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Arte na Europa do Século XVII

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Aula 3 – A Europa no Século XVII
O que podemos concluir, após estudarmos este período de transição, que as alterações na política e na economia propiciam o surgimento de uma nova mentalidade, um novo homem, moderno em diversos aspectos, mas que ainda conserva, em seus hábitos e cotidiano, uma forte herança medieval (Um dos campos privilegiados, onde podemos notar esta herança é, sem dúvida, a religião, mas as manifestações artísticas do período também demonstram esses conflitos.).
Sobre a Arte
Quando pensamos em arte, imediatamente nos remetemos à pintura e à escultura, onde esta ideia nos parece mais evidente. Mas a arte engloba vários campos de produção, como a arquitetura. Vimos que o renascimento retoma conceitos estéticos da antiguidade clássica, valorizando a cultura greco-romana. Durante boa parte desse período, a Igreja encomendou obras aos artistas renascentistas (Todavia, o movimento de contrarreforma, no século XVI, em especial após o Concílio de Trento, fez com que a igreja revisse sua posição em relação à arte renascentista, da qual ela tanto se beneficiara no século anterior. Com o concílio, cujo um dos objetivos era reagir à expansão do protestantismo, o catolicismo reforça seu aspecto moral especialmente no que concerne as artes plásticas. Podemos citar como exemplo, a Capela Sistina, uma das obras primas de Michelangelo.), como Rafael e Leonardo da Vinci, para adornar suas igrejas e mosteiros.
O Papado
Para entendermos essa mudança na postura da Igreja, vamos ver rapidamente como funcionava a eleição papal (Ou seja, como um eclesiástico se torna papa. Tradicionalmente, entre a Idade Média e a Moderna, havia na Itália algumas famílias particularmente poderosas. Essas famílias possuíam terras e, com o renascimento urbano e comercial, passaram também a se dedicar ao comércio e às atividades bancárias.).
O Barroco
No século XVII, a própria estética que havia sido tão cara aos renascentistas entrava em declínio. Outras formas de arte surgiam particularmente influenciadas pelo pensamento católico. Dentre elas, destacamos o barroco, um estilo importante não só na Europa, mas também nas colônias americanas, em especial no Brasil. Dois estilos passaram a conviver: o classicismo, inspirado nos padrões greco-romanos e o barroco, com inspiração religiosa. Logo, nos países marcadamente católicos, como Itália, Espanha e Portugal, o barroco se desenvolveu e chegou às colônias, tendo sido uma das principais manifestações artísticas do período colonial. Se a arte renascentista buscava a simetria e a perfeição das formas, o barroco buscava o movimento, a perspectiva e a ilusão de ótima. A arte barroca retratou, sobretudo, questões importantes para o catolicismo, como o martírio dos santos e a vida de Cristo.
Sobre a Arte
Um dos mais importantes pintores do barroco espanhol foi Diego Velásquez, o pintor preferido do rei da Espanha, Felipe IV. O rei encantou-se com um retrato seu feito pelo pintor e, a partir de então, sua carreira de retratista foi notória. Um de seus mais famosos quadros, As Meninas (ao lado), é considerado um dos principais expoentes do estilo barroco, no qual o artista retrata a ele próprio como um dos personagens da cena. Sua obra influenciou diversos movimentos que se seguiram, como o impressionismo, bem como importantes pintores contemporâneos, como Picasso e Salvador Dalí. Ainda que a arte barroca tenha um viés religioso, ela em nada se parece com a arte medieval. Diversos elementos renascentistas foram incorporados nos estilos que seguiram o renascimento e com o barroco não foi diferente. As paisagens realistas, os retratos anatomicamente bem feitos, a noção de profundidade faz parte do legado renascentista para a arte moderna.
O Barroco
Seus ornamentos retorcidos e extremamente detalhados se espalharam pela Europa, na arquitetura o barroco atingiu seu apogeu. Catedrais espanholas como a de Nossa Senhora do Pilar e de Santiago de Compostela revelam este estilo em seu esplendor. Como pôde perceber na galeria, o barroco é opulento, rico em formas, cores e texturas. Se o renascimento foi patrocinado principalmente pelos burgueses, o barroco teve na Igreja e nas cortes católicas seus principais mecenas. Da Europa, ele chega às colônias americanas e se desenvolve nos séculos XVII e XVIII, em especial, nas regiões mais prósperas.
