Buscar

Resumão de Direito Empresarial 8/12

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

� PAGE �9�
DIREITO EMPRESARIAL – PONTO 08
Contratos bancários: Depósito bancário. Conta-corrente. Aplicação financeira. Mútuo bancário. Desconto. Abertura de crédito. Crédito documentário.
Gabriela Macedo – 27/08
1. GENERALIDADES
Por atividade bancária entende-se, juridicamente, a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros em moeda nacional ou estrangeira. Conceito que deflui do artigo 17 da Lei n° 4.595/64 (Lei da Reforma Bancária).
Art. 17. Consideram-se instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei e da legislação em vigor, equiparam-se às instituições financeiras as pessoas físicas que exerçam qualquer das atividades referidas neste artigo, de forma permanente ou eventual. 
Observação: para fins penais, o conceito de instituição financeira é mais restrito, excluindo-se, em razão do veto parcial ao art. 1º da Lei n. 7.492/86, as operações com recursos próprios.
O produto oferecido pelo banco ao mercado é o crédito.
Para exercer a atividade bancária é necessária a autorização governamental, de competência do Banco Central, autarquia da União, integrante do Sistema Financeiro Nacional, a quem a lei atribuiu, entre outras, as funções de emitir a moeda, executar os serviços do meio circulante, controlar o capital estrangeiro e realizar as operações de redesconto e empréstimo a instituições financeiras.
O exercício da atividade bancária sem autorização sujeita o infrator à pena de reclusão de 1 a 4 anos (Lei 7.492/86, art. 16).
2. CONTRATOS BANCÁRIOS
Contratos bancários são aqueles em que não apenas uma das partes é, necessariamente, um banco, mas também que somente podem ser praticados com um banco, ou seja, são aqueles que configurariam infração à lei caso fossem praticados com pessoa física ou jurídica não autorizada a funcionar como instituição financeira. (Ulhoa, p. 452/453)
Operações típicas: as relacionadas com o crédito.
Operações atípicas: as prestações de serviços acessórios aos clientes, como a locação de cofres ou a custódia de valores. Podem ser realizadas por outras sociedades empresárias que não necessariamente bancos.
As operações típicas se subdividem em ativas e passivas.
Operações típicas ativas: o banco assume a posição de credor da obrigação principal.
Operações típicas passivas: o banco assume a posição de devedor da obrigação principal.
A diferença de receita nas operações ativas e as despesas nas passivas é o spread.
As operações creditícias oferecidas pelos bancos estão sujeitas à disciplina do CDC (arts. 3°, § 2° e 52) (Súmula 297 do STJ). O STF também manifestou-se nesse sentido ao julgar a ADI 2591, em 7.06.2006, na qual entendeu não haver conflito entre o regramento do sistema financeiro e a disciplina do consumo e da defesa do 
Contudo, caso se trate de contrato bancário com um exercente de atividade empresarial, visando ao implemento da sua empresa, deve-se verificar se este pode ser tido como consumidor. Tratando-se de financiamento obtido por empresário, destinado precipuamente a incrementar a sua atividade negocial, não se podendo qualificá-lo, portanto, como destinatário final, inexiste relação de consumo, não sendo aplicável o CDC. (STJ, RESP 218505 / MG)
Na doutrina, cita-se Cláudia Lima Marques, que acolhe a tese contrária à relação de consumo quando não finalizado o elo da cadeia produtiva:
"Destinatário final é aquele destinatário fático e econômico do bem ou serviço, seja ele pessoa jurídica ou física. Logo, essa interpretação teológica não basta ser destinatário fático do produto, retirá-lo da cadeia de distribuição, levá-lo para o escritório ou residência, é necessário ser destinatário final do bem, não adquiri-lo para revenda, não adquiri-lo para uso profissional, pois o bem seria novamente um instrumento de produção de novos benefícios econômicos (lucros), o bem estaria sendo transformado novamente, usado como instrumento de produção cujo preço será incluído no preço final do profissional que o adquiriu. (...)Portanto, em princípio, estão submetidos às regras do Código os contratos firmados entre fornecedor e consumidor não-profissional, e entre o fornecedor e o consumidor, o qual pode ser um profissional, mas que, no contrato em questão, não visa lucro, pois o contrato não se relaciona com sua atividade profissional (...) nossa opinião continua sendo no sentido de não caracterização ab initio dos profissionais como consumidores scricto sensu..."(Contratos no Código de Defesa do Consumidor, RT, 2.ª ed., 1995. p. 100 e 107/108)
Obs: Para o STJ, o arrependimento do consumidor pode gerar o cancelamento de financiamento bancário, desde que este ocorra fora do estabelecimento comercial (REsp 930.351, Rel Nancy Andrighi, j. 27/10/09). 
