Buscar

PRÁTICA PEDAGÓGICA INTERDISCIPLINAR HISTÓRIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 219 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 219 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 219 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FACULDADE ÚNICA 
DE IPATINGA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRÁTICA PEDAGÓGICA INTERDISCIPLINAR: 
HISTÓRIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA 
1ª edição 
Ipatinga – MG 
ANO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL 
 
Diretor Geral: Valdir Henrique Valério 
Diretor Executivo: William José Ferreira 
Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos 
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira 
Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa 
Revisão/Diagramação/Estruturação: Bárbara Carla Amorim O. Silva 
 Bruna Luiza Mendes Leite 
 Carla Jordânia G. de Souza 
 Guilherme Prado Salles 
 Rubens Henrique L. de Oliveira 
Design: Brayan Lazarino Santos 
 Élen Cristina Teixeira Oliveira 
 Maria Luiza Filgueiras 
 Taisser Gustavo de Soares Duarte 
 
 
 
 
 
© 2021, Faculdade Única. 
 
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem 
Autorização escrita do Editor. 
 
 
 
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. 
 
 
 
 
 
NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA 
Rua Salermo, 299 
Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG 
Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 
www.faculdadeunica.com.br
http://www.faculdadeunica.com.br/
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
Menu de Ícones 
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo 
aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. 
Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um 
com uma função específica, mostradas a seguir: 
 
 
São sugestões de links para vídeos, documentos científi-
cos (artigos, monografias, dissertações e teses), sites ou 
links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e 
Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo 
abordado. 
 
Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações 
importantes nas quais você deve ter um maior grau de 
atenção! 
 
São exercícios de fixação do conteúdo abordado em 
cada unidade do livro. 
 
São para o esclarecimento do significado de 
determinados termos/palavras mostradas ao longo do 
livro. 
 
Este espaço é destinado para a reflexão sobre questões 
citadas em cada unidade, associando-o a suas ações, 
seja no ambiente profissional ou em seu cotidiano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 HUMANISMO E RENASCIMENTO 
 
 
 
1.1 INTRODUÇÃO 
 
O Renascimento foi um momento histórico que aconteceu no final da Idade 
Média e começo da Idade Moderna na Europa. Ele foi um movimento cultural, 
artístico e científico que queria romper com os valores estabelecidos pela 
sociedade medieval. 
A Europa, nos séculos XI ao XIII, devido o aumento da produção agrícola e a 
expansão comercial e urbana passou por um grande processo de 
desenvolvimento. No início do século XIV, esses avanços econômicos passaram 
por um desaceleramento que entre alguns motivos podemos listar a peste negra e 
a guerra entre França e Inglaterra conhecida como Guerra dos Cem Anos. De 
acordo com Sevcenko (1996, p. 07-08) a: 
 
[...] crise do século XIV tem sido denominada também crise do 
feudalismo, pois acarretou transformações tão drásticas na 
sociedade, econômica e vida política da Europa, que praticamente 
diluiu as últimas estruturas feudais ainda predominante e reforçou, de 
forma irreversível, o desenvolvimento do comércio e da burguesia. 
[...] A grande mortalidade decorrente da peste e da guerra 
procedeu à desorganização da produção e disseminou a fome 
pelos campos e cidades – razão das grandes revoltas populares que 
abalaram tanto a Inglaterra e a França, quanto a Itália e a Flandres 
nesse mesmo período. 
Havia, porém, outras razões para as revoltas populares. Com o 
declínio demográfico causado pela guerra e pela peste, os senhores 
feudais passaram a aumentar a carga de trabalho e impostos aos 
camponeses remanescentes, a fim de não diminuir seus rendimentos. 
Era contra essa superexploração que os trabalhadores se 
revoltavam. A solução foi adotar uma forma de trabalho mais 
rentável, através da qual poucos homens pudessem produzir mais. 
Adotou-se então, preferencialmente, o trabalho assalariado, o 
arrendamento, ou seja, os servos foram liberados para vender seus 
excedentes no mercado das cidades. Assim, estimulados pela 
perspectiva de rendimento próprio, os trabalhadores e arrendatários 
incrementaram técnicas e aumentaram a produção. Passaram a 
predominar, portanto, as atividades agrocomerciais, como a 
produção de cereais e de lã, e os novos empresários passaram a 
exigir a propriedade exclusiva e privada das terras em que investiam. 
Tudo isso concorreu para a dissolução do sistema feudal de 
produção . 
 
 
Erro! 
Fonte de 
referênci
a não 
encontra
da. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
Diferente do restante do continente europeu, as partes norte e central da 
Itália estavam com um processo desenvolvimento econômico por serem áreas 
extremamente urbanizadas do continente. Essas cidades eram extremamente 
mercantis e geravam um grande fluxo de riquezas. 
 O enriquecimento dessas localidades como Veneza, Gênova e Florença 
permitiu que vários comerciantes e banqueiros prosperassem e a atividade 
manufatureira aumentasse nessas localidades. 
Importantes famílias dessas localidades tornaram-se financiadores de obras 
de artes. Era uma maneira de mostrar seu poder e riqueza, essa prática ficou 
conhecida como mecenato. Os artistas financiados por esses indivíduos 
começavam a expressar em suas obras novos valores diferentes do final da Idade 
Média. 
Os valores teológicos, que marcaram o período medieval, começaram a ser 
substituídos por valores individualistas e colocaram o homem como centro de todas 
as medidas. A região da Itália tornou-se o principal centro dessa renovação que a 
Europa passaria entre os séculos XIV ao XVI. 
 
