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Drogas psicotrópicas I

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SANTA CRUZ DO SUL - RS 
 DROGAS PSICOTRÓPICAS I 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO – DOM ALBERTO 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 DROGAS DEPRESSORAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL ............. 6 
2 TRANQUILIZANTES OU ANSIOLÍTICOS – BENZODIAZEPÍNICOS ....... 20 
3 ÓPIO E MORFINA – PAPOULA DO ORIENTE, OPIÁCEOS, OPIÓIDES 27 
4 XAROPES E GOTAS PARA TOSSE ........................................................ 31 
5 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................... 38 
5.1 USUÁRIOS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS ABORDAGEM, 
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO ......................................................................... 39 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 52 
 
 
 
 
 
 
 
1 DROGAS PSICOTRÓPICAS 
 
Fonte: www.4md.com.br 
 
O significado de drogas e todas as implicações que estas podem causar na 
vida de um cidadão foram temas discutidos na apostila anterior. Em linguagem 
comum, de todo o dia, droga tem um significado de coisa ruim, sem qualidade. Já 
em linguagem médica, droga é quase sinônimo de medicamento. 
O termo droga teve origem na palavra droog (holandês antigo) que significa 
folha seca; isto porque antigamente quase todos os medicamentos eram feitos à 
base de vegetais. Atualmente, a medicina define droga como sendo: qualquer 
substância que é capaz de modificar a função dos organismos vivos, resultando em 
mudanças fisiológicas ou de comportamento. 
Por exemplo, uma substância ingerida contrai os vasos sanguíneos (modifica 
a função) e a pessoa passa a ter um aumento de pressão arterial (mudança na 
fisiologia). Outro exemplo, uma substância faz com que as células do nosso cérebro 
(os chamados neurônios) fiquem mais ativas, “disparem” mais (modificam a função) 
e como consequência a pessoa fica mais acordada, perdendo o sono (mudança 
comportamental). 
O que seria então uma droga psicotrópica? 
 
 
 
Psico, naturalmente de origem grega nos remete ao psiquismo, ou seja, à 
mente e trópico, aqui significa ter atração por. Então psicotrópico significa atração 
pelo psiquismo e drogas psicotrópicas são aquelas que atuam sobre o nosso 
cérebro, alterando de alguma maneira o nosso psiquismo. 
Mas estas alterações do nosso psiquismo não são sempre no mesmo sentido 
e direção. Obviamente elas dependerão do tipo de droga psicotrópica que foi 
ingerida e sobre esses grupos é que trataremos a partir de agora. 
Um primeiro grupo é aquele de drogas que diminuem a atividade do nosso 
cérebro, ou seja, deprimem o funcionamento do mesmo, o que significa dizer que a 
pessoa que faz uso desse tipo de droga fica “desligada”, “devagar”, desinteressada 
pelas coisas. Por isso estas drogas são chamadas de Depressoras da Atividade do 
Sistema Nervoso Central (SNC). 
Num segundo grupo de drogas psicotrópicas estão aquelas que atuam por 
aumentar a atividade do nosso cérebro, ou seja, estimulam o funcionamento fazendo 
com a pessoa que se utiliza dessas drogas fique “ligada”, “elétrica”, sem sono. Por 
isso essas drogas recebem a denominação de Estimulantes da Atividade do Sistema 
Nervoso Central. 
Finalmente, há um terceiro grupo, constituído por aquelas drogas que agem 
modificando qualitativamente a atividade do nosso cérebro; não se trata, portanto, 
de mudanças quantitativas como de aumentar ou diminuir a atividade cerebral. Aqui 
a mudança é de qualidade! O cérebro passa a funcionar fora do seu normal, e a 
pessoa fica com a mente perturbada. Por esta razão este terceiro grupo de drogas 
recebe o nome de Perturbadores da Atividade do Sistema Nervoso Central. 
De acordo com Silva e Amaral (1999), quatro são as razões principais que 
levam as pessoas a usarem drogas: 
 Para reduzir sentimentos desagradáveis de angústia e depressão; 
 Para exaltar sensações corporais e provocar gratificações sensoriais 
de natureza estética e, especialmente, eróticas; 
 Para aumentar rendimentos psicofísicos, reduzindo sensações 
corporais desagradáveis, como dor, insônia, cansaço ou superando necessidades 
fisiológicas como o sono e a fome; 
 Como meio de transcender as limitações do corpo e o jugo do espaço-
temporalidade, unindo-se à realidade por trás de todos os fenômenos ou, mais 
 
 
 
limitadamente, a alguma entidade espiritual qualquer, capaz de conferir-lhe, pelo 
menos temporariamente, poderes especiais. 
As três principais categorias de drogas são as estimulantes, depressoras e 
perturbadoras. 
Os psicoestimulantes abrangem um grupo de drogas de diversas estruturas e 
que têm em comum, ações como aumento da atividade motora e redução da 
necessidade de sono. 
Estas drogas diminuem a fadiga, induzem a euforia e apresentam efeitos 
simpaticomiméticos (aumento das ações do sistema nervoso simpático). 
Compreendem as seguintes drogas: anfetamina e cocaína. 
As drogas alucinógenas ou “psicodélicas” apresentam a capacidade de 
produzir alucinações sem delírio, dentre elas está o LSD, dietilamina do ácido 
lisérgico e a maconha. 
São características, as alterações sensoriais cuja intensidade depende da 
dose utilizada, indo de simples aberrações da percepção de cor e forma dos objetos 
até a degradação da personalidade. As características das alucinações variam de 
um indivíduo para outro, presumivelmente de acordo com sua personalidade e com 
os tipos de interesse que desenvolve. As alucinações podem ser visual, auditiva, 
tátil, olfativa, gustativa ou percepção anestésica na ausência de um estímulo 
externo. 
Há distorção do espaço, e os objetos visualizados agigantam-se ou se 
reduzem, inclusive partes do próprio corpo. Pode ocorrer o fenômeno da 
despersonalização, com a sensação de que o corpo ou uma de suas partes estão 
desligados. Altera-se a sensação subjetiva de tempo, e minutos podem parecer 
horas. 
Nas fases de alucinações mais intensas podem ocorrer ansiedade, 
desorientação e pânico. Muitos apresentam depressão grave com tentativa de 
suicídio. 
No caso da Maconha, o princípio ativo é o D9 canabinol (THC) descrito como 
uma substância neuromoduladora que atua através de receptor localizado na 
membrana celular e altera a produção de um 2º mensageiro regulado por outro 
neurotransmissor (CARLINI, 1994). 
 
 
 
O THC produz uma alteração bifásica, euforia (fase estimulante) e sedação 
(fase depressiva). Durante a fase estimulante é descrito como uma ação semelhante 
ao estado de sonho, pode ocorrer distorção visual e do tempo. A concentração pode 
estar comprometida. A memória diminui e o apetite é suprimido refletindo o efeito do 
THC sobre os receptores da acetilcolina e da serotonina respectivamente. Após a 
fase estimulante, é comum sono e letargia. 
 
 
 Fonte: www.blog.drconsulta.com 
 
Os efeitos psíquicos são decorrentes do uso dependente. A literatura 
descreve sinais de ansiedade que pode aproximar do pânico. A síndrome 
amotivacional é outra característica da personalidade do indivíduo. 
Voltando um pouco às drogas psicoativas, estas alteram o comportamento, 
humor e cognição, agindo preferencialmente nos neurônios e afetando o Sistema 
Nervoso Central. Já as drogas psicotrópicas vão além das psicoativas, pois 
possuem grande propriedade reforçadora, sendo passíveis de autoadministração, ou 
seja, levam à dependência. 
Conforme ressalta Carlini (1994), apesar do desconhecimento da maioria das 
pessoas, o álcool é considerado também uma droga psicotrópica, tendo seu 
consumo admitido e incentivado pela sociedade, sendo encarado de forma 
diferenciada, quando comparado com as demais drogas.Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais 
(DSM IV), os distúrbios relacionados com uso de drogas podem ser divididos em 
dois grupos: por uso das substâncias ou induzido por elas. 
No primeiro grupo estão as dependências e os abusos das substâncias e no 
segundo grupo: intoxicação, privação, delírios, demências, distúrbios amnésticos 
persistentes, psicótico, afetivo, de ansiedade, sexual e do sono. 
 
