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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS CAMPUS DO SERTÃO CURSO DE PEDAGOGIA ANA PAULA DOS SANTOS ANA PAULA SANDES ARAÚJO CARMELITA MARIA GOMES RELATÓRIO DE ESTÁGIO EM EDUCAÇÃO INFANTIL DELMIRO GOUVEIA - AL JUNHO DE 2018 ANA PAULA DOS SANTOS ANA PAULA SANDES ARAÚJO CARMELITA MARIA GOMES RELATÓRIO DE ESTÁGIO EM EDUCAÇÃO INFANTIL Relatório de Estágio Supervisionado II: Educação Infantil, entregue como requisito obrigatório para obtenção de nota parcial da referente disciplina. Orientadora: Ms. Laíse Soares Lima DELMIRO GOUVEIA - AL JUNHO DE 2018 SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO..............................................................................................................03 2. CONTEXTUALIZAÇÃO DO NÍVEL DE ENSINO........................................................06 3. DESCRIÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO.......................................................................08 3.1 Caracterização da Instituição...............................................................................................08 3.2 Observação da sala de regência ...........................................................................................09 3.3 Observação da prática da professora regente .......................................................................10 3.4 Aula observada (24/04/2018) ..............................................................................................11 4. PROJETO DE ESTÁGIO (ELABORAÇÃO E OPERACIONALIZAÇÃO) ...................................................................................................................................................14 4.1 Justificativa do projeto........................................................................................................14 4.2 Objetivos.............................................................................................................................15 4.3 Fundamentação teórica.......................................................................................................16 4.4 Bloco temático/conteúdos explorados................................................................................19 4.5 Aspectos metodológicos.....................................................................................................19 4.6 Recursos utilizados..............................................................................................................20 4.7 Planos de aula ......................................................................................................................20 4.8 Avaliação.............................................................................................................................36 5. CONCLUSÃO.....................................................................................................................37 REFERÊNCIAS......................................................................................................................39 FOTOGRAFIAS.....................................................................................................................40 1. APRESENTAÇÃO O estágio supervisionado constitui-se um campo científico, de capacitação, pesquisa, desenvolvimento indenitário e profissional. A lei Nº 11.788, de 25 de setembro de 2008, que dispõe sobre o estágio supervisionado, define no seu Art. 1, parágrafo 2º, que “O estágio visa ao aprendizado de competências próprias da atividade profissional e à contextualização curricular, objetivando o desenvolvimento do educando para a vida cidadã e para o trabalho”. (BRASIL, 2008). O que a lei nos apresenta é a veracidade do estágio para a formação de uma identidade e competências específicas para o posicionamento e treinamento profissional. Como atividade teórico-prática, o estágio vem compor as exigências curriculares e estabelecer uma conexão entre cientificidade e cidadania, exigindo um posicionamento crítico, humanístico e profissional. A Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9394/96) no seu inciso II, parágrafo único do capítulo 61, também discorre sobre o estágio supervisionado, o definindo como pressuposto necessário à formação dos profissionais da educação, atribuindo um caráter formador, capacitador. É através dessa experiência que os futuros docentes passam a ter um maior contato com o campo de atuação, aproximando-se dos métodos, dos planos, das relações e controvérsias que se dão nesse espaço. De acordo com Silva (2009) o estágio é item oferecido pela instituição educativa como ato investigativo. O que expande a concepção de que o estágio não é a parte prática da formação, mas um misto entre teoria e prática, um espaço de investigação, pois exige um processo de reflexão sobre as práticas atuais, uma reformulação e posicionamento crítico entre elas, sempre prezando o desenvolvimento e qualidade da educação infantil. Podemos ampliar essa concepção observando as ideias de Pimenta e Lima (2012) quando defendem o estágio como “[...] uma atitude investigativa, que envolve a reflexão e a intervenção na vida da escola, dos professores, dos alunos e da sociedade”. Então, não apenas como campo de aprendizado, mas de produção e mudanças, o estágio causa efeito na prática dos professores supervisores que devem ensinar e aprender com a experiência; interfere também nas crianças e até na sociedade, quando visa, ao final do seu período, uma intervenção de carácter social, que das crianças, possa refletir na comunidade. Pimenta e Lima (2012) mencionam essa ideia voltando-se a práxis, o movimento contundente que envolve reflexividade, criticidade e renovação de métodos e posicionamentos. De acordo com Drumond (2015) o estágio na educação infantil mostra: [...]a importância da construção de uma pedagogia centrada na criança, o que nos instiga à busca por uma educação das crianças pequenas na ― forma- educação infantil‖ (Freitas, 2007); e nos convida a uma revisão da formação de professores(as) de crianças de 0 a 6 anos (DRUMOND, 2015, p 2). Sendo assim, o estágio em educação infantil tem uma singularidade e especificidade ainda maior, uma vez que o cuidar também está imbuído, um olhar único e específico para a educação infantil, para as crianças pequenas, exigindo do futuro profissional um trato diferenciado para os materiais, brincadeiras e registros, possibilitando as primeiras experiências as crianças que estão em processo de reconhecimento e descoberta de si e do outro. Assim, como nos apontou Drumond (2015), o estágio constitui-se em uma possibilidade de revisar, fortalecer a formação docente dando maior visibilidade a criança, as suas especificidades e singularidades, assim como, capacita o olhar, escuta, e ações do professor. É dentro dessa perspectiva que esse relatório, fruto da disciplina estágio supervisionado II (em educação infantil), foi desenvolvido como documento de registros e resultados, definido como pressuposto necessário para o cumprimento da disciplina. Para vivenciar todas as experiências e colher os resultados apresentados, contamos com o apoio e acolhimento da Escola Municipal de Educação Básica Sabino Romariz, localizada no Povoado Campinhos, município de Pariconha-AL, que nos recebeu como estagiárias abrindo algumas de suas políticas e nos dando espaço dentro da instituição. Contamos também com a participação da professora supervisora, que nos permitiu observar e atuar comoprofissionais em sua sala; das crianças, que nos conduziram com as suas particularidades e especificidades; da diretora, que autorizou nossa entrada na instituição de ensino, assim como, a professora Mestra Laíse Soares Lima, que nos orientou e supervisionou durante todo o processo. Essa experiência de estágio se deu em cinco etapas, sendo elas: Observação, coleta de dados, planejamento, operacionalização e culminância do estágio. Na primeira destas, buscamos observar como se constituía o ambiente da sala de aula, desde os aspectos físicos e estruturais a movimentação de alunos e profissionais, como se dava o início da aula, a rotina da turma e a relação aluno/professor. Foi por meio dessas observações que colhemos os dados necessários e definimos com base no que foi visualizado, que a rotina seria o nosso objeto de trabalho durante o período de regência. No que diz respeito aos planejamentos, contemplaram em um primeiro momento atividades que conduzissem a renovação e implementação da rotina anterior, seguindo, logo após temáticas como corpo humano, higienização e alimentação saudável, já incluídas na nova rotina. Durante a operacionalização, desenvolvimento da nossa prática, tentamos fortalecer a perspectiva então planejada, contemplando os desejos das crianças, seus anseios e espírito de curiosidade, implantando as mais diversificadas atividades com o intuito de desenvolver suas múltiplas linguagens. Na culminância, dirigimos atividades e momentos de socialização onde documentamos, por meio de desenhos feitos pelas crianças, tudo que foi significativo, compreendendo os avanços e conhecimentos adquiridos por estas. 