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TRATADO DE DIREITO PRIVADO TOMO44

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TRATADO DE DIREITO PRIVADO
PARTE ESPECIAL
TOMO XLIV
Direito das Obrigações: Expedição. Contrato Jagência. Representação de empresa. Fiança. Mandato de credito. Constituição de renda. Promessa de dívida. Reconhecimento de dívida. Comunidade. Edição.
Representação teatral, musical e de cinema.
Empreitada.
CONTRATO DE EXPEDIÇÃO
CAPITULO 1
CONCEITO E NATUREZA DO CONTRATO DE EXPEDIÇÃO
§ 4.756.Conceito de contrato de expedição. 1. Precisões. 2. Conceito do contrato de expedição.. 3, Interexpedição e subexpedição.
§ 4.757.Natureza do contrato de expedição. 1. Expedição, mandato e comissão. 2. Comercialidade do contrato de expedição. 3. Apagamento da figura do expedidor. 4. Remetentes coletivos. 5. Figuras parecidas 
§ 4.758.Pressupostos do contrato de expedição. 1. Pressupostos subjetivos. 2. Pressupostos objetivos. 3. Objeto que se há de transportar. 4. Direito espacialmente incidente 
cAPITULO 11
EFICÁCIA E EXTINÇÃO DO CONTRATO DE EXPEDIÇÃO
§ 4.759.Deveres do expedidor. 1. Dever de expedir. 2. Contrato do expedidor consigo mesmo. 3. Dever de segurar. ~. Despesas . 5. Responsabilidade do expedidor. 6. Faltas do transportador e do interexpedidor. 7. Responsabilidade do expedidor perante a transportador e o interexpedidor. 8. Deveres do remetente.
9.Direito de retenção
§ 4.760.Eficácia do contrato de expedição e eficácia do contrato de transporte. 1. Entre expedidor e cliente. 2. Eficácia contratual entre o expedidor e o transportador. 2. Responsabilidade extracontratual entre transportador e cliente do expedidor. ..
§ 4.761.Extinção do contrato de expedição. 1. Princípios gerais. 2. Denúncia. 3. Falência e outros concursos de credores . 4. Prazo resolutivo e condição resolutiva
TITULO XXX VII
CONTRATO DE AGENCIA 
CAPITULO 1
CONCEITO E NATUREZA t)O CONT~ATO DE AGÊNCIA
§ 4,762.Conceito de agência e do contrato de agência. 1. Conceito. 2.Agentes em sentido diferente do contrato de agência. 
§ 4.763.Natureza do contrato de agência. 1. Contrato de agência e agentes. 2. Independência. 3. Localização. 4. Duração da atividade para alguém. 
§ 4.764.Espécies de agência. 1. Importância do exame das espécies. 2. Agente de seguros. 8. Agentes de navegação. 4. Agente bancário. 5. Agente agrícola e pecuário. 6. Agentes de bilhetes. 7. Agência de patentes de invenção. 8. Agente teatral e outros agentes. 9. Subagência 
§ 4.765.Comercialidade e não-comercialidade ~ atividade do agente. 1.Precisões. 2. Espécies. 8. Perda da qualidade de comerciante. 4. Determinação do contrate 
§ 4.766.Contrato do agência e figuras afine. 1. A) Agente, figurante de contrato de agência, B) representante e C) agente de empresa. 2. Filial, sucursal e agência, e figurantes de contrato de agência. 3. Mandate, locação e agência. 4. Agência e mediação. 5. Contrate de agência e agência de negócios. 6. Correspondentes e contrato de agência. 7. Agência internacional para a energia atômica. 8. Precisões finais 
§ 4.767.Pressupostos do contrato do agência. 1. Capacidade. 2. Objete e tempo 
CAPITULO II
EFICÁCIA DO CONTRATO DE AGÊNCIA
§ 4.768.Momento da ir-radiação de efeitos. 1. Vinculação. 2. Momento da retribuição. 8. Negócio jurídico dos agentes com a empresa agenciada
§ 4.769. Deveres do agente. 1. Dever de ater-se à vinculação estrita. 2.Dever de informação. 3. Dever de não-concorrência. 4. Atos dirigidos ao agente e atos do agente fora do agenciamento. 
§ 4.770.Deveres do agenciado. 1. Dever principal. 2. Dever de prestar informes, amostras e quaisquer dados ou meios indispensáveis à atividade do agente. 3. Retribuição 
§ 4.771.Direitos irradiados do contrato de agência. 1. Direito de exclusividade. 2. Pré-eliminação da exclusividade 
CAPITULO III
EXTINÇÃO DO CONTRATO DE AGÊNCIA
4.772.
4.778. Causas de extinção. 1. Generalidades. 2. Questões de competência para as ações
Análise das espécies. 1. Prazo e condição resolutiva. 2. Denúncia cheia e denúncia vazia. 3. Resolução e resilição do contrato de agência. 4. Morte do agente e morte do agenciado. 5. Dever de avise
TITULO XXXVIII
CONTRATO DE REPRESENTAÇÃO DE EMPRESA
CAPITULO 1
CONCEITO E NATUREZA DO CONTRATO DE REPRESENTAÇÃO DE EMPRESA 
§ 4.774.Conceito e natureza. 1. Conceito. 2. Natureza do contrato de representação de empresa. 8. Poderes do representante de empresa. 4. Espécies de representantes de empresa. 5. Representantes de empresas estrangeiras. 6. Dados históricos 
§ 4.775. Contrato de representação de empresa e outros contratos.1.Contrato de representação de empresa e contrato de agência. 2. Outras figuras
CAPITULO II
PRESSUPOSTOS E EFICÁCIA DO CONTRATO DE REPRESENTAÇÃO DE EMPRESA
§ 4.776.Pressupostos e eficácia. 1. Pressupostos. 2. Quem pode ser representante de empresa. 8. Forma dos negócios jurídicos concluídos. 4. Cláusulas de exclusividade e pactos de exclusividade. e 5. Cláusula de não-concorrência após a extinção do contrato de representação de empresa. 6. Execução dos negócios jurídicos
concluídos 
§ 4.777.Deveres do representante de empresa. 1. Dever de procurar concluir e de concluir os negócios jurídicos. 2. Dever de informação. 3. Dever de não-concorrência e de evitar concorrência. 4.Amostras, prospectos, catálogos e outras peças. 5. Negócios jurídicos em que o representante de empresa é figurante.
6.Ações do terceiro. 7. Vícios do objeto e vícios de direito. 
§ 4.778. Deveres da empresa representada. 1. Retribuição. 2. Responsabilidade da empresa representada 
CAPITULO III
EXTINÇÃO DO CONTRATO
§ 4.779.Causas de extinção. 1. Têrmo resolutivo e condição resolutiva. 2.Morte ou incapacidade da pessoa física representante de empresa. 3. Extinção da pessoa jurídica e mudança de sócios. 4.Suspensão da atividade do representante de empresa. 5. Alienação da empresa que representa outra empresa. 6. Morte ou incapacidade da pessoa física representada. 7. Denúncia vazia e denúncia cheia
§ 4.780.Transferência, falência e extinção da empresa . 1. Transferência de empresa. 2. Falência e outros concursos de credores. 3.Extinção da empresa representada e extinção da empresa representante
TITULO XXXIX
FIANÇA
CAPITULO 1
CONCEITO E NATUREZA DA FIANÇA
§ 4.781.Conceito de contrato de fiança. 1. Conceito. 2. Função da fiança. 3. Dever e ônus de afiançar. 4. Divida afiançada. 5. Objeto da dívida fidejussória 
§ 4.782.Dados históricos. 1. Direito babilônico e direito assírio. 2. Direito grego. 3. Direito germânico. 4. Direito romano 
4.788.Natureza do contrato de fiança. 1. Contrate. 2. Contrato unilateral. 3. Solidariedade passiva e fiança. 4. Pré-contrato de fiança 
§ 4.784. Espécies de fiança. 1. Sub-fiança. 2. Retrofiança. 3. Co-fiadores. 4.Fiança dita “ex lege” e fiança dita judicial. 5. Fiança de indenidade (“Fideiussio indemnitatis”). 6. Tipicidade e atipicidade. 7. Solidariedade, divisão e determinação interna de quotas
§ 4.785.Negócios jurídicos parecidos com a fiança. 1. Precisões. 2. Assunção de divida alheia. 3. Negócio jurídico abstrato ao lada de negócio jurídico causal. 4. Contrato de garantia. 5. Mandato de crédito. 6. Doação. 7. Cláusula ou pacto de “nomen bonum”, na cessão de crédito. 8. Aval de fiança. 9. Títulos de favor e fiança. 10. Garantia real e fiança. 11. Seguro e fiança. 12. Promessa de dar fiador e fiança exigida por lei.
13.Pré-contrato de fiança. 14. Dúvidas quanto à classificação dos contratos
CAPITULO II
PRESSUPOSTOS DO CONTRATO DE FIANÇA
§ 4.786.Pressupostos pessoais e materiais. 1. Fiador, afiançado e credor. 2. Capacidade do fiador. 3. Pressuposto de poder ser afiançada a dívida. 4. Objeto da fiança. 5. Aceitação pelo credor. 6. Co-fiadores e solidariedade. 7. Fiadores e quotas.
8.Fiança e outras garantias. 9. Têrmo ou condição. 10. Atos jurídicos nulos e anuláveis; fiança. 11. Limites subjetivose limites objetivos da fiança. 12. Ação revocatória falencial. 
§ 4.787. Pressupostos formais. 1. Precisões. 2. Conteúdo do documento.3.Expressão e escrita da manifestação de vontade do fiador. 4.Pré-contrato de fiança e forma. 5. Fianças com espaço em branco no instrumento
CAPITULO III
EFICÁCIA DO CONTRATO DE FIANÇA
§ 4.788.Responsabilidade do fiador. 1. Conteúdo e pressupostos da responsabilidade. 2. Dívidas futuras e dividas condicionais. 3. Obrigações naturais. 4. Extensão da vinculação do fiador: 5. Relação entre a dívida principal e o objeto da dívida do fiador.
6.Lugar da prestação da fiança. 7~ Abonador de fiador do fiador. 8. Substituição do fiador. V Insolvência do fiador e vencimento da dívida principal. 10. Transferência do crédito principal. 11. Andamento de processo executivo contra o devedor principa
§ 4.789.Fiança e ações. 1. Irradiação de ações. 2. Ação de relevamento. 3.Ação condenatória e ação executiva. 4. Independência das ações. 5. Sub-rogação pessoal do fiador que paga a dívida. 6.Ação de enriquecimento injustificado. 7. Reembolso entre co-fiadores solidários. 8. Beneficio da divisão e reembôlso do co-fiador
§ 4.790.Defesa, objeções e exceções do fiador. 1. Objeções. 2. Execução da sentença proferida contra o devedor principal. 3. Objeções e exceções oponiveis pelo fiador 
§ 4.791. Benefício de excussão. 1. Contrato com beneficio de excussão. 2.Pressupostos do benefício de excussão. 3. Pré-exclusão e exclusão do benefício de excussão. 4. Fiador que sucede ao devedor principal. 5. Nomeação de bens do devedor principal pelo fiador
4.792. ~§ 4.793. 4.794. 4.795.
