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1 2 CURSO MEGE Site para cadastro: www.mege.com.br Celular/Whatsapp: (99) 982622200 (Tim) Telefone fixo: (99) 932143200 Fanpage: /cursomege Instagram: @cursomege Material: Prova Objetiva TJ-CE (gabarito comentado) PROVA OBJETIVA TJ-CE (GABARITO COMENTADO) 3 SUMÁRIO OBSERVAÇÕES INICIAIS ....................................................................................................................................... 4 BLOCO I ................................................................................................................................................................ 5 DIREITO CIVIL ................................................................................................................................................... 5 DIREITO PROCESSUAL CIVIL ........................................................................................................................... 10 DIREITO DO CONSUMIDOR............................................................................................................................ 20 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE.................................................................................................... 31 BLOCO II ............................................................................................................................................................. 36 DIREITO PENAL .............................................................................................................................................. 36 DIREITO PROCESSUAL PENAL ........................................................................................................................ 50 DIREITO CONSTITUCIONAL ............................................................................................................................ 67 DIREITO ELEITORAL ........................................................................................................................................ 86 BLOCO III ............................................................................................................................................................ 92 DIREITO EMPRESARIAL .................................................................................................................................. 92 DIREITO TRIBUTÁRIO ..................................................................................................................................... 96 DIREITO AMBIENTAL .................................................................................................................................... 101 DIREITO ADMINISTRATIVO .......................................................................................................................... 105 4 OBSERVAÇÕES INICIAIS O presente material visa auxiliar nossos alunos e seguidores na análise de seus recursos a serem interpostos sobre a prova objetiva do TJ-CE, realizada no dia 01/07/2018. Trata-se de versão que ainda será ampliada e diagramada para função definitiva de material de estudo. A celeridade na apresentação deste conteúdo visa suprir a função inicial de cumprir o prazo recursal apresentado pela banca organizadora do certame. Questões que entendemos passíveis de recursos (não deixem de conferir os respectivos comentários): 13, 14, 33, 36, 41, 53, 55 e 75. Na identificação de temas abordados por nossa equipe, em rápida apuração, destacamos apenas as questões trabalhadas na turma específica de reta final para o TJ-CE e aulão de véspera de prova, realizado em Fortaleza-CE (sábado, 30/06/2018). Portanto, nesta abordagem, não foram consideradas antecipações de materiais e aulas do Mege de Turma Extensiva e Regular de magistratura (que trabalham um modelo de edital completo), simulados de provas objetivas e turma de informativos. Contem sempre com nosso apoio! Bons estudos. 5 TJ-CE PROVA OBJETIVA SELETIVA BLOCO I DIREITO CIVIL 1. Elemento acidental do negócio jurídico, a condição possui, entre outras, as seguintes características: (A) impositividade e certeza. (B) acessoriedade e voluntariedade. (C) legalidade e futuridade. (D) involuntariedade e incerteza. (E) legalidade e brevidade. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS São elementos acidentais do negócio jurídico o termo, o encargo e a condição. Assim, não se trata a condição de elemento essencial do negócio jurídico, mas sim acidental, de onde deriva sua caraterística de acessoriedade. Em complemento, conforme preceitua o art. 121 do CC, “considera- se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto”. Portanto, verifica-se que a voluntariedade também é característica da condição. Como resultado, a única alternativa correta é a letra B. 2. Maria decidiu alugar um imóvel de sua propriedade para Ana, que, no momento da assinatura do contrato, tinha dezessete anos de idade. Nessa situação hipotética, o contrato celebrado pelas partes é (A) nulo, uma vez que foi firmado por pessoa absolutamente incapaz, condição que pode servir de argumento para Ana extinguir o contrato. (B) anulável, portanto passível de convalidação, ressalvado direito de terceiros. (C) válido, desde que tenha sido formalizado por escritura pública, visto que tem por objeto um imóvel. (D) nulo, porque Ana deveria ter sido representada por um de seus genitores. (E) válido, ainda que Ana não possua capacidade de direito para celebrar o contrato de aluguel. RESPOSTA: B 6 COMENTÁRIOS Ana, conforme narrado, era relativamente incapaz (CC, art. 4º, I). Assim, a questão buscava identificar a natureza do negócio jurídico praticado por agente relativamente incapaz. Tal resposta pode ser extraída da combinação dos arts. 171, I, e 172 do CC, que assim dispõem: Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: I - por incapacidade relativa do agente; Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro. Portanto, a única opção em consonância com os dispositivos legais é a letra B. 3. Pedro descobriu que seu nome havia sido inscrito em órgãos de restrição ao crédito por determinada instituição financeira em decorrência do inadimplemento de contrato fraudado por terceiro. Nesse caso hipotético, a instituição financeira (A) não responderá civilmente, uma vez que se trata de fato de terceiro, mas deverá proceder à retirada do registro negativo no nome de Pedro. (B) não responderá civilmente, porque a fraude configura uma excludente de caso fortuito externo. (C) responderá civilmente na modalidade objetiva integral. (D) responderá civilmente apenas se Pedro comprovar que sofreu prejuízos devido à inscrição de seu nome nos órgãos de restrição ao crédito. (E) responderá civilmente na modalidade objetiva, com base no risco do empreendimento. RESPOSTA: E COMENTÁRIOS O tema “Responsabilidade Civil” foi expressamente tratado na Rodada 4 da Turma de Reta Final TJ- CE e em vídeo específico disponibilizado, além de revisado no “aulão de véspera” em Fortaleza (dia 30/06/2018). Conforme o teor da Súmula 479 do STJ: “As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativoa fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias”. A referida súmula esboça entendimento consolidado em diversos julgados daquele tribunal, citando-se, por todos, o seguinte: "A jurisprudência do STJ tem entendido que, tendo em conta a natureza específica da empresa explorada pelas instituições financeiras, não se admite, em regra, o furto ou o roubo como causas excludentes do dever de indenizar, considerando- se que este tipo de evento caracteriza-se como risco inerente à atividade econômica desenvolvida." (AgRg no Ag 997929 BA, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 12/04/2011, DJe 28/04/2011). 4. Em um contrato, as partes pactuaram livremente o prazo de trinta dias para o exercício de eventual direito de arrependimento. Esse prazo possui natureza 7 (A) prescricional e pode ser reconhecido de ofício pelo juiz. (B) prescricional e somente pode ser suscitado pelas partes. (C) decadencial e pode ser reconhecido de ofício pelo juiz. (D) decadencial e somente pode ser suscitado pelas partes. (E) diversa da prescricional ou decadencial. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS Verifica-se do enunciado que as partes convencionaram a perda de um direito em razão do decurso do prazo, o que configura a decadência convencional. Assim, aplica-se ao caso o art. 211 do CC, que assim estabelece: “Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá- la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação”. 