Súmulas do STJ sobre contratos bancários (todas aplicáveis):
Súmula 381 - Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas.
Súmula 379 - Nos contratos bancários não regidos por legislação específica, os juros moratórios poderão ser convencionados até o limite de 1% ao mês.
Súmula 285 - Nos contratos bancários posteriores ao Código de Defesa do Consumidor incide a multa moratória nele prevista.
Súmula 287 - A Taxa Básica Financeira (TBF) não pode ser utilizada como indexador de correção monetária nos contratos bancários.
Súmula 288 - A Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) pode ser utilizada como indexador de correção monetária nos contratos bancários.
Sigilo das informações: Lei Complementar n° 105/2001. O sigilo pode ser quebrado em qualquer fase do inquérito ou processo judicial (art. 1°, § 4°). Depende de:
ordem do Poder Judiciário (art. 3°);
ordem do Poder Legislativo (art. 4°);
requisição da autoridade fiscal, após iniciado o processo administrativo tributário (arts. 5° e 6°);
requisição do Banco Central ou CVM (arts. 2° e 7°);
requisição do CADE ou SDE, na investigação de infração contra a ordem econômica (Lei n° 8.884/94, arts. 7°, IX e 17, V).
Salvo nessas hipóteses, a divulgação constitui quebra de sigilo, punida com reclusão de 1 a 4 anos (LC 105, art. 10).
	Constitucionalidade da LC 105/2001 e da Lei 10.174/01 no que toca a dispensa de autorização judicial para quebra de sigilo bancário (ADI`s 2386, 2390, 2397).
	A Lei 4595/94, no art. 38, determinava que a quebra do sigilo somente seria possível mediante autorização judicial, o que significa que a administração tributária somente teria acesso aos dados bancários dos contribuintes com autorização judicial.
	Posteriormente, em 1990, houve uma mitigação dessa necessidade de autorização judicial com o advento da Lei 8.021/90. Esta lei, em seu art. 8º, dispunha que a quebra do sigilo era possível, independentemente de autorização judicial, desde que estivesse em andamento um procedimento de fiscalização.
	Em 2001, foi publicada a LC 105/01 que revogou a Lei 4595/64 e estabeleceu duas hipóteses de quebra de sigilo pela administração, ampliando os casos previstos na Lei 8.021/90 (arts. 5º e 6º).
LC 105/01
Art. 5º
Art. 6º 
Tributos federais
Tributos federais, estaduais e municipais
Dever da instituição financeira de enviar mensalmente para a receita federal informes de movimentações financeira de seus clientes quando os valores superarem determinados parâmetros (para PF, R$5.000,00; para a PJ, R$10.000,00). 
A quebra de sigilo é possível diante de:
a) procedimento de fiscalização ou processo adm em curso;
b) demonstração de que o exame dos dados relativos à movimentação financeira é indispensável para verificar se o IR foi recolhido corretamente. 
c) busca pela verdade material(no contexto de uma fiscalização tributária ou no contexto de um processo administrativo tributário, o que vale é a busca pela verdade dos fatos)
	No dia 20/12/2010, houve o julgamento do RE 389.808, no qual o STF, contrariando os posicionamentos anteriores adotados em sede de cautelar nesse mesmo recurso extraordinário, deu provimento ao recurso do contribuinte, entendendo que a quebra de sigilo bancário sem autorização judicial é inconstitucional. 
	Essa decisão, contudo, não é definitiva, pois as ADI`s ainda não foram julgadas.
Argumentos da Fazenda
(favoráveis a constitucionalidade)
Argumentos dos contribuintes
(contrários a constitucionalidade)
A quebra é constitucional, pois é uma forma de realização do princípio da capacidade contributiva, prevista no art. 145, par. 1º da CF�.
