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1 2 OBSERVAÇÕES INICIAIS A prova objetiva do TJMA foi realizada em 17/07/2022, após um período de muitas emoções com problemas apresentados no deferimento de inscrições, quem se salvou, compareceu e encarou uma prova de dificuldade maior que as últimas edições de concursos de magistratura. Além das 12 disciplinas convencionais, enfrentamos no TJMA o plus de Direito Judiciário e Humanística (com sua estreia em provas objetivas). Assim que tivemos acesso ao gabarito preliminar iniciamos a tradicional prova comentada do Mege. É incrível viver esses momentos de ansiedade juntos e, novamente, entregamos em mãos tudo que apuramos ainda dentro do prazo recursal. A nossa intenção neste material é auxiliar nossos alunos e seguidores na análise da elaboração de seus recursos, além de possibilitar, em formato conclusivo, a revisão de temas cobrados no certame. Trata-se de versão preliminar elaborada com as finalidades informadas e concluída por nosso time específico para 1ª fase de magistratura estadual, sem maiores pretensões de aprofundamento e trabalho editorial neste momento de puro apoio. Não há também o viés de verificação rigorosa de temas antecipados em nossas atuações, diante do curto tempo para entrega desse apoio em prazo recursal. No entanto, nossa felicidade foi imensa ao constatarmos o quanto nosso apoio foi efetivo em reta final e o quanto nossos alunos do clube da magistratura estão bem direcionados independentemente do nível da prova a ser aplicada. O corte, neste momento, segue estimado em 66/67 pontos para ampla concorrência (sem as anulações). Em cotas, a nota de certa necessária é de 60 pontos. Os nossos professores entendem que 5 questões, em especial, estão envolvidas em maiores polêmicas a ser apreciada (28, 29, 35, 57 e 95)1 e, portanto, podem ter suas situações alteradas na fase recursal, o que deixa em aberto uma nova nota de corte. Após este estudo, o candidato poderá vislumbrar a possibilidade de um aumento em sua nota final. Em nossa experiência, constatamos um parâmetro de que a cada 2 (duas) questões anuladas a pontuação oficial de corte aumenta em 1 (um) ponto. Essa dica deve seguir como norte para definição de maiores chances de avanço no certame. Guardem esta informação! Aos alunos da turma de reta final TJMA 2022, pedimos que não deixem de reler os conteúdos das rodadas com temas antecipados na prova. A melhor fixação será importante nos próximos desafios (e também para 2ª fase do concurso, aos que prosseguirão). Como perceberam, o estudo em sprint final foi revertido em pontos decisivos. Sempre acreditamos muito que, com o devido foco, é possível evoluir mesmo em menor prazo. Os feedbacks recebidos pós-prova comprovam que novamente teremos uma invasão megeana, com muitos alunos em sua primeira oportunidade em 2ª fase. 1 Outras questões podem apresentar polêmicas não comentadas neste arquivo, diante do curto tempo para apresentação, e incidirem em recursos e anulações. 3 GRUPO DE WHATSAPP Nós criamos um grupo de whatsapp para reunir candidatos para debates sobre a 2ª fase de imediato (quem tiver interesse em saber mais, basta entrar em contato com nosso setor administrativo para ser adicionado). Eis aqui o nosso extrato de conferência de pontuação com os devidos apontamentos! O respeito ao concurseiro demanda transparência de informações - um de nossos valores em cada atuação. Clique no botão abaixo caso tenha interesse em debater assuntos sobre a 2ª fase TJMA 2022: GRUPO PARA 2ª FASE TJMA https://chat.whatsapp.com/FeVbWlurJZE7bLySB2MZXu PARA ONDE DEVO IR? https://chat.whatsapp.com/FeVbWlurJZE7bLySB2MZXu 4 Em nossa análise sobre caminhos pós-prova TJMA, entendemos que esse direcionamento esquematizado pode orientar da melhor forma. Sobre a nota de corte de ampla concorrência (estimada entre 66/67), diante das polêmicas apontadas como possíveis anulações, estimamos que até 63 pontos seria possível imaginar uma chance de 2ª fase. Em cotas, 55 seria esse limite indicado, uma vez que as anulações não mudam a subida do corte, que seguirá em 60 pontos. Aos colegas que não estão dentro dessas faixas, indicamos, conforme o caso, entrar imediatamente no Clube da Magistratura (que iniciou há 1 semana sua turma 2022.2) ou que foque nas retas finais de TJSC e TJPE. SE VOCÊ NÃO FOI TÃO BEM NO TJMA NÃO SE DESESPERE! O Clube da Magistratura 2022 é uma solução incrível que irá acompanhá-lo durante toda sua preparação para carreira (com estudo otimizado da lei seca, materiais de doutrina resumida, simulados específicos para carreira, videoaulas e muito mais). Além do apoio de nossa equipe, com a experiência de já ter comemorado a aprovação de mais de 1.400 alunos em 23 TJ`s diversos, por tempo ininterrupto em estudo constante e atento a todo cenário dos concursos de magistratura e suas novidades abordadas em cada prova e edital. O clube conta com tudo que você precisa para preparação em todas as fases do concurso. Desde o estudo da lei comentada até correções de provas de 2ª fase de forma personalizada e até mesmo a opção de acompanhamento personalizado. Vale a pena conferir! Além disso, já temos TJSC (em Agosto) e TJPE com datas marcadas e estudo em reta final. CLUBE DA MAGISTRATURA 2022 https://clube.mege.com.br/assine-clube-da-magistratura/ A SEGUNDA FASE É LOGO ALI! Por fim, vale ressaltar que já estamos com inscrições abertas para turma de 2ª fase TJMA (onde contaremos com 2 opções: com e sem correções de provas personalizadas) focada em uma preparação completa para este desafio. O estudo de humanística, o conhecimento básico em sentenças, a experiência de redigir e ter correções de provas manuscritas, tudo devidamente alinhado ao seu desafio no melhor nível. As inscrições já estão abertas em nosso site e você ainda poderá utilizar o cupom de desconto TJMA10 para garantir sua vaga 10% no carrinho de compra! https://clube.mege.com.br/assine-clube-da-magistratura/ 5 Os links para inscrição nas turmas de 2ª fase seguem em nossa área de cursos: TURMA 1 (com correções) https://loja.mege.com.br/proposta/tjma2fasecorrecoes TURMA 2 (com correções) https://loja.mege.com.br/proposta/tjma2faseespelhos Agora é com vocês, vamos para análise de tudo que caiu na objetiva do TJMA. Uma tradicional e obrigatória revisão para todo concurseiro de magistratura. Bons estudos. https://loja.mege.com.br/proposta/tjma2fasecorrecoes https://loja.mege.com.br/proposta/tjma2faseespelhos 6 SUMÁRIO BLOCO I ................................................................................................................. 7 DIREITO CIVIL ........................................................................................................................... 7 DIREITO PROCESSUAL CIVIL .................................................................................................... 16 DIREITO DO CONSUMIDOR .................................................................................................... 29 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ............................................................................. 40 DIREITO JUDICIÁRIO ............................................................................................................... 48 BLOCO II .............................................................................................................. 58 DIREITO PENAL ....................................................................................................................... 58 DIREITO PROCESSUAL PENAL ................................................................................................. 66 DIREITO CONSTITUCIONAL .....................................................................................................74 DIREITO ELEITORAL ................................................................................................................ 83 BLOCO III ............................................................................................................. 99 DIREITO EMPRESARIAL ........................................................................................................... 99 DIREITO TRIBUTÁRIO ............................................................................................................ 103 DIREITO AMBIENTAL ............................................................................................................ 107 DIREITO ADMINISTRATIVO ................................................................................................... 112 NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA ................................................. 119 7 BLOCO I DIREITO CIVIL 1. O procedimento lógico de constatação por meio do qual se chega a um juízo de valor, por comparação das semelhanças entre diferentes casos concretos, é chamado de: (A) A interpretação sistemática. (B) analogia. (C) semântica. (D) interpretação lógica. (E) interpretação sociológica. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS (A) INCORRETA. Pela interpretação sistemática, busca-se a unidade e a harmonia do sistema jurídico. Ela é aquela que analisa a norma levando em consideração o sistema em que ela está inserida. A interpretação sistemática parte do pressuposto “de que a lei não existe isoladamente, devendo ser alcançado o seu sentido em consonância com a demais normas que inspiram aquele ramo do Direito” (FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: parte geral e LINDB, volume 1. São Paulo: Atlas, 2020). (B) CORRETA. A analogia parte da ideia de que fatos de igual natureza devem ser julgados de maneira similar. Sua aplicação requer a falta de previsão legal, a semelhança entre os casos (sendo um disciplinado e outro não contemplado na lei) e a identidade jurídica das situações. A analogia classifica-se, ainda, em legis ou legal (aplicação de uma norma) e iuris ou jurídica (aplicação de um conjunto de normas e princípios). (C) INCORRETA. O caráter semântico das normas jurídicas diz respeito às relações entre as normas (signos) e as condutas intersubjetivas ou relações (objetos). (D) INCORRETA. Aqui o intérprete irá estudar a norma através de raciocínios lógicos. Cristiano Chaves afirma que a interpretação lógica é aquela em que “se desenvolve um raciocínio lógico, transcendendo a letra fria da lei, com o fito de fixar o alcance e extensão da lei a partir das motivações políticas, históricas e ideológicas”. (E) INCORRETA. 8 Na interpretação teleológica ou sociológica busca-se a finalidade social da norma. Está prevista no art. 5º da LINDB: Art. 5º, LINDB: Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. 2. De acordo com o Código Civil, a entrega de bens móveis ao consignatário, que fica autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, caracteriza o (A) contrato de representação. (B) contrato estimatório. (C) agenciamento. (D) acordo de comissionamento. (E) pacto de corretagem. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS O assunto foi devidamente tratado na rodada 5 na turma de Reta Final do MEGE 2022. (Página 146) (A) INCORRETA. CC: Art. 116. A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus poderes, produz efeitos em relação ao representado. (B) CORRETA. CC: Art. 534. Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao consignatário, que fica autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, salvo se preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa consignada. (C) INCORRETA. CC: Art. 710. Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em caráter não eventual e sem vínculos de dependência, a obrigação de promover, à conta de outra, mediante retribuição, a realização de certos negócios, em zona determinada, caracterizando-se a distribuição quando o agente tiver à sua disposição a coisa a ser negociada. Parágrafo único. O proponente pode conferir poderes ao agente para que este o represente na conclusão dos contratos. (D) INCORRETA. CC: Art. 693. O contrato de comissão tem por objeto a aquisição ou a venda de bens pelo comissário, em seu próprio nome, à conta do comitente. (E) INCORRETA. 9 CC: Art. 722. Pelo contrato de corretagem, uma pessoa, não ligada a outra em virtude de mandato, de prestação de serviços ou por qualquer relação de dependência, obriga- se a obter para a segunda um ou mais negócios, conforme as instruções recebidas. 3. O locatário de imóvel urbano residencial preterido no seu direito de preferência à compra do imóvel terá direito a (A) receber valor equivalente a 12 meses de aluguel. (B) reclamar lucros cessantes. (C) pedir indenização por perdas e danos. (D) anular o contrato de compra e venda. (E) permanecer no imóvel locado. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS O assunto foi devidamente tratado no circuito legislativo da semana 46 do Clube da Magistratura do MEGE 2021.2. e no ponto 6 de Direito Civil do Clube da Magistratura do MEGE 2022.1. (A) INCORRETA. Vide comentários item “C”. (B) INCORRETA. Vide comentários item “C”. (C) CORRETA. Lei n. 8.245/91: Art. 33. O locatário preterido no seu direito de preferência poderá reclamar do alienante as perdas e danos ou, depositando o preço e demais despesas do ato de transferência, haver para si o imóvel locado, se o requerer no prazo de seis meses, a contar do registro do ato no cartório de imóveis, desde que o contrato de locação esteja averbado pelo menos trinta dias antes da alienação junto à matrícula do imóvel. Parágrafo único. A averbação far - se - á à vista de qualquer das vias do contrato de locação desde que subscrito também por duas testemunhas. (D) INCORRETA. Vide comentários item “C”. (E) INCORRETA. Vide comentários item “C”. 10 4. Assinale a opção em que é apresentado o número de anos a que corresponde o prazo prescricional aplicado aos casos em que a ofensa ao direito autoral se assemelhe a um descumprimento contratual. (A) 2 (B) 3 (C) 4 (D) 5 (E) 10 RESPOSTA: E COMENTÁRIOS (A) INCORRETA. Vide comentários item “E”. (B) INCORRETA. Vide comentários item “E”. (C) INCORRETA. Vide comentários item “E”. (D) INCORRETA. Vide comentários item “E”. (E) CORRETA. RECURSO ESPECIAL Nº 1947652 - GO EMENTA PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. RECURSO MANEJADO SOB A ÉGIDE DO NCPC. AÇÃO DECLARATÓRIA C/C NULIDADE DE NEGÓCIO JURÍDICO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS E OBRIGAÇÃO DE FAZER. DIREITO AUTORAL. DECADÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. PRAZO PRESCRICIONAL INCIDENTE SOBRE A PRETENSÃO DECORRENTE DA RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL. INAPLICABILIDADE DO ART. 206, § 3º, V, DO CC/2002. SUBSUNÇÃO A REGRA GERAL DO ART. 205, DO CC/2002. PRAZO DECENAL. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. Aplicabilidade do NCPC neste julgamento conforme o Enunciado Administrativo nº 3 aprovado pelo Plenário do STJ na sessão de 9/3/2016: Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016 serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC. 2. Cinge-se a controvérsia em dirimir a incidência do prazo decadencial ou prescricional às pretensões deduzidas em juízo, que digam respeito ao direito de reivindicar a autoria de obra musical e as pretensões indenizatórias e compensatórias decorrentes da relação contratual entabulada pelas partes. 11 3. O direito da personalidade é inato, absoluto, imprescritível, está amparado na Declaração Universal dos Diretos Humanos, na Constituição pátria e na Lei nº 9.610/98 (art. 27). Por serem os direitos morais do autor inerentes aos direitosda personalidade, não se exaurem pelo não uso ou pelo decurso do tempo, sendo autorizado ao autor, a qualquer tempo, pretender a execução específica das obrigações de fazer ou não fazer decorrentes dos direitos elencados no art. 24, da Lei nº 9.610/98. 4. A legislação especial que rege a matéria, portanto, afasta o decurso do prazo decadencial quanto a pretensão de reivindicar a autoria da obra musical, razão por que não incidem as regras gerais do Código Civil na hipótese em exame (art. 178, II, do CC/2002). 5. A retribuição pecuniária por ofensa aos direitos patrimoniais do autor se submete ao prazo decenal, inseridos no contexto da relação contratual existente entre as partes. 6. Recurso especial não provido. 5. Caso terceiro assuma a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, dá-se a (A) sub-rogação subjetiva. (B) cessão de crédito. (C) novação subjetiva. (D) assunção de dívida. (E) remissão da dívida. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS O assunto foi devidamente tratado na rodada 2 na turma de Reta Final do MEGE 2022. (Página 96) (A) INCORRETA. A sub-rogação é conceituada pela melhor doutrina contemporânea como a substituição de uma coisa por outra, com os mesmos ônus e atributos, caso em que se tem a sub- rogação real, ou a substituição de uma pessoa por outra, que terá os mesmos direitos e ações daquela, hipótese em que se configura a sub-rogação pessoal de que trata o Código Civil no capítulo referente ao pagamento com sub-rogação. A sub-rogação é uma figura jurídica anômala, pois o pagamento promove apenas uma alteração subjetiva da obrigação, mudando o credor. A extinção obrigacional ocorre somente em relação ao credor, que nada mais poderá reclamar depois de haver recebido do terceiro interessado. 12 (B) INCORRETA. A cessão de crédito pode ser conceituada como um negócio jurídico bilateral ou sinalagmático, gratuito ou oneroso, pelo qual o credor, sujeito ativo de uma obrigação, transfere a outrem, no todo ou em parte, a sua posição na relação obrigacional. Conforme o art. 286 do CC/2002: “Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação”. Não há, na cessão, a extinção do vínculo obrigacional, razão pela qual ela deve ser diferenciada em relação às formas especiais e de pagamento indireto (sub-rogação e novação). (C) INCORRETA. Novação subjetiva ou pessoal – é aquela em que ocorre a substituição dos sujeitos da relação jurídica obrigacional, criando-se uma nova obrigação, com um novo vínculo entre as partes. CC: Art. 360. Dá-se a novação: II – quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor. (D) CORRETA. A cessão de débito ou assunção de dívida é um negócio jurídico bilateral, pelo qual o devedor, com a anuência do credor e de forma expressa ou tácita, transfere a um terceiro a posição de sujeito passivo da relação obrigacional. Seu conceito pode ser retirado também do art. 299 do CC/2002, pelo qual é facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava. (E) INCORRETA. A remissão é o perdão de uma dívida, constituindo um direito exclusivo do credor de exonerar o devedor, estando tratada entre os arts. 385 a 388 do CC. Não se confunde com remição, escrita com ç, que, para o Direito Civil, significa resgate. CC: Art. 385 do CC/2002: “Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro. 6. Os direitos da personalidade, em regra, são: I intransmissíveis. II irrenunciáveis. III extrapatrimoniais. IV absolutos. V absolutamente indisponíveis. 13 Assinale a opção correta. (A) Apenas os itens II e V estão certos. (B) Apenas os itens I, III e V estão certos. (C) Apenas os itens II, III e IV estão certos. (D) Apenas os itens I, II, III e IV estão certos. (E) Todos os itens estão certos. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS O assunto foi devidamente tratado no ponto 2 de Direito Civil do Clube da Magistratura do MEGE 2022.1. (Página 25) ITEM I: Correto. CC: Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. ITEM II: Correto. Vide comentários item “I”. ITEM III: Correto. Os direitos de personalidade são direitos extrapatrimoniais, pois seu objeto não possui valor econômico, não são mensuráveis, não podem ser objeto de penhora, comercialização e não possui valor monetário. ITEM IV: Correto. São absolutos, isto é, são oponíveis contra todos (erga omnes), impondo à coletividade o dever de respeitá-los. ITEM V: Incorreto. Pode haver a disponibilidade dos direitos da personalidade, desde que haja previsão legal, nos termos do art. 11 do CC/2022. (A) INCORRETA. (B) INCORRETA. (C) INCORRETA. (D) CORRETA. (E) INCORRETA. 7. É nulo o casamento contraído (A) entre indivíduos menores de idade. 14 (B) em razão de vício de vontade. (C) por infringência de impedimento. (D) por incapacidade de manifestação inequívoca de consentimento. (E) por incompetência da autoridade celebrante. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS O assunto foi devidamente tratado na rodada 5 da turma de reta final. (A) INCORRETA. CC: Art. 1.550. É anulável o casamento: II – do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal. (B) INCORRETA. CC: Art. 1.550. É anulável o casamento: III – por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558. (C) CORRETA. CC: Art.1.548. É nulo o casamento contraído: II – por infringência de impedimento. (D) INCORRETA. CC: Art. 1.550, inc. IV, do CC/2002: “Art. 1.550. É anulável o casamento: IV – do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento. (E) INCORRETA. CC: Art. 1.550, inc. VI: Art. 1.550. É anulável o casamento: VI – por incompetência da autoridade celebrante. 8. De acordo com entendimento do Superior Tribunal de Justiça, para que a hipoteca seja oponível erga omnes, ela deverá ser (A) constituída por meio de contrato. (B) imposta pela lei. (C) assinada por duas testemunhas. (D) declarada em sentença judicial. 15 (E) inscrita no cartório de registro de imóveis. RESPOSTA: E COMENTÁRIOS O assunto foi devidamente tratado no ponto 11 de Direito Civil do Clube da Magistratura do MEGE 2021.2 A). INCORRETA. Vide comentários item “E”. (B) INCORRETA. Vide comentários item “E”. (C) INCORRETA. Vide comentários item “E”. (D) INCORRETA. Vide comentários item “E”. (E) CORRETA. CIVIL. DIREITO REAL DE GARANTIA. HIPOTECA. VALIDADE. AVERBAÇÃO NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. NÃO OCORRÊNCIA. BEM DE FAMÍLIA. EXCEÇÃO À REGRA DA IMPENHORABILIDADE. HIPÓTESE CONFIGURADA. 1. Nos termos do art. 3º, V, da Lei n. 8.009/90, ao imóvel dado em garantia hipotecária não se aplica a impenhorabilidade do bem de família na hipótese de dívida constituída em favor da entidade familiar. 2. A hipoteca se constitui por meio de contrato (convencional), pela lei (legal) ou por sentença (judicial) e desde então vale entre as partes como crédito pessoal. Sua inscrição no cartório de registro de imóveis atribui a tal garantia a eficácia de direito real oponível erga omnes. 3. A ausência de registro da hipoteca não afasta a exceção à regra de impenhorabilidade prevista no art. 3º, V, da Lei n. 8.009/90; portanto, não gera a nulidade da penhora incidente sobre o bem de família ofertado pelos proprietários como garantia de contrato de compra e venda por eles descumprido. 4. Recurso especial provido.(REsp 1455554/RN, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/06/2016, DJe 16/06/2016) 16 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 9. Assinale a opção correta em relação à ação civil pública. (A) Persiste o entendimento de que, como regra geral, a sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator. (B) Na hipótese de ação civil pública com efeitos nacionais, a competência para processamento e julgamento deve ser do foro da capital do estado ou do Distrito Federal, resolvendo-se eventual conflito de competência pela prevenção do juízo que primeiro conheceu a demanda. (C) O Supremo Tribunal Federal, em face de a Constituição Federal de 1988 não ter ampliado a proteção dos interesses difusos e coletivos, estabeleceu a ação civil pública como o instrumento de efetivação desses interesses. (D) De acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, por inexistir litispendência, a propositura de ação civil pública não impede o ajuizamento de ação individual que tenha o mesmo objeto e a mesma causa de pedir e, da mesma forma, não interrompe o prazo prescricional para a propositura da demanda individual. (E) Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, diante de multiplicidade de ações civis públicas de âmbito nacional ou regional, após fixada a competência, firma- se a prevenção do juízo que primeiro conheceu de uma delas, para o julgamento de todas as demandas conexas. RESPOSTA: E COMENTÁRIOS O entendimento firmado do STF foi abordado dentro da rodada 07 na Turma TJMA, pag. 62. (A) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta por contrariar o entendimento firmado pelo STF, em sede de repercussão geral, que julgou inconstitucional o disposto no art. 16 da Lei nº 7.347/85. Neste sentido: I - É inconstitucional o art. 16 da Lei nº 7.347/85, alterada pela Lei nº 9.494/97. II - Em se tratando de ação civil pública de efeitos nacionais ou regionais, a competência deve observar o art. 93, II, da Lei nº 8.078/90 (CDC). III - Ajuizadas múltiplas ações civis públicas de âmbito nacional ou regional, firma-se a prevenção do juízo que primeiro conheceu de uma delas, para o julgamento de todas as demandas conexas. STF. Plenário. RE 1101937/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 7/4/2021 (Repercussão Geral – Tema 1075) (Info 1012). (B) INCORRETA. 17 A alternativa encontra-se incorreta por dispor que apenas a prevenção do juízo seria o critério utilizado para fins de resolução de um eventual conflito de competência, tendo em vista que a ACP pode tratar sobre matéria relacionada a justiças especializadas, ou a justiça federal, que é ressalvada no caput do art. 93 do CDC, que define a competência para julgamento da ação civil pública juntamente com o art. 2º da Lei nº 7.347/85. Portanto, não somente por meio da prevenção é solucionado o conflito de competência em face do julgamento de uma ACP. Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a justiça local: I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local; II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou regional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competência concorrente. (C) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta, uma vez que a CF/1988 ampliou a proteção dos direitos difusos e coletivos dispondo expressamente sobre o tema em seu Título II, Capítulo I. Além de ter trazido o remédio constitucional do mandado de segurança coletivo em seu art. 5º, inciso LXX, CF/98. (D) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta, pois, embora o art. 104 do CDC disponha que não há litispendência entre as ações individuais e as ações coletivas, o entendimento do STJ, firmado em sede de recurso repetitivo (Tema 923), é de que ações individuais deverão ficar suspensas até o trânsito em julgado de ações coletivas. Até o trânsito em julgado das ações civis públicas n. 5004891-93.2011.4004.7000 e n. 2001.70.00.019188-2, em tramitação na Vara Federal Ambiental, Agrária e Residual de Curitiba, atinentes à macrolide geradora de processos multitudinários em razão de suposta exposição à contaminação ambiental, decorrente da exploração de jazida de chumbo no Município de Adrianópolis-PR, deverão ficar suspensas as ações individuais. (STJ. 2ª Seção. REsp 1110549/RS, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 28/10/2009, (Recurso Repetitivo – Tema 923)). Portanto, em face deste entendimento, para que não haja prejuízo ao autor individual o STJ fixou, também em sede de repercussão geral (Tema 1.005), que a existência de ação coletiva, embora não impeça o ajuizamento da ação individual, por não induzir litispendência, interrompe o prazo prescricional para a propositura da demanda individual. Na ação de conhecimento individual, proposta com o objetivo de adequar a renda mensal do benefício previdenciário aos tetos fixados pelas Emendas Constitucionais 20/98 e 41/2003 e cujo pedido coincide com aquele anteriormente formulado em ação civil pública, a interrupção da prescrição quinquenal, para recebimento das parcelas vencidas, ocorre na data de ajuizamento da lide individual, salvo se requerida a sua suspensão, na forma do art. 104 da Lei 8.078/90. (STJ. 1ª Seção. REsp 1761874/SC, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 23/06/2021, (Recurso Repetitivo – Tema 1.005)). 18 (E) CORRETA. A alternativa encontra-se correta, visto que corresponde ao entendimento firmado pelo STF, em sede de repercussão geral. Neste sentido: Ajuizadas múltiplas ações civis públicas de âmbito nacional ou regional, firma-se a prevenção do juízo que primeiro conheceu de uma delas, para o julgamento de todas as demandas conexas. STF. Plenário. RE 1101937/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 7/4/2021 (Repercussão Geral – Tema 1075) (Info 1012). 10. No que concerne à competência cível, assinale a opção correta. (A) Ação ordinária que vise impugnar ato do Conselho Nacional de Justiça praticado no exercício do seu poder normativo deve ser processada e julgada pela justiça federal de 1.