No Brasil, a arte barroca de Minas Gerais (O caso de Minas Gerais é emblemático. No século XVIII, com o ciclo do ouro, cidades como Vila Rica, atual Ouro preto, ganham enorme destaque, pois por ela afluem os diversos minérios preciosos que irão escoar para os portos em direção à Península Ibérica. Nesse período, destaca-se o trabalho de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, escultor, entalhador e arquiteto; dentre suas obras, de valor incalculável, encontra-se o conjunto dos doze profetas, feitos em pedra sabão – típica da região de Minas Gerais – em Congonhas do Campo, e a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Ouro Preto.) e da Bahia (Na Bahia do século XVII, coexistem diversas irmandades que erguem vários templos aos santos de sua devoção. O estilo rebuscado do barroco pode ser visto em grande parte destas construções, que fazem de cidades como Salvador, um exemplo único da cultura colonial de seu tempo.) são, atualmente, consideradas patrimônio da Humanidade.
Fé x Ciência
O embate entre classicismo e barroco reflete a luta entre a Igreja e a ciência, entre a fé e a razão, tão característica da Idade Moderna. Enquanto o barroco florescia nas artes, diversos cientistas faziam enormes avanços em suas áreas de conhecimento, como Kepler, com seus estudos sobre o movimento dos planetas e Isaac Newton, com a Teoria da Gravidade. Com a contrarreforma e as atividades intensas da Inquisição, os diversos cientistas que contestavam os princípios católicos eram expostos a constantes processos e investigações, que culminavam, em alguns casos, com a morte na fogueira, como ocorreu com Giordano Bruno.
Mas a igreja não se ocupava somente da questão cultural e cientifica. Dentre os pressupostos da contrarreforma, estava a expansão da fé católica, e as colônias americanas representavam um vasto território a ser conquistado, em termos espirituais. A proximidade entre a Igreja e o Estado Ibérico permitiu a chegada da cultura europeia ao continente americano. Embora no século XVII os europeus já tivessem consolidado seu domínio colonial, propiciando uma enorme fonte de novos convertidos para a Igreja, no campo político, Portugal e Espanha passavam por diversos problemas internos, sendo o caso português, o mais grave deles.
Europa em Ebulição
O século XVII foi o período de ouro espanhol (Apesar de receber um intenso afluxo de metais vindos da América, os espanhóis não conseguiram reter e acumular os minérios preciosos, que se escoavam rapidamente do reino.), mas isso não quer dizer que não tenha sido um tempo de intensos conflitos, como atesta a perda de Portugal em 1640. Somamos a isso uma guerra que alteraria definitivamente a constituição geopolítica europeia, a Guerra dos Trinta Anos, que opôs diversos reinos em disputa pela hegemonia territorial no continente europeu.
Durante a Idade Média, eram comuns os conflitos armados, dentro e fora da Europa. Podiam se referir a disputas dinásticas, como a Guerra das Duas Rosas, na Inglaterra, ou longos embates religiosos, como é o caso das Cruzadas. Com a centralização dos Estados nacionais (Nem todos os estados europeus se centralizaram. Itália e Alemanha permaneceram divididas em reino, por várias razões entre elas, a questão religiosa, já que o papado possuía diversos reinos, sobretudo na Itália.), essa situação não se alterou muito, mas agora as disputas assumiam um caráter nacional e estavam diretamente relacionadas a busca por territórios e a conquista de novos mercados, dentro dos parâmetros do mercantilismo.
A Holanda, embora possuísse uma estrutura política descentralizada, destacava-se pelas relações mercantis que estabelecia através das companhias de comércio, as chamadasCompanhias das Índias. Conhecida por sua tolerância religiosa, a Holanda recebeu uma enorme imigração judaica, especialmente após o século XV, quando a Espanha, em seu esforço para unificar seu território, expulsou os judeus do reino. Esses judeus levaram consigo tanto a riqueza que haviam acumulado quanto sua experiência mercantil e foram um fator determinante para a consolidação econômica dos países baixos.