A quebra é inconstitucional porque fere os direitos a privacidade e intimidade (art. 5º, incisos X e XII, CF)
O art. 198, CTN trata do sigilo fiscal e dispõe que a Adm deve manter em sigilo os dados que ela obtém. No fundo, não há quebra de sigilo bancário, mas simples tranferência de sigilo da instituição financeira para a Adm que também manterá os dados em sigilo (Min. Ellen Grace)
A quebra do sigilo ofende a dignidade da pessoa humana (Min Marco Aurélio)
3. CONTRATOS BANCÁRIOS PRÓPRIOS
3.1 OPERAÇÕES PASSIVAS
A instituição financeira assume o pólo passivo, isto é, ela se torna devedora. São os contratos que têm a função econômica de captação dos recursos de que necessita o banco para o desenvolvimento de sua atividade. Os principais contratos dessa natureza são o depósito bancário, a conta corrente e a aplicação financeira.
3.1.1 DEPÓSITO BANCÁRIO
Por ele uma pessoa (depositante) entrega valores monetários a um banco, que se obriga a restituí-los quando solicitados. Segundo Fábio Ulhoa (Curso de ... vol. 3, 8ª edição) “É vulgarmente conhecido como conta. Quando se diz que alguém abriu uma conta no banco, em termos técnicos, essa pessoa celebrou contrato de depósito bancário”.
É um contrato autônomo. A instituição financeira, a partir do contrato de depósito bancário, passa a titularizar a propriedade dos valores depositados e não a simples custódia. A relação entre o cliente e o banco, nesse contrato, é de verdadeira fidúcia.
É um contrato real. Somente se aperfeiçoa com a entrega do dinheiro para o banco. Extingui-se por resilição unilateral de qualquer das partes; pela compensação (podendo o banco debitar os créditos líquidos de que seja titular); e pela falta de movimentação pelo prazo de 30 anos (Lei n° 370/1937 - encerra-se a conta, recolhendo ao Tesouro Nacional os recursos existentes).
Há 3 modalidades de depósito: 1) à vista, o banco restitui os recursos de imediato; 2) pré-aviso, o banco restitui em determinado prazo; 3) a prazo fixo, o pedido de restituição deve ocorrer após uma determinada data, geralmente são remunerados. Ex. caderneta de poupança, CDBs, RDBs.
Depósito bancário x depósito irregular: O depósito irregular tem por objeto coisa fungível, e o depositário se obriga a restituir um bem do mesmo gênero, quantidade e qualidade do custodiado. Estes elementos podem ser identificados na relação entre o depositante de recursos monetários e o banco. Já no depósito bancário, a instituição financeira titulariza a propriedade dos valores depositados e não a simples custódia, como ocorre em relação ao depositário irregular. A relação entre o cliente e o banco, no depósito bancário, é de verdadeira fidúcia. 
Depósito bancário x mútuo: Por outro lado, há no depósito bancários elementos do contrato de mútuo, que é o empréstimo de coisa fungível. O depositante encontra-se perante o banco em situação similar ao do mutuante em face do mutuário. Mas trata-se apenas de similitude, posto que não é da essência do depósito bancário a remuneração pela permanência dos recursos em mãos do banco e, outrossim, o depositante pode unilateralmente resgatar o bem objeto do contrato. Tais características afastam o depósito bancário do mútuo.
3.1.2 CONTA CORRENTE
Por meio deste contrato, o banco se obriga a receber valores monetários entregues pelo correntista ou por terceiros e proceder a pagamentos por ordem do mesmo correntista, utilizando-se desses recursos. O banco presta um verdadeiro serviço de administração de caixa para o correntista.
É o contrato pelo qual o banco se obriga a receber valores monetários entregues pelo correntista, utilizando-se desses recursos. Guarda semelhança com o depósito bancário, na medida em que o banco tem o dever de restituir os recursos mantidos em conta corrente ao correntista quando os solicitar. Mas é um contrato de função econômica mais ampla, porque, através dele, o banco presta um verdadeiro serviço de administração de caixa do correntista. Essa particularidade, inclusive, o distancia também do contrato de conta corrente comum (operação entre empresários para compensação futura). 
É um contrato consensual. Pode-se celebrá-lo sem que o correntista entregue, de início, qualquer dinheiro ao banco, ficando a conta de ser dotada por recursos pagos por terceiros devedores daquele.