5. Contrato de prestações certas e determinadas no qual as partes possam antever as vantagens e os encargos, que geralmente se equivalem porque não envolvem maiores riscos aos pactuantes, é classificado como (A) benéfico. (B) aleatório. (C) bilateral imperfeito. (D) derivado. (E) comutativo. RESPOSTA: E COMENTÁRIOS ALTERNATIVA A: INCORRETA Contrato benéfico (ou gratuito) é aquele que, de acordo com a vontade das partes, só consigna vantagem para uma das partes. ALTERNATIVA B: INCORRETA Contrato aleatório é aquele em que as vantagens são incertas, podendo ser maiores, iguais ou menores do que as prestações realizadas para obtê-las, ou até absolutamente nulas. ALTERNATIVA C: INCORRETA Contrato bilateral impróprio é aquele que nasce unilateral, mas por uma alteração na essência passa a ser bilateral; razão pela qual passa a ser denominado unilateral imperfeito ou impróprio. ALTERNATIVA D: INCORRETA Contrato derivado é aquele cujo objeto é extraído do próprio objeto do contrato principal, como ocorre na locação e sublocação ALTERNATIVA E: CORRETA 8 Contrato comutativo é aquele em que se estabelece equivalência aproximada ou exata entra as prestações e vantagens das partes das partes contratantes, tal como trazido na assertiva. 6. João propôs ação de usucapião extraordinária em uma das varas cíveis da comarca de Fortaleza – CE. Nessa situação hipotética, (A) a sentença servirá de título para registro no cartório de imóveis, em caso de procedência da ação. (B) a petição inicial deve conter comprovação dos requisitos de boa-fé e do justo título de João. (C) o requisito temporal não pode ser completado no curso do processo, em nenhuma hipótese. (D) o juiz deverá verificar se o autor comprovou a posse ininterrupta por pelo menos cinco anos. (E) o período de posse precária poderá ser considerado para fins de verificação do cumprimento do requisito temporal dessa modalidade de usucapião. RESPOSTA: A COMENTÁRIOS Tratando-se de usucapião extraordinária, o art. 1.238 estabelece que: “Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis”. Assim, verifica-se como única hipótese correta a letra A. 7. Conforme classificação doutrinária, a herança, antes da formalização da partilha, pode ser considerada um bem de indivisibilidade (A) convencional e uma universalidade de fato. (B) convencional e uma universalidade de direito. (C) legal e uma universalidade de direito. (D) legal e uma universalidade de fato. (E) natural e uma universalidade de direito. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS O tema “Sucessões” foi expressamente tratado na Rodada 10 da Turma de Reta Final TJ-CE, com abordagem específica para acerto. Conforme teor da Rodada 10 da Turma de Reta Final: “A herança é o complexo das relações jurídicas de expressão econômico patrimonial e de caráter não personalíssimo deixadas pelo de cujus em razão de sua morte, que não se confunde com o patrimônio, tendo em vista que ao patrimônio são 9 agregadas as relações de caráter personalíssimo, que ficam afastadas do complexo patrimonial que compõe a herança. De acordo com o art. 91 do CC, a herança tem natureza jurídica de universalidade de direito”. Portanto, a universalidade decorre da lei e se trata de universalidade de direito, razão pela qual a alternativa correta é a letra C. 8. Julgue os itens seguintes, a respeito do pagamento e de sua disciplina no Código Civil. (I) O credor não pode se recusar a receber pagamento parcial. (II) O pagamento pode ser feito por terceiro não interessado. (III) Se forem designados dois ou mais lugares para o pagamento, a escolha caberá ao credor. Assinale a opção correta. (A) Nenhum item está certo. (B) Apenas o item I está certo. (C) Apenas o item III está certo. (D) Apenas os itens I e II estão certos. (E) Apenas os itens II e III estão certos. RESPOSTA: E COMENTÁRIOS I – INCORRETA: CC, art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou. II – CORRETA: CC, art. 304. Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste. III – CORRETA. CC, art. 327. Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles. 9. Conforme o Código Civil e a Lei de Registros Públicos, depende de averbação a (A) sentença de divórcio. (B) declaração de emancipação. (C) sentença de interdição. (D) certidão de nascimento. (E) certidão de óbito. RESPOSTA: A COMENTÁRIOS Conforme art. Art. 167 da LRP – No Registro de Imóveis, além da matrícula, serão feitos. II – a averbação: 14) das sentenças de separação judicial, de divórcio e de nulidade ou anulação de casamento, quando nas respectivas partilhas existirem imóveis ou direitos reais sujeitos a registro. 10 O mesmo entendimento poderia ser extraído a partir do CC, art. 10. 10. A curatela de pessoa com deficiência é medida protetiva extraordinária (A) que impõe aos curadores o dever de representar os curatelados e de prestar semestralmente contas de sua atuação ao juiz. (B) incompatível com a nomeação de curador provisório, haja vista a natureza definitiva da curatela. (C) que afetará somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial indicados na sentença. (D) que poderá ser instituída por iniciativa do próprio interditando, mediante escritura pública, conforme o CPC. (E) proporcional às necessidades e às circunstâncias de cada caso, sendo um instituto igual ao da modalidade de decisão apoiada. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS O tema “Curatela” foi expressamente abordado na Rodada 7 da Turma de Reta Final TJ-CE. Conforme teor de nosso material na Rodada 7: “Com o Estatutoda Pessoa com Deficiência, a curatela ganhou novos contornos, de tal forma que a curatela da pessoa com deficiência deve ser tida como medida extraordinária e voltada tão somente à prática de atos de natureza patrimonial e negocial”. Assim, verifica-se que a única assertiva em consonância com o entendimento doutrinário é a assertiva C. DIREITO PROCESSUAL CIVIL 11. Após as providências preliminares de saneamento, o juiz decidiu parte do mérito da causa antecipadamente, por considerar que alguns pedidos formulados eram incontroversos. Nessa situação, o juiz exerceu (A) cognição exauriente: a sentença é, necessariamente, líquida e o recurso cabível será a apelação. (B) cognição sumária: a sentença é ilíquida e o recurso cabível será a apelação. (C) cognição exauriente: o recurso cabível será o agravo de instrumento, independentemente de a decisão ter sido líquida ou ilíquida. (D) cognição exauriente: a decisão é, necessariamente, líquida e o recurso cabível será o agravo de instrumento. (E) cognição sumária: a decisão é, necessariamente, líquida e o recurso cabível será o agravo de instrumento. 11 RESPOSTA: C COMENTÁRIOS Ao exercer uma cognição exauriente, o juiz decide com base em um juízo de certeza jurídica, proferida após a formação do contraditório, gerando a possibilidade de formação da coisa julgada material. Por outro lado, ao proferir uma decisão com base em um juízo de cognição sumária, o juiz decide com base em um juízo de probabilidade (e não de certeza), reconhecendo que há indícios da existência do direito. Como é tomada com base apenas em uma probabilidade, a decisão proferida com base em um juízo de cognição sumária não é capaz de gerar a coisa julgada. Após as providências preliminares (arts. 347 a 353 do NCPC), o magistrado já ouviu o réu, permitindo-lhe exercer o contraditório e ampla defesa. Desta forma, ao decidir antecipadamente o mérito de algum dos pedidos por serem incontroversos, o magistrado possui a certeza jurídica a respeito da questão debatida, decidindo, portanto, com base em juízo de cognição exauriente. Frise-se que a referida decisão poderá reconhecer a existência de obrigação líquida ou ilíquida (art. 356, §1º, NCPC), sendo impugnável por agravo de instrumento (art. 356, §5º, do NCPC). 12. A fixação de calendário para a prática de atos processuais (A) vincula as partes, mas não o juiz. (B) torna dispensável intimação para a audiência cuja data esteja designada no calendário. (C) é uma convenção processual e, portanto, não pode ser firmada pela fazenda pública. (D) deve assumir a forma determinada em lei para evitar falha que gere nulidade. (E) é uma convenção processual que, se estipular confidencialidade, permitirá que o processo tramite em segredo de justiça. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS Questão abordada na videoaula sobre atos processuais da turma de reta final do TJ/CE. (A) INCORRETA – Art. 191, §1º, do NCPC – “Art. 191, § 1o O calendário vincula as partes E O JUIZ, e os prazos nele previstos somente serão modificados em casos excepcionais, devidamente justificados”. (B) CORRETA – Art. 191, §2º, do NCPC – “Art. 191, § 2o Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a realização de audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário”. (C) INCORRETA – O calendário processual previsto no artigo 191 do NCPC nada mais é do que um negócio jurídico plurilateral (envolve as partes e o juízo). A Fazenda Pública, atuando como parte, pode, perfeitamente, celebrar negócio jurídico processual, não havendo vedação legal quanto a isso. 12 Nesse sentido, vide o Enunciado 256 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC) – “A Fazenda Pública pode celebrar negócio jurídico processual”. (D) INCORRETA – Como regra, a forma do negócio jurídico processual atípico é livre, não havendo uma previsão específica na lei. Neste sentido, dispõe o Enunciado 400 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC) – “A validade do negócio jurídico processual, requer agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei”. (E) INCORRETA – A Publicidade Processual é um imperativo constitucional decorrente do artigo 5º, LX (LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;), e do artigo 93, IX (IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;) e X (X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros;) da Constituição, razão pela qual apenas nas hipóteses previstas em lei o processo poderá tramitar através de segredo de justiça, hipóteses estas na qual não se incluiu o acordo entre as partes. 