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Resumo do texto "Itália: industrialização tardia não traz benefícios"

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Itália: industrialização tardia não traz benefícios
Tom Kemp relata em seu texto que apesar de um número reduzido de centros comerciais prósperos, a península italiana era predominantemente agrária com a agricultura atrasada. E encontrava-se politicamente dividida, e mesmo com a passagem do governo napoleônico trazendo sistemas de leis e de administração mais avançados, a ideia da unificação e os efeitos econômicos demoraram a aparecer. Os efeitos das guerras e das ocupações da épocas foram prejudiciais a economia italiana, porém a Rev. Industrial na Grã-Bretanha e em outras partes do noroeste da Europa, evidenciou mais a diferença da Itália e das zonas mais avançadas. Para os nacionalistas a principal fraqueza do país residia na desunião política e na subordinação à influência austríaca, que tinha sido restaurada após 1815. Algumas pessoas já conseguiam ver, em 1840, as vantagens que poderiam estabelecer o risorgimento. Porém as condições climáticas, geográficas e a grande distância entre o Norte e o Sul, não favoreciam, sem mencionar que a Itália era separada politicamente, sob regimes com graus diversos de competência que se transformou em pressão e corrupção, e mesmo quando a Itália começou a se desenvolver economicamente, essas disparidades não diminuíram. Não haviam grandes diferenças, no período de industrialização, entre a nobreza e a burguesia italiana, pois a nobreza era uma classe urbana, pouco interessada nas suas propriedades e na agricultura, e a burguesia era uma classe média que buscava elementos profissionais, burocráticos e intelectuais, isso contribuiu para evitar problemas de posições sociais. A agricultura era usada para a subsistência e pra proporcionar uma vida ociosa na cidade, por isso havia poucos incentivos, e também pelo fato de não terem iniciativas para o negócio, só participavam de negócios quando a oportunidade apareciam, não eram criadas por eles. Somente após a derrota de napoleão que pode-se notar um começo, apesar de lento, na modernização da agricultura em algumas regiões, na introdução de uma indústria fabril e no melhoramento das instituições financeiras. A industrias eram criadas para substituir as importações no ramo têxtil ,de bens de consumo e processamento de alimentos. Porém o mercado interno permanecia estreito e crescia lentamente, sendo o principal produto de exportação italiana a seda, em estado bruto ou fiado. Neste momento não havia ocasião de se obter um bom lugar no mercado internacional, pois os produtores abusavam nos custos de suas mercadoria, trazendo como consequência as características marcantes de países pré-industriais, que produziam pouco mais que o necessário para a sua subsitência, devido funcionamento da agricultura com pouco capital e baixo nível técnico. E aquilo que os camponeses não obtiam dentro do quadro familiar, podiam obter através de trocas no seio da aldeia ou no mercado local mais próximo.
A região do Norte da Itália, foi a que conseguiu sair mais cedo e de forma mais radical desta estagnação econômica, algumas pequenas zonas que mostravam sinais de modernização econômica, encontravam-se quase todas no Norte, antes de do estabelecimento do Reino da Itália, em 1861.
Camillo Cavour, , que dirigiu a política do Piemonte nas fases decisivas da unificação (1852-1861), defendia o comércio livre, mostrando-se pois disposto a aceitar que o papel da Itália na divisão internacional do trabalho fosse a de um fornecedor de produtos primários, ele e seus adeptos tinham consciência da importância do caminho de ferro e favoreciam estabelecimentos de relações comerciais com outros países.
Tanto Cavour, quanto Garibaldi não esperavam que o Risorgimento acontecesse de forma tão inesperada, aconteceu como resultado de uma atividade política e militar, sob o controle dos membros das profissões e em larga medida, acima das grandes massas populares, especialmente no Sul. Não trouxe quaisquer mudanças sociais e econômicas e implicou compromisso administrativos com os funcionários de cada Estado. Pelo contrário, como cerca de 60% da população nesta época era analfabeta, constituída por camponeses que obtinham o essencial para sua subsistência ou trabalhadores e artesãos condenados à pobreza num número limitado de cidades excessivamente grandes, logo para as massas o Risorgimento pouco significava, além disto é possível que ele veio seguido de maiores impostos e outros encargos.
A Itália não teve uma revolução agrária.
Como resultado do Risorgimento, do ponto de vista econômico, houve a unificação dentro de um único sistema tarifário, o estabelecimento de um único código civil e de um só sistema administrativo, a unificação da moeda. Estas mudanças foram lançadas por um Estado altamente centralizado e burocrático, dirigido a partir do Norte e como consequência a indústria do Sul ficou exposta à impiedade de uma competição com as rivais mais eficientes do Norte e os impostos subiram em virtude da pesada carga de dívidas que o novo Estado teve de assumir.
