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1/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica Estabilidade Básica e Dinâmica Autor: Sérgio Nogueira Colaboradores: Marcio Luis Macedo de Souza, Sérgio Cardoso Télio Bras Boaventura e Eduardo de Souza Lima Figueiredo CURSO DE OPERADOR DE CONTROLE DE LASTRO Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica CURSO DE OPERADOR DE CONTROLE DE LASTRO Disciplina: ESTABILIDADE ESTÁTICA E DINÂMICA PARA T.E. Instrutor: LUCIANA R. MIRANDA (UPDM) Carga horária da disciplina: 32h Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica Capítulo 1 - Estabilidade de plataformas semissubmersíveis 1. Estabilidade de plataformas semissubmersíveis 1.1. Por que semissubmersível? 1.2. Sistema de referência, convenção de sinais e nomenclatura Capítulo 2 - Equilíbrio 2. Equilíbrio 2.1. Conceito 2.2. Tipos de equilíbrio 2.3. Conclusões importantes 2.4. Forças que atuam na plataforma e respectivos pontos de aplicação 2.5. Equilíbrio de um corpo flutuando Capítulo 3 - Determinação do momento de retorno (Mr) 3. Determinação do momento de retorno (Mr) 3.1. Método dos pequenos ângulos 3.2. Método dos grandes ângulos 3.3. Comparação entre os métodos dos pequenos e grandes ângulos 3.4. Efeito da superfície livre na estabilidade 3.5. Teste de inclinação e peso leve Sumário Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica Capítulo 4 - Critérios de estabilidade intacta e em avaria 4. Critérios de estabilidade intacta e em avaria 4.1. Entidades Estatutárias e Sociedades Classificadoras (S.C.) 4.2. Filosofia dos regulamentos 4.3. Critérios de estabilidade intacta (apenas vento) 4.4. Critérios de estabilidade em avaria (alagamento + vento) 4.5. Critério geral (condições intermediárias) 4.6. Curva de KG máximo 4.7. Limitações estruturais 4.8. Fatores que limitam um carregamento qualquer 4.9. Boletim de estabilidade 4.10. Contingência para avaria e previsão de mau tempo 4.11. Unidades estabilizadas por colunas Bibliografia Sumário IntroduçãoIntrodução 6/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica Esta apostila tem por finalidade apresentar aos técnicos de estabilidade os conceitos fundamentais de embarcações. Desde Antes de Cristo, os cientistas já buscavam respostas quanto ao fenômeno da estabilidade. Ao longo dos anos, houve muitas experiências baseadas na tentativa e erro, em alguns desses erros resultaram em desastres. No final do século XVIII, grande quantidade de mercadoria era transportada pelo mundo através de embarcações. A competitividade era grande entre os armadores a fim de obter mercadorias para poder transportar, tendo então os armadores baixados os custos o máximo possível para poder aumentar a margem de lucro. Com uma maior degradação da frota de embarcações mercantes e pior construção destas nos estaleiros, muitas embarcações afundaram durante o transporte de carga, causando muitos prejuízos aos mercadores, que buscaram então companhias de seguros a fim de assegurar as cargas no transporte. No século XIX, Edward Lloyd`s - dono de um bar localizado nas docas da Inglaterra - fundou a Lloyd`s Register, a primeira sociedade classificadora. Esta é uma entidade isenta que funciona como um auditor da qualidade da embarcação, atividade bastante utilizada pelas companhias de seguro. Introdução 7/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica Após o acidente do Titanic em 1912, foi criada a convenção SOLAS (Safety of Life as Sea), no qual contribuiu como um importante desenvolvimento para as legislações de embarcações. Após o SOLAS, outras convenções foram desenvolvidas sendo utilizadas nos dias atuais (Borda-Livre, MODU etc). Atualmente ainda é possível encontrar acidentes em embarcações por problemas de estabilidade. Por este fato, é bastante importante o controle dos parâmetros associados à estabilidade de embarcações, a fim de evitar problemas financeiros, ambientais e de risco à vida humana. Introdução 8/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica Estabilidade de plataformas semissubmersíveis Capítulo 1 9/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica Qualidade que uma embarcação tem, em uma dada condição, de suportar um momento de emborcamento dentro de limites aceitáveis de inclinação e afundamento. Momento de emborcamento é um momento que tende a tirar a embarcação da sua condição de equilíbrio e que pode ter origem externa (vento, onda, abalroamento) ou interna (deslocamento, descarte ou acréscimo de pesos). Os limites aceitáveis dependerão do tipo e finalidade da embarcação que pode ser um navio, plataforma, draga, cruzeiro, etc. 1. Estabilidade de plataformas semissubmersíveis 10/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica Diversos fatores podem afetar o equilíbrio de uma unidade flutuante: • Condição da embarcação: distribuição de carga, forma submersa e emersa. • Deslocamento de pesos: avaria (embarque de água), içamento e descarte de pesos, peso solto no convés. • Ações do meio ambiente: ventos, ondas. • Limites aceitáveis de inclinação e afundamento são definidos basicamente por dois parâmetros: • Critérios de segurança: regulamentos internacionais (IMO), do país de registro (Bandeira) e entidade costeira (DPC, USCG, etc.) e Sociedade Classificadora. • Finalidade da embarcação: o Navio mercante > transporte de cargas: 15 a 20 graus; o Plataforma de perfuração > trabalho no convés: 2 a 5 graus; o Navio de passageiros > conforto: 1 a 2 graus. 1. Estabilidade de plataformas semissubmersíveis 11/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica Estabilidade é a capacidade da embarcação voltar à posição de equilíbrio inicial quando perturbada temporariamente (rajada ou onda) ou atingir uma nova condição de equilíbrio final aceitável quando perturbada continuamente (vento, avaria, etc.). Trata-se de um conceito relativo dependendo de muitos fatores. 1. Estabilidade de plataformas semissubmersíveis 12/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 1.1. Por que semissubmersível? A plataforma semissubmersível é uma embarcação projetada e construída para atender a um conjunto específico de condições operacionais, listadas abaixo. Para atender a essas condições, as semis possuem características específicas de forma, estrutura e equipamentos. •Área para as atividades de perfuração e/ou produção, estocagem de equipamentos, consumíveis (lama, baritina, cimento, bentonita) e acomodações: grande área de convés; •Capacidade de suportar a carga de equipamentos, consumíveis, tensões (risers, tensionadores, ancoragem, gancho): pontoons volumosos para gerar empuxo; 13/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 1.1. Por que semissubmersível? • Possuir movimentos dentro dos limites aceitáveis para o trabalho: colunas esbeltas na região das ondas; • Aproamento fixo e consequente capacidade de suportar as condições ambientais de qualquer direção: forma do convés e arranjo de colunas simétricos; • Atendimento aos requisitos de segurança com menor custo de construção e operação: projeto adequado e otimizado. 13/195 14/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 1.1. Por que semissubmersível? Por locomoverem-se, eventualmente, as plataformas semissubmersíveis não necessitam possuir formas hidrodinâmicas otimizadas. Plataformas semissubmersíveis 15/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 1.2. Sistema de referência, convenção de sinaise nomenclatura A seguir serão explicitados o sistema de coordenadas e eixo de referências e suas especificações, assim como a nomenclatura básica utilizada nas semissumersíveis. 16/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 1.2.1. Sistema de coordenadas e eixo de referência O sistema de coordenadas locais utilizados no projeto, construção e durante a operação das unidades semissubmersíveisé o ortogonal: • Eixo longitudinal (X), • Transversal (Y) • Vertical (V). 17/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 1.2.1. Sistema de coordenadas e eixo de referência •Eixo longitudinal (X): é o eixo segundo o qual se determina as coordenadas no sentido proa popa. Tem como referência o plano de seção mestra que é o plano que divide a unidade em duas “metades”, uma a vante e outra a ré. Esse plano geralmente é determinado pela simetria longitudinal das colunas, ou seja, se a unidade tem número par de colunas, fica equidistante das colunas centrais e se a unidade tiver número ímpar de colunas, esse plano passa pelo centro das colunas centrais. Na maioria das unidades, as coordenadas longitudinais são positivas a vante. Ex: LCG (coordenada longitudinal do centro de gravidade), LCB (coordenada longitudinal do centro de carena); 18/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 1.2.1. Sistema de coordenadas e eixo de referência •Eixo transversal (Y): é o eixo segundo o qual se determina as coordenadas no sentido bombordo boreste. Tem como referência o plano de linha de centro, que é o plano que divide a unidade em duas “metades”, uma a bombordo e outra a boreste. Esse plano é determinado pela simetria transversal das colunas e pontoons, ou seja, equidistante das colunas a bombordo e a boreste. Na maioria das unidades, as coordenadas transversais são positivas a boreste. Ex: TCG (coordenada transversal do centro de gravidade), TCB (coordenada transversal do centro de carena); 19/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 1.2.1. Sistema de coordenadas e eixo de referência •Eixo vertical (V ou K): é o eixo segundo o qual se determina as coordenadas no sentido vertical. Tem como referência o plano de base, ou quilha (Keel em inglês), que é o plano que passa pelo fundo dos pontoons. Quando a unidade possui propulsores azimutais (thrusters) é provável que o plano de base seja definido pela extremidade inferior dos mesmos. As coordenadas verticais são positivas para cima. Ex: VCG ou KG (coordenada vertical do centro de gravidade), VCB (coordenada vertical do centro de carena); 20/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 1.2.2. Nomenclatura básica A ilustração a seguir contém a nomenclatura, com seu equivalente em inglês entre parênteses, das dimensões e elementos principais de uma unidade semi. X = Eixo longitudinal Y = Eixo transversal Z = Eixo vertical Eixos de referência - Seção mentra = Midship section plane - Linha de centro = Center line plane - Plano de base = Base line plane 21/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 1.2.2. Nomenclatura básica A ilustração a seguir contém a nomenclatura, com seu equivalente em inglês entre parênteses, das dimensões e elementos principais de uma unidade semissubmerssível. Nomenclatura 22/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 1.2.2. Nomenclatura básica • Alguns exemplos de convenção de sinais são apresentados nas ilustrações a seguir. 23/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 1.2.2. Nomenclatura básica • Alguns exemplos de convenção de sinais são apresentados nas ilustrações a seguir. 24/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 1.2.2. Nomenclatura básica • Alguns exemplos de convenção de sinais são apresentados nas ilustrações a seguir. 25/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 1.2.2. Nomenclatura básica • Alguns exemplos de convenção de sinais são apresentados nas ilustrações a seguir. 26/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 1.2.3. Movimento e inclinações Uma embarcação flutuando possui 6 graus de liberdade de movimento, sendo 3 graus de deslocamento em uma dada direção (linear) e 3 graus são de giro em torno de um eixo (angular). A nomenclatura para esses 6 graus de liberdade estão representados na ilustração. 