2. CONTEXTUALIZAÇÃO DO NÍVEL DE ENSINO A educação infantil, primeira etapa da educação básica, constitui elemento fundamental para o desenvolvimento das crianças de 4 a 5 anos de idade. A LDB (9394 de 1996), no seu art 29, discorre sobre essa modalidade de ensino, destacando que a sua finalidade é proporcionar “o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade” (BRASIL, 1996). A educação infantil é então o momento em que a criança, saindo do seu convívio familiar, passa a conhecer de uma forma mais ampla o meio social, os valores e descobertas que ali perpassam, mas em caráter complementar, de uma ação que já deve ser iniciada pela família e pela sociedade, os principais responsáveis pelo desenvolvimento infantil e pela seguridade e espaço que essa infância deve ter na atualidade. A criança, ser social e de direitos (BRASIL, 1998) possui cultura própria e atua na sociedade de forma autônoma, produzindo relações com adultos e principalmente entre seus pares, desenvolvendo-se, criando, imaginando, brincando e idealizando o mundo com as próprias mãos. O RCNEI ao distinguir o significado de educação, entretudo, a infantil, discorre da seguinte forma: Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural (BRASIL, 1998, p 23). Essa afirmativa define a proposição de que essa modalidade de ensino deve proporcionar a interação e desenvolvimento social, político, cultural e pessoal das crianças, apresentando-as o mundo e a sua diversidade, dando-as oportunidades para explorar, cantar, brincar, imaginar, experimentar, formular hipóteses e buscar respostas para suas indagações. A educação infantil é o campo onde o cuidar e o educar andam juntos, na busca da emancipação e autonomia de cada criança. O papel do professor, nessa modalidade de ensino é possibilitar esse desenvolvimento integral da criança, por meio da exploração das suas múltiplas linguagens. Isso talvez se constitua um dos maiores desafios para o trabalho docente, como bem aponta Brasil (1998) “Compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das crianças serem e estarem no mundo é o grande desafio da educação infantil e de seus profissionais”, uma vez que cada criança tem seus desejos e necessidades interiores, exigindo do profissional um posicionamento múltiplo e diferenciado para cada uma delas. Pensando no cenário atual, de descaso em todos os níveis da educação, falta de investimentos, materiais, estrutura e recursos próprios para a educação infantil, o professor dessa modalidade de ensino deve ter a sensibilidade e a criatividade para inovar, renovar e adaptar os materiais existentes ao espaço e condições ofertadas, buscando, mesmo em meio ao descaso, atender as necessidades dos seus educandos e contemplar a perspectiva da educação infantil, que é desenvolver a criança integralmente. 3. DESCRIÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO 3.1 Caracterização da Instituição Este estágio foi realizado na sala do pré I da Escola Municipal de Educação Básica Sabino Romariz, que está localizada no centro do Povoado Campinhos, na cidade de Pariconha - Alagoas (Zona Rural). A escolha do nome se deu em homenagem ao poeta alagoano Sabino Romariz, e foi atribuído pela família Torres, que por volta de 1967 (ano de fundação da escola) estava a frente da administração política da cidade de Água Branca, antigo município do povoado, que hoje pertence a Pariconha-AL. A escola é um núcleo da cidade e atende a quatro povoados (Sítio Corredores, Sítio Luciano, Tanque e Capim), acolhendo alunos em sua maioria de classe média baixa com influências culturais indígenas. A escola oferta dois níveis de ensino, sendo eles: educação infantil (no horário matutino) e ensino fundamental, do primeiro ao nono ano (no horário vespertino e noturno). O total de alunos matriculados é 389, divididos da seguinte forma: 119 no turno matutino, 138 no vespertino e 132 no noturno - que se distribuem em cinco salas de aula. No que diz respeito a estrutura da instituição, podemos descrevê-la em 14 espaços, sendo eles: a sala da diretoria, cozinha, sala de recursos, sala dos professores, sala de coordenação, sala para materiais escolares, depósito para merenda, 2 banheiros, 5 salas de aula e pátio; espaços conservados e organizados - apenas com alguns problemas em detalhes estruturais. Todas as salas de aula são limpas, com teto forrado e bem ventiladas. Na sala em que desenvolvemos a observação, continha 3 ventiladores e um ar condicionado. O Projeto Político Pedagógico da escola é elaborado por toda a comunidade escolar, mas encontra-se desatualizado, fora do contexto atual da realidade de ensino, observamos isso através de uma entrevista com a diretora (D1), que ao dispor sobre o PPP da instituição, afirma: “precisa de uma revisão. Ele hoje não corresponde à realidade da Sabino Romariz, tem coisas que precisam ser retiradas e outras acrescentadas”. É mencionando essa necessidade de revisar e atualizar esse documento, que a diretora demonstra considerar o PPP um produto vivo, restaurável, em constante processo de renovação. Justificando a desatualização do projeto político pedagógico dessa instituição de ensino, a mesma reconhece que é pequena a “quantidade de gestores para tudo, não há como dar conta”, considerando que a instituiçãoé núcleo e atende mais 4 unidades escolares. Quanto ao objetivo do PPP da escola, afirma: “é voltado para atender as necessidades da comunidade e feito com base na LDB e PCN’s”. Além do PPP, a escola tem ainda como documento norteador o Regimento Interno. Na estrutura de profissionais, a escola dispõe de: Diretor, 3 coordenadores – Educação Infantil, Fundamental I e Fundamental II, 3 vigilantes, 6 merendeiras, 1 secretário, 2 auxiliares e 19 professores, incluindo o professor do AEE. A escola tem um quadro de 19 professores, sendo apenas um deles contratado, os demais todos concursados. Quanto à formação, apenas um dos profissionais não possui licenciatura completa. E no que diz respeito aos planejamentos coletivos, estes são realizados nas reuniões de HTPC, que acontece uma vez por mês como momento de decisões sobre os mais diversos assuntos e espaço onde os professores “colocam suas problemáticas dentro da sala e compartilham de forma que todos busquem ajudar a desenvolver uma situação de resolução” (Diretora, 2018). A principal dificuldade enfrentada pela escola está relacionada à infraestrutura, principalmente na parte elétrica, que se encontra com muitos defeitos apresentando riscos para as crianças. Porém, há também os conflitos pedagógicos, como as “crianças que precisam ser assistidas por programas sociais” (Diretora, 2018) aquelas que apresentam conflitos externos causados muitas vezes pelo âmbito familiar. Se tratando das questões econômicas, podemos destacar que os recursos da escola vêm do PDDE – Programa Dinheiro Direto na Escola, tendo também o Escola Sustentável e PDE – Um programa para acelerar o rendimento do aluno, comprando materiais para reforçar e auxiliar as práticas. Quanto aos serviços ou atividades complementares que são oferecidas pela escola, a diretora justifica: “Por enquanto não temos espaço para essas modalidades”. De acordo com a diretora, a escolha da gestão se dá por meios democráticos, através dos votos de toda a comunidade, já a coordenação é escolhida por meio de acordos e decisões da secretaria de Educação. 3.2 Observação da sala de regência A turma onde desenvolvemos a experiência do estágio recebe crianças do pré I, acolhendo 20 crianças com 4 e 5 anos de idade. Nosso primeiro contato com a turma se deu por meio das observações em sala, que ocorreram às terças-feiras no horário matutino, das 7:40 às 12:00, durante quatro semanas consecutivas. Percebemos por meio dessas observações, que nas turmas de educação infantil o horário de aula tem uma tolerância maior, iniciando às 8:00 h da manhã. Na chegada das crianças, a presença dos pais, familiares e crianças com mais idade (primos, irmãos, vizinhos), torna-se constante. Geralmente acompanham a criança até a sala, acomodando-as em suas carteiras. Para aquelas que moram em povoados vizinhos, a presença de familiares é bem limitada, uma vez que chegam à escola de carro, sendo conduzidas muitas vezes pelos irmãos e primos que estudam na mesma instituição. A mesma coisa acontece na saída, alguns pais vão buscar os filhos, outras vão acompanhadas por crianças de mais idade, as de povoados vizinhos esperam o transporte chegar e aquelas que moram próximo a escola se dirigem para as suas casas sozinhas. No que diz respeito às instalações da sala, podemos constatar que é bem iluminada, contendo 6 janelas e lâmpadas suficientes. Como apenas as janelas não asseguram a ventilação da sala, por ser muito abafada, foram instalados 3 ventiladores e um ar condicionado, climatizando e deixando o espaço mais confortável (menos abafado). A sala tem um tamanho bom, mas ainda é insuficiente para suprir as especificidades contempladas pela educação infantil, principalmente quando o espaço é dividido em horários inversos, com crianças e jovens do ensino fundamental, que não deixa intacto nenhum tipo de material. Isso faz da sala um espaço não adaptado para a educação infantil, sem materiais, brinquedos ou cantinhos, tendo apenas as mesas e carteiras apropriadas para o seu uso. Se tratando da limpeza, podemos observar que existe um cuidado e atenção, a sala é limpa antes e após o momento da aula, como também, ao término de atividades específicas (como o recorte). Há um banheiro para utilização masculina e outro feminina, há também o sanitário adequado ao tamanho das crianças, porém, não há água em nenhum dos dois sanitários ou para a higienização das mãos, assim como não há lixeiras, deixando o ambiente sujo e com mau cheiro no decorrer do dia. As crianças, e demais educandos da instituição, não usam uniformes, indo com roupas de toda espécie, desde as curtas às mais compostas. O momento do intervalo é único para as cinco turmas, complicando a relação entre as crianças, já que o espaço é pequeno e não conta com nenhum brinquedo ou objeto de que possibilite outras brincadeiras, a não ser a de correr. Os docentes nesse horário vão para a sala dos professores e o vigia passa a observar as crianças, limitando as atitudes grotescas que ocorrem no momento do intervalo. Algumas mães também se fazem presente nesse horário, acompanhando e dando lanche aos filhos, muitas vezes, limitando os seus movimentos e privando (pela tutela excessiva) a criança de brincar, interagir. 