ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE DO TRABALHADOR

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1 Graduado em Gestão Pública pela Universidade Estácio de Sá 
 
ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE DO TRABALHADOR 
 
Timóteo Lial, Rozemário1 
 
RESUMO 
 
Nos últimos anos, a prática do exercício da enfermagem do trabalho cresceu 
de forma gradativa chegando a transformar-se numa área altamente especializada, 
com maior ênfase na promoção da saúde, prevenção de doenças e orientações com 
a finalidade de evitar acidentes no ambiente de trabalho, seja em qualquer área. Os 
objetivos deste artigo são destacar a importância da atuação do enfermeiro do 
trabalho na promoção da saúde do trabalhador nas mais diferentes áreas de 
trabalho; reconhecer que as orientações referentes à promoção da saúde 
configuram-se como um meio de evitar possíveis acidentes e compreender que no 
ambiente de trabalho o trabalhador precisa sentir-se seguro e consciente dos riscos 
existentes. O procedimento metodológico utilizado na produção do artigo trata-se de 
um estudo qualitativo, do tipo revisão integrativo da literatura, de caráter 
exploratório. A pesquisa foi realizada através de estudo e confrontos teóricos de 
autores que abordam a temática sobre a atuação do enfermeiro na promoção da 
saúde do trabalhador. A escolha desta temática justifica a necessidade de ampliar o 
conhecimento sobre o assunto em discussão, o qual apresenta grande importância 
na formação acadêmica. Os resultados obtidos com a realização do estudo foram 
fundamentais para entender a dimensãodo trabalho do enfermeiro na promoção da 
saúde do trabalhador. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Enfermagem.Promoção de saúde. Trabalhador. 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
In recent years, the practice of nursing work has gradually increased to become a 
highly specialized area, with a greater emphasis on health promotion, disease 
prevention and guidelines to prevent accidents in the work environment, Be in any 
area. The objectives of this article are to highlight the importance of the work nurse in 
promoting the health of the worker in the most different areas of work; Recognize that 
health promotion guidelines are a means of avoiding possible accidents and 
understand that in the workplace the worker needs to feel safe and aware of the 
existing risks. The methodological procedure used in the production of the article is a 
qualitative study, of the type integrative review of the literature, of an exploratory 
character. The research was carried out through theoretical studies and 
confrontations of authors that approach the theme about the nurse 's role in the 
promotion of worker' s health. The choice of this theme justifies the need to broaden 
the knowledge about the subject under discussion, which is of great importance in 
the academic formation. The results obtained with the study were fundamental to 
understand the dimension of the work of the nurse in the promotion of the health of 
the worker. 
 
KEY-WORDS: Nursing. Health promotion.Worker. 
 
 
3 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Diante das transformações ocorridas na sociedade em geral, o universo 
profissional vem se expandindo cada vez mais, esta realidade tem exigido a atuação 
de determinados profissionais de diferentes áreas, visando garantir o bem-estar dos 
trabalhadores. 
A enfermagem do trabalho vem atuando cada vez mais de forma educativa na 
prevenção de acidentes, na conscientização do risco de doenças ocupacionais que 
causam afastamentos temporários ou permanentes nos mais diversos ambientes de 
trabalho, como também realiza um trabalho de orientação e faz um amplo 
acompanhamento daqueles que realmente necessitam de cuidados assistenciais 
voltados a saúde. Ou seja, a enfermagemvem ganhando espaço dentro das 
organizações, através das açõesde promoção, proteção e prevenção dos acidentes 
de trabalho e doenças ocupacionais. 
Os objetivos desse trabalho, ora elaborado, consistem em identificar a 
importância do profissional de enfermagem do trabalho diante desuas contribuições 
para garantir a estabilidade da saúde do trabalhador, visando umamelhoria de sua 
capacidade produtiva e o bem-estar no ambiente ocupacional; compreender que 
atualmente se faz necessário à atuação deste profissional como um elemento 
essencial no processo de assistência ao trabalhador de qualquer área; analisar a 
importância da atuação deste profissional dentro dasorganizações, focando a 
prevenção de forma priorizada na saúde do trabalhador e realizar um estudo 
reflexivo sobre a abrangência da enfermagem atuando na atenção integral a saúde 
do trabalhador. 
O universo profissional nas últimas décadas tem passado por várias 
transformações, e isso vem acontecendo em ritmo bastante acelerado, incluindo 
inclusive as novas tecnologias que de maneira indireta provoca impactos na saúde 
do trabalhador. Portanto, cabe ao profissional da área de enfermagem do trabalho, 
ampliar seus conhecimentos dentro do binômio teoriae prática, capacitando-se 
osuficiente para responder às exigências de um mercado de trabalhoque quer 
investirna saúde de seus colaboradores que se encontram expostos a diversos 
riscos. 
As principais responsabilidades dos enfermeiros estãoassociadas às 
atividades desempenhadas nas clínicas, seguidas por atividades de administração, 
4 
 