Direito do fiador e recusa provisória do adimplemento. 1. Conceito. 2. Pressupostos do direito de recusa. 3. Exercício do direito de recusa pessoal legal em regresso, contra o devedor principal. 1. Repetição, em regresso, contra o devedor principal, do que foi pago pelo fiador. 2. Extensão da sub-rogação pessoal legal. 3. Entrega de documentos e dados. 4. Subfiador e retrofiador. 5. Sub-rogação pessoal legal e direitos de garantia.
6.Responsabilidade a mais do devedor principal 
 Ações de preceito cominatório. 1. Preceito cominatório contra o afiançado. 2. Preceito cominatório contra o credor 199 Fiança mercantil. 1. Classificação da fiança como fiança mercantil. 2. Direitos do credor a que se deu a fiança. 3. Fiança mercantil e direitos do fiador 
CAPITULO IV
EXTINÇÃO DO CONTRATO DE FIANÇA
4.796.Causas de extinção e acontecimentos não-extintivos. 1. Causas de extinção. 2. Acontecimentos não-extintivos 
§ 4.797.Extinção da dívida principal. 1. Relação jurídica da dívida principal e relação jurídica de fiança. 2. Causas de extinção da divida principal. 3. Condição 
§ 4.798.Extinção do contrato de fiança. 1. Causas ordinárias. 2. Nulidade e anulabilidade. 3. Unititularidade do crédito e da dívida de fiança. 4. Denúncia. 5. Causas especiais de extinção. 6. Morte do fiador. 7. Prescrição da divida principal e prescrição da dívida de fiança
MANDATO DE CRÉDITO
CAPITULO 1
CONCEITO E NATUREZA DO MANDATO DE CRÉDITO
4.799. § 4.800.
Conceito do mandato de crédito. 1. Precisões e dados históricos. 2. Mandato para fiança e mandato de crédito Natureza do mandato de crédito. 1. Precisões. 2. Dívida de fazer crédito. 3. O que promete o mandatário de crédito. 4. Bilateralidade do contrato de mandato de crédito. 5. Mandato de crédito e outros negócios jurídicos 
CAPITULO II
PRESSUPOSTOS E EFICÁCIA DO MANDATO DE CRÉDITO
4.801.Pressupostos do mandato de crédito. 1. Figurantes do mandato de crédito. 2. Capacidade dos figurantes. 3. Forma. 4. Elementos do consenso. 5. Objeto da dívida do mandatário de crêdito 
4.802.Eficácia do mandato de crédito. 1. Conclusão e eficácia 2. Despesas e adiantamentos
4.803.Deveres do mandante de crédito. 1. Dever de cooperação. 2. Retribuição ao mandatário de crédito. 3. Danos sofridos pelo mandatário de crédito. 4. Adímplemento subsidiário 
§ 4.804. § 4.805.Deveres do mandatário de crédito. 1. Vinculação. 2. Conclusão do negócio jurídico com o terceiro 
Análise das relações jurídicas e das ações. 1. Relação jurídica entre o mandatário de crédito e o terceiro. 2. Ação do mandante de crédito contra o mandatário de crédito. 3. Ação do mandatário de crédito contra o mandante de crédito. 4. Ação do mandante de crédito contra o terceiro. 5. Relação jurídica entre o mandante de crédito e o terceiro 
CAPITULO III
EXTINÇÃO DO MANDATO DE CRÉDITO
§ 4.806.Causas de extinção. 1. Princípios gerais. 2. Denunciabilidade pelo mandante de crédito. 3. Insolvabilidade e dificuldade externa de adimplemento. 4. Denúncia cheia. 5. Morte ou incapacidade do mandante de crédito ou do mandatário de crédito. 
§ 4.807.Causa de extinção, ligada ao terceiro. 1. Recusa do terceiro a concluir o negócio jurídico de crédito. 2. Morte ou incapacidade do terceiro. 3. Insolvência superveniente do terceiro. 4.Atingimento do fim por outros meios 
TITULO XLI
NEGÓCIO JURÍDICO DE CONSTITUIÇÃO DE RENDA
CAPITULO 1
TITULO XLII
PROMESSA DE DIVIDA E RECONHECIMENTO DE DIVIDA
CAPITULO 1
CONCEITO E NATUREZA DA PROMESSA DE DIVIDA, RECONHECIMENTO DE DIVIDA
§ 4.813.Conceito de promessa de dívida e conceito de reconhecimento de dívida. 1. Precisões. 2. Dados históricos. 3. Negócios jurídicos abstratos. 4. Promessa de dívida e negócio jurídico de reconhecimento
§ 4.814.Promessa abstrata de divida e reconhecimento abstrato divída . 1. Promessa abstrata de divida. 2. Reconhecimento abstrato de dívida
§ 4.815. Pressupostos da promessa de dívida. 1. Figurante ou figurantes. 2.Promessa abstrata de dívida. 3. Forma da promessa de dívida
§ 4.816.Eficácia da promessa de dívida. 1. Figurante, figurantes e eficácia. 2. Interpretação do negócio jurídico. 3. Modalidades.
§ 4.817.Extinção da promessa de dívida. 1. Causas de extinção. 2. Extinção da dívida
CONCEITO, NATUREZA E PRESSUPOSTOS DO NEGÓCIO JURíDICO DE CONSTITUIÇÃO DE RENDA
§ 4.808.Conceito e natureza da constituição de renda. 1. Conceito. 2. Natureza do negócio jurídico. 3. Dados históricos. 4. Direito português e luso-brasileiro. 5. Negócio jurídico de constituição de renda e outros negócios jurídicos. 6. Espécies de constituição de renda
§ 4.809. Pressupostos da constituição de renda. 1. Fontes da constituição de renda. 2. Capacidade. 3. Tempo determinado. 4. Objeto e tempo das prestações. 5. Mandante da renda. 6. Usura. 7. Cláusulas e pactos adjectos
CAPITULO II
EFICÁCIA E EXTINÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO DE CONSTITUIÇÃO DE RENDA
§ 4.810.Eficácia da constituição de renda. 1. Eficácia unitária. 2. Eficácia quanto às pretensões singulares mediatas. 3. Transferência do bem, no negócio jurídico oneroso. 4. Direito às prestações (pretensões singulares). 5. Incredibilidade, como resultado de regra jurídica interpretativa. 6. Nulidade e anulabilidade.
7.Ações do titular do direito à renda. 8. Imóvel vinculado a renda. 9. Prescrição
§ 4.811.Pretensões legais de renda. 1. Fonte legal. 2. Código de Processo Civil, arts. 919-922. 3. Doação e revogação por denegação de alimentos. 4. Cláusulas de impenhorabilidade 
§ 4.812.Extinção do direito unitário. 1. Espécies de extinção. 2. Resgate. 3. Resolução por inadimplemento. 4. Pluralidade de titulares 
CAPITULO III
PRESSUPOSTOS E EFICÁCIA DO NEGÓCIO JURíDICO DE RECONHECIMENTO DE DIVIDA
§ 4.818.Pressupostos do negócio jurídico de reconhecimento. 1. Figuranet ou figurantes. 2. Forma 
§ 4.819.Eficácia do negócio jurídico de reconhecimento de dívida. 1. Figurante, figurantes e eficácia. 2. Reconhecimento abstrato de dívida e reconhecimento causal de divida. 3. Objeções e exceções
§ 4.820. Extinção do negócio jurídico de reconhecimento. 1Causas de extinção 2. Dívidas de jôgo ou de aposta
TITULO XLIII
NEGÓCIO JURíDICO DE COMUNIDADE
CAPITULO 1
CONCEITO E NATUREZA DO NEGÓCIO JURÍDICO DE COMUNIDADE
Conceito de negócio jurídico de comunidade. 1.Conceito de negócio jurídico de comunidades e comunhões. 2. Negócio jurídico para estabelecimento de comunidade 
§ 4.822.Natureza e espécies de comunidade negocial. 1. Unilateralidade, bilateralidade e plurilateralidade. 2. Espécies principais. 3. Sociedade e comunidade
CAPITULO II
PRESSUPOSTOS E EFICÁCIA DO NEGÓCIO JURíDICO DE
COMUNIDADE
§ 4.823. Pressupostos. 1. Figurantes. 2. Forma. 3. Quotas
§ 4.824. Eficácia do negócio jurídico de comunidade. 1. Comunhão sem negócio jurídico de comunidade. 2. Regras jurídicas dispositivas e negócio jurídico de comunidade 
CAPITULO III
EXTINÇÃO DA COMUNIDADE
§ 4.825.
§ 4.826.
§ 4.827.
Causas de extinção. 1. Precisões. 2. Prazo e expiração. 3. Denúncia cheia. 4. Distrato. 5. Resolução e resilição 315 Nulidade, anulação, ou outra desconstituição do negócio juridico. 1. Nulidade. 2. Anulação 316 Extinção e liquidação. 1. Negócios jurídicos subjacentes, justajacentes ou sobrejacentes. 2. Origem não-negocial 
TITULO XLIV
CONTRATO DE EDIÇÃO
CAPITULO 1
CONCEITO E NATUREZA DO CONTRATO DE EDIÇÃO
§ 4.828.Conceito de contrato de edição. 1. Precisões. 2. Conceito. 3. Contrato de edição e locação. 4. Consensualidade do contrate de edição. 5. Espécies de contrato de edição. 6. Edição de traduções. 7. Contrato de edição de obra por fazer-se 
§ 4.829.Natureza do contrato de edição. 1. Autor e editor. 2. Bilateralidade do negócio jurídico de edição 
§ 4.830.Contratos outros em que figura o titular do direito autoral de exploração. 1. Locação de obra entre o titular e o impressor ou edctior. 2. Contratos mistos 
CAPITULO II
PRESSUPOSTOS DO CONTRATO DE EDIÇÃO
§ 4.831. § 4.832.
