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A ENTREVISTA DE ANAMNESE • Segundo CUNHA (2000), a história e o exame do estado mental do paciente também constituem recursos básicos de um diagnóstico, pois permitem a coleta de dados e subsídios introdutórios que vão fundamentar o processo psicodiagnóstico. • A medida que o paciente relata a sua história, o clínico tem condições de avaliar alguns aspectos do exame do estado mental do paciente. • A entrevista de anamnese envolve um levantamento do desenvolvimento do paciente, com intuito de obter detalhes de sua vida. • A história clínica do paciente é chamada de história da doença atual. • Ela pretende caracterizar a emergência de sintomas ou de mudanças comportamentais, numa determinada época e a sua evolução até o momento atual. • A história pessoal ou anamnese pressupõe uma reconstituição global da vida do paciente, como um marco referencial em que a problemática atual se enquadra e ganha significação. • A história pessoal deve ser enfocada conforme os objetivos do exame e dependendo do tipo e da idade do paciente. • A anamnese é frequentemente utilizada como um tipo de entrevista na avaliação psicológica de crianças, sendo que o psicólogo segue um roteiro onde constam todas as fases do desenvolvimento infantil. • A maior ou menor ênfase a ser dada a cada tópico vai depender dos objetivos do exame realizado. • Contexto familiar: geralmente é útil investigar o núcleo familiar. • Deve-se procurar descrever o contexto familiar, desde a concepção (ou da adoção da criança), bem como, condições socioculturais e emocionais do casal, as relações afetivas do casal e da família, suas expectativas e planejamento familiar. • História pré-natal e perinatal: é importante descrever como transcorreu a gestação do ponto de vista físico e psicológico, como foi o parto, bem como, aspectos nutricionais, doenças, acidentes, uso de medicamentos, entre outros. • Primeira infância (até os 3 anos): nessa fase é importante investigar a qualidade da relação materno-infantil, desde a ligação simbiótica primária até a fase de separação-individuação. • Infância intermediária (3 a 11 anos): geralmente é nessa fase que há um alargamento da rede de relações sociais da criança, pelo seu ingresso na escola, portanto, é importante investigar todos os aspectos da vida da criança em seu desenvolvimento. • Pré-puberdade, puberdade e adolescência: deve-se analisar a facilidade ou não de estabelecer e manter relações sociais e a participação em grupos (irmãos, colegas, amigos), bem como, conflitos e dificuldades na relação com figuras de autoridade (pais, professores). Também é importante registrar a história escolar, em termos de desempenho, aproveitamento, ajustamento e interesses específicos. • Idade adulta: os principais temas a serem abordados incluem as relações sociais, a área sexual, a história conjugal e as atitudes frente a mudanças ocorridas na vida. • Em processos psicodiagnósticos de crianças e adolescentes, em geral, realizam-se entrevistas com os pais ou responsáveis, que constituirá realmente uma fonte primária de dados. • No caso da criança, a perspectiva do desenvolvimento é crucial, devido à precisão cronológica dos dados da anamnese, o que permite uma dimensão mais profunda na compreensão do caso. • Para a coleta de dados, contamos fundamentalmente com as informações da mãe, e pode-se iniciar pela queixa, procurando-se ter uma percepção da sintomatologia atual, que serve como referencial para identificar conflitos ou áreas de desenvolvimento que devem ser mais investigados. A ENTREVISTA NA EMPRESA • A entrevista de seleção é utilizada em empresas e instituições com o objetivo de buscar a pessoa adequada para preencher um cargo. Os procedimentos utilizados em uma entrevista de seleção são: 1) Realizar a análise do cargo: consiste em definir o nome e os objetivos do cargo. 2) Realizar a análise de atividades: definir quais atividades deverão ser feitas para que se atinja os objetivos do cargo. 3) Especificar as habilidades e experiência necessárias para o cargo: definir quais habilidades e que tipo de experiência o entrevistado deve possuir para um adequado desempenho do cargo. • Após realizar as análises do cargo, das atividades e habilidades necessárias, é fundamental que seja elaborado um roteiro de perguntas. • As perguntas devem ser formuladas sempre tendo em vista as análises mencionadas, de modo que não sejam obtidos dados inúteis, ou haja ausência de informações. • A análise antecipada do currículo também pode fornecer importantes dados para a entrevista. A ENTREVISTA NA ESCOLA • A entrevista realizada pelo psicólogo na escola ocorre em um contexto de diagnóstico psicopedagógico. • Nesse contexto, a escola (mais especificamente o professor) é o agente da demanda, ou seja, é ela, e não os pais, que percebe determinadas dificuldades dos alunos (problemas relacionados ao comportamento ou à aprendizagem principalmente) e solicita os serviços do psicólogo. 1) Entrevista com o professor: Antes que o psicólogo realize a entrevista com o professor, é importante que ele preencha uma folha de encaminhamento, para especificar o problema do aluno. Ao entrevistar o professor, o psicólogo deve ampliar as informações sobre os motivos do encaminhamento e sobre as dificuldades e possibilidades do aluno em relação ao grupo e à aula, investigando os aspectos positivos da criança e suas dificuldades. Deve também desvendar o que o professor tem feito até o momento do encaminhamento da criança e se tem falado com os pais dela. 2) Entrevista com os pais: no contexto escolar, é o psicólogo que chama os pais para pedir a colaboração deles na resolução dos conflitos que estes pais podem até desconhecer. Na maioria das vezes, o pai e a mãe são convocados para a entrevista. O psicólogo deve informar e explicar aos pais qual é a situação do filho na escola e também ouvir o que estes sabem ou pensam a respeito das dificuldades apresentadas. Deve, ainda, estabelecer o que será feito para tentar modificar a situação, juntamente com os pais, definindo de forma conjunta, os objetivos possíveis.