ações educativas relacionadas à realização de procedimentos de enfermagem, 
como coordenadores de serviços de saúde ocupacional e por atividades de 
promoção da saúde no trabalho, utilizando a maior parte do tempo no trabalho com 
tarefas de gerenciamento, seguidas de atividades de consultoria. 
Desse modo, essa abordagemse faz necessária porque permite refletir sobre 
as práticas da assistência e promoção em saúde do trabalhador na saúde 
ocupacional, possibilitando a partir dos resultados obtidos, um conhecimento mais 
sistematizado da realidade que circunscreve a problemática em questão, 
evidenciado questões relativas ao profissional. 
Propõe-se que os conhecimentos adquiridos a partir da realização desta 
pesquisa, possam servir como subsídios para a tomada de decisões, no sentido de 
entender melhor o processo saúde/doençano ambiente ocupacional,fortalecer o 
compromisso de melhorar os cuidados com a saúdee possibilitar a definição de 
ações em sintonia comas políticas de saúde do trabalhador. 
O estudo realizado neste contexto contribuirá na educação permanente dos 
profissionais de saúde, especialmente dos enfermeiros que atuam na área de saúde 
ocupacional, possibilitando a construção de uma pauta de discussões e reflexões e, 
ate mesmo, de novas produções teóricas que implicam nas transformações de 
concepções e práticas gerando novos conhecimentos e saberes. 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2. O AMBIENTE DE TRABALHO E A PROMOÇÃO DA SAÚDE 
 
Dados mostram que, com a evolução do processo histórico da sociedade, o 
universo profissional foi tornando-se cada vez acelerado, as pessoas passaram a ter 
uma vida bastante corrida devido às obrigações a serem cumpridas no ambiente de 
trabalho. Constata-se que na segunda metade do século XX, ocorreram muitas 
mudanças no cenário político, social e econômico, dando origem a uma grande crise 
de paradigmas em todo o planeta.Hoje, as condições do ambiente para o trabalho e 
saúde são de extrema importância para uma boa qualidade de vida dos homens e 
direito de cidadania (FRIAS, 2009, p. 29). 
Diante do exposto, reconhece-se que na atualidade, o ambiente de trabalho 
necessita estar adequado para garantir o bem-estar dos funcionários que precisam 
desempenhar as suas atribuições com segurança e dignidade. Por isso, muitos 
conceitos e definições sobre saúde e doença vêm sendo cada vez mais discutidos. 
Entende-se que nesta perspectiva,a prática da assistência concedida pelo 
profissionalde enfermagem deve se voltar para a orientação tendo como base a 
tríade saúde, doença e trabalho. O bom desenvolvimento de uma organização 
depende muito do desempenho do quadro de funcionários que deve apresentar 
boas condições de saúde para conduzir as tarefas diárias de forma satisfatória. 
 
2.1 O ambiente de trabalho e o perigo das doenças 
 
Observa-se que, com o intuito de garantir a segurança dos trabalhadores, no 
ambiente de trabalho, em setembro de 1990 cria-se a Lei Federal 8.080 que trata 
das condições de saúde e funcionamento dos serviços, abordando a saúde do 
trabalhador e suas competências, destacando as atividades que se determina, por 
meio de ações de vigilância epidemiológica e sanitária, à promoção da saúde dos 
trabalhadores, bem como às medidas de recuperação e reabilitação dos indivíduos 
que estão expostos às cargas e agravos provenientes das condições do labor. 
Na atualidadeos funcionários vêm se adequando às novas tecnologias e se 
atualizando diante um mercado de trabalho muito competitivo. Isto tem contribuído 
de modo bastante significativo para que o trabalhador busque cada vez mais ser 
polivalente e capaz de elaborar uma multiplicidade de atividades. (CABRAL, 2003, p. 
42). 
6 
 