27/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 1.2.3. Movimento e inclinações Os deslocamentos lineares e angulares de uma plataforma semissubmersível ancorada são causados basicamente por vento e ondas incidindo sobre a mesma e podem ser divididos em dois grupos: •Surge , sway e yaw: Esses movimentos sofrem restrição do sistema de ancoragem da unidade, que deve ser projetado para limitá-los a valores aceitáveis; •Roll , pitch e heave: Esses movimentos sofrem pouca influência do sistema de ancoragem e são limitantes para a operação da unidade. Os parâmetros determinantes para que a plataforma semissubmersível apresente movimentos de roll, pitch e heave dentro dos limites operacionais especificados, considerando as condições de vento e onda do local onde irá operar são a forma das colunas e pontoons e a distribuição de massa. 28/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 1.2.3. Movimento e inclinações Os movimentos de roll e pitch são cíclicos (transientes), porém a plataforma também apresenta inclinações permanentes que dependem do seu carregamento. Inclinações permanentes no sentido proa - popa são chamadas de trim (ver segunda ilustração) e terão a mesma convenção de sinais das coordenadas longitudinais. Ex.: se a convenção for positivo a vante, o trim será positivo se a proa tiver mais afundada que a popa. 29/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 1.2.3. Movimento e inclinações Inclinações permanentes no sentido BB - BE são chamadas de banda (ver ilustração) e terão a mesma convenção de sinais das coordenadas transversais. Ex: se a convenção for positivo a BE, a banda será positiva se BE estiver mais afundado que BB. 30/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica Equilíbrio Capítulo 2 31/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2. Equilíbrio Uma embarcação qualquer flutuando se encontra em estado de equilíbrio, enquanto as condições internas (carregamento) e externas (vento, ondas, etc.) não se alterarem. Quando um ou mais desses parâmetros mudarem, a unidade também irá mudar para uma nova condição de equilíbrio e lá permanecer até que algum parâmetro mude novamente. Portanto, o estudo da estabilidade é o estudo da condição de equilíbrio na qual a embarcação se encontra. ESTABILIDADE ESTADO( FORMA DE EQUILÍBRIO) 32/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.1. Conceito O conceito físico de equilíbrio é “condição na qual o corpo permanece indefinidamente até que uma força ou momento venha a agir (inércia constante)”. Equilíbrio se confunde com manutenção da inércia e em condições normais, onde sempre existe atrito (ex: entre a embarcação e a água), os corpos tenderão naturalmente ao equilíbrio. 33/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.1. Conceito Condições para que um corpo esteja em equilíbrio: • Aceleração linear nula: Velocidade linear constante > Aceleração linear = Ø F = m . α →→→→ ΣF =Ø Ou seja, se considerarmos que força = massa x aceleração linear e que a força resultante é nula, a aceleração linear será, então, igual a zero ) 34/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.1. Conceito Condições para que um corpo esteja em equilíbrio: • Aceleração angular nula: Velocidade angular constante > Aceleração angular = Ø M = I . α →→→→ ΣF = Ø Ou seja, se considerarmos que Momento = inércia de giro x aceleração angular e que o momento resultante é nulo, a aceleração angular será então igual a zero ) 35/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.1. Conceito Corpos se deslocando à velocidade constante ou girando a uma rotação constante (ex: planeta terra) estão em equilíbrio. 36/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.2. Tipos de equilíbrio Um corpo está em equilíbrio quando o somatório das forças e dos momentos que atuam sobre esse corpo é nulo, porém a natureza desse equilíbrio vai depender da forma como essas forças e momentos vão passar a atuar sobre o corpo quando esse for levemente perturbado 37/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.2. Tipos de equilíbrio O tipo de equilíbrio dependerá de como variam as forças que agem no corpo quando este é perturbado. O tipo de equilíbrio depende da força ou momento resultante. 38/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.2. Tipos de equilíbrio A condição de equilíbrio estável depende da intensidade da perturbação ao qual o corpo é submetido, ou seja, qualquer corpo pode ser tirado da sua condição de equilíbrio estável se suficientemente perturbado. Tipo de equilíbrio Tendência da resultante (força ou aumento) Consequência Estável Retornar o corpo à posição de equilíbrio inicial Corpo retorna à posição de equilíbrio inicial Indifetente Não há. Corpo assume outra posição de equilíbrio igual ou não à inicial Instável Afastar o corpo da posição de equilíbrio inicial Corpo assume outra posição de equilíbrio diferente da inicial 39/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.3. Conclusões importantes • O tipo de equilíbrio conveniente para qualquer embarcação é o equilíbrio estável; • O que definirá o equilíbrio em uma semissubmersível é a resultante das forças que agem sobre qualquer corpo submerso: peso e empuxo. • O tipo e a qualidade do equilíbrio de um corpo flutuante, ou seja, a estabilidade, será definida pela forma como variam as forças que atuam sobre esse corpo quando é deslocado da sua posição inicial. 40/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.3. Conclusões importantes Como as principais forças que atuam sobre um corpo flutuando são o peso e empuxo, são essas que precisam ser analisadas. A ilustração a seguir apresenta a representação gráfica dos três tipos de equilíbrio em uma embarcação. 41/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.4. Forças que atuam na plataforma e respectivos pontos de aplicação Analisar a estabilidade de uma embarcação e, por sua vez, o seu equilíbrio, significa analisar as principais forças que atuam sobre os corpos flutuantes que são: peso e empuxo. Força Ponto de aplicação Peso Centro de gravidade (C.G.) Empuxo Centro de carena (B) 42/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.4.1. Forças peso (P ou ∆) A força peso é a resultante da ação do campo gravitacional da terra sobre cada porção de massa fixa ou temporária que faz parte da embarcação. O conjunto de pesos fixos de uma embarcação é denominado de Peso Leve e os pesos temporários de carregamento. • Natureza de uma força – É uma força de campo que atua sobre qualquer corpo imerso no campo gravitacional da terra (não precisa de contato direto). • Intensidade – Na prática naval se utiliza a tonelada força (t ou ton), que é a força capaz de imprimir em uma tonelada massa a aceleração da gravidade. Em plataformas de origem americana, ainda se utiliza unidades imperiais: short ton = 2000 lb = 907,2 kg e long ton = 2200 lb = 1016 kg; 43/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.4.1. Forças peso (P ou ∆) • Direção e sentido: Vertical (normal à superfície da água), para baixo; • Ponto de aplicação : Centro de massa ou centro de gravidade – CG • Coordenadas do centro de gravidade: o Longitudinal (LCG) o Transversal (TCG) o Vertical (VCG ou KG) 44/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.4.1. Forças peso (P ou ∆) • Existem forças de tração aplicadas às plataformas semis que, a rigor, não são força peso e não comporiam a resultante. Na prática, essas cargas são consideradas no conjunto do carregamento, e no boletim de estabilidade, computando-se a sua componente vertical no seu ponto de aplicação. As forças de tração comumente aplicadas às semisubmerssíveis são: • Linhas de ancoragem; • Risers flexíveis ou rígidos; • Carga no gancho; • Tensão nos tensionadores. 45/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.4.2. Empuxo Empuxo é a resultante das forças que o fluido exerce em um corpo nele imerso, que é igual ao conjunto de forças que o fluido exerce em uma porção do próprio fluido se esse tivesse a mesma forma do corpo submerso. Empuxo 46/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.4.2. Empuxo Já que essa porção do fluido estaria em equilíbrio com relação ao fluido no qual está imerso, conclui-se que: ΣF = 0 →→→→ O empuxo é igual ao peso do fluido deslocado = Equilíbrio (Arquimedes) ΣM = 0 →→→→ O empuxo tem o mesmo ponto de aplicação, mesma direção e sentido oposto a força peso. Empuxo 47/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.4.2. Empuxo Sendo assim, para força empuxo: • Natureza – É uma força de contato, depende do contato do corpo com o fluido; • Intensidade – Peso do fluido deslocado. ∆ = ∇∇∇∇ x ρ ∇ = volume do fluido deslocado (m3) ρ = densidade do fluido (t/m3) 48/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.4.2. Empuxo • Direção e sentido – direção igual e sentido oposto ao da força peso. • Ponto de aplicação – centro de massa do fluido deslocado. Como esse é homogêneo, torna-se o centro do volume deslocado = centro de carena (B). • Coordenadas do centro de carena: B Longitudinal (LCB) Transversal (TCB) Vertical (VCB ou KB) 49/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.4.2. Empuxo O empuxo, as coordenadas do centro de carena e demais características do volume submerso das embarcações são calculados na fase de projeto, através de programas computacionais. Esses programas fornecem as características hidrostáticas, na forma de tabelas ou curvas, para a faixa de calados de interesse, calculados para a condição de calados paralelos: sem banda ou trim. Essas informações são publicadas no Manual de Operação da embarcação. 50/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.4.2. Empuxo • As tabelas ou curvas apresentam basicamente os parâmetros listados abaixo: •∇∇∇∇ = Volume submerso (m**3); • Δ = Deslocamento (t. força); • LCB = Coordenada longitudinal do centro de carena (m); • TCB = Coordenada transversal do centro de carena (m); • VCB ou KB = Coordenada vertical do centro de carena (m); • Awl = Área de linha d’água (m**2); • LCF = Centro longitudinal de área de linha d’água(m); 51/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.4.2. Empuxo As tabelas ou curvas apresentam basicamente os parâmetros listados abaixo: • TCF = Centro transversal de área de linha d’água (m); • TPC = Deslocamento referente à diferença de calado de um centímetro (t. força/cm); • Ixx = Momento de inércia de Awl em relação ao eixo longitudinal (m**4); • Iyy = Momento de inércia de Awl em relação ao eixo transversal (m**4); • KMT = Altura metacêntrica transversal (m); • KML = Altura metacêntrica longitudinal (m). As curvas hidrostáticas são uma “radiografia” da forma submersa da unidade. 52/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.4.3. Conclusões importantes Força peso e posição do centro de gravidade: • Só dependem da distribuição de pesos que compõem e das cargas que atuam na plataforma; • O peso e a posição do C.G. é calculada através do Boletim de Estabilidade. • O C.G. só é alterado se houver mudança na distribuição de massas ou carga, ou seja, retirada, acréscimo ou movimentação de massas ou cargas. • Na plataforma, o peso total e as coordenadas do centro de gravidade são calculados através do boletim de estabilidade. O boletim considera todos os pesos que compõem e todas as cargas que atuam na unidade. 53/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.4.3. Conclusões importantes Força empuxo e centro de carena: • Só dependem da forma do volume submerso da plataforma e o tipo (densidade) do fluido no qual ela está imersa; • O volume submerso e, por consequência, o empuxo e a posição do centro de carena já foram previamente calculados para calados paralelos e são obtidos das curvas ou tabelas hidrostáticas. 54/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.5. Equilíbrio de um corpo flutuando Uma embarcação flutuando tem o seu equilíbrio definido pela resultante e ponto de aplicação das forças de peso e empuxo, respeitando-se as condições: ΣF = 0 Equilíbrio ΣM = 0 Portanto, para que haja equilíbrio, conclui-se : ΣF = 0 →→→→ Peso = Empuxo (mesmo módulo e sentidos contrários) ΣM = 0 →→→→ Ponto de aplicação do peso (CG) e do empuxo (B) estão na mesma vertical. 55/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.5. Equilíbrio de um corpo flutuando Essa é a relação básica que determina o equilíbrio de uma embarcação quando não há ação significativa do vento, situação predominante durante a operação das plataformas semissubmersíveis. O equilíbrio sob a ação do vento, apesar de eventual é crítica para a estabilidade e a unidade precisa estar preparada para ela. As duas situações são analisadas a seguir. 