 
 
1.2 O HUMANISMO 
 Na época medieval, as universidades voltavam seus estudos para as 
áreas de Direito, Medicina e Teologia. Durante o contexto do Renascimento, alguns 
intelectuais apresentaram novas propostas para o ensino de outras áreas das 
Ciências da Natureza, Matemática, Filosofia e outras. Esses pensadores ficaram 
conhecidos como humanistas e mudaram profundamente o campo intelectual 
nesse momento. 
 Inspirados pelos valores greco-romanos, buscaram exaltar as 
capacidades dos indivíduos e valorizar a liberdade. O estudo das línguas clássicas, 
grego e latim, foram retomados pelos humanistas para conseguir interpretar 
https://bit.ly/3oxgPFw
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
importantes pensadores da antiguidade como Platão, Pitágoras, Plotino e 
Aristóteles. Assim, diversos valores da Antiguidade Clássica foram retomados. De 
acordo com Perry (1991, p. 271): 
 
Os humanistas esperavam aprender o muito que não lhes ensinavam 
os escritos medievais – especialmente, por exemplo, aprender a viver 
bem neste mundo e a desempenhar os deveres cívicos. Para os 
humanistas, eram os clássicos um guia para a felicidade e para a 
vida ativa. Para se tornarem cultos, para aprenderem a arte do 
escrever, do falar e do viver, era necessário conhecer os clássicos. Ao 
contrário dos filósofos escolásticos que usavam a filosofia grega para 
provar a verdade das doutrinas cristãs, os humanistas italianos 
usavam o conhecimento clássico para alimentar o seu novo interesse 
pela vida terrena. 
 
Diferente do que acontecia durante a Idade Média com o pensamento 
religioso que colocava Deus como centro do Universo (teocentrismo), os humanistas 
buscaram valorizar as capacidades do homem e o fortalecimento do ideal 
antropocentrismo (o homem como centrodo Universo). Essa época foi marcada 
por bastantes transformações no campo científico e de inovações. De acordo com 
Herbert (2002, p. 20-21): 
 
Durante o Renascimento, ocorreram grandes progressos em 
anatomia, medicina, astronomia e matemática. A prensa foi 
inventada e, pela primeira vez, os livros tornaram-se disponíveis para 
pessoas. Foi também uma época de exploração do mundo e o início 
da ciência moderna. Nicolau Copérnico afirmou que a Terra girava 
em torno do sol. Muitos exploradores navegaram pelos mares em 
busca de rotas comerciais para o Extremo Oriente. Cristovão 
Colombo cruzou o Atlântico e aportou na América. As caravelas 
portuguesas comandadas por Pedro Álvares Cabral chegaram às 
terras do Brasil. Vasco da Gama contornou a África e alcançou a 
Índia. Os navegantes de Magalhães deram a volta do globo. 
 
Muitos cientistas durante o Renascimento buscaram fazer experimentos, 
propor ideias e tentar aplicá-las. 
Foi um período em que foram criadas muitas invenções e de grandes 
avanços científicos. Durante os séculos XV e XVI, muitos intelectuais começaram a 
se interessar pelos estudos do corpo humano, que ficou conhecido como anatomia. 
Cientistas e artistas faziam dissecações de cadáveres para conhecer melhor as 
estruturas dos seres humanos. Prática que era combatida pelos teólogos cristãos. 
Outra importante questão nesse momento foi a teoria heliocêntrica proposta 
por Nicolau Copérnico que afirmava que a Terra e outros planetas giravam em 
torno do sol. Essa teoria causou muita polêmica na época pois contrariava as 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
interpretações cristã que afirmava que o sol girava em torno do planeta Terra 
(teoria geocêntrica). Outros cientistas como Johannes Kepler e Galileu Galileu 
defenderam posteriormente a teoria de Copérnico. 
 
Figura 1: O homem vitruviano de Leonardo da Vinci 
 
Fonte: GQ Globo. Disponível em: https://glo.bo/2Yww2Mr. 
Acessado em 22 de maio de 2021 às 18h45. 
 