3.1.3 INVESTIMENTOS E APLICAÇÃO FINANCEIRA
É o contrato pelo qual o depositante autoriza o banco a empregar em determinados mercados de capitais (ações, títulos da dívida pública e outros) o dinheiro mantido em conta de depósito.
As aplicações financeiras organizam-se por meio de fundos, estruturado de acordos com as diversas alternativas de investimento e atendendo a regramento próprio, aprovado pela Comissão de Valores Mobiliários.
O investidor é remunerado conforme os resultados obtidos na aplicação dos recursos do respectivo fundo. Em regra, o banco não oferece garantia de manutenção da integralidade do capital investido, tratando-se de operação que envolve determinado grau de RISCO. A garantia só existe quando prevista expressamente no regimento do fundo e no contrato de aplicação financeira.
Assim, o banco não responde por eventuais perdas derivadas de oscilações no valor dos títulos que compõem o fundo, mas apenas pela má administração, ilegalidade ou descumprimento do regimento ou do contrato. 
3.2 OPERAÇÕES ATIVAS
O banco assume, quanto à obrigação principal, a posição de credor. Os bancos concedem crédito aos seus clientes com os recursos coletados junto a outros clientes, através de contratos da categoria das operações passivas.
Os principais são: mútuo bancário, desconto, abertura de crédito e crédito documentário.
MÚTUO BANCÁRIO
O contrato pelo qual o banco empresta certa quantia de dinheiro ao cliente, que se obriga a pagá-la, com os acréscimos remuneratórios, no prazo contratado. Assim como o depósito bancário é o principal contrato bancário de operação passiva, o mútuo é o mais importante contrato relacionado às operações ativas dos bancos.
É um contrato real, somente se aperfeiçoa com a entrega do dinheiro. Antes disso, inexiste contrato e, conseqüentemente, nenhuma obrigação contratual se pode imputar ao banco, se ele não proceder à entrega do dinheiro, mesmo depois de concluídas as tratativas com o cliente.
O banco mutuante não assume nenhuma obrigação perante o mutuário, de modo que se pode afirmar a natureza unilateral desse contrato.
Juros no mútuo bancário:
Segundo Fábio Ulhoa�, “A diferença entre o mútuo civil e o bancário diz respeito aos juros. No civil, as partes não podem contratá-los superiores à taxa selic para negociação dos títulos da dívida pública federal, ao passo que no mútuo bancário não existem limites legais”.
Não vigora para o mútuo bancário a limitação nas taxas de juros prescrita no Código Civil (arts. 406 e 591) e na Lei de Usura (Decreto 22.626/1933), porque a Lei n° 4.595/1964, no artigo 4°, IX, delegou ao Conselho Monetário Nacional a atribuição de fixar as taxas de juros.
Súmula n. 596/STF: “As disposições do Dec. n° 22.626/33 não se aplicam às taxas de juros e aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por instituições públicasou privadas que integram o Sistema Financeiro Nacional”.
O art. 192, §3°, da Constituição que limitava a taxa de juros reais a 12% ao ano foi revogado pela Emenda Constitucional n° 40 de 2003.
O STJ tem precedentes autorizando a cobrança de juros superiores a 1% ao mês nos mútuos bancário, sustentando não ser possível afirmar a abusividade da taxa de juros só com base na estabilidade econômica do país, desconsiderando todos os demais aspectos que fazem parte do sistema financeiro e os diversos componentes do custo final do dinheiro emprestado, tais como o custo de captação, a taxa de risco, os custos administrativos (pessoal, estabelecimento, material de consumo, etc.) e tributários e, finalmente, o lucro do banco. Com efeito, a limitação da taxa de juros em face da suposta abusividade somente teria razão diante de uma demonstração cabal da excessividade do lucro da intermediação financeira (RESP 537113/RS).
No que toca a capitalização de juros, o STJ entende que é possível a contratação expressa da capitalização de juros, a qual deve ser clara, precisa e ostensiva, ou seja, as cláusulas devem ser compreensíveis plenamente, não podendo ser deduzida da mera divergência entre a taxa de juros anual e o duodécuplo da taxa de juros mensal (REsp 1.302.738-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 3/5/2012). 