Diante disso, entende-se que a competição no âmbito profissional, exige que 
indivíduos busquem cada vez mais aprimorar seus conhecimentos teórico e prático, 
objetivando assim, desempenhar múltiplas funções para manter-se inserido no 
mercado de trabalho competitivo. Analisa-se que diante das diversas situações que 
surgem atualmente na sociedade, o ser humano se encontra envolvido em um 
processo ao mesmo tempo complexo e dinâmico que abrange as condições 
somáticas, os processos cognitivos e emocionais, envolvendo também a questões 
sociais. De acordo com RIBEIRO (2007), foi após os anos de 1970, que os atributos 
inerentes do modelo do trabalhador mudaram radicalmente, partindo de funcionários 
independentes, auto motivados, que defendem seus interesses e preferências 
individuais. 
Essas transformações vêmacontecendo de maneira bastanteacelerada que 
por sua vez, vem atingindo os trabalhadores pela capacidade de as mudanças 
serem maior que a própria capacidade humana, pois a nova metodologia de 
gerencia das empresas, trás consigo um novo modo de conduzir o processo 
administrativo,alterando e intensificando o trabalho. Segundo MORAES (2007), isso 
vem contribuindo para o surgimento de um grande índice de agravos à saúde com 
diversos tipos de doenças que surge devido o esforço diário no desempenho das 
atividades profissionais. 
Evidencia-se que o surgimento de novas tecnologias tem facilitado o 
desempenho de determinadas atividades no mercado de trabalho,e ao mesmo 
tempo em que o contexto tecnológico representa o significado de amenizar o fardo 
do trabalho ou de promover uma maior emancipação dos trabalhadores, exige-se 
que o mesmo busque uma melhor qualificaçãoe adequação ao mercado de trabalho, 
onde a falta de oportunidade pode ser um dos fatores que contribuirão para o 
surgimento ou crescimento das doenças ocupacionais. 
 
A promoção em saúde se torna um grande enfrentamento de problemas 
quanto aos vários setores de meio ambiente, urbanização, segurança 
alimentar e nutricional, ao desemprego, moradia, ao uso de drogas licitas e 
ilícitas e entre muitos outros. (CAMPOS, 2004, p. 82). 
 
 
A qualidade da saúde dos trabalhadores afeta diretamente a imagem 
transmitida por uma organização, tanto no âmbito ético, quanto legal perante a 
opinião pública. Isso porque a segurança no trabalho é assunto discutido com 
7 
 
frequência, tanto que, até mesmo enfermidades que, à primeira vista, nada se 
relacionam com o ambiente de trabalho, passaram a sofrer pesquisas mais 
detalhadas sobre seus impactos que podem ser desencadeados dentro do ambiente 
profissional (CHAGAS et al., 2011). 
A companhia então deve possuir estrutura coerente com a qualidade laboral 
que deve ser ofertada a seus colaboradores, incluindo refeitório, área de lazer, 
vestiários e mesmo educação profissional, seja especifica ou mesmo básica, a fim 
de ensinar ao trabalhador sobre seus direitos, deveres e como se comportar para 
sua própria segurança no trabalho. Além disso, tais ações quando implantadas 
espontaneamente por parte da empresa tendem a surtir resultados sólidos, 
estimulando a produtividade e comprometimento dos trabalhadores (BRASIL, 2005). 
 
2.2 A enfermagem e suas atribuições na saúde do trabalhador 
 
Encontra-se entre suas atividades a conservação da saúde no mais alto grau 
de bem-estar físico, mental e assistência de doenças ocupacionais ou não 
ocupacionais e sua restauração para o trabalho. Diante do exposto, constata-se 
grande abrangência na atuação do enfermeiro do trabalho nas instituições, na 
função administrativa, o enfermeiro tem a função de desenvolver ações que 
consequentemente influenciam na cultura institucional, a fim de proporcionar 
programas que irão reduzir os danos para o trabalhador. No Assistencial, a 
avaliação deve ser no trabalho, onde existe uma um aspecto que é ampliado e 
interligado com uma verificação no diagnostico, para implementação de respostas, 
sempre respeitando a subjetividade do individuo. (ROGERS, 2007, p. 63). 
Posto isso, a Saúde do trabalhador no Brasil teve suas primeiras atenções 
através da Medicina do Trabalho. Segundo RIBEIRO (2007), O processo de 
industrialização e urbanização sofreram mudanças gradativamente no panorama da 
relação capital-trabalho e novas formas demandas biológicas, doenças 
ocupacionais, necessidades psicológicas e sociais nas relações de vida e trabalho 
foram surgindo. 
Desde então, juntamente com o processo de democratização do País, novas 
ações surgiram no âmbito da Saúde Pública, bem como em determinados setores 
sindicais e acadêmicos, que configuram o campo que passou a denominar-se Saúde 
do Trabalhador. 
8 
 