Uma importante marca do humanismo foi que a produção intelectual dos 
autores deixou de ser produzida apenas em latim e começou a ser escrita nas 
línguas nacionais. Isso possibilitou o acesso das produções para um maior número 
de leitores. Além disso, de acordo com Acker (1992, p. 13-14): 
Muitos filósofos foram procurados para ensinar e aconselhar governantes, 
como, por exemplo, Giordano Bruno, que frequentou as cortes de França e 
Inglaterra; outros escreviam suas obras e as dedicavam a homens poderosos, como 
Maquiavel, que dedicou um de seus livros mais famosos – O príncipe – a Lourenço 
Médici, homem público de Florença. 
https://glo.bo/2Yww2Mr
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
 
 
1.3 RENASCIMENTO E SUAS FASES 
O termo Renascimento tem origem na palavra italiana rinascita que possui o 
significado de nascer novamente. Foi um importante contexto que buscava rever 
as concepções do mundo que estavam presentes na época medieval. Tendo 
seu início nas cidades italianas como Gênova, Florença e Veneza e posteriormente 
espalhou-se para outras partes do continente europeu. 
De acordo com Acker (1992), o termo buscava uma renovação em relação 
ao medievo: 
 
(os pensadores) do século XVI percebiam que viviam em uma nova 
época, consideravam a época anterior – o período que passou a ser 
chamado de Idade Média como um tempo de trevas e 
obscurantismo e, para marcarem sua diferença com esse tempo 
passado, voltaram-se para o passado mais distante – a Antiguidade 
(Clássica) [...] Os próprios intelectuais daquele tempo chamaram 
a época em que viviam de Renascimento, como se na Idade Média 
não tivesse havido qualquer produção cultural importante (ACKER, 
1992, p. 06-07) 
 
O Renascimento é dividido em três principais períodos e com eles algumas 
características principais: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 Trecento (século XIV) – marcado pela transição entre os valores da época 
medieval para o renascimento Renascentistas. O Renascimento nesse 
momento teve início nas regiões italianas e tendo como principais centro 
Veneza, Florença e Gênova. Na literatura temos como importante escritor 
Dante Alighieri, que escreveu A divina comédia, e, na pintura, Giotto di 
Bondone. 
 Quattrocento (século XV) – época de prosperidade em diversas partes do 
continente europeu e os valores renascentistas espalham-se pelo continente 
chegando a outros países como Espanha, Portugal, França e Inglaterra. 
Florença, administrada pela família Médici, tornou-se a principal região 
renascentista da Europa. Para Johan Huizinga, o Quattrocento “dá-nos a 
impressão de uma cultura renovada que tivesse quebrado as algemas do 
pensamento medieval”. (HUIZINGA, 1985, p. 327). Os Médici patrocinaram 
importantes artistas nesse momento como Sandro Botticelli e Donatello. 
 Cinquecento (século XVI) – conhecido como Idade de Ouro do 
Renascimento é marcado pelo maior esplendor das obras renascentistas e 
tem como principais artistas de destaque Leonardo da Vinci (1452-1519), 
Michelangelo (1475-1564) e Rafael Sanzio (1483-1520). Nesse momento, a 
região da Itália passou por uma forte crise econômica devido à luta política 
de suas cidades-Estados. Roma substituiu Florença como principal centro do 
Renascimento e a influência dos principais artistas desse momento marcaram 
profundamente a produção artística do mundo ocidental nos séculos 
posteriores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
 
Figura 2: Leonardo da Vinci 
 
Fonte: Terra. Disponível em: https://bit.ly/3mmRxqU. 
Acessado em 22 de maio de 2021 às 18h45. 
 
 
Figura 3: Michelangelo 
 
Fonte: Toda Matéria. Disponível em: https://bit.ly/3aeQaEW. 
Acessado em 22 de maio de 2021 às 18h45. 
 
 
1.4 A ARTE RENASCENTISTA 
A arte durante a Idade Medieval tinha como uma de suas principais marcas 
a religiosidade. Os artistas queriam demonstrar em suas obras valores da moral cristã 
e por isso suas imagens tinham um caráter didático em suas representações. 
Elas tinham aspectos bidimensionais e são estáticas, as personagens são 
representadas em posições frontais e sem expressões definidas. Não havia 
preocupação com a perspectiva ou com detalhes e nem rebuscamentos. 
Com o Renascimento, as obras passaram por importantes transformações. A 
estética da reprodução das figuras começou a ser uma das preocupações dos 
https://bit.ly/3mmRxqU
https://bit.ly/3aeQaEW
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
intelectuais. Desta forma, pintores, arquitetos e escultores renascentistas buscaram 
conhecer novas técnicas que eram provenientes de cálculos matemáticos e 
buscavam conhecer melhor a anatomia humana. Para Sevcenko (1994, p. 27), “a 
arte renascentista é uma arte de pesquisa, de invenções, inovações e 
aperfeiçoamentos técnicos. Ela acompanha paralelamente as conquistas da física, 
da matemática, da geometria, da anatomia, da engenharia e da filosofia”. 
Uma das principais marcas das pinturas renascentistas foi a técnica da 
perspectiva. Ela era baseada em cálculos e possibilitava que os objetos fossem 
retratados como se tivessem profundidade. Os pintores buscavam criar um ponto 
de fuga para criar esse efeito. Como podemos observar na imagem abaixo: 
 
Figura 4: Exemplo da técnica de perspectiva 
 
Fonte: Arte e Culturas. Disponível em: https://bit.ly/3BhBZLn. 
Acessado em 22 de maio de 2021 às 18h45. 
 