Pressupostos subjetivos do contrato de edição. 1. Figurantes do contrato de edição. 2. Sociedade protetora dos escritores. 331 Pressupostos objetivos do contrato de edição. 1. Objeto do contrato de edição. 2. Número de exemplares. 8. Honorários de autor. 4. Cláusulas inseríveis no contrato de edição e direito dispositivo. 5. Determinações mexas no contrato de edição.6.Registo do contrato de edição
CAPITULO III
EFICÁCIA DO CONTRATO DE EDIÇÃO
§ 4.833.Direitos do autor. 1. Direitos anteriores e direitos nascidos do contrate de edição. 2. Nome do autor. 3. Rubrica do autor. 4. Editor e adimplemento do dever de reproduzir. 5. Tempo para a reprodução. 6. Modos de editar. 7. Integridade da obra editada. 8. Comunicação sobre edição e número de exemplares. 9.Corrigenda de provas. 10. Restituição do original. 11. Honorários 
§ 4.884.Direitos do editor. 1. Direitos que nascem ao editor. 2. Exclusividade. 3. Entrega da obra. 4. Ofensa aos direitos dó editor. 5.Preço de venda
§ 4.835.Ações dos titulares de direitos autorais. 1. Edição e ações quanto a edição. 2. Invalidade do contrato de edição. 3. Representação, execuções públicas e teletransmissões. 4. Edições a que tem direito o editor. 5. Prazo preclusivo em caso de vício do objeto.6.Sociedades de autores para defesa 
CAPITULO IV
EXTINÇÃO DO CONTRATO DE EDIÇÃO
§ 4.836.Causas de extinção do contrato de edição. 1. Causas de extinção. 2. Perecimento da obra. 3. Renúncia à propriedade intelectual. 4. Esgotamento das edições. 5. Lei n. 5.492, de 16 de junho de 1928, art. 32. 6. Resilibilidade, se há direito a outra edição. 7. Distrato. 8. Domínio público e edições 
§ 4.837.Falência do editor. 1. Garantias eventuais. 2. Direito f alencial 
TITULO XLV
CONTRATO DE REPRESENTAÇÃO TEATRAL, MUSICAL
E DE CINEMA
CAPITULO 1
CONCEITO E NATUREZA DO CONTRATO DE REPRESENTAÇÃO E DE EXIBIÇÃO
§ 4.838. § 4.839.
Precisões conceptuais. 1. Direito autoral de exploração e elemento comum. 2. Pluralidade de contratos Natureza dos contratos. 1. Consensualidade e bilateralidade. 2.Entrega dos originais e vícios do direito e do objeto. 
CAPITULO II
PRESSUPOSTOS, EFICÁCIA E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS DE REPRESENTAÇÃO E EXIBIÇÃO
§ 4.840.Pressupostos da propriedade do bem incorpóreo. 1. Registo da propriedade do bem incorpóreo e contratos. 2. Figurantes. 3.Objeto. 4. Cláusulas inseríveis nos contratos. 5. Prazo, condição resolutiva ou número de atos de exploração 
§ 4.841.Eficácia contratual: deveres do outorgante. 1. Entrega do original. 2. ConseqUências da entrega satisfatória 
§ 4.842.Deveres do empresário. 1. Retribuição. 2. Nome do autor. 3.Dever de sigilo. 4. Impenhorabilidade e inconstringibilidade cautelar. 5. Exame da escrituração da empresa
§ 4.843.Extinção do contrato de representação ou de exibição. 1. Prazo resolutivo e condição resolutiva. 2. Desconstituição 
i
TITULO XLVI
EMPREITADA
CAPITULO 1
CONCEITO E NATUREZA DO CONTRATO DE EMPREITADA
Conceito de empreitada. 1. Precisões. 2. Conceito. 3. Sabem preitada
Natureza e espécies do contrato de empreitada. 1. Bilateralidado do contrato. 2. Extensão contenutística do contrato de empreitada. 3. Material com que se faz a obra criativa, extintiva ou modificativa. 4. Pressupostos do resultado. .. 
CAPITULO U
PRESSUPOSTOS E EFICÁCIA DO CONTRATO DE EMPREITADA
§ 4.846.Pressupostos do contrato. 1. Pressupostos do contrato de empreitada. 2. Início da obra e prazo para a entrega. 3. Projeto.4.Indivisibilidade e divisibilidade da obra. 5. Conteúdo da dívida de obra. 6. Instruções, fiscalização e direção de obra.7.Prorrogação do prazo e têrmo supletivo 
§ 4.847.Deveres do empreiteiro. 1. Dever de prestação. 2. Riscos até a entrega da obra. 3. Exceções e resolução ou resilição. 4. Pretensão à eliminação dos defeitos e pretensão à feitura de nova obra. 5. Dever de pagar os materiais que recebeu e inutilizou por culpa. 6. Responsabilidade em casos de construções de edifícios. 7. Mora do empreiteiro 
§ 4.848.Deveres do empreitante. 1. Dever de pagar a remuneração.2.Recebimento da obra. 3. Empreitante e omissão de cooperação. 4. Dever de previsão e de proteção. 5. Prescrição da ação dos empreiteiros 
CAPITULO III
EXTINÇÃO DO CONTRATO
§ 4.849.Causas de extinção. 1. Causas ordinárias de extinção. 2. Impossibilidade de execução da obra. 3. Retardamento. 4. Perecimento fortuito e deterioração da obra. 5. Contrôle, resolução e resilição. 6. Exibições artísticas 
§ 4.850.Denúncia cheia do contrato de empreitada. 1. Código Civil, art. 1.247. 2. Alterações necessárias do que se queria. 
§ 4.851.Denúncia vazia pelo empreitante. 1. Código Civil, art. 1.247. 2. Indenização em caso de denúncia vazia 
Título XXXVI
CONTRATO DE EXPEDIÇÃO
CAPÍTULO 1
CONCEITO E NATUREZA DO CONTRATO DE EXPEDIÇÃO
§ 4.756. Conceito de contrato de expedição 
1. PRECISÕES. O expedidor assume o dever de concluir, em nome próprio e por conta do outro contraente, contrato de transporte. A figura é irredutível à do mandato e foi longe demais o Código Civil italiano, art. 1.737, pr., em definir como contrato de mandato o contrato de expedição. Quem remete é o interessado em que se expeça o bem móvel. mas o encarregado é o expedidor, que não está adstrito senão ao resultado. ]~ êle quem escolhe o transportador, pôsto que o contrato de expedição não afaste, se não há cláusula em contrário, a expedição e o transporte pela mesma pessoa. No fundo, em tal espécie, o expedidor é devedor da expedição (= da conclusão do contrato de transporte) e faz consigo mesmo o contrato de transporte, o que é de relevância para efeitos fiscais.
A empresa de expedição opera com conclusões de contrato de transporte, não com o transporte.
Expedem-se bens móveis, ou só legalmente imobilizados (e. g., Código Civil, art. 44, II), inclusive documentos e cartas. Não só se expedem mercadorias.
O expedidor não é procurador, nem mandatário do expedidor. O contrato de transporte que êle conclui é contrato em que são figurantes êle e o transportador. Não se precisa mencionar, sequer, o nome do outro contraente.
No Código Comercial alemão, § 407, a figura do expedidoré a de comissionário, e não a do mandatário.
Não importa qual o meio de transporte, de que se trata, se bem que se haja de entender que há de ser o usual ou o recomendável segundo as circunstâncias.
2.CONCEITO DO CONTRATO DE EXPEDIÇÃO. Contrato de expedição é aquêle em que alguém promete prestar, ou presta, desde jogo, a remuneração, e o expedidor promete contratar com alguém, inclusive consigo mesmo, o transporte de algum bem.
Expedir, de expedire (cp. impedire), ex, pes, pedis, pôr fora dos pés, desembaraçar-se. Quem se desembaraça é o interessado; a expedidor, êsse, cumpre o que prometeu.
O remetente nem sempre é o dono do bem. Por isso, por vêzes o contrato de expedição não se conclui entre o dono e o expedidor. Pode bem ser que n~o seja remetente, mas sim o recebedor, o dono do bem; ou que seja dono do bem, não o remetente, nem a recebedor, mas terceiro (cf. RAISER, Das Recht AlIgen-&einen Geschiiftsbedingungen, 218).
Quanto ao expedidor e ao recebedor, que não foi o remetente, não há entre êles relação jurídica. Nenhuma pretensão contratual tem êsse contra aquéle, mesmo quanto se pôs claro qual o destinatário do transporte. Entre o remetente e o recebedor é que pode existir relação jurídica negocial, mas estranha ao contrato de expedição.
O recebedor não está adstrito a qualquer pagamento ao expedidor, salvo pacto entre êles.
3.INTEREXPEDIÇÃO E SUPEREXPEDIÇÃO. Chama-se interexpedidor (Zwischcnspediteur) à pessoa a que se envia o bem expediendo para que, recebendo-o, faça a expedição ao destinatário. O contrato de interexpedição é outro contrato de expedição, que se conclui entre o expedidor e o interexpedidor. Do interexpedidor tem-se de distinguir o subexpedidor, a que falta a posição autônoma, que a.quêle tem: o subexpedídor serve ao expedidor, ou para tôda a prestação de expedição , ou para parte dela, como mero adimplente do que seria atividade do expedidor O~. BLEIFELD, Begriff und Rechtsstellung des Zwisckenspeditezcrs, 10 sj. Se um expedidor faz contrato de transporte por mar e por terra, ou por terra
e mar, ou por mar ou terra e ar, ou somente por terra, ar ou mar, em que os transportadores sejam dois ou mais, não há subexpedição, nem, a fortiori, interexpedição. Se o expedidor precisa de interexpedidor, depende das circunstâncias. Se é o que se usa, ou as circunstâncias do momento impõem, ou o que costuma o expedidor fazer, ciente o remetente, é desnecessária cláusula explícita ou implícita que o permita. Só a cláusula contrária poderia criar ao expedidor o dever de evitar a interexpedição. Em tal caso, a interexpediç~o seria com a inteira responsabilidade do expedidor.
O negócio jurídico gestório de expedição vincula o expedidor a concluir, em nome próprio e por conta do interessado, o contrato de transporte e de adimplir os deveres acessórios. Não se pode exprobrar a Iegislações estrangeiras o trato, às vêzes minucioso, da figura jurídica da expedição (sem razão, e. g., G. MINERVINI, Mandato, Com@nissione, Spedizione, 241;
O.BUONOCORE, II Contratto di Spedizione, Vir. Giur., 1957, 611 s.). Se o expedidor opera em nome do interessado, deturpa-se a figura (A. ASQUINI, Spedizione [Contratto di], Nuovo Digesto Italiano, XII, 719), razão por que não há discrepância entre o nôvo Código Civil italiano, art. 1.727, e o anterior (ef. ALESSANDRO GRAZIANI, L’lm presa e lmprenditore, 219).
