Buscar

ESP economia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO - 2017-2
2º TRABALHO
7. Discuta a visão de Kalecki sobre política fiscal e as relações de poder em torno da mesma. Use o texto de Sayad que aplica as ideias de Kalecki para o Brasil para reforçar os pontos de Kalecki com exemplos para o Brasil.
Kalecki, em seu modelo de hiperinflação, não aparenta supor que a economia opera em pleno-emprego e ainda assim vê o processo hiperinflacionário como “monetário”. Na economia política de Kalecki é possível acrescentar que, a política monetária distribui poder de compra em função da distribuição de riqueza existente e, portanto, é preferível à fiscal. Como ele bem aponta "É falsa a suposição de que um governo manterá o pleno emprego numa economia capitalista se souber como fazê-lo" (Kafecki, 1943). Mesmo sabendo que a política monetária é ineficaz em muitas situações, como na época em que escrevia, Kalecki previa que o pleno emprego não seria mantido por meio de gastos públicos. 
Portanto, João Sayad aborda em seu artigo “Aspectos políticos do Déficit Público” na “Dinâmica econômica do capitalismo contemporâneo”, elementos da teoria de Kalecki sobre o pleno emprego, a inflação, os juros altos, a política fiscal e monetária, discernente ao mercado de capital. O mesmo autor, apresenta esses elementos em uma linha histórica fazendo uma retórica do controle do déficit público, que domina as prescrições de política econômica dos anos 80 e 90, acompanhada, no entanto, por aumento nos gastos públicos. Ele analisa a evolução do déficit público, tomando como exemplo os países: Estados Unidos e o Brasil, reaplicando as preposições do artigo de Kalecki. Sayad então expõe que os clássicos, os conservadores e empresários preferem a política monetária à fiscal, pois a política monetária não intervém no "Livre" funcionamento dos mercados e, portanto, empresários e investidores preferem vendas menores e lucros menores ao pleno emprego, pois para a teoria de Kalecki, essa opção é como um investimento político dos capitães da indústria. “Lucros e vendas menores seriam agora compensados pela estabilidade inflacionária decorrente de salários nominais estáveis e pela estabilidade política” (SAYAD, p. 245).
No entanto, no Brasil, a política econômica segue a restauradora política econômica conservadora da Administração de Reagan, em 1979, após trinta anos gloriosos do capitalismo São listados os principais problemas dessa instabilidade da economia americana: déficit público, excesso de impostos e ineficácia dos gastos sociais. Porém, o déficit público não se reduz com a política de juros altos praticada pelo Federal Reserve e o câmbio flutuante desde 1973. Entretanto, em 1980, os Estados Unidos inauguram a política econômica, retórico de controle do déficit público associada o elevado déficit público devido a taxas de juros muito altos e baixo nível de atividade, que parecia promissora pelos próximos 20 anos. 
Logo, no caso brasileiro, a redemocratização é acompanhada pela estigmatização das empresas estatais como responsáveis por todas as mazelas da instabilidade inflacionária brasileira. No artigo de Kalecki, há essa previsão de estigmatização no Brasil e o resgate do pensamento conservador americano. Sayad faz uma relação do conceito de déficit público de pleno emprego abordado em Kalecki em 1943 com o seu conceito atual, tendo em vista a sua ampliação, ao considerar empresas de propriedade pública como parte do governo. No Brasil, pode-se observar déficits públicos crescentes acompanhados de alto nível de desemprego, aponta o autor apresentando uma tabela que mostra que a variação dos gastos públicos acompanha quase que exatamente o déficit público. Por força de uma identidade contábil mal construída, o problema do balanço de pagamentos do Brasil passou a ser atribuído ao “déficit público”, comenta o autor (p. 249). Ele discute que, se os juros subiram para compensar a elevada inflação americano, não deveriam ser considerados como nova dívida, mas sim como correção monetária da dívida anterior, como acontecia, por exemplo, nos empréstimos habitacionais brasileiros. E, conclui que essa "correção", entretanto, não foi considerada.
Dessa forma, como parte da estratégia da política econômica de 1974 o 1979, as estatais brasileiras que se haviam endividado em dólares quase que compulsoriamente, passam a ser responsabilizadas por imenso "déficit público". E então, Sayad (p.249) explicita com esses argumentos acima que "déficit" passou a ser sinônimo de prejuízo nos órgãos de comunicação e no discurso político e, porém, o seria como um ajuste monetário. Para Sayad (p. 245) “O desemprego é indispensável para manter a ordem do mercado de trabalho e, consequentemente, as ordens monetária e política”. 
