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Oxford Vs. Cambridge, Teorias Heterodoxas

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1) Em um modelo de acumulação onde a poupança potencial determina o investimento e o salário real é exógeno, qual é o efeito sobre o nível de emprego de:
a) Uma redução da produtividade do trabalho:
Nas teorias heterodoxas de crescimento, ao contrário da neoclássica, o fator de produção trabalho não é escasso, o que torna o produto potencial da economia limitado pela acumulação de estoque de capital, isto é, a capacidade produtiva dependerá do nível de investimento. Nesse sentido, capital e trabalho são complementares (e não substitutos) e a oferta de trabalho tende a se ajustar às necessidades de acumulação de capital. No caso dos economistas clássicos, há uma determinação exógena do salário real, seja este um mínimo de subsistência aceitável (Ricardo) ou definido pelo poder de barganha (Marx e Smith). Portanto, seja a quantidade física de trabalho por unidade de produto igual à l = L/Y, em que Y é o produto e N o tamanho da força de trabalho. A produtividade do trabalho (B) será definida pelo inverso do coeficiente de mão-de-obra (l); B = Y/L. Supondo uma redução nesta produtividade (aumento de l), o nível de emprego (L) será maior para a mesma quantidade de produto. Ou seja, dado o estoque de capital, o nível de emprego correspondente ao produto potencial será determinado pela equivalência entre produto marginal do trabalho e salário de subsistência, só se ampliando com a expansão da acumulação de capital.
b) Uma redução do tamanho do estoque do capital:
Seja o produto potencial desta economia (Y*) definido por Y*= min (YL, YK), em que YL é o produto de pleno emprego do trabalho e YK do capital. Como a mão-de-obra é abundante, o produto potencial será dado pela plena utilização do capital, Y* = r.K. Além disso, a quantidade de trabalho empregada (L), mesmo que se opere ao nível de produto potencial, será limitada a L = l.Y*. Isto significa que o nível de emprego do trabalho vai depender da acumulação de capital, já que L = l.(r.K). Logo, uma redução no estoque de capital (K) irá gerar uma redução no nível de emprego. Isto ocorre porque na teria heterodoxa de acumulação de capital o fator escasso é o trabalho e, portanto, o aumento do estoque de capital irá aumentar o nível de emprego.
C) Um aumento da produtividade do trabalho:
No modelo de acumulação, o método de produção da economia é definido pelos coeficientes técnicos de trabalho e capital, sendo representados por l = L/Y, em que L é o nível de emprego e Y o de produto, e v = K/Y, em que K é o estoque de capital. A produtividade do trabalho é definida por B = 1/l, isto é, o inverso da relação trabalho-produto. Nesse sentido, um aumento da produtividade do trabalho (B) geraria uma queda do nível de emprego da economia, uma vez que se reduziria l e, consequentemente, L.
d) Uma redução da relação capital-produto:
A relação capital produto neste modelo é definida por v = K/Y. Uma redução desta relação implicaria em um aumento relativo do produto (Y). Como o produto potencial da economia é determinado pelo aumento da acumulação de capital, tem-se que Y* = r.K, em que r é o inverso da relação capital produto (v). Além disso, a quantidade de trabalho utilizada (L) é limitada por: L = l.Y*, o que implica em afirmar que L = l.(r.K). Pode-se afirmar que uma diminuição relativa de K gera um aumento em r e, assim, uma elevação no nível de produto.
2) Em um modelo de acumulação onde a poupança potencial determina o investimento e o salário real é exógeno, qual é a relação entre a taxa de lucro e a taxa de crescimento da economia.
No modelo de acumulação, em que o estoque de capital é o propulsor do crescimento, o produto líquido da economia é definidor por Y* = b.L +rK, em que b é p salário real e r a taxa de lucro uniforme. A relação capital-produto é dada por v= K/Y, que é o inverso de R (Y/K). A taxa de crescimento é representada pela variação do produto potencial e, em uma economia de escambo, que torna válida a lei de Say, a proporção do produto potencial que é de fato investida é idêntica e determinada pela proporção do produto potencial que é poupada, ou seja, ∆Y*/Y*= gK = s/v. Supondo que os trabalhadores consomem todo o salário, a taxa de poupança da economia (s) será dada por: s= sK(1-w), em que (1-w) é a parcela dos lucros no produto. Em outras palavras, se os capitalistas não consumissem nada (sK=1), a taxa de poupança seria igual à parcela dos lucros no produto e se consumissem todo o lucro (sK=0), a taxa de poupança seria igual a zero. A taxa de crescimento da economia pode ser definida como o produto da proporção de lucros que é poupada pela taxa de lucro (r), já que r= (1-w)R. Dessa forma, a relação entre taxa de lucro e crescimento se dá por: gK= s/v = sK(1-w)/v = sK(1-w).R.