Outra importante marca de diferenciação entre a pintura medieval e a 
renascentista foi que os pintores buscaram construir pinturas mais naturais e realistas 
se aproveitando das noções espaciais como citadas anteriormente. 
Nos aspectos literários, gêneros clássicos como a lírica e a epopeia 
retomaram no cenário europeu e ganharam uma renovação. Diversos escritores 
tiveram importante destaque nesse momento como Dante Alighieri, Camões, 
William Shakespeare e Miguel de Cervantes. 
Outra importante manifestação artística daquele momento foram asesculturas que buscaram criar traços harmônicos com inspirações dos modelos 
clássicos da antiguidade greco-romana. Elas foram feitas de mármore e buscavam 
uma valorização das formas e físico humano. Entre os principais escultores da 
época estão Michelangelo e Donatello. 
 
https://bit.ly/3BhBZLn
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
Figura 5: Davi de Michelangelo 
 
Fonte: Wikipedia. Disponível em: https://bit.ly/3uNiAPT. 
Acessado em 22 de maio de 2021 às 18h45. 
 
A música também passou por uma renovação durante o Renascimento e 
buscou criar novas formas e métricas. Vários instrumentos foram aperfeiçoados e 
criados para produzir novos sons. 
O alaúde e o saltério começaram a ser incorporados nas composições e 
temáticas anteriormente rejeitadas devido a mentalidade medieval passaram a 
estar presente em suas letras e ritmos. 
 
 
 
 
https://bit.ly/3uNiAPT
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
1.5 O RENASCIMENTO NO RESTO DA EUROPA 
O Renascimento se espalhou por diversas partes do continente europeu e em 
cada localidade apresentou suas próprias especificações. Na França, por exemplo, 
os intelectuais franceses se destacaram em diversas manifestações artísticas e os 
mecenas tiveram um importante papel para o florescimento do Renascimento 
nesse país. 
 Um dos principais intelectuais que se destacou nesse momento foi François 
Rabelais com seu livro Gargântua e Pantagruel. 
Em Flandres, região atual da Bélgica, a pintura foi uma das principais marcas 
desse momento histórico. As pinturas retratavam o cotidiano da população e 
mostrava as riquezas dos palácios da burguesia. 
 Nessa região, teve início a pintura a óleo na Europa, técnica que permitiu 
que as cores fossem mais vivas nas pinturas e se alastrou para outros artistas 
europeus. 
Na virada do século XV para o XVI, a região da Alemanha estava passando 
por outro processo histórico que veremos a seguir, a Reforma Protesta, e isso 
influenciou as manifestações artísticas da localidade. Muitas pinturas retratavam 
temas religiosos de maneira sombria e entre seus principais pintores se destacam as 
obras de Hans Holbein. 
Na península ibérica, o Renascimento chegou no início do século XVI. Na 
Espanha, o Renascimento teve como principal característica a forte abordagem de 
temas religiosos em suas diversas manifestações culturais. Já na literatura, uma das 
principais obras produzidas nesse momento foi de Miguel de Cervantes, o livro Dom 
Quixote. 
Em Portugal, as manifestações renascentistas ocorreram fortemente na 
literatura tendo como principais obras Os Lusíadas de Luís Vaz de Camões e os 
textos Auto da Barca do Inferno, Auto das almas e A farsa de Inês Pereira escritos 
por Gil Vicente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
FIXANDO CONTEÚDO 
1. (PUC-RIO 2007) À EXCEÇÃO DE UMA, as alternativas abaixo apresentam de 
modo correto características do Renascimento. Assinale-a. 
 
a) O retorno aos valores do mundo clássico, na literatura, nas artes, nas ciências e 
na filosofia. 
b) A valorização da experimentação como um dos caminhos para a investigação 
dos fenômenos da natureza. 
c) A possibilidade de uma estreita relação entre os diferentes campos do 
conhecimento. 
d) O fato de ter ocorrido com exclusividade nas cidades italianas. 
e) O uso da linguagem matemática e da experimentação nos estudos dos 
fenômenos da natureza. 
 
2. (UDESC 2008) A história da cultura renascentista nos ilustra com clareza todo o 
processo de construção cultural do homem moderno e da sociedade 
contemporânea. Nele se manifestam, já muito dinâmicos e predominantes, os 
germes do individualismo, do racionalismo e da ambição ilimitada, típicos de 
comportamentos mais imperativos e representativos do nosso tempo. 
(SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. São Paulo: Atual, 1987.) 
 
Sobre a cultura renascentista, a que se refere Sevcenko, assinale V (Verdadeiro) 
para as afirmações verdadeiras e F (Falso) para as afirmações falsas. 
 