§ 4.757. Natureza do contrato de expedição
1.EXPEDIÇÃO, MANDATO E COMISSÃO . O contrato de expedição não é espécie de comissão, nem, a fortiori, de mandato. Parece-se com aquêle, e menos com êsse. O expedicionário opera em nome próprio, porém não dispõe, o que ocorre com a comissão. Há mais contrato de serviço do que de comissão (R. SENCKPIEHL, Das Speditionsgesokãft nach deutsckem J?eoht, 87). No que se parece com a comissão, o expedidor acha-se perante o transportador em posição semelhante à do cornítente em relação ao terceiro vendedor. Há, porém, peculiaridades, como a de poder o expedidor exercer contra o transportador a ação do outorgante pelo dano ou perda que sofreu o bem transportado, ou não apanhado, em tempo, por êsse. Nas controvérsias extracontratuais que podem surgir entre o transportador e o outorgante, contra esse podem ser opostas as exceções oriundas de relação jurídica entre o transportador e o expedidor.
Não se pode dizer que o contrato de expedição se insira no contrato de mandato, nem que se insira na contrato de comissão. O contrato de expedição dá ao expedidor o dever de contratar o transporte, por terra, por mar, au por ar, em nome próprio, e por conta própria: no contrato de comissão , o comissionário vincula-se a contratar em nome próprio, por conta do comitente.
O expedidor pode não ser a pessoa em poder de quem está o bem expedível. Pode ser o destinatário. Tem A, domiciliado no Rio de Janeiro, móveis que estão em São Paula, e contrata com C, para que contrate com empresa de transportes apanhar em São Paulo os móveis e levá-los ao Rio de Janeiro ou outro lugar.
2.COMERCIALIDADE DO CONTRATO DE EXPEDIÇÃO . Se alguém faz habitualmente contratos de expedição comerciante é.
3.A PAGAMENTO DA FIGURA DO EXPEDIDOR. Se o expedidor fixou definitivamente o custo da expedição e do trans-. porte, os seus direitos e deveres são os de transportador. Em tal caso, qualquer pretensão a reembolso só se admite se foi pactado, ou se resulta de cláusula contratual. A relação jurídica que se estabeleceu foi a de transporte, O assunto é assaz relevante quanto à perda dos bens, O transportador, que êle escolheu, ou que com êle contratou, mesmo por indicação do remetente, é considerado como auxiliar, encarregado do adimplemento, 011 quase-preposto do expedidor, razão por que responde mesmo se o auxiliar do transportador não podia exercer a profissão (FRIDA FRIEDEERO, Die Sammeltadungs.. spedition, 28 s.).
Tudo isso é afastável por cláusula explícita, implícita ou tacita, ou por pacto.
Se o caso é de expedição transporte não tem o expedidor-transportador remuneração o pela expedição. O que foi fixado ou se pagou compreende tudo.
O recebedor é tratado como destinatário do transporte, sem qualquer relação juridica de expedição.
O expedidor não precisa só se ocupar com a mesma espécie de negócio jurídico. Não só há o de concluir contrato de transporte por terra como o de concluir contrato de transporte por mar, au por ar. Às vêzes, a própria empresa de transporte duplica-se em empresa de expedição (O-. BUONOCORE, II Contratto di spedizione, Dir. Giur., 1957, 624; FRANCO BHÃE,
IiMandato, Ia Commissione, la Spedizione, 289). Pode ser expedidora e encarregar de expedição, como industrial ou agricultor, outra empresa.
4.REMETENTES COLETIVOS. Se há dois ou mais remetentes no mesmo contrato, pode haver o contrato coletivo de expedição ou o contrato coletivo de expedição-transporte, de que acima se falou. Não é preciso que tenha havido, da parte do expedidor, ou do expedidor-transportador, manifestação de vontade quanto à pluralidade de remetentes. Basta o fato da pluralidade de remetentes (PAUL RATZ, Kornmentar zuni Handelsgesetzbuch, 17, 2a ai., 151). Os remetentes são tratados como se sócios fôssem, como comuneiros. Nenhuma distinção se faz quanto às despesas dos bens, por sua qualidade em relação aos seus donos ou possuidores.
5.FIGURAS PARECIDAS. O expedidor de modo nenhum se pode confundir com o mediador de transportes. Êsse não se vincula a concluir contrato de transporte, nem o conclui. Nem com o agente de transporte, que opera em determinada praça e apenas prepara o tráfico. Pode o agente de transporte preparar note-se: preparar para o contrato de expedição. Á fortiori, com o transportador, que conclui o contrato de transporte com o expedidor e tem de adimplir o transporte, não a expedição (P. Di TÂSSIA Dx BELMONTE, Cenni suila figura deilo spedizioniere vettore, Giurisprudenza Cassazione CiviU, 1954, 3, 563). Tem-se de examinar o suporte fáctico para se saber se o contrato é contrato de expedição, ou se já é contrato de transporte por conta de outrem, que é o transportador(A. ASQUINI, Spedizione [Contratto di], Nuovo Digesto Italiano, XII, 719). Cf. G. TAMBURLUNO (Contratti di trasporto cumulativo, contratto di spedizione, impresa di trasporto e figure affini, Giurisprudenza Cassazione Civile, 1948, 3, 528 s.).
O transportador vincula-se a fazer a transíação de toco ad locum; o expedidor apenas se vincula a concluir com o transportador o contrato de transporte, em seu nome próprio, pôsto que por conta do outro figurante. Não há, aí, locatio operis. Se o próprio expedidor transporta, há dois contratos, o de expedíção e o de transporte, o que por vêzes ocorre (e. g., o expedidor contrata com C o transporte por terra até São Paulo e de lá êle mesmo, com a sua filial, transporta até o pôrto, onde começa o adimpleimento do contrato de transporte marítimo por D, com que êle também contratou). Pode ser, porém, que tenha feito apenas um contrato: o de expedição, ou o de transporte. Só o exame dos fatos e dos termos do contrato pode resolver a questão.
§ 4.758. Pressupostos do contrato de expedição
1.PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS. Os pressupostos subjetivos do contrato de expedição são os mesmos dos outros contratos de tráfico, como o de comissão.
2.PRESSUPOSTOS OBJETIVOS. O que é expedível pode ser objeto de contrato de expedição. Portanto, há de ser transportável o bem, para que se possa concluir o contrato de transporte, que o expedidor promete.
A forma é qualquer forma dos contratos ordinários, segundo os princípios de direito civil ou comercial.
Se o contrato de transporte, que é o objeto do contrato de expedição, seria nulo por ilicitude ou impossibilidade, nulo é o contrato de expedição (J. L. BURCHARD, Das Reckt der Spedttzon, 187).
8 QUE SE HÁ DE TRANSPORTAR. O objeto do contrato de expedição é o contrato de transporte, que o expedidor promete concluir. O objeto de contrato de transporte que se promete somente pode ser algum bem. Não há contrato de expedição para se transportar pessoa (PAul. RATZ, Kommentar zum HandeIsgesetz~~0~ V, 2.~ ed., 115). Há, porém, expedição de cadáveres.
4.DIREITO ESPACIALMENTE INCIDENTE. Quanto ao direito espacialmente incidente, tem-se de atender ao direito do lugar em que se há de contratar o transporte, isto é. o direito do lugar em que se recebe o bem e se há de remeter. Não importa se há diferentes lugares de destinatariedade. Tão-pouco, se o expedidor foi também transportador.
Para a contraprestação do remetente ao expedidor, rege a lei do lugar em que se concluiu o contrato de expedição (R.SENCKPIEI-IL, Das Speditionsgescht4t nach deutsehem Recht, 271).
No direito internacional privado, se não houve manifestação de vontade dos contraentes, rege o direito do lugar do adimplemento, isto é, da expedição.
CAPITULO II
EFICÁCIA E EXTINÇÃO DO CONTRATO
DE EXPEDIÇÃO
§ 4.759. Deveres do expedidor
1. DEVER DE EXPEDIR. Expedir não é transportar. Pode dar-se que transporte quem se encarregue da expedição, vias nem sempre isso acontece, como é pouco freqUente o expedidor que também tenha empresa de transporte. Quem quer expedir é o cliente; o expedidor, êsse, adimple o seu dever perante quem quer a expedição.
O contrato de expedição não vincula o expedidor quanto à execução do transporte. Êle não prometeu transportar. Vinculou-se a concluir contrato com transportador. Desde o momento em que o expedidor conclui o contrato de transporte com o transportador, adimplido está o seu dever, devendo-se entender que é responsável pelos bens que têm de ser expedidos até o momento da tradição.
O expedidor pode ter de contratar com outro expedidor, e g., se aquêle só se incumbe de expedição por mar (ou por terra, ou pelo ar). O contrato é em nome próprio, pôsto que por conta alheia, como foi o outro. ~ o expedidor intermédio (Zwischenspediteur).
O expedidor tem de contratar o transporte com tôda a diligência. Os expedidores de jornais ou de embrulhos, que têm empregados ou pessoas ocasionais (biscateiros) que fazem as entregas, não são expedidores propriamente ditos. O expedidor tem de ser remetente, em virtude de contrato com emprêsa de transportes.
Cabe-lhe a escolha da empresa transportadora, o cuidado no empacotamento ou embalagem, se os bens expediendos não estão empacotados ou embalados. Se a empresa de transporte apanha os bens expediendos no lugar em que está o expedidor, a quem foram entregues, ou se é o expedidor que tem de levá-los à empresa de transporte, é problema que só interessa ao expedidor, que por tôda a diligência se faz responsável.
O expedidor recebeu, ex hvpothesi, os bens expediendos, tem a posse imediata dêles e pode transferi-la, ou não, ao transportador. Se o expedidor os remete como bagagem do seu empregado, ou de alguém a quem incumbiu, a posse imediata pode não se haver transferido à empresa de transportes.
De regra, o expedidor tem de fazer a declaração de valor, satisfeitas, também, as exigências fiscais. Se se aludiu a remessa do conhecimento com data certa, ou dentro de prazo, entende-se que no contrato de expedição se atribuíram ao expedidor todos os deveres a respeito.
Em princípio, o expedidor não é vinculado a empacotar ou embalar, nem a proteções especiais do bem (J. L. BuRCHARD, Das Recht der Spedition, 354; R. SENCKPIEHL, Das SpediktionsgescM.ft, 242).
2.CONTRATo DO EXPEDIDOR CONSIGO MESMO. Se o contrato não estabelece o contrário, pode o expedidor contratar consigo mesmo o transporte. Se foi estipulada máximo de despesas, não pode o expedidor pretender que sejam maiores as que êle cobra. Tem o dever de comunicar que houve o contrato consigo mesmo, ou que vai haver. Se fêz a declaração de contrato consigo mesmo, não há infração de dever se conclui com outrem o contrato de transporte: responde, então, como se tivesse sido consigo mesmo o contrato de transporte (cf. PAUL RATZ, Kommentar vim Handelsgesetzbucn, V, 2.~ ed., 147)
O contrato consigo mesmo pode ser somente de parte do transporte do objeto, ou de parte do transporte no espaço (e. g., só há transporte pelo expedidor no que há de ser transportado por mar).
Se o remetente contratou com a mesma pessoa apanhar os bens e transportádos , embora tenha ela dois serviços distintos, não há a figura do contrato consigo mesmo, porque não há o contrato de expedição seguido do contrato de transporte.
