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Fichamento Introdução às Ciências Humanas

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Unidade Acadêmica Especial de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito (Bacharelado)
Disciplina: Sociologia Geral
Docente: Edma José Reis
Discente: Gabriel Azevedo
Fichamento
Goiás – GO
2018
JAPIASSU, Hilton. Introdução às Ciências Humanas. Análise de epistemologia histórica. São Paulo: Editora Letras & Letras. 2002. P. 13 – 34.
Capítulo 1 – Processo de Constituição
	Desde a Antiguidade, a preocupação exclusiva dos filósofos e pensadores se pautava no estabelecimento das melhores formas de organização social ou política. Não era levada em conta, no entanto, a condição real ou sociohistórica dos homens, bastando que fosse aplicada sobre eles uma moral fundada em preceitos metafísicos. A partir do Renascimento, porém, a imagem do homem e de sua vida passa a ser alterada, dando assim as bases para a elaboração de uma Ciência do Homem.
	Com o declínio da filosofia da natureza e a ascensão de uma nova antropologia, a antiga metafísica do homem torna-se abalada. Pautada por um novo sentido, a filosofia começa a tomar por base o fato do espírito no homem, criando assim um novo campo intelectual para a sua organização antropológica. Lentamente, a metafísica ontologista e deísta declina, ao passo que a razão gradativamente assume maior importância.
	Em suma, o processo de embasamento das Ciências Humanas é pautado por duas imagens principais:
A primeira imagem é a da consciência do Eu. Inspirando-se no famoso “conhece-te a ti mesmo” socrático, Montaigne, Maquiavel, Erasmo e Descartes se perguntam: “O que é o homem?”. O homem moderno, nesse sentido, resolve analisar a “consciência de si”, inaugurando um pensamento baseado em uma racionalidade triunfante e dominadora.
A segunda é a da consciência do Nós. A partir de Rousseau e dos filósofos iluministas, o homem perde interesse em analisar o indivíduo para se atentar ao coletivo. Ganha relevância a questão: “por que um grupo, uma casta, um personagem ou um príncipe se julgam no direito de regulamentar a vida de todos?”. A ideia nova, introduzida por Rousseau, diz respeito a uma “vontade geral”, expressão de um “Nós” coletivo, que representa a imagem do homem repousando na solidariedade do grupo humano.
Assim, o homem vem contrapor uma tradição apoiada na “ordem divina”, buscando sua legitimidade e eficácia em sua própria realidade. Tem-se, portanto, uma transferência do “Eu” ao “Nós”, de modo que o senso de comunidade passa a ganhar força. Nesse sentido, o homem deixa de refletir sobre a própria individualidade e passa, assim, a pensar socialmente, o que causa acontecimentos sociais capazes de modificar os sistemas das leis, das instituições e das estruturas sociais.
Progressivamente, vai-se delineando a ideia de uma Ciência do Homem, extraindo da experiência os “dados” que tenta constituir em “leis”, tentativa esta que se orienta por três ideias-força:
A primeira vincula-se ao dinamismo da vida social, ligado à consciência histórica que caracterizaria a racionalidade do homem enquanto agente no decorrer da história. A segunda, por outro lado, leva os homens a se interrogarem sobre a validade das instituições, sobre suas funções e sobre sua utilidade. Já a terceira analisa a validade de certos fatos sociais, cuja construção não considera a vontade individual.
Essas ideias-força permitem ao homem tomar consciência de ter ingressado num mundo novo, transformado pelas técnicas e pela indústria. Esse mundo, no entanto, torna-se cada dia mais desconhecido e imprevisível, o que impossibilita a postulação de “leis” para explicar a experiência humana, ao contrário ao que acontece nas Ciências Naturais.
No domínio das Ciências Humanas, cada disciplina surge ligada a uma crise. A ansiedade concernente à subsistência e ao reabastecimento no início do século passado, sem dúvida impulsionou o nascimento da demografia. Por sua vez, a inadaptação dos operários de origem rural à vida industrial e as questões mentais decorrentes desse processo não são estranhas à psiquiatria. A psicologia surge a partir do estudo das perturbações, enquanto as crises sociais constituíram um choque decisivo para a formação da sociologia. A etnologia, por outro lado, nasceu da conquista colonizadora europeia, enquanto a destruição das civilizações ditas “primitivas” deu as bases para o pensamento antropológico.