2 DROGAS DEPRESSORAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
 
Fonte: www.mapadacachaca.com.br 
 
Bebidas alcoólicas 
 
O consumo de bebidas alcoólicas pode ser apontado como um dos principais 
fatores responsáveis pela alta incidência dos acidentes automotivos com vítimas. De 
uma maneira geral, em vários países, costuma-se considerar que entre metade e um 
quarto dos acidentes com vítimas fatais estejam associados ao uso do álcool. 
Vale ressaltar que o consumo de bebidas alcoólicas também é apontado no 
Brasil como um dos principais fatores causais de acidentes. Em aproximadamente 
70% dos acidentes de trânsito violentos com mortes, o álcool é o principal 
responsável. De acordo com estatísticas do Grupo de Socorro Emergencial (GSE) 
 
 
 
do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, 30,9% dos motoristas que precisaram de 
socorro exibiam sinais da presença de teor alcoólico no organismo. 
É importante observar que qualquer bebida contém a mesma quantidade de 
álcool puro por dose padrão e, ao beber um copo de 300 ml ou uma “latinha” (350 
ml) de cerveja, estaremos ingerindo a mesma quantidade de álcool puro, ou seja, 
em torno de 12 gramas, a mesma quantidade que há em uma taça de vinho ou dose 
de cachaça / uísque, alcançando a taxa de 0,2g/l (alcoolemia). Portanto, uma 
pessoa pode atingir 0,6g/l de álcool ao consumir três latas de cerveja ou três doses 
de uísque, variando um pouco conforme a massa corporal e a sensibilidade ao 
álcool do organismo. 
Ainda, a alcoolemia em torno de 0,4-0,6g/l já pode representar efetivo fator de 
risco ao provocar manifestações neuro-cognitivas e comportamentais em algumas 
pessoas a depender de certos fatores individuais. 
Acima dessa taxa, o álcool pode promover euforia, desinibição, impulsividade, 
agressividade ou passividade. Tais considerações são importantes no que tange à 
possibilidade de riscos com níveis mais baixos do que é habitualmente permitido 
(0,5g/l de sangue). O simples fato de coibir níveis de alcoolemia acima do permitido 
é insuficiente, em tese, para garantir ausência dos acidentes. Dessa forma, os 
resultados dependem em grande parte da maneira de implementação de programas 
de prevenção. 
O álcool é um depressor de muitas ações no Sistema Nervoso Central, e esta 
depressão é dose-dependente. Apesar de ser consumido especialmente pela sua 
ação estimulante, esta é apenas aparente e ocorre com doses moderadas, 
resultando da depressão de mecanismos controladores inibitórios. O córtex, que tem 
um papel integrador, sob o efeito do álcool é liberado desta função, resultando em 
pensamento desorganizado e confuso, bem como interrupção adequada do controle 
motor. 
Embora não seja objetivo específico deste curso falar sobre o trânsito, temos 
que aceitar uma verdade: grande parte dos acidentes acontece em decorrência de 
condutores alcoolizados. 
Segundo o site Vias Seguras (2009), dentre as causas comportamentais de 
acidentes tem-se: 
 Sub-avaliação da probabilidade de acidente; 
 
 
 
 Desatenção; 
 Cansaço; 
 Deficiências (visual, auditiva ou motora); 
 Consumo de álcool; 
 Consumo de droga; 
 Excesso de velocidade; 
 Desrespeito à distância mínima entre veículos; 
 Ultrapassagem indevida; 
 Outras infrações de motoristas; 
 Não-uso de cinto, de capacete, de proteção para criança; 
 Imprudência de pedestres, de ciclistas, de motociclistas. 
 
Essas causas potenciais de acidentes são extremamente bem conhecidas e 
foram combatidas eficazmente em muitos países pelas seguintes etapas: 
 Conscientização; 
 Regulamentação (se for o caso); 
 Repressão (se for o caso). 
 
A Portaria n. 168 de 14/12/2004, em vigor a partir de junho de 2006, exige 
que todo condutor tenha curso de “Direção Defensiva” como condição de obtenção 
ou renovação da Carteira de Habilitação. Um manual sobre a direção defensiva foi 
editado pelo DENATRAN em maio de 2006 e contém instruções sobre todos os 
aspectos da direção segura que permite prevenir e evitar os acidentes ou limitar as 
consequências dos mesmos: manutenção do veículo e verificação das suas 
condições, postura do condutor, uso do cinto, dos retrovisores, atenção aos 
elementos externos (via, condições climáticas, outros usuários) e recomendações 
quanto a possíveis situações de risco. 
As alterações sofridas pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), lei n. 9.503 
de 23 de setembro de 1997, principalmente em seu artigo 218, através da lei n. 
11.334 de 25 de julho de 2006, alterando os limites de velocidade é mais uma ação 
em prol da diminuição dos acidentes de trânsito, visto que o excesso de velocidade, 
distração e alcoolismo são os grandes vilões. 
 
 
 
 
Aspectos históricos 
 
Toda a história da humanidade está permeada pelo consumo de álcool. 
Registros arqueológicos revelam que os primeiros indícios sobre o consumo de 
álcool pelo ser humano datam de aproximadamente 6000 a.C., sendo, portanto, um 
costume extremamente antigo e que tem persistido por milhares de anos. A noção 
de álcool como uma substância divina, por exemplo, pode ser encontrada em 
inúmeros exemplos na mitologia, sendo talvez um dos fatores responsáveis pela 
manutenção do hábito de beber ao longo do tempo. 
Inicialmente, as bebidas tinham conteúdo alcoólico relativamente baixo, como, 
por exemplo, o vinho e a cerveja, já que dependiam exclusivamente do processo de 
fermentação. Com o advento do processo de destilação, introduzido na Europa 
pelos árabes na Idade Média, surgiram novos tipos de bebidas alcoólicas, que 
passaram a ser utilizadas na sua forma destilada. Nesta época, este tipo de bebida 
passou a ser considerado como um remédio para todas as doenças, pois 
“dissipavam as preocupações mais rapidamente do que o vinho e a cerveja, além de 
produzirem um alívio mais eficiente da dor”, surgindo então a palavra whisky (do 
gálico usquebaugh, que significa “água da vida”). 
A partir da Revolução Industrial, registrou-se um grande aumento na oferta 
deste tipo de bebida, contribuindo para um maior consumo e, consequentemente, 
gerando um aumento no número de pessoas que passaram a apresentar algum tipo 
de problema devido ao uso excessivo de álcool. 
 
Aspectos gerais 
 
Apesar do desconhecimento por parte da maioria das pessoas, o álcool 
também é considerado uma droga psicotrópica, pois ele atua no sistema nervoso 
central, provocando uma mudança no comportamento de quem o consome, além de 
ter potencial para desenvolver dependência. 
O álcool é uma das poucas drogas psicotrópicas que tem seu consumo 
admitido e até incentivado pela sociedade. Esse é um dos motivos pelo qual ele é 
encarado de forma diferenciada, quando comparado com as demais drogas. 
 
 
 
Apesar de sua ampla aceitação social, o consumo de bebidas alcoólicas, 
quando excessivo, passa a ser um problema. Além dos inúmeros acidentes de 
trânsito e da violência associada a episódios de embriaguez, o consumo de álcool a 
longo prazo, dependendo da dose, frequência e circunstâncias, pode provocar um 
quadro de dependência conhecido como alcoolismo. Desta forma, o consumo 
inadequado do álcool é um importante problema de saúde pública, especialmente 
nas sociedades ocidentais, acarretando altos custos parasociedade e envolvendo 
questões, médicas, psicológicas, profissionais e familiares. 
 
Efeitos agudos 
A ingestão de álcool provoca diversos efeitos, que aparecem em duas fases 
distintas: uma estimulante e outra depressora. 
Nos primeiros momentos após a ingestão de álcool, podem aparecer os 
efeitos estimulantes como euforia, desinibição e loquacidade1. Com o passar do 
tempo, começam a aparecer os efeitos depressores como falta de coordenação 
motora, descontrole e sono. Quando o consumo é muito exagerado, o efeito 
depressor fica exacerbado, podendo até mesmo provocar o estado de coma. 
Os efeitos do álcool variam de intensidade de acordo com as características 
pessoais. Por exemplo, uma pessoa acostumada a consumir bebidas alcoólicas 
sentirá os efeitos do álcool com menor intensidade, quando comparada com uma 
outra pessoa que não está acostumada a beber. Um outro exemplo está relacionado 
a estrutura física; uma pessoa com uma estrutura física de grande porte terá uma 
maior resistência aos efeitos do álcool. 
O consumo de bebidas alcoólicas também pode desencadear alguns efeitos 
desagradáveis, como enrubescimento da face, dor de cabeça e um mal-estar geral. 
Esses efeitos são mais intensos para algumas pessoas cujo organismo tem 
dificuldade de metabolizar o álcool. O oriental, em geral, tem uma maior 
probabilidade de sentir esses efeitos. 
 
Álcool e Trânsito 
 
 
 
 
 
 
Álcool e direção não combinam. Desde a implementação da Lei nº 12.760, de 
2012, conhecida como ‘Lei Seca’, o número de acidentes no trânsito causados por 
consumo de bebidas alcoólicas vem diminuindo, mas ainda muito lentamente. No 
último carnaval, a Polícia Rodoviária Federal observou uma queda de pouco mais de 
5% nos acidentes em relação a 2016. Entretanto, o número de vítimas fatais foi 
quase 24% maior. 
 
 
Fonte: www.avnutrition.webnode.com.br 
 
Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013 (PNS), 24% da 
população brasileira consome bebida alcoólica uma ou mais vezes por semana e 
24,3% admitiram dirigir logo após consumir bebida alcoólica. Os riscos são de 
conhecimento geral, mas algumas pessoas tendem a achar que nada vai acontecer. 
Ações educativas e de prevenção vêm contribuindo, assim como a Lei, para a 
redução de acidentes e mortes causados pelo consumo de álcool no trânsito 
Lei: 
Art. 1o Os arts. 165, 262, 276, 277 e 306 da Lei no 9.503, de 23 de setembro 
de 1997, passam a vigorar com as seguintes alterações: 
 Artigo 156. 
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) 
meses. 
 