( ) O Renascimento marcou a transição da mentalidade medieval para a 
mentalidade moderna, ao traduzir novas concepções que tinham como 
referência o humanismo, enquanto base intelectual que procurava definir e 
afirmar o novo papel do homem no universo. 
( ) Em meio à desorganização administrativa, econômica e social, principais 
características da cultura renascentista, praticamente apenas a Igreja Católica 
conseguiu manter-se como instituição, conquistando assim grandes poderes e 
ampliando sua influência sobre a sociedade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
( ) Ao formular princípios como o humanismo, o racionalismo e o individualismo, o 
movimento renascentista estabeleceu as bases intelectuais do mundo moderno. 
( ) A cultura renascentista consagrou a vitória da razão abstrata, instância 
suprema de toda a cultura moderna, pautada no rigor das matemáticas que 
passaram a reger os sistemas de controle do tempo, do espaço, do trabalho e 
do domínio da natureza. 
( ) Em meio a esse processo, transformações socioeconômicas culminaram na 
substituição de pequenas oficinas de artesãos por fábricas, assim como as 
ferramentas simples foram trocadas pelas novas máquinas que então haviam 
surgido. 
 
Assinale a alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo. 
a) V - F - V - V - F 
b) V - V - F - V - V 
c) F - F - V - V - F 
d) F - V - F - V - V 
e) V - V - F - F - V 
 
3. (UFF 2010) O mundo moderno está associado, na sua origem, à cultura 
renascentista. Invenções e descobertas só puderam ser realizadas porque os 
intelectuais renascentistas reuniram tradições clássicas ocidentais e orientais, a 
fim de dar novo sentido à ideia de HOMEM e NATUREZA. Assinale a afirmativa que 
pode ser corretamente associada ao Renascimento. 
 
a) O livro da natureza foi escrito em caracteres matemáticos. (Galileu) 
b) O homem é imagem e semelhança de Deus. (Jean Bodin) 
c) O mundo é perfeito porque é uma obra divina e, assim, só pode ser esférico. 
(Marsílio Ficino) 
d) A perspectiva é o fundamento da relação entre espaço humano e natureza 
divina. (Alberti) 
e) A proporção é a qualidade matemática inadequada à representação do 
mundo natural. (Leonardo da Vinci) 
 
4. (Enem 2011) Acompanhando a intenção da burguesia renascentista de ampliar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
seu domínio sobre a natureza e sobre o espaço geográfico, através da pesquisa 
científica e da invenção tecnológica, os cientistas também iriam se atirar nessa 
aventura, tentando conquistar a forma, o movimento, o espaço, a luz, a cor e 
mesmo a expressão e o sentimento. (SEVCENKO, N. O Renascimento. Campinas: 
Unicamp, 1984.) 
 
O texto apresenta um espírito de época que afetou também a produção artística, 
marcada pela constante relação entre: 
a) fé e misticismo 
b) ciência e arte. 
c) cultura e comércio. 
d) política e economia. 
e) astronomia e religião 
 
5. (URCA 2018/1) As obras literárias produzidas durante o Renascimento privilegiam 
as seguintes características, exceto: 
a) Recuperação de temas da Antiguidade Clássica e racionalismo. 
b) Perspectiva humanista e Universalidade. 
c) Universalidade e recuperação de tema da Antiguidade Clássica. 
d) Racionalismo e perspectiva humanistica. 
e) Metafísica e religiosidade. 
 
6. (URCA 2017/1) Pouco depois de 1300 havia começado a decair a maioria das 
instituições e dos ideais característicos da época feudal. A cavalaria, o próprio 
feudalismo, o Santo Império Romano, a autoridade universal do papado e o 
sistema corporativo iam aos poucos enfraquecendo. O nome tradicionalmente 
aplicado a essa civilização, que se estende de 1300 a cerca de 1600, é o de 
Renascença. Sobre este período, podemos apontar corretamente como fatores 
formadores: 
a) O isolamento completo da Europa que evitou as influências das civilizações 
sarracena e bizantina. 
b) A decadência do comércio interno e externoda Europa. 
c) A redução do tamanho das cidades e de suas áreas de influências. 
d) A renovação do interesse pelos estudos clássicos nas escolas dos mosteiros e das 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
catedrais. 
e) O desenvolvimento de uma atitude crítica, inspirada na filosofia acomodada da 
escolástica. 
 
7. (URCA 2015/1) Renascimento é o nome que se dá ao movimento de mudanças 
culturais, que atingiu as camadas urbanas da Europa Ocidental entre os séculos 
XIV e XVI, caracterizado pela retomada dos valores da cultura greco-romana, ou 
seja, da cultura clássica. Esse momento é considerado como um importante 
período de transição envolvendo as estruturas feudo capitalistas. Sobre este 
movimento assinale a alternativa CORRETA: 
a) Suas bases eram proporcionadas pela corrente filosófica do humanismo, que 
descartava a escolástica medieval, até então predominante, e propunha o 
retorno às virtudes da antiguidade; 
b) O movimento envolvia uma nova sociedade. A vida rural passou a implicar uma 
nova mentalidade, pois o trabalho, a diversão, o tipo de moradia, implicavam 
um novo comportamento dos homens. 
c) O Renascimento foi um movimento de alguns artistas que destoava da nova 
concepção de vida adotada na época por uma parcela da sociedade, e que 
era combatida nas obras de arte. 
d) O Renascimento foi uma cópia da Antiguidade, pois se utilizava dos mesmos 
conceitos aplicados da mesma maneira à uma nova realidade; 
e) Com forte base racionalista rompeu completamente com os princípios cristãos 
da época, o que levou às perseguições realizadas à época pelo Santo Tribunal 
da Inquisição da Igreja Católica e a queima de várias obras filosóficas e literárias 
em praça pública. 
 