3.DEVER DE SEGURAR. O expedidor não tem o dever de segurar, salvo se houve cláusula ou pacto. Às vêzes, as fórmulas do expediente da empresa expedicionária já contêm a cláusula de seguro. Todavia, a cláusula pode resultar dos usos. Os usos hão de ser os usos do lugar em que se conclui o contrato de expedição. O art. 184 do Código Comercial é invocável.
Se houve a cláusula de seguro, o expedidor não é o figurante que há de prestar o prémio, pois, se foi explicitamente incluído na conta de remuneração, apenas recebeu desde logo o importe.
Se o expedidor se segurou de algum dano pelo qual teria de responder, não se considera contrato de seguro, nas relações com o remetente, tal contrato.
4.DESPESAS. Quanto à questão de se saber se o expedidor se vincula a desembolsos e adiantamentos, tem-se de assentar que, uma vez assumido o dever de concluir o contrato de transporte, o expedidor salvo cláusula em contrário está adstrito a qualquer despesa que seja necessária ao adimplemento. Isso não quer dizer que, havendo tempo, não possa êle comunicar o que se há de pagar, se é o caso, e exigir que preste o necessário.
5.RESPONSABILIDADE DO EXPEDIDOR. O expedidor que se afasta dqs deveres contratuais, inclusive no que se irradia do estilo e uso do tráfico, responde por perdas e danos ao remetente. Mas o afastamento é permitido se houve vantagem para o remetente, se não podia haver demora, ou se, do cumprimento estrito, poderia dano, ou se não houve intenção de infração.
Se algum dano houve, de que tenha conhecimento, ou deva ter conhecimento o expedidor, cabe-lhe o dever de comunicação , informando o remetente da origem do dano. Se, ao receber, ou ser entregue ao transportador o bem, nota diminuição, avaria, ou estado diverso daquele que consta do contratode expedição, tem de avisar o remetente, para que senão haja de ter como responsável conforme os termos contratuais ou os termos das cartas de remessa.
O expedidor tem o direito de alienação necessária, isto é, o de alienar o bem se urgente a alienação, por conta de quem fôr o dono.
O expedidor não responde pela solvência do transportador ou do interexpedidor se, ao tempo do contrato de transporte, ou de interexpedição, eram tidos por idôneos, salvo se houve culpa sua em não se informar, ou se disso sabia.
Pode o expedidor dar prazos ao transportador ou ao interexpedidor se é uso da praça, salvo cláusula ou pacto em contrário. Cf. Código Comercial, art. 176.
6.FALTAS DO TRANSPORTADOR E DO INTEREXPEDIDOR. Pelas faltas do transportador ou do interexpedidor, uma vez que não haja o expedidor contrariado o que resultava das cláusulas contratuais explícitas, implícitas ou tácitas, não responde êsse. Não cabe, aí, cláusula ou pacto dei credere (PAUL RA¶rz, Kommentar vim Handelsgesetzbuch, V, 2.~ ed., 126). Não é invocável o art. 1.521, III, do Código Civil, porque o transportador ou o interexpedidor não é empregado, serviçal ou preposto do servidor. Responde, porém, se, à entrega do bem ao transportador, ou ao interexpedidor, ou na ocasião de encarregar a um ou outro de ir buscar o bem, lhe dá informe errado (e. g., pôrto de Santos, em vez de pôrto do Rio de Janeiro).
7.RESPONSABILIDADE DO EXPEDIDOR PERANTE O TRANSPORTADOR E o INTEREXPEDIDOR. Há a responsabilidade pelos empregados, serviçais e prepostos e a que deriva das relações jurídicas contratuais específicas.
8.DEVERES DO REMETENTE. O remetente tem de satisfazer à vista tudo que o expedidor haja despendido com o desempenho da atividade de outrem prometida, salvo cláusula em contrário, O que corre por conta do expedidor é o que custa a sua própria atividade. Não se supóe que êle seja adstrito a desembolsar, por sua conta, o que seja transporte do lugar da remessa para os armazéns do expedidor ou desses para o lugar de transporte, pôsto que tudo isso possa, pelos termos do contrato, ou pelos usos do tráfico, estar incluído na prestação do remetente.
A regra é ser devida a remuneração desde o momento em que termina a atividade do expedidor (idem, quanto ao contrato de comissão, Código Comercial, art. 187). Se o remetente retira, antes de expedido o bem (= antes de concluído pelo expedidor o contrato de transporte), sem causa justificada, a remuneração é devida, pelo menos até a metade, sendo de invocar-se o art. 188 do Código Comercial.
No caso de decretação de abertura da falência ou de outro concurso de credores do remetente, tem o expedidor privilégio especial sobre os bens a serem expedidos para indenização do que houver desembolsado para despesas, ou adiantado, e da remuneração vencida e juros respectivos enquanto tiver em seu poder os bens, ou em estações públicas, ou antes da transmissão da posse ao destinatário (cf. Código Comercial, art. 189; Decreto-lei n. 7.661, de 21 de junho de 1945, art. 102, § 2.~, 1).
A prestação do remetente pode ser por assinação contra o recebedor, para que a faça, no momento de receber. A relação jurídica entre o assinante e o assinado nada tem com o contrato de expedição entre o remetente e o expedidor, nem com o negócio jurídico unilateral de assinação. A assinação não impede que o remetente por outro meio solva, em vez de se aguardar que por êle o faça o assinado, uma vez que daí não resulte dano ao expedidor (J. L. BURCHARD, Das Reckt der Spedition, 172). É a tiberweisungsprovision.
A pretensão à remuneração somente nasce com a conclusão do contrato de transporte, e não é preciso que já seja devido pelo expedidor o frete, de jeito que a perda do bem ou a impossibilitação do transporte não a exclui. A remuneração não depende do transporte. Se o remetente entregou o bem ao expedidor e êsse ainda não concluiu o contrato de transporte. a retirada da vontade do remetente é tratada conforme o art. 188 do Código Comercial, analôgicamente. Pode ter-se estipulado o quanto que seria irretirável. Se o contrato de transporte já não é suscetível de revogação, também é irrevogável o contrato de expedição.
Se o próprio expedidor é o transportador, irrevogável é o contrato de expedição desde que nasceu a pretensão à remuneração.
Responsável pela remuneração e pelos desembolsos é o remetente. Pode ter sido acordado que responda, em vez dêle, o recebedor. Tal se há de entender se, no momento da conclusão do contrato de expedição, se afastou, explícita ou implicitamente, que se tivesse de fazer no momento da conclusão do contrato de transporte.
Se o destinatário foi o próprio remetente, não há problemas a respeito do dever de remunerar, porque a pessoa é a mesma. Se não paga, na ocasião da conclusão do contrato de expedição, ou do contrato de transporte, o que se há de entender é que se pode pagar ao receber-se o bem transportado.
O quanto da remuneração não foi fixado em lei, como também acontece com a comissão. A expressão ~‘mais ou menos”, “cêrca” (environ, zirka), não permite que se vá muito além daquilo que se menciona, ou é o corrente. As despesas, essas, o expedidor pode sempre cobrá-las, se eram de esperar-se, ou se as circunstâncias extraordinárias as justificaram (sem razão, GEORO SCHRÓDER, Sefllegelberger Handeisgesetzbuch, ~v, 3.~ ed., 2100; já antes, 23). As despesas que o expedidor pode fazer são as que se têm de considerar necessárias, de acôrdo com as circunstâncias. As despesas hão de ser cobradas ao remetente, e não a outrem. Se pode, antes, exigi-las do recebedor, depende de cláusula ou pacto, mas o recebedor não pode ser constrito a pagá-las se não se vincula. A exigência antes da entrega permite que o expedidor se recuse à tradição.
A moeda com que se pagam as despesas é aquela em que foram feitas. O art. 947 do Código Civil é invocável, bem como o § 19, ou qualquer dos §§ 29, 39 e 49. No direito alemão, o § 244 do Código Civil alemão.
9. DIREITO DE RETENÇÃO. O expedidor tem direito de retenção sobre os bens que recebera para a expedição, pelas dívidas do remetente concernentes ao contrato de expedição.
Também o tem o interexpedidor. Se o expedidor faz os pagamentos, há sub-rogação pessoal contra o remetente, com o mesmo direito de retenção e o privilégio especial. Se o interexpedidor solve o que se devia ao transportador, há a sub-rogação pessoal nos direitos dêsse.
§ 4.760. Eficácia do contrato de expedição e eficácia do contrato de transporte
1.ENTRE ExPEDIDOR E CLIENTE. A eficácia do contrato de expedição somente pode ser entre o expedidor e o cliente, porque entre o cliente e o transportador nenhum efeito contratual existe. Se não se trata de responsabilidade extracontratual, só por cessão pode o cliente exercer contra o transportador qualquer pretensão.
Há deveres acessórios do expedidor. São êles todos os deveres concernentes à alfândega e outras repartições adniinistrativas, inclusive policiais, à embalagem das mercadorias, ao apanhar na casa do outro figurante o que há de ser expedido, ao transporte da estação de chegada até à casa do destinatário. Se tais operações são necessárias, implícita está a cláusula. Se o não são, embora sejão úteis, só o contrato de expedição pode responder. Assim é que se há de conceber o direito brasileiro; portanto, diante, não do art. 1.300 do Código Civil, por analogia, mas sim do art. 169 do Código Comercial. Na doutrina italiana, há divergências em tôrno da interpretação dos arts. 1.708 e 1.737 do Código Civil italiano (contra G. VALERI, Manuale di Diritto commerczale, li, 183, e. g., G. MINERVINI, Mandato, Commissiorte, Spediizione, 43, FRANCESCO MESSINEO, Manuale di finito Civile e Commerciale, III, 1, 2, 60; em tôrno da limitação ao art. 1.708 pelo art. 1.787, última parte, que acertadamente nega, embora a chame, erradamente, derrogada, FRANCO fILE, Ii Mandato, la Commissione, la Spedizione, 294, contra A. RAINONE, Rilievi sul Contratto di mandato e sui suoi sottotipi qualificati, Dir. Giur., 1951, 286). Os usos do tráfico podem ser dedecisiva relevância.
A alteração de cláusulas de que resulte mudança dos deveres acessórios, ou das pretensões acessórias, ou das ações ou exceções acessórias, não atinge a natureza do contrato (ALBERTO ASQUINE, II Contratio di trasporto terrestre dipersone, 52 e 91; O. MINERVINI, Mandato, Commissione, Spedizione, 42; G. BONAVERA, Suíle cosidette “operazioni accessorie”
della spedizione, Dinitto Manitimo, 1957, 504 s.; O. BUONOCORE,II Contratto di spedizione, Dir. Giur., 1957, 617). Se há deveres acessórios, as regras jurídicas sobre adimplemento, inadimplemento e prescrição incidem, como se não estivessem êles insertos na eficácia do negócio jurídico.