3.3 Observação da prática da professora regente Flora inicia a aula pontualmente às 8:00h. Das 7:40h até o horário de início, as crianças vão interagindo e esperando os demais colegas chegarem. Dando o horário, a professora inicia a aula com a oração do Pai Nosso e do Santo Anjo, seguindo, logo após, com músicas infantis escolhidas pelas crianças e pela professora. As crianças são bem assíduas a aula, durante o tempo observado, o número máximo de falta por dia é dois, e quando ocorrido, é por forças maiores, como doença ou falta de transporte, sendo sempre avisado por parentes e familiares. As aulas não se baseiam em uma rotina definida, todas as atividades e momentos estão voltados a brincadeiras e atividades que não exigiam um nível maior de concentração. Não existia uma prática de fazer a chamada das crianças, nem momento de roda de conversa ou diálogo acerca de um assunto que viesse a se desenrolar na atividade seguinte, nem mesmo, um roteiro específico dessas atividades. Algumas delas pareciam planejadas e outras transmitiam a impressão que haviam sido criadas naquele momento (ressaltando que os momentos de brincadeiras livres denotavam uma maior parte do tempo). Todos os momentos iam acontecendo simultaneamente, sem uma noção fixa do que viria antes ou depois. Esses momentos não aconteciam igualmente todos os dias, deixando subtendido a organização exata dessa rotina. 3.4 Aula observada (24/04/2018) A professora Flora esperou até as 8:00h para que iniciasse a aula, enquanto isso, as demais crianças que já haviam chegado ficaram conversando e esperando em suas carteiras, que estavam organizadas ao redor da sala. Às 8:00h Flora pediu que as crianças ficassem em roda no meio da sala e iniciou com a oração do Pai nosso e a do santo anjo, depois, as próprias crianças escolheram as músicas que cantariam, entre elas estavam: “olha que mistério curioso, a formiguinha ensinando o preguiçoso”; “Havia uma barata na careca do vovô” e “Bato a mão, bato o pé, para entrar na casa do Zé”. Quando as crianças sentaram, Flora reclamou por ter esquecido seu alfabeto móvel em casa, pois, segundo ela, precisaria dele para a atividade, o que nos fez refletir se realmente havia planejado a aula. A atividade foi voltada para a pintura de um desenho impresso e Flora disponibilizou lápis de cor para as crianças. Quando haviam terminado a atividade,Flora recolheu todos os cadernos para fazer uma pequena tarefa para eles, tarefa esta, que não foi respondida por todos naquele momento. Sendo um pouco antes do intervalo, as crianças são levadas ao pátio e lá brincam com bambolês e cordas, sem nenhuma orientação. Antes do sinal tocar, a professora recolheu todos os materiais utilizados e levou as crianças para a sala, para que esperassem o momento do intervalo, sem antes, realizar qualquer tipo de higienização(a escola não oferece boas estruturas para a realização de tal momento). Após o momento do intervalo, todas as crianças voltam e ficam bem dispersas em suas carteiras, enquanto Flora escrevia em todos os cadernos a primeira letra do nome deles. A última atividade do dia foi a brincadeira de montar. Flora espalhou as peças em montes pela sala, e as crianças se dividiram em grupos, duplas e algumas preferiram brincar individualmente. Logo após pergunta às crianças o que haviam montado, e os resultados (citados pelas crianças) foram sendo escritos no quadro branco. No horário de saída, as próprias crianças, juntamente com a professora, organizaram e guardaram as peças na caixa, depois pegaram seus materiais e sentaram no chão, esperando os responsáveis vim buscá-los. Vale ressaltar, que no momento do intervalo não existiu possibilidades de a professora trabalhar com as crianças, uma vez que a mistura de idades e séries tumultuam o espaço do pátio em um mesmo horário, fazendo uma grande movimentação. Isso incomoda não somente os professores, com também os pais. A exemplo de um dia de aula onde pudemos no horário do intervalo ouvir algumas mães conversando à respeito disso, da insegurança que têm em soltar seus filhos para brincar por medo de se machucar, devido a bagunça causada pela mistura entre educação infantil e ensino fundamental. Nisso, uma delas reclamou “É só aqui, em mais lugar nenhum você vê isso”. Foi perceptível durantes as observações que as crianças são bem ativas, estão o tempo todo em movimento, correndo, conversando, brincando e mexendo nos colegas. Isso às vezes extrapola e leva a um clima de bagunça e descontrole para a sala de aula. A professora, perante tudo isso, tem uma postura mais passiva, busca controlar toda a situação de uma forma calma, as vezes pressionando as crianças: “vai brincar quem tiver sentado”, e outras, tentando abrir um diálogo, como percebemos com a criança c14, que estava insistindo em andar na sala durante o momento da atividade. Flora, pede para a garota sentar, mas ela não vai. Flora inicialmente parece desistir, e momentos depois, pega a menina segurando pelo braço e coloca do outro lado da sala. Com o intuito de resistir, a menina levanta e vai pintar no chão, e Flora diz: “ei, falei com você. Não pode teimar na escola não...bora c14”, e mais uma vez senta a menina na carteira, que desobedeceu logo em seguida. Os métodos da professora parecem em alguns momentos não contemplar a euforia das crianças, e não reflete muito esses momentos de indisciplina. Mas observamos, entre tudo, que a perspectiva da educação infantil é respeitada quando o ensino não está voltado ao interesse de alfabetizar e é dado a essas crianças um amplo espaço para as brincadeiras. Essa perspectiva, só se reduz na medida em que as brincadeiras são em sua maioria livres e em muitos momentos sem uma orientação pedagógica. Percebemos também, que o ensino dos números de 1 a 10 foram contemplados, assim como, a apresentação das letras iniciais dos nomes das crianças, cores, desenho e atividades envolvendo motricidade e equilíbrio, como lançar objetos e corrida. Atividades essas realizadas em alguns momentos individual e em outros coletivamente. 4. PROJETO DE ESTÁGIO 4.1 Justificativa do projeto Pensar rotina, de maneira geral e a partir de um senso comum, pode levar à ideia de ações cansativas e repetitivas sem nenhuma perspectiva nova, atividades monótonas e muitas vezes pouco prazerosas. Porém, a rotina é muito importante para possibilitar o desenvolvimento do indivíduo e fazer com que este se situe tanto temporalmente quanto no espaço no qual está inserido, assim como também tem por objetivo organizar o cotidiano das instituições e as práticas desenvolvidas diariamente na escola, e a partir desta, dentro da sala de aula, atribuir uma sequência lógica ao trabalho do professor. Em se tratando de rotina na Educação Infantil, Bilória e Metzner vão dizer que mesmo que o adulto considere a rotina como algo monótono e consequentemente desagradável, “(...) para a criança, é fundamental que exista uma rotina para que ela se sinta segura, possa desenvolver a sua autonomia, bem como, ter o controle das atividades que irão acontecer. (BILORIA E METZNER, 2013 p.2)”, sendo assim, a criança pode imaginar qual a ordem de cada atividade e pensar sobre o momento certo para cada uma delas, não excluindo o fato de que ela vá trazer também as suas ideias e preferências, visto que é um ser social e em processo de desenvolvimento também de sua imaginação e criatividade. O período de observação do estágio possibilita conhecer a realidade do cotidiano na sala de aula escolhida para o desenvolvimento e realização do trabalho, pois é necessário que haja uma coleta de informações para se pensar no planejamento das práticas pedagógicas e do projeto de intervenção a ser elaborado. Durante as observações realizadas na sala de Pré I da Escola Sabino Romariz foi perceptível que não existe uma rotina na sala de aula, as atividades não são definidas e acabam sendo atrapalhadas pelo tempo. Como a rotina pode auxiliar em sala de aula para que as crianças possam se desenvolver nos diversos aspectos referentes à sua aprendizagem e também como sujeito social pertencente a um determinado meio, é crucial no desenvolvimento do trabalho