Nesse sentido, o homem inicia novos ramos do saber, que reivindicam autonomia de fato e de direito para se desenvolver. Conhecendo a si mesmo, o homem passa a se identificar como “objeto de ciência” e, consequentemente, inicia uma discussão controversa, colocando em debate a legitimidade das Ciências Humanas. Wilhelm Dilthey, filósofo alemão, torna-se um dos principais expoentes dessa discussão, contrapondo-se aos naturalistas da época – que negavam o caráter de Ciência desse novo campo – enquanto reforçava a positividade das Ciências Humanas. 
Dilthey se interessava pouco pela questão do método que envolve a Ciência, mostrando maior preocupação em extrair as condições de inteligibilidade próprias às Ciências Humanas. Pretende, portanto, descobrir nelas sua contribuição positiva para uma melhor compreensão e um melhor conhecimento dos homens. Desse modo, as Ciências Humanas se afastam das Ciências Naturais, visto que a primeira analisa um objeto de estudo extremamente complexo, envolto por uma história e repleto de contradições, enquanto a segunda dispõe de métodos específicos de estudo, postulando leis a partir destes para explicar a natureza de maneira objetiva.
A evolução histórica das Ciências do Homem divide-se em três frases: a da concepção clássica do homem (ciência grega), a da concepção cristã (teologia patrística e medieval) e a da concepção moderna. Vale a pena analisar esta última, que se define como o momento crucial para o estabelecimento das Ciências Humanas como um campo múltiplo de análises. A partir desse momento, foram reconhecidas a originalidade e a especificidade das relações do homem com o mundo, ao passo que o homem se tornava, gradualmente, o mestre das significações do universo.
No século XIX, o homem passa a ser situado no encadeamento dos seres vivos, onde toma seu lugar como um ser que emerge de uma série evolutiva, com característica de ser de natureza e de ser de cultura. Enquanto ser vivo, pertence a um mundo regido por leis biológicas; enquanto ser falante e instituinte de uma civilização, introduz um elemento radicalmente original: a cultura.
Assim, no início das ciências antropológicas, enfatiza-se o elo do homem com a natureza. Em seguida, no entanto, a antropologia muda o seu foco de estudo, baseando-se na análise das propriedades gerais e das leis da vida social e da cultura, na medida em que, por elas, o homem transforma o mundo e a si mesmo. Nesse sentido, cria-se a imagem do homem-senhor-da-natureza e centro do mundo, que constitui um objeto de estudo a ser analisado por diversificados escopos – histórico, sociológico, psicológico, entre outros.
Com a constituição das Ciências Humanas, entretanto, surgem consequências: a crítica do momento “ideológico” no interior do pensamento e da cultura; a ascensão da lógica e de seu formalismo; a transição do entendimento clássico para o entendimento científico contemporâneo; uma série de transformações no agir humano. 
Nesse sentido, surgem disciplinas que lidam criticamente com tais questões, analisando a experiência humana e o âmbito de complexidades que a envolve. O homem, nesse contexto, designa um intervalo, o que está “entre”: entre a filosofia e a Ciência, entre o empírico e o transcendental. Ou seja, um objeto de estudo sempre em trânsito, que se determina enquanto é determinante.
A história, por exemplo, constitui-se e se impõe como um grandioso estudo crítico e evolutivo das mentalidades e atividades comuns dos homens, que busca não tanto examinar a “sequência dos tempos”, mas conhecer melhor os determinismos e as configurações de uma realidade passada. A psicologia, por sua vez, trabalha nocenário da vida cotidiana em suas várias manifestações, indo além do estudo das motivações e dos comportamentos. Por outro lado, a sociologia constitui uma vasta tentativa para explicar os conjuntos sociais e o fenômeno social total, enquanto a antropologia esboça um imenso quadro das possiblidades humanas, constituindo a Ciência do Homem em seu sentido mais lato.
Apesar de ser possível hoje definir a área de estudo de tais disciplinas, ainda assim estas se encontram em estado de constituição, o que caracteriza as Ciências Humanas como um campo de constante e eterna evolução. Desse modo, os eixos epistemológicos de cada disciplina servem ao propósito de delimitar a área do estudo, mesmo que os assuntos constantemente se interseccionem.