13. Julgue os seguintes itens, acerca dos poderes do juiz. I - Como regra geral, o juiz pode dilatar os prazos processuais dilatórios, mas não os peremptórios, e alterar a ordem de produção dos meios de prova. II - O juiz exerce poder hierárquico quando, por exemplo, indefere o pedido de pergunta do advogado. III - Incidirá a pena de confesso sobre a parte que, intimada, não comparecer ao interrogatório designado pelo juízo para aclarar pontos sobre a causa. Assinale a opção correta. (A) Apenas o item I está certo. (B) Apenas o item II está certo. (C) Apenas os itens I e III estão certos. (D) Apenas os itens II e III estão certos. (E) Todos os itens estão certos. COMENTÁRIOS RESPOSTA: A QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO. Segundo o gabarito a assertiva correta seria letra A. A letra “A” afirma que apenas o item I está certo. No entanto, o item I está errado. O item que mais se aproxima da correção é o item C, conforme será visto abaixo. 13 (A) INCORRETA – Art. 139, VI, e art. 222, §1º, ambos do NCPC – “Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito. / Art. 222, § 1o Ao juiz é vedado REDUZIR prazos peremptórios sem anuência das partes”. – Pelos dispositivos mencionados acima, observa-se que o Juiz pode dilatar tanto os prazos dilatórios como os peremptórios, não, podendo, apenas, reduzir os prazos peremptórios sem a anuências das partes. Veja que o artigo 139, VI, ao permitir a dilação dos prazos processuais, não faz qualquer menção à natureza do prazo, isto é, se dilatório ou peremptório. (B) INCORRETA - Não há hierarquia entre juiz e advogado (Art. 6º da Lei 8.906/94 – Estatuto da OAB - Não há hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados e membros do Ministério Público, devendo todos tratar-se com consideração e respeito recíprocos). Ao indeferir uma pergunta do advogado, o juiz exerce o seu poder de direção do processo (art. 139, caput, e art. 459, ambos do NCPC). (C) CORRETA – Era a assertiva que mais se aproxima do correto. Isso porque, segundo o artigo 385, §1º, do NCPC, “se a parte, pessoalmente intimada para prestar depoimento pessoal e advertida da pena de confesso, não comparecer ou, comparecendo, se recusar a depor, o juiz aplicar-lhe-á a pena”. Veja, entretanto, que é indispensável a intimaçãopessoal (não basta a intimação na pessoa do advogado), na qual conste a advertência de que, caso não compareça à audiência, ser-lhe-á aplicada a pena de confesso. Estes dois requisitos não constaram na assertiva. 14. O negócio jurídico processual adquire eficácia a partir (A) da homologação do negócio pelo juízo antes do trânsito em julgado. (B) da verificação da existência e da validade do negócio, em respeito às normas de ordem pública. (C) da verificação da licitude do negócio e de sua forma, que deve ser permitida ou não vedada por lei. (D) da homologação do negócio pelo juízo, desde que verse sobre direitos disponíveis. (E) da homologação do negócio pelo juízo antes da prolação da sentença. RESPOSTA: A COMENTÁRIOS QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO. O gabarito aponta como assertiva correta a letra “A”. No entanto, a assertiva A não está correta, conforme será exposto abaixo. A questão foi abordada na videoaula sobre atos processuais da turma de reta final do TJ-CE. Conforme ensina Fredie Didier (DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento / Fredie Didier Jr. - 20. ed. - Salvador: Ed. Jus Podivm, 2018, p. 456): 14 “Há negócios processuais que dependem de homologação judicial (desistência da demanda, art. 200, par. Ún; organização consensual do processo, art. 357, §2º). Nesses casos, somente produzirão efeitos após a homologação. A NECESSIDADE DE HOMOLOGAÇÃO DE UM NEGÓCIO PROCESSUAL DEVE VIR PREVISTA EM LEI. Quando isso acontece, a homologação judicial é uma condição legal de eficácia do negócio jurídico processual. O negócio processual atípico baseado no art. 190 segue, porém, a regra geral do caput, do art. 200 do CPC: PRODUZEM EFEITOS IMEDIATAMENTE, salvo se as partes, expressamente, houverem modulado a eficácia do negócio, com a inserção de uma condição ou de um termo. (...) A regra é a seguinte: não possuindo defeito, o juiz não pode recusar a aplicação do negócio processual”. No mesmo sentido, leciona Daniel Amorim que (NEVES, Daniel Amorim Assumpção Neves. Manual de Direito Processual Civil – Volume único. 8. Ed. Salvador: Juspodivm, 2016, ebook) “O NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL NÃO DEPENDE DE HOMOLOGAÇÃO PELO JUIZ, aplicando-se ao caso o previsto no art. 200, caput, do Novo CPC830, de forma que o acordo procedimental é eficaz independentemente de qualquer ato homologatório judicial. Cabe ao juiz, entretanto, controlar a validade do negócio jurídico processual, de ofício ou a requerimento da parte, levando em conta a análise dos requisitos formais exigidos de forma geral para a regularidade do negócio jurídico e o previsto no art. 190, parágrafo único, do Novo CPC”. Neste sentido, dispõe o Enunciado 133 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC) que “Salvo nos casos expressamente previstos em lei, os negócios processuais do art. 190 não dependem de homologação judicial”. Da mesma forma, preceitua o Enunciado 261 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC) que “o art. 200 aplica-se tanto aos negócios unilaterais quanto aos bilaterais, incluindo as convenções processuais do art. 190”. Desta forma, observa-se que a assertiva A está incorreta, devendo a questão ser anulada. 15. Com base no CPC, é correto afirmar que o valor da causa 15 (A) não servirá de base de cálculo para a fixação de multa por ato atentatório à dignidade da justiça caso seja irrisório ou demasiado elevado. (B) é um requisito legal da petição inicial, mas não da reconvenção. (C) não poderá ser corrigido de ofício pelo juiz, mesmo se verificado que a monta indicada não corresponde ao conteúdo patrimonial em discussão. (D) pode ser corrigido a qualquer tempo se comprovada alteração superveniente de fato ou de direito, oportunidade na qual será complementado o seu pagamento, se necessário. (E) corresponderá, em causa relativa a obrigação por tempo indeterminado, à soma das parcelas vencidas mais o valor de uma prestação anual relativa às parcelas vincendas. RESPOSTA: E COMENTÁRIOS (A) INCORRETA – Art. 77, §§ 2º e 5º, do NCPC – “Art. 77, § 2o A violação ao disposto nos incisos IV e VI constitui ato atentatório à dignidade da justiça, devendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao responsável multa de até vinte por cento do valor da causa, de acordo com a gravidade da conduta. § 5o Quando o valor da causa for irrisório OU INESTIMÁVEL, a multa prevista no § 2o poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo”. (B) INCORRETA – Art. 292 do NCPC – “Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será: (...)”. (C) INCORRETA – Art. 292, §3º, do NCPC – “Art. 292, § 3o O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa quando verificar que não corresponde ao conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito econômico perseguido pelo autor, caso em que se procederá ao recolhimento das custas correspondentes”. (D) INCORRETA - Ao juiz só é dado controlar de ofício o valor da causa, corrigindo-o, antes do oferecimento da contestação. Oferecida esta e não tendo havido correção de ofício pelo juiz nem tendo o demandado impugnado, em preliminar, o valor da causa indicado pelo demandante, ter-se- á por correto o valor da causa, o qual não poderá mais ser alterado. (E) CORRETA – Art. 292, §§1º e 2º, do NCPC – “Art. 292, § 1o Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, considerar-se-á o valor de umas e outras. § 2o O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado ou por tempo superior a 1 (um) ano, e, se por tempo inferior, será igual à soma das prestações”. 16. A reclamação é um instrumento jurídico que (A) busca garantir a autoridade das decisões de tribunais e tem cabimento restrito ao STF e ao STJ. (B) pode ser proposta em até dois anos após o trânsito em julgado da decisão reclamada. (C) cabe para garantir a observância de acórdão de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida, quando não esgotadas as instâncias ordinárias. (D) pode gerar, se julgada procedente, a cassação de ato jurisdicional, mas não a sua revisão. 16 (E) tem natureza recursal, uma vez que poderá reverter a decisão reclamada. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS (A) INCORRETA – Art. 988, II e §1º, do NCPC – “Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para: II - garantir a autoridade das decisões do tribunal; § 1o A reclamação pode ser proposta PERANTE QUALQUER TRIBUNAL, e seu julgamento compete ao órgão jurisdicional cuja competência se busca preservar ou cuja autoridade se pretenda garantir”. (B) INCORRETA – Art. 988, §5º, I, do NCPC – “Art. 988, §5º É inadmissível a reclamação: I – proposta após o trânsito em julgado da decisão reclamada”. (C) INCORRETA - Art. 988, §5º, II, do NCPC – “Art. 988, §5º É inadmissível a reclamação: II – proposta para garantir a observância de acórdão de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento de recursos extraordinário ou especial repetitivos, QUANDO NÃO ESGOTADAS AS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. (D) CORRETA – Segundo Alexandre Freitas Câmara (Câmara, Alexandre Freitas O novo processo civil brasileiro / Alexandre Freitas Câmara. – 3. ed. – São Paulo: Atlas, 2017. Ebook) “O julgamento de procedência do pedido formulado na reclamação cassará a decisão exorbitante ou determinará medida adequada à solução da controvérsia (art. 992). Perceba-se que, não sendo a reclamação umrecurso, não terá ela o efeito de reformar o ato reclamado. O tribunal, ao julgar procedente a reclamação, poderá, no máximo, invalidar o ato impugnado, cassando-o. Além disso, incumbe ao tribunal determinar as medidas que sejam necessárias para preservar sua competência ou garantir a autoridade de suas decisões. Assim, por exemplo, poderá o tribunal determinar que lhe sejam remetidos os autos do processo (para que possa exercer sua competência), ou que seja prolatada nova decisão (respeitando o precedente ou enunciado de súmula vinculante que não tinha sido observado no ato impugnado), ou, ainda, determinar que sejam praticados quaisquer outros atos que se revelem necessários para garantir a autoridade de sua decisão, o que mostra ter sido adotado um sistema de atipicidade das medidas empregáveis para garantir o cumprimento da decisão tomada no julgamento da reclamação”. (E) INCORRETA – A Reclamação é ação de natureza constitucional, que visa preservar a competência desta Corte ou garantir a autoridade de suas decisões, conforme dispõem os arts. 105, I, f, da Constituição Federal e 13 e seguintes da Lei 8.038/90, sendo indevido o seu uso como sucedâneo recursal" (AgRg na Rcl 29.553/RJ, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Primeira Seção, DJe 25/4/2016). 17. Conforme a jurisprudência do STJ e a legislação pertinente, mandado de segurança pode ser impetrado (A) contra ato de gestão comercial praticado por administrador de empresa pública. (B) por terceiro contra ato judicial, desde que recurso tenha sido previamente interposto. (C) por qualquer pessoa física ou jurídica, excluídos os órgãos públicos despersonalizados e as universalidades legais. 17 (D) contra ato praticado em licitação promovida por sociedade de economia mista. (E) contra ato ilegal omissivo sobre relação jurídica de trato sucessivo, no prazo decadencial de cento e vinte dias, contados a partir da ciência do ato. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS (A) INCORRETA – Art. 1º, §2º, da Lei 12.016/09 – “Art. 1º, § 2º Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público”. (B) INCORRETA – Súmula 202 do STJ – “A impetração de segurança por terceiro, contra ato judicial, não se condiciona a interposição de recurso”. (C) INCORRETA – REsp 1305834/DF – “A legitimidade ativa no mandamus é do titular do direito subjetivo violado, que pode ser tanto a pessoa física como jurídica, nacional ou estrangeira ou universalidade patrimoniais e órgãos públicos. Em razão de o Mandado de Segurança estar incluído entre os direitos e garantias fundamentais, a interpretação acerca da legitimidade deve ser ampla, razão pela qual não se pode excluir as pessoas jurídicas de direito público interno (REsp 1305834/DF, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/11/2016, DJe 30/11/2016)”. (D) CORRETA – Súmula 333 do STJ – “Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública”. (E) INCORRETA - Consoante a jurisprudência pacífica do STJ, "nos casos em que se discute o ato omissivo continuado da Administração Pública, como o não reajustamento de vantagem pecuniária, a relação é de trato sucessivo e o prazo decadencial para impetrar o mandado de segurança renova-se mês a mês, não se havendo falar em decadência" (STJ, AgRg no AREsp 15.613/GO, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, DJe de 19/09/2013). 18. Em sentença, foi julgado procedente o pedido autoral, com base em fundamento suficiente. Em recurso, o réu pediu a apreciação de outros argumentos da defesa que não haviam sido considerados na sentença. O tribunal conheceu do recurso e, ao julgá-lo, verificou uma questão de ordem pública que não havia sido cogitada até então na demanda. Com base nessa questão de ordem pública, prolatou-se acórdão que reformou a sentença. Com relação aos efeitos recursais no caso hipotético apresentado, são verificados, respectiva e cronologicamente, os efeitos (A) regressivo, translativo e expansivo. (B) regressivo, devolutivo e translativo. (C) devolutivo, expansivo e translativo. (D) devolutivo, translativo e substitutivo. (E) devolutivo, translativo e regressivo. RESPOSTA: D 18 COMENTÁRIOS Efeito devolutivo - Trata-se da transferência ao órgão “ad quem” do conhecimento de matérias que já tenham sido objeto de decisão no juízo “a quo”. A doutrina entende que todo recurso gera efeito devolutivo. Isso porque a incidência do efeito devolutivo independe de a competência para analisar o recurso seja de órgão distinto do recorrido. O efeito devolutivo possui duas dimensões. A dimensão horizontal é entendida como a extensão da devolução, estabelecida pela matéria em relação à qual uma nova decisão é pedida, é dizer, aquilo que o recorrente pretende devolver ao tribunal (Ex: se a decisão possui 03 capítulos, e o recorrente recorrer só de dois, somente dois capítulos serão analisados no recurso). O efeito horizontal está previsto no art. 1.013, caput, do CPC (Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.) Já a dimensão vertical é entendida como a profundidade da devolução. Dessa forma, dentro daquelas matérias definidas pelo recorrente, o tribunal poderá analisar todos os fundamentos, questões e alegações relativas àquela matéria, ainda que eles não tenham sido objeto de recurso pela parte (art. 1013, §1º - Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado). Efeito translativo - Por efeito translativo, deve-se entender a possibilidade de o tribunal conhecer determinadas matérias de ofício no julgamento do recurso. Normalmente é associado às matérias de ordem pública, mas também se aplica as matérias que, apesar de não serem propriamente de ordem pública, a própria lei determina que podem ser conhecidas de ofício (Ex: prescrição). Efeito expansivo - Será gerado o efeito expansivo toda vez que o julgamento do recurso ensejar decisão mais abrangente do que a matéria impugnada, ou ainda quando atingir sujeitos que não participaram como partes no recurso, apesar de serem partes na demanda. Na primeira situação ocorre o chamado efeito expansivo objetivo, o qual pode ser ainda interno ou externo, a depender da matéria atingida pelo julgamento do recurso estar localizada dentro ou fora da decisão impugnada. Na segunda situação há o chamado efeito expansivo subjetivo. Efeito substitutivo - O CPC determina que o julgamento do recurso substituirá a decisão recorrida, nos limites da impugnação (Art. 1.008. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que tiver sido objeto de recurso). A doutrina, contudo, defende que não se deve interpretar o dispositivo de forma literal, uma vez que a substituição por ele apregoada somente ocorre nos julgamentos de mérito recursal, e ainda assim a depender do resultado de tal julgamento, não ocorrendo a substituição em caso de não conhecimento do recurso. No caso de recurso julgado em seu mérito, é preciso analisar o conteúdo da decisão para saber se há ou não o efeito substitutivo. Sendo a causa de pedir do recurso fundada em “error in judicando” e o pedido de reforma da decisão, qualquer que seja a decisão de mérito do recurso haverá a substituição da decisão recorrida. Já nos casos de causa de pedir composta por “error in procedendo” e sendo o pedido de anulação da decisão, somente haverá efeito substitutivo no caso de “não provimento”do recurso, porque o provimento do recurso, ao anular a decisão impugnada, não a substitui, uma vez que uma nova decisão deverá ser proferida em seu lugar. Efeito regressivo - Parte da doutrina entende que não se trata de um efeito autônomo, sendo um simples reflexo do princípio devolutivo. Cuida-se de efeito que permite que por via do recurso a causa 19 volte ao conhecimento do juízo prolator da decisão. Trata-se de efeito previsto em todas as espécies de agravo previstas no CPC. No caso de apelação, o CPC previu três hipóteses desse efeito: no art. 331, caput, na sentença de indeferimento da petição inicial, no art. 332, §3º, na sentença de improcedência liminar e no art. 485, §7º. Na questão da prova, a parte interpôs recurso de apelação contra a sentença de mérito (todo recurso possui efeito devolutivo), o que, em regra, não gera juízo de retratação (efeito regressivo). No julgamento da apelação, o Tribunal analisou uma questão de ordem pública sem que houvesse requerimento da parte (efeito translativo), proferido decisão que reformou a sentença, ou seja, que substituiu a sentença. 