O equilíbrio de poder entre as nações europeias, centralizadas ou não, era frágil. Havia a disputa pelas possessões ultramarinas, reivindicadas pela França, por exemplo, que não reconhecia o Tratado de Tordesilhas. Além disso, as lutas religiosas, provocadas pela reforma, opunham católicos e protestantes, e eclodiam em constantes guerras civis que, por sua vez, acabavam transcendendo as fronteiras de seus países e sendo disseminadas por todo o continente. Soma-se a esse contexto a ameaça de invasão dos turcos em regiões do Sacro Império Romano germânico e da Península Itálica e temos uma Europa em ponto de ebulição. Nestas condições, um conflito armado não tardaria a acontecer e em 1618, tem inicio a Guerra dos Trinta Anos, que começou na cidade de Praga, na atual República Tcheca, que na época era governada pelos Habsburgos.
Os reis Habsburgos desejavam centralizar os territórios pertencentes ao Império, que juntos, somavam mais de 300 reinos diferentes. Mas, esses reinos careciam de uma identidade, um princípio que os unificasse. A Dinastia Habsburgo era católica e buscou na religião o princípio unificador entre os estados. Entretanto, a reforma já se espalhara pelos reinos e os protestantes se opuseram à iniciativa de consolidação do catolicismo na região, que opôs duas ligas: a Liga Evangélica, dos príncipes protestantes e a Liga Sagrada, dos príncipes católicos. O avanço dos Habsburgos preocupou o rei francês Luís XIII e também seu primeiro ministro, o cardeal Richelieu. Embora a França fosse católica, as convicções religiosas foram superadas pelos temores políticos de que, sendo vencedores e unificando os estados, o sacro Império se tornaria uma potência e desestabilizaria o governo absolutista francês.
Por essa razão, os franceses buscam uma aliança com a Holanda, apesar da maioria protestante desse país e declaram guerra à Espanha católica. Isso não quer dizer que a religião era irrelevante ou apenas um pretexto. Ela foi o combustível que moveu a população no conflito e também a pólvora que se espalhou por todo o continente, envolvendo quase todos os reinos. Dessa forma, quando a França definitivamente ganha a guerra, em 1648, não podemos afirmar que o catolicismo tenha sido derrotado, pois o estado francês não abandonou essa religião. A derrota foi imposta a uma dinastia e seus aliados católicos, e não ao catolicismo.
A Paz na Europa
Para selar o fim do conflito foi assinada a Paz de Vestfália, uma série de tratados que alteraria a configuração geopolítica europeia. A França incorpora a região da Alsácia, dentre outros territórios. A Holanda e a Suécia são reconhecidas como soberanas sob o nome de Províncias Unidas e Confederação Suíça, respectivamente. O Sacro Império Romano germânico, derrotado, fragmenta-se ainda mais, dividindo-se em reinos menores, o que pode ser considerado como um dos fatores para a unificação tardia da Alemanha, que ocorrerá somente no século XIX.
Do ponto de vista religioso, os tratados garantem liberdade de culto para católicos, luteranos e calvinistas, o que acaba com as pretensões dos Habsburgos de instituir o catolicismo como religião hegemônica. Vestfália é emblemática porque inaugura o chamado sistema internacional moderno (A Europa do século XVII marca a consolidação das grandes rupturas que haviam ocorrido na transição do período Medieval para o Moderno, com o fortalecimento dos estados nacionais. No tocante às mentalidades, embora a reforma e o renascimento tenham aberto espaço para a proliferação de uma nova visão de mundo, as sociedades ainda guardam diversas heranças do catolicismo arraigado e das superstições do período anterior. Ainda se contam histórias sobre os seres fantásticos que habitam as florestas, mesmo que haja um enorme avanço cientifico. O desenvolvimento tecnológico que permitiu aos navegadores atravessarem o Atlântico e conhecerem um novo mundo não impediu que ainda houvesse a crença em monstros marinhos, a Reforma aproximava o homem de Deus sem a necessidade de intermediários, mas ainda se acreditava no poder das bruxas e na magia negra.), pois pela primeira vez são reconhecidos princípios de soberania e a ideia de estado-nação. Podemos dizer, então, que o homem moderno é um homem em conflito. Por um lado, a razão e as novas descobertas científicas apresentam um mundo novo, no qual o homem e capaz de desvendar os mecanismos da criação divina. Por outra, a fé, que insiste nos mistérios e dogmas religiosos.
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