evidente do texto.
1.2.2 Interpretação Histórica ou Histórica Sociológica
Método que avalia as circunstâncias exteriores às normas criadas pelo legislador. Ou seja, leva em consideração os fatores sociais, econômicos, políticos que motivaram o legislador a criar a lei, a interpretação histórica consiste na busca do sentido da lei através dos precedentes legislativos, dos trabalhos preparatórios e da occasio legis. Esse esforço retrospectivo para revelar a vontade histórica do legislador pode incluir não só a revelação de suas intenções quando da edição da norma como também a especulação sobre qual seria a sua vontade se ele estivesse ciente dos fatos e idéias contemporâneos.
O método traça toda a história da proposição legislativa, desce no tempo a investigar a ambiência em que se originou a lei, procura enfim encontrar o legislador histórico, a saber, as pessoas que realmente participaram na elaboração da lei, trazendo à luz os intervenientes fatores políticos, econômicos e sociais, configurativos da “ocasio legis”
A interpretação histórica é aquela que indaga das condições de meio e momento da elaboração da norma legal, bem assim das causas pretéritas da solução dada pelo legislador.
1.2.3 Interpretação Lógica ou Teleológica
A interpretação teleológica ou finalística é a interpretação da norma a partir do fim (vantagem) social a que se destina, podemos dizer que esse é o instrumento interpretativo mais prestigiado pelos tribunais brasileiros na atualidade, estabelecendo relevante valor à finalidade e ao objetivo que a norma se propõe. 
Na interpretação teleológica as normas devem ser aplicadas atendendo, fundamentalmente, ao seu espírito e à sua finalidade. Chama-se teleológico o método interpretativo que procura revelar o fim da norma, o valor ou bem jurídico visado pelo ordenamento com a edição de dado preceito.
O intérprete busca determinar os fins que se acham tanto fora como dentro das proposições legislativas, sendo igualmente importante na pluridimensionalidade desse método estabelecer a vinculação histórica, visto que essa consente uma captação mais precisa do sentido da norma.
Esta interpretação leva em consideração a finalidade da norma jurídica. Ela é subdividida em critério subjetivo e objetivo. No primeiro caso, leva em consideração qual foi a intenção de o legislador ao elaborar a norma jurídica, analisando principalmente o processo legislativo da sua criação. Já o segundo leva em consideração a finalidade da lei.
1.2.4 Interpretação Sistemática ou Lógico Sistemático
A interpretação sistemática visa a harmonia entre as normas, se beneficiando do sistema jurídico como um todo, onde o sistema se completa no conjunto do ordenamento jurídico, cabendo ao jurista o dever de sistematizá-las, dando-lhes um sentido coerente,bem como procura compatibilizar as partes entre si e as partes com o todo, é a interpretação do todo pelas partes e das partes pelo todo.
1.3 Métodos Modernos de Interpretação Constitucional
1.3.1 Método Tópico-problemático (Theodor Viehweg)
Partindo-se do pressuposto de que a Constituição é um sistema aberto de regras e de princípios, que permite mais de uma resposta possível, quando não distintas e cambiantes interpretações, esse método propõe a descoberta mais razoável para a solução de um caso jurídico concreto. o método é direcionado ao problema específico, a interpretação jurídica tomada em sua tarefa essencialmente prática. Por esta razão, a Constituição, enquanto objeto hermenêutico mostra-se muito mais problemática do que sistêmica.
O método propõe que o juiz construa a melhor solução ao problema, realize a justiça no caso concreto, a tópica representa a expressão máxima da tese segundo a qual o raciocínio jurídico deve orientar-se pela solução do problema, e não pela busca da coerência interna para o sistema.
1.3.2 Método Hermenêutico-Concretizador (Konrad Hesse)
Esse método busca suprir deficiências normativas, preenchendo, se necessário for, lacunas constitucionais (...) parte da constituição para o problema, valendo-se da pré-compreensão do intérprete sobre o tema (pressupostos subjetivos), o qual atua como se fosse um mediador entre a norma e o caso concreto, que brota da realidade social (pressupostos objetivos). Em síntese, procura o equilíbrio necessário entre a criatividade do intérprete, o sistema jurídico e a realidade subjacente.
1.3.3 Método Científico Espiritual (Rudolf Smend)
As constituições devem ser interpretadas de modo elástico e flexível, para acompanhar o dinamismo do Estado, que é um fenômeno espiritual em constante transformação, pois concebem a Constituição como instrumento de integração, em sentido amplo, capaz de dar fundamento de validade ao ordenamento jurídico e, em perspectiva política e sociológica, funcionar como instrumento de regulação de conflitos, construindo e preservando a unidade social.
1.3.4 Método Normativo-estruturante (Friedrich Müller)
O intérprete constitucional não pode separar o programa normativo, inserido nas constituições, da realidade social. A proposta consiste, basicamente, em conciliar a perspectiva normativa com a sociológica, deve-se distinguir texto (enunciado normativo) e norma, identifica esta como o ponto de chegada e não de partida do processo interpretativo.
1.3.5 Método da Comparação constitucional (Peter Häberle)
Alia os métodos gramatical, lógico, histórico e sistemático ao Direito Comparado, de modo a buscar em vários ordenamentos jurídicos a melhor direção interpretativa das normas constitucionais de um Estado. Assim, ter-se-ia um quinto método de exegese, que não deixa de ser criticado por parte da doutrina, por não ser efetivamente um novo método.
Quadro sinótico da interpretação Constitucional
	