 
 
Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e retenção 
do veículo, observado o disposto no § 4o do art. 270 da Lei no 9.503, de 23 de 
setembro de 1997 - do Código de Trânsito Brasileiro. 
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de 
reincidência no período de até 12 (doze) meses. (NR) 
§ 5o O recolhimento ao depósito, bem como a sua manutenção, ocorrerá por 
serviço público executado diretamente ou contratado por licitação pública pelo 
critério de menor preço. (NR) 
 Art. 276. Qualquer concentração de álcool por litro de sangue ou por litro de 
ar alveolar sujeita o condutor às penalidades previstas no art. 165. 
Parágrafo único. O Contran disciplinará as margens de tolerância quando a 
infração for apurada por meio de aparelho de medição, observada a legislação 
metrológica. (NR) 
Art. 277. O condutor de veículo automotor envolvido em acidente de trânsito 
ou que for alvo de fiscalização de trânsito poderá ser submetido a teste, exame 
clínico, perícia ou outro procedimento que, por meios técnicos ou científicos, na 
forma disciplinada pelo Contran, permita certificar influência de álcool ou outra 
substância psicoativa que determine dependência. 
§ 1o (Revogado). 
§ 2o A infração prevista no art. 165 também poderá ser caracterizada 
mediante imagem, vídeo, constatação de sinais que indiquem, na forma disciplinada 
pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora ou produção de quaisquer 
outras provas em direito admitidas. 
 Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada 
em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine 
dependência: 
§ 1o As condutas previstas no caput serão constatadas por: 
I - Concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de 
sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou 
II - Sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da 
capacidade psicomotora. 
 
 
 
§ 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste 
de alcoolemia, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de 
prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova. 
§ 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de 
alcoolemia para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo. (NR) 
Art. 2o O Anexo I da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997, fica acrescido 
das seguintes definições: 
Agente da autoridade de trânsito: 
AR ALVEOLAR - ar expirado pela boca de um indivíduo, originário dos 
alvéolos pulmonares. 
ETILÔMETRO - aparelho destinado à medição do teor alcoólico no ar 
alveolar. 
Art. 3o Fica revogado o §. 
Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação 
 
Alcoolismo 
 
 
Fonte: www.dicassobresaude.com 
 
A pessoa que consome bebidas alcoólicas de forma excessiva, ao longo do 
tempo, pode desenvolver dependência do álcool, condição esta conhecida como 
“alcoolismo”. Os fatores que podem levar ao alcoolismo são variados, podendo ser 
 
 
 
de origem biológica, psicológica, sociocultural ou ainda ter a contribuição resultante 
de todos estes fatores. A dependência do álcool é uma condição frequente, 
atingindo cerca de 5 a 10% da população adulta brasileira. 
A transição do beber moderado ao beber problemático ocorre de forma lenta, 
tendo uma interface que, em geral, leva vários anos. Alguns dos sinais do beber 
problemático são: desenvolvimento da tolerância, ou seja, a necessidade de beber 
cada vez maiores quantidades de álcool para obter os mesmos efeitos; o aumento 
da importância do álcool na vida da pessoa; a percepção do “grande desejo” de 
beber e da falta de controle em relação a quando parar; síndrome de abstinência 
(aparecimento de sintomas desagradáveis após ter ficado algumas horas sem 
beber) e o aumento da ingestão de álcool para aliviar a síndrome de abstinência. 
A síndrome de abstinência do álcool é um quadro que aparece pela redução 
ou parada brusca da ingestão de bebidas alcoólicas após um período de consumo 
crônico. A síndrome tem início 6-8 horas após a parada da ingestão de álcool, sendo 
caracterizada pelo tremor das mãos, acompanhado de distúrbios gastrointestinais, 
distúrbios de sono e um estado de inquietação geral (abstinência leve). Cerca de 5% 
dos que entram em abstinência leve evoluem para a síndrome de abstinência severa 
ou delirium tremens que, além da acentuação dos sinais e sintomas acima referidos, 
caracteriza-se por tremores generalizados, agitação intensa e desorientação no 
tempo e espaço. 
 
Efeitos no resto do corpo 
 
Os indivíduos dependentes do álcool podem desenvolver várias doenças. As 
mais frequentes são as doenças do fígado (esteatose hepática, hepatite alcoólica e 
cirrose). Também são frequentes problemas do aparelho digestivo (gastrite, 
síndrome de má absorção e pancreatite), no sistema cardiovascular (hipertensão e 
problemasno coração). Também são frequentes os casos de polineurite alcoólica, 
caracterizada por dor, formigamento e câimbras nos membros inferiores. 
 
Durante a gravidez 
 
 
 
 
O consumo de bebidas alcoólicas durante a gestação pode trazer 
consequências para o recém-nascido, sendo que, quanto maior o consumo, maior a 
chance de prejudicar o feto. Desta forma, é recomendável que toda gestante evite o 
consumo de bebidas alcoólicas, não só ao longo da gestação como também durante 
todo o período de amamentação, pois o álcool pode passar para o bebê através do 
leite materno. 
 
 
Fonte: www.ultracurioso.com.br 
 
Cerca de um terço dos bebês de mães dependentes do álcool, que fizeram 
uso excessivo durante a gravidez, são afetados pela “Síndrome Fetal pelo Álcool”. 
Os recém-nascidos apresentam sinais de irritação, mamam e dormem pouco, além 
de apresentarem tremores (sintomas que lembram a síndrome de abstinência). As 
crianças severamente afetadas e que conseguem sobreviver aos primeiros 
momentos de vida, podem apresentar problemas físicos e mentais que variam de 
intensidade de acordo com a gravidade do caso. 
 
Solventes ou inalantes 
Definição 
 
A palavra solvente significa substância capaz de dissolver coisas e inalante é 
toda substância que pode ser inalada, isto é, introduzida no organismo através da 
 
 
 
aspiração pelo nariz ou boca. Via de regra, todo o solvente é uma substância 
altamente volátil, isto é, se evapora muito facilmente sendo daí que pode ser 
facilmente inalada. Outra característica dos solventes ou inalantes é que muitos 
deles (mas não todos) são inflamáveis, isto é, pegam fogo facilmente. 
Um número enorme de produtos comerciais, como esmaltes, colas, tintas, 
thinners, propelentes, gasolina, removedores, vernizes, etc., contém estes solventes. 
Eles podem ser aspirados tanto involuntariamente (por exemplo, trabalhadores de 
indústrias de sapatos ou de oficinas de pintura, o dia inteiro expostos ao ar 
contaminado por estas substâncias) ou voluntariamente (por exemplo, a criança de 
rua que cheira cola de sapateiro; o menino que cheira em casa acetona ou esmalte, 
ou o estudante que cheira o corretivo Carbex, etc.). 
Todos estes solventes ou inalantes são substâncias pertencentes a um grupo 
químico chamado de hidrocarbonetos, tais como o tolueno, xilol, n-hexana, acetato 
de etila, tricloroetileno, etc. Para exemplificar, eis a composição de algumas colas de 
sapateiro vendidas no Brasil: 
 Cascola - mistura de tolueno + n-hexano; 
 Patex Extra - mistura de tolueno + acetato de etila + aguarrás mineral; 
 Brascoplast - tolueno + acetato de etila + “solvente para borracha”. 
No ano de 1991 uma fábrica de cola do interior do Estado de São Paulo fez 
ampla campanha publicitária afirmando que finalmente havia fabricado uma cola de 
sapateiro “sem ser tóxica e que não produzia vício”, porque não continha Tolueno. 
Foi um comportamento muito errado desta indústria, desonesto mesmo, dado que a 
tal cola ainda continha o solvente n-hexano que é sabidamente bastante tóxico. 
Um produto muito conhecido no Brasil é o “cheirinho” ou “loló” ou ainda o 
“cheirinho da loló”. Este é um preparado clandestino (isto é, fabricado não por um 
estabelecimento legal, mas sim por pessoal do submundo), à base de clorofórmio 
mais éter e utilizado só para fins de abuso. Mas já se sabe que quando estes 
“fabricantes” não encontram uma daquelas duas substâncias eles misturam qualquer 
outra coisa em substituição. Assim, em relação ao cheirinho da loló não se sabe 
bem a sua composição, o que complica quando se tem casos de intoxicação aguda 
por esta mistura. 
Ainda, é importante chamar a atenção para o lança-perfume. Este nome 
designa inicialmente aquele líquido que vem em tubos e que se usa em carnaval; é a 
 
 
 
base de cloreto de etila ou cloretila e sendo proibido a sua fabricação no Brasil ela 
só aparece nas ocasiões de carnaval, contrabandeada de outros países sul-
americanos. Mas cada vez mais o nome lança-perfume está também sendo utilizado 
para designar o “cheirinho da loló”; por exemplo, os meninos de rua de várias 
capitais brasileiras já usam estes dois nomes - cheirinho e lança - para designar a 
mistura de clorofórmio e éter. 
 