56/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.5.1. Equilíbrio sem influência externa É a situação abordada acima, na qual as forças peso e empuxo têm mesmo módulo e estão sempre na mesma vertical. Lembrando que o peso resultante (carregamento) inclui as trações impostas à embarcação (ancoragem, risers, etc.) mudanças no equilíbrio ocorrerão sempre que houver mudanças no carregamento ou no empuxo (ver ilustração a seguir). 57/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.5.1. Equilíbrio sem influência externa Exemplificando: Mudanças no carregamento: • Acréscimo ou retirada de pesos, incluindo mudanças nas tensões de ancoragem, risers, etc.; • Mudança na posição (relocação) de pesos a bordo; • Embarque indesejado de água do mar (avaria). Mudança no empuxo: • A avaria pode ser considerada como peso acrescido ou como perda de empuxo. 58/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.5.1. Equilíbrio sem influência externa • Considerando as situações acima, fica evidente que a avaria é a que apresenta maior potencial de criticidade, principalmente pela rapidez e extensão do embarque de água e consequente acréscimo de peso (ou perda de empuxo). Equilíbrio de um corpo flutuante 59/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.5.2. Equilíbrio com influência externa As principais influências externas que podem atuar sobre uma plataforma semissubmerssível são o vento, as correntes, o empuxo dos propulsores da própria plataforma e cargas de reboque. Esses agentes tenderão a tirar a unidade da sua condição de equilíbrio através de um momento chamado, por esse motivo, de momento de emborcamento. As correntes marinhas, particularmente fortes na Bacia de Campos, vão incidir sobre a superfície exposta molhada da unidade impondo uma força horizontal tendendo a deslocá-la. 60/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.5.2. Equilíbrio com influência externa Esse deslocamento será contraposto pela componente horizontal do sistema de ancoragem na altura do fairleader. Como o braço vertical entre o centro de pressão e o fairleader é muito pequeno, o momento de emborcamento resultante também será pequeno. O mesmo acontece com as cargas de reboque que são aplicadas em pontos de fixação no topo dos pontoons. 61/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.5.2. Equilíbrio com influência externa Já as plataformas de posicionamento dinâmico (DP) possuem propulsores abaixo dos pontoons que podem gerar empuxo considerável e consequente momento de emborcamento. Porém, como existe um boa margem de controle e de previsibilidade na ação do sistema DP, essas situações não são consideradas críticas à estabilidade. 62/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.5.2. Equilíbrio com influência externa O vento é a ação externa crítica, principalmente por agir na parte emersa da plataforma. A pressão do vento sobre a parte emersa das pernas, costado do convés, superestruturas e equipamentos no convés (planta produção, torre de perfuração, etc.) resulta em uma força atuando no centro do conjunto dessas áreas. 63/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.5.2. Equilíbrio com influência externa Análogo à resultante da corrente, a força de vento vai ser contraposta pela componente horizontal da ancoragem aplicada no fairleader, porém, nesse caso haverá uma distância considerável entre o centro de pressão do vento e os fairleads. Equilíbrio de um corpo flutuante 64/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.5.2. Equilíbrio com influência externa Essa distância ou braço entre as forças de vento e componente horizontal da ancoragem resulta em um momento que tende a tirar a unidade da sua condição de equilíbrio denominado de momento de emborcamento. Equilíbrio de um corpo flutuante 65/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.5.2. Equilíbrio com influência externa O momento de emborcamento tira a unidade da sua condição de equilíbrio inicial inclinando-a progressivamente. Note que o momento de emborcamento não causa alteração no carregamento da unidade, a menos que haja cargas soltas que mudem de posição, mas, ao inclinar haverá mudança na forma submersa e consequentemente na posição do centro de carena (B). Ao inclinar o (B) se afasta progressivamente da vertical do peso, que passa inicialmente no CG, causando um binário entre ambos denominado de momento de retorno ou de restauração. Equilíbrio de um corpo flutuante 66/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.5.2. Equilíbrio com influência externa O equilíbrio ocorre quando o momento de retorno, inicialmente nulo,aumenta até se igualar ao de emborcamento. O ângulo de inclinação da unidade onde ocorre esse equilíbrio é denominado ângulo de equilíbrio estático e a capacidade da unidade de contrapor um momento de emborcamento com momento de retorno, quando inclinada, é denominada de restauração. O sistema de ancoragem tem pouco efeito sobre a restauração da unidade. Equilíbrio de um corpo flutuante 67/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.5.2. Equilíbrio com influência externa Como forma de facilitar a sistemática para definir o equilíbrio de embarcações onde houve mudanças no carregamento ou embarque de água por avaria é prático considerar o translado do CG devido a ambos sob a forma de momentos de emborcamento. De forma análoga, o equilíbrio ocorrerá quando for atingida a equivalência deste com o momento de retorno. Equilíbrio de um corpo flutuante 68/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.5.3. Conclusões importantes • A coordenada vertical do centro de gravidade KG(VCG) é o principal parâmetro para a estabilidade: quanto menor o KG maior o Mr; • O equilíbrio ocorrerá quando o momento de emborcamento for igualado pelo momento de retorno, em sentido contrário, portanto o momento de retorno é o parâmetro que indica o grau de estabilidade da unidade; • Quanto maior o momento de retorno ou restauração em uma dada condição, maior o momento de emborcamento que a unidade suporta ou menor o ângulo de equilíbrio para um dado momento de emborcamento; 69/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.5.3. Conclusões importantes • Momento de emborcamento: o Permanente: vento, deslocamento de peso, avaria (embarque de água); o Transiente (temporário, cíclico): ondas, rajadas de vento. 70/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.6. Definição e cálculo do centro de gravidade Centro de gravidade ou de massa de um corpo rígido qualquer, ou de um sistema de corpos rígidos, é o ponto que se move como se toda a massa do sistema estivesse nele concentrada e toda a força externa atuante sobre o sistema nele estivesse aplicada. 71/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.6. Definição e cálculo do centro de gravidade Usando a definição anterior podemos calcular as cotas do CG de um corpo qualquer composto de partes cujos centros de gravidade e pesos são conhecidos, sabendo que o momento gerado pelo peso total do corpo agindo no seu CG é igual à soma dos momentos das várias partes que o compõem, com relação a qualquer ponto ou referencial, temos: 72/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.6. Definição e cálculo do centro de gravidade Deslocamento do CG • Com a retirada de peso: Peso p retirado da posição CGp de um corpo de peso Po e CGo . O peso é CG (Pf e CGf ) do corpo sem o peso p é: Po . CGo - p . CGp = Pf . CGf ( onde Pf = Po - p ) Portanto: 73/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.6. Definição e cálculo do centro de gravidade Deslocamento do C.G. • Com o acréscimo de peso, analogamente: Po . CGo + p . CGp = Pf . CGf ( onde Pf = Po + p ) Portanto: 74/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.6. Definição e cálculo do centro de gravidade Deslocamento do C.G. • Com o translação do peso p da posição Cgi para a posição Cgf: Po . CGo + p . CGf - p . CGi = Pf . CGf (onde Pf = Po) Portanto: 75/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 2.6. Definição e cálculo do centro de gravidade Podemos chamar CGf - CGi como a distância “d” percorrida pelo peso relativo ao referencial considerado (pode ser negativo): Estas equações são válidas para os três eixos de referência LCG, TCG e VCG (ou KG). Determinação do momento de retorno (Mr) Capítulo 3 77/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3. Determinação do momento de retorno (Mr) Fica evidente que a estabilidade de uma embarcação depende da sua capacidade de restauração, ou seja, de como varia o momento de retorno quando ela inclina, se afastando da condição de equilíbrio inicial. 78/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3. Determinação do momento de retorno (Mr) Em termos físicos o momento de retorno é o binário entre as forças de empuxo e peso. Como essas forças são, por definição, iguais em intensidade e direção e opostas em sentido, a distância ortogonal entre os seus eixos de aplicação será o braço do binário (GZ) denominado braço de endireitamento. Momento de retorno 79/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica Em termos matemáticos: Mr = ∆ . GZ 3. Determinação do momento de retorno (Mr) onde: Mr = Momento de retorno em t.m (tonelada metro); ∆ = Peso, igual a empuxo, total da embarcação em t (tonelada); GZ = Braço de endireitamento em metros. Momento de retorno 80/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3. Determinação do momento de retorno (Mr) Mr = ∆ . GZ Nessa equação, a parcela referente ao peso total (∆) é determinada pela soma do peso Leve mais o carregamento da embarcação, já o GZ vai depender da posição relativa entre o centro de gravidade (CG) e o centro de carena (B). O CG depende apenas da distribuição de pesos e cargas, porém o B depende da forma submersa da embarcação. 81/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3. Determinação do momento de retorno (Mr) Conforme apresentadas anteriormente, as características hidrostáticas fornecem a posição de B apenas para a condição de calados paralelos (banda e trim nulos), portanto, torna-se necessário determinar, por outros métodos, a posição de B com a embarcação inclinada e assim calcular o momento de retorno. A posição do B depende da forma do volume submerso da embarcação. Navios ,e principalmente plataformas semissubmersíveis, possuem cascos com forma complexa, não geométrica, que torna igualmente complexa a determinação da posição de B, principalmente quando inclinados. 82/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3. Determinação do momento de retorno (Mr) Resumindo: Para calcular o GZ e, portanto, o Mr, é preciso saber como varia B com a inclinação da unidade; O centro do volume submerso (B) de um casco complexo, como uma semissubmersível inclinada, prescinde de sistemática complexa para ser calculado. Vejamos então duas maneiras de definir, na prática, a posição de B para embarcações com cascos complexos inclinados: •Método dos pequenos ângulos; •Método dos grandes ângulos. 