AGENTES 
	Interpretação Pública Autêntica
	
	Interpretação Pública Judicial
	
	Interpretação Privada Doutrinária
	
MÉTODOS CLÁSSICOS DE INTERPRETAÇÃO
	Interpretação Gramatical
	
	Interpretação Lógica ou Teleológica
	
	Interpretação Histórica ou Histórica Sociológica
	
	Interpretação Sistemática ou Lógico Sistemática
	
MÉTODOS MODERNOSDE INTERPRETAÇÃO
	Método tópico-problemático
	
	Método hermenêutico-concretizador
	
	Método científico-espiritual
	
	Método normativo-estruturante
	
	Método da comparação constitucional
	
EXTENSÃO
	Interpretação Declarativa
	
	Interpretação Extensiva
	
	Interpretação Restritiva
II - PRINCÍPIOS ou técnicas DE INTERPRETACÃO CONSTITUCIONAL
Princípios são vetores que apontam a direção em que se deve buscar entender e compreender uma determinada norma que servem tanto para direcionar a sua criação, sua interpretação bem como a sua integração, no caso de lacunas. Vejamos os princípios mais importantes utilizados na interpretação constitucional:
2.1 O Princípio da Supremacia Constitucional
O princípio da supremacia da constituição consagra a prevalência das normas constitucionais sobre todas as outras regras existentes no sistema jurídico, em virtude de sua superioridade hierárquica da Constituição. A compreensão da Constituição como lei fundamental implica o reconhecimento da sua supremacia na ordem jurídica, bem como a existência de mecanismos suficientes para garanti-la juridicamente contra agressões. Para assegurar tal supremacia, necessário se faz um controle sobre as leis e os atos normativos, o chamado controle de constitucionalidade.
A Constituição está no ápice do ordenamento jurídico constitucional e nenhuma norma jurídica pode contrariá-la material ou formalmente, sob pena de inconstitucionalidade.
2.2 O Princípio da Força Normativa da Constituição
O Princípio da Força Normativa da Constituição alude para a priorização de soluções hermenêuticas que possibilitem a atualização normativa e, ao mesmo tempo, edifique sua eficácia e permanência, sendo assim a norma constitucional não tem existência autônoma em face da realidade, e a constituição não configura apenas a expressão de um ser, mas também de um dever ser. No entanto, para ser aplicável, a constituição deve ser conexa à realidade jurídica, social, política.
2.3 O Princípio da Unidade da Constituição
O princípio da unidade da Constituição considera a Constituição Federal em sua totalidade, buscando harmonizá-la para uma visão de normas não isoladas, mas como preceitos integrados em um sistema unitário de regras e princípios, segundo o qual a interpretação deve ser realizada de maneira a evitar contradições entre suas normas. 
O princípio da unidade da constituição preceitua que as normas constitucionais devem ser vistas não como normas isoladas, mas como normas que estão em conjunto num sistema dotado de princípios únicos, que seja a Constituição.
2.4 O Princípio do Efeito Integrador
Segundo o princípio do efeito integrador, na resolução de problemas jurídico-constitucionais, deverá ser dada maior primazia aos critérios favorecedores da integração política e social, bem como o reforço da unidade política.
2.5 O Princípio da Máxima Efetividade, da eficiência ou da interpretação efetiva
O princípio da máxima efetividade visa interpretar a Constituição Federal no sentido de atribuir à norma constitucional a maior efetividade possível, ou seja, deve-se atribuir a uma norma constitucional o sentido que lhe dê maior eficácia. O princípio da máxima efetividade estabelece que o intérprete deva atribuir às normas constitucionais o sentido que lhes dê maior efetividade, evitando, sempre que possíveis soluções impliquem em não-aplicabilidade da norma.
2.6 O Princípio da Conformidade Funcional ou Justeza
O princípio da conformidade funcional visa impedir, na concretização da Constituição Federal, a alteração da repartição das funções constitucionalmente estabelecidas, sendo que o órgão encarregado de interpretar a Constituição não pode chegar a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório-funcional estabelecido pelo legislador constituinte.