pedagógico que seja trabalhada. Foi alarmante a ausência de organização das atividades e o determinado tempo de cada uma, como se não houvesse um planejamento por trás, acarretando, assim, na dispersão das crianças durante as mesmas. Além disso, as crianças passavam bastante tempo sentadas sobre suas cadeiras olhando e conversando umas com as outras, à espera da próxima atividade. Com a elaboração de uma rotina não será determinado apenas o tempo para cada atividade organizada dentro do planejamento, já que trabalhar com rotina é pensar no desenvolvimento do trabalho pedagógico, mas também pensar a criança e suas particularidades, por isso construir a rotina juntamente com as crianças é importante, assim como também se dará uma abertura para se trabalhar os aspectos ligados à Educação Infantil dentro da rotina. As práticas pedagógicas realizadas nas instituições de Educação Infantil, tem como base alguns eixos e princípios de desenvolvimento e aprendizagem, dentre os quais o cuidar e o educar estão presentes de maneira indissociável (BRASIL, 2009). Considerando essa afirmativa, e compreendendo a importância pedagógica da rotina para a fixação de tais elementos, nos propomos a questionar: como desenvolver uma rotina pedagógica com as crianças da Educação Infantil, contemplando suas especificidades, interesses e necessidades de maneira a organizar e sistematizar práticas pedagógicas que visem o seu desenvolvimento de maneira integral? A partir desse questionamento nos propomos a contribuir com a organização de uma rotina na sala onde aconteceram as observações, buscando considerar em sua organização as falas, os interesses e as individualidades das crianças quefazem parte deste cotidiano. Pensando em uma sistematização das práticas de maneira coletiva, não somente para as crianças, mas, com as crianças. Visto que, acreditamos que elas podem contribuir de maneira significativa com as abordagens feitas em sala. É então a partir de suas sugestões que buscaremos desenvolver um trabalho com elas, buscando considerá-las em todo o processo. 4.2 Objetivos Geral: • Possibilitar com as crianças a construção de uma rotina pedagógica de modo a favorecer o seu desenvolvimento integral. Específicos: ● Valorizar a rotina como necessária para trabalhar os múltiplos aspectos da educação infantil. ● Contribuir para a organização da prática pedagógica; ● Planejar atividades, hábitos e brincadeiras que auxiliem no desenvolvimento e descobertas infantis; 4.3 Fundamentação teórica A Educação Infantil é hoje a completude de uma luta histórica por direitos sociais e educacionais para as crianças, especialmente, as pequenas. Tendo em vista as concepções de infância e criança existentes antes do século XX, nas quais as crianças eram consideradas enquanto um adulto em miniatura (ÀRIES, 2006), e considerando as mudanças ocorridas no cenário social, político e cultural, por meio de processos históricos, tendo como uma das principais características a industrialização e a mão de obra feminina, pode-se reconhecer as lutas sociais impulsionadas pelas mulheres, que resultou no surgimento de creches e pré- escolas, na qual, mesmo em primeira instância, criadas com o caráter assistencialista, foi um traço importante para o avanço e inserção das crianças em espaços educacionais. É então, a partir da Constituição de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional (LDB) que se torna garantido às crianças o direito ao atendimento em instituições de Educação Infantil: [...] a Constituinte de 1998, a primeira que reconhece a Educação infantil como direito da criança de 0 á 6 anos de idade, dever de estado e opção de família; o estatuto da criança e do adolescente (Lei no 8.069 de 1990), que afirma os direitos da criança e as protege; e Lei de Diretrizes Bases da educação nacional, de 1996, reconhece a educação infantil como a primeira etapa básica (KRAMER, 2006, p. 20, apud, SILVESTRE, 2010, p. 18). Levando em consideração a importância dessas leis para a constituição e seguridade dos direitos infantis, pensando especificamente na LDB de 1996, podemos observar o art. 29 desta mesma lei, que ao discorrer sobre a Educação Infantil, afirma: A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade (BRASIL, 1996). Nisso, reside de fato o principal objetivo da Educação Infantil: a busca do desenvolvimento integral das crianças. E, portanto, exige das instituições infantis a elaboração de práticas que contemplem essas crianças, suas singularidades, interesses, contextos e aprendizagens. Sendo a instituição de Educação Infantil promotora desse processo a partir de práticas planejadas, tendo como principal foco o desenvolvimento e aprendizagem dessas crianças. Como uma instituição que recebe as crianças que acabam de sair de um convívio apenas familiar, as escolas de educação infantil devem ser espaços de acolhimento, aconchego, descoberta de si e do outro, experimentações, construção inicial de visão de mundo. Sendo assim, a rotina constitui ponto fundamental para tais apontamentos, uma vez que está atrelada ao trabalho pedagógico do professor, contribuindo (quando realizada conjuntamente e obedecendo às necessidades das crianças) para a qualidade da educação e possibilitando o desenvolvimento infantil. Isso por considerar os aspectos mais gerais do ambiente educacional, que vai desde o espaço da sala de aula, aos espaços externos, às atividades, tempo e materiais. Barbosa (2006) ao definir a rotina como parte integrante da cotidianidade, define a rotina “como um dos elementos integrantes das práticas pedagógicas e didáticas que são previamente pensadas, planejadas e reguladas, com o objetivo de ordenar e operacionalizar o cotidiano da instituição e constituir a subjetividade de seus integrantes” (BARBOSA, 2006, p 39). Assim, nessa perspectiva, a rotina se constitui enquanto atividades realizadas cotidianamente com as crianças nas instituições de Educação Infantil, servindo de organização das práticas pedagógicas, estabelecendo uma seguridade de atividades, procedimentos e experiências que contemplam as subjetividades e particularidades infantis, proporcionando segurança entre o desenvolvimento de uma atividade e outra. Dessa forma, a rotina nos remete a momentos que devem se repetir cotidianamente, dando a criança a segurança do que está por vir, a certeza da ocupação, do movimento, do descobrir o que fazer. Portanto, precisa ser pensada e planejada não como tarefa desgastante, na lógica da mesmice, mas, como possibilidade de desenvolver os enfoques existentes na Educação Infantil, como afirma Barbosa: [...] as pedagogias da educação infantil são múltiplas, e múltiplos também são os enfoques de rotina proposto. Cada campo do conhecimento apresenta um diferente enfoque de rotina proposta. Cada campo do conhecimento apresenta um diferente enfoque e recomenda um tipo de atitude frente a organização diária das crianças nas creches e nas pré-escolas, sugerindo, assim, rotinas diferenciadas (BARBOSA,2006, p 115). Com base nessa afirmativa, podemos compreender que não existem rotinas unificadas, muito pelo contrário, as atividades cotidianas devem ser moldadas para atender as diferentes necessidades educacionais das crianças, respeitando os eixos, os princípios e os apontamentos apresentados pelos documentos e leis que regem a educação infantil. O desenvolvimento dessas rotinas está ligada a quatro elementos fundamentais: ambiente, tempo, atividade e materiais. No que diz respeito ao ambiente, Barbosa (2006, p 120) afirma que: “O espaço físico é o lugar do desenvolvimento de múltiplas habilidades e sensações e, a partir da sua riqueza e diversidade, ele desafia permanentemente aqueles que o ocupam”. O que faz do ambiente um dos pontos fundamentais nas escolhas das atividades, dos materiais a serem utilizados, onde estarão posicionados ou não, como tal espaço será utilizado e o que podemos explorar, desenvolver com as crianças nos ambientes externos e internos da instituição. O tempo adentra nesse discurso não apenas como um medidor, mas sim, como um objeto que pode ser usado pedagogicamente para o controle, organização da prática docente e construção de noção temporal pelas crianças. Barbosa complementa essa discussão, quando diz: [...]por um lado, a concepção de que é na infância que as crianças constroem as noções temporais e, portanto, faz-se necessário criar circunstâncias ou situações em que elas possam estruturar tal noção, e, por outro, a necessidade de organizar o trabalho com as crianças de modo a harmonizar objetivos, situações, suas características, etc (BARBOSA, 2006, p 143). Barbosa (2006), destaca não apenas a construção de noção temporal, mas aponta a necessidade de um trabalho harmônico, circunstancial, onde sejam dados encaminhamentos/ meios para que isso seja desenvolvido. Se observarmos a importância do tempo, estabelecida pela autora, podemos perceber que não está distante do espaço, das atividades e dos materiais. Se o tempo ajuda o professorna organização do seu trabalho, o momento que as crianças passam em um determinado local, os materiais que poderão ou terão acesso nesses espaços e as atividades estabelecidas pela disponibilidade desses últimos componentes estão dentro de um tempo, que pode ser maior ou menor, que pode variar de acordo com a importância e precisão do que está sendo desenvolvido pelo professor. Os materiais, a quantidades, exposição, disponibilidade e usos destes, unidos ao espaço da instituição, indicarão os rumos das atividades propostas, que planejada em um determinado período de tempo deve suprir as necessidades educacionais das crianças, estabelecer possibilidades de descoberta, curiosidade, reconhecimento do espaço escolar, de si e do outro. Na educação infantil a rotina é parte constituinte do cotidiano escolar, acolhe as crianças que estão adentrando no ambiente educacional, auxiliam os professores na sua prática pedagógica e norteiam por meio dos seus elementos (espaço, tempo, atividade e materiais) o desenvolvimento das crianças na educação infantil, tornando-se, assim, indispensável para a qualidade do processo educacional nessas instituições. 