83/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.1. Método dos pequenos ângulos Analisando-se mais atentamente a ilustração do conjunto cadeira-garoto usada anteriormente vemos que duas forças estão agindo nesse sistema : força peso e força normal. Na exemplo do equilíbrio estável, a força normal está desalinhada da vertical da força peso causando um momento de retorno. Isso determina que o equilíbrio seja estável. Equilíbrio estável 84/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.1. Método dos pequenos ângulos Se considerarmos a base da cadeira, que está em contato com o chão, em formato de arco de círculo, conclui-se que a força normal para qualquer inclinação dentro dos limites da cadeira estará passando pelo centro desse arco de círculo que denomina-semetacentro (M). Havendo um metacentro, e conhecendo-se a posição de CG, é possível determinar o braço de retorno (GZ) e o momento de retorno (Mr) por simples trigonometria, como será visto mais adiante. Equilíbrio estável 85/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.1. Método dos pequenos ângulos Apesar de ser óbvia a conveniência em que haja um metacentro para B, ou seja, um ponto fixo por onde sempre passe a vertical do empuxo para qualquer ângulo de inclinação, isto só ocorrerá de fato para o volume submerso de forma mais simples: um cilindro flutuando considerando o giro em torno do seu eixo longitudinal. Apesar disso, constata-se que mesmo para formas submersas complexas, a trajetória de B se assemelha a um arco de círculo para uma certa faixa de ângulos em torno de zero. A faixa efetiva de ângulos na qual a aproximação é válida será maior quanto mais o volume submerso se assemelhar a um cilindro na direção de inclinação em questão. Equilíbrio estável 86/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.1.1. Formulação matemática A ilustração do momento de retorno representa graficamente a relação entre o CG e o B, quando a embarcação inclina (consistente com o método dos pequenos ângulos) assume-se que B gira em torno de um ponto fixo chamado de metacentro (M). Momento de retorno 87/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.1.1. Formulação matemática Dessa relação gráfica, deriva-se a principal relação trigonométrica para o cálculo do braço de retorno (GZ): senθ = GZ / GM →→→→ GZ = GM x senθ Onde: θ = ângulo de adernamento da embarcação GZ = braço de retorno GM = distância vertical entre o M e o CG no sistema de eixos da embarcação Momento de retorno 88/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.1.1. Formulação matemática Como a equação para momento de retorno é Mr = ∆ . GZ Temos que: Mr = ∇∇∇∇ . GM . senθ onde GM = KM – KG Falta ainda definir o KM, que é a coordenada vertical do metacentro (não se utiliza VCM). Lembrando que no método dos pequenos ângulos, o metacentro é o centro da trajetória circular de B, a distância vertical BM é justamente o raio desse círculo, portanto, BM é denominado de raio metacêntrico. 89/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.1.1. Formulação matemática Na realidade, o KM é a soma do KB (ou VCB) mais o raio metacêntrico (BM). Onde: KG = coordenada vertical do centro de carena BM = raio metacêntrico 90/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.1.1. Formulação matemática O KB é uma característica hidrostática, portanto, torna-se necessário definir o raio metacêntrico BM. Analisando-se novamente a relação gráfica entre peso, empuxo e metacentro da ilustração do momento de retorno percebe-se que o BM é a medida do quanto o centro de carena se desloca quando a embarcação inclina. Momento de retorno 91/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.1.1. Formulação matemática Em outras palavras, a relação entre a inclinação da unidade e o consequente deslocamento lateral do centro do volume submerso pode ser representado pelo raio metacêntrico BM. Momento de retorno 92/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.1.1. Formulação matemática Essa relação de causa e efeito é representada matematicamente como: Onde: BM = Raio metacêntrico em metros; I = Momento de inércia da área da linha d’água da unidade em torno do eixo de inclinação, no calado em questão, em m**4 ; ∇∇∇∇ = Volume total submerso, no calado em questão, em m**3 93/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.1.1. Formulação matemática Essa relação de causa e efeito é representada matematicamente como: Onde: BM = Raio metacêntrico em metros; I = Momento de inércia da área da linha d’água da unidade em torno do eixo de inclinação, no calado em questão, em m**4 ; ∇∇∇∇ = Volume total submerso, no calado em questão, em m**3 94/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.1.1. Formulação matemática A princípio, essa relação matemática pode não parecer ter uma correspondência prática clara, mas pode ser melhor compreendida a partir da definição de momento de inércia de área (I). Esse parâmetro é matematicamente definido para a área em questão como o somatório do produto de cada porção dessa área pelo quadrado da sua distância até o eixo de giro da área como um todo (razão da dimensão m**4). Em termos navais, a inércia de área quantifica o montante dessa área e o seu grau de afastamento do eixo de giro, ou seja, o quanto o volume em torno da linha d’água se modifica e o centro de carena desse volume se desloca lateralmente quando a unidade inclina. 95/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.1.1. Formulação matemática O efeito do deslocamento lateral do volume em torno da linha d’água sobre o deslocamento de B será inversamente proporcional ao deslocamento total (∇∇∇∇), que é o divisor da equação. Exemplificando, um grande deslocamento lateral do volume em torno da linha d’água causará um deslocamento maior em B se o ∇∇∇∇ total for menor e vice- versa. O volume submerso e a área de linha d’água da maioria das embarcações não são simétricos com relação aos eixos ortogonais X e Y, ou seja, as metades de vante e ré são diferentes das metades de BB (Bombordo ) e BE (Boreste). 96/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.1.1. Formulação matemática Isso significa que as inércias de área diferirão e, consequentemente, o BM, o GM e o próprio momento de retorno. De fato, para a maioria das embarcações, a restauração para banda e trim são diferentes, sendo a diferença grande para navios e pequena para plataformas semissubmersíveis. Lembrando: GM = distância vertical entre o M (metacentro) e o CG (centro de gravidade) no sistema de eixos da embarcação; BM = raio metacêntrico. 97/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.1.1. Formulação matemática As equações correspondentes são: Para banda: BMt = Ixx / ∇∇∇∇ Onde: BMt = Raio metacêntrico transversal; Ixx = Inércia transversal da área de linha d água (com relação ao eixo longitudinal xx) 98/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.1.1. Formulação matemática Consequentemente: Para trim: BMl = Iyy / ∇∇∇∇ Onde: BMl = Raio metacêntrico longitudinal; Iyy = Inércia longitudinal da área de linha d água (com relação ao eixo transversal yy) 99/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.1.1. Formulação matemática Consequentemente: Como as inércias de áreas também são características da forma submersa, essas são apresentadas nas tabelas e curvas hidrostáticas, portanto, a partir da distribuição de massa da embarcação (∇∇∇∇ e CG) é possível estabelecer uma relação matemática simples entre o momento de retorno e o ângulo de inclinação. Essa é a grande vantagem do método dos pequenos ângulos. 100/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.1.2. Conclusões importantes • O método dos pequenos ângulos é uma aproximação, pois a trajetória de B para embarcações usuais não pode ser descrita analiticamente e tão pouco é um arco de círculo; • A validade da aproximação é menor quanto maior for a inclinação, sendo aceitável dentro de limites quedependem da forma submersa da embarcação. Como orientação geral: o Casco em forma de cilindro → validade até ≅ 90 graus; o Navios mercantes usuais→ validade até ≅ 10 graus; o Plataformas semissubmersíveis → validade até ≅ 5 graus (em calado de coluna). 101/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.1.2. Conclusões importantes • A conveniência desse método é enorme, pois permite calcular o Mr através de uma equação analítica; • A sua validade é restrita, não servindo para se avaliar a estabilidade ao longo de toda a faixa de ângulos de interesse; • O GM torna-se então um indicativo da estabilidade inicial da embarcação, portanto : o Mr > 0 → GM > ∅∅∅∅ = embarcação inicialmente estável; o Mr = 0 → GM = ∅∅∅∅ = embarcação inicialmente indiferente; o Mr < 0 → GM < ∅∅∅∅ = embarcação inicialmente instável 102/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.2. Método dos grandes ângulos Este método consiste na determinação do momento de retorno (Mr) utilizando-se o braço de endireitamento (GZ) a partir da posição real do centro de carena B. Como foi visto anteriormente, para determinar o Mr é necessário conhecer a relação entre a posição de B e a inclinação da embarcação. Essa relação depende da forma submersa inclinada que, para embarcações usuais (navios ou plataformas), é bastante complexa e difícil ou impossível de ser definida analiticamente. 103/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.2. Método dos grandes ângulos A sistemática para determinar o GZ consiste na utilização de programas de computador específicos, nos quais o casco da embarcação é definido em grande detalhe através de pontos, no caso de navios, ou superfícies geométricas, no caso das plataformas. Esses programas, geralmente os mesmos que calculam as curvas hidrostáticas, irão calcular de forma empírica (uma condição por vez) o GZ para uma sequência de deslocamentos e ângulos de inclinação, considerando cada eixo de inclinação de interesse (ex.: banda ou trim). Essa informação é então compilada na forma de tabelas ou curvas, e publicada no Manual de Operação da embarcação. Quando em forma de curvas são denominadas Curvas Cruzadas de Estabilidade (C.C.E). 104/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.2. Método dos grandes ângulos O referido programa calcula a posição de B do volume submerso inclinado, mas, para se definir o GZ é necessário conhecer a posição do CG. Como o CG depende do carregamento, ou seja, da operação em curso, arbitra-se as coordenadas do CG que serão utilizadas pelo programa para calcular um GZ denominado de GZo. Por razões práticas, é usual definir o CG na vertical de B com banda e trim nulos (LCG = LCB e TCG = TCB) e arbitrar apenas o KG, denominado de KGo (ver ilustração a seguir). Momento de retorno 105/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.2. Método dos grandes ângulos A partir de valores de GZo obtidos das tabelas ou curvas cruzadas e do valor do KG determinado pelo carregamento é possível calcular o valor real de GZ (GZr) por simples trigonometria, conforme representado na ilustração. Momento de retorno 106/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.2. Método dos grandes ângulos Resumindo: Onde: GZr = braço de endireitamento real (m) GZo = braço de endireitamento considerando o KGo, retirado das curvas ou tabelas hidrostáticas (m) KGr = KG real, referente a condição que está sendo analisado (m) KGo =KG arbitrado para calcular GZo θ = ângulo de inclinação Momento de retorno 107/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.2. Método dos grandes ângulos Portanto, o momento de retorno é Mr = ∇∇∇∇ x GZr Na ilustração, o KGo foi arbitrado na quilha (KGo= 0). É padrão definir o KGo na quilha em navios, porém no caso de plataformas semissubmersível é comum arbitrar próximo do esperado para o KG real (ex.: KG= 15 m). Momento de retorno 108/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.2.1. Curva de Estabilidade Estática – C.E.E. O aspecto mais importante do método dos grandes ângulos é que possibilita obter os momentos de retorno reais ao longo de toda a faixa de ângulos de interesse e assim estabelecer uma "radiografia" da estabilidade da embarcação. Considerando uma embarcação com determinado carregamento, obtém-se das curvas ou tabelas cruzadas braços de retorno (GZo) para toda faixa de ângulos de interesse, considerando a direção da inclinação (ex: banda) e o deslocamento. Os valores de GZo são corrigidos considerando o KGr, e a curva é desenhada com o ângulo de inclinação no eixo das abscissas (ver ilustração a seguir). Como os valores de Mr são grandes, é usual utilizar o próprio GZr no eixo das ordenadas assim definindo a C.E.E.. 109/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.2.1. Curva de Estabilidade Estática – C.E.E. Se houver necessidade de determinar a condição de equilíbrio devido a um momento de emborcamento (Me), registra-se os braços de emborcamento (Me dividido pelo ∇∇∇∇) na mesma C.E.E. Curva de Estabilidade Estática 