8. (Unespar 2017) O Renascimento italiano pode ser caracterizado: 
a) Por uma sociedade teocêntrica, baseada na produção agrícola, 
predominantemente alfabetizada e rural; 
b) Por uma visão predominantemente antropocêntrica, com intensas trocas 
comerciais e cujas obras de arte foram, em boa medida, inspiradas nos modelos 
da antiguidade clássica; 
c) Por uma contraposição direta à “Idade das Trevas”, sobretudo porque os artistas 
renascentistas tinham, majoritariamente, aversão ao cristianismo; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
d) Pela inexistência de estudos da anatomia humana, já que essa era uma 
proibição expressa da Igreja Católica; 
e) Pela invenção da imprensa, ainda no século XV, o que gerou uma sociedade 
alfabetizada, em sua maioria. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
 REFORMA PROTESTANTE E 
CONTRARREFORMA 
 
 
 
2.1 INTRODUÇÃO 
A principal instituição durante o período medieval foi a Igreja Católica que 
conseguiu manter sua unidade. Entre os princípios dessa unidade estavam a 
infalibilidade papal e o papel que o clero teria entre intermediários do plano terreno 
e Deus. Os dogmas religiosos eram impostos para a sociedade e as opiniões 
contrárias aos ensinamentos religiosos da instituição eram conhecidas como 
heresias. De acordo com a Igreja, as heresias eram ideias ofensivas à religião 
cristã e se opunham às vontades de Deus. 
Com o fim da Idade Média, a Igreja Católica Romana começou a ser 
condenada pelo seu comportamento devido aos desvios de conduta do clero. 
O clero desfrutava de muitos privilégios e uma vida extremamente confortável 
comparada ao restante da população. Além da intromissão na vida política da 
sociedade como, por exemplo, papas que tomavam lado em conflitos entre países 
europeus. 
Nesse momento final da Idade Média, a Igreja passou por uma profunda 
crise espiritual que se intensificou ao longo do século XVI. Os críticos da instituição 
afirmavam que ela se transformou em um balcão de negócios devido às vendas 
de cargos, relíquias de santos e das chamadas indulgências. Além disso, 
moralmente, o clero não praticava muito dos ensinamentos religiosos como, por 
exemplo, o celibato, muitos tinham famílias e os filhos tinham privilégios sociais. 
Segundo Skinner (1996, p. 339) 
 
Finalmente, os mesmos sentimentos de hostilidade aos poderes da 
Igreja cresciam, nos anos que antecederam a Reforma, na voz das 
próprias autoridades seculares. O primeiro ponto que contestaram 
foram os privilégios e jurisdições a que o estamento clerical aspirava 
tradicionalmente. Essa objeção muitas vezes se acompanhava de 
uma tentação, cada vez maior, a deitar olhos de cobiça sobre as 
vastas extensões de terra que, por aquele tempo, eram propriedade 
de bom número de comunidades religiosas. 
 
Outro motivo que causou descontentamento político dos países europeus 
nesse momento foi o posicionamento da Igreja diante da expansão marítima. A 
Erro! 
Fonte de 
referênci
a não 
encontra
da. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
Igreja posicionou-se favoravelmente a Espanha e “partilhou” o mundo entre os 
países ibéricos, fato que deixou os outros reinos europeus irritados com os 
posicionamentos políticos da instituição. 
As críticas à Igreja se acentuaram com o desenvolvimento da prensa no 
século XV devido às interpretações das Escrituras Sagradas (a Bíblia). O texto 
bíblico era escrito em latim e os exemplares eram confeccionados nos mosteiros, 
feitos pelos monges copistas. As interpretações do livro sagrado eram exclusivas dos 
membros do clero. Com a prensa, o acesso a Bíblia tornou-se mais fácil a 
população e começou a ser produzida em línguas vulgares, como francês, italiano, 
castelhano, alemão e russo. O exemplar impresso dispensava a presença do clero e 
permitia uma reflexão pessoal do cristão sobre o que estava escrito, assim os fiéis 
poderiam ter um contato direto com a Bíblia sem precisar de intermediários sobre os 
ensinamentos divinos. 
Nesse caldeirão de motivações somou-se a insatisfação da burguesia que 
estava surgindo e os nobres contrários ao poder do clero diante da sociedade. Os 
burgueses não conseguiam expandir seus negócios e acumular riquezas devido a 
condenação da prática da usura e a nobreza esbarrava na Igreja sobre as 
limitações dos poderes temporais e arrecadação de tributações exercida pelo 
clero. 
 