4.4 Bloco temático/conteúdos explorados • Rotina; • Elementos da rotina; • Corpo humano; • Esqueleto humano; • Os cinco sentidos; • Brincadeiras; • Saúde; • Higiene pessoal; • Alimentação; • Movimento; • Disciplina; • Linguagens. 4.5 Aspectos metodológicos Considerando a rotina como parte estruturante das práticas pedagógicas em sala e reconhecendo sua importância para a oferta de um ensino de qualidade voltado para as crianças e seu desenvolvimento e diante da realidade a qual conhecemos em campo de estágio, esse trabalho será desenvolvido de maneira a proporcionar a organização de uma rotina pedagógica em uma turma de Pré I, na Escola Municipal de Educação Básica Sabino Romariz, localizada em Povoado Campinhos, município de Pariconha - Alagoas. Compreendendo o período de observação realizado em sala no mês de abril, observou- se a ausência de rotina, assim como, de hábitos de higiene e disciplina. Por esse motivo escolhemos trabalhar a rotina como um caminho para organizar as práticas pedagógicas a serem desenvolvidas em sala, entretanto, atrelado a isso, pretendemos trabalhar conteúdos relacionados a hábitos de higiene, visto que, como foi salientado acima, estavam ausentes dentro das práticas observadas. Considerando que o trabalho é desenvolvido pensando nas crianças, suas necessidades e desejos, e considerando suas falas na organização das práticas pedagógicas voltadas para elas, não pretendemos impor uma rotina, mas, criar uma rotina com elas, buscando contribuir para a construção de um ambiente agradável e seguro. Através de tempos, espaços, atividades e materiais que possibilitem não somente uma melhor organização e sistematização de práticas, mas, contribuam para a construção com elas de experiências significativas de aprendizagens. Em contrapartida, trabalharemos à luz da temática sobre as partes do corpo e seus movimentos, hábitos higiênicos e alimentação saudável, considerando que é de fundamental importância, à medida que proporciona às crianças o conhecimento sobre si mesmas, o cuidado com o corpo e a descoberta de suas capacidades e limites, fazendo com que se conheçam e haja o desenvolvimento de sua autonomia. Levando em conta que é preciso que as crianças tenham o conhecimento sobre si mesmas e sobre seu corpo, na primeira semana abordaremos tal temática como uma forma de facilitar o trabalho com os hábitos higiênicos e alimentação saudável na segunda e terceira semana. A metodologia idealizada propõe o desenvolvimento integral das crianças, para isso, contaremos com os espaços internos e externos da instituição, visando aproveitar tais espaços para contemplar o espírito de curiosidade, e diversificar as experiências vivenciadas pelas crianças. Vale ressaltar, que os usos desses ambientes estarão ligados a disponibilidades da instituição, não interferindo na sua rotina diária. Reconhecendo o déficit das escolas públicas brasileiras, a possível falta de recursos e materiais, estamos cientes de que podemos custear e nos responsabilizar pelos materiais não ofertados pela escola. 4.6 Recursos utilizados • Folha A4; Lápis de cor; caixa de som; ficha com os nomes e números; jogo da amarelinha; giz; livros de histórias; espelho; tinta guache; pincéis; data show; caixas; materiais sonoros; frutas; tesoura; cola; corda; tnt; EVA; bambolês; cordas. 4.7 Planos de aula Organização da sala: Durante as observações percebemos que o posicionamento das mesas e carteiras não favoreciam uma melhor utilização e exploração do espaço disponível, limitando a movimentação das crianças, as brincadeiras e desenvolvimento de atividades específicas. Quando não estavam enfileiradas, estavam posicionadas de forma circular, todas juntas e próximas a parede, levando as crianças a sentirem dificuldades de sentar e sair da sua carteira, impulsionando-as a passarem por baixo das mesas, uma vez que todas estavam ligadas. Optamos então por organizar as carteiras em quatro unidades, proporcionando uma interação entre as crianças, uma maior flexibilidade e possibilidade de movimentação, assim como, um melhor aproveitamento do espaço, como mostra a foto 1. Por questões éticas e visando preservar a identidade e ações das crianças, todas serão representadas pela letra C (criança) e o número que representa o seu nome na lista organizada por ordem alfabética. 14 de Maio OBJETIVO • Perceber quais as atividades que são inseridas na rotina diária. ACOLHIDA: Apresentação das estagiárias e músicas RODA DE CONVERSA: Quais as atividades realizadas em sala? ATIVIDADE: representando as atividades rotineiras. Diário de campo (14/05/2018) Como os dois primeiros dias foram contemplados para definir uma rotina com as crianças, estimulamos a dizerem (com base na rotina anterior) que momento era aquele, hora de desenvolver qual atividade. Porém, devido o desinteresse e brincadeiras que iniciavam durante o momento da conversa, foi necessário que nós mesmas conduzíssemos o momento, atribuindo alguma atividade, não de forma impositiva, sempre dialógica, sugerindo, norteando. O primeiro momento da aula foi destinado a nossa apresentação enquanto estagiárias. Essa apresentação não rendeu nenhuma atitude inesperada ou surpresa por parte das crianças, elas que já estavam se habituando com a nossa presença devido o período de observação. Em seguida, abrimos espaço para as crianças se expressarem, estimulando-as a cantarem as músicas por elas conhecidas e já trabalhadas em sala, com o intuito de compreender o que as crianças estavam habituadas a fazer. Dentre as músicas escolhidas, cantaram: meu pintinho amarelinho e a dona aranha. Na roda de conversa questionamos e instigamos as crianças a exporem quais atividades elas costumavam fazer na escola, quais achavam mais significante e gostavam de fazer. Para auxiliá-las a compreender a então proposta, visando um maior processo de interação, apresentamos por meio de slides, fotos com atividades desenvolvidas no cotidiano escolar, entendendo o que poderia ou não ser visibilizado com mais ou menos intensidade na nova rotina que estaríamos a estabelecer. O objetivo foi ouvi-las e possibilitar um diálogo das crianças entre si, pois cabe ao professor proporcionar esses momentos que “garantam a troca entre as crianças, de forma que possam comunicar-se e expressar-se, demonstrando seus modos de agir,de pensar e sentir(...)” (BRASIL,1998 p. 31) e a princípio, interagiram bem, e mencionaram em grande percentual às “brincadeiras” como atividade favorita. Seguindo essa mesma perspectiva de garantia à criança de sua livre expressão e interpretação do mundo, recomendamos que em ½ da folha A4 (sem pauta) representassem através do desenho a(s) atividade que mais gostavam de fazer na escola. Levaram alguns minutos para realizar e pintar a atividade e depois foram incentivadas a apresentar suas criações. O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil também nos orienta que é importante organizar “situações para que as crianças compartilhem seus percursos individuais na elaboração dos diferentes trabalhos realizados” (BRASIL,1998, p. 31). Foi com esse intuito, valorizando a participação não apenas coletiva, mas individual das crianças, que propomos essa atividade, e diferentemente do que foi pedido, todas as crianças expressaram suas próprias vontades e desejos, desenhando objetos variados, mas nenhum contemplando atividades realizadas em sala. Por meio dessa proposta percebemos que o desenho tem papel significante para as crianças, expressando de fato os seus desejos imediatos. Como não existia hábitos rotineiros de higienização, abrimos uma conversa ressaltando a importância de lavar as mãos antes das refeições e a colaboração que esse pequeno gesto traz para nossa saúde. Realizamos com elas a higienização das mãos, comunicando-as que isso faria parte da nossa rotina diária a partir daquele dia. 15 de Maio OBJETIVO • Identificar as atividades que mais gostavam na escola e o conhecimento sobre os dias da semana. ACOLHIDA: Músicas à escolha deles. RODA DE CONVERSA: Dias da semana ATIVIDADE: O trem da semana. HIGIENIZAÇÃO/LANCHE LEITURA: O que não cabe no meu mundo - teimosia. Diário de campo (15/05/2018) Durante o momento da música de acolhida c6 chorou e c17 não quis participar do momento pois estava um pouco doente, mas todas as outras crianças participaram e cantaram músicas que elas mesmas escolheram (Bom dia