110/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.2.1. Curva de Estabilidade Estática – C.E.E. As principais informações fornecidas pela C.E.E. são (ver ilustração): • θEE: Ângulo de equilíbrio estático estável ou 1a interseção; • θEI: Ângulo de equilíbrio estático instável ou 2a interseção. É o ângulo a partir do qual a unidade emborca, considerando o Me, fim da faixa de estabilidade positiva com o Me; Curva de Estabilidade Estática 111/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica • Faixa de estabilidade positiva sem o Me; • Faixa de estabilidade positiva, considerando o Me; 3.2.1. Curva de Estabilidade Estática – C.E.E. • θMAX: Ângulo no qual o Mr é máximo, ou seja, até o qual poderá ocorrer o θEE. Se o Me for maior que o Mr máximo a embarcação emborcará. Curva de Estabilidade Estática 112/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.2.1. Curva de Estabilidade Estática – C.E.E. • θED: Ângulo de “equilíbrio” dinâmico. É o ângulo até onde a unidade inclinaria para depois retornar ao ângulo de equilíbrio estático, se o Me atuasse de forma instantânea e não houvesse perdas (atrito viscoso, etc.). Curva de Estabilidade Estática • Esse ângulo é determinado pela equivalência: Área sob a curva de Mr x θ = área sob a curva de Me x θ. 113/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.2.1. Curva de Estabilidade Estática – C.E.E. • Considerando as áreas: Curva de Estabilidade Estática 114/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.2.1. Curva de Estabilidade Estática – C.E.E. •Considerando as áreas: Importante: O cálculo de θED pela igualdade de áreas é para o fenômeno ideal, ou seja, Me agindo instantaneamente e embarcação girando sem perdas. Curva de Estabilidade Estática 115/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.2.2. Conclusões importantes •O cálculo do momento de retorno pelo método dos grandes ângulos é exato, pois utiliza a posição correta de B, sem aproximação, sendo válido para toda faixa de ângulos de inclinação. A Curva de Estabilidade Estática (C.E.E.) construída através desse método, torna-se a “radiografia” da estabilidade de embarcação. A utilização do método é mais complexa,pois implica na montagem de curvas (solução gráfica) ou tabelas (solução numérica) para se calcular as condições de equilíbrio: Mr = Me. Pelas razões acima, é o método utilizado nos cálculos referentes à avaliação e aprovação da estabilidade da embarcação, seja para efeito de classificação (Sociedade Classificadora) ou atendimento aos regulamentos estatutários. 116/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.3. Comparação entre os métodos dos pequenos e grandes ângulos Como desdobramento natural da análise individual dos dois métodos, cabe agora compará-los, lembrando que o método dos pequenos ângulos é válido apenas em torno do zero e o método dos grandes ângulos é válido em toda faixa de ângulos. Em termos matemáticos e gráficos, a relação entre a função Mr x ângulo determinada através dos dois métodos é que a tangente (1a derivada) da curva de Mr x θ por grandes ângulos é Mr x θ por pequenos ângulos. 117/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.3. Comparação entre os métodos dos pequenos e grandes ângulos A correspondência matemática para essa correspondência é: Para θ próximo de zero → sen θ ≅ θ Portanto se Mr = ∇∇∇∇ . GM . senθ for próximo de zero → Mr = ∇∇∇∇ .GM . θ O que torna a relação entre Mr e θ uma reta próximo do ângulo zero. De fato, no método dos pequenos ângulos, o KB e, consequentemente, a inércia de linha d’água, determinam o GM e a estabilidade inicial. No caso do cilindro girando em torno do seu eixo longitudinal, a linha d água (um retângulo) se mantém constante e a validade do método é garantida para toda faixa de ângulos. 118/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.3. Comparação entre os métodos dos pequenos e grandes ângulos Nas plataformas semi, flutuando no calado de colunas, a área de linha d’água e a sua inércia aumentam com a inclinação da unidade. O inverso acontece quando a linha d’água corta os pontoons (calado de trânsito) onde a área e inércia diminuem com o aumento da inclinação. Lembrando que o método dos pequenos ângulos (GM) é indicativo de estabilidade inicial, é importante ressaltar que: Considerando plataformas semissubmersíveis: •Flutuando em calado de coluna: oO método dos pequenos ângulos subestima a estabilidade a grandes ângulos; oO GM como indicativo de estabilidade inicial é pessimista fora da sua faixa de aplicação, ou seja, a plataforma, na realidade, terá uma restauração maior que a prevista inicialmente usando pequenos ângulos. 119/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.4. Efeito da superfície livre na estabilidade Até esse ponto considerou-se que a distribuição de cargas de uma embarcação uma vez definida, determinando o peso total (∆) e posição do centro de gravidade (CG), não seria alterada caso a mesma inclinasse. Essa abordagem simplificadora é verdadeira para o conjunto das cargas sólidas, excetuando-se as cargas suspensas ou que mudem de posição inadvertidamente, porém cargas líquidas confinadas em tanques parcialmente cheios mudarão de forma quando a embarcação inclinar. Essa mudança de forma representa efetivamente uma mudança na posição do CG do fluido no tanque e, por conseqüência, de toda a embarcação. 120/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.4. Efeito da superfície livre na estabilidade Denomina-se efeito de superfície livre o efeito na estabilidade causado pela mudança da superfície de um fluido dentro de um tanque decorrente da inclinação da plataforma. Esse efeito decresce até não mais existir a medida que o tanque tende a ficar totalmente cheio ou vazio. O deslocamento do fluido no tanque causa um momento que sempre tende a emborcar a unidade no sentido para a qual ela está inclinada, ou seja, é sempre um efeito negativo para a estabilidade. 121/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.4. Efeito da superfície livre na estabilidade Analisando melhor o fenômeno (ver ilustração a seguir), se um tanque estiver parcialmente cheio de um fluido de densidade ρ, esse mudará de forma no tanque mantendo a sua superfície paralela a do mar quando a embarcação e o próprio tanque inclinar. Se essa superfície não tocar o fundo nem o teto do tanque e a seção do tanque for retangular, haverá uma transferência da massa de fluido equivalente a uma “cunha” saindo do lado mais elevado para o mais baixo do tanque. Correção de Superfície Livre – C.S.L. 122/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.4. Efeito da superfície livre na estabilidade Essa transferência causa um momento de emborcamento e de fato representa um deslocamento do CG para cima e para o lado que a embarcação inclinou. Correção de Superfície Livre – C.S.L. Comparando o efeito da superfície livre em um tanque e a determinação do raio metacêntrico GM nota-se grande semelhança entre a mudança do volume submerso na região de linha d’água e a transferência das “cunhas” citadas acima. 123/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.4. Efeito da superfície livre na estabilidade Efetivamente existe uma equivalência entre os fenômenos de modo que a influência sobre o Mr da mudança do volume submerso divido pelo ∇∇∇∇ é equivalente a influência sobre o Me (mom. emborcamento) da transferência das “cunhas” dividido pelo ∆. No primeiro, o divisor é ∇∇∇∇, pois a mudança é no próprio volume submerso, mas, no caso da superfície livre, a “cunha” é do fluido do tanque, cuja densidade pode ser diferente da densidade do fluido no qual a embarcação está flutuando, portanto: a “cunha” é calculada em peso e o divisor é o ∆. Correção de Superfície Livre – C.S.L. 124/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.4. Efeito da superfície livre na estabilidade Na prática, o efeito da superfície livre sobre a estabilidade não é considerada na forma de acréscimo ou superposição de momento de emborcamento, mas como uma redução equivalente do momento de retorno. Essa redução é contabilizada como um aumento virtual do KG denominado de Correção de Superfície Livre (CSL). 125/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.4. Efeito da superfície livre na estabilidade Transportando para linguagem matemática: BM = I / ∇∇∇∇ Onde: I = inércia da linha d’água (m**4); ∇∇∇∇ = volume submerso total (m**3) 126/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.4. Efeito da superfície livre na estabilidade De forma análoga, a Correção de Superfície Livre (C.S.L.) para cada tanque: CSL = Itq . ρ / ∆ (m) Onde: Itq = inércia da seção horizontal do tanque em torno do eixo de giro do fluido (m**4); ρ = densidade de massa do fluido no tanque (ton/m**3); ∆ = deslocamento total (ton) 127/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.4. Efeito da superfície livre na estabilidade O efeito de superfície livre de determinado tanque será considerado se o percentual de fluido nele contido estiver dentro de uma faixa previamente definida. Para cada condição operacional haverá um conjunto de tanques cujo efeito de superfície livre deverá ser considerado. A CSL para um conjunto de tanques é: CSL = Σ [Itq . ρ] / ∆ (m) Onde: Itq => inércia da seção horizontal do tanque em torno do seu eixo de giro (m**4); ρ => densidade de massa do fluido no tanque (ton/m**3); ∆ => deslocamento total (ton) 128/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.4. Efeito da superfície livre naestabilidade Análogo ao raio metacêntrico BM, o eixo para o qual a inércia da seção horizontal do tanque é calculada deve ser coerente com o sentido da inclinação. Assim sendo, para banda, utiliza-se a inércia segundo o eixo xx (longitudinal) do tanque e, para trim, a inércia segundo o eixo yy (transversal). Essa correção é somada ao KG da embarcação, ou KGreal, para obtermos o KG corrigido (KGcorr), sendo: KGcorr = KGreal + CSL Onde: KGreal = coordenada vertical do centro de gravidade da unidade (m); KGcorr = KG corrigido pelo efeito da superfície livre (m), CSL = Correção de Superfície Livre (m). 129/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.4. Efeito da superfície livre na estabilidade É importante deixar claro que o KGreal é a coordenada vertical do centro de gravidade da unidade, porém, deve-se utilizar o KGcorr em quaisquer cálculos ou verificações nas quais o efeito da superfície livre de fato existe e deva ser considerado (ex: na curva de KG máximo). 129/195 130/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.4.1. Conclusões importantes O efeito de superfície livre é sempre negativo para a estabilidade. Um tanque com superfície livre sempre concorre para diminuir a estabilidade da embarcação; Não importa a posição do tanque na embarcação, que o efeito é o mesmo. Os fatores importantes são a largura o e comprimento do tanque (inércia da área da seção horizontal) e a densidade do fluido; O efeito é cumulativo, ou seja, um grande número de tanques com superfície livre pode ter um efeito bem considerável sobre a estabilidade. 131/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.5. Teste de inclinação e peso leve Para determinar a restauração de uma embarcação, é imprescindível conhecer a sua coordenada vertical do centro de gravidade (KG). De fato, o KG é o principal parâmetro de controle da estabilidade, inclusive sendo objeto dos regulamentos aos quais a unidade deve atender. O valor do peso e das coordenadas do CG de uma embarcação em determinada condição operacional é resultado da soma e distribuição de toda massa que compõe a mesma, incluindo as tensões (ancoragem, risers,etc.) a ela aplicadas. Essa massa é composta basicamente de itens fixos que fazem parte da unidade e itens temporários determinados pela condição operacional vigente. 