ª instância. (B) Consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça, compete ao tribunal regional federal o julgamento de recurso de embargos de declaração interpostos pela União em face de acórdão proferido por tribunal de justiça, desde que o ente público figure no feito na condição de assistente simples. (C) Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, ainda que estejam presentes interesses de órgão federal, a competência para processamento e julgamento de ação rescisória proposta pela União em face de sentença proferida por juiz estadual é do respectivo tribunal de justiça. (D) Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, compete à justiça federal o julgamento de demandas acerca de insolvência civil, desde que envolva a participação da União, de entidade autárquica ou empresa pública federal. (E) De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, compete à justiça comum julgar as ações em que se discute a contribuição sindical referente a servidor público estatutário ou empregado celetista. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS O julgado do STJ - Corte Especial. EREsp 1.265.625-SP, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 30/03/2022 (Info 731) - foi abordado dentro do material de julgados selecionados do STJ 2022 dentro da Turma TJMA, pag. 35. O julgado (Repercussão Geral – Tema 859, Info 1011) foi abordado dentro do material de julgados selecionados do STF 2020 e 2021 dentro da Turma TJMA, pag. 46. (A) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta por contrariar a jurisprudência consolidada do STF. Neste sentido: 19 Nos termos do art. 102, I, “r”, da Constituição Federal, é competência exclusiva do STF processar e julgar, originariamente, todas as ações ajuizadas contra decisões do Conselho CNJ e do CNMP proferidas no exercíciode suas competências constitucionais, respectivamente, previstas nos arts. 103-B, § 4º, e 130-A, § 2º, da CF/88. STF. Plenário. Pet 4770 AgR/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 18/11/2020 (Info 1000). STF. Plenário. Rcl 33459 AgR/PE, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/11/2020 (Info 1000). (B) CORRETA. A alternativa encontra-se correta, visto que corresponde ao entendimento firmado pela Corte especial do STJ: Existindo interesse jurídico da União no feito, na condição de assistente simples, a competência afigura-se da Justiça Federal, conforme prevê o art. 109, I, da Constituição da República, motivo pelo qual compete ao Tribunal Regional Federal o julgamento de embargos de declaração opostos contra acórdão proferido pela Justiça Estadual. STJ. Corte Especial. EREsp 1.265.625-SP, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 30/03/2022 (Info 731). (C) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta, uma vez que contraria o entendimento fixado pelo STF, em sede de repercussão geral: Compete ao Tribunal Regional Federal processar ação rescisória proposta pela União com o objetivo de desconstituir sentença transitada em julgado proferida por juiz estadual, quando afeta interesses de órgão federal. STF. Plenário. RE 598650/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 8/10/2021 (Repercussão Geral – Tema 775) (Info 1033). (D) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta, pois contraria o entendimento fixado pelo STF, em sede de repercussão geral: A insolvência civil está entre as exceções da parte final do artigo 109, I, da Constituição da República, para fins de definição da competência da Justiça Federal. STF. Plenário. RE 678162/AL, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 26/3/2021 (Repercussão Geral – Tema 859) (Info 1011). (E) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que contraria o entendimento firmado pelo STJ que entendeu pela aplicação da súmula 222 da Corte Superior apenas para os servidores públicos estatutários, não se aplicando aos celetistas. Neste sentido: A Súmula 222 do STJ deve abarcar apenas situações em que a contribuição sindical diz respeito a servidores públicos estatutários, mantendo-se a competência para processar e julgar as ações relativas à contribuição sindical referentes a celetistas (servidores públicos ou não) na Justiça do Trabalho. STJ. 1ª Seção. CC 147.784/PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 24/03/2021 (Infor. 690). 11. Assinale a opção correta a respeito da tutela provisória. 20 (A) Na hipótese de efetivação parcial da tutela cautelar antecedente, o pedido principal deve ser formulado pelo autor dentro do prazo de 30 dias, sob pena de perda da eficácia da medida. (B) É desnecessário pronunciamento judicial expresso sobre a obrigação de indenizar o dano causado pela execução de tutela antecipada posteriormente revogada, por ser consequência natural da improcedência do pedido. (C) A concessão de tutela de evidência independe da comprovação da urgência (perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo), sendo admitida quando as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante. Contudo, nessa hipótese, o juiz não poderá decidir liminarmente sem ouvir a parte contrária. (D) O Supremo Tribunal Federal fixou o entendimento de que é válida a edição de lei ou de ato normativo que vede a concessão de medida liminar pela via do mandado de segurança. (E) Pode-se afirmar que, do ponto de vista da extensão, a cognição da tutela provisória seria superficial e, do ponto de vista da profundidade, essa cognição seria plena. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS (A) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta, uma vez que segundo o entendimento do STJ o a contagem do prazo de 30 (trinta) dias previsto no art. 308 do CPC/2015 para formulação do pedido principal se inicia na data em que for totalmente efetivada a tutela cautelar. STJ. 3ª Turma. REsp 1.954.457-GO, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 9/11/2021 (Info 718). (B) CORRETA. A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que corresponde ao entendimento jurisprudencial do STJ. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE INTERDIÇÃO DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL LOCALIZADO EM SHOPPING CENTER. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA CONCEDIDA. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA PELOS DANOS CAUSADOS PELA EXECUÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA. ARTS. 273, § 3º, ART. 475-O, INCISOS I E II, E ART. 811, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INDAGAÇÃO ACERCA DA MÁ-FÉ DO AUTOR OU DA COMPLEXIDADE DA CAUSA. IRRELEVÂNCIA. RESPONSABILIDADE QUE INDEPENDE DE PEDIDO, AÇÃO AUTÔNOMA OU RECONVENÇÃO. 2.1. Os danos causados a partir da execução de tutela antecipada (assim também a tutela cautelar e a execução provisória) são disciplinados pelo sistema processual vigente à revelia da indagação acerca da culpa da parte, ou se esta agiu de má-fé ou não. Basta a existência do dano decorrente da pretensão deduzida em juízo para que sejam aplicados os arts. 273, § 3º, 475-O, incisos I e II, e 811 do CPC. Cuida-se de responsabilidade objetiva, conforme apregoa, de forma remansosa, doutrina e jurisprudência. 21 2.2. A obrigação de indenizar o dano causado ao adversário, pela execução de tutela antecipada posteriormente revogada, é consequência natural da improcedência do pedido, decorrência ex lege da sentença e da inexistência do direito anteriormente acautelado, responsabilidade que independe de reconhecimento judicial prévio, ou de pedido do lesado na própria ação ou em ação autônoma ou, ainda, de reconvenção, bastando a liquidação dos danos nos próprios autos, conforme comando legal previsto nos arts. 475-O, inciso II, c/c art. 273, § 3º, do CPC. Precedentes. (REsp n. 1.191.262/DF, relator Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 25/9/2012, DJe de 16/10/2012.) (C) INCORRETA. Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente. (D) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta, visto que contraria o entendimento do STF fixado no julgamento da ADI nº 4296/DF, que dispôs que é inconstitucional ato normativo que vede ou condicione a concessão de medida liminar na via mandamental. É inconstitucional o art. 7º, § 2º da Lei nº 12.016/2009. STF. Plenário ADI 4296/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes julgado em 9/6/2021 (Info 1021). (E) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta, uma vez que do ponto de vista da extensão a cognição da tutela provisória não necessariamente será superficial, pois pode tratar, inclusive, de todo o objeto da demanda, como ocorre na tutela antecipada, contudo, em face da profundidade, a tutela provisória nunca possuirá cognição plena, visto que está só irá ocorrer no julgamento da demanda, sendo a cognição na tutela provisória com relação à profundidade sempre superficial. 12. No que diz respeito ao mandado de segurança, assinale a opção correta. (A) O mérito de mandado de segurança não deverá ser apreciado por ocasião de superveniente trânsito em julgado da decisão questionada pelo mandamus, visto que tal impetração não é cabível diante de decisão judicial transitada em julgado. (B) Admite-se a interposição de recurso ordinário em face de acórdão proferido em sede de apelação de julgamento de mandado de segurança impetrado originariamente em 1.ª instância. (C) Consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a Defensoria Pública detém legitimidade para impetrar mandado de segurança coletivo. (D) Eventual concessão de liminar em sede de mandado de segurança não pode ser impugnada por meio de pedido de suspensão de segurança feitopor partido político, visto que este não possui legitimidade para postular o referido pedido. 22 (E) Há entendimento do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça no qual se admite a intervenção de terceiros em sede de mandado de segurança. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS (A) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que é incabível mandado de segurança contra decisão judicial transitada em julgado (art. 5º, III, da Lei nº 12.016/2009 e Súmula nº 268-STF). No entanto, se a impetração do mandado de segurança for anterior ao trânsito em julgado da decisão questionada, mesmo que venha a acontecer, posteriormente, o mérito do MS deverá ser julgado, não podendo ser invocado o seu não cabimento ou a perda de objeto. STJ. Corte Especial. EDcl no MS 22.157-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 14/03/2019 (Info 650). (B) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta, pois o Recurso Ordinário somente será cabível em face de decisão denegatória, nos termos do art. 105, inciso II, alínea b, da CF/98. Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: II - julgar, em recurso ordinário: b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão; (C) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista o entendimento do STJ: A Defensoria Pública não detém legitimidade para impetrar mandado de segurança coletivo, não se enquadrando no rol taxativo dos artigos 5°, LXX, da CF e 21 da Lei 12.016/2009. STJ. 1ª Turma. RMS 51.949/ES, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 23/11/2021. (D) CORRETA. A alternativa encontra-se correta por retratar o entendimento do STF sobre o tema: “Partido político não possui legitimidade para postular pedido de suspensão de segurança, já que se trata de pessoa jurídica de direito privado, com base na vedação legal disposta no art. 15 da Lei 12.016/2009”. STF. Tribunal Pleno, SL 1424 AgRg, Min. Luiz Fux (Presidente), julgado em 15/09/2021. (E) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que o entendimento do STJ e do STF é de que não é cabível intervenção de terceiros em mandado de segurança. Neste sentido: O rito procedimental do mandado de segurança é INCOMPATÍVEL com a intervenção de terceiros, conforme se extrai do art. 24 da Lei nº 12.016/09, ainda que na modalidade de assistência litisconsorcial. STJ. 1ª Seção. AgInt na PET no MS 23.310/DF, Rel. Min. Aussete Magalhães, julgado em 28/04/2020. STF. 2ª Turma. RExt- AgR-ED 1.046.278/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJE 06/11/2020. 23 13. Acerca da sistemática das ações rescisórias no direito processual civil, assinale a opção correta. (A) De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, o advogado é parte ilegítima para figurar no polo passivo da ação rescisória, ainda que tenham sido arbitrados honorários sucumbenciais a seu favor na ação rescindenda. (B) Conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça, há uma causa petendi aberta durante o juízo rescindente, pois o tribunal não se vincula aos dispositivos de lei apontados pelo autor como literalmente violados. (C) O Superior Tribunal de Justiça fixou o entendimento de que é cabível ação rescisória contra decisão do presidente do tribunal proferida em suspensão de liminar e de sentença, desde que transitada em julgado. (D) Admite-se a propositura de ação rescisória se a decisão impugnada contrariar manifestamente norma jurídica. Contudo, não se entende como tal a decisão que tenha sido embasada em acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos sem que se tenha considerado a existência de distinção entre a questão discutida no processo e o padrão decisório que lhe deu fundamento. (E) Segundo o Código de Processo Civil, a decisão de mérito transitada em julgado pode ser rescindida quando obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável. Conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça, essa previsão se refere à prova documental e pericial, excluída, portanto, a testemunhal. RESPOSTA: A COMENTÁRIOS O julgado foi abordado dentro do material de julgados selecionados do STJ 2020 e 2021 dentro da Turma TJMA, pag. 16. (A) CORRETA. A alternativa encontra-se correta por retratar a jurisprudência consolidada do STJ: “O advogado em favor de quem foram arbitrados honorários sucumbenciais na ação rescindenda é parte ILEGÍTIMA para figurar no polo passivo da ação rescisória”. STJ. 4ª Turma. AgInt nos EDcl no REsp 1759374/RS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 29/10/2019; STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1845303/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 29/06/2020; STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1717140/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 18/03/2019. (B) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta, pois, segundo o entendimento do STJ, o tribunal está vinculado a reexaminar apenas o que foi alegado no pedido rescisório, não podendo 24 analisar toda a decisão rescindenda, ainda que se trate de matéria de ordem pública. Portanto, a causa de pedir não é aberta na ação rescisória. Neste sentido: “Na ação rescisória fundada em literal violação de lei, não cabe o reexame de toda a decisão rescindenda, para verificar se nela haveria outras violações à lei não alegadas pelo demandante, mesmo que se trate de questão de ordem pública”. STJ. 3ª Turma. REsp 1.663.326-RN, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 11/02/2020 (Info 665). (C) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta por contrariar o entendimento jurisprudencial do STJ. Neste sentido: “Não é cabível ação rescisória contra decisão do Presidente do STJ proferida em Suspensão de Liminar e de Sentença, mesmo que transitada em julgado”. STJ. Corte Especial. AR 5857-MA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 07/08/2019 (Info 654). (D) INCORRETA. Art. 966 CPC/2015 - A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: V - violar manifestamente norma jurídica; § 5º Cabe ação rescisória, com fundamento no inciso V do caput deste artigo, contra decisão baseada em enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos que não tenha considerado a existência de distinção entre a questão discutida no processo e o padrão decisório que lhe deu fundamento. (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência) (E) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que o entendimento do STJ é de que no novo ordenamento jurídico processual, qualquer modalidade de prova, inclusive a testemunhal, é apta a amparar o pedido de desconstituição do julgado rescindendo na ação rescisória. STJ. 3ª Turma. REsp 1.770.123-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 26/03/2019 (Info 645). 14. Assinale a opção correta em relação ao pronunciamento judicial. (A) Eventual informação equivocada prestada por sistema eletrônico de tribunal não pode ser utilizada como parâmetro para aferição da tempestividade do recurso. (B) As decisões interlocutórias acerca da instrução probatória não são impugnáveis por agravo de instrumento ou pela via mandamental, sendo cabível a sua impugnação diferida pela via da apelação. (C) A prolação de sentença objeto de recurso de apelação acarreta a perda superveniente do objeto de agravo de instrumento pendente de julgamento, ainda que este verse sobre consumação da prescrição ou inversão do ônus da prova. (D) Não se revela cabível a interposição de agravo de instrumento contra decisões que versem sobre o mero requerimento de expedição de ofício para apresentação ou juntada de documentos ou coisas, dada a taxatividade mitigada das decisões impugnáveis mediante agravo. 25 (E) Impede-se a fixação de honorários recursais emrelação aos pedidos autônomos dos demais litisconsortes, nos casos em que haja cumulação simples subjetiva de pedidos e o provimento do recurso atinja apenas o pedido de um dos litisconsortes facultativos. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS O julgado foi abordado dentro do material de julgados selecionados do STJ 2020 e 2021 dentro da Turma TJMA, pag. 93. (A) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que o entendimento do STJ é de que “O erro do sistema eletrônico do Tribunal de origem na indicação do término do prazo recursal é apto a configurar justa causa para afastar a intempestividade do recurso”. STJ. Corte Especial.EAREsp 1.759.860-PI, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 16/03/2022 (Info 730). (B) CORRETA. A alternativa encontra-se correta por corresponder ao entendimento do STJ de que “as decisões interlocutórias sobre a instrução probatória não são impugnáveis por agravo de instrumento ou pela via mandamental, sendo cabível a sua impugnação diferida pela via da apelação”. STJ. 2ª Turma. RMS 65943-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 26/10/2021). (C) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que o entendimento do STJ é de que “a prolação de sentença objeto de recurso de apelação não acarreta a perda superveniente do objeto de agravo de instrumento pendente de julgamento que versa sobre a consumação da prescrição. STJ. 3ª Turma. REsp 1.921.166-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/10/2021 (Info 713). (D) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que o entendimento do STJ é de que “é cabível a interposição de agravo de instrumento contra decisões que versem sobre o mero requerimento de expedição de ofício para apresentação ou juntada de documentos ou coisas, independentemente da menção expressa ao termo “exibição” ou aos arts. 396 a 404 do CPC/2015”. STJ. 1ª Turma. REsp 1853458-SP, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 22/02/2022 (Info 726). (E) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta, uma vez que o entendimento do STJ é de que “na cumulação simples subjetiva de pedidos, o provimento do recurso que apenas atinge o pedido de um dos litisconsortes facultativos não impede a fixação de honorários recursais em relação aos pedidos autônomos do demais litisconsortes, 26 que se mantiveram intactos após o julgamento. STJ. 3ª Turma. REsp 1.954.472-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/10/2021 (Info 714). _______________________________________________________________________ 15. Assinale a opção correta no tocante à liquidação e ao cumprimento de sentença. (A) Por serem considerados verba de natureza alimentar, os créditos decorrentes de honorários advocatícios sucumbenciais titularizados pelo advogado têm preferência em relação ao crédito principal titularizado por seu cliente. (B) Admite-se a alegação de prescrição eventualmente ocorrida na fase de conhecimento em sede cumprimento de sentença. (C) Na hipótese de condenação em obrigação de fazer e de pagar, entende-se que o ajuizamento de execução da obrigação de fazer interrompe o prazo para a execução da obrigação de pagar, em razão do princípio da unidade do título executivo. (D) A regra de contagem em dobro aos litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, aplica-se ao rito da impugnação ao cumprimento de sentença. (E) Admite-se a adoção de medidas executivas atípicas para a satisfação do crédito exequendo em casos de direitos patrimoniais disponíveis, revelando-se legítima a utilização da quebra de sigilo bancário destinada a esse fim. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS O julgado foi abordado dentro do material de julgados selecionados do STJ 2020 e 2021 dentro da Turma TJMA, pag. 87. (A) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta, pois conforme o entendimento do STJ “o crédito decorrente de honorários advocatícios sucumbenciais titularizado pelo advogado não é capaz de estabelecer relação de preferência ou de exclusão em relação ao crédito principal titularizado por seu cliente”. STJ. 3ª Turma. REsp 1.890.615-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 17/08/2021 (Info 707). (B) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que o entendimento do STJ é de “apenas a prescrição SUPERVENIENTE à formação do título pode ser alegada em cumprimento de sentença. STJ. 3ª Turma. REsp 1.931.969-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 08/02/2022 (Info 726). (C) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que o entendimento do STJ é de “o ajuizamento de execução da obrigação de fazer não interrompe o prazo para a 27 execução da obrigação de pagar”. STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 1.804.754-RN, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 15/03/2022 (Info 729). (D) CORRETA. A alternativa encontra-se correta, conforme o entendimento do STJ que prevê que “o prazo comum para cumprimento voluntário de sentença deverá ser computado em dobro no caso de litisconsortes com procuradores distintos, em autos físicos”. STJ. 4ª Turma. REsp 1.693.784-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 28/11/2017 (Info 619). (E) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta, a jurisprudência do STJ estabelece alguns requisitos para a utilização das medidas executivas atípicas. Primeiro a utilização apenas de maneira subsidiária, quando já frustrados a adoção de meios executivos típicos. Adequação da medida executiva atípica adotada ao caso concreto, consubstanciada em indícios de ocultação patrimonial do devedor (blindagem patrimonial) e a singularidade da situação concreta. Além da necessidade de decisão com fundamentação adequada. Neste sentido: A adoção de meios executivos atípicos é cabível desde que, verificando- se a existência de indícios de que o devedor possua patrimônio expropriável, tais medidas sejam adotadas de modo subsidiário, por meio de decisão que contenha fundamentação adequada às especificidades da hipótese concreta, com observância do contraditório substancial e do postulado da proporcionalidade. Se não houver no processo sinais de que o devedor esteja ocultando patrimônio, não será possível adotar meios executivos atípicos, uma vez que, nessa hipótese, tais medidas não seriam coercitivas para a satisfação do crédito, mas apenas punitivas. Não se pode confundir a natureza jurídica das medidas de coerção psicológica – que são apenas medidas executivas indiretas – com sanções civis de natureza material, capazes de ofender a garantia da patrimonialidade, por configurarem punições pelo não pagamento da dívida (STJ. 3ª Turma. REsp 1782418/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/04/2019). 16. Assinale a opção correta em relação à intervenção de terceiros, conforme disposto no Código de Processo Civil/2015. (A) Deve ser extinta a denunciação da lide apresentada intempestivamente pelo réu nas hipóteses em que o denunciado conteste apenas a pretensão de mérito da demanda principal. (B) Considera-se possível o ingresso de terceiro como assistente simples, desde que demonstrada a presença de interesse jurídico, revelando-se como tal o interesse corporativo. (C) Em ação de reparação de danos, a seguradora denunciada que aceitar a denunciação ou contestar o pedido do autor poderá ser condenada, direta e solidariamente, junto com o segurado, ao pagamento da indenização devida à vítima, nos limites contratados na apólice. 28 (D) Admite-se a denunciação da lide àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo, ainda que introduzir fundamento novo à causa. (E) É suficiente para a instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica a demonstração de inexistência de patrimônio da pessoa jurídica ou de dissolução irregular da empresa sem a devida baixa na junta comercial. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS A súmula 537 foi destacadana rodada 05 na Turma TJMA, pag. 169. (A) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta, tendo em vista que conforme a jurisprudência do STJ “não é extinta a denunciação da lide apresentada intempestivamente pelo réu nas hipóteses em que o denunciado contesta apenas a pretensão de mérito da demanda principal. STJ. 3ª Turma. REsp 1.637.108-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 6/6/2017 (Info 606). (B) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta, pois o entendimento do STJ é de que a assistência exige interesse jurídico, não bastando interesse corporativo. Neste sentido: “O acionista de uma sociedade empresária, a qual, por sua vez, tenha ações de outra sociedade, não pode ingressar em processo judicial na condição de assistente simples da última no caso em que o interesse em intervir no feito esteja limitado aos reflexos econômicos de eventual sucumbência da sociedade que se pretenda assistir”. STJ. Corte Especial. AgRg nos EREsp 1262401-BA, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 25/4/2013 (Info 521). (C) CORRETA. Súmula 537 STJ - Em ação de reparação de danos, a seguradora denunciada, se aceitar a denunciação ou contestar o pedido do autor, pode ser condenada, direta e solidariamente junto com o segurado, ao pagamento da indenização devida à vítima, nos limites contratados na apólice. (D) INCORRETA. Não é admissível a denunciação da lide embasada no art. 70, III, do CPC 1973 (art. 125, II, do CPC 2015) quando introduzir fundamento novo à causa, estranho ao processo principal, apto a provocar uma lide paralela, a exigir ampla dilação probatória, o que tumultuaria a lide originária, indo de encontro aos princípios da celeridade e economia processuais, que essa modalidade de intervenção de terceiros busca atender. STJ. 4ª Turma. REsp 701868-PR, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 11/2/2014 (Info 535). (E) INCORRETA. A alternativa encontra-se incorreta, pois o entendimento do STJ é de que: A inexistência ou não localização de bens da pessoa jurídica não é condição para a instauração do 29 procedimento que objetiva a desconsideração, por não ser sequer requisito para aquela declaração, já que imprescindível a demonstração específica da prática objetiva de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial. Assim, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica pode ser instaurado mesmo nos casos em que não for comprovada a inexistência de bens do devedor, pois o que é condição para a instauração do incidente é a prova do desvio de finalidade ou de confusão patrimonial. STJ. 4ª Turma. REsp 1729554/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 08/05/2018. O encerramento das atividades ou dissolução da sociedade, ainda que irregulares, não é causa, por si só, para a desconsideração da personalidade jurídica prevista no Código Civil. STJ. 2ª Seção. EREsp 1306553-SC, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 10/12/2014 (Info 554). DIREITO DO CONSUMIDOR 17. No que diz respeito às regras e aos princípios aplicáveis ao direito do consumidor, assinale a opção correta, de acordo com a Constituição Federal de 1988 (CF), o Código de Defesa do Consumidor (CDC), a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e a doutrina. (A) As matérias tratadas no CDC são de ordem pública, o que permite ao juiz conhecer de ofício, por exemplo, cláusulas abusivas em contratos bancários. (B) A defesa do consumidor é um direito constitucional fundamental e também um dos princípios da atividade econômica. C) O CDC é interpretado pela doutrina como microssistema, o que demonstra sua multidisciplinaridade e organicidade, a indicar um isolamento em relação ao restante do ordenamento jurídico. (D) O CDC é uma lei ordinária, de função social, direcionada para o segmento vulnerável da relação jurídica, razão pela qual todo o seu conteúdo é composto por normas de direito público. (E) Não incidem os dispositivos do CDC nos contratos celebrados antes de sua vigência, ainda que se trate de contratos de execução diferida e prazo indeterminado. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS O assunto da questão foi tratado no material da turma de Reta Final e na aula de revisão do TJMA. (A) INCORRETA. A primeira parte da assertiva está correta (art. 1º do CDC – normas de ordem pública e interesse social). A segunda, porém, está incorreta, pois ao magistrado é permitido 30 conhecer de ofício da abusividade de cláusulas, exceto em contratos bancários, nos termos da Súmula 381 do STJ. Súmula 381. Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas. (B) CORRETA. A Constituição Federal de 1988 inaugurou um marco diferenciado de proteção à figura do consumidor, mediante três previsões distintas, duas no corpo da CF/88 e outra no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias: - Direito fundamental – art. 5º, XXXII (“o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”); - Princípio da atividade econômica – art. 170, V (“defesa do consumidor”); - Previsão constitucional para elaboração do CDC - ADCT, art. 48 (“o Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor”). (C) INCORRETA O CDC integra um microssistema protetivo, inclusive no que tange aos direitos coletivos (“lato sensu”), mas não está isolado do restante do ordenamento jurídico; ao contrário, integra-se a outros diplomas, seja por previsão expressa (como no que tange à Lei de Ação Civil Pública – princípio da integração extraído do art. 90 do CDC), seja por aplicação da Teoria do Diálogo das Fontes. O CDC representa um microssistema jurídico porque possui normas que regulamentam a proteção do consumidor sob todos os aspectos, de caráter interdisciplinar (normas de natureza civil, administrativa, penal, processual civil etc.) e coordenadas entre si. Registre-se, porém, que não se trata de sistema isolado em si, mas integrado ao todo normativo cujo ápice se encontra na Constituição Federal. (D) INCORRETA. Norma de ordem pública não é sinônimo de norma de direito público. Trata-se de uma “pegadinha” que já foi objeto de questionamento em prova objetiva. O CDC não é formado essencialmente de normas de direito público. Contém normas de direito privado e algumas normas de direito público (como os tipos penais, por exemplo). (E) INCORRETA. Questionamento importante é sobre a aplicabilidade do CDC aos contratos de consumo firmados antes da sua vigência. Em outros termos, o CDC é aplicável aos contratos anteriores? Via de regra, não. Essa é a posição do STF e do STJ, por entender que fere o ato jurídico perfeito, porquanto a modificação dos efeitos futuros de ato jurídico perfeito caracteriza a hipótese de retroatividade mínima que também é alcançada pelo disposto no art. 5o, XXXVI, da Carta Magna (STF, RE 205999-4/SP, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 03.03.2000). 31 Há, entretanto, uma situação em que o CDC se aplica aos contratos celebrados anteriormente. Tratando-se de contrato de trato sucessivo ou de execução diferida, o STJ tem admitido a incidência do CDC, sob o fundamento de que, nesses tipos de ajuste, há renovação periódica da sua vigência (a cada pagamento efetuado). Neste caso, portanto, não há ofensa ao ato jurídico perfeito. Ex.: plano de assistência à saúde, contrato de mútuo habitacional. 18. Pedro José, residente na cidade de Bacabal-MA, verificou que um poste de iluminação pública próximo à sua residência estava permanentemente apagado. Inconformado, após várias tentativas de solução do problema sem obter sucesso, Pedro José propôs ação contra a concessionária de energia elétrica da localidade, alegando que faz o pagamento da fatura de energia elétrica regularmente em dia, e requereu a aplicação do CDC. Em relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta, de acordo com o CDC e o entendimento doutrinário. (A) O CDC não pode ser aplicado aos serviços públicos.(B) O CDC deve ser aplicado ao caso porque Pedro José é destinatário final do serviço. (C) O serviço público no caso é prestado de forma individualizada, por isso pode ser aplicado o CDC. (D) O serviço de iluminação pública é prestado a toda a coletividade, e não se enquadra no conceito previsto no CDC por se encontrar fora do mercado de consumo. (E) O CDC não pode ser aplicado ao caso porque a pessoa jurídica de direito privado prestadora de um serviço público não pode ser considerada fornecedora. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS O assunto foi devidamente tratado na rodada 5 da turma de reta final TJMA. A primeira informação importante é que os serviços públicos estão sujeitos à incidência do CDC. Mas isso se aplica para todo e qualquer serviço público? STJ: (em posicionamento já antigo) - serviços públicos prestados por concessionárias, remunerados por tarifa ou preço público, sendo alternativa sua utilização → aplica-se o CDC; ex.: serviços de energia elétrica, água, telefonia, transportes públicos etc. A relação entre concessionária de serviço público e o usuário final para o fornecimento de serviços públicos essenciais é consumerista, sendo cabível a aplicação do CDC (REsp 1.595.018, AgRg no REsp 1.421.766, REsp 1.396.925, AgRg no AREsp 479.632, AgRg no AREsp 546.265, AgRg no AREsp 372.327). - serviços públicos próprios, remunerados por taxa (tributo) → não se aplica o CDC (entende-se que não há um consumidor propriamente dito, mas um contribuinte). 32 O art. 22 (complementado pelo art. 6º, X) consagra o dever dos fornecedores de prestar serviços públicos adequados, eficientes e seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. No caso em questão, Pedro José estava inconformado não com o fornecimento de energia elétrica prestado de forma individualizada à sua residência, mas, sim, ao serviço de iluminação pública direcionado a todos indistintamente, remunerado por tributo, e não tarifa pública. Desse modo, apesar de o CDC poder ser aplicado a determinado serviços públicos uti singuli, não se aplica ao caso concreto (serviço uti universi). 19. Antônio Mariano, famoso cirurgião cardiovascular, empregado do hospital Rede do Bem S.A., realizou, em São Paulo-SP, nas dependências desse hospital, procedimento cirúrgico para implante de marca-passo em Gustavo, residente em Pedrinhas-MA. Realizado o procedimento, ficou demonstrado erro médico, o que ocasionou graves danos à saúde de Gustavo. A respeito dessa situação hipotética, assinale a opção correta, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor e a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. (A) A situação retrata vício do serviço, e Gustavo pode confiar a reexecução do procedimento a terceiro capacitado, por conta e risco do fornecedor. (B) Na hipótese, a inversão do ônus da prova fica a critério do juiz. (C) Caso Gustavo decida ajuizar ação de indenização, esta deve ser proposta na sede do estabelecimento hospitalar, ou seja, em São Paulo. (D) A responsabilidade de Antônio Mariano é objetiva, o que afasta a necessidade de discutir a culpa na modalidade imperícia. (E) A responsabilidade do hospital é objetiva, pois retrata situação de fato do serviço. RESPOSTA: E COMENTÁRIOS O assunto da questão foi tratado no material da turma de Reta Final e na aula de revisão TJMA. O CDC criou uma exceção à responsabilidade objetiva pelo fato do serviço, dispondo que a responsabilização pessoal dos profissionais liberais depende da verificação de culpa, sendo, portanto, uma responsabilidade subjetiva. O legislador foi claro ao mencionar “responsabilidade pessoal” no referido dispositivo. Se, por outro lado, tais atividades forem exploradas empresarialmente (hospital), os defeitos serão indenizados independentemente da verificação de culpa (aplicando-se a regra da responsabilidade objetiva). Um tema bastante comum envolvendo profissionais liberais é dos indivíduos que prestam serviços de saúde (médicos, por exemplo) e das entidades onde prestam referidos serviços. Via de regra, tem-se um profissional liberal na ponta, que continua a 33 responder subjetivamente, e uma pessoa jurídica, à qual pode estar vinculado ou não aos quadros. No que tange especificamente à responsabilidade de hospitais e entidades hospitalares por dano causado ao paciente-consumidor por ato de médico vinculado de alguma forma aos seus quadros, o Superior Tribunal de Justiça firmou, em sede de Recurso Repetitivo, a seguinte tese: - Quanto aos atos técnicos praticados de forma defeituosa pelos profissionais da saúde vinculados de alguma forma ao hospital, respondem solidariamente a instituição hospitalar e o profissional responsável, apurada a sua culpa profissional. Nesse caso, o hospital é responsabilizado indiretamente por ato de terceiro, cuja culpa deve ser comprovada pela vítima de modo a fazer emergir o dever de indenizar da instituição, de natureza absoluta (arts. 932 e 933 do CC), sendo cabível ao juiz, demonstrada a hipossuficiência do paciente, determinar a inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII, do CDC). (REsp 1.145.728, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, DJe 08/09/2011). É exatamente o caso do enunciado. Perceba-se que se deixou assente que o médico, Antônio Mariano, era empregado no hospital Rede do Bem S.A. Desse modo, tratando- se de erro médico que atingiu a incolumidade física/saúde/segurança do consumidor/paciente, trata-se de fato ou defeito do serviço, atraindo o art. 14 do CDC. A responsabilidade pessoal do médico é subjetiva (demanda aferição de culpa), mas, uma vez constatada esta, o hospital é solidariamente responsável, de forma objetiva. Ademais, a jurisprudência do STJ entende que houve inversão legal (ope legis) do ônus da prova em relação ao fato do produto e do serviço. Ou seja: - o consumidor tem o ônus de provar o dano que lhe foi causado e o nexo de causalidade com o produto (relação causa e efeito); - compete ao fornecedor (é ônus deste) provar que o produto/serviço não é defeituoso. Nesse sentido, o STJ, em sede de recurso repetitivo: A inversão do ônus da prova pode decorrer da lei ('ope legis'), como na responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço (arts. 12 e 14 do CDC), ou por determinação judicial ('ope judicis'), como no caso dos autos, versando acerca da responsabilidade por vício no produto (art. 18 do CDC). Inteligência das regras dos arts. 12, § 3º, II, e 14, § 3º, I, e 6º, VIII, do CDC. (REsp 802.832/MG, S2, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 21/09/2011). 