coleguinha, como vai?; Meu pintinho amarelinho; O sapo não lava o pé). Sentados no chão, iniciamos em roda de conversa um diálogo acerca dos dias da semana, mas como eles estavam muito agitados foi preciso que sentassem em suas carteiras para que fosse possível darmos continuidade, e então, começamos a questioná-los sobre os dias da semana, quais desses dias estamos na escola e quais deles estamos em casa, assim como, o que costumamos fazer em cada um desses espaços. Percebemos que as crianças têm uma dificuldade de se concentrar, em ouvir, ficam dispersas com muita facilidade e acabam por vez não mostrando os conhecimentos já adquiridos. Em meio a explicação demonstram conhecer o nome de alguns dias da semana, mas não fazem uma sequência lógica de qual dia vem antes ou depois, assim como, a quantidade e quais dias passam em casa e na escola. Na atividade impressa havia o desenho do trem com vagões e em cada vagão os dias da semana, a função das crianças era pintar apenas os vagões que continham os dias em que vinham para a escola, tendo logo a baixo um espaço para que desenhassem a(s) atividades que mais gostavam de fazer quando no espaço educacional. Apenas c14 obedeceu ao que foi proposto pela atividade, pintando os vagões de segunda à sexta - foto 2. As demais crianças pintaram todos os vagões e muitas não quiseram desenhar. Mesmo acompanhando e explicando muitas vezes como deveria ser feito, a euforia de pintar era maior, e pintavam todos os vagões. A leitura da história “Teimosia” (Da coleção O que não cabe no meu mundo - de Fábio Gonçalves Ferreira), foi realizada com intuito de oportunizar a conversa sobre a obediência e a teimosia, uma vez que as crianças têm uma grande dificuldade de escutar, de obedecer, de ouvir o colega. Mesmo envolvendo essa problemática poucas crianças se envolveram na leitura, e apesar de ser um momento ilustrativo, interativo, diferenciando, a distração e conversas entre as crianças interferiram em toda a dinâmica, agitando ainda mais uns aos outros. No momento da brincadeira, um dos mais esperados pelas crianças, optamos por deixá- los livres. Distribuímos peças de encaixe em quatro montes espalhados na sala para uma melhor distribuição das crianças. A brincadeira é a forma da qual a criança se sente mais motivada a aprender e se desenvolver, segundo Leandro (et al 2012), e já fazia parte dos momentos proporcionados pela “rotina” anterior das crianças, o que justifica bem elas cobrarem tanto de nós a questão do brincar. Todos se dividiram (em grupos, duplas e individualmente) sem nenhuma dificuldade (Foto 7). 16 / Maio OBJETIVO ● Possibilitar às crianças o conhecimento e identificação de diferentes partes do seu corpo, características e funções. ATIVIDADES ACOLHIDA: Roda de conversa: sobre as partes do corpo e Música “Desengonçada” CHAMADA: Jogo da Amarelinha QUANTO SOMOS: Círculos LEITURA: Eu sou isso? (Viviane de Assis) LANCHE/HIGIENIZAÇÃO: Música (lavar as mãos) ATIVIDADE: Representação do corpo através do desenho com a ajuda do espelho. Diário de campo (16/05/2018) Com todos reunidos iniciamos a aula com as músicas já conhecidas e exploradas pelas crianças, apresentando em seguida a música “Desengonçada”, alegando que todos nós iríamos despertar o nosso corpo. A maior parte das crianças dançaram seguindo a coreografia, algumas ficaram atentas, observando os movimentos realizados e movendo as partes do corpo pedidos pela música. Nesse dia iniciamos a escolha por meio de sorteio, dos ajudantes do dia, onde uma menina e um menino tinham a função de nos auxiliar em algumas atividades( isso foi proposto com o intuito de romper a indisciplina e a falta de atenção da maior parte das crianças pelo que era desenvolvido em sala).Sua ajuda começa a ser dada no momento da chamada, onde foi montada uma amarelinha composta por peças de encaixe contendo as letras do alfabeto. Durante a montagem, as letras são apresentadas e citadas por algumas crianças, que demonstram nesse momento algum conhecimento acerca do alfabeto e das letras que o compõe. Na hora da leitura, que se tratava do corpo humano, buscamos construir a noção de totalidade nas crianças, levando-as a compreender as partes do seu corpo, e que a união dessas partes forma o corpo humano(totalidade). No decorrer da leitura, as crianças foram levadas a observar o seu próprio corpo, algumas levantaram os braços, as pernas, mostrando que reconhecia aquilo em si. Visando a necessidade de multiplicar as experiências das crianças e o seu autoconhecimento, optamos em realizar uma atividade com a ajuda de um espelho. De acordo com (BRASIL, 1998.apud. ZAMBELLE, METZNER, 2018, p. 232) o espelho possibilita a crianças, em fase de descoberta e emancipação, “familiarizar-se com a imagem do próprio corpo, conhecendo progressivamente seus limites, sua unidade e as sensações que ele produz”. Visando essa descoberta, a observação das partes que compõem uma unidade, levamos as crianças a viverem essa experiência. Algumas tinham um receio inicial de se ver (que foi resolvido rapidamente), outras queriam um tempo ainda maior. Estimulamos as crianças a observarem os membros por nós citados, o número desses membros no seu corpo, o tamanho deles e o como se posicionavam. 17 / Maio OBJETIVO • Identificar as diferentes partes do corpo e explorá-las por meio da motricidade. ATIVIDADES ACOLHIDA: Música (Batalha do movimento) CHAMADA: Jogo das cadeiras QUANTOSOMOS: O outro lado da linha LEITURA: Ida e volta (Juarez Machado) LANCHE/HIGIENIZAÇÃO: música (lava a mão) ATIVIDADE: Recorte das partes do corpo e colagem. Diário de campo (17/05/2018) A acolhida foi realizada com músicas em roda, trabalhando as partes do corpo humano, assim como, os movimentos das crianças que é de suma importância serem trabalhados na Educação Infantil, pois “o corpo tem papel fundamental na infância por ser uma das linguagens de expressão e vinculação da criança com o mundo” (SANTOS e MORENO, 2015 p.77). Esses momentos de acolhida são gratificantes para a maior parte das crianças, que se soltam na dança, cantando, interagindo e opinando. Mesmo assim muitas intervenções são feitas para romper a dispersão (como conversas), e brincadeiras agressivas que se desenvolvem nesse momento. A chamada foi realizada em forma da brincadeira “dança das cadeiras”, com o auxílio de uma música. O momento foi divertido, as crianças estavam sorridentes, algumas ficaram chateadas no momento em que saíram da brincadeira e outras faziam questão de voltar, mesmo já tendo saído, levando-nos a conversar brevemente com elas. Ao saírem da brincadeira iam em busca do reconhecimento do nome, que estava no chão, mas poucas crianças reconheceram seus nomes e outras apenas a primeira letra, havia também as que nem a primeira letra conseguiam reconhecer. A brincadeira no pátio, momento de recreação, foi realizada com bambolês, cordas, peças coloridas e dominós em desenho, em uma mistura de brincadeira com movimento livre, não deixando de ser observada e orientada, um momento de interação entre elas e de trabalho psicomotor. 18 / Maio OBJETIVO ● Explorar os movimentos do corpo e sua importância. ATIVIDADES ACOLHIDA: Música e movimento CHAMADA: Caixa de pandora QUANTO SOMOS: Meninos contam meninas e vice versa. LEITURA: O que não cabe no meu mundo - preguiça ( Exposição do esqueleto) LANCHE/HIGIENIZAÇÃO: música (Meu lanchinho) ATIVIDADE: Montando esqueleto (Exposição de escultura). Diário de campo (18/05/2018) O momento da história possibilitou trabalhar o tema da preguiça e contextualizar sobre a participação nas atividades, a ida à escola, os movimentos do corpo e aproveitamos para fazer a exposição da escultura do esqueleto humano (Foto 4). Todas as crianças ficaram atentas, observaram a explicação, questionaram, compararam os ossos do esqueleto com os seus próprios ossos, tentando-os sentir. No fim da aula c18 comentou “nós somos um esqueleto” com muita convicção, demonstrando ter compreendido. Na atividade eles utilizaram fósforos para montar seus próprios esqueletos, de forma que apenas as duas partes do crânio e do quadril foram coladas na folha e eles completaram as outras partes da estrutura com os palitos (Foto 5) e (Foto 6). No momento recreativo com peças de montar várias representações foram realizadas: c5 montou um carrinho, c10 uma cama, c7 e c13 casa, c15 uma escada, c12 um celular e c17 carne. 21 / Maio OBJETIVO ● Proporcionar a identificação e diferenciação de cada sentido aprendendo como cada um funciona e sua utilidade no corpo. ATIVIDADES ACOLHIDA: Música “Cabeça, ombro, joelho e pé” CHAMADA: Chamada gesticulada QUANTO SOMOS: O lado da fita LEITURA: João e os 5 sentidos (Maria Jesus Souza) Animação: Gugudada - as partes do corpo LANCHE/HIGIENIZAÇÃO: música (Lavar as mãos) ATIVIDADE: Coisas que a gente sente: Sensações; Relacionando os sentidos. Diário de campo (21/05/2018) A chamada foi gesticulada, através dos movimentos da boca das professoras elas deveriam descobrir de quem era o nome. Algumas crianças prestaram atenção e sentiram-se envolvidas, descobrindo com facilidade, e outras estavam totalmente dispersas e desinteressadas. Foram levados objetos como pedras, milho, arroz, algodão, bombril, limão, sal, açúcar, esponja de dois lados, cremes, perfume…, que contribuíram para a exploração dos sentidos das crianças. Com os olhos vendados, eram levadas a descobrirem os gostos, cheiros e sensações dos objetos, compreendendo quais dos sentidos estavam a utilizar (Foto 8). Trabalhamos também a visão com um livro vazado, que foi apresentado em sala escura, com a ajuda de uma lanterna, que refletindo sobre as imagens, expunham no teto diferentes desenhos, grandes e pequenos, onde as crianças tinham a função de identificá-los. A audição foi trabalhada através de sons de diferentes animais, que reproduzidos, deveriam ser descobertos pelas crianças. 