132/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.5. Teste de inclinação e peso leve O conjunto desses itens fixos são denominados de Peso Leve e via de regra inclui: • Toda a estrutura fixa da unidade: casco, estrutura, pisos, anteparas, casarios, etc.; • Todos os equipamentos fixos, como motores, bombas, compressores, tubulações, painéis etc.; • Os fluidos de trabalho desses equipamentos inerentes aos sistemas: óleo lubrificante no carter, fluido de refrigeração no sistema, etc.; • Itens inerentes à operação da unidade como mobiliário, equipamentos móveis permanentes, etc. 133/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.5. Teste de inclinação e peso leve Já o conjunto de cargas e tensões temporárias está incluído no que genericamente é denominado de carregamento, e inclui: • Todos os fluidos estocados ou armazenados, excetuando-se os mencionados acima: lastro, óleo combustível e lubrificantes, água potável e de uso geral, lama, etc.; • Equipamentos e consumíveis destinados ao trabalho a bordo; • Cargas e tensões externas aplicadas à embarcação: ancoragem, risers, tensionadores, etc. • Tripulação, passageiros e seus pertences. 134/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.5. Teste de inclinação e peso leve De modo geral, navios mercantes têm um Peso Leve de aproximadamente 15 % do seu deslocamento total carregado, pois dependem de boa parte dos 85% restantes para transportar a carga que lhes aufere receita. Já as plataformas semissubmersíveis são prestadoras de serviço e possuem Peso Leve em torno de 50% do deslocamento total carregado. Para navios mercantes, geralmente não há dúvida quanto à lista dos itens que compõem o Peso Leve, mas, em se tratando de plataformas semissubmersíveis existe um grupo de itens que, dependendo do projetista, será ou não Peso Leve (ex: sistema de ancoragem). Torna-se necessário consultar o Manual de Operação da unidade e verificar exatamente quais itens compõem o Peso Leve. 135/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.5. Teste de inclinação e peso leve O objetivo desse teste é determinar o valor do ∆ e a posição (LCG, TCG, KG) do CG do Peso Leve da unidade. É requisito do IMO MODU e das Sociedades Classificadoras sendo necessário obter delas aprovação para o programa e para os resultados do teste. Os resultados desse teste servem como “definição” do peso e CG do Peso Leve e, caso se modifique permanentemente uma quantidade de itens acima de determinado limite será necessário realizar outro teste (ver o IMO MODU CODE em anexo). 136/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.5. Teste de inclinação e peso leve O Teste de Inclinação e Peso Leve consiste, na realidade, em dois testes interdependentes: medição do volume submerso (com banda e trim) e teste de inclinação. No primeiro, é feito um inventário minucioso de todos os pesos e cargas a bordo com a embarcação em uma condição mais próxima possível da de Peso Leve. Em seguida, realizam-se medidas precisas de calado com a embarcação flutuando livre de tensões de ancoragem ou amarração. 137/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.5. Teste de inclinação e peso leve Com essas medidas de calado e da densidade da água na qual flutua a embarcação é possível estabelecer o ∆ da condição de teste pela Curvas Hidrostáticas e, a partir dele, aplicar as seguintes correções, considerando o CG de cada uma, para se obter o ∆ do Peso Leve: • Subtrair os pesos que não fazem parte do Peso Leve e que estão a bordo; • Adicionar os pesos que fazem parte do Peso Leve e que não estão a bordo; • Relocar pesos que fazem parte do Peso Leve mais estão a bordo fora da sua posição final. 138/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica Já o teste de inclinação consiste em uma série de experimentos nos quais são aplicados momentos de emborcamentos (Me) bem determinados à plataforma, transferindo peso ou lastro, e é medido o ângulo de inclinação resultante também com a embarcação flutuando livre. Para cada experimento é calculado o VCG da unidade utilizando o método dos pequenos ângulos, conforme detalhado a seguir na ilustração. 3.5. Teste de inclinação e peso leve Teste de inclinação 139/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica Me = P . d . cos θ Onde: Me = momento de emborcamento (ton . m); P = peso, sólido ou lastro, transladado (ton); d = distância horizontal, na direção da inclinação, que o peso foi movimentado (m); θ = ângulo final de equilíbrio; Como d é medido no referencial da embarcação o braço do binário é o produto da distância d pelo cos θ. Teste de inclinação 3.5. Teste de inclinação e peso leve 140/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica Mr = ∆ . GM . senθ Onde: ∆ = deslocamento determinado na medição do volume submerso (ton); GM = KM – KG , sendo o KM oriundo das hidrostáticas (m); θ = ângulo final de equilíbrio Teste de inclinação 3.5. Teste de inclinação e peso leve 141/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica Em cada experimento,na condição de equilíbrio, Mr = Me, portanto: Teste de inclinação 3.5. Teste de inclinação e peso leve 142/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica O valor final do KG é determinado através de um processo estatístico que utiliza os resultados do conjunto de experimentos (em torno de 7) para calcular um valor final de KG mais próximo da realidade. As coordenadas LCG e TCG são obtidos através do ∆, banda e trim iniciais e do KG determinado anteriormente. Teste de inclinação 3.5. Teste de inclinação e peso leve 143/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.5.1. Conclusões e recomendações importantes • O ∆, LCG, TCG e KG calculados referem-se às condições do teste, portanto esses valores devem ser corrigidos para a condição de Peso Leve somando a esses os pesos que fazem parte do Peso Leve e não estão a bordo, debitando os pesos que não fazem parte do Peso Leve e estão a bordo e relocando os pesos que fazem parte do Peso Leve e estão fora de posição durante o teste. • A embarcação deve estar em uma condição mais próxima possível da condição de Peso Leve, a fim de minimizar as correções necessárias. • Os momentos aplicados e os ângulos medidos devem respeitar a validade do método de pequenos ângulos. Considerando plataformas semissubmersíveis efetua-se o teste no calado de coluna e utiliza-se ângulos de no máximo, 2,5 a 3,0 graus. 144/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 3.5.1. Conclusões e recomendações importantes • Os pesos, deslocamento dos pesos, ângulos e calados devem ser medidos com boa precisão, por isso as condições de vento e mar durante o teste tem que estar bem favoráveis. Dessa maneira, só é viável executar o teste em águas abrigadas. • O número de tanques com superfície livre deve ser mantido a um mínimo e o efeito dos tanques com superfície livre deve ser considerado nos cálculos. • É imprescindível manter o deslocamento constante e não alterar a posição de quaisquer pesos, exceto os destinados ao teste, durante a sua execução. Critérios de estabilidade intacta e em avaria Capítulo 4 146/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4. Critérios de estabilidade intacta e em avaria O conceito de estabilidade apresentado no Capítulo 1 remete a “limites aceitáveis de inclinação e afundamento”. A análise da estabilidade e correspondentemente os critérios que a balizam são divididos em dois grupos: • Estabilidade intacta : é a análise da estabilidade da embarcação apenas sob a ação do vento; • Estabilidade em avaria : é a análise da estabilidade da embarcação após ter sofrido uma avaria com consequente embarque de água (ou perda de empuxo) mais a ação do vento. Os limites ou critérios referentes à estabilidade intacta e em avaria, e as entidades que determinam esses critérios serão abordados neste capítulo. 147/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.1. Entidades Estatutárias e Sociedades Classificadoras (S.C.) As entidades chamadas Estatutárias são órgãos legislativos cujas regras, critérios e procedimentos devem ser atendidos por força de lei. No âmbito offshore, essas entidades estão agrupadas da seguinte forma: • País de registro : Toda embarcação é registrada em um país (Panamá, Libéria, Brasil, etc.), denominado “Bandeira”, cujos regulamentos devem ser atendidos. Esses regulamentos visam basicamente a segurança da tripulação e passageiros e as relações trabalhistas dos tripulantes. A maioria das embarcações são registradas em Bandeiras de Conveniência, que são de países com legislação marítima menos restritiva que os demais; 148/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.1. Entidades Estatutárias e Sociedades Classificadoras (S.C.) • Área de operação : São entidades governamentais responsáveis pela fiscalização das embarcações operando em suas águas territoriais e visam basicamente segurança, comunicação, tráfego e poluição. Por exemplo: • Departamento de Portos e Costas (DPC - Marinha) → Costa do Brasil; • United States Coast Guard (USCG) → Costa dos EUA; • Norwegian Maritime Directorate (NMD) → Costa da Noruega. A DPC não possui critérios específicos sobre estabili-dade de plataformas semissubmersíveis! 149/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.1. Entidades Estatutárias e Sociedades Classificadoras (S.C.) • Acordos internacionais : Acordos efetuados entre países que registram plataformas ou abrigam atividades offshore. A principal é a International Maritime Organization (IMO ou OMI), braço da ONU, que elabora e revisa regulamentos específicos para embarcações móveis engajadas em atividades petrolíferas e do qual o Brasil é signatário. O regulamento ou convenção na linguagem da IMO, que contempla as plataformas semi de perfuração e produção é o IMO-MODU CODE (MODU: Mobile Offshore Drilling Units). Visa basicamente segurança do pessoal e integridade da unidade no tocante à segurança. A IMO não fiscaliza diretamente, cabendo a cada país delegar a algum órgão ou entidade essa tarefa. No Brasil, a fiscalização referente às convenções da IMO é delegada às Sociedades Classificadoras. 150/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.1. Entidades Estatutárias e Sociedades Classificadoras (S.C.) Sociedades Classificadoras são entidades privadas e independentes que podem classificar e certificar o projeto, construção e operação de embarcações. Têm a função de avalista para as seguradoras e controle da qualidade para o armador. O conceito de classificar difere do certificar, conforme explicado a seguir: Certificar - Avaliar, segundo critérios preestabelecidos, um projeto, equipamento ou instalação, em um determinado instante; Classificar - Avaliar, segundo critérios preestabelecidos, uma instalação ou embarcação continuamente, através de vistorias periódicas. Uma embarcação classificada se mantém em atendimento aos critérios específicos da Sociedade Classificadora para esse fim. 151/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.2. Filosofia dos regulamentos O IMO-MODU tem regras de estabilidade relativamente simples e que são a base das regras das Sociedades Classificadoras, por isso abordaremos aqui apenas as regras referentes à estabilidade de plataformas semissubmersíveis contidas nesse regulamento. O MODU CODE denomina as plataformas semissubmersíveis de “plataformas estabilizadas por colunas”. 152/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.2. Filosofia dos regulamentos As regras, tanto da IMO-MODU quanto das Sociedades Classificadoras, direcionam os regulamentos segundo parâmetros indicativos dos riscos operacionais, conforme resumido a seguir: Local de operação: • Irrestrito: prevê a operação em qualquer local dentro das regiões petrolíferas comumente exploradas. Considera que o risco é maior, pois engloba regiões com condições ambientais severas como Mar do Norte e Golfo do México; • Restrito: Prevê a operação apenas em uma região definida, por exemplo, Bacia de Campos, e considera o risco específico da região, limitado a um patamar mínimo. 