Estudos mostram ser de grande importância às atribuições da enfermagem no 
trabalho, pois tem como principio trabalhar para o bem estar do funcionário e da 
empresa, tendo em vista o seu papel de antecipar-se aos perigos que os 
trabalhadores estão patentes e trabalhar com ações de prevenção dos agravos à 
saúde do trabalhador. “O processo de enfermagem dentro da saúde do trabalhador 
consiste em promoção de cuidados e proteção aos trabalhadores, torná-los 
conscientes dos riscos a que estão expostos e fazer com que participem do seu 
autocuidado.” (DIAS, 2005, p. 76). 
Atuar na promoção e prevenção da saúde, portanto, é saber valorizar o ser 
humano em sua integralidade e contribuir na redução de acidentes e doenças do 
trabalho, pois o que torna diferencial o enfermeiro do trabalho é o seu conhecimento, 
valorização e preocupação com a saúde do trabalhador. 
Menciona-se que dentro da empresa, o enfermeiro do trabalho também atua 
dentre outras atribuições, com vistasa construir e efetuar planos e programas de 
proteção à saúde dos empregados, fazer listagem das doenças profissionais e 
lesões traumáticas, conduza-se também os estudos de epidemiológicos, reunir 
dados estatísticos de morbidade e mortalidade de trabalhadores, buscando 
possíveis relações com as atividades operacionais, para obter a seguimento 
operacional e extensão da produtividade, portanto a Enfermagem fornece os 
primeiros socorros para os casos de acidentes e ainda proporciona aos 
trabalhadores, treinamentos instruindo-os sobre o uso de roupas e material 
conforme ao tipo de trabalho, para diminuir a incidência de acidentes entre outros. 
 
É também função do enfermeiro do trabalho, elaborar, executar e 
supervisionar eavaliar as atividades de assistência de enfermagem aos 
trabalhadores, proporcionando-lhes atendimento ambulatorial, no próprio 
local de trabalho, controlando sinais vitais, aplicando medicamentos 
prescritos, curativos, e outros tratamentos, para reduzir o absenteísmo 
profissional; bem como orientar os funcionários no ato da admissão quanto 
ao esquema vacinal completo. (ALVES, 2003, p. 48). 
 
No atendimento assistencial o enfermeiro do trabalho, tem como 
competências a promoção individualizada, mas sempre referente à patologia ou 
sobre problemas existentes no ambiente de trabalho, tendo uma percepção 
desenvolvida e entrelaçada com um estudo, diagnóstico, e com uma pratica de 
resoluções e a manutenção da saúde, sempre respeitando a integralidade de cada 
trabalhador. “É ainda primordial que o enfermeiro do trabalho faça a 
9 
 
implementaçãodas ações de enfermagem, por seu grande e variado conjunto de 
conhecimentos obtidos durante sua carreira profissional, que o possibilita a 
coordenação integrada das atividades.” (VILELA, 2012, p. 66). 
Portanto na atuação do enfermeiro na saúde integral ao trabalhador, entende-
se que o trabalho é um fator primordial na construção tanto da saúde quanto da 
identidade dos trabalhadores e sua família, pois o trabalho representa não só na 
vida social como também na cultura do trabalhador. 
 
 
10 
 
3. METODOLOGIA 
 
Trata-se de um estudo qualitativo, do tipo revisão integrativo da literatura, de 
caráter exploratório, realizado no ano de 2017. A pesquisa foi realizada através de 
estudo e confrontos teóricos de autores que abordam a temática sobre a atuação do 
enfermeiro na promoção da saúde do trabalhador. Foi desenvolvido mediante a 
busca de artigos científicos publicados nas bases de dados BVS (Biblioteca Virtual 
de Saúde) e Scielo (Scientific Eletronic Library Online). 
A procura nos bancos de dados foi realizada utilizando às terminologias 
cadastradas nos Descritores em Ciências da Saúde criados pela Biblioteca Virtual 
em Saúde desenvolvido a partir do Medical SubjectHeadings da U. S. National 
Library of Medicine que permite o uso da terminologia comum em português, inglês 
e espanhol. As palavras-chave utilizadas na busca foram: Enfermagem. Promoção 
de saúde. Trabalhador. 
A fim de selecionar as fontes, foram consideradas como critério de inclusão 
as bibliografias que abordassem atuações do enfermeiro na saúde do trabalhador e 
consequentemente a temática. E foram excluídas aquelas que não apresentavam 
relação com a problemática do estudo. 
Para síntese e análise do material foram realizados os seguintes 
procedimentos: leitura informativa ou exploratória, que constitui na leitura do material 
para saber do que se tratavam os artigos; leitura seletiva, que se preocupou com a 
descrição e seleção do material quanto a sua relevância para o estudo e leitura 
crítica e reflexiva que buscou por meio dos dados a construção dos resultados 
encontrados. 
 