3) Qual seria o impacto sobre a economia para Prebisch e Furtado de uma queda do consumo de luxo das elites.
Prebisch e Furtado encaram o gasto improdutivo como um desperdício, que acaba por ter conseqüências negativas, seja para a taxa de acumulação de capital da economia ou então sobre a distribuição funcional da renda e a inflação. Eles (assim como a maior parte da primeira geração da CEPAL) vêem o gasto improdutivo e a idéia de falta de poupança como principal restrição interna ao crescimento. Existe a hipótese implícita da validade da Lei de Say, pois o não consumo (a poupança) dos capitalistas determinaria o investimento e a acumulação de capital. Prebisch defende a necessidade do aumento na acumulação do capital e diz que, para isso, geralmente é incompatível o tipo de consumo de alguns setores. Logo, ambos acreditam que o consumo de luxo é um entrave ao crescimento econômico, e que, uma queda nesse consumo levaria a um aumento na poupança e, conseqüentemente, no investimento, levando a um crescimento à longo prazo da capacidade produtiva.
5) As duas formas pela qual o investimento pode gerar poupança. Oxford VS Cambridge. Kalecki VS Poupança forçada.
A primeira versão supõe que em longo prazo a poupança requerida é gerada pela inflação e pelas mudanças por ela induzidas na distribuição funcional da renda. Esta forma está baseada na distribuição, faz-se a suposição de que a economia está sujeita a uma forte restrição estrutural pelo lado da oferta, no longo prazo. A renda real não altera com o aumento dos gastos de investimento, e a inflação de demanda eleva os preços, gera perda de salário real e altera a distribuição de renda em favor da classe mais poupadora, gerando um processo de “poupança forçada”, em detrimento da classe que consome bens salários. A segunda versão argumenta que em longo prazo o investimento gera poupança através de variações do produto e da renda real. A produção consegue responder a estímulos de demanda de longo prazo, a distribuição não precisa se alterar automaticamente e o produto e renda real são as variáveis de ajuste. Neste caso, o produto é determinado pela demanda efetiva agregada e não há uma relação inversa e sim positiva entre os níveis de investimento e consumo em longo prazo.
6) As duas visões sobre a determinação do investimento nas teorias de crescimento liderado pela demanda.
A diferença básica entre as duas visões sobre a determinação do investimento nas teorias de crescimento liderado pela demanda está no investimento ser fundamentalmente autônomo ou ser induzido. A primeira visão que pode ser exposta é a de que o investimento é autônomo ou uma variável independente, em relação à renda, à demanda e à capacidade produtiva. O investimento produtivo privado é visto como autônomo ou induzido no que diz respeito à conexão técnica necessária entre investimento e expansão da capacidade produtiva. Se o investimento produtivo privado é considerado autônomo, então, dada a relação técnica entre investimento e criação de capacidade, necessariamente a evolução da capacidade produtiva será apenas uma conseqüência das decisões de investir. Pode-se também ver o investimento como induzido basicamente pela evolução esperada da demanda, através de um mecanismo do tipo aceleradorflexível ou de ajuste do estoque de capital, naturalmente é a evolução da demanda efetiva que regula o ritmo de expansão desejada da capacidade produtiva e o investimento é uma conseqüência deste processo. O investimento produtivo privado é totalmente induzido em longo prazo pelo processo de ajustamento da capacidade à demanda e o crescimento desta depende da expansão dos gastos autônomos improdutivos, que, por sua vez, geram consumo e investimento induzidos.
8) A necessidade da industrialização da periferia segundo Prebisch.
Para o autor, as importações são em geral induzidas pelo nível de produto e renda doméstico. Isto implica que para um país, as exportações são uma função do nível de atividade e renda do “resto do mundo”. Assim, a capacidade de gerar divisas se torna uma restrição externa ao crescimento tal que o produto de longo prazo é determinado pelo produto que equilibra o BP, e este é função das propensões marginais a importar, a exportar e o produto do resto do mundo. O ponto central era que, se os países latino-americanos continuassem especializados em exportar produtos agrícolas de baixa elasticidade renda e em importar produtos industriais de alta elasticidade, ou seja, enquanto a propensão marginal a exportar fosse menor que a propensão marginal a importar, a necessidade de fechar as contas externas tornaria inevitável que os países crescessem em longo prazo a taxas menores que os países industrializados. Sendo assim, a industrialização seria a única forma de elevar a propensão marginal a exportar e/ou reduzir a propensão marginal a importar dos países periféricos e, portanto, permitir que taxas de crescimento iguais ou preferivelmente mais elevadas do que a dos países centrais fossem compatíveis com a restrição externa.