Se o que falta é elemento inerente ao contrato ou à sua eficácia, de jeito que não se possa falar de acessoriedade, não há contrato de expedição.
Por vêzes o que seria acessório da eficácia do contrato de expedição, por existir cláusula explícita ou implícita, ou uso do tráfico, é eficácia do contrato de transporte (O. BONA-VERA, Questioni in torno di rapporti tra il contratto di spedizione e il contratto di trasporto, Dinitto Manitimo, 1953, 35). Discute-se se o que seria dever acessório do transportador pode ser atribuído ao expedidor, mas a resposta tem de ser no sentido de se poder atribuir enquanto não desnature o contrato de expedição, como se há dois contratos com a mesma pessoa que é expedidor (o contrato de expedição e outro, sem ser misto o contrato). O que importa é que o expedidor fique ligado ao dever de concluir o contrato de transporte, seja com terceiro seja consigo mesmo.
Se o dever que seria acessório se principalizou, há outro contrato, pois o dever, ex kypothesi, é principal.
O expedidor pode assumir, sem que se desnature o contrato de expedição, o dever de pagar os impostos e demais tributos, como os de importação e de exportação.
O fato de o expedidor ter o dever, a mais, de transportar do pôrto para a estação do trem, ou para o aeroporto, ou vice-versa, o bem ou os bens, não desnatura o contrato de expedição.
2.EFICÁCIA CONTRATUAL ENTRE O EXPEDIDOR E O TRANSPORTADOR. Qualquer direito, pretensão ou ação entre o expedidor e o transportador tem de ser irradiação do contrato de transporte, que se fêz em nome daquele e por sua conta; salvo se extracontratual a responsabilidade.
O interessado fica estranho ao contrato de transporte que o expedidor conclui. Foi concluído em nome 1do expedidor, pôsto que por conta do outro figurante do contrato de expedição. Tôda a eficácia do negócio jurídico gestório somente atinge o patrimônio do expedidor.
3. RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL ENTRE TRANSPORTADOR E CLIENTE DO ExPEDIDOR. O cliente do expedidor pode ser responsável, perante o transportador, por algum ato ilícito, ou mesmo por ato-fato ilícito (PAUL RATz, Kommentar zum Handelsgesetzbueh, ¾ 23 ed., 116).
§ 4.761. Extinção do contrato de expedição
1.PRINCÍPIOS GERAIS. Os princípios sobre extinção do contrato de expedição são os mesmos que regem a extinção do contrato de comissão.
2.DENÚNCIA. Se o remetente denuncia o contrato, sem justa causa, tem de indenizar. R. SENCKPIEHL (Das Speditionsgeschttft nach. deutsch,em Recht, 345), só admite a denúncia vazia (dita, aliás, imprôpriamente, revogação, revogação sem justa causa).
No Código Civil italiano, art. 1.738, fala-se de “revocare”.
O interessado pode “revogar”, diz-se, enquanto não se conclui
O contrato de transporte, a ordem de expedição, reembolsando o expedidor das despesas feitas e remunerando-o pela atividade exercida. O têrmo é reminiscência e conseqüência do apêgo do legislador ao contrato de mandato.
O interessado pode denunciar, inclusive para simples alteração do contrato.
3. FALÊNCIA E OUTROS CONCURSOS DE CREDORES. Nenhuma declaração de abertura de concurso de credores, falencial ou não, extingue o contrato de expedição. O art. 43 do Decreto-lei n. 7.661, de 21 de junho de 1945, e o art. 189 do Código Comercial regem a espécie. Cf. Tomo XLIII, § 4.731, 5.
4.PRAZO RESOLUTIVO E CONDIÇÃO RESOLUTIVA. O contrato de expedição pode ter a cláusula mexa de resolução. Por exemplo, se o remetente somente quer que se embarquem para a Europa os bens antes do mês de janeiro, porque o comprador exige a entrega no comêço de fevereiro, ou se o remetente entende que o contrato se há de resolver se a mercadoria fôr vendida antes do contrato de transporte, ou mesmo após Ale, antes da partida.
Titulo XXXVII
CONTRATO DE AGENCIA
CAPITULO 1
CONCEITO E NATUREZA DO CONTRATO DE AGÊNCIA
4.762. Conceito de agência e do contrato de agênda
1.CONCEITO. A falta de regramento que fizesse típico o negócio jurídico de agência muito concorreu para imprecisões que causam profundos erros na doutrina e na prática.
O Código Comercial, no art. 85, fala de “agentes auxiliares do comércio”: “São considerados agentes auxiliares do comércio, sujeitos às leis comerciais com relação às operações que nessa qualidade lhes respeitam: 1. Os corretores. 2. Os agentes de leilões. 3. Os feitores, guarda-livros e caixeiros. 4. Os trapicheiros e os administradores de armazéns de depósito.
5.Os comissários de transportes”. “Agentes”, aí, não é expressão que se refira ao que nos interessa: o contrato de agência. Ê verdade que a lista do art. 85 não é exaustiva (TEIxEIRA DE FREITAS, Aditamentos ao Código do Comércio, 1, 412) e se teriam de pôr os agentes e os correspondentes, pois que também auxiliam.
O agente considera-se quem faz contrato de agência ou contratos de agência, pelo qual ou pelos quais se vincula, perante alguma empresa, ou algumas empresas, a promover em determinada região, ou praça, os negócios com aquela, ou com aquelas, e de transmitir à empresa, ou às empresas. as ofertas ou invitações à oferta que obtiveram.
Supõe -se, como efeito de regra jurídica dispositiva (jus dispositivum), que a empresa que contrata agenciamento não pode contratar com outrem qualquer agência, no mesmo espaço e ao mesmo tempo. Isso não obsta a que tenha agentes em bairros diferentes, ou para determinadas épocas do ano, porque, então, há restrição espacial ou temporal da outorga.
O agente, rigorosamente, não medeia, nem intermedeia. nem comissiona, nem representa: promove conclusões de contrato. Não é mediador, pôsto que seja possível que leve até aí a sua função. Não é corretor, porque não declara a conclusão dos negócios jurídicos. Não é mandatário, nem procurador. Donde a expressão “agente” ter, no contrato de agência,. senso estrito.
A conceituação é recente, porque recente é a própria figura. Apareceu muito depois do mediador, do comissionário e do corretor. O agente, típico, é criação do século passado
(E.HEYMANN, em V. EI-IRENBERG, Is! andbuch des gesammten Handelsreckts, V, § 93). As espécies mais frequentes são a do agente bancário e a do agente de seguros, mas a vida suscitou outras, como a dos agentes de artigos de homem, ou de senhora, de fábricas de perfumes, de livreiros e editôres,. de teatro (às vêzes, o contrato não é de agência), de passa-gens e de entradas de casas de diversões, de jogos de futebol e outros.
2.“AGENTE” EM SENTIDO DIFERENTE DO CONTRATO DE AGÊNCIA. No direito administrativo e, em menor escala, no-direito privado, chama-se agente à pessoa física que é indispensável ou útil ao agir das pessoas jurídicas. Em senso lato, abrangeria os próprios órgãos das entidades personificadas (cf. ARNALDO DE VALLES, Elementi di Diritto amministrativo, 121>. Em sentido estrito, somente quem age sem ser órgão ou representante. Deve-se evitar o emprêgo no senso lato, se não se tem de aludir a érgãos, funcionários ou empregados, civis-e militares, diplomáticos e consulares, de polícia e de guarda.
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§ 4.768. Natureza do contrato de agência
1.CONTRATO DE AGÊNCIA E AGENTES. O agente promove, o contrato é para que promova. Vincula-se a isso. Não se trata de contrato de serviço ou de trabalho. Não há subordinaçáb. O agente é independente. O agente segue as instruções da empresa, mas apenas no que não implicaria mandato,. nem procuração, nem comissão.
§1 4.762-4.767. CONTRATO DE AGÊNCIA252. INDEPENDÊNCIA. A independência do agente afasta qualquer dúvida sobre a não-incidência do direito do trabalho, das regras jurídicas sobre previdência e sobre sindicatos. Pode-se pensar em fazer-se empregado o “agente”, mas aí o contrato não é o de agência, pôsto que os terceiros possam não fazer ~qualquer distinção entre os agentes, prôpriamente ditos, e os agentes-empregados. O agente-empregado, por mais que procure aparecer como empresa autônoma, não deixa de ser o que é; e vice-versa.
A remuneração fixa é um dos elementos com que se diferencia do agente, prôpriamente dito, o agente-empregado; mas, a despeito da relevância do elemento, pode haver o agente, prôpriamente dito, com remuneração fixa, quase sempre remuneração mínima para mínimo de promoções eficientes.
8. LOCALIZAÇÃo. O ser alhures a sede do agente, prõpriamente dito, também é elemento digno de mencionar-se. Porém há agências não-autônomas, agentes-empregados, com sede noutra praça ou zona. Mesmo a independência econômica da agência não é decisiva: há agências, como há sucursais e filiais, com a sua conta própria, inclusive em relação aos seus empregados.
Em tudo isso há indícios, não elemento essencial. Tanto mais quanto pode ser imaginada a espécie em que a agência é autônoma, porém as despesas correm por conta do outro figurante do contrato de agência. Basta que o agente não seja empregado dêle.
Também não se pode considerar decisivo o fato de ter o figurante impôsto ao agente horário dos serviços da empresa e outros deveres.
O que é preciso é que os elementos mostrem a autonomia económica e funcional. O fato de o figurante fornecer ao agente os meios de transporte (automóvel, aeronave, caminhões) não é decisivo contra a afirmação de existir autonomia economica, pôsto que o fato de determinar aquêle, precisamente e a seu líbito, o itinerário, a pré-elimine.
O agente tem de ter liberdade no promover os negócios jurídicos com o outro contraente.
Tão-pouco o fato de ser o outro contraente proprietário da loja ou da casa em que se instalou o agente, gratuitamente,pré-elimina, em absoluto, que se trate de agente autônomo. O uso pode ser gestão exclusiva do agente, com tôdas as conseqúências, inclusive a assunção dos riscos (cf. A. GIORDANO, La Figura giuridica ed economica dell’A gente di commercio, 42). O que é preciso é que os elementos componham a autonomia econômica e funcional. Ora, isso significa qúe o agente é o dono da empresa, que a agência é propriedade do agente, sem que se afaste a hipótese de agência de sociedade por ações em que o outro figurante seja grande acionista, ou, até, seja um dos órgãos da pessoa jurídica. Aí, o fundo de empresa é da sociedade por ações, a clientela é da sociedade por ações , como agente.