 
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4. O PAPEL DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DE RISCOS 
 
No bojo do que fora discutido até o momento, o Ministério da Saúde (BRASIL, 
2001) apresenta uma série de ações que podem ser desenvolvidas em nível local de 
saúde, direcionando como as atribuições da equipe de saúde, na identificação e 
registro da população economicamente ativa, de modo que as atividades de 
produção existentes no setor, os integrantes da família que trabalham no mercado 
formal ou informal, existência de trabalho precoce, ocorrência de acidentes ou 
doenças relacionadas às atividades profissionais. 
Deste modo, Silveira e Marin (2006) explicam que é preciso coletar 
informações que servirão de subsídios para tais ações da enfermagem, embasando 
a avaliação, planejamento e implantação destas ações no cuidado à saúde do 
trabalhador. Deste modo, é preciso realizar entrevistas com ênfase sob o trabalho, 
que consiste em ação importante de ser realizada por parte do enfermeiro, com a 
utilização das etapas por parte da Sistematização da Assistência de Enfermagem 
(SAE), levando em consideração dados: demográficos, histórico ocupacional, de 
saúde, são estes captados e processados podendo tornar-se de fácil identificação 
precoce de alguns elementos que podem causar riscos à saúde do trabalhador, 
contribuir para ações no sentido de prevenção e promoção da saúde. 
Castro et al. (2010) explicam que a preocupação acerca da saúde do 
trabalhador é um tema que toma a preocupação dos empresários atualmente. 
Assim, os órgãos responsáveis pela saúde pública brasileira, passam a empreender 
medidas educativas sobre a preservação da saúde do trabalhador, contribuindo para 
ações preventivas dos riscos ocupacionais. Tanto que profissionais da área da 
saúde passam a promover de maneira constante, projetos com a finalidade de 
otimizar a qualidade de vida e saúde dos trabalhadores. Neste sentido, os autores 
explicam: 
 
A enfermagem do trabalho, como especialidade, busca aprofundar, 
desenvolver conhecimentos e ampliar seu papel junto à área de saúde do 
trabalhador. A implantação da SAE é uma realidade imposta 
sistematicamente com o atendimento do trabalhador na medicina 
ocupacional. Na consulta de enfermagem também se dá atenção a 
problemas prevalentes desse meio, direta ou indiretamente ligados ao 
exercício profissional tais como diabetes mellitus, hipertensão arterial 
sistêmica, tabagismo, etilismo, uso de drogas ilícitas, obesidade, doenças 
cardiovasculares, neoplasias e doenças mentais (p. 7). 
 
12 
 
Deste modo, o enfermeiro passa a se responsabilizar na atuação durante a 
avaliação periódica da saúde do trabalhador. Acreditando que, desta maneira, a 
assistência da enfermagem contribui para a promoção da saúde do trabalhador, bem 
como na reabilitação de trabalhadores e retorno às atividades profissionais, no 
sentido de restabelecer sua autonomia profissional e social. 
 
O fato de não poder trabalhar realizando suas atividades diárias, leva o 
sofrimento, acarretando em mudanças no seu cotidiano, na família e 
também mostra um sentimento de. Estudos mostram que os funcionários 
que acabam adoecendo, ao se relacionarem com as ocorrências de 
sofrimento resultante das mais diversas expressões do adoecimento, vivem 
várias situações de preconceito, sentimento de culpa, discriminação, perda 
de identidade, medo, dentre outros (CABRAL, 2003, p. 71). 
 