Efeitos no cérebro 
 
Fonte: www.cerebromente.org.br 
 
O início dos efeitos, após a aspiração, é bastante rápido - de segundos a 
minutos no máximo - e em 15-40 minutos já desaparecem; assim o usuário repete as 
aspirações várias vezes para que as sensações durem mais tempo. 
Os efeitos dos solventes vão desde uma estimulação inicial seguindo-se uma 
depressão, podendo também aparecer processos alucinatórios. Vários autores 
dizem que os efeitos dos solventes (qualquer que seja ele) lembram aqueles do 
álcool sendo, entretanto, que este último não produz alucinações, fato bem descrito 
para os solventes. Dentre esses efeitos dos solventes o mais predominante é a 
depressão. 
Entretanto os principais efeitos dos solventes são caracterizados por uma 
depressão do cérebro. 
 
 
 
De acordo com o aparecimento dos efeitos após inalação de solventes, eles 
foram divididos em quatro fases: 
 Primeira fase: é a chamada fase de excitação e é a desejada, pois a pessoa fica 
eufórica, aparentemente excitada, ocorrendo tonturas e perturbações auditivas e 
visuais. Mas pode também aparecer náuseas, espirros, tosse, muita salivação e 
as faces podem ficar avermelhadas. 
 Segunda fase: a depressão do cérebro começa a predominar, com a pessoa 
ficando em confusão, desorientada, voz meio pastosa, visão embaçada, perda do 
autocontrole, dor de cabeça, palidez; a pessoa começa a ver ou ouvir coisas. 
 Terceira fase: a depressão se aprofunda com redução acentuada do alerta, 
incoordenação ocular (a pessoa não consegue mais fixar os olhos nos objetos), 
incoordenação motora com marcha vacilante, a fala “enrolada”, reflexos 
deprimidos; já pode ocorrer evidentes processos alucinatórios. 
 Quarta fase: depressão tardia, que pode chegar à inconsciência, queda da 
pressão, sonhos estranhos, podendo ainda a pessoa apresentar surtos de 
convulsões (“ataques”). Esta fase ocorre com frequência entre aqueles 
cheiradores que usam saco plástico e após um certo tempo já não conseguem 
afastá-lo do nariz e assim a intoxicação torna-se muito perigosa, podendo mesmo 
levar ao coma e morte. 
 
Finalmente, sabe-se que a aspiração repetida, crônica, dos solventes pode 
levar a destruição de neurônios (as células cerebrais) causando lesões irreversíveis 
do cérebro. Além disso pessoas que usam solventes cronicamente apresentam-se 
apáticas, têm dificuldade de concentração e déficit de memória. 
 
Efeitos no resto do corpo 
 
Os solventes praticamente não atuam em outros órgãos, a não ser o 
cérebro. Entretanto, existe um fenômeno produzido pelos solventes que pode ser 
muito perigoso. Eles tornam o coração humano mais sensível a uma substância que 
o nosso corpo fabrica, a adrenalina, que faz o número de batimentos cardíacos 
aumentar. Esta adrenalina é liberada toda vez que o corpo humano tem que exercer 
um esforço extra, por exemplo, correr, praticar certos esportes, etc. Assim, se uma 
 
 
 
pessoa inala um solvente e logo depois faz esforço físico, o seu coração pode sofrer, 
pois ele está muito sensível à adrenalina liberada por causa do esforço. A literatura 
médica já conhece vários casos de morte, por síncope cardíaca, principalmente de 
adolescentes, devido a estes fatos. 
 
Efeitos tóxicos 
 
Os solventes quando inalados cronicamente podem levar a lesões da medula 
óssea, dos rins, do fígado e dos nervos periféricos que controlam os nossosmúsculos. Por exemplo, verificou-se em outros países que em fábricas de sapatos 
ou oficinas de pintura os operários, com o tempo, acabavam por apresentar doenças 
renais e hepáticas. Tanto que naqueles países há uma rigorosa legislação sobre as 
condições de ventilação dessas fábricas; o Brasil também tem leis a respeito. Em 
alguns casos, principalmente quando existe no solvente uma impureza, o benzeno, 
mesmo em pequenas quantidades, pode haver diminuição de produção de glóbulos 
brancos e vermelhos pelo organismo. 
Um dos solventes bastante usados nas nossas colas é a n-hexana. Esta 
substância é muito tóxica para os nervos periféricos, produzindo degeneração 
progressiva dos mesmos, a ponto de causar transtornos no marchar (as pessoas 
acabam andando com dificuldade, o chamado “andar de pato”), podendo até chegar 
a paralisia. Há mesmo caso de usadores crônicos que após alguns anos só podiam 
se locomover em cadeira de roda. 
 
Aspectos gerais 
 
A dependência naqueles que abusam cronicamente de solventes é comum, 
sendo os componentes psíquicos da dependência os mais evidentes, tais como: 
desejo de usar, perda de outros interesses que não seja o de usar solvente. 
A síndrome de abstinência, embora de pouca intensidade, está presente na 
interrupção abrupta do uso dessas drogas, aparecendo ansiedade, agitação, 
tremores, câimbras nas pernas e insônia. 
 
 
 
Em relação à tolerância mostra que ela pode ocorrer, embora não tão 
dramática quanto outras drogas (como as anfetaminas, por exemplo, os 
dependentes passam a tomar doses de 50-70 vezes maiores que as iniciais). 
Dependendo da pessoa e do solvente, a tolerância se instala ao fim de 1 a 2 meses. 
Os solventes são as drogas mais usadas entre os meninos (as) de rua e entre 
os estudantes da rede pública de ensino, quando se exclui da análise o álcool e o 
tabaco. 
 
3 TRANQUILIZANTES OU ANSIOLÍTICOS – BENZODIAZEPÍNICOS 
 
Fonte:www.dentcare.odo.br 
 
Definição 
 
Existem medicamentos que têm a propriedade de atuar quase que 
exclusivamente sobre a ansiedade e tensão. Estas drogas foram chamadas de 
tranquilizantes, por tranquilizar a pessoa estressada, tensa e ansiosa. Atualmente, 
prefere-se designar estes tipos de medicamentos pelo nome de ansiolíticos, ou seja, 
que destroem (lise) a ansiedade. De fato, este é o principal efeito terapêutico destes 
medicamentos: diminuir ou abolir a ansiedade das pessoas, sem afetar em demasia 
as funções psíquicas e motoras. 
 
 
 
Antigamente o principal agente ansiolítico era uma droga chamada 
meprobamato que praticamente desapareceu das farmácias com a descoberta de 
um importante grupo de substâncias: os benzodiazepínicos. De fato, estes 
medicamentos estão entre os mais utilizados no mundo todo, inclusive no Brasil. 
Para se ter ideia atualmente há mais de 100 remédios no nosso país à base 
destes benzodiazepínicos. Estes têm nomes químicos que terminam geralmente 
pelo sufixo pam. Sendo assim, é relativamente fácil a pessoa, quando toma um 
remédio para acalmar-se, saber o que realmente está tomando: tendo na fórmula 
uma palavra terminando em pam, é um benzodiazepínico. 
Exemplos: diazepam, bromazepam, clobazam, clorazepam, estazolam, 
flurazepam, flunitrazepam, lorazepam, nitrazepam, etc. 
A única exceção é a substância chamada clordizepóxido que também é um 
benzodiazepínico. Por outro lado, estas substâncias são comercializadas pelos 
laboratórios farmacêuticos com diferentes nomes “fantasia”, existindo assim dezenas 
de remédios com nomes diferentes: Noan®, Valium®, Aniolax®, Calmociteno®, 
Dienpax®, Psicosedin®, Frontal®, Frisium®, Kiatrium®, Lexotan®, Lorax® Urbanil®, 
Somalium® etc., são apenas alguns dos nomes. 
 
Efeitos no cérebro 
 
Todos os benzodiazepínicos são capazes de estimular os mecanismos no 
nosso cérebro que normalmente combatem estados de tensão e ansiedade. Assim, 
quando, devido às tensões do dia-a-dia ou por causas mais sérias, determinadas 
áreas do nosso cérebro funcionam exageradamente resultando num estado de 
ansiedade, os benzodiazepínicos exercem um efeito contrário, isto é, inibem os 
mecanismos que estavam hiperfuncionantes e a pessoa fica mais tranquila como 
que desligada do meio ambiente e dos estímulos externos. 
Como consequência desta ação os ansiolíticos produzem uma depressão da 
atividade do nosso cérebro que se caracteriza por: 
1) diminuição de ansiedade; 
2) indução de sono; 
3) relaxamento muscular; 
4) redução do estado de alerta. 
 
 
 
 
É importante notar que estes efeitos dos ansiolíticos benzodiazepínicos são 
grandemente alimentados pelo álcool, e a mistura álcool + estas drogas pode levar 
uma pessoa ao estado de coma. Além desses efeitos principais os ansiolíticos 
dificultam os processos de aprendizagem e memória, o que é, evidentemente, 
bastante prejudicial para as pessoas que habitualmente utilizam-se destas drogas. 
Finalmente, é importante ainda lembrar que estas drogas também prejudicam 
em parte nossas funções psicomotoras, prejudicando atividades como dirigir 
automóveis, aumentando a probabilidade de acidentes. 
 
Efeitos no resto do corpo 
 
Os benzodiazepínicos são drogas muito específicas em seu modo de agir: 
têm predileção quase que exclusiva pelo cérebro. Desta maneira, nas doses 
terapêuticas não produzem efeitos dignos de nota sobre os nossos vários outros 
órgãos. 
 