Não desfigura, nem transfigura o contrato de agência receber instruções, posteriores ao contrato de agência, o agente, nem o fato de pôr o outro figurante o agenciado a serviço do agente técnicos que auxiliem - a atividade do agente.
Quem suporta os riscos da empresa é o agente, sem que só se considere risco a assunção de tôdas as despesas da empresa.
Não se trata de serviço ou trabalho que seja objeto do contrato de agência. O que se quer é o resultado. Aí, serve o agente para alcançar que os clientes se interessem e possa êle comunicar ao agenciado que o contrato, que êle quer, pode concluir-se. A parecença é com o contrato de mediação, mas, na mediação, há a fase fáctica, anterior à conclusão do contrato de mediação, ao passo que, no contrato de agência, a atividade do agente se inicia após a conclusão do contrato de agência.
4.DURAÇÃO DA ATIVIDADE PARA ALGUÉM. O contrato de agência supõe a duração da atividade do agente. Não se há de pensar em contrato de agência se A encarrega B de vender a casa da rua tal, mesmo se B tem a profissionalidade de intermediar ou de promover. Quem opera para qualquer um não opera como agente para o agenciado. Não há contrato de agência quando alguém recorre à chamada “agência de empregados” para que alguma cozinheira vá servi-lo, ou à chamada “agência de informações”, para que lhe comunique o que há sObre algum assunto.
§ 4.764. Espécies de agência
1.IMPORTÂNCIA DO EXAME DAS ESPÉCIES. Tem-se de examinar cada espécie, tanto mais quanto muitos “agentes”,
-de que se fala, não são agentes, no sentido de figurante de contrato de agência. A agência do banco não é agente, no sentido de figurante do contrato de agência; nem o é o agente de câmbio, nome que leis estrangeiras dão aos corretores e não se adota no direito brasileiro (JOSÉ FERREIRA BORGES, Dicionário juridico-comercio, no verbete Agente intermédio),com tôda a razão. LPor que se haveria de chamar “agente de câmbio” ao corretor de valôres e corretores ao corretor de mercadorias e ao de navios?
2. AGENTE DE SEGUROS. O agente de seguros é agente, no sentido de figurante de contrato de agência. As regras jurídicas relativas a êsse contrato incidem, salvo no que resulte de legislação especial sobre seguros.
3.AGENTES DE NAVEGAÇÃO. Se o contrato em que figura o “agente” é de simples promoção de contratos de transportes marítimos, há o contrato de agência, e não qualquer nutro. Se o “agente” pode assinar e expedir os títulos, há plus.
4.AGENTE BANCÁRIO. O agente bancário não se pode confundir com a agência do banco, que é instalação secundária do banco. Agência de banco é banco; agente bancário, não. O agente bancário é autônomo; a agência do banco, não. O agente bancário apenas promove a conclusão de negócios jurídicos bancários, dentro de determinada circunscrição e, quase sempre, a respeito de algumas espécies de negócios. Um banco pode ser agente de outro; e. g., para a colocação de titulos. A agência de um banco pode ser agente bancário de outro banco.
5.AGENTE AGRÍCOLA E PECUARIO. Se a pessoa, física ou jurídica, exerce atividade apenas provocatória de conclusão de contratos pelo agricultor ou pelo pecuarista, há contrato de agência. Se o agente vende, ou faz contratos estimatórios pelo agricultor, ou pelo pecuarista, há plus, de modo que é mandatário, procurador, comissionário, ou outro intermediário. Também há simples mediadores da agricultura e da pecuária.
Um dos elementos indispensáveis à figura do agente é a. discriminação da circunscrição em que êle há de exercer a atividade.
O agente pode não no ser de empresa produtora de alimentos ou outros bens agrícolas, nem de pecuária, mas apenas-de grupo que adquira os produtos. O agenciado pode não ser proprietário, mas locatário, pessoa física ou pessoa jurídica, ou grupo de plantadores ou de criadores.
6.AGENTES DE BILHETES. Há agentes para a recepção de pedidos de bilhetes ou de reserva de bilhetes, cartões de legitimação, sem que se tenha de fazer distinção quanto à natureza do conteúdo dêles e à sua circulação. Há agentes de teatro. de cinema, de estabelecimentos de diversões e de jogos.
7.AGÊNCIA DE PATENTE DE INVENÇÃO. Se não é, ou no que não é representante do inventor, o agente de patente de invenção pode restringir-se ao agenciamento, isto é, à provocação de conclusão de contratos com o inventor, dentro de determinada zona.
8.AGENTE TEATRAL E OUTROS AGENTES. Se somente provocam o negócio jurídico das empresas, há o contrato de agência. Têm apenas a atividade de distribuição, sem representação, com exclusividade e retribuição.
9.SUBAGÊNCIA. Pode o agente, ou porque o trabalho da empresa seja excessivo, ou porque seja conveniente a especialização por frações da zona, ou diferenças qualitativas objetivas (= dos objetos dos negócios) ou subjetivas. ( relativas a dotes pessoais dos encarregados), contratar subagent es. Há, então, o contrato de subagéncia. O subagente, como o agente, não é empregado, não é dependente. Está para o agente como êsse está para o agenciado. Há coadjuvação, por eficácia de outro contrato, embora, às vêzes, o contrato de agência o preveja. A operação é por conta do agente, pois se por conta do agenciado há sucessão. O subagente não se confunde com o substituto do agente, como o sublocatário não se confundecom o substituto do locatário (Tomo XL, § 4.448-4.457), nem o substabelecido de Poderes se confunde com o substituto da procura (§ 4.702, 3). Por isso mesmo, quando alguém disse (e. g., ALDO FORMIGOINI, Ii Contratto di agenzia, 32) que o agente se reserva geralmente a subposição à casa, cujos negócios agencia, permitiu que sob a expressão “subagente” se ponham o agente do agente, que é o subagente, e o substituto do agente (que, -então, na espécie, o deixara de ser). Nem se tenha o subagente - - tomo mandatário do agente, o que desnaturaria a figura, como desnaturaria a figura do sublocatário defini-lo como mandatário do locatário.
Se. o terceiro é agente para o agenciado, subagente não é;
-é outro agente, que exclui na zona do primeiro agente a atividade agencial que êsse tinha, ou devia ter. Substituiu-se ao primeiro agente. O agente transferiu a posição jurídica no
contrato, de modo que deixou de ser agente no todo da zona, ou em parte, ou tal espaço lhe fôra pré-excluído.
Se o terceiro tem de operar para o agente, então sim é subagente, agente do agente, como o sublocatário é locatário cIo sublocador, o substabelecido sem substituição é procurador do procurador.
§4.765. Comercialidade e não-comercialidade da atividade do agente
1. PRECISÕES. Primeiramente, afastemos que só as empresas comerciais e industriais possam ter contrato de agência com pessoa física, ou jurídica, que aja, agencie. De jeito que não é na atividade da empresa outorgante que se há de buscar a solução ao problema, e sim na atividade do agente. O que se passa é que seria difícil a agenciação sem ser para empresa comercial ou industrial, que pudesse prometer exclusividade e permanência (cf. ALDO FORMIOGINI, II Contratto di agenzia, 18). A extensão da atividade, a continuidade, a exclusividade e a remuneração constante, ou por ato ou negócio, fazem do agente empresa, talvez não sempre mercantil. Profissionalidade não implica necessAriamente comercialidade. Pode a empresa ser comercial e não no ser o agente, ou vice--versa. Pode não ser empresa o outorgante, ou o agente, como ambos podem não no ser.
2.ESPÉCIES. A pessoa física, e. g., produtora manual de objetos de luxo, pode contratar agenciamento com alguém, que seja ou não profissional. Se os pressupostos estão satisfeitos, não se pode negar que tenha havido contrato de agência. Contrato de agência pode haver entre diretor-editor de revista e alguém que se encarregue da colocação dos números, embora não seja profissional o encarregado. É de supor-se a estabilidade, a continuidade; não, a profissionalidade. Por outro lado, a profissionalidade não supóe a continuidade absoluta, nem a exclusividade (ALFREDO DE GREGORIO, Corso di Diritto Commerciale, 19 e 133; WALTER BIGIAVI, La Professionalitá. dell’imprenditore, 9 s.). A exclusividade é para que o agente não seja prejudicado, ou, se há cláusula, para que o agente não-opere para outrem, no mesmo setor.
A qualidade de comerciante (Reg. n. 737, de 25 de novembro de 1850, art. 18) e não o estado de comer-ciante resulta, no sistema jurídico brasileiro, da habitualidade da profissão de mercancia. Quem se matricula como-mercador ou comerciante torna-se, presuntivamente, mercador ou comerciante, expressões equivalentes. Não há, no-direito brasileiro, a comercialidade da pessoa só em virtude da matrícula. Pode-se ser comerciante não-matriculado, como pode ter-se matriculado como comerciante quem o não era, não é, e não faz comércio. Matricula non .tacit mercatorem.
A respeito do agente, como do representante, que pratica os atos a que se refere a sua atividade e se matricula, não se pode dizer que não se fêz comerciante. A profissão habitual, com o intuito de mercantilidade, ou com a mercantilidade, faz o comerciante.
8.PERDA DA QUALIDADE DE COMERCIANTE. A perda da qualidade de comerciante, que tinha o agenciado, é sem relevância para a qualidade de comerciante que tenha o agente; e vice-versa. Tanto se pode ser auxiliar comerciante de empresa que não seja comerciante, como se pode continuar de ser se a empresa, que o era, o deixa de ser.
A empresa pode ser de profissão liberal, mas a ocasionalidade de regra pré-exclui que se trate de contrato de agência (sem a simples alusão à possibilidade de pré--exclusão, e. g., LORENZO MossA, Trattato dei nuovo Diritto commerciale, 1, 588; contra qualquer contrato de agência, se ocasional o encargo, GIUSEPPE VALEm, Manuale di Diritto co’,nmerciaie, II, 185, e GIUSEPPE FERIU, Manuale di Diritto commerciale, 572). Assim, há três opiniões: a) a que afirma não poder haver, ocasionalmente, contrato de agência; b) a que só excepcionalmente o admite; e) a que afirma não haver qualquer pré-exclusão, pelo fato da ocasionalidade. A opinião £9 é que é a certa.
Não importa, para se pré-excluir comercialidade do contrato de agência, se há comercialidade, ou mesmo industrialidade, do agenciado, ou se não há; nem, a fortiori, para se pré-excluir a figura mesma do contrato de agência. Sem razão, VITTORIO SALANDRA (Manuale di Diritto commerciale, 1, 16) e WALTER BíGIAvI (La Piecola Impresa, 94 s.).
Por outro lado, não ser somente para negócios jurídicos de compra e de venda, ou cessões, pois há agenciamento de locações e de empréstimos, como de outros negócios jurídicos (e. g., lutas de atletas, jogos de futebol, grupo de artistas, ou de literatos, ou de cientistas).