2.7 O Princípio da Concordância Prática ou Harmonização
Pelo princípio da concordância prática ou harmonização, na hipótese de eventual conflito ou concorrência entre bens jurídicos constitucionalizados, deve-se buscar a coexistência entre eles, evitando-se o sacrifício total de um princípio em relação ao outro. No Direito Constitucional brasileiro fala-se de certa relatividade dos direitos e garantias individuais e coletivos, bem como da possibilidade de haver conflito entre dois ou mais princípios, oportunidade em que o intérprete deverá se utilizar do princípio da concordância prática ou da harmonização para coordenar e combinar os bens tutelados, evitando o sacrifício total de uns em relação aos outros, sempre visando ao verdadeiro significado do texto constitucional.
2.8 O Princípio da Interpretação conforme a Constituição
A interpretação conforme a Constituição é uma técnica que pode ser aplicada pelo Supremo Tribunal Federal, em controle de constitucionalidade, apenas para normas que possibilitem mais de uma interpretação, a fim de preservar a lei no ordenamento jurídico e adequá-la aos valores da ordem constitucional, deve-se optar por aquela que se orienta para a Constituição ou pela que melhor corresponde às decisões do legislador constituinte. A técnica da interpretação conforme somente pode ser utilizada diante de normas polissêmicas.
2.9 O Princípio da Presunção de Constitucionalidade das Leis
O Princípio da Presunção de Constitucionalidade as leis e os atos normativos em geral existentes no ordenamento jurídico devem ser presumidos constitucionais, salvo se houver declaração judicial de inconstitucionalidade, a qual importará, conforme entendimento da doutrina majoritária e do próprio STF, em nulidade da norma, a qual não terá aptidão para produzir efeitos jurídicos, já que possui nulidade congênita. Assim, como regra, a declaração de nulidade, se não houver modulação de efeitos, importará em efeito ex tunc, com eficácia retroativa, sendo a norma desprovida de qualquer eficácia.
2.10 O Princípio da proporcionalidade ou razoabilidade:
O princípio da razoabilidade ou da proporcionalidade, no Brasil, tal como desenvolvido por parte da doutrina e, também, pela jurisprudência, inclusive do Supremo Tribunal Federal, é o produto da conjugação de idéias vindas de dois sistemas diversos: 
I - da doutrina do devido processo legal substantivo do direito norte-americano, onde a matéria foi primeiramente tratada;
II - do princípio da proporcionalidade do direito alemão.
No Brasil, o princípio da razoabilidade ou da proporcionalidade é utilizado tanto na seara do Direito Administrativo quanto no Direito Constitucional, verificando-se a constitucionalidade dos atos infraconstitucionais.
O princípio da proporcionalidade estabelece que deva haver uma proporção adequada entre os meios utilizados e os fins desejados. Proíbe não só o excesso (exagerada utilização de meios em relação ao objetivo almejado), mas também a insuficiência de proteção (os meios utilizados estão aquém do necessário para alcançar a finalidade do ato).
A proporcionalidade também é utilizada como uma forma de ponderação entre dois ou mais princípios constitucionais que estejam em conflito, determinando, em cada caso, qual deve prevalecer sobre o outro. É comum utilizá-la, por exemplo, para resolver conflitos entre o interesse público e os direitos individuais.
	
PRINCÍPIOS DE INTERPRETACÃO CONSTITUCIONAL
	Princípio da Supremacia Constitucional
	
	Princípio da Unidade da Constituição
	
	Princípio da Força Normativa da Constituição
	
	Princípio do Efeito Integrador
	
	Princípio da Máxima Efetividade ou da interpretação efetiva
	
	Princípio da Conformidade Funcional ou Justeza
	
	Princípio da Concordância Prática ou Harmonização
	
	Princípio da Interpretação conforme a Constituição
	
	Princípio da Presunção de Constitucionalidade das Leis
	
	Princípio da proporcionalidade ou razoabilidade

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