153/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.2. Filosofia dos regulamentos Condição operacional – calado da plataforma: Está implícito nas regras que condições operacionais permanentes e transitórias e os calados a elas associados implicam em níveis de risco e critérios diferenciados: Calado ou condição permanente : calados nos quais a unidade vai passar a maioria da sua vida útil,e, portanto, se expor a maiores riscos. Também chamados de calados principais, usualmente: operação, trânsito, trânsito em tempestade (storm transit), sobrevivência e pull-in; Calado ou condição temporária : calados que a unidade atinge temporariamente, quando passa de uma condição principal para outra. O risco assumido é bem menor. 154/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.3. Critérios de estabilidade intacta (apenas vento) A velocidade do vento (V) que o critério impõe deve ser considerado como incidindo na pior direção, ou seja, a direção na qual causa o maior ângulo de equilíbrio e depende do local de operação: • Operação irrestrita: oPlataforma em operação normal ---> deve suportar ventos ≤ 70 nós; oPlataforma em condição de tempestade ---> deve suportar ventos entre 70 e 100 nós (storm condition); • Operação restrita: Considera apenas um modo de operação, com ventos máximos de no mínimo 50 nós. Por exemplo, a P-XXI foi classificada para operar apenas na Bacia de Campos e deve suportar o vento crítico de 72,7 nós. 155/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.3. Critérios de estabilidade intacta (apenas vento) O principal critério que deve ser atendido para plataformas semi é que tenha suficiente restauração para suportar o Me (momento de emborcamento) referente ao vento definido acima, de tal forma que a C.E.E. resultante apresente um θED menor que θEI e θalag, considerando para o cálculo de θED que a área sob a curva de Mr deve ser equivalente a área sob a curva de Me mais 30 %. Ângulo de alagamento progressivo (θalag) é o ângulo, considerando uma determinada direção de inclinação, no qual a linha d’água irá tocar a primeira abertura não estanqueizável de um compartimento de razoáveis proporções. 156/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.3. Critérios de estabilidade intacta (apenas vento) Considera-se essa condição como limite, pois, ao atingir esse ponto e alagar esse compartimento, a unidade inclinaria e afundaria mais, comprometendo bastante a sua estabilidade. A principal abertura não estanqueizável nas plataformas semi é a do paiol de amarras, mas, também se enquadram nessa categoria, dentre outras: • Suspiros; • Aberturas para ventilação; • Portas não estanques. 157/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.3. Critérios de estabilidade intacta (apenas vento) Um segundo critério exigido é que a curva de momentos de retorno deve ser positiva em toda a faixa de ângulos, desde o zero até o θEI (segunda interseção). O resultado prático da aplicação dos critérios de estabilidade intacta e em avaria é a definição do KG máximo (KGmax), que é o maior KG naquela condição na qual a plataforma ainda atende ao critério em questão. Para cada calado e condição (tempestade ou operação) teremos um KGmax relativo à estabilidade intacta. 158/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.3. Critérios de estabilidade intacta (apenas vento) Resumindo: 159/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.4. Critérios de estabilidade em avaria (alagamento + vento) As hipóteses críticas determinantes na definição dos critérios de estabilidade em avaria são alagamento de um ou mais compartimentos definidos pela extensão da avaria e alagamento de um compartimento. Essas hipóteses são detalhadas a seguir: 160/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.4.1. Alagamento de um compartimento (IMO MODU 3.4.4.) A unidade deve suportar o alagamento de um compartimento qualquer, total ou parcialmente abaixo da linha d’água, que seja uma praça de bombas, que faça fronteira com o mar ou no qual existam equipamentos refrigerados com água salgada, atendendo aos seguintes limites: • O ângulo final de equilíbrio deve ser menor que 25 graus; • Todas as aberturas abaixo da linha d’água final devem ser estanques; • Deverá haver uma faixa de estabilidade positiva de 7 graus, após o ângulo de equilíbrio, considerando o alagamento. 161/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.4.1. Alagamento de um compartimento (IMO MODU 3.4.4.) Partindo do princípio de que dificilmente um critério conseguirá abranger todos os casos é recomendável incluir, nessa hipótese crítica, compartimentos por onde passem os ramais principais da rede de água de refrigeração e de injeção. 162/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.4.2. Alagamento de um ou mais compartimentos segundo extensão de avaria (IMO MODU 3.4.3.) A unidade deve ter borda livre e compartimentação adequada para suportar o alagamento de um ou mais compartimentos, acrescido de um vento de 50 nós na pior direção, atendendo aos seguintes limites: • O ângulo final de equilíbrio deve ser menor que 17 graus ; • Todas as aberturas abaixo da linha d’água final devem ser estanques e aberturas até 4 m acima devem ser a prova de tempo; Estabilidade em avaria 163/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica A curva de Mr, após a avaria definida acima deve ter uma faixa de estabilidade positiva de 7 graus entre o θEI e o menor entre θEE e θalag. Dentro dessa faixa, é necessário que o Mr seja o dobro do Me referente ao vento de 50 nós, ambos medidos no mesmo ângulo. 4.4.2. Alagamento de um ou mais compartimentos segundo extensão de avaria (IMO MODU 3.4.3.) Estabilidade em avaria 164/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.4.3. Região e extensão da avaria (IMO MODU 3.5.10) As avarias analisadas no item anterior devem considerar, para cada um dos calados principais, a pior avaria dentro da região e com a extensão definidas abaixo (ver ilustrações A e B): Região da avaria: • Colunas : porções expostas das colunas da periferia, 5 metros acima e 3 metros abaixo dos calados principais; • Pontoons: região exposta da periferia. 165/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica Extensão da avaria: • Vertical: 3 metros; • Horizontal periférica: oColuna: 1/8 do diâmetro oPontoons: 3 metros • Horizontal normal (penetração): 1,5 m 4.4.3. Região e extensão da avaria (IMO MODU 3.5.10) Qualquer duto ou passagem localizada dentro da região de avaria deve ser considerado avariado e os compartimentos a ele ligados devem ser considerados alagados, a menos que um meio de fechamento adequado seja utilizado. 166/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.5. Critério geral (condições intermediárias) Durante o lastro ou deslastro, enquanto a plataforma estiver passando por calados intermediários indo de um calado principal a outro, é importante manter o GM no mínimo positivo em qualquer condição. As plataformas semi, principalmente as que sofreram conversão e tiveram volumes (blisters) adicionados às colunas, apresentam grande variação de linha d’água e respectiva inércia ao longo da coluna. Essa característica implica que provavelmente haverá uma faixa de calados, chamados de críticos, nos quais o BM cai abruptamente. É importante que o responsável pela estabilidade a bordo faça simulações antes de passar pela região de calados críticos para garantir que o GM estará acima de um mínimo aceitável. 167/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.5. Critério geral (condições intermediárias) As Sociedades Classificadoras utilizam critérios de GM diferentes e seletivos. O DNV (Det Norske Veritas), por exemplo, determina que:• Condição permanente: GM ≥ 1,0 m • Condição temporária: GM ≥ 0,3 m 168/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica A curva de KG máximo é a representação gráfica dos critérios de estabilidade intacta em avaria e de GM mínimo ao longo da faixa de calados de interesse. Geralmente, ela é apresentada na forma da envoltória determinada pelo menor KG máximo dos três critérios, ou seja, o que mais limita. 4.6. Curva de KG máximo 169/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica O KG da unidade em uma dada condição de operação, corrigido (somado) pelo efeito da superfície livre, tem que ser menor que o KG máximo obtido dessa curva para o calado e a condição de operação em questão. A curva de KG máximo consta obrigatoriamente do Manual de Operação, devendo ser bem conhecida e sempre respeitada pelos responsáveis pela estabilidade a bordo. 4.6. Curva de KG máximo 170/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica Além de atender ao KGmax na condição (calado) na qual a plataforma se encontra é necessário verificar, antes de lastrear ou deslastrear, se o KGmax será atendido nos calados intermediários e no calado final, preferencialmente sem que haja a necessidade de retirar cargas (back load). Essa verificação é feita através de um gráfico ou tabela, determinando-se uma curva de lastro-deslastro do calado atual, considerando o KG atual, até o calado final. 4.6. Curva de KG máximo 171/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica Essa curva (lastro-deslastro do calado atual) é determinada apenas retirando ou adicionando lastro a um VCG médio dos tanques, a condição inicial. A curva Pt da curva de KGmax do próximo gráfico é um exemplo típico, tendo por condição inicial o KGmax no calado de trânsito indo até o calado de operação. O KG determinado pela curva Pt no calado de operação é o maior KG para que seja possível apenas deslastrar e atingir o calado de trânsito atendendo aos critérios. 4.6. Curva de KG máximo 172/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.7. Limitações estruturais São duas as limitações estruturais em plataformas semissubmersíveis: • Limitações locais: carga máxima suportada em cada região de cada piso ou convés, em t/m2. Consta de um plano, geralmente denominado plano de cargas, com a representação dos conveses e pisos e a carga máxima em cada região; • Limitações globais: limitações quanto à distribuição de carga a bordo, de forma a limitar os esforços torsionais na unidade. Esses limites são verificados, de forma simplificada, pela diferença máxima entre a soma das cargas em quadrantes adjacentes (ex: P-XII --> 500 toneladas) ou diferença máxima entre a soma das cargas em uma região e a carga “objetivo” para essa região. Esse último procedimento é utilizado nas unidades da Petrobras construídas na França (U-XIII, XIV, XVI e XVII), sendo subdivididas em oito regiões em um plano horizontal. A intenção é limitar a torção gerada por carregamentos assimétricos nas diagonais (ex. BB-VANTE e BE-RÉ bem mais carregados que BE-VANTE e BB-RÉ). 173/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.8. Fatores que limitam um carregamento qualquer Em toda e qualquer condição na qual a plataforma esteja o total dos pesos e cargas a bordo, a distribuição desses e o calado decorrente devem atender aos limites abaixo: • Estabilidade intacta e em avaria : verificado, comparando-se o KG calculado e corrigido pelo efeito de superfície livre com o KG máximo (ver o item 4); • Limitações estruturais: limites de carga local e global (ver o item 4.7); • Folga vertical (air-gap) mínima entre as ondas e estruturas sensíveis ao choque: as estruturas do fundo do convés, como também a maioria dos contraventamentos (principalmente os horizontais) não foram projetadas para suportar cargas cíclicas, geralmente por questões de fadiga. Sendo assim, a unidade deve alterar o calado quando essa folga mínima é atingida. 174/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.8. Fatores que limitam um carregamento qualquer Algumas plataformas semi foram projetadas prevendo uma condição operacional associada a um calado denominado de sobrevivência. Esse calado foi determinado de forma que a unidade tenha folga vertical (air-gap) suficiente, com relação a estrutura de fundo de convés, para a passagem de ondas correspondentes a condições críticas de tempestade. É comum o Manual de Operação das semis apresentarem valores de carga de convés ou carga variável (variable load) associados a cada condição operacional. Esses valores devem ser interpretados apenas como uma referência, pois não são limites em si e sim derivados dos limites apresentados acima. 