Efeitos tóxicos 
 
Do ponto de vista orgânico ou físico os benzodiazepínicos são drogas 
bastante seguras, pois são necessárias grandes doses (20 a 40 vezes mais altas 
que as habituais) para trazer efeitos mais graves: a pessoa fica com hipotonia 
muscular (mole), dificuldade grande para ficar de pé e andar, a pressão do sangue 
cai bastante e pode desmaiar. Mas mesmo assim a pessoa dificilmente chega a 
entrar em coma e a morrer. Entretanto, a situação muda muito de figura se a 
pessoa, além de ter tomado o benzodiazepínico, também ingeriu bebida alcoólica. 
Nestes casos a intoxicação torna-se séria, pois há grande diminuição da atividade 
do cérebro podendo levar ao estado de coma. 
Outro aspecto importante quanto aos efeitos tóxicos refere-se ao uso por 
mulheres grávidas. Suspeita-se que estas drogas tenham um poder teratogênico 
razoável, isto é, que possam produzir lesões ou defeitos físicos na criança por 
nascer. 
 
 
 
 
Aspectos gerais 
 
Os benzodiazepínicos quando usados por alguns meses seguidos podem 
levar as pessoas a um estado de dependência. Como consequência, sem a droga o 
dependente passa a sentir muita irritabilidade, insônia excessiva, sudoração, dor 
pelo corpo todo podendo, nos casos extremos, apresentar convulsões. Se a dose 
tomada já é grande desde o início a dependência ocorre mais rapidamente ainda. 
Há também desenvolvimento de tolerância, embora esta não seja muito acentuada, 
isto é, a pessoa acostumada à droga não precisa aumentar a dose para obter o 
efeito inicial. 
 
Situação no Brasil 
 
Conforme já foi dito existem muitas dezenas de remédios no Brasil à base dos 
ansiolíticos benzodiazepínicos. Até recentemente era comum os médicos chamados 
de obesologistas (que tratam das pessoas obesas para emagrecerem) colocarem 
nas receitas estes benzodiazepínicos para tirar o “nervoso” produzido pelas drogas 
que tiram o apetite. Atualmente, segundo CEBRID (2002) a legislação não permite 
essa mistura. 
Além disso, há um verdadeiro abuso por parte dos laboratórios nas indicações 
destes medicamentos para todos os tipos de ansiedades, mesmo aquelas que são 
normais, isto é, causadas pelas tensões da vida cotidiana. 
Não é, portanto, surpreendente que, em um levantamento sobre o uso nãomédico de drogas psicotrópicas por estudantes em dez capitais brasileiras, em 1997, 
os ansiolíticos estivessem em terceiro lugar na preferência geral, sendo esse uso 
muito mais intenso nas meninas do que nos meninos. 
Os benzodiazepínicos são controlados pelo Ministério da Saúde, isto é, a 
farmácia só pode vendê-los mediante receita especial do médico, que fica retida 
para posterior controle, o que nem sempre acontece. 
 
CALMANTES E SEDATIVOS 
Definição 
 
 
 
 
Sedativo é nome que se dá aos medicamentos capazes de diminuir a 
atividade de nosso cérebro, principalmente quando ele está num estado de 
excitação acima do normal. O termo sedativo é sinônimo de calmante ou sedante. 
 
Fonte: www.blogdasaude.com.br 
 
Quando um sedativo é capaz de diminuir a dor ele recebe o nome de 
analgésico. Já quando o sedativo é capaz de afastar a insônia, produzindo o sono, 
ele é chamado de hipnótico ou sonífero. E quando um calmante tem o poder de 
atuar mais sobre estados exagerados de ansiedade, ele é denominado de 
ansiolítico. Finalmente, existem algumas destas drogas que são capazes de acalmar 
o cérebro hiperexcitados dos epilépticos. São as drogas antiepilépticas, capazes de 
prevenir as convulsões destes doentes. 
Neste tópico será abordado um grupo de drogas - tipo sedativos-hipnóticos - 
que são chamados de barbitúricos. Alguns deles também são úteis como 
antiepilépticos. 
Estas drogas foram descobertas no começo do século XX e diz a história que 
o químico europeu que fez a síntese de uma delas pela primeira vez - grande 
descoberta - foi fazer a comemoração em um bar. E lá, encantou-se com a 
garçonete, linda moça que se chamava Bárbara. Num acesso de entusiasmo, o 
nosso cientista resolveu dar ao composto recém-descoberto o nome de barbitúrico. 
 
 
 
 
Efeitos no cérebro 
Os barbitúricos são capazes de deprimir várias áreas do nosso cérebro; como 
consequência as pessoas podem ficar mais sonolentas, sentindo-se menos tensas, 
com uma sensação de calma e de relaxamento. As capacidades de raciocínio e de 
concentração ficam também afetadas. 
Com doses um pouco maiores do que as recomendadas pelos médicos, a 
pessoa começa a sentir-se como que embriagada (sensação mais ou menos 
semelhante à de tomar bebidas alcoólicas em excesso): a fala fica “pastosa”, a 
pessoa pode sentir-se com dificuldade de andar direito. 
Os efeitos acima descritos deixam claro que quem usa estes barbitúricos tem 
a atenção e suas faculdades psicomotoras prejudicadas; assim sendo, fica perigoso 
operar máquina, dirigir automóvel, etc. 
 
Efeitos no resto do corpo 
 
Os barbitúricos são quase que exclusivamente de ação central (cerebral), isto 
é, não agem nos nossos demais órgãos. Assim, a respiração, o coração e a pressão 
do sangue são afetados quando o barbitúrico, em dose excessiva, age nas áreas do 
cérebro que comandam as funções dos órgãos acima citados. 
 
Efeitos tóxicos 
 
Os barbitúricos são drogas perigosas porque a dose que começa a intoxicar 
as pessoas está próxima da que produz os efeitos terapêuticos desejáveis. Com 
estas doses tóxicas começam a surgir sinais de incoordenação motora, um estado 
de inconsciência começa a tornar conta da pessoa, ela passa a ter dificuldade para 
se movimentar, o sono fica muito pesado e por fim aparece um estado de coma. A 
pessoa não responde a nada, a pressão do sangue fica muito baixa e a respiração é 
tão lenta que pode parar. A morte ocorre exatamente por parada respiratória. 
É muito importante saber que estes efeitos tóxicos ficam muito mais intensos 
se a pessoa ingere álcool ou outras drogas sedativas. Às vezes intoxicação séria 
pode ocorrer por este motivo. 
 
 
 
Outro aspecto importante quanto aos efeitos tóxicos refere-se ao uso por 
mulheres grávidas. Estas drogas têm potencial teratogênico, além de provocarem 
sinais de abstinência (tais como dificuldades respiratórias, irritabilidade, distúrbios de 
sono e dificuldade de alimentação) em recém-nascidos de mães que fizeram uso 
durante a gravidez. 
 
Aspectos gerais 
 
Existem muitas evidências de que os barbitúricos levam as pessoas a um 
estado de dependência; com o tempo a dose tem também que ser aumentada, ou 
seja, há o desenvolvimento de tolerância. Estes fenômenos se desenvolvem com 
maior rapidez quando doses iniciais grandes são usadas desde o início. Quando a 
pessoa está dependente dos barbitúricos e deixa de tomá-los, passa a ter a 
síndrome de abstinência. Esta vai desde insônia rebelde, irritação, agressividade, 
delírios, ansiedade, angústia, até convulsões generalizadas. A síndrome de 
abstinência requer obrigatoriamente tratamento médico e hospitalização, pois há 
perigo de a pessoa vir a falecer. 
 
Situação no Brasil 
 
Os barbitúricos eram usados de maneira até irresponsável no Brasil. Vários 
remédios para dor de cabeça, além de aspirina, continham também um barbitúrico 
qualquer. Assim, os antigos Cibalena, Veramon, Optalidom, Florinal etc, tinham o 
butabarbital ou secobarbital (dois tipos de barbitúricos) em suas fórmulas. O uso 
abusivo que se registrou no Brasil - muita gente usando grandes quantidades, 
repetidamente - de medicamentos como o Optalidon e o Fiorinal, levaram os 
laboratórios farmacêuticos a modificarem as fórmulas destes medicamentos, 
retirando os barbitúricos das mesmas. 
Hoje em dia existem apenas alguns produtos, usados como sedativos-
hipnóticos, que ainda apresentam o barbitúrico butabarbital. Por outro lado, o 
fenobarbital é bastante usado no Brasil (e no mundo) pois é um ótimo remédio para 
os epilépticos. Finalmente, um outro barbitúrico, o tiopental é usado por via 
 
 
 
endovenosa, exclusivamente por anestesistas, para provocar a anestesia em 
cirurgias. 
A lei brasileira exige que todos os medicamentos que contenham barbitúricos 
em suas fórmulas só sejam vendidos nas farmácias com a receita do médico, para 
posterior controle pelas autoridades sanitárias. 
 
4 ÓPIO E MORFINA – PAPOULA DO ORIENTE, OPIÁCEOS, OPIÓIDES 
 
Definição e histórico 
 
Muitas substâncias com grande atividade farmacológica podem ser extraídas 
de uma planta chamada Papaver somniferum, conhecida popularmente com o nome 
de papoula do oriente. Ao se fazer cortes na cápsula da papoula, quando ainda 
verde, obtém-se um suco leitoso, o ópio (a palavra ópio em grego quer dizer suco). 
Quando seco este suco passa a se chamar pó de ópio. Nele existem várias 
substâncias com grande atividade. A mais conhecida é a morfina, palavra que vem 
do deus da mitologia grega Morfeu, o deus dos sonhos. 
 