Para concluir, cabe fazer algumas observações adicionais sobre o nascimento das Ciências Humanas:
A fisiologia social de Saint-Simon
Saint-Simon é o criador da expressão “Ciência do Homem”. Para ele, é com a indústria que a sociedade adquire sua plena autonomia. O valor moderno por excelência é o trabalho, e o destino da sociedade é inseparável do destino da Ciência. Isso porque é a filosofia positiva que precisa dar conta da totalidade de uma sociedade em trabalho, entendendo o fenômeno social na medida em que ele se desenvolve. Nesse sentido, o sujeito da “Ciência do Homem” seria a sociedade ativa e produtiva, concebida como uma “máquina organizada” como a fisiologia corporal humana.
O positivismo de Comte
Comte prolonga o pensamento de Saint-Simon, criando, portanto, a sociologia, estudo dos fenômenos sociais como um conjunto de efeitos naturais submetidos a leis. A astronomia é tomada como um modelo, pois esta dá conta do movimento ordenado e, na perspectiva de Comte, a sociedade só alcançaria o progresso através da ordem coletiva. Para ele, a humanidade passaria por três tipos de ordem: a teológica, a metafísica e a positiva, sendo esta última a única totalmente capaz de submeter o espirito à realidade enfim sistematizada.
O positivismo de Durkheim
Durkheim tenta libertar a sociologia da mística da igreja positivista. Com Comte, busca articular as condutas individuais com a necessidade social: realizar o consenso socializando os indivíduos. Para ele, a sociedade é superior aos indivíduos, pois é dela que eles retiram a cultura e a moral, e a ela todos devem se sacrificar.
O indivíduo e a sociedade
Desde o seu início, as Ciências Humanas oscilam entre o indivíduo e a sociedade, entre uma tendência privilegiando a coletividade e outra enfatizando mais o individualismo e a liberdade individual. Desse modo, o desenvolvimento dessas Ciências se dá através da articulação das determinações pessoas aos determinismos coletivos, em pensar conjuntamente determinismo e autonomia.
O primado do oculto
A psicanálise freudiana exerceu grande influência sobre as Ciências Humanas ao introduzir um elemento radicalmente novo: o inconsciente, cuja natureza implica em um mar de complexidades implícitas. Com a introdução do inconsciente, inicia-se uma busca alternativa pela verdade, que ocorre não pelo meio que conscientemente se exprime, mas por vias ocultas. Nesse sentido, a verdade das motivações humanas encontra-se, não naquilo que os indivíduos alegam, mas naquilo que se exprime de forma travestida. As instituições, nesse contexto, são analisadas como ilusões que os homens secretam, a fim de escapar de seus conflitos interiores e do peso da culpabilidade. A partir desse momento, tudo se torna passivo de dúvida, uma vez que se entende que a consciência engana a si mesma. O Eu, nesse sentido, deixa de ser o que era, e passa a se situar entre um super-ego e um sub-ego.
A recusa da filosofia
Envolvidas, teórica e praticamente, pela mentalidade positivista, as Ciências Humanas não tardaram a ser chamadas para se colocarem a serviço do bom serviço das sociedades. Os progressos quantitativos e qualitativos da sociologia, da psicologia, da etnologia, da linguística, etc, geraram questionamentos a respeito do papel da filosofia. Comte anunciava o seu fim, enquanto Durkheim confiava, não mais ao filósofo, mas ao sociólogo, a tarefa de educação leiga do cidadão. Ao mesmo tempo, a filosofia europeia frequentemente se opunha às Ciências Humanas. Nesse contexto, a filosofia, ponto de partida das Ciências Humanas, perdeu espaço de análise para outras disciplinas, que agora dispõem de uma série de estudos em áreas específicas.
Por fim, analisemos: “Por que as Ciências Humanas surgiram apenas no decorrer do século XIX, e não antes?”. Foucault entende que foram três as condições fundamentais que determinaram a produção desses saberes novos apenas no século retrasado:
Condições econômicas
O desenvolvimento da sociedade industrial trouxe problemas novos que cobravam a existência de estudos em áreas específicas, como a economia política e a sociologia.
Condições políticas
O surgimento da indústria trouxe uma série de mudanças na sociedade, o que consequentemente cobrava por transformações políticas. Nesse contexto, as Ciências Humanas foram postas a serviço do bom funcionamento do Estado.
Condições teóricas
O modelo de Ciência deixa de estar intrinsecamente relacionado às Ciências Naturais, de modo que as Ciências Humanas conseguem o espaço necessário para instaurar o discurso sobre o homem.

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