2.2 O INÍCIO DA REFORMA PROTESTANTE: MARTINHO LUTERO 
Lutero foi o iniciador da Reforma, era um monge alemão que se indignou 
com a problemática da venda das indulgências. Ele acreditava que os pecados 
não poderiam ser perdoados pelas ações humanas, assim as peregrinações, 
relíquias de santo e compra das indulgências não poderiam garantir a salvação. 
Apenas, para Lutero, a bondade de Deus seria capaz de perdoar os pecados 
humanos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
Figura 6: Martinho Lutero 
 
Fonte: História do Mundo. Disponível em: https://bit.ly/2Yy8jvb. 
Acessado em 23 de maio de 2021 às 10h37 
 
Ele foi professor de Teologia na Universidade de Wittenberg, região da 
Saxônia (Alemanha). Em 1517, Lutero afixou na Igreja de Wittenberg suas 95 teses, 
esse documento fez duras críticas a Igreja e seus desvios de comportamento 
(principalmente a venda das indulgências). A autoridade papal e o acúmulo de 
riquezas feito por séculos em nome da fé foi duramente criticado. Algumas das 
teses foram: 
 
1. Ao dizer: “Fazer penitência”, etc [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre 
Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência. 
2. Esta penitência não pode ser entendida no sentido da penitência 
sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo 
ministério dos sacerdotes). 
3. No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior: 
sim, a penitência interior seria nula se, extremamente, não produzisse 
toda sorte de mortificação da carne. 
4. Por consequência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si 
mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a 
entrada dos reinos dos céus. 
5. O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão 
daquelas que impôs pordecisão própria ou dos cânones. 
6. O papa não pode remitir culpa alguma senão declarando e 
confirmando que ela foi perdoada por Deus, ou, sem dúvida, 
remitindo-a nos casos reservados para si; se estes forem desprezados, 
a culpa permanecerá por inteiro. 
 [...] 
10 Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes 
que reservam aos moribundos penitências canônicas para o 
purgatório. 
11. Essa erva daninha de transformar a pena canônica em pena do 
purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente 
dormiam. 
 [...] 
https://bit.ly/2Yy8jvb
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que 
a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgência do 
papa. 
22. Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma 
única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta 
vida. 
23. Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a 
alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, 
pouquíssimos. 
24. Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente 
ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da 
pena. 
 [...] 
27. Pregam doutrina humana os que dizem que, tão logo tilintar a 
moeda lançada na caixa, a alma sairá voando. 
28 Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, podem aumentar o 
lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas 
da vontade de Deus. [...] 
33. Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem as 
indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da 
qual a pessoa é reconciliada com Deus. 
 [...] 
36. Qualquer cristão verdadeiramente arrependido tem direito a 
remissão de pena e culpa, mesmo sem carta de indulgência. 
 [...] 
43. Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou 
emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se 
comprassem indulgências. 
44. Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa 
se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna 
melhor, mais apenas livre da pena. 
 [...] 
75. A opinião de que as indulgência papais são tão eficazes a ponto 
de poderem absolver um homem [...] é loucura. 
86. Por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos ricos 
Crasso, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos a Basílica de 
São Pedro, em vez de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis? 
 [...] (LUTERO, 2005, p. 119-120.) 
 
Seu escrito teve severas reações e foi estabelecido um processo de 
julgamento. Com o processo instaurado, outros clérigos da região começaram a 
defender suas ideias e reproduzi-las nos sermões e outros manuscritos. As 
repercussões das suas ideias foram amplamente debatidas nas universidades 
europeias. Devido ao impacto que causou, foi convocado a comparecer em 
Roma, mas um príncipe alemão o defendeu (Frederico, o Sábio). 
Em um discurso, proferido em 1519, fez várias críticas ao poder papel e diante 
de um representante romano, sustentou que os papa s como todos os seres 
humanos eram cabíveis aos erros. Afirmou que seus ideais deveriam ser debatidos 
em um concílio cristão e, posteriormente, defendeu o sacerdócio universal (poder 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
que todo o cristão teria para levar os ensinamentos das Sagradas Escrituras). 
O papa, em 1520, declarou que 41 teses de Lutero eram consideradas 
heresias e pediu que o monge se retratasse. Entretanto, ao receber o documento 
papal, o queimou em vias públicas e como consequência disso foi excomungado 
pela Igreja. 
Devido a grande repercussão que causou sua atitude e a impossibilidade de 
se fazer um Concílio para o debate de suas ideias, Lutero começou a escrever 
obras que seriam a base de uma nova religião, que ficou conhecida como Igreja 
Luterana. 
Entre os princípios dessa nova religião estavam que os poderes terrenos eram 
separados do poder religioso, que as instituições eclesiásticas eram passíveis de 
erros por serem feita por humanos, que o batismo não retirava o pecado original 
das crianças, defendia que as missas fossem feitas em línguas vulgares para a 
compreensão das pessoas e que o sacramento da eucaristia não se transformava 
no corpo de Cristo. 
Lutero foi fortemente perseguido pelos católicos e passou o resto da sua vida 
protegido pelos nobres da região de Wittenberg, Alemanha. Lutero só saiu da 
região em 1546 quando veio a falecer em sua cidade natal, Eisleben. 
A difusão do luteranismo ganhou espaço em muitos religiosos, burgueses e 
nobres que começaram a seguir suas doutrinas e a se denominar cristãos luteranos. 
Devido a forma de protesto aos ideais adotados pelo Lutero, esses cristãos ficaram 
conhecidos como protestantes. Entre os principais pontos de defesa dos 
protestantes estava a tradução da Bíblia para outras línguas para possibilitar o 
acesso a todas as pessoas. De acordo com Hill (1987, p. 104): 
 