 
Fonte: www.testededrogas.com.br 
 
 
 
 
Pelo próprio segundo nome da planta somniferum, de sono, e do nome 
morfina, de sonho, já dá para fazer uma ideia da ação do ópio e da morfina no 
homem: são depressores do sistema nervoso central, isto é, fazem nosso cérebro 
funcionar mais devagar. Mas o ópio ainda contém mais substâncias sendo que a 
codeína é também bastante conhecida. Ainda, é possível obter-se outra substância, 
a heroína, ao se fazer pequena modificação química na fórmula da morfina. A 
heroína é então uma substância semissintética (ou semi-natural). 
Estas substâncias todas são chamadas de drogas opiáceas ou simplesmente 
opiáceos, ou seja, oriundas do ópio; podem ser: 
 Opiáceos naturais quando não sofrem nenhuma modificação (morfina, codeína), 
 Opiáceos semi-sintéticos quando são resultantes de modificações parciais das 
substâncias naturais (como é o caso da heroína). 
 
Mas o ser humano foi capaz de imitar a natureza fabricando em laboratórios 
várias substâncias com ação semelhante à dos opiáceos: a meperidina, o 
propoxifeno,a metadona são alguns exemplos. Estas substâncias totalmente 
sintéticas são chamadas de opióides (isto é, semelhantes aos opiáceos). 
Estas substâncias todas são colocadas em comprimidos ou ampolas, 
tornando-se então medicamentos. A tabela abaixo dá exemplos de alguns destes 
medicamentos. 
 
Tabela - Nome de alguns medicamentos vendidos no Brasil contendo drogas 
tipo ópio (naturais ou sintéticos) nas suas formulações (segundo Dicionário de 
Especialidades Farmacêuticas - DEF 1990/91). 
 
Opiáceo ou 
Opióide 
Indicação de 
uso médico 
Nomes comerciais 
dos medicamentos 
Preparações 
farmacêuticas 
Naturais: 
Morfina 
Analgésico Morfina Ampolas; comprimidos 
Pó de ópio Anti-diarréico; 
Analgésico 
Tintura de ópio; 
Elixir Paregórico; 
Elixir de Dover 
Tintura alcoólica 
Codeína Antitussígeno; 
Analgésico 
Belacodid; Belpar; 
Codelasa; Gotas 
Binelli; Naquinto; 
Setux; Tussaveto; 
Tussodina; Tylex; 
Pastilhas Veabon; 
Pastilhas Warton; 
Gotas; comprimidos; 
supositórios 
 
 
 
Benzotiol 
Sintéticos: 
Meperidina ou 
Petidina 
Analgésico Dolantina: Demerol; 
Meperidina 
Ampola; comprimidos 
Propoxífeno Analgésico Algafan®; Doloxene 
A; Febutil; Previum 
Compositum; 
Femidol 
Ampolas; comprimidos 
Fentanil Analgésico Fentanil; Inoval Ampolas 
Semi-Sintético: 
Heróina 
Proibido o uso 
médico 
- - 
Metadona Tratamento de 
dependentes de 
morfina e heroína 
Não existe no Brasil - 
Zipeprol* Antitussígeno Eritós; Nantux; 
Silentós; Tussiflex 
Gotas; xaropes; 
supositórios 
* A classificação do Zipeprol como uma substância com ação de opiáceo foi recente. A intoxicação 
com esta substância pode com frequência vir acompanhada de convulsões (CEBRID, 2003). 
 
Efeitos no cérebro 
 
Todas as drogas tipo opiáceo ou opióide têm basicamente os mesmos efeitos 
no SNC: diminuem a sua atividade. As diferenças ocorrem mais num sentido 
quantitativo, isto é, são mais ou menos eficientes em produzir os mesmos efeitos; 
tudo fica então sendo principalmente uma questão de dose. Assim temos que todas 
essas drogas produzem uma analgesia e uma hipnose (aumentam o sono): daí 
receberem também o nome de narcóticos que significa exatamente as drogas 
capazes de produzir estes dois efeitos: sono e diminuição da dor. Recebem também 
por isto o nome de drogas hipnoanalgésicas. Agora, para algumas drogas a dose 
necessária para este efeito é pequena, ou seja, elas são bastante potentes como, 
por exemplo, a morfina e a heroína; outras, por sua vez, necessitam doses 5 a 10 
vezes maiores para produzir os mesmos efeitos como a codeína e a meperidina. 
Algumas drogas podem ter também uma ação mais específica, por exemplo, 
de deprimir os acessos de tosse. É por esta razão que a codeína é tão usada como 
antitussígeno, ou seja, é muito boa para diminuir a tosse. Outras têm a característica 
de levarem a uma dependência mais facilmente que as outras; daí serem muito 
perigosas como é o caso da heroína. 
Além de deprimir os centros da dor, da tosse e da vigília (o que causa sono) 
todas estas drogas em doses um pouco maior que as terapêuticas acabam também 
 
 
 
por deprimir outras regiões do nosso cérebro como, por exemplo, os que controlam 
a respiração, os batimentos do coração e a pressão do sangue. 
Via de regra as pessoas que usam estas substâncias sem indicação médica, 
ou seja, abusam das mesmas, procuram efeitos característicos de uma depressão 
geral do nosso cérebro: um estado de torpor, como que isolamento das realidades 
do mundo, uma calmaria onde realidade e fantasia se misturam, sonhar acordado, 
um estado sem sofrimento, o afeto meio embotado e sem paixões. Enfim, um fugir 
das sensações que são a essência mesma do viver: sofrimento e prazer que se 
alternam e se constituem em nossa vida psíquica plena. 
 
Efeitos no resto do corpo 
 
As pessoas sob ação dos narcóticos apresentam uma contração acentuada 
da pupila dos olhos (“menina dos olhos”): ela às vezes chega a ficar do tamanho da 
cabeça de um alfinete. Há também uma paralisia do estômago e a pessoa sente-se 
empachada, com o estômago cheio como se não fosse capaz de fazer a digestão. 
Os intestinos também ficam paralisados e como consequência a pessoa que abusa 
destas substâncias geralmente apresenta forte prisão de ventre. É baseado neste 
efeito que os opiáceos são utilizados para combater as diarreias, ou seja, são 
usados terapeuticamente como antidiarréicos. 
 
Efeitos tóxicos 
 
Os narcóticos sendo usados através de injeções dentro das veias, ou em 
doses maiores por via oral, podem causar grande depressão respiratória e cardíaca. 
A pessoa perde a consciência, fica de cor meio azulada porque a respiração muito 
fraca quase não mais oxigena o sangue e a pressão arterial cai a ponto de o sangue 
não mais circular direito: é o estado de coma que se não for atendido pode levar à 
morte. Literalmente centenas ou mesmo milhares de pessoas morrem todo ano na 
Europa e Estados Unidos intoxicadas por heroína ou morfina. Além disso, como 
muitas vezes este uso é feito por injeção, com frequência os dependentes acabam 
também por pegar infecções como hepatites e mesmo aids. 
 
 
 
Aqui no Brasil, uma destas drogas tem sido utilizada com alguma frequência 
por injeção venosa: é propoxifeno (principalmente o Algafan®). Acontece que esta 
substância é muito irritante para as veias, que se inflamam e chegam a ficar 
obstruídas. Existem vários casos de pessoas com sérios problemas de circulação 
nos braços por causa disto. Há mesmo descrição de amputação deste membro 
devido ao uso crônico de Algafan®. 
Outro problema com estas drogas é a facilidade com que elas levam à 
dependência, ficando as mesmas como o centro da vida das vítimas. E quando 
estes dependentes, por qualquer motivo, param de tomar a droga, ocorre um 
violento e doloroso processo de abstinência, com náuseas e vômitos, diarreia, 
câimbras musculares, cólicas intestinais, lacrimejamento, corrimento nasal, etc., que 
pode durar até 8-12 dias. 
Além do mais o organismo humano se torna tolerante a todas estas drogas 
narcóticas. Ou seja, como o dependente destas não mais consegue se equilibrar 
sem sentir os seus efeitos ele precisa tomar cada vez doses maiores, se enredando 
cada vez mais em dificuldades, pois para adquiri-la é preciso cada vez mais 
dinheiro. 
Para se ter uma ideia de como os médicos temem os efeitos tóxicos destas 
drogas basta dizer que eles relutam muito em receitar a morfina (e outros narcóticos) 
para cancerosos, que geralmente têm dores extremamente fortes. E assim milhares 
de doentes de câncer padecem de um sofrimento muito cruel, pois a única 
substância capaz de aliviar a dor, a morfina ou outro narcótico, tem também estes 
efeitos indesejáveis. Nos dias de hoje a própria Organização Mundial da Saúde tem 
aconselhado os médicos de todo o mundo que nestes casos, o uso contínuo de 
morfina é plenamente justificado. 
Felizmente, são pouquíssimos os casos de dependência com estas drogas no 
Brasil, principalmente quando comparado com os problemas de outros países. 
Entretanto, nada garante que esta situação não poderá modificar-se no futuro. 
 