19. O autor da ação poderá alterar o pedido inicial (A) até o saneamento do processo, desde que haja consentimento do réu. (B) até o término da fase postulatória, independentemente do consentimento do réu. (C) a qualquer tempo, sempre subordinado ao consentimento do réu. (D) após a citação do réu e independentemente do seu consentimento, se este for revel. (E) enquanto houver citações pendentes no caso de litisconsórcio passivo, desde que haja o consentimento dos réus já citados. RESPOSTA: A COMENTÁRIOS Art. 329 do NCPC – “Art. Art. 329. O autor poderá: I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de consentimento do réu; II - até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova suplementar”. 20 20. Com base na legislação de regência e na jurisprudência do STJ, é correto afirmar que a ação de improbidade administrativa (A) pode ser ajuizada tanto em caráter preventivo como em caráter repressivo. (B) exige a formação de litisconsórcio passivo necessário entre o réu agente público e os particulares beneficiados pelo ato ímprobo. (C) pode ser encerrada por meio de acordo firmado entre as partes e devidamente homologado pelo juízo. (D) admite a utilização de prova emprestada colhida na persecução penal, desde que assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa. (E) deve ser ajuizada e processada nas instâncias ordinárias, salvo se a conduta ímproba tiver sido praticada por agente público com foro privilegiado. . RESPOSTA: D COMENTÁRIOS É admitida a utilização de prova emprestada colhida na persecução penal, desde que assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa. Verificar REsp 1529688/SP (DJe 23/08/2016). DIREITO DO CONSUMIDOR 21. Considerando-se a doutrina consumerista dominante acerca da segurança e da periculosidade de produtos e serviços, assinale a opção correta. (A) Os requisitos de normalidade e previsibilidade devem estar presentes para o reconhecimento da periculosidade inerente ou latente de produtos ou serviços. (B) Periculosidade adquirida é aquela que não deriva de defeito e que tem como característica principal a previsibilidade. (C) A informação adequada serve para mitigar os riscos dos produtos dotados de periculosidade exagerada, permitindo, assim, que eles sejam colocados no mercado. (D) O chamado vício de qualidade por insegurança não se confunde com defeito do produto ou do serviço. (E) Um produto não será considerado perigoso se estiver em conformidade com a regulamentação em vigor. RESPOSTA: A COMENTÁRIOS 21 A questão foi trabalhada com a Turma de Reta Final TJ-CE tanto no material escrito da Rodada 1 como no aulão presencial de véspera em Fortaleza-CE. Trata-se de questão que explorou prioritariamente a doutrina sobre os riscos de produtos e serviços, tema devidamente trabalhado na Turma de Reta Final do TJ-CE (integralmente na Rodada 1 e parcialmente no aulão de véspera). Os arts. 8o a 10 do CDC trazem as noções básicas dos riscos dos produtos e serviços colocados no mercado de consumo. Em princípio, o artigo 8o estabelece que os produtos/serviços não poderão acarretar riscos à saúde e segurança do consumidor. Entretanto, são tolerados os riscos qualificados como “normais e previsíveis”, desde que acompanhados de informações claras e precisas. Trata-se da tolerância frente à periculosidade inerente ou latente: aquela que é indissociável do produto/serviço e não surpreende o consumidor (intrínseco). Essa tolerância, todavia, não exime o fornecedor do seu dever de informar. É possível, por exemplo, que o fornecedor seja responsabilizado pelo fato do produto ou do serviço não pelo risco em si (natural para aquela espécie), mas sim pela falta ou insuficiência de informações. Podem ser citados como exemplos clássicos de produtos com riscos inerentes e previsíveis: medicamentos, produtos de limpeza, faca de cozinha, etc. Ao lado dos produtos/serviços com riscos normais e previsíveis (art. 8o), existem aqueles potencialmente nocivos à saúde e/ou segurança (art. 9o). Nestes, os riscos não são normais ou previsíveis, ou seja, surpreendem o consumidor. Dessa forma, só podem ser evitados se houver informação adequada e ostensiva sobre a periculosidade ou nocividade (Ex.: venenos, agrotóxicos, fogos de artifício etc). Existem ainda os produtos/serviços com alto grau de nocividade ou periculosidade (art. 10). Para estes, há vedação de colocação no mercado de consumo, independentemente de haver informação clara, precisa e ostensiva a seu respeito. A lei, inclusive, faz menção a que o fornecedor sabe ou deveria saber. Ou seja, a ignorância do fornecedor não o exime da responsabilidade. A periculosidade exagerada é aquela que nem mesmo informações ostensivas e manifestas seriam capazes de mitigar seus riscos. Ressalte-se tratar de conceito jurídico indeterminado, devendo o aplicador preencher seu conteúdo no caso concreto, com auxílio técnico. 22 Passemos a um quadro resumo: Produtos/serviços com riscos normais e previsíveis - periculosidade inerente/latente Produtos/serviços potencialmente nocivos ou perigosos Produtos/serviços com alto grau de nocividade ou periculosidade - periculosidade exagerada Art. 8o. Art. 9o. Art. 10. São permitidos. São permitidos. São vedados. Exige do fornecedor informações necessárias e adequadas a seu respeito. Exige do fornecedor informações ostensivas e adequadas. Feitos esses esclarecimentos, passemos à análise de cada uma das alternativas: (A) CORRETA Conforme explicitado acima, a periculosidade inerente ou latente é aquela em que os riscos dos produtos ou serviços são normais e previsíveis à espécies, ou seja, são inerentes, próprios daquele bem. (B) INCORRETA A periculosidade adquirida é aquela que resulta de um defeito, segundo divisão doutrinária proposta pelo Ministro Antônio Herman Benjamin. Trata-se de produto ou serviço que apresenta defeitos (= fato do produto ou do serviço) de concepção, fabricação ou comercialização. (C) INCORRETA Como visto acima, os produtos com periculosidade exagerada não são admitidos no mercado de consumo; a informação, neste caso, é de poucavalia em decorrência dos riscos excessivos do produto ou serviço, razão pela qual não serve para mitigar os riscos. (D) INCORRETA O vício de qualidade por insegurança é sim defeito do produto ou do serviço. Vejamos o seguinte quadro explicativo, que consta do material de reta final: VÍCIO DO PRODUTO/SERVIÇO FATO DO PRODUTO/SERVIÇO Qualidade-adequação. Qualidade-segurança. Atinge o produto ou o serviço em si – intrínseco. Atinge em especial a incolumidade físico- psíquica do consumidor ou de terceiros (as vítimas de consumo) – extrínseco. Também denominado defeito ou acidente de consumo 23 Sujeita-se a prazo decadencial Sujeita-se a prazo prescricional (E) INCORRETA O fato de eventualmente estar em conformidade com a legislação em vigor não retira a periculosidade de produtos ou serviços. Para aqueles produtos ou serviços considerados perigosos e que podem ingressar no mercado de consumo (periculosidade inerente, por exemplo), há necessidade de seguir a regulamentação justamente para que se possa inserir riscos no mercado de consumo com responsabilidade e evitando danos para os consumidores. 22. A respeito das infrações penais tipificadas no CDC, assinale a opção correta. (A) Enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, constitui infração penal. (B) Praticar crime tipificado no CDC em detrimento de operário ou rurícola não constitui circunstância agravante. (C) Permitir o ingresso em estabelecimento comercial de clientes em quantidade superior à fixada pela autoridade administrativa como quantidade máxima constitui crime. (D) Deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia adequadamente preenchido e com especificação clara de seu conteúdo caracteriza conduta atípica. (E) Empregar na reparação de produtos peça ou componente de reposição usado, ainda que se tenha a autorização prévia e expressa do consumidor, constitui crime. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS OBSERVAÇÃO: Essa questão foi trabalhada com a Turma de Reta Final tanto em aula online específica sobre “Infrações Penais de Consumo” como no aulão presencial de véspera em Fortaleza- CE. Questão que cobrou novidade legislativa de 2017. Registramos, desde a aula inaugural da Turma de Reta Final TJ-CE, a particularidade das provas de magistratura do TJ/CE e a tendência de cobrar crimes de consumo. Para isso, gravamos uma aula online para a turma e trouxemos o tema no aulão de véspera. Aluno Mege estava preparado para esta questão! Vamos a cada uma das alternativas. (A) INCORRETA Não há previsão de tipo penal para essa situação no Título próprio do CDC. Para tanto, o candidato deveria saber o conteúdo dos crimes de consumo previstos entre os arts. 63 a 74. (B) INCORRETA Trata-se de circunstância agravante especificamente prevista no art. 76, IV, “b”. Importante lembrar a existência de várias circunstâncias agravantes no CDC que consideram a vítima dos crimes: 24 Quanto à vítima do crime (inc. IV, “b”): - operário ou rurícola; - menor de 18 anos; - maior de 60 anos (idosos em geral); - pessoas portadoras de deficiência mental, independentemente de estarem interditadas. (C) CORRETA IMPORTANTE INOVAÇÃO LEGISLATIVA: A Lei n. 13.425/2017 é conhecida por “Lei Kiss”, pois estabelece diretrizes gerais sobre medidas de prevenção e combate a incêndio e a desastres em estabelecimentos, edificações e áreas de reunião de público. Essa lei ganhou destaque nos meios de comunicação pois seu projeto teve como origem o desastre ocorrido na Boate Kiss, em janeiro de 2013, na cidade de Santa Maria/RS, que deixou 242 mortos e mais de 600 pessoas feridas. A lei traz diversos dispositivos, incluídos os que alteraram o CDC. O art. 39 trata das práticas abusivas no mercado de consumo. Apesar de o rol legal ser meramente exemplificativo (já que consta do seu caput a possibilidade de outras práticas abusivas), a referida lei incluiu expressamente o inciso XIV, para taxar de abusiva a prática de “permitir o ingresso em estabelecimentos comerciais ou de serviços com um número maior de consumidores que o fixado pela autoridade administrativa como máximo”. Além disso, a desobediência ao limite máximo de pessoas também foi inserida como crime de consumo, ex vi art. 65, par. 2o, do CDC. (D) INCORRETA Trata-se, em verdade, de conduta típica (é crime), expressamente prevista no art. 74 do CDC. (E) INCORRETA O emprego de peças ou componentes de reposição usados na reparação de produtos é realmente crime de consumo (art. 70 do CDC), exceto se houver autorização do consumidor (o erro da assertiva é justamente este). 23. Após embarcar em um veículo de transporte público coletivo e pagado a passagem, João se desequilibrou, em razão de uma frenagem brusca, e se acidentou no interior do veículo, o que lhe causou diversas fraturas pelo corpo. Tendo como referência essa situação hipotética, assinale a opção correta, à luz do CDC e da jurisprudência do STJ. (A) A relação estabelecida entre João e a empresa de transporte público coletivo proprietária do veículo não se submete ao regime da legislação consumerista. (B) A ocorrência do acidente que lesionou o passageiro não configura defeito na prestação do serviço. (C) O prazo para o ajuizamento da ação de reparação de danos é decadencial. 25 (D) A responsabilidade da empresa de transporte pelos danos causados no acidente deverá ser condicionada à demonstração da existência de culpa do prestador. (E) O prazo para o ajuizamento da ação de reparação de danos é de cinco anos. RESPOSTA: E COMENTÁRIOS OBSERVAÇÃO: Essa questão foi trabalhada com a Turma de Reta Final TJ-CE no material escrito da Rodada 1. (A) INCORRETA Vimos, na Rodada 1 da Turma de Reta Final, que os serviços públicos estão sujeitos à incidência do CDC (art. 22), inclusive pontuando a seguinte diferenciação feita pelo STJ: - serviços públicos prestados por concessionárias, remunerados por tarifa ou preço público, sendo alternativa sua utilização → aplica-se o CDC; ex.: serviços de energia elétrica, de água, telefonia, transportes públicos etc. - serviços públicos próprios, remunerados por taxa (tributo) → não se aplica o CDC (entende-se que não há um consumidor propriamente dito, mas um contribuinte). A alternativa é, pois, incorreta. (B) e (C) INCORRETAS O acidente que lesionou o passageiro o atingiu em sua incolumidade física (falha de adequação- segurança, pois). Conforme explicitado na mesma Rodada 1, trata-se de defeito do serviço. VÍCIO DO PRODUTO/SERVIÇO FATO DO PRODUTO/SERVIÇO Qualidade-adequação. Qualidade-segurança. Atinge o produto ou o serviço em si – intrínseco. Atinge em especial a incolumidade físico- psíquica do consumidor ou de terceiros (as vítimas de consumo) – extrínseco. Também denominado defeito ou acidente de consumo Sujeita-se a prazo decadencial Sujeita-se a prazo prescricional Tratando-se de fato do serviço, atrai-se o prazo prescricional, e não decadencial, como também exposto no quadro resumo acima. (D) INCORRETA 26 A responsabilidade por fato do serviço é objetiva, cabendo ao fornecedor, e não ao consumidor, provar eventual causa excludente da responsabilidade, nos termos do art. 14, par. 3o, do CDC. No material de Reta Final, ressaltamos: A jurisprudência do STJ entende que houve inversão legal (ope legis) do ônus da prova em relação ao fato do produto e do serviço. Ou seja: - o consumidor tem o ônus de provar o dano que lhe foi causado e o nexo de causalidade com o produto (relação causae efeito); - compete ao fornecedor (é ônus deste) provar que o produto/serviço não é defeituoso. Nesse sentido, o STJ, em sede de recurso repetitivo: A inversão do ônus da prova pode decorrer da lei ('ope legis'), como na responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço (arts. 12 e 14 do CDC), ou por determinação judicial ('ope judicis'), como no caso dos autos, versando acerca da responsabilidade por vício no produto (art. 18 do CDC). Inteligência das regras dos arts. 12, § 3º, II, e 14, § 3º, I, e 6º, VIII, do CDC. (REsp 802.832/MG, S2, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 21/09/2011). (E) CORRETA Tratando-se de fato do serviço, atrai-se o prazo prescricional, e não decadencial, como também exposto no quadro resumo acima. O prazo prescricional do CDC é quinquenal (05 anos), conforme art. 27. 24. A respeito dos bancos de dados e dos cadastros de consumidores, é correto afirmar que (A) são considerados entidades de caráter público. (B) não há distinção jurídica relevante entre eles, de acordo com a doutrina dominante. (C) incumbe ao próprio devedor requerer a exclusão do seu registro regular em cadastro de órgão de proteção ao crédito após o pagamento da dívida. (D) o direito a retificação ou correção de dados e cadastros do consumidor, embora admitido pela jurisprudência, não encontra previsão legal específica no CDC. (E) é incabível habeas data para se obter informações constantes dessas entidades em caso de o fornecimento dessas informações ter sido negado ao consumidor RESPOSTA: A COMENTÁRIOS Essa questão foi trabalhada com a Turma de Reta Final TJ-CE tanto no material escrito da Rodada 4 como no aulão presencial de véspera. (A) CORRETA 27 Conforme o art. 43, § 4o, do CDC, os cadastros e bancos de dados relativos a consumidores são considerados entidades de caráter público. (B) INCORRETA A doutrina prevalecente entende que há, sim, diferença na natureza dos bancos de dados e dos cadastros de consumidores: Com relação aos bancos de dados, de que são exemplos SPC e SERASA, possuem as seguintes características: b) Forma de coleta de dados - Têm caráter aleatório, sendo o seu objetivo propiciar a máxima quantidade de coleta de dados. Não há um interesse particularizado. c) Organização dos dados – As informações têm organização mediata, visam a uma utilização futura, ainda não concretizada. d) Continuidade da coleta e divulgação – Como são aleatórios, há a necessidade de sua conservação permanente, no máximo de tempo possível. e) Inexistência de autorização ou consentimento por parte do consumidor – Não há consentimento do consumidor que, muitas vezes, nem tem conhecimento do registro. f) Extensão dos dados postos à disposição – Havendo objetivo de transmissão dos dados a terceiros, é proibido juízo de valor em relação ao consumidor; os dados são objetivos, e não valorativos. g) Função das informações obtidas – As informações constituem o conteúdo fundamental da existência do banco de dados; não apresentam a finalidade de utilização subsdisária. h) Alcance da divulgação das informações – A divulgação é externa e continuada a terceiros (a transmissibilidade externa é a sua principal finalidade). Já os cadastros de consumidores configuram a coleta de dados particularizados no interesse de fornecedores ou prestadores, como em programas internos de pontuação das empresas em geral. Tais cadastros não visam a negativação do nome do consumidor com o fim de informação ao público, mas apenas o incremento das atividades e negócios das empresas. Estes têm as seguintes características: a) Forma de coleta de dados - O consumidor tem necessariamente uma relação jurídica estabelecida com o arquivista (especialidade subjetiva). Assim sendo, não há um caráter aleatório na coleta das informações, mas sim um interesse particularizado. b) Organização dos dados - As informações têm uma organização imediata, qual seja a relação jurídica estabelecida entre o arquivista dos dados e o consumidor. 