A erudição protestante desmascarou muitas superstições católicas e 
popularizou a bíblia nas línguas vernáculas. Da mesma forma, o 
estudo pelos protestantes dos livros proféticos da Bíblia visava a dar 
base racional à ciência da profecia. [...] A invenção da imprensa, 
proporcionando um registro permanente das profecias talvez tenha 
contribuído para a denúncia de suas ambiguidades e falácias. A 
sensação de liberdade que podia vir da confiança em tais predições 
era ilusória. Pois a Bíblia, se fosse compreendida de maneira 
adequada, realmente libertaria os homens do destino e da 
predestinação. Entendendo-se os propósitos de Deus e cooperando 
com eles, acreditava-se que seria possível escapar das forças cegas 
que pareciam reger o mundo, e até mesmo do próprio tempo; os 
homens assim alcançariam a liberdade. 
 
Os protestantes acreditavam que os fiéis poderiam manter uma relação mais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
direta com Deus e o culto aos santos e a Maria foram desvalorizados. As missas 
luteranas eram mais participativas e o celibato não era obrigatório. Os únicos 
sacramentos considerados válidos pelos pastores luteranos eram a eucaristia e o 
batismo. 
A expansão do luteranismo atingiu outros países como a Dinamarca, 
Noruega, Suécia, Suíça e atingiu países com forte tradição católica como a 
Espanha, Portugal e França. 
 
Figura 7: Mapa da Europa entre católicos e protestantes (século XVI) 
 
Fonte: História Bate-Cabeça. Disponível em https://bit.ly/3oDdXa7. Acessado em 23 de maio 
às 11h30. 
 
 
 
https://bit.ly/3oDdXa7
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
2.3 A REFORMA CALVINISTA 
João Calvino foi membro de uma família burguesa suíça e era francês. 
Estudou Direito e tornou-se conhecedor das línguas e culturas clássicas. Foi 
fortemente influenciado pelas obras de Lutero e tornou-se crítico das ações 
cometidas pela Igreja Católica. 
 
 Figura 8: João Calvino 
 
Fonte: Wikipédia. Disponível em: Acessado em 23 de maio às 11h32 
 
Com apoio de autoridades de Genebra, na Suíça, começou suas pregações 
e contou com defesa pessoal contra as perseguições feitas pelos católicos. Calvino 
criou ensinamentos sobre uma disciplina eclesiástica mais dura e um culto com mais 
ordenamento que a Igreja Católica. 
 Sua Igreja propunha uma organização obrigatória entre seus fiéis e os 
pastores deveriam observar os comportamentos dos fiéis. A hierarquia da Igreja 
Calvinista era dividida entre pastores, anciãos, diáconos e doutores. Eles criaram um 
rígido controle para sua comunidade e as atitudes consideradas imorais (como 
danças, bebidas alcóolicas e interpretações profanas) eram duramente criticadas. 
Entre os sacramentos mantidos por essa nova religião estava a eucaristia e o 
batismo. 
De acordo com a Igreja Calvinista, os seres humanos são marcados pela 
predestinação, ou seja, decisões divinas onde Deus teria traçado o caminho de 
cada pessoa antes do seu nascimento. Dessa forma, algumas já estariam salvase 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
outras condenadas. De acordo com Calvino (2006, p. 86-89): 
 
Então, na verdade, ainda mais solidamente nosso coração se 
solidifica, quando refletimos que somos arrebatados de admiração, 
mais pela dignidade do conteúdo do que pela graça da linguagem. 
Ora, isso não se deu sem a [...] providência de Deus, ou seja, que os 
sublimes mistérios do reino celeste fossem [...] transmitidos em termos 
de linguagem singela e sem realce [...]. Ora, quando essa 
simplicidade não burilada e quase rústica provoca maior reverência 
de si que qualquer eloquência de oradores retóricos, como há de 
julgar-se, senão que a pujança da verdade da Sagrada Escritura se 
manifesta de forma tão sobranceira, que necessidade nenhuma há 
do artifício das palavras? [...] porque a verdade se dirime de toda 
dúvida quando, não se apoiando em suportes