5 XAROPES E GOTAS PARA TOSSE 
 
 
 
 
Definição 
 
Os xaropes são formulações farmacêuticas que contêm grande quantidade de 
açucares, fazendo com que o líquido fique “viscoso”, “meio grosso” (“xaroposo”). 
Neste veículo ou líquido coloca-se então a substância medicamentosa que vai trazer 
o efeito benéfico desejado pelo médico que a receitou. Assim, existem xaropes para 
tosse onde o medicamento ativo é geralmente a codeína ou o zipeprol. 
 
 
Fonte: www.medclick.com.br 
 
Mas tambémexistem outras maneiras de preparar tais remédios. Ao invés de 
colocá-los num xarope, faz-se uma solução aquosa, às vezes com um pouco de 
álcool, tendo-se assim as chamadas gotas para tosse. A substância ativa contida 
nas gotas é também geralmente a codeína ou o zipeprol. 
Estas duas substâncias, codeína e zipeprol, estão entre os remédios mais 
ativos para combater a tosse: são por isto chamadas de antitussígenas ou béquicas. 
Existe um número muito grande de produtos comerciais a base de codeína. 
Assim, Belacodid®, Belpar®, Codelasa®, Gotas Binelli®, Pambenyl®, Setux®, 
Tussaveto®, etc., são remédios contra tosse que contêm esta substância como 
principal de suas fórmulas. 
Remédios antitussígenos feitos com zipeprol também existiam no Brasil até o 
ano de 1991 (quando foram retirados do comércio) como, por exemplo, Eritós®, 
Nantux®, Silentós®, e Tussiflex®. 
 
 
 
Lembremos que a codeína conforme já explicado é uma substância que vem 
do ópio; trata-se, desta maneira, de um opiáceo natural. 
O zipeprol é uma substância sintética, isto é, fabricado em laboratório. Devido 
a sua grande toxicidade, o zipeprol foi recentemente banido no Brasil; isto é, está 
proibido fabricar ou vender remédios à base desta substância no território nacional. 
 
Efeitos no cérebro 
 
O cérebro humano possui uma certa área - a chamada Centro da Tosse - que 
comanda os nossos acessos de tosse. Isto é, toda vez que ele é estimulado há a 
emissão de uma “ordem” para que a pessoa tussa. Existem drogas (codeína, 
zipeprol), que são capazes de inibir ou bloquear este centro da tosse; assim, mesmo 
que haja um estímulo para ativá-lo, o centro estando bloqueado pela droga não 
reage, isto é, não dá mais a “ordem” para a pessoa tossir; ou seja, a tosse que vinha 
ocorrendo deixa de existir. 
Mas a codeína e o zipeprol agem em mais regiões no cérebro. Assim, outros 
centros que comandam as funções de nossos órgãos são também inibidos; com a 
codeína, a pessoa sente menos dor (ela é um bom analgésico), pode ficar 
sonolenta, a pressão do sangue, o número de batimentos do coração e a respiração 
podem ficar diminuídas. 
O zipeprol pode atuar no nosso cérebro, fazendo a pessoa sentir-se meio 
aérea, flutuando, sonolenta, vendo ou sentindo coisas diferentes. E com frequência 
leva também a acessos de convulsão, o que é obviamente bastante perigoso. 
 
Efeitos no resto do corpo 
 
A codeína possui os vários efeitos das drogas do tipo opiáceas. Assim, é 
capaz de dilatar a pupila, de dar uma sensação de má digestão e produzir prisão de 
ventre. 
O zipeprol, além da possibilidade de produzir convulsões, já discutida, pode 
também produzir náuseas. 
 
Efeitos tóxicos 
 
 
 
A codeína quando tomada em doses maiores do que a terapêutica produz 
uma acentuada depressão das funções cerebrais. Como consequência a pessoa fica 
apática, a pressão do sangue cai muito, o coração funciona com grande lentidão e a 
respiração torna-se muito fraca. Como consequência a pele fica fria (a temperatura 
do corpo diminui) e meio azulada (cianose) por respiração insuficiente. Pode a 
pessoa ficar em estado de coma, inconsciente, e se não for tratada pode morrer. Por 
exemplo, num Pronto-Socorro na cidade de São Paulo, num período de 10 meses, 
17 crianças de 20 dias até 2 anos de idade foram tratadas por intoxicação por causa 
de xaropes ou gotas para tosse tomadas em excesso (Setux, Belpar, Belacodid, 
Espasmoplus). Todas estas crianças apresentavam dificuldade respiratória, a pele 
estava fria e meio azulada, as pupilas contraídas; mal conseguiam chorar e não 
tinham forças para mamar. Em outro Hospital estavam internados 9 jovens devido a 
abuso de produtos à base de zipeprol; destes 6 já tinham tido convulsões. 
 
Aspectos gerais 
 
A codeína leva rapidamente o organismo a um estado de tolerância. Isto 
significa que a pessoa que vem tomando xarope à base de codeína, como “vício”, 
acaba por aumentar cada vez mais a dose diária. Assim, não é incomum saber-se 
de casos de pessoas que tomam vários vidros de xaropes ou de gotas para 
continuar sentindo os mesmos efeitos. E se elas deixam de tomar a droga, estando 
já dependentes, aparecem sintomas da chamada síndrome de abstinência. 
Calafrios, câimbras, cólicas, nariz escorrendo, lacrimejando, inquietação, 
irritabilidade e insônia são os sintomas mais comuns da abstinência. 
Com o zipeprol há também o fenômeno da tolerância embora em intensidade 
menor. 
O pior aspecto do uso crônico (repetido) dos produtos à base do zipeprol é a 
possibilidade de ocorrência de convulsões. 
 
Situação no Brasil 
 
 
 
 
Os xaropes e gotas à base de codeína só podem ser vendidos nas farmácias 
brasileiras com a apresentação da receita do médico, que fica retida nas farmácias 
para posterior controle. Infelizmente isto nem sempre acontece. 
Os remédios à base de zipeprol foram banidos, isto é, não existe mais para a 
venda. Isto ocorreu pelo fato de que houve várias mortes de jovens que abusaram 
destas substâncias, principalmente crianças de rua. 
 
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6 LEITURA COMPLEMENTAR 
 
 
 
Benzodiazepínicos 
 
Abuso e dependência 
 
Associação Brasileira de Psiquiatria 
Elaboração Final: 21 de Agosto de 2002 
Autoria: Nastasy H, Ribeiro M, Marques ACPR 
Grupo Assessor: Laranjeira R.- coordenador. Alves HNP, Baltieri DA, Beltrão MA, 
Bernardo WM, Castro LAGP, Karniol IG, Kerr-Corrêa F, Nicastri S, Nobre MRC, 
Oliveira RA, Romano M, Seibel SD, Silva CJ. 
 
 
 
 
6.1 USUÁRIOS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS ABORDAGEM, 
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO 
 
INTRODUÇÃO 
 
Os benzodiazepínicos foram amplamente prescritos no tratamento dos 
transtornos ansiosos durante toda a década de 70, como uma opção segura e de 
baixa toxicidade. A empolgação inicial deu lugar à preocupação com o consumo ao 
final da mesma década: pesquisadores começavam a detectar potencial de uso 
nocivo e risco de dependência entre os usuários de tais substâncias1 (D). 
Atualmente, os BDZs ainda possuem indicações precisas para controle da 
ansiedade e como tratamento adjuvante dos principais transtornos psiquiátricos, 
mas continuam sendo prescritos de modo indiscriminado, tanto por psiquiatras 
quanto por médicos de outras especialidades2 (C). 
Estima-se que 50 milhões de pessoas façam uso diário de benzodiazepínicos. 
A maior prevalência encontra-se entre as mulheres acima de 50 anos, com 
problemas médicos e psiquiátricos crônicos. Os benzodiazepínicos são 
responsáveis por cerca de 50% de toda a prescrição de psicotrópicos3(B). 
Atualmente, um em cada 10 adultos recebem prescrições de benzodiazepínicos a 
cada ano, a maioria desta feita por clínicos gerais4(D). Estima-se que cada clínico 
tenha em sua lista 50 pacientes dependentes de benzodiazepínicos, metade destes 
gostariam de parar o uso, no entanto 30% pensam que o uso é estimulado pelos 
médicos5(D). 
A mortalidade nos dependentes de benzodiazepínicos é três vezes maior que 
na população geral, porém não se observa aumento significativo da mortalidade em 
pacientes dependentes de benzodiazepínicos quando comparados com pacientes 
com similar grau de morbidade6 (C). 
Há algumas características farmacológicas que influenciam a escolha do tipo 
de benzodiazepínico a ser prescrito pelo médico: 
 
LIPOSSOLUBILIDADE 
 
 
 
 
Os benzodiazepínicos são altamente lipossolúveis, o que lhes permite uma 
absorção completa e penetração rápida no SNC, após a ingestão oral. A 
lipossolubilidade é variável entre os benzodiazepínicos; o midazolam e o lorazepam 
também possuem boa hidrossolubilidade e são agentes seguros para a 
administração intramuscular. Já o diazepam e o clordiazepóxido são altamente 
lipossolúveis e, por isso, têm distribuição errática quando administrados por essa 
via. Desse modo, a utilização da via intramuscular deve ser evitada para esses7 (D). 
 