Segundo VALERETTO(2013) muitos dos perigos do adoecimento estão 
ligados na organização do trabalho, no ritmo penoso, ausência de pausas, as 
variadas situações de estresse, os levantamentos de peso, e as posturas adquiridas, 
que ocorrem pelas exigências que as funções de trabalho impõem, do mobiliário que 
pode criar a integridade física ou mental do trabalhador, que consequentemente vai 
comprometer sua produtividade, saúde e segurança. 
França (1997) explica que o aumento da carga de trabalho passou a se 
traduzir em custos à saúde, tal como: mal-estar geral, falta de ar, pressão baixa, 
tonturas, cansaço, labirintite, esgotamento físico e mental, perturbações de sono – 
como insônia ou sono não reparador/suficiente, perturbações digestivas, formas de 
alimentação inadequadas, estresse, aumento dos níveis de ansiedade, frustração 
angústia, depressão e irritabilidade. Todos esses problemas que podem ser 
agravados ao final da jornada de trabalho diária. 
Wisner (1994) explica então que condições organizacionais que figuram de 
maneira desfavorável, ou então sobrecargas físicas de trabalho contínua, falta de 
tempo de recuperação do trabalho, podem ser alguns dos fatores que contribuem 
para a ocorrência de diversas doenças ocupacionais. Elementos que, mensuráveis 
ou não, favorecem as diversas características individuais,sociais e culturais dos 
colaboradores e podem influenciar na percepção de qualidade de vida que é 
expressa por eles. 
Nesse sentido, abordar sobre a saúde do trabalhador, requer falar sobre a 
ergonomia. Dul e Weerdmeester (2004) explicam que a ergonomia consiste em uma 
ciência aplicada à construção de máquinas, equipamentos, sistemas e também de 
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tarefas, objetivando a melhoria da segurança, saúde, conforto e aumentando a 
segurança do trabalho. Sua definição formal conforme a 
InternationalErgonomicsAssociation(IEA) é apresentada como: 
 
Ergonomia (ou fatores humanos) é uma disciplina científica que estuda as 
interações dos homens com outros elementos do sistema, fazendo 
aplicações da teoria, princípios e métodos de projeto, com o objetivo de 
melhorar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema (DUL; 
WEERDMEESTER, 2004, p. 1). 
 
Os autores então elencam que a ergonomia se atenta aos estudos de fatores 
como: postura, movimentos corporais, fatores ambientais, informação, relações entre 
mostradores e controles, além de avaliar cargos e atividades. Conjugar então esses 
elementos de maneira adequada possibilita a criação de ambientes de trabalho mais 
seguros, saudáveis, confortáveis e eficientes, tanto à atividade profissional quanto à 
vida cotidiana do trabalhador. 
Considerando as necessidades de prevenir problemas de saúde e acidentes 
relacionados ao trabalho e contribuir com a qualidade de vida e bem-estar dos 
trabalhadores, o enfermeiro do trabalho pode executar tarefas que contribuem 
nesses processos de cuidado à saúde do trabalhador. De acordo com Loro (2003), o 
enfermeiro do trabalho possui atribuições relacionadas ao cuidado e manutenção de 
serviços de higiene, medicina e segurança do trabalho, propiciando interação com a 
equipe de trabalho e promoção da saúde do trabalhador, bem como a valorização 
deste. O autor classifica então algumas atribuições específicas do enfermeiro do 
trabalho conforme as áreas de atuação possíveis no ambiente das empresas: 
 
Área de atuação Atribuições 
Técnica 
 Realizar consulta de enfermagem com auxílio do processo de 
enfermagem para com os trabalhadores, atentando na anamnese, 
minimizando o absenteísmo; 
 Diagnosticar as necessidades de enfermagem do trabalho com auxílio 
de um plano estratégico de assistência a ser prestada pela equipe de 
enfermagem do trabalho para a proteção, recuperação, preservação e 
reabilitação da saúde do trabalhador (exemplo: fazer levantamento de 
doenças ocupacionais, buscando a diminuição das mesmas); 
 Realizar testes de acuidade visual; 
 Realizar curativos e medicações de acordo prescrição médica; 
 Implantar a sistematização da assistência de enfermagem, em prol de 
defesa do profissional, trabalhador e responsáveis pela instituição 
(pública ou privada); 
 Promover campanhas de promoção a saúde: hipertensão, diabete, 
vacinação, tabagismo, alcoolismo, primeiros socorros, obesidade; 
 Fazer a desinfecção e esterilização de materiais, através das medidas 
14 
 
de biossegurança. 
 Implantar e avaliar os projetos realizados com equipe multidisciplinar 
(PPRA, PGRSSS, PCMSO); 
 Visitar os locais de trabalho participando da identificação das 
necessidades no campo de segurança, higiene e melhoria do trabalho 
de acordo o setor; 
 Supervisionar e avaliar as atividades de assistência de enfermagem 
aos funcionários. 
 Executar tratamento e descarte de resíduos de materiais de acordo 
normas ANVISA; 
 Zelar pela segurança individual e coletiva, utilizando equipamentos de 
proteção apropriados, quando da execução dos serviços. 
 Avaliar insumos e medicamentos quando solicitados e recebidos. 
 