Quanto à possibilidade de capitalização mensal de juros, o STJ julgou, sob o regime dos recursos repetitivos, que ela é permitida em contratos celebrados após 31 de março de 2000, data da publicação da MP 1.963-17/2000, em vigor como MP 2.170-36/2001, desde que expressamente pactuada, bem como, por maioria, decidiu que a previsão no contrato bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal é suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva anual contratada. O STJ esclareceu que, na prática, isso significa que os bancos não precisam incluir nos contratos cláusula com redação que expresse o termo “capitalização de juros” para cobrar a taxa efetiva contratada, bastando explicitar com clareza as taxas cobradas. A cláusula com o termo “capitalização de juros” será necessária apenas para que, após vencida a prestação sem o devido pagamento, o valor dos juros não pagos seja incorporado ao capital para o efeito de incidência de novos juros. Destacando que cabe ao Judiciário analisar a cobrança de taxas abusivas que consistem no excesso de taxa de juros em relação ao cobrado no mercado financeiro. REsp 973.827-RS, Rel. originário Min. Luis Felipe Salomão, Rel. para o acórdão Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 27/6/2012.
Restituição antecipada dos valores objeto do mútuo: Questão controvertida, neste aspecto, sempre foi quanto a possibilidade do mutuário antecipar a restituição do dinheiro emprestado e exonerar-se dos juros a vencerem. Muitos doutrinadores opõem-se a tal entendimento, alegando que a legítima expectativa do mutuante ao contratar o mútuo consiste nos juros que receberá e que seria frustrada com a antecipação da devolução do capital mutuado. Neste sentido, Fabio Ulhoa Coelho ao referir-se especialmente ao mútuo bancário�. Todavia, tratando-se o mutuário de consumidor, ou sendo o mutuante instituição financeira, será assegurado ao mutuário antecipar o prazo de restituição do mútuo reduzindo-se proporcionalmente os juros e encargos, nos termos do Código de Defesa do Consumidor, art.52, parágrafo 2º, e Resolução BACEN n. 2878, de 26/07/2001- Código de Defesa do Cliente Bancário- artigo 7º.
Contrato de financiamento: Ulhoa define como aquele mútuo em que o mutuário assume a obrigação de conferir ao dinheiro emprestado uma determinada finalidade, ex. adquirir a casa própria, investir na produção.
Entendimentos sumulados sobre mútuo bancário:
	Súmula 472. A cobrança de comissão de permanência – cujo valor não pode ultrapassar a soma dos encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato – exclui a exigibilidade dos juros remuneratórios, moratórios e da multa contratual. Rel. Min. Luis Felipe Salomão, em 13/6/2012. 
Súmula 380. A simples propositura da ação de revisão de contrato não inibe a caracterização da mora do autor.
 
Súmula 322. Para a repetição do indébito nos contratos de abertura de crédito em conta corrente não se exige prova do erro.
Súmula 300. O instrumento de confissão de dívida, ainda que originário de contrato de abertura de crédito, constitui título executivo extrajudicial.
Súmula 296. Os juros remuneratórios, não cumuláveis com a comissão de permanência, são devidos no período de inadimplência, à taxa média de mercado estipulada pelo Banco Central do Brasil, limitada ao percentual contratado.
Súmula 295. A Taxa Referencial (TR) é indexador válido para contratos posteriores à Lei n. 8.177/91, desde que pactuada.
Súmula 294. Não é potestativa a cláusula contratual que prevê a comissão de permanência, calculada pela taxa média de mercado apurada pelo Banco Central do Brasil, limitada à taxa do contrato.
Súmula 288. A Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) pode ser utilizada como indexador de correção monetária nos contratos bancários.
Súmula 287. A Taxa Básica Financeira (TBF) não pode ser utilizada como indexador de correção monetária nos contratos bancários.
Súmula 286. A renegociação de contrato bancário ou a confissão da dívida não impede a possibilidade de discussão sobre eventuais ilegalidades dos contratos anteriores.
Súmula 285. Nos contratos bancários posteriores ao Código de Defesa do Consumidor incide a multa moratória nele prevista.
Súmula 258. A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou.
Súmula 247. O contrato de abertura de crédito em conta-corrente, acompanhado do demonstrativo de débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação monitória.
Súmula 233. O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato da conta-corrente, não é título executivo.