28 c) Continuidade da coleta e divulgação - Como não há interesse por parte do fornecedor em manter o cadastro do consumidor que com ele não tem relação jurídica, o cadastro tende a não ser contínuo. d) Existência de requerimento do cadastramento - Há consentimento por parte dos consumidores e, algumas situações, presente está o seu requerimento de abertura dos dados ao arquivista. e) Extensão dos dados postos à disposição - É possível a presença de juízo de valor sobre o consumidor, com informações internas para orientação exclusivamente dos negócios jurídicos do arquivista. f) Função das informações obtidas - Os dados são utilizados com a finalidade de controle interno sobre as possibilidades de realização de negócios jurídicos por parte do fornecedor-arquivista (utilização subsidiária). g) Alcance da divulgação das informações - A divulgação é apenas interna, no interesse subjetivo do fornecedor-arquivista. (C) INCORRETA Essa alternativa foi objeto de dica no Aulão de véspera, além de constar da Rodada 4 da Reta Final: De quem é a responsabilidade pela retirada do nome do consumidor do cadastro, quando paga a dívida? No caso de pagamento da dívida ou acordo entre as partes, cabe ao credor tomar as medidas para a retirada do nome do devedor de cadastro de inadimplentes, sob pena de sua responsabilização civil. Há prazo para a retirada? Sim, aplicando-se analogicamente o par. 3o do art. 43 do CDC (que trata do prazo para correção de inexatidões em cadastros e bancos de dados), o STJ entende que o prazo é de cinco dias úteis, contados do efetivo e integral pagamento do débito. Súmula 548 do STJ. Incumbe ao credor a exclusão do registro da dívida em nome do devedor no cadastro de inadimplentes no prazo de cinco dias úteis, a partir do integral e efetivo pagamento do débito. RESPONSABILIDADE PELA COMUNICAÇÃO DA INSCRIÇÃO AO CONSUMIDOR RESPONSABILIDADE PELA RETIRADA DO NOME DO CONSUMIDOR APÓS A QUITAÇÃO DO DÉBITO Do órgão mantenedor do cadastro ou banco de dados (ex.: SPC, SERASA). O fornecedor não possui, em princípio, responsabilidade e não é parte legítima para figurar no polo passivo de ação indenizatória por danos morais proposta (STJ). Não há prazo previsto. Do fornecedor. Prazo de 05 dias úteis a partir do pagamento integral e efetivo da dívida. 29 (D) INCORRETA O direito à correção ou retificação de dados encontra assento expresso no art. 43, § 3°, do CDC. (E) INCORRETA É cabível habeas data, com aceitação na doutrina e na jurisprudência. Assim dispusemos na Rodada 4 da Turma de Reta Final TJ/CE: Direito do consumidor de acesso às informações - art. 43 do CDC - O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes. Trata-se de um direito subjetivo do consumidor que, acaso não respeitado, poderá ser desafiado via habeas data. 25. Com relação às sanções administrativas previstas no CDC, assinale a opção correta. (A) A contrapropaganda é prática abusiva que sujeita o seu autor a sanção administrativa. (B) A violação de obrigação contratual por concessionária de serviço público não pode fundamentar a aplicação da pena de cassação da concessão. (C) Essas sanções devem ser aplicadas por autoridade administrativa, no âmbito de sua atribuição, sendo vedada a aplicação cumulativa. (D) A pena de interdição será aplicada, após procedimento administrativo,quando o fornecedor reincidir na prática das infrações de maior gravidade previstas no CDC e na legislação de consumo. (E) A existência de ação judicial pendente, ainda sem trânsito em julgado, em que se discuta a imposição de penalidade administrativa não impede o reconhecimento da reincidência. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS ALTERNATIVA A - INCORRETA Na verdade, são práticas abusivas a publicidade enganosa e a abusiva, e a contrapropaganda é a sanção administrativa, conforme art. 60 do CDC. Art. 60. A imposição de contrapropaganda será cominada quando o fornecedor incorrer na prática de publicidade enganosa ou abusiva, nos termos do art. 36 e seus parágrafos, sempre às expensas do infrator. Par. 1o. A contrapropaganda será divulgada pelo responsável da mesma forma, frequência e dimensão e, preferencialmente no mesmo veículo, local, espaço e horário, de forma capaz de desfazer o malefício da publicidade enganosa ou abusiva. Par. 2o Vetado. Par. 3o. Vetado. 30 ALTERNATIVA B - INCORRETA O art. 59, par. 1o, do CDC permite a imposição da pena de cassação da concessão às concessionárias de serviços públicos, quando infringirem normas legais de consumo ou os termos do contrato de concessão pactuado com o ente público. Art. 59. Par. 1o. A pena de cassação da concessão será aplicada à concessionária de serviço público, quando violar obrigação legal ou contratual. ALTERNATIVA C - INCORRETA O art. 56, par. único, do CDC permite a aplicação isolada ou cumulativa das sanções administrativas, sem qualquer exigência ou limitação para tanto. Art. 56. Parágrafo único. As sanções previstas neste artigo serão aplicadas pela autoridade administrativa, no âmbito de sua atribuição, podendo ser aplicadas cumulativamente, inclusive por medida cautelar, antecedente ou incidente de procedimento administrativo. ALTERNATIVA D - CORRETA A aplicação da pena de interdição está disciplinada no art. 59 do CDC, que exige, para a sua aplicação, dois requisitos cumulativos: - reincidência; e - na prática das infrações mais graves. Art. 59. As penas de cassação de alvará de licença, de interdição e de suspensão temporária de atividade, bem como a de intervenção administrativa, serão aplicadas mediante procedimento administrativo, assegurada ampla defesa, quando o fornecedor reincidir na prática das infrações de maior gravidade previstas neste código e na legislação de consumo. ALTERNATIVA E - INCORRETA A reincidência, para as sanções administrativas do CDC, exige o trânsito em julgado, conforme art. 59, par. 3o: Art. 59. Par. 3o. Pendendo ação judicial na qual se discuta a imposição de penalidade administrativa, não haverá reincidência até o trânsito em julgado da sentença. 31 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 26. Considerando o disposto no ECA e a jurisprudência do STJ acerca da adoção unilateral, assinale a opção correta. (A) Nessa espécie de adoção, há ruptura total da relação entre o adotado e seus pais biológicos, substituindo-se a linha biológica originária do adotado para todos os efeitos, inclusive os civis. (B) Caso o poder familiar de um dos genitores do adotando seja destituído, será necessária consulta ao grupo familiar estendido, a fim de a adoção unilateral ser concluída. (C) Mesmo depois de transitada em julgado a sentença de adoção unilateral, é possível a sua revogação em razão de arrependimento do adotado, em favor do melhor interesse dele. (D) O objeto da adoção unilateral é o menor completamente desassistido, cuja percepção de pertencimento familiar é impactada pelo próprio processo de adoção. (E) O adotado unilateralmente por cônjuge pode, ao atingir a maioridade, requisitar a revogação da adoção por não mais ter interesse nela. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS Questão antecipada no material de Reta Final TJ-CE e no aulão de véspera em Fortaleza-CE. PROCESSUAL CIVIL. CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ADOÇÃO UNILATERAL. REVOGAÇÃO. POSSIBILIDADE. 1. A adoção unilateral, ou adoção por cônjuge, é espécie do gênero adoção, que se distingue das demais, principalmente pela ausência de ruptura total entre o adotado e os pais biológicos, porquanto um deles permanece exercendo o Poder Familiar sobre o menor, que será, após a adoção, compartilhado com o cônjuge adotante. 2. Nesse tipo de adoção, que ocorre quando um dos ascendentes biológicos faleceu, foi destituído do Poder Familiar, ou é desconhecido, não há consulta ao grupo familiar estendido do ascendente ausente, cabendo tão-só ao cônjuge supérstite decidir sobre a conveniência, ou não, da adoção do filho pelo seu novo cônjuge/companheiro. 3. Embora não se olvide haver inúmeras adoções dessa natureza positivas, mormente quando há ascendente - usualmente o pai - desconhecidos, a adoção unilateral feita após o óbito de ascendente, com o conseqüente rompimento formal entre o adotado e parte de seu ramo biológico, por vezes, impõe demasiado sacrifício ao adotado. 4. Diante desse cenário, e sabendo-se que a norma que proíbe a revogação da adoção é, indisfarçavelmente, de proteção ao menor adotado, não pode esse comando legal ser usado em descompasso com seus fins teleológicos, devendo se ponderar sobre o acerto de sua utilização, quando reconhecidamente prejudique o adotado. 5. Na hipótese sob exame, a desvinculação legal entre o adotado e o ramo familiar de seu pai biológico, não teve o condão de 32 romper os laços familiares preexistentes, colocando o adotado em um limbo familiar, no qual convivia intimamente com os parentes de seu pai biológico, mas estava atado, legalmente, ao núcleo familiar de seu pai adotivo. 6. Nessas circunstâncias, e em outras correlatas, deve preponderar o melhor interesse da criança e do adolescente, que tem o peso principiológico necessário para impedir a aplicação de regramento claramente desfavorável ao adotado - in casu, a vedação da revogação da adoção - cancelando-se, assim, a adoção unilateral anteriormente estabelecida. 