METABOLIZAÇÃO E MEIA-VIDA 
 
As vias de metabolização e a meia-vida são aspectos importantes, tanto para 
escolha terapêutica de um benzodiazepínico quanto para o manejo de 
intercorrências como intoxicações e síndrome de abstinência. 
Os benzodiazepínicos têm metabolização hepática8 (D). O clordiazepóxido é 
ostensivamente metabolizado. Já o lorazepam e o oxazepam são conjugados 
diretamente, demandando pouco trabalho hepático, portanto estão indicados para os 
idosos e hepatopatas7 (D). 
Os benzodiazepínicos são classificados, de acordo com sua meia-vida 
plasmática, como sendo de ação muito curta, curta, intermediária e longa. Apesar 
dessa divisão, sabe-se hoje que o grau de afinidade da substância pelo receptor 
benzodiazepínico também interfere na duração da ação. 
Os benzodiazepínicos possuem cinco propriedades farmacológicas. São 
sedativos, hipnóticos, ansiolíticos, relaxantes musculares e anticonvulsivantes8 (D). 
Apesar de presentes em qualquer tipo de BDZ, algumas propriedades são mais 
notórias em um do que em outro. O midazolam é um BDZ com propriedades 
eminentemente sedativa-hipnóticas. Já o alprazolam é mais ansiolítico e menos 
sedativo. 
 
EFEITOS COLATERIAIS 
 
Apesar de geralmente bem tolerados, os BDZs podem apresentar efeitos 
colaterais (Quadro 1), principalmente nos primeiros dias9 (D). Desse modo, os 
 
 
 
pacientes devem ser orientados a não realizarem tarefas capazes de expô-los a 
acidentes, tais como conduzir automóveis ou operar máquinas. 
 
Quadro 1 Efeitos colaterais dos benzodiazepínicos 
 
Efeitos colaterais dos benzodiazepínico 
Sonolência excessiva diurna (“ressaca”); 
Piora da coordenação motora fina; 
Piora da memória (amnésia anterógrada); 
Tontura, zumbidos; 
Quedas e fraturas; 
Reação paradoxal: Consiste de excitação, agressividade e desinibição, ocorre mais 
frequentemente em crianças, idosos e em deficientes mentais9 (D); 
“Anestesia emocional” – indiferença afetiva a eventos da vida10(D); 
Idosos: maior risco de interação medicamentosa, piora dos desempenhos 
psicomotor e cognitivo (reversível), quedas e risco de acidentes no trânsito; 
Riscode dependência 50% dos que usaram por mais de um ano chegaram a usar 
por 5 a 10 anos10(D 
 
PRECAUÇÕES, CUSTOS E RISCOS COM O USO DE BENZODIAZEPÍNICOS 
 
Ao escolher um tratamento com benzodiazepínicos, deve-se pensar também 
nas complicações potenciais, tais como: efeitos colaterais, risco de dependência e 
custos sociais11(D) (Quadro 2). 
 
Quadro 2 
 
Custos socioeconômicos do uso prolongado de BDZs (12 meses ou mais 
Risco aumentado de acidentes: no tráfego, em casa, no trabalho; 
Risco aumentado de overdose em combinação com outras drogas; 
Risco aumentado de tentativas de suicídio, especialmente em depressão; 
Risco de atitudes antissociais; 
Contribuição para problemas na interação interpessoal; 
 
 
 
Redução da capacidade de trabalho, desemprego; 
Custo com internações, consultas, exames diagnósticos. 
 
SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA DOS BENZODIAZEPÍNICOS (SAB) 
 
Os benzodiazepínicos têm potencial de abuso: 50% dos pacientes que usam 
benzodiazepínicos por mais de 12 meses evoluem com síndrome de abstinência 
(provavelmente ainda mais em clínicas especializadas)12(D). 
Os sintomas começam progressivamente dentro de 2 a 3 dias após a parada 
de benzodiazepínicos de meia-vida curta e de 5 a 10 dias após a parada de 
benzodiazepínicos de meia-vida longa, podendo também ocorrer após a diminuição 
da dose13(D) (Quadro 3). 
 
Quadro 3 
Sinais e sintomas da síndrome de abstinência por BDZ 11(D) 
 
Sinais menores Sinais maiores 
Físicos Químicos Convulsões 
Tremores Insônia Alucinações 
Sudorese Irritabilidade Delirium 
Palpitações Dificuldade de 
 concentração 
 
Letargia Inquietação 
Náuseas Agitação 
Vômitos Pesadelos 
Anorexia Disforia 
Sintomas gripais Prejuízo da 
 memória 
 
Cefaleia Despersonalização 
Dores musculares 
 
 
 
 
 
Abstinência refere-se à emergência de novos*sintomas seguintes à 
descontinuação ou redução dos benzodiazepínicos. Ela deve ser diferenciada dos 
sintomas de rebote, que se caracterizam pelo retorno dos sintomas originais para os 
quais os benzodiazepínicos foram prescritos, numa intensidade significativamente 
maior. Ocorrem dentro de poucos dias após a retirada dos benzodiazepínicos e 
permanecem por vários dias14(D). 
Numa pequena minoria pode ocorrer o que se chama de síndrome de 
abstinência protraída ou pós-abstinência. Os sintomas são similares aos da retirada 
dos benzodiazepínicos, porém em menor número e intensidade, podendo durar 
alguns meses. A retirada gradual e um acompanhamento psicológico mais freqüente 
e prolongado colaboram no alívio destes sintomas10(D). 
 
TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA DOS BENZODIAZEPÍNICOS 
 
Não se justifica o uso de benzodiazepínicos por longos períodos, exceto em 
situações especiais15(D). Apesar do desconforto inicial, devido à presença da 
síndrome de abstinência, pacientes que conseguem ficar livres de 
benzodiazepínicos por pelo menos cinco semanas apresentam redução nas 
medidas de ansiedade e melhora na qualidade de vida16(B). 
Não se deve esperar que o paciente preencha todos os critérios da síndrome 
de dependência para começar a retirada, uma vez que o quadro típico de 
dependência química – com marcada tolerância, escalonamento de doses e 
comportamento de busca pronunciado - não ocorre na maioria dos usuários de 
benzodiazepínicos, a não ser naqueles que usam altas dosagens. É importante 
salientar que mesmo doses terapêuticas podem levar à dependência17(D). 
 
A RETIRADA DOS BENZODIAZEPÍNICOS 
 
A melhor técnica e a mais amplamente reconhecida como a mais efetiva é a 
retirada gradual da medicação18(D), sendo recomendada mesmo para pacientes 
que usam doses terapêuticas. Além das vantagens relacionadas ao menor índice de 
sintomas e maior possibilidade de sucesso, essa técnica é facilmente exequível e de 
baixo custo. 
 
 
 
Alguns médicos preferem reduzir um quarto da dose por semana. Já outros 
negociam com o paciente um prazo. Este gira em torno de 6 a 8 semanas19(D). Os 
50% iniciais da retirada são mais fáceis e plausíveis de serem concluídos nas 
primeiras duas semanas, ao passo que o restante da medicação pode requerer um 
tempo maior para a retirada satisfatória. É de grande valia oferecer esquemas de 
redução das doses por escrito, com desenhos dos comprimidos e datas 
subsequentes de redução. 
 
SUBSTITUIÇÃO POR BENZODIAZEPÍNICOS DE MEIA-VIDA LONGA 
 
Pacientes que não conseguem concluir o plano de redução gradual podem se 
beneficiar da troca para um agente de meia-vida mais longa, como o diazepam ou 
clonazepam19(D). Comparado a outros benzodiazepínicos e barbituratos, o 
diazepam mostrou ser a droga de escolha para tratar pacientes com dependência, 
por ser rapidamente absorvido e por ter um metabólito de longa duração – o 
desmetildiazepam – o que o torna a droga ideal para o esquema de redução 
gradual, pois apresenta uma redução mais suave nos níveis sangüíneos20(D). 
 
MEDIDAS NÃO-FARMACOLÓGICAS 
 
O tratamento da dependência dos benzodiazepínicos envolve uma série de 
medidas não-farmacológicas e de princípios de atendimento que podem aumentar a 
capacidade de lidar com a SAB e manter-se sem os benzodiazepínicos. 
O melhor local para tratamento é o ambulatorial, pois leva o maior 
engajamento do paciente e possibilita que, tanto mudanças farmacológicas quanto 
psicológicas, possam ocorrer ao mesmo tempo. 
Suporte psicológico deve ser oferecido e mantido tanto durante quanto após a 
redução da dose, incluindo informações sobre os benzodiazepínicos, 
reasseguramento, promoção de medidas não-farmacológicas para lidar com a 
ansiedade. 
 
MANUTENÇÃO SEM BENZODIAZEPÍNICOS 
 
 
 
 
Nesta fase, o paciente deve receber reasseguramento da capacidade de lidar 
com estresse sem os benzodiazepínicos, bem como ênfase na melhora da 
qualidade de vida. Deve-se oferecer apoio psicossocial, treinamento de habilidades 
para sobrepujar a ansiedade, psicoterapia formal e psicofarmacoterapia de estados 
depressivos subjacentes. Ajudá-lo a distinguir entre os sintomas de ansiedade e 
abstinência e oferecer suporte por longo prazo21(D). 
 
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