Súmula 176. É nula a clausula contratual que sujeita o devedor a taxa de juros divulgada pela ANBID/CETIP.
Súmula 93. A legislação sobre cédulas de crédito rural, comercial e industrial admite o pacto de capitalização de juros.
Súmula 30. A comissão de permanência e a correção monetária são inacumuláveis.
OBS: o STJ entende que a comissão de concessão de crédito, cobrada pela instituição financeira para fornecer crédito ao mutuário, incide apenas uma vez no início do contrato. Qualquer outra cobrança do referido encargo é ilícita, pois viola preceitos de boa-fé objetiva. 
DESCONTO BANCÁRIO
O banco (descontador) antecipa ao cliente (descontário) o valor de crédito deste contra terceiro, mesmo não vencido, recebendo tal crédito em cessão. Normalmente, os bancos descontam apenas os chamados títulos bancáveis, ou seja, os títulos de crédito em geral, em virtude da autonomia das obrigações cartulares, que dá mais segurança ao banco.
Não confundir com factoring, que não é um contrato bancário.
O descontário transfere ao banco o seu crédito e recebe deste uma importância correspondente ao seu valor deduzido de despesas, juros, comissões e outras parcelas.
Trata-se de contrato real, que se aperfeiçoa com a transferência do crédito ao descontador.
Nesse contrato, ao contrário do que se verifica no contrato de faturização, o cliente garante ao banco o pagamento do crédito transferido e não apenas a existência da dívida. Se o devedor com quem o descontário entabulou a relação jurídica originária do crédito não honra a obrigação no vencimento, o banco pode cobrá-lo de seu cliente, em regresso (que não existe na faturização). 
Quando se trata de título de crédito, a transferência se faz mediante endosso.
Tipos de endosso:
Endosso próprio: o cliente transfere o seu crédito ao banco, que passa a titularizá-lo. Somente nesse pode haver desconto bancário;
Endosso-mandato: a instituição financeira é investida na qualidade de mandatária para o recebimento do crédito devido por terceiro;Endosso-caução: os créditos são oferecidos em penhor de um mútuo contraído pelo cliente. O banco se torna credor pignoratício.
Não sendo o débito honrado, o banco pode optar entre:
cobrança judicial do devedor do título descontado;
cobrança judicial do endossante (descontário), com fundamento no direito cambiário, sendo indispensável o protesto (salvo a cláusula “sem despesa”);
cobrança judicial do descontário com fundamento no contrato de desconto.
Exatamente porque se trata de um contrato autônomo, o banco pode cobrar do descontário o crédito não pago, apenas com fundamento no próprio contrato.
Redesconto: o banco repassa o título a outra instituição financeira. A competência exclusiva para realizá-la é do Banco Central (Lei 4.595/64, art. 10, V).
REDESCONTO: O redesconto é a operação pela qual o banco, não desejando aguardar o vencimento do título sobre o qual operou o desconto, para encaixar o seu montante, por sua vez, desconta-o junto a outro banco, recuperando o próprio capital. Em síntese, vem a ser a operação pela qual o banco pode descontar o título que pagou em outro banco. (ABRÃO, Nelson apud RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. 2ª ed.). Compete privativamente ao Banco Central do Brasil realizar operações bancárias de redesconto (Lei n. 4.595/64, art. 10, V):
ABERTURA DE CRÉDITO
O banco põe uma certa quantia de dinheiro à disposição do cliente, que pode ou não se utilizar desses recursos (cheque especial).
Em geral, estipula-se que o cliente somente irá pagar juros e encargos se e quando lançar mão do crédito aberto. Associada a um contrato de depósito, costuma-se designar a abertura de crédito pelo nome de ‘cheque especial’.
É um contrato consensual e bilateral.
Modalidades:
(a) Abertura simples, em que o cliente, uma vez utilizado o crédito, não tem a faculdade de reduzir o montante devido antes de determinado prazo;
(b) Abertura em conta-corrente, muito usual, em que o cliente pode, mediante entradas, reduzir seu débito perante a instituição financeira.