4.DETERMINAÇÃO DO CONTRATO. A agência há de ser discriminada e apreciada no agente, e não no agenciado. Se a pessoa que se encarregou não se vinculou como agente, mas sim como locador de obra, é questão que se há de resolver pelo exame dos fatos. Às vêzes, há, apenas, gentileza de amigo, ou serviço remunerado à vontade do agenciado, amicitiae causa. A pessoa, que foi o intermediário, ou o simples mediador, para que o pianista desse os concertos, ou se exibisse em teatro, pode transformar-se em agente.
Quanto à questão de poder haver agente para todo o mundo, ou para tôda a zona em que o agenciado há de negociar,não nos parece admissível que se negue, em todos os casos,
a possibilidade do contrato de agência. Tal atitude de afirmação a priori se choca com os fatos da vida. O que importa é o espaço, e não os limites.
§ 4.766. Contrato de agência e figuras afins
1.A) AGENTE, FIGURANTE DE CONTRATO DE AGÊNCIA, E REPRESENTANTE E C) AGENTE DE EMPRESA. A primeira distinção que se há de fazer é entre agente e agência de empresa. A agência de empresa, e. g., agência de banco, agência da empresa industrial, é mais do que o agente, figurante do contrato de agência. A agência de empresa pode ter capital próprio, ou não no ter; mas há o laço de empresa (cf. Tomo
XLI, § 4.505, 6).
O representante de emprésa não é subordinado. O comissionário intermedeia, em próprio nome e por conta do comi-tente. ‘O conetor intermedeia, sem concluir o negócio jurídico:
corre entre os figurantes e declara a conclusão, que é entre êsses. O caixeiro viajante é salariado, que visita a clientela, deslocando-se. O agente no sentido de figurante de contrato de agência não conclui, porque recebe pedidos e faz pedidos, transmite ofertas ao outro figurante ou as ofertas que êsse faz. A figura do representante fica entre a figura do comissionário e a do agente, convenhamos; mas seria grave êrro confundi-las. Não é subordinado, como o caixeiro viajante, nem conclui em nome próprio, nem só medeia. Porém, como o caixeiro viajante e o agente, só opera para a pessoa, física ou jurídica, à qual está vinculado, podendo-se vincular a duas ou mais, somente consistindo infração contratual a multiplicidade se vedada no contrato de representação comercial, e nos termos do contrato.
O representante de empresa é mais do que o agente, por serem diferentes os seus Poderes e mais amplos. O agente não representa, pôsto que lhe possam ser outorgados Poderes de representação. Quando se fala de representante de empresa, além da diferença qualitativa em relação ao agente, há a diferença qualitativa em relação ao procurador, ao representante, se para algum ou para alguns negóciosjurídicos determinados, e não para o que abrange o ramo do negócio. Não há exagêro em pensar-se na figura do institor. O escravo, que o cartaz apontava para as locações, o escravo pôsto à testa da casa bancária e de comércio de óleo (ULPIANO, L. 18, pr~, D., de institoria actione, 14, 8), o escravo que operava com alienações fiduciárias, o membro da família pôsto na direção do comércio, ou da indústria terrestre, pelo pai de família (II. MITTEIS, fie Leh,re von der Steltvertretung, 24), são exemplos da figura precursora do representante de empresa. não do agente. Ou tem Poderes de representação, a ponto de se considerar “representante da empresa~’, o que é diferente de só ter algum ou alguns Poderes para representação em determinado negócio jurídico, ou negócios jurídicos, ou atos jurídicos stricto sensu, ou é simples agente, no sentido de outorgado do contrato de agência.
O agente não se há de confundir com o representante, nem com a agência de emprésa. A própria referência, no mesmo texto, ao representante e ao agente é de repelir-se. A isso não se forrou o direito alemão. O agente que conclui não é simples agente: há o plus da representação, ou da comissão. O agente, em senso próprio, intermedeia, sem se encarregar de conclusões de negócios jurídicos. Ou se ocupa de vendas, ou de compra, ou de transportes, ou de seguros; não vende, não compra, não transporta, não segura. Se o auxiliar conclui, ou é mandatário, ou procurador, ou comissionário. O contrato de representação não se pode confundir com o contrato de agência: agenciar não é fazer o negócio, não é concluir contratos ou outros negócios jurídicos.
Quando a atividade do agente chega a dar por concluído o contrato, o que se há de entender é que lhe cabe operar até o momento em que êle avisa sobre o acôrdo, sem que se lhe dê forma, sem que se declare concluído (corretagem), o que significaria ter ido até concluir-se. O agente prepara.; não conclui. No Código Comercial alemão, o § 85 supõe que o futuro figurante se vincule, como oferente, desde o momento em que recebe a comunicação, se de sua parte não comunica ao agente que não aceita. Não há, aí, exigência de forma,
e pode surgir a pretensão a que se conclua o negócio jurídico com a forma exigida.
O agente, conforme resulta do contrato de agência, é auxiliar, sem representar. Pode ser empresa: nada tem isso com o contrato de agência. Também pode não o ser e apenas auxiliar a alguém.
O agente parece-se com o empregado, sem que seja empregado. Não depende. Apenas está vinculado como pessoa que não depende.
2.FILIAL, SUCURSAL E AGENCIA, E FIGURANTES DE CONTRATO DE AGÊNCIA. A empresa há de ter atividade exterior para que viva, inclusive sem ser com a só irradiação dos seus órgãos. Da sucursal e da filial falamos no Tomo XV, § 1.822, 1. A filial é independente, mas em relação finalística com a empresa central, a matriz. Há a empresa-mãe e a empresa-filha. A filial tem independência, de jeito que opera com liberdade, embora haja de respeitar regras estatutárias comuns, ou especiais às filiais, ou à filial. A sucursal é para socorrer, ajudar, no lugar distante; e abaixo dela está a agência, que depende da matriz, no que a sucursal, se há, depende, e da sucursal, para que age. (As caixas de desconto, que o primeiro Banco do. Brasil teve, conforme a Carta de lei de 16 de fevereiro de 1816, eram filiais. Bem assim as Caixas filiais do segundo Banco do Brasil; cf. Decreto n. 1.040, de 6 de setembro de 1852.
a. X. CARvALHO DE MENDONÇA confundia, gravemente, filial, sucursal e agência.)
Ser filho e, pois, ser filial não é ser órgão, nem instrumento. Há contrôle, mas sem se pré-excluir a independência. Pode-se criar a filial com a cisão do patrimônio da sociedade-
-mãe, ou por aumento de capital (cisão preestabelecida), ou por subscrição à parte (~ especial para a filial). Pode-se mesmo transformar em filial outra empresa, o que pode fazer mais antiga a filha do que a mae.
Desde que a empresa não se contenta com exercer somente no lugar da sede a sua atividade, ou há de ter a) filial, ou lO sucursal, ou c) agência, ou d) há de entrar em contrato de agência, ou e) de representação de empresa. Todos êsses operantes são empresas secundárias, quer sejam pessoas físicas quer sejam pessoas jurídicas.
A filial supõe independência, embora a empresa se sujeite a plano, programa e regras estatutárias, que a filiem.
A sucursal, instituição que vem da Idade-Média, não. No Século XIX, as sucursais pulularam, inclusive no que se refere ao comércio a retalho, mas principalmente ao de gêneros alimentícios (Docks, Ruches, Economats, Familistêres, Sucursais de Secos e Molhados) e de sapatos (cf. GIIJLES NORMANDO e ROGER PICARD) .Os chain stores dos Estados Unidos da América tornaram-se de enorme importância, quase a metade do total do comércio (cf., para 1989, A. BUTTNER, L’Ábaissement du priz de revient dans le commerce á. défrzÃl, 103). No Brasil, segue-se pelo mesmo caminho. A sucursal dado atinge o patrimônio da empresa, quer a empresa seja de pessoa física quer seja de pessoa jurídica. A filialidado, não. Não importa se a sucursal tem contabilidade própria, pois isso só se passaria interiormente. A falência ou outro concurso de credores, inclusive a liquidação coativa, da empresa principal apanha a sucursal ou as sucursais, como apanha as agências.
3. MANDATO, LOCAÇÃO E AGENCIA. O agente age até onde o seu agir não o põe no lugar do agenciado. Não é representante, nem, sequer, mandatário. Por outro lado, a sua estabilidade separa-o do mandato, a que corresponde, de regra, ocasionalidade. A atividade do agente é fáctica, raramente jurídica; a do mandatário, quase sempre jurídica.
O agente não é confundível com o empregado. Não é subordinado, como êsse.
‘O agente não administra; age, sem que se possa esperar dos seus atos a gestão dos administradores.
Dilata-se demasiadamente o conceito de mandato quando se diz que o contrato de agência se enquadra no mandato. Dá-se o mesmo em relação ao contrato de comissão, a que se não pode reduzir o contrato de agência. Não importa se, em verdade, há plus, que faz misto o contrato, como se ao expedidor incumbe fazer o seguro do bem transportado, sem ser de agente de seguro que se trata. O agente de seguro é agente como os outros e; como os outros, não se reduz àfigura do mandatário (sem razão, CESARE VIvANTE, Trattato di Diritto commerciale, ~v, 5Y ed., 889; GIUSEPPE FANEILI, Le Assicurazioni private nelta giurisprudenza italiana, 82 s.). Há tôda a conveniência em se precisar cada figura jurídica e em se conceituar de modo incisivo; e nenhuma, em se distender o conceito de uma, ou de algumas, para se inserir nela, ou nelas, o que a vida prática e a doutrina, através do tempo, tiveram de diferenciar.
4. AGÊNCIA E MEDIAÇÃO. Tem-se dito que, à semelhança do contrato de mediação, a atividade do agente precede à conclusão do contrato. Pode isso ocorrer, mas longe está do que mais acontece. Mesmo se não há contrato concluído, há colaboração anterior que estabelece conclusão e vínculos
anteriores à atividade do agente, em cada caso. O agente vincula-se a promover a conclusão do contrato, ou dos contratos, ou dos negócios jurídicos unilaterais. 1-lá a delimitação da zona em que o agente tem de operar. Há o direito a contra-prestação. O agente busca os contraentes, os clientes. A atividade, às vêzes, é só de publicidade e de atenção aos clientes que vão à loja, armazém ou escritório. Outras vêzes, consiste em reclames e exposições, distribuição de amostras e experimentações. Contra a assimilação do contrato de agência ao contrato de mediação há o argumento de ser o contrato de agencia dotado de normal continuidade. A continuatividade é indispensável à organização das agências, razão por que os negócios são, de regra, todos os negócios do agenciado, ou os negócios para os quais tem especialidade a agência, sem que se pré-
-elimine, de modo absoluto, a possibilidade de contrato de agência com tempo certo, ou para poucos negócios (e. g., liquidação de estoque).
5.CONTRATO

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