175/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.9. Boletim de estabilidade O boletim de estabilidade é o documento oficial de verificação e registro dos parâmetros associados à estabilidade da plataforma, devendo ser preenchido no mínimo diariamente ou sempre que houver necessidade de se analisar uma dada distribuição de pesos e cargas que possa incorrer na violação de algum dos critérios apresentados. Dados registrados, cálculos e verificações efetuados no boletim: • Somatório dos pesos e cargas e cálculo da posição do centro de gravidade da unidade: ∆, LCG, TCG, VCG ou (KG); • Registro dos tanques com superfície livre e a correção de superfície livre total (C.S.L.); • Calados da unidade e, através desses, as características hidrostáticas do calado equivalente; • Comparação do somatório de pesos com o deslocamento obtido das hidrostáticas. É uma forma de conferir o somatório do peso total e rastrear erros sistemáticos; 176/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.9. Boletim de estabilidade • Comparação do KG calculado e corrigido pelo efeito da superfície livre com o KG máximo; • Tensões nas amarras a intervalos regulares; • Condições ambientais: vento e onda; • Movimento da unidade: roll, pitch, etc.; • Estoque dos consumíveis e consumo de energia. 177/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.9.1. Conclusões e recomendações importantes • A diminuição do KG em uma dada condição sempre implica em melhora da estabilidade; • O GM é um indicativo de estabilidade inicial da unidade. Representa uma tendência, não um quadro geral da estabilidade, e está diretamente relacionado à inércia da linha d’água na condição; • Os calados principais (trânsito, sobrevivência, operação, etc.) provavelmente são mais seguros no que se refere à estabilidade em avaria pois os critérios utilizados consideram riscos maiores a eles, o que implica em uma compartimentação diferenciada; • A curva de KG máximo permissível engloba todos os critérios de estabilidade pertinentes à unidade em questão e deve ser respeitada a todo instante; 178/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.9.1. Conclusões e recomendações importantes • Os fatores que limitam um carregamento qualquer estão listados abaixo e a carga de convés ou carga variável apresentada nos Manuais é apenas uma referência, não sendo limitante em si: o Critérios de estabilidade intacta e avaria; o Air-gap (folga) mínima para a passagem de ondas; o Limites estruturais, locais e globais; • O calado de sobrevivência foi previsto como uma forma de atender a folga vertical (air-gap) mínima em situações críticas. Ele não implica obrigatoriamente em melhor estabilidade; • Em última análise, os critérios de estabilidadeem avaria vão determinar a compartimentação da unidade, ou seja, para que atenda a esses critérios é imprescindível manter essa compartimentação intacta através do fechamento de portas estanques, escotilhas, dampers, etc. 179/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.10. Contingência para avaria e previsão de mau tempo São apresentadas orientações gerais relativas às contingências de avaria e mau tempo. Planos específicos e particulares para cada unidade deverão ser elaborados pela equipe responsável pela estabilidade, com qualquer apoio que se faça necessário. Todos os envolvidos na contingência devem ser treinados sistematicamente em simulados. 180/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.10.1. Providências para o caso de expectativa de vento acima de 70 nós Providências em ordem de prioridade, executar simultaneamente quando possível. • Comunicar regularmente a necessidade auxílio, as condições ambientais, a situação na qual a plataforma se encontra e as providências que estão sendo tomadas para: o Os responsáveis em terra, incluindo os grupos de apoio a contingências; o Plataformas próximas; o Rebocadores e embarcações em geral, nas imediações. 181/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.10.1. Providências para o caso de expectativa de vento acima de 70 nós • Verificar a estabilidade da plataforma nas condições atuais; • Prever e iniciar procedimentos para baixar o KG até o limite correspondente à condição de tempestade, se necessário, ou para melhorar a estabilidade e correspondente resposta da plataforma: o Transferir colunas do set back para os racks; o Diminuir a superfície livre geral e o nível de lama nos tanques; o Diminuir a tensão nos cabos guia e cabos tensionadores do riser; o Reduzir o volume de fluidos na planta. 182/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.10.1. Providências para o caso de expectativa de vento acima de 70 nós • Planejar levando em conta os limites de operacionalidade dos equipamentos de manuseio de cargas (guindastes, etc.) • Corrigir continuamente a banda e o trim permanentes assumidos pela unidade devido ao vento, na metade do seu valor (ex: banda permanente de 6° deve ser corrigida até 3°); • Estaiar ou estivar corretamente e de forma segura todos os pesos soltos tais como: o Lanças de guindaste; o Tubos nos racks; o Containers e caixas no convés; o B.O.P., A.N.S. etc.; o Catarina. 183/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.10.1. Providências para o caso de expectativa de vento acima de 70 nós • Providenciar junto com o encarregado a parada das operações • de produção ou perfuração com “hang off” e retirada do riser, se necessário; • Verificar a estanqueidade dos compartimentos obrigatoriamente estanques, começando pelos compartimentos a sotavento mais prováveis de serem inundados. Verificar: o Portas, escotilhões e passagens estanques; o Drenos e embornais; o Proteções de gaiutas, vigias e escotilhas; o Válvulas dos sistemas de lastro, água industrial, etc.; Obs: ver lista no Manual de Operação de Plataforma. 184/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.10.1. Providências para o caso de expectativa de vento acima de 70 nós • Monitorar continuamente as tensões nas linhas de ancoragem a barlavento. No caso das tensões atingirem valores próximos ao limite recomendado (pré-tensão) executar a sequência de providências a seguir, dependendo do caso específico: • Solecar as linhas menos solicitadas; • Caso as tensões máximas atinjam novamente os limites, equalizar, solecando as mais solicitadas ou tensionando as linhas próximas à mais solicitada; • Prever a possibilidade de conectar um rebocador à cabresteira. • Reduzir o número de tanques com superfície livre e baixar o nível dos tanques de lama; • Observar continuamente a folga vertical (“air-gap”) mínima das ondas com relação aos membros inferiores do convés. Prever, se necessário, o atendimento ao procedimento para atingir o calado de sobrevivência com o KG abaixo do limite requerido, ou seja, ventos maiores que 70 nós; 185/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.10.1. Providências para o caso de expectativa de vento acima de 70 nós • Verificar o funcionamento dos seguintes equipamentos: o Gerador de emergência; o Luzes de navegação; o Apito de neblina; o Comunicação de emergência; o Equipamentos de salvatagem (turco das baleeiras, balsas infláveis). • Manter pessoal não essencial nas acomodações sob coordenação e instrução, para evitar pânico. 186/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.10.2. Providências para o caso de alagamento e parada dos geradores principais Providências em ordem de prioridade. Executar simultaneamente quando possível. • Comunicar, expondo a situação atual, as providências a serem • tomadas e requisitando apoio (rebocador em stand-by) para: o Os responsáveis em terra, incluindo os grupos de apoio a contingências; o Plataformas próximas; o Rebocadores e embarcações de apoio, nas imediações. • Acionar o gerador de emergência (caso esse não tenha entrado automaticamente), limitando ao máximo as cargas nele “penduradas” a fim de ligar as bombas de lastro necessárias; 187/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.10.2. Providências para o caso de alagamento e parada dos geradores principais Se a origem e/ou a extensão do alagamento for desconhecida efetuar imediatamente, a partir da extremidade mais afundada, as seguintes providências: o Fechar todas as válvulas de caixa de mar, passando para o outro bordo a alimentação da água de refrigeração e injeção; o Fechar todas as passagens por fronteiras estanques: dampers, portas estanques, etc. o Limitar e/ou retardar o alagamento fechando válvulas de • passagem e suspiros dos compartimentos alagados; 188/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.10.2. Providências para o caso de alagamento e parada dos geradores principais Ensejar ações com o objetivo principal de compensar o trim e a banda e assim colocar em funcionamento os geradores principais. A compensação deve ser feita: • Preferencialmente com o deslastro de tanques, o mais próximo possível da região alagada; • Em último caso lastreando-se tanques diametralmente opostos à região alagada. • Verificar e promover a estanqueidade dos compartimentos obrigatoriamente estanques, a partir dos compartimentos mais próximos à região alagada; • Após a plataforma ter sido nivelada analisar a conveniência em se inspecionar e/ou reparar emergencialmente a avaria, expondo-a através de mudança de calado e pequeno trim e banda; • Se possível, inspecionar os tanques adjacentes ao tanque avariado a fim de avaliar possíveis danos estruturais; • Monitorar e verificar continuamente o vento, o KG e a superfície livre total. 189/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.10.2. Providências para o caso de alagamento e parada dos geradores principais DECISÃO DE DECRETAR O ABANDONO Ter sempre em mente que o abandono é uma operação de grande risco, agravado com a piora das condições ambientais (ventos e ondas) e, principalmente, em caso de abandono à noite. Uma plataforma semissubmersível, mesmo flutuando com calados e inclinações razoavelmente altos (pouca ou nenhuma borda livre), ainda é um local bastante seguro para se esperar socorro, principalmente ao considerarmos as alternativas existentes (baleeiras, barcos infláveis e coletes salva- vidas).190/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.11. Unidades estabilizadas por colunas A forma do casco desse tipo de unidade torna impraticável o cálculo da borda livre geométrica de acordo com as especificações do Capítulo III da Convenção de Linha de Carga de 1966. Portanto, a borda livre das unidades estabilizadas por colunas deverá ser determinada pelo atendimento aos requisitos aplicáveis para: 1) A resistência da estrutura da unidade; 2) A folga mínima entre as cristas das ondas que passam próximas a estrutura inferior do convés ; 3) Requisitos de estabilidade intacta e em avaria. 191/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica 4.11. Unidades estabilizadas por colunas A borda livre mínima deverá ser marcada nos locais apropriados na estrutura. A estrutura encoberta do convés das unidades estabilizadas por colunas deverá ser estanque ao tempo. As janelas, vigias e claraboias, incluindo as do tipo que não abrem, ou outras aberturas semelhantes, não deverão ser localizadas abaixo da estrutura de convés das unidades estabilizadas por colunas. As administrações deverão dar especial consideração à posição das aberturas que não possam ser fechadas em emergências tais como tomadas de ar para geradores de emergência, no que concerne às curvas de endireitamento intacto e à linha d’água final após a avaria assumida. 192/192 Curso de Operador de Controle de Lastro Estabilidade Básica e Dinâmica Bibliografia IMO – Modu Code: Code for the Construction and Equipment of Mobile Offshore Drilling Units, 1989. GUILLMER, Thomas C and JOJNSON, Bruce. Introduction to Naval Architecture. WILLIAN, E. George. Stability and Trim for the Ship´s Officer. Rules for the Design, Construction and Inspection of Offshore Structures. Mobile Offshore Units Pt.3 Ch.2 Sec.6: Stability: DNV - Det Norske Veritas; Petrobrás XX. Manual de Operação (Versão 2.0), desenvolvido pela Tecnitas do Brasil LTDA.