Segundo o STJ, o contrato de abertura de crédito não é título executivo extrajudicial, ainda que acompanhado do demonstrativo do débito, porquanto carece da liquidez característica dos títulos de crédito (Súmula 233 do STJ). Mas, quando acompanhando do demonstrativo de débito, o contrato de abertura de crédito em conta-corrente constitui documento hábil para a ação monitória, a teor do que dispõe a Súmula n. 247 do STJ. Por outro lado, a Corte Superior de Justiça afirma a possibilidade de execução do Instrumento Particular de Confissão de Dívida, mesmo que o débito reconhecido pelo devedor seja oriundo de contrato de abertura de crédito. (AgRg no REsp 725679 / MS, DJ 20.11.2006)
Cédula de crédito bancário: A Lei n. 10.931/2004 estabelece que a Cédula de Crédito Bancário é título executivo extrajudicial, representativo de operações de crédito de qualquer natureza, circunstância que autoriza sua emissão para documentar a abertura de crédito em conta corrente, nas modalidades de crédito rotativo ou cheque especial. Para tanto, o título de crédito deve vir acompanhado de claro demonstrativo acerca dos valores utilizados pelo cliente, trazendo o diploma legal a relação de exigências que o credor deverá cumprir, de modo a conferir liquidez e exequibilidade à Cédula (art. 28, § 2º, incisos I e II, da Lei n. 10.931/2004). (REsp 1283621/MS, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, segunda seção, julgado em 23/05/2012, DJe 18/06/2012). Nessa mesma linha, posiciona-se o TRF-1 (AC - Apelação Civel – 200738000210508, Relator(a) Juiz Federal Rodrigo Navarro de Oliveira (CONV.), Órgão julgador Sexta turma, Data:30/08/2010.)
Súmula STJ 322. Para a repetição de indébito, nos contratos de abertura de crédito em conta-corrente, não se exige a prova do erro.
OBS: 
O STJ entende ser abusivo o banco valer-se do salário do correntista, que lhe é confiado em depósito, pelo empregador, para cobrir saldo devedor de conta corrente (STJ, REsp 831774/RS, Min. Humberto Gomes, D.J. 29/10/2007).
Para o STJ não é abusiva a cláusula de renovação automática do contrato de abertura de crédito.
3.2.4. CRÉDITO DOCUMENTÁRIO 
De larga utilização no comércio internacional, define-se pela obrigação assumida por um banco (emissor), perante o seu cliente (ordenante), no sentido de proceder a pagamentos em favor de terceiro (beneficiário), contra a apresentação de documentos relacionados a negócio realizado por estes dois últimos. 
Exemplo: o importador pode contratar uma instituição financeira para que ela realize pagamento, de acordo com as suas instruções, em favor do exportador, quando este lhe exibir determinados documentos representativos das mercadorias transacionadas. A garantia intermediada pelo banco se opera no sentido de que o importador, ao abrir a conta de crédito no valor equivalente da compra, deposita o valor sob custódia do banco, que por sua vez só libera o crédito respectivo ao exportador quando este comprovar documentalmente a exportação, ou seja, o exportador tem a garantia de que receberá o pagamento, uma vez provada a exportação ao banco, e o importador tem a garantia de que receberá a mercadoria, pois o pagamento ao exportador somente será liberado após a comprovada a exportação, conforme previsto no contrato. O encargo de abertura da carta de crédito (crédito documentário) é do importador.
É um contrato autônomo.
Firmado o contrato com o ordenante, cabe ao banco confirmar a disponibilização do crédito junto ao beneficiário, mediante a emissão da “carta de crédito”. Após expedir as mercadorias transacionadas, o beneficiário, munido da carta e dos documentos comprobatórios, comparece à agência do banco emissor para receber o seu pagamento.
A Câmara de Comércio Internacional tem estabelecido desde 1929 a uniformização da disciplina (Uniform Customs and Practice for Commercial Documentary Credits – UCP). Para que o contrato se submeta à disciplina dessa uniformização, devem as partes fazer expressa referência à revisão de 1993, objeto da Publicação n° 500 da CCI.
� O princípio da capacidade contributiva é aquele segundo o qual o contribuinte será tributado de acordo com o seu grau de riqueza. A CF então possibilita que a administração identifique o patrimônio e a capacidade econômica do contribuinte.
� Curso de ... vol. 3, 8ª edição.
� Curso de Direito Comercial. Vol.3, 3ª Ed., São Paulo: Saraiva, 2002. p.125.

Outros materiais