22 / Maio OBJETIVO ● Dar continuidade ao trabalho com os sentidos. ATIVIDADES ACOLHIDA: Eu vou andar de trem. CHAMADA: “Se eu fosse um peixinho…” em roda. QUANTO SOMOS: Meninos contam meninas e meninas contam meninos. LEITURA: Chapeuzinho vermelho - historia completa em Português (Vídeo dramatizado) LANCHE/HIGIENIZAÇÃO: música (meu lanchinho) ATIVIDADE: Atividade de recorte e colagem com os sentidos. Diário de campo (22/05/2018) A história da Chapeuzinho vermelho foi contada por meio de encenação. Primeiro realizamos a encenação da história (Foto 10) e logo após dividimos as crianças para que pudessem recontar a história. O reconto aconteceu duas vezes, com grupos diferentes de crianças, que foram escolhidas por meio de sorteio (Foto 11) e (Foto 12). Tudo isso com o intuito de aguçar a imaginação e desejo pela leitura, através da interpretação, assim como, e principalmente, trabalhar os cinco sentidos, uma vez que a chapeuzinho Vermelho pergunta a sua vá sobre os olhos, ouvidos, nariz e boca. Na atividade as crianças tinham a função de recortar os órgãos dos cinco sentidos e colar no rosto de um garoto sobre o papel A4. Como sentem muita dificuldade em recortar, a atividade foi realizada com a nossa ajuda, que se deu em orientá-los nos movimentos das mãos para o recorte, segurando o papel e dizendo onde deveriam ou não recortar, assim como, o local onde cada órgão dos sentidos deveriam estar posicionados, levando-os a observarem o seu próprio corpo, fazendo uma comparação de onde deveriam posicioná-los(Foto 9). Foi perceptível em algumas crianças a dificuldade do recorte com tesoura, ou de posicionar o nariz, boca, ouvidos e olhos no local proporcional. 23 / Maio OBJETIVO • Buscar promover a conscientização em relação a importância do cuidado com os dentes. ATIVIDADES ACOLHIDA: Desengonçada. CHAMADA: Fichas espalhadas pela sala. QUANTO SOMOS: Círculos LEITURA: A bruxinha que voava numa escova de dentes LANCHE/HIGIENIZAÇÃO ATIVIDADE: Dente saudável / estragado. Diário de campo (23/05/2018) A chamada desenvolvida nesse dia despertou curiosidade nas crianças, foi um dos dias em que reconheceram com mais facilidade o seu próprio nome, pois já visualizavam antecipadamente em que parte da sala ele poderia se encontrar (uma vez que as fichas estavam distribuídas a sua altura em três paredes da sala). Os olhares estavam mais atentos, conseguimos despertar nesse momento o espírito de descoberta. Durante o momento da história todos ficaram eufóricos, c19 uma das crianças mais agitadas, presta atenção no que se passa na história, mas movimenta todas as crianças ao seu redor por se exaltar, levantar, falar sobre o que ver, e expressar suas ideias de forma gritante. Durante a contação de histórias esse está sendo um dos maiores problemas, a agitação e desatenção de muitas crianças. Mas apesar dos contratempos,o resultado foi positivo, muitas crianças participaram, observavam as imagens e respondiam os questionamentos feitos durante o momento da história. Fazendo uma reflexão acerca da história, e falando sobre a saúde dentária, distribuímos entre as crianças imagens de alimentos saudáveis e não saudáveis, para que pintassem e colassem sobre dois cartazes na parede. Um deles contendo um dente saudável e outro não saudável. As crianças vivenciaram nesse momento uma atividade de colagem (que sempre lhes atribuiu entusiasmo) e uma reflexão acerca dos alimentos bons e ruins para a saúde dos seus próprios dentes. Algumas colava os alimentos no item certo, e outras sentiram dificuldades em estabelecer essa relação entre os alimentos que nos fazem bem ou mal. Ma na medida que as dúvidas surgiam íamos solucionando, conversando diretamente com a criança. 24 / Maio OBJETIVO • Dar continuidade ao trabalho de conscientização sobre a importância dos cuidados com os dentes. ATIVIDADES ACOLHIDA: Mundo Bita - Xic, Xic, Xic (Vídeo - youtube) CHAMADA: Corrida dos nomes. QUANTO SOMOS: Em fila LEITURA: Mônica - Saúde Bucal. LANCHE/HIGIENIZAÇÃO ATIVIDADE: Fazer estrutura bucal. Diário de campo (24/05/2018) A chamada do dia foi realizada por meio de uma corrida, onde duas crianças tinham que correr, pegar seu nome (que já estava posicionado do outro lado) e voltar. Durante esse momento podemos perceber o entusiasmo das crianças e o desenvolvimento de uma criança específica, c6, uma menina muito quieta, que se mostra resistente em participar das atividades coletivas, ou com esse caráter. C6 participou sem resistir e nem chorar. Na atividade proposta, foi apresentado inicialmente uma estrutura bucal. Mostramos às crianças os dentes, como eles são organizados dentro da nossa boca e o que acontece com essa estrutura bucal na hora da alimentação. Distribuímos logo após uma estrutura em eva com o formato de uma boca, e dentes feitos de papel. Com cola e tesoura todos foram ajudados a desenvolver a atividade. Como envolvia recorte e colagem, as crianças sentiram-se muito atraídas, ficam surpresas com o resultado do seu trabalho e perceberam em meio aquilo tudo que os nossos dentes exercem um papel central, estão dentro da nossa boca com uma função específica. A atividade foi finalizada por eles rapidamente, e de forma gratificante, todos ficaram encantados com o que tinham produzido. O uso da tesoura para eles ainda parece inusitado, essas atividades que proporcionam momentos de recorte está sendo uma experiência nova para todas as crianças, que ainda tem dificuldades de pegar na tesoura, de recortar. 28 / Maio OBJETIVO • Buscar promover a conscientização em relação a importância do banho e cuidado com o corpo. ATIVIDADES ACOLHIDA: Bolhas de Sabão - Galinha Pintadinha. CHAMADA: Chamada colorida QUANTO SOMOS: Círculos LEITURA: Bibi toma banho - Alejandro Rosas LANCHE/HIGIENIZAÇÃO ATIVIDADE: A criança com piolho. Diário de campo (28/05/2018) Como ficamos alguns dias sem aula aproveitamos para contar os dias que ficamos sem ir à escola e atualizamos o calendário junto com as crianças e c3 foi mostrar o dia no calendário. Usamos a música “Desengonçada” de Bia Bedran, para acordar o corpo das crianças, “Bolha de sabão” da galinha pintadinha para abrir a aula sobre banho, assim como outras canções complementares. Após contar a história de Bibi, uma menina que não gostava de banho, explicamos a função e benefício do banho, alertando-os que a falta de higiene ocasiona alguns problemas, como os piolhos. Desenvolvendo essa ideia foi realizada uma atividade de pintura, recorte e colagem de piolhos (Foto 13), que deveriam ser fixados em um cartaz onde continha o desenho de uma menina triste. Explicamos que a expressão de tristeza está sendo ocasionada pela quantidade de piolhos que a menina adquiriu por não se higienizar (Foto 14). As crianças começaram a fazer uma autorreflexão e se observar: “eu não tenho piolho\ eu mando minha mãe olhar”. A atividade recreativa foi realizada de uma forma diferente. Foram distribuídas peças coloridas de madeira em formas geométricas, as peças foram distribuídas por conjunto de mesas (no caso, quatro). Procurou-se por meio dessa união e divisão de peças, proporcionar a interação, desenvolver o espírito de união e coletividade. O RCNEI nos orienta a desenvolver esse tipo de experiência, afirmando: “Nas situações de troca, podem desenvolver os conhecimentos e recursos de que dispõem, confrontando-os e reformulando-os” (BRASIL, 1988, p 31). Essa reformulação e confrontamento foi observado de maneira singular. As crianças adaptavam-se a situação fazendo juntas um único objeto, ou entravam em confronto, sendo necessário a nossa intervenção e divisão das peças, para que todas pudessem participar. Perguntando a eles sobre o que haviam produzido, as respostas se distribuíram das mais diversas formas. Na medida que falavam, escrevíamos no quadro branco, fazendo uma lista de objetos por elas criados, e dentre eles tinham: Casa, casamento, comida, casa de passarinho, mesa, baleia, floresta, vela etc. (Foto 15). 