Administrativa 
 Planejar, organizar e executar atividades de enfermagem do trabalho, 
empregando processo de rotina e/ou específicos; 
 Manter ambiente adequado para o cuidado a saúde do trabalhador; 
 Executar trabalhos específicos em cooperação com outros 
profissionais, emitindo pareceres para realizar levantamentos 
identificar problemas, propor soluções e elaborar programas e 
projetos; 
 Manter organização de registros, arquivos, documentações da 
empresa ligada ao setor; 
 Guardar os prontuários eletrônicos dos clientes/trabalhadores seguros 
e acessível para equipe dos profissionais, respeitando a resolução 
1.639 do Conselho Federal de Medicina de acordo Moraes (2007), já 
os registros em papel devem ficar arquivados de 20 até 30 anos de 
acordo NR 7; 
 Controlar estoque de materiais, medicações e insumos; 
 Controlar e enviar para manutenção os equipamentos em 
fornecedores selecionados; 
 Registrar comunicações internas e externas; 
 Ter ata para registro de: reuniões com equipe, reuniões com chefia, 
reuniões com trabalhadores; atividades educativas, treinamentos, 
capacitações... 
 
Educação em serviço 
 Orientação continuada e atualizada sobre os procedimentos 
executados pela equipe de enfermagem do trabalho através de 
treinamentos, minimizando riscos ocupacionais com equipe. 
 Planejar e desenvolver palestras e outros eventos sobre a saúde e 
riscos ocupacionais, de acordo realidade do local de trabalho, pra que 
sensibilizem o mesmo. 
 Promover treinamento, capacitação com membros da CIPA: DSTs, 
primeiros socorros, NRs, entre outros. 
 Manter-se atualizado em relação às tendências e inovações 
tecnológicas, científicas de sua área de atuação e das necessidades 
do setor/departamento. 
 Criar informes internos permanentes com tema sobre a atualidade da 
saúde, podendo ser expostos em mural, cartazes... 
 Desenvolver o lúdico, ações sociais, algo diferente no lazer, tudo em 
benefício do bem estar do trabalhador. 
Tabela – Áreas de atuação e atribuições do enfermeiro do trabalho 
Fonte: Adaptado de Loro (2003) 
 
A estrutura da profissão enfermeiro está inserida na prestação de serviços de 
saúde, setor terciário da economia brasileira. O que diferencia o serviço é a questão 
15 
 
que envolve o lidar com o ser humano, de acordo com Tanaka e Leite (2008) sua 
responsabilidade consiste em atender a sociedade que busca em seus serviços a 
solução que espera para solucionar os problemas relacionados a situações de 
saúde-doença que são explicitados através de necessidades ou problemas 
relacionados a seu bem-estar. 
 
4.1 Interdisciplinaridades e a enfermagem do trabalho 
 
A profissão de enfermagem do trabalho de acordo Moraes (2007), teve início 
no século XIX na Inglaterra e era conhecida como enfermagem laboral. Nessas 
atividades, o enfermeiro realizava visitas domiciliares aos trabalhadores doentes e 
seus familiares. Na década de 1970, houve um aumento significativo na criação de 
cursos de Medicina, Enfermagem e Engenharia do Trabalho. O que determinou 
também a criação de leis e portarias relacionadas a essas atividades, como a Lei nº 
6.514/77 e a portaria nº 3.214/78. 
Matos et al. (2012) entendem que o enfrentamento das limitações impostas 
pela fragmentação disciplinar do modelo cartesiano que rege a ciência, encontra na 
abordagem interdisciplinar a possibilidade de envolver nesse processo, pesquisas, 
práticas e ensino contínuo. Sendo que a interdisciplinaridade, nesse sentido, será 
compreendida como uma forma de interação entre uma ou mais disciplinas, de 
modo que tal interação pode ser variavel desde a comunicação mais elementar de 
ideias, até a integração mútua de conceitos. 
Dessa forma, os autores sintetizam que: “Interdisciplinaridade implica em 
ultrapassar as fronteiras das disciplinas e das ações de cada uma das profissões, 
implica, ainda, em articulação dos processos de trabalho” (MATOS; et al., 2012, p. 
231). Sendo que no contexto do trabalho em saúde, a interdisciplinaridade se torna 
um processoem construção em que se envolvem diversas disciplinas e profissionais 
buscando um objetivo em comum, isto é, a assistência integral aos usuários. 
Roloffet al. (2016) apontam que, na contemporaneidade, é necessário que a 
atuação do enfermeiro do trabalho se dê em conjunto com os profissionais 
igualmente envolvidos na proteção e preservação da saúde e segurança do 
trabalhador. Para isso, explicam que é necessário estabelecer relações de 
interdisciplinaridade, o que deve ocorrer por meio de relações horizontais, sem 
supremacia de um campo de conhecimento sobre o outro, já que nenhuma área, 
16 
 