Nas primeiras décadas da unificação, fatores como educação, comunicações e infra-estruturas foram negligenciados devido a forte dívida pública, que veio a se tornar a ser um problema primordial a ser resolvido pelo governo na busca de novas fontes de rendimentos, o que gerou muitas injustiças. Como exemplo de ações governamentais, as propriedades da igreja que não eram utilizadas para fins religiosos foram confiscadas e com isso houve liquidação de parte dos domínios estatais, as linhas férreas estatais foram vendidas a interesses privados. 
Em meados da década de 60 houve o encontro da crise econômica com a posição financeira governamental desfavorável. As décadas de 1870 e 1880 dificilmente podiam ser propícias ao crescimento econômico devido o país predominantemente agrícola. As dívidas em grande parte impediam o Estado de gastar em projetos sociais e econômicos o dinheiro que o atraso geral do país exigia. As condições em que a unificação foi realizada, deixando o equilíbrio social e politico intacto e sobrecarregando o país com um dispendioso aparelho administrativo e um forte endividamento, dificultaram a ultrapassagem do atraso predominante.
O Norte assistiu ao alargamento da produção para o mercado na agricultura e à ascenção de uma indústria têxtil mecanizada, bem como o aparecimento de múltiplas indústrias de pequena escala produzindo para o mercado. Enquanto no Sul da Itália, as forças da tradição mostraram-se muito mais resistentes à mudança. Havia pouco estímulo proveniente do exterior, mesmo das partes da Itália que mais rapidamente tinham avançado. Também havia pouco capital disponível para investimento e poucos incentivos para investir na criação de indústrias. As forças de mercado não se desenvolviam sem a influência do Estado. Os principais instrumentos da intervenção estatal eram o apoio financeiro ao caminho de ferro e à marinha mercante e as tarifas.
Segundo Clough, “tratava-se de um esforço quase frenético do governo para construir vias férreas aonde elas ainda não tinham chegado”. Grande parte do dinheiro público foi a construção do caminho de ferro o que impôs uma pesada carga ao tesouro público. Em 1865, os caminhos de ferro foram entregues à iniciativa privada, mas as viscitudes financeiras obrigaram o Estado a regressar este campo na sua qualidade de principal fornecedor de fundos. Em 1884, um novo projeto ferroviário dividiu as linhas em quatro redes principais em que o Estado fornecia a infra-estrutura e as companhias privadas forneciam o equipamento. Este investimento em linhas férreas proporcionou o estabelecimento de uma indústria de ferro, aço e máquinas moderna e em larga escala, que de outra forma, nunca teria aparecido. O caminho de ferro também contribuiu para diminuir as diferenças regionais e para tornar a união política mais forte.
Gerschenkron afirmou, que “a construção das principais linhas férreas antecedeu uma década ou mais a primeira aceleração do crescimento italiano, que ele inere no período 1896-1908.” A manutenção ea substituição exigiram um equipamento, o que apoiou o crescimento industrial. Os caminhos de ferro atraíram fortemente os homens públicos, empresários, banqueiros e investidores da classe média que viam neles uma forma de escoamento capital muito propícia a realização de benefícios materiais.
A tendência a política favorável à industrialização tornou-se pronunciada durante a década de 1880 e contribuíu para os saltos de crescimento até 1914, intervalados com crises ou abrandamentos. A Itealia tornou-se um paeis protecionista com as tarifas de 1878 e 1887. O Estado, protegido pelas barreiras alfandegárias alargou a ajuda direta e indiretamente às indústrias pesadas. Edificava-se a indústria de fero e aço, nomeadamente com a abertura da feabria de Terni em 1886 e havia um crescimento correspondente na engenharia e construção naval. Registrava-se também o desenvolvimento em outras indústrias, de forma que a Itália conseguiu lançar várias indústrias avançadas, nas quais a falta de recursos naturais não constituíam uma desvantagem. Dando êxito à um empresariado determinado e aos baixos custos de trabalho, onde eram produzidos mercadorias para os quais havia uma procura crescente tanto no mercado interno como no estrangeiro. Houve também um apoio abundante do Estado à marinha mercante e a construção naval , o governo pagava nomeadamente subisídios para os navios construídos em estaleiros italianos, os quais, em troca, deviam oferecer boas condições para a construção dos navios susceptíveis de serem usados em tempo de guerra. Da mesma forma que a política ferroviária, a política naval deu ao capitalismo italiano uma feição específica neste período. O apoio estatal tornava-se necessário dadas as fragilidades das indústrias pesadas e a situação de atraso da Itália, em comparação com os outros países da Itália.