29 / Maio OBJETIVO • Dar continuidade ao trabalho de conscientização à importância do banho e cuidados com o corpo. ATIVIDADES ACOLHIDA: Música Mundo Bita - Bom banho; Ratinho tomando banho - Castelo Rá ti bum (Video) CHAMADA: Amarelinha móvel QUANTO SOMOS: Contagem nas cadeiras pelos ajudantes do dia. LEITURA: Rei Bigodeira e sua Banheira LANCHE/HIGIENIZAÇÃO ATIVIDADE: Roda de conversa, demonstração da higienização corporal e corrida em equipe. Diário de Campo (29/05/2018) No momento da acolhida a turma recebeu uma criança nova, identificada aqui como c20. A princípio a chegada da nova criança deixou as demais caladas e atônitas, fato notado quando pedimos que elas falassem seus nomes, mas depois as crianças camuflaram a presença de c20 como se ela já estivesse na sala há tempos. Cantamos a música de acolhida (Bom dia coleguinha como vai…) para que c20 se sentisse bem-vindo. No momento da história as crianças estavam muito agitadas a ponto de impossibilitar a leitura completa da mesma, foi preciso interromper a apresentação da história que estava sendo interpretada oralmente, mas com a ajuda de imagens projetadas no notebook, como já estava quase no momento do intervalo elas foram organizadas para higienizar as mãos e ir lanchar. Na roda de conversa sobre a higienização do corpo foram demonstrados os passos e instrumentos utilizados no momento do banho, com a ajuda de uma boneca, as crianças tiraram os objetos da caixa de pandora, demonstraram como se utilizava cada objeto (utilizando a boneca) e os classificaram como produto utilizado no corpo, nos cabelos ou nos dentes, fixando- os em sacos transparentes que se encontravam presos ao quadro branco, nomeados pelas classificações anteriores (Foto 34). Logo após, dividimos a turma em duas equipes A e B, uma criança de cada equipe deveria correr até a caixa de pandora e tirar objetos que nos auxiliam na higienização (os objetos tinham sido utilizados anteriormente na experiência com a boneca), tirado o objeto, a criança deveria dizer qual a função dele e em que parte do corpo era usado. Respondendo a essa pergunta, um ponto seria dado a equipe, não sabendo responder, a pergunta era lançada para a criança que compunha a equipe contrária. Ambas as equipes tiveram o mesmo número de acertos, para elas foram dadas um tesouro, cada uma recebeu um saco com números iguaisde balas. O RCNEI nos orienta a dar autonomia para as crianças nas brincadeiras, deixando que elas imaginem e procurem por meio das suas relações mentais, formas próprias de solucionar os problemas (BRASIL, 1988). Pensando nessa perspectiva, entregamos o saco referente a cada equipe e deixamos que elas dividissem entre si. Na equipe A, c11 se posiciona: “eu divido”, distribui uma bala para cada criança, sobrando metade das balas. Sugerimos então, que cada criança pegasse mais uma bala, e assim fizeram. c12 pega uma a mais que todas as outras, mas percebendo a falha, pedimos para que passasse para a colega que ficou com o número menor, e tudo foi resolvido de forma tranquila e aceitável pelas crianças. 30 / Maio OBJETIVO • Socializar os conteúdos trabalhados durante a regência de estágio e desenvolver uma conscientização sobre alimentação. ATIVIDADES ACOLHIDA: A turma do Seu Lobato - Rock das frutas (Roda de conversa sobre a alimentação e a importância das frutas para o estabelecimento de uma alimentação saudável) CHAMADA: Dança das cadeiras QUANTO SOMOS: Contar fichas LEITURA: A menina que não gostava de frutas (Cidália Fernandes) (Encenação com fantoches) LANCHE/HIGIENIZAÇÃO ATIVIDADE: Vídeo sobre hábitos saudáveis / Piquenique de comidas saudáveis / Atividade representativa. Diário de Campo (30/05/2018) Como seria o nosso último dia com eles, buscamos observar mais atentamente o desenvolvimento das crianças, o que aprenderam durante esses dias, o que gostaram ou não de fazer. Pensando nisso, incentivamos a cantarem as músicas que haviam aprendido conosco, e logo começaram a cantar a música do “jacaré”, seguindo espontaneamente toda a coreografia. Essa canção era pedida e cantada por eles na maior parte dos dias, foi uma das mais significantes, que despertava maior entusiasmo e atenção por parte delas. No momento da história, que fala sobre a importância das frutas, buscamos criar um clima diferenciado na sala. Apagamos as luzes, fechamos a porta e todas a janelas, deixando a sala escura, para que a história fosse contada sobre a luz de uma lanterna. Na medida que os personagens (bonecos de papel) iam aparecendo e conversando com as crianças, elas não conseguiam se conter, levantavam, aproximavam-se e gritavam com os personagens. Após uma conversa e tentando acalmar as crianças, a história prosseguiu de forma um pouco mais leve. Terminando a contação da história, pedimos para que as crianças recontassem, e parte delas participaram, cada uma comandando um personagem diferente (Foto 31). Foi perceptível que todos estavam gostando de interagir, C 20 estava quieto, parecia encantado com o momento, e as crianças iam desenvolvendo a história, apresentando os personagens. E para as crianças ouvintes, a experiência também parecia interessante, C 19 levantou várias vezes para falar com os personagens da história, questionando-os e fazendo provocações. Tudo isso nos fez compreender que para grande parte das crianças aquele momento estava munido de significados, de descobertas. Levando em consideração a especificidade desta última aula, colhendo os aprendizados e resultados adquiridos durantes os dias de regência, entregamos a cada crianças uma folha de papel A4 (sem pauta) pedindo que registrassem qual atividade ou momento que eles mais gostaram ou foi significativo durante esses dias de regência. Com base em Lima e Carvalho (2008) escolhemos o desenho como método avaliativo por revelar o que as crianças sabem sobre o objeto ou assunto explorados nos últimos dias, demonstrando os seus conhecimentos por meios ilustrativos, que servirá de relatório, um documento repleto de significados. Para que pudéssemos colher os resultados e compreender tudo o que estava sendo desenvolvido pelas crianças, perguntamos a cada uma delas o que haviam produzido e obtivemos várias ideias e imaginações, como sol, chuva, rocha, trovão, boneco, peixe, pepa, pirulito, filha, zumbi…; ressaltamos aqui a produção de c3 que foram os piolhos (Foto 37), apesar de depois dizer que eram aranhas; a de c12 que foi a representação de sua mão (Foto 38), retomando as atividades dos sentidos e do corpo humano; e a de c10 das frutas (Foto 36), que foram trabalhadas junto da alimentação saudável. Ao perguntar o porquê de desenhar frutas, c 10 respondeu: “porque eu gosto”. 4.8 Avaliação É perceptível, através dos momentos de observação, que as crianças estavam acostumadas com um dia de aula em torno de brincadeiras e atividade de pintura, que não eram desenvolvidas em uma sequência e horários determinados. Portanto, com o início da regência e estabelecimento de uma nova rotina (agora baseada em atividades diversificadas), desenvolveu-se na turma um princípio maior de organização, onde as crianças, no decorrer dos dias, foram compreendendo que aquela rotina tinha uma função, e que todas as atividades realizadas em sala seguiam uma sequência determinada e com horários estabelecidos. Podemos constatar essa perspectiva na fala de c14, uma das crianças que em um determinado momento de aula questionou “Depois é hora de lavar as mãos né?”, nos fazendo perceber que elas estavam a entender essa noção. Além disso, as crianças passaram a ressaltar com menos intensidade as brincadeiras, compreendendo que outras atividades, tão significativas quanto o brincar estavam fazendo parte da nossa rotina. Percebemos também a redução da indisciplina e uma maior compreensão das crianças acerca da obediência, da espera, da necessidade de participar e de respeitar. Por meio das atividades, principalmente as recorte e colagem, as crianças aumentaram o seu nível de concentração, reduzindo o barulho constante e dedicando-se mais intensamente e prazerosamente ao novo objeto de conhecimento. Trabalhar de maneira expositiva, utilizando objetos e imagens para demonstração ampliou todos esses princípios, e possibilitou às crianças uma maior reflexão do momento, levando-as a observarem-se mais, a falar de si mesma, dos seus movimentos, do seu corpo e das suas relações. Por meio da chamada, e da entrega de fichas com o nome das crianças no momento atividade (para que reproduzissem como sabiam) percebemos uma evolução das crianças no reconhecimento das letras e do próprio nome. Inicialmente, a maior parte delas não conseguiam reconhecer nem mesmo a primeira letra que compunha o seu nome, tendo dificuldades de encontrar sua ficha no momento da chamada. Porém, com a fixação desse momento na rotina, as crianças passaram a reconhecer o nome com mais precisão, reconhecendo a primeira letra que o compõe. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estágio é um campo de descobertas, de pesquisa, de ação e reflexão da realidade educacional do país, das especificidades das escolas, dos alunos e da gama de profissionais que enfrentam todos os dias os desafios que compõem esse âmbito. Durante o período em que atuamos, assumindo o papel de educadoras, vários problemas e dificuldades de caráter institucional e pessoal surgiram, entre eles, a disparidade de trabalhar em uma turma de educação infantil que não tem uma sala única e exclusivamente para essa modalidade de ensino. A sala era neutra, sem livros, brinquedos, exposição de atividades realizadas, cantinhos ou qualquer outro material que devia fazer parte do cotidiano das turmas de educação infantil. Nesse ambiente, a única coisa adequada eram as mesas e carteiras, que tinham um tamanho apropriado para as crianças. Levar materiais como calendário, quantos somos, chamadinha (foto 27) e (Foto 35) varais para expor as atividades realizadas, ou fixar a rotina por meio de imagens,
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