Ademais, pegando o conceito de política fiscal e déficit público por Sayad em seu texto, que, portanto, “é aquela política que altera os fluxos de gastos e receitas do governo, mantendo constante o estoque de dívida pública em relação à quantidade de outros ativos financeiros públicos, a moeda especialmente” (p. 251) e sua análise, o aumento do déficit público seria política fiscal "pura", na medida em que fosse financiado por emissão da dívida pública e emissão de meios de pagamento, de forma que a relação entre o saldo da dívida e o saldo de meios de pagamento ficasse constante e, a política monetária "pura", ao contrário, mudaria o estoque relativo de dívida e meios de pagamento, sem alterar a quantidade de recursos à disposição do governo. A ligação entre as duas políticas fiscal e monetária, entretanto, possa a fazer parte da discussão sobre a questão da manutenção do nível de atividade da economia. “A política fiscal é inflacionária, se eleva as taxas de juros acima das taxas de "juros naturais". O desemprego natural é inevitável” (SAYAD, p. 254). Quando Kalecki se refere a déficit público e manutenção do pleno emprego, está pensando em política fiscal. As previsões de Kalecki, por se aterem do lado fiscal, eram incompletas. Se os "capitães da indústria" se colocassem contra o déficit público, a demanda agregada se reduziria. Aqui, portanto, chegamos onde se reforça as ideias de Kalecki para o Brasil e outros países, pois apesar de a demanda agregada ser menor, o capital não tem aplicação alternativa de investimento se não considerar a existência de moeda ou dívida pública. “A disciplina do mercado de trabalho e o desemprego só podem tornar-se efetivos e uma estratégia aceitável para os "capitães da indústria", se existir uma taxa de retorno alternativa para o capital que não retorna para a economia como investimentos produtivos” (SAYAD, p. 255). 
Portanto, as previsões de Kalecki precisavam estender-se à política monetária. Como aconteceu no caso brasileiro com a privatização das estatais com o objetivo da diminuição do déficit público, porém este converteu-se em motivação política para reduzir a concorrência do setor público nos mercados privados. O controle dos gastos públicos sempre foi acompanhado de política de juros muito altos que conseguiam oferecer ao investidor inseguro com o estado das coisas uma aplicação alternativa ainda mais rentável, os elevados juros da dívida pública. Para que o “horror do déficit público” possa materializar-se, precisa ser complementado por política monetária restritiva que ofereça alternativa lucrativa para o capital. Para Sayad (p. 256), Kalecki estava certo em suas previsões, “o desemprego é de fato funcional e constitui o verdadeiro instrumento de estabilização e manutenção da ordem monetária”. 
Torna-se evidente, portanto, que a intenção do autor é explicar os mecanismos da economia conservadora. Analisando o déficit público, aborda-se temas que são de suma importância e que se relacionam. Questões sobre empréstimos, investimento, juros, gastos, dívidas e desemprego. Na evolução do tema abordado, é possível ver a mudança do papel do empréstimo no cenário político, que torna perceptível a observação da mudança transição do contexto político brasileiro. Que, primeiramente, os empréstimos financiavam projetospúblicos de investimentos, e adiante, esses financiamentos seriam para programas setoriais, reduzindo gastos governamentais sociais e aumentando a competitividade. Sendo assim, é possível notar a mudança de um modelo de Estado interventor, para um modelo mais liberal. A partir desses financiamentos é capaz percorrer toda estrutura econômica citada no decorrer do texto. Soluções para tentar reduzir o déficit público, no caso das privatizações da década de 1990, que foram falhas. Da relação com as políticas fiscais e monetárias. De como os juros implicam severamente no déficit público e nas relações de investimentos dos capitalistas, e como essas relações vão resultar no desemprego. É importante relatar que o Déficit público nos Estados Unidos, não se reduz, mas seu controle estabiliza e prosperar monetariamente o país. Já no caso do Brasil, há aumento do déficit, estagnação e instabilidade inflacionária. Por fim, o autor explica que as políticas econômicas conservadoras encobrem a funcionalidade do déficit público, o que acarreta desemprego e a disciplina nos mercados de trabalho.

Outros materiais