20. José, animado com a Copa do Mundo de Futebol do ano de 2022, adquiriu na loja Mundo da TV Ltda. cinco televisões fabricadas pela empresa Televisões Perfeitas S.A. e pagou a quantia de R$ 4.000,00 por produto. Contudo, quando do recebimento das televisões, uma delas apresentava a tela rachada, e José encaminhou o produto, no mesmo dia, à assistência técnica, que recomendou a troca da tela. Nessa situação hipotética, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, (A) a responsabilidade é solidária entre o fabricante e o comerciante, de modo que a restituição do valor pago pelo produto pode ser pleiteada contra ambos. 34 (B) o comerciante não é responsável, pois o fabricante é claramente identificado e não se trata de produto perecível. (C) a situação é de vício aparente, e o prazo prescricional de reclamação tem como termo inicial o conhecimento do dano e de sua autoria. (D) João pode exigir, de imediato, a substituição do produto ou a restituição da quantia paga, que deverá ser monetariamente atualizada. (E) trata-se de vício oculto, e o prazo prescricional de reclamação do dano tem início no momento em que ficar evidenciado o defeito. RESPOSTA: A COMENTÁRIOS O assunto da questão foi tratado na aula de Revisão de Véspera e no material da turma de Reta Final TJMA. Observemos, em primeiro lugar, qual o tipo de responsabilidade que exsurge do enunciado. Tratando-se de vício de qualidade quetorna o produto impróprio ou inadequado ao consumo, estamos diante de um vício de qualidade do produto (art. 18 do CDC) que, como regra, atrai os prazos decadenciais do art. 26 do CDC. VÍCIO DO PRODUTO/SERVIÇO FATO DO PRODUTO/SERVIÇO Qualidade-adequação. Qualidade-segurança. Atinge o produto ou o serviço em si – intrínseco. • Pode vir a causar danos materiais/morais. Atinge em especial a incolumidade físico- psíquica do consumidor ou de terceiros (as vítimas de consumo) – extrínseco. Também denominado defeito ou acidente de consumo. Sujeita-se a prazo decadencial. Sujeita-se a prazo prescricional. São pistas de que se está diante de prazo decadencial as expressões: caduca, caducar, reclamar. São pistas de que se está diante de prazo prescricional as expressões: prescreve, pretensão, reparação. Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: (não se coloca os incisos, por ora, pois nos interessa analisar o teor do caput). Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. Uma vez classificado como vício, cumpre verificar se se trata de vício aparente ou oculto. Perceba-se que uma tela rachada é perceptível no momento em que se abre o produto. Trata-se, assim, de vício aparente. 35 - Vícios aparentes (ou de fácil constatação) → são identificáveis por um exame superficial do produto ou serviço. Não demandam tempo ou conhecimento específicos para o seu surgimento. → O dies a quo (de início) do prazo decadencial é a efetiva entrega do produto ou o término da execução dos serviços (art. 26, par. 1o, CDC). - Vícios ocultos → não são identificáveis pelo mero exame superficial pelo consumidor. Estão presentes quando da aquisição do produto ou serviço, mas só se manifestam depois de algum tempo e podem demandar conhecimentos específicos. → O dies a quo (de início) do prazo decadencial é o momento em que ficar evidenciado o defeito (art. 26, par. 3o, CDC). Dessa forma, por ser um eletrodoméstico (bem durável), o prazo de decadência é de 90 (noventa) dias e teve início a partir da entrega do bem ao consumidor. No que toca à responsabilidade da cadeia de consumo, perceba-se que o art. 18, caput, prevê o vocábulo fornecedores, a englobar todos, inclusive comerciante (diferente da situação peculiar do fato do produto – art. 12 do CDC). Assim, todos os componentes da cadeia de fornecimento (inclusive comerciante) são objetiva e solidariamente responsáveis. Por fim, tratando-se de vício do produto, o fornecedor tem, em regra, o prazo de 30 dias para saná-lo, nos termos do art. 18, par. 1º, do CDC, especialmente por não ser produto essencial. 21. Acerca da prevenção e do tratamento do superendividamento, incluído no Código de Defesa do Consumidor pela Lei n.º 14.181/2021, assinale a opção correta. (A) A Política Nacional das Relações de Consumo deve instituir mecanismos de proteção contra o superendividamento do consumidor, pessoa natural ou jurídica. (B) A ausência injustificada do credor à audiência conciliatória de repactuação de dívidas não autoriza a suspensão da exigibilidade do débito e a interrupção dos encargos da mora. (C) A prevenção e tratamento do superendividamento abrangem a aquisição ou contratação de produtos e serviços de luxo de alto valor. (D) O superendividamento consiste na impossibilidade manifesta de o consumidor, pessoa natural, de boa-fé, pagar suas dívidas exigíveis e vincendas, sem comprometer seu mínimo existencial. (E) A repactuação de dívidas do consumidor constitui procedimento de natureza exclusivamente judicial. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS 36 O assunto da questão foi tratado na aula de Revisão de Véspera e no material da turma de Reta Final TJMA. (A) INCORRETA Embora esteja quase toda correta a assertiva, de acordo com o art. 5º, VI, do CDC, o erro reside na previsão da pessoa jurídica. O consumidor pessoa jurídica não é albergado pela proteção do superendividamento. (B) INCORRETA Autoriza, consoante art. 104-A, par. 2º, do CDC. (C) INCORRETA Trata-se de exclusão expressa do art. 54-A, par. 3º, do CDC. (D) CORRETA Nos termos art. 54-A, par. 1º, do CDC. (E) INCORRETA Embora o CDC só preveja detalhadamente, a partir do art. 104-A, o procedimento judicial de repactuação de dívidas, há possibilidade de ocorrer extrajudicialmente, conforme incisos VI e VII do art. 4º do CDC e inciso VI do art. 5º do CDC. 22. Assinale a opção correta, em relação à proteção contratual do consumidor e às cláusulas abusivas, segundo o Código de Defesa do Consumidor e a jurisprudência do STJ. (A) Ao contrário da garantia legal, que é sempre obrigatória, a garantia contratual é mera faculdade do fornecedor. (B) São inadmissíveis, nos contratos regidos pelo CDC, cláusulas contratuais que limitem direitos do consumidor. (C) A manifestação de vontade constante de escritos particulares não vincula o fornecedor. (D) Na hipótese em que determinado consumidor tenha adquirido, em compra por meio do comércio eletrônico, uma coletânea de obras jurídicas e, após o recebimento dos produtos e dentro do prazo legal, desista da compra de forma imotivada, o valor pago deverá ser devolvido ao consumidor, descontados pelo fornecedor os gastos com a correspondência de retorno. (E) O exercício do direito de arrependimento, no contrato principal ou no contrato de crédito, não implica a resolução de pleno direito do contrato que lhe seja conexo. RESPOSTA: A 37 COMENTÁRIOS O assunto da questão foi tratado no material da turma de Reta Final TJMA. (A) CORRETA. Ao lado da garantia legal (obrigatória e independente de termo expresso), existe a possibilidade de o fornecedor estabelecer uma garantia contratual (facultativa), a teor do art. 50 do CDC. É inadmissível substituir a garantia legal pela contratual, pois a primeira é obrigatória e inderrogável, enquanto a última é meramente complementar. A garantia contratual é uma liberalidade. Qual a razão, pois, para o fornecedor implementá-la? A crescente concorrência de mercado, de modo a diferenciar um produto ou serviço dos demais, atraindo mais consumidores. É uma forma de afirmação do fornecedor no mercado de consumo. (B) INCORRETA. Em regra, são nulas de pleno direito cláusulas que interfiram na responsabilidade do fornecedor por vícios e que impliquem em renúncia ou disposição de direitos (inciso I do art. 51 do CDC). Essa previsão, porém, não é absoluta, como se vê o art. 54, par. 4º, do CDC, cuja redação é a seguinte: Art. 54, § 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão. (C) INCORRETA. Nos termos do art. 48 do CDC, que permite inclusive a execução específica. (D) INCORRETA O art. 49 do Código de Defesa do Consumidor dispõe que, quando o contrato de consumo for concluído fora do estabelecimento comercial, o consumidor tem o direito de desistir do negócio em 7 dias ("período de reflexão"), sem qualquer motivação. Trata- se do direito de arrependimento, que assegura o consumidor a realização de uma compra consciente, equilibrando as relações de consumo. Exercido o direito de arrependimento, o parágrafo único do art. 49 do CDC especifica que o consumidor terá de volta, imediatamente e monetariamente atualizados, todos os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, entendendo-se incluídos nestes valores todas as despesas com o serviço postal para a devolução do produto, quantia esta que não pode ser repassada ao consumidor. Eventuais prejuízos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contratação são inerentes à modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet, telefone, domicílio).
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