isoladamente, consegue abarcar as complexas relações e determinações sobre a 
saúde do trabalhador. 
Os autores sintetizam que o trabalho interdisciplinar é fundamental para 
garantir a prestação de programas e cuidados de forma mais eficaz no campo de 
saúde e segurança do trabalho. Sendo que o compartilhamento de opiniões entre 
profissionais qualificados, pode orientar ações de prevenção e controle de eventos 
considerados um risco para a integridade do trabalhador. 
Existe atualmente, uma grande deficiência em subsídios em ações de 
enfermagem ao trabalhador, pois a produção científica é muito fraca, não só isso, 
como também a falta de amparo verídico para o exercício da especialidade, mesmo 
tendo inúmeros cursos com educação continuada no país. 
A enfermagem do trabalho tem tido um grande empenho importante na 
segurança no ambiente de trabalho onde é percebida nitidamente a profundidade da 
assistência e o caráter global no custo-benefício. “Além do conhecimento técnico-
científico, o enfermeiro deve possuir uma visão ampla dentro da empresa, que 
supere os horizontes da enfermagem, porém sem interferir ou exercer outra 
atividade não inerente às suas funções.” (LUCAS, 2004, p. 59). 
Neste sentido, as atividades do enfermeiro do trabalho certamente se 
interligam nas atribuições relacionadas com áreas assistenciais, administrativas, 
educativas, de pesquisa, consultoria e integração com os demais membros da 
equipe e carece urgente, de maior atenção dos órgãos competentes a atribuições e 
regulamentação, como etapa fundamental à sua consolidação. 
 
 
17 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Através das pesquisas empreendidas a fim de compor o presente artigo, foi 
possível compreender que o trabalho do enfermeiro quanto à saúde do trabalhador, 
paira sobre a identificação de potenciais riscos e perigos eminentes ao bem-estar 
físico, mental e psíquico do trabalhador. Para tanto, realiza um mapeamento junto à 
equipe multidisciplinar, trabalhadores e empresa, aplicando palestras e atividades de 
educação e prevenção, realizando medidas de capacitação interna e empreendendo 
um trabalho educacional permanente junto aos trabalhadores. 
Assim, a atuação do enfermeiro do trabalho é essencial nas empresas, não 
apenas no sentido de prevenir acidentes e doenças ocupacionais, mas também no 
desenvolvimento de ações para a promoção da saúde do trabalhador, 
representando assim um benefício tamanho para a empresa e também para seus 
colaboradores. Cabe ainda ressaltar que, para além de contribuir para a manutenção 
da saúde do trabalhador, o enfermeiro do trabalho não limita sua atuação apenas ao 
espaço da empresa. 
Pois quando o profissional é orientado e preparado de maneira adequada, 
empreende ações cotidianas que transforma os trabalhadores em multiplicadores de 
medidas seguras de trabalho. Assim, a atuação do enfermeiro frente à questão da 
saúde do trabalhador se dá por coletividade, com a busca pela segurança, bem-
estar e qualidade de vida a todos que formam parte de seu trabalho, dentro ou fora 
das empresas. 
Conclui-se o presente artigo com a crença de que os objetivos, tanto geral 
quanto específicos, foram atendidos, bem como a problemática de pesquisa foi 
solucionada. Contudo, como não era de intento, o assunto não fora esgotado, fora 
dado um primeiro e importante passo para o fomento de conhecimento e estímulo 
para o aprofundamento no tema, que pode ser feito em estudos posteriores, que 
visem corroborar, refutar ou complementares as constatações obtidas até o 
momento. 
 
 
 
 
 
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