No período de Corso Forzoso, houve um rápido desenvolvimento de sociedades bancarias anônimas, servindo as necessidades das classes médias comercial e industrial, que estavam a crescer. Muitos dos novos bancos superaram-se a si mesmos durante a grande exploraçãoo que terminou em 1873-74, envolvendo-se demasiado fortemente no financiamento de projetos a longo prazo ou em aventuras especulativas. Na década de 1880, os bancos encontravam-se profundamente envolvidos nos principais projetos do capitalismo em desenvolvimento: Obras públicas, caminho de ferro e indústria pesada. Porém, o sistema bancário italiano não conseguia, pois, sair ileso dos seus fracassos, escândalos e crises.
Em 1893, um escândalo político relacionado com a banca Romana, que entrou em bancarrota e arrastou consigo uma série de outros bancos, fez Clough crê que “A nação conseguiu os seus edifícios públicos , algumas das suas vias férreas e alguma indústria, em parte através das perdas dos depositantes e dos acionistas das instituições em bancarrota.
Em 1914, a Itália tinha ganho algumas das características de um país industrial avançado. E politicamente, sobretudo, na arena externa e colonial, os seus dirigentes comportavam-se como se a Itália igualasse já as outras grandes potências. Enquanto o crescimento continuava também noutras partes de Itália, não se via nenhum sinal de que as diferenças entre Sul e Norte estivessem a esbater-se. Apesar de a Itália ter começado então a assumir os atributos de um país industrial moderno, pelo menos na parte Norte, notava-se também a existência de um vasto corpo de opnião instruída, descontente, normalmente céptica e individualista, no qual podia ser encontrado apoio para o nacionalismo e aventuras imperialistas.
Uma nova carga à economia, se deu pelo fato da emigração em que a maior parte dos emigrantes encontravam-se no inicio da sua vida de trabalho e apenas o dinheiro que enviavam de volta contribuía para a economia da terra onde tinham nascido.
A partir da década de 1890, a história de trabalho foi marcada por grande turbulência e pea resposta da classe dirigentes, muitas vezes repressiva.
O desenvolvimento econômico italiano legou ao século XX uma série de problemas por resolver, para mais ampliados pelos efeitos da intervenção na Primeira Guerra Mundial, a qual preparou o caminho para a ditadura de Mussolini. As conquistas econômicas do capitalismo italiano antes de 1914 devem ser encaradas dentro deste quadro social e político insatisfatório e precário, que parecia preparar o caminho para um governo autoritário. O intervencionismo democrático, só tornou possível um tipo parcial e desigual do desenvolvimento nas condições italianas.
O argumento segundo o qual a ausência de uma revolução agrária favoreceu o desenvolvimento do capitalismo italiano, por preservar uma distribuiçnao de rendimentos susceptível de conduzir à acumulação, não parece ter razão de ser. O que pode-se concluir é que houve uma distribuição deficiente que refletiu num equilíbrio das forças sociais e políticas que proveio do Risorgimento.
Do ponto de vista intelectual, a Italia era ja parte do mundo ocidental no final do século XIX, capaz de contribuições técnicas e outras de elevadas qualidades .
A existência de pobreza e analfabetismo numa escala maciça no Mezzogiorno foi o sinal mais evidente do fracasso da combinação do liberalismo econômico com o intervencionismo parlamentar. A estrutura italiana as vésperas da Primeira Guerra Mundial era típica de um industrializado tardio. Os largos interesses econômicos envolvidos nestas indústrias tendiam juntar-se cada vez mais e a entrar em acordos de tipo cartel. O mercado interno para a indústria moderna em larga escala era, portanto, fortemente restrito e dependia muito dos apoios governamentais, sob a forma de contratos, especialmente para fornecimentos militares , ou sob a forma de proteção tarifária. O mercado interno também permanecia estreito e as saídas pra a iniciativa da classe média eram provavelmente restritas. A dependência da indústria em relação ao financiamento bancário, tinha seu reverso no fato de que a solvência dos bancos dependia diretamente da prosperidade industrial e em tempos de crises, os grandes bancos sentiam-se inclinados à procurar assistência do Estado.
Jon S. Cohen acentuou num estudo recente: “Mussolini viria a achar esta estrutura industrial uma base ideal para seu Estado corporativo.”
À luz da história italiana, o facismo não era de forma nenhuma uma aberração, pois encontrava as suas bases sociais a partir da incapacidade das instituições do Reino Unido de Itália criadas pelo Risorgimento para conter as n”ovas forças dinâmicas que acompanhavam a ascensão da indústria de vanguarda.

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