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Aula 1 – Herança Colonial e Transferência da Corte
O historiador Luiz Felipe de Alencastro afirma que: “A transferência da corte trouxe para a América portuguesa a família real e o governo da metrópole. Trouxe também, e sobretudo, boa parte do aparato administrativo português. Personalidades diversas, funcionários régios continuaram embarcando para o Brasil atrás da corte, dos seus empregos e dos seus parentes, após o ano de 1808.”.
De fato, o início do século XIX representou no Brasil a continuidade do processo de transição da Colônia para o Império. A independência em 1822 não coincidiu com a consolidação da unidade nacional, que só ocorreu mesmo entre os anos de 1840 – 1850 e tampouco foi marcado por um movimento de caráter nacionalista ou revolucionário. De fato, o que mais se apresenta no processo de emancipação do Brasil são as atitudes recolonizadoras de Portugal e as agitações populares que ocorriam na colônia. Carlos Guilherme Mota e Adriana Lopez trazem um interessante caso de como os brasileiros passaram a ter uma atitude antiportuguesa desde a insurreição nordestina de 6 de março de 1817.
O português Cardoso Machado escreveu a um amigo reclamando: “Os boticários, cirurgiões, sangradores não fizeram mais conta de mim; quando eu passava, riam-se. Os cabras, mulatos e crioulos andavam atrevidos, pregando igualdade (...) até os barbeiros não me quiseram mais fazer a barba, respondiam que estavam ocupados no serviço da pátria, via-me obrigado a fazer a mim mesmo a barba. Cabras e mulatos e crioulos andavam tão atrevidos que diziam éramos iguais, e que haviam de casar, senão com brancas das melhores, e Domingos José Martins andava de braço dado com eles armados de bacamartes, pistolas e espada nua”.
Foi no clima de antilusitanismo que D. João voltou para Portugal e indicou seu filho para príncipe regente. A essa altura, a emancipação ia se tornando inevitável. Sem dúvida havia motivos tanto para a emancipação com Portugal como para a permanência, como dizia Maria Odila em sua obra “A interiorização da Metrópole”: “Para os homens de ideais constitucionalistas parecia imprescindível continuar unidos a Portugal, pois viam na monarquia dual os laços que os prendiam à civilização europeia, fonte de seus valores cosmopolitas de renovação e progresso. A separação, provocada pelas cortes revolucionárias de Lisboa, teria de início a conotação reacionária de contrarrevolução e a marca do partido absolutista.”.
Como não haviam partidos políticos no Brasil, os grupos se reuniam por tendências e concepções políticas. Dois dos grupos mais influentes eram o partido português, que defendia a ligação com Portugal e o retorno do Brasil à condição de Colônia. Esse era formado por comerciantes ligados aos monopólios portugueses. O outro grupo era o partido brasileiro. Esses defendiam a livre negociação, ou seja, sem o intermédio dos portugueses. Era formado por produtores de gêneros tropicais e ainda contavam com o apoio de uma ampla gama de funcionários que ficaram no Brasil após a saída da corte.
Embora esses grupos defendessem ideias opostas, em uma coisa concordavam, ambos tinham receio da agitação popular que tomava conta das principais cidades do país. O fantasma do Haiti assombrava as elites. Era inimaginável a ideia de que em um futuro governo tivesse que ampliar a base representativa com a inclusão de elementos das camadas populares. Dessa forma, ambos os partidos agiram rápido e viram no príncipe regente a figura que iria estar à frente dos interesses comuns, a luta contra as Cortes portuguesas e contra os republicanos.
Manter a monarquia para evitar uma crise sucessória e manter a escravidão era desejo tanto dos portugueses como dos brasileiros, mas Carlos Guilherme Mota afirma que: “Por outro lado, Pedro aproveitou a oportunidade para desobedecer às cortes. Orientado por um político reformista ilustrado e maduro, o santista e professor da Universidade de Coimbra José Bonifácio de Andrada e Silva (então a figura mais ilustre no mundo luso-brasileiro), o príncipe regente Pedro proclamou a Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822 (o “Grito do Ipiranga”). Dessa forma, pensava-se que o absolutismo do príncipe regente e a ordem escravista das elites ficariam a salvo dos ataques das Cortes portuguesas e da “anarquia dos liberais-radicais brasileiros.”. Assim, em outubro de 1822, Pedro I foi aclamado imperador do Brasil.
José Bonifácio de Andrada e Silva
Nasceu em Santos em 1763. O estudante destacado tornou-se filósofo, advogado, professor e cientista político. Teve destacada atuação na vida política brasileira, como deputado, vice-presidente da Província de São Paulo, ministro do Império, tutor do Imperador Pedro II e é considerado como Patriarca da Independência. “Ser obrigado a conduzir-me entre os homens como homem vulgar, quando não penso como eles, é a coisa mais pesada a que devo me sujeitar.”.
Guerras de Independência
Virou lugar comum ouvir dizer que o processo de independência do Brasil não contou com nenhum confronto, no entanto a historiografia elucida que ocorreram alguns conflitos, sobretudo no nordeste do país. De fato, os conflitos mais acirrados ocorreram a partir de tropas portuguesas que estavam na Bahia, Maranhão, Piauí, Grão-Pará e também na província da Cisplatina. As tropas portuguesas lutavam para manter o Brasil ligado a Portugal.
O historiador Caio Prado Júnior indica que houve um “arranjo” que marcou os períodos posteriores à formação do Estado. Sobre a interpretação de “arranjo”, atesta ele: “Outro efeito da forma qual se operou a emancipação do Brasil é o caráter de “arranjo político”, se assim nos podemos exprimir, de que se revestiu. Os meses que medeiam da partida de D. João à proclamação da Independência, período final em que os acontecimentos se precipitam, resultou num ambiente de manobras de bastidores, em que a luta se desenrola exclusivamente em torno do príncipe regente, num trabalho intenso de o afastar da influência das Cortes portuguesas e trazê-lo para o seio dos autonomistas. Resulta daí que a Independência se fez por uma simples transferência política de poderes da metrópole para o novo governo brasileiro.”.
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