13) As visões da CEPAL I, CEPAL II, e Kalecki sobre a relação entre o consumo das elites, a distribuição de renda e o crescimento econômico.
A visão dominante na CEPAL I sobre o gasto improdutivo capitalista, ou o consumo das elites, era que este era um desperdício e reduzia a capacidade de poupança e o investimento das economias em desenvolvimento. Existe a hipótese implícita da validade da Lei de Say, pois a restrição interna ao crescimento seria dada pela capacidade de poupança e a determinação do investimento por meio desta. O consumo de luxo acentua também a distribuição de renda em favor dos capitalistas, já que tais produtos são mais intensivos em capital do que os bens consumidos pela população, como postula Furtado. Mas quando saímos da aceitação da Lei de Say, o consumo de luxo, os gastos improdutivos ganham maior importância. Duas são as vertentes a respeito do mecanismo pelo qual o investimento determina a poupança pelo PDE: A primeira versão supõe que em longo prazo poupança requerida é gerada pela inflação e pelas mudanças por ela induzidas na distribuição da renda. A segunda versão argumenta que em longo prazo o investimento gera poupança através de variações do produto, através do conhecido mecanismo do multiplicador. Na primeira versão, de Cambridge, o gasto improdutivo não afeta negativamente a acumulação de capital, pois o investimento é determinado independentemente. O que ocorre é que, dadas as decisões de investir, quanto maior for o gasto improdutivo maior terá de ser a parcela dos lucros no produto para acomodar tanto o investimento quanto o gasto improdutivo. Desta maneira um aumento do gasto improdutivo, embora não atrapalhe nem ajude a acumulação, torna-se um fardo para os trabalhadores pois gera inflação e uma maior desigualdade da distribuição de renda. Quanto maior o gasto improdutivo menor será o consumo induzido dos trabalhadores no longo prazo. Essas ideias foram defendidas por Kaldor(1956) após sua visita ao Chile (Palma (1989)) . Combinando sua teoria da distribuição com a ideia Cepalina, passou a argumentar que o gasto improdutivo era responsável na economia latino americana não por um lento ritmo de acumulação, mas pela tendência a concentração de renda e inflação. A partir de então, esta ideia se difundiu entre alguns autores ligados à CEPAL II, particularmente através da influência de Anibal Pinto. Na segunda versão, de Oxford, aumentos no investimento ou no gasto improdutivo aumentam o produto. Como se sabe este aumento será mais do que proporcional, pois devemos acrescentar o efeito do multiplicador. Nesta teoria o gasto improdutivo não causa nenhuma redução do investimento e sim um aumento da demanda efetiva e do produto. Além disso, o aumento do gasto improdutivo não reduz o consumo dos trabalhadores e sim o aumenta pelo efeito multiplicador mencionado acima. Kalecki utilizou esse esquema para explicar o efeito dos gastos improdutivos em economias maduras, mas para economias em desenvolvimento, muitas vezes utilizava a ideia de poupança forçada de Cambridge.
14) As causas do problema da instabilidade fundamental de Harrod.
Harrod fala sobre o “problema da instabilidade fundamental” da taxa de crescimento, uma vez que, qualquer divergência entre a taxa de crescimento efetiva e a taxa garantida, por menor que fosse, tenderia a se ampliar, implicando em um desajuste contínuo entre demanda agregada e capacidade no longo prazo. A taxa garantida de crescimento de Harrod seria a única taxa na qual investimento, demanda e capacidade produtiva cresceriam de forma equilibrada, seria a taxa necessária para valer a Lei de Say. Se a economia crescesse a qualquer outra taxa de crescimento (u≠1) haveria desequilíbrios não apenas permanentes, mas também cumulativos. Este resultado deriva do fato de que Harrod supunha que o investimento agregado fosse totalmente induzido e sensível ao grau de utilização da capacidade. Assim, se a taxa efetiva de crescimento fosse maior que a taxa garantida teríamos uma sobreutilização da capacidade produtiva (u>1) e as empresas em conjunto reagiriam aumentando seus investimentos, fazendo com que a taxa efetiva de crescimento se afastasse cada vez mais da taxa garantida. O simétrico também é valido.

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