7. Recurso provido para, desde já permitir ao recorrente o restabelecimento do seu vínculo paterno-biológico, cancelando-se, para todos os efeitos legais, o deferimento do pedido de adoção feito em relação ao recorrente (REsp 1.545.959-SC). 27. Considerando o disposto no ECA e a jurisprudência do STJ e do STF acerca da prática de ato infracional e da aplicação de medidas socioeducativas, assinale a opção correta. (A) O julgamento de apelação interposta em favor de adolescente sentenciado a medida socioeducativa de internação — ao qual não tenha sido imposta anterior internação provisória — é requisito para o início do cumprimento da medida. (B) É cabível a aplicação de medida socioeducativa de internação a adolescente que tenha praticado anteriormente uma única infração grave. (C) Em se tratando de menor em cumprimento de medida socioeducativa de internação, são vedados a apuração e o julgamento de atos infracionais que tenham sido praticados por ele anteriormente à aplicação da medida. (D) Caso o menor infrator complete dezoito anos de idade durante o cumprimento de medida de prestação de serviço à comunidade, a referida medida deverá ser extinta em virtude de sua natureza. (E) Haverá regressão de medida socioeducativa caso o adolescente descumpra reiteradamente medida de semiliberdade, sendo dispensada a sua oitiva se ele tiver sido advertido anteriormente pelo magistrado sobre as consequências do descumprimento injustificado. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS Questão adiantada no material de Reta Final TJ-CE e Itens comentados no aulão de véspera. Conforme o entendimento mais atual doSTJ, para se configurar a reiteração na prática de atos infracionais graves, não se exige a prática de, no mínimo, três infrações dessa natureza. No mesmo sentido, de acordo com a jurisprudência do STF, não existe fundamento legal para essa exigência. O aplicador da lei deve analisar e levar em consideração as peculiaridades de cada caso concreto para uma melhor aplicação do direito. Assim, o magistrado deve apreciar as condições específicas do adolescente – meio social onde vive, grau de escolaridade, família – dentre outros elementos que 33 permitam uma maior análise subjetiva do menor. Ressalta-se que existe divergência no STJ sobre o tema, sendo mais atual o entendimento que não exige no mínimo duas infrações graves com trânsito em julgado para a aplicação da medida de internação. 28. A um jovem de dezesseis anos de idade, em situação de rua havia dois anos, com diversas passagens por abrigos em razão de mau comportamento, foi aplicada medida socioeducativa de semiliberdade pela prática de atos infracionais sem grave ameaça ou violência na cidade A, em determinado estado da Federação, onde começara a cumprir a sentença. Após o primeiro pernoite, o reeducando não retornou à unidade de custódia, por ter regressado à residência de sua genitora, localizada na cidade B, em outro estado da Federação, onde não há unidade de custódia de semiliberdade. Notificada do ocorrido, a genitora do menor comprometeu-se com a unidade de custódia da cidade A a apresentar o filho ao tribunal do estado da cidade B, onde ele se encontrava, para ser dado seguimento ao cumprimento da medida socioeducativa. Com relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta, à luz da legislação pertinente e da jurisprudência do STJ. (A) A inexistência de unidade de custódia de semiliberdade na cidade B inviabiliza a execução da medida socioeducativa nessa localidade, devendo o menor ser conduzido à cidade A para cumpri- la. (B) O fato de o menor não ter retornado, injustificadamente, à unidade de custódia logo após o primeiro pernoite impede a continuidade do cumprimento da medida na cidade B. (C) É vedada a inclusão do menor em programa de meio aberto, devido ao seu histórico de situação de rua por dois anos. (D) A persistência nas ilicitudes e o mau comportamento do menor nos diversos abrigos pelos quais passou impedem a inclusão dele em programa de meio aberto. (E) O cumprimento da medida poderá ser continuado na cidade B, pela inclusão do menor em programa de meio aberto. RESPOSTA: E COMENTÁRIOS Questão adiantada no material de Reta Final TJ-CE e no aulão de véspera. Art. 49 da Lei 12.594/2012 - São direitos do adolescente submetido ao cumprimento de medida socioeducativa, sem prejuízo de outros previstos em lei: II - ser incluído em programa de meio aberto quando inexistir vaga para o cumprimento de medida de privação da liberdade, exceto nos casos de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa, quando o adolescente deverá ser internado em Unidade mais próxima de seu local de residência; 34 29. Com relação ao instituto da remissão, assinale a opção correta, à luz do ECA e da jurisprudência do STJ. (A) Diante da omissão do MP quanto ao oferecimento da remissão pré-processual, deverá o juiz concedê-la, desde que presentes os requisitos legais. (B) Caso ocorra a concessão da remissão pelo magistrado na fase jurisdicional, após o oferecimento da representação, deve o parquet ser ouvido após esse ato, momento em que será aberto prazo para que o MP tome as medidas que entender pertinentes. (C) Caso discorde do parquet quanto à remissão pré-processual cumulada com medida socioeducativa, o magistrado poderá homologar apenas a remissão se entender ser essa a medida mais benéfica ao menor infrator. (D) Após a realização da audiência de apresentação, o magistrado poderá conceder a remissão judicial ao menor infrator, caso entenda ser essa a medida mais benéfica para o menor. (E) Diante da discordância do magistrado quanto à concessão da remissão pelo MP ante a gravidade dos fatos, o juiz deverá remeter os autos à promotoria para que outro promotor apresente a representação. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS Questão antecipada no material de Reta Final TJ-CE. Art. 188 do ECA - A remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento, antes da sentença. 30. De acordo com o ECA, é atribuição dos conselhos tutelares (A) elaborar proposta orçamentária a fim de assegurar programas de atendimento aos direitos da criança e do adolescente. (B) requisitar, diretamente, serviço público na área previdenciária, com o intuito de promover a execução de suas decisões. (C) registrar ocorrência policial em defesa do interesse de menor em situação de risco por fato que constitua infração penal contra os direitos da criança e do adolescente. (D) representar, judicialmente, o interesse de menores nas ações de perda do poder familiar depois de esgotadas as possibilidades de manutenção da criança junto à família natural. (E) aplicar medida de destituição de tutela ao responsável legal dos tutelados que estejam em situação de abandono e de extremo risco. RESPOSTA: B 35 COMENTÁRIOS Questão antecipada no material de Reta Final TJ-CE. Art. 136 do ECA - São atribuições do Conselho Tutelar: (...) III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto: a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança; 36 BLOCO II DIREITO PENAL 31. Um homem, maior de idade e capaz, conduzia em seu veículo três comparsas armados com revólveres: eles pretendiam praticar um roubo. Avistaram um caminhão de cargas estacionado em um posto de gasolina e, aproveitando-se da distração do motorista, os três comparsas abordaram- no com violência e subtraíram parte da carga de computadores e notebooks. Os quatro foram presos logo em seguida e os bens foram restituídos à vítima. Em julgamento, o homem que transportava os comparsas confessou a conduta e informou que o seu papel na empreitada criminosa era somente aguardar os comparsas e propiciar a fuga. Foi informado nos autos que o réu respondia a processo por crime de roubo, o que foi considerado como antecedente. Na sentença, ele foi condenado a nove anos e quatro meses de reclusão. Ao analisar a dosimetria da pena, o juiz considerou que a culpabilidade estava comprovada nos autos, tendo afirmado que “a conduta do réu é altamente reprovável, sua personalidade é voltada para o crime; os motivos e as circunstâncias do crime não o favoreceram; as consequências do crime revelaram-se graves e as vítimas em nada contribuíram para o seu cometimento”. Como a situação econômica do réu lhe era desfavorável, ele foi assistido pela defensoria pública. Acerca dos fundamentos da sentença proferida na situação hipotética apresentada, assinale a opção correta, considerando a jurisprudência dos tribunais superiores. (A) O fato de o réu estar respondendo a processo por crime de roubo enseja o agravamento da pena-base. (B) A pena imposta ao réu deve ser reduzida com fundamento na participação de menor importância, dado que ele não estava armado e não participou diretamente da ação de subtração. (C) As razões apresentadas pelo juiz para analisar a dosimetria da pena são todas inidôneas para fundamentar acréscimos na pena-base. (D) A confissão do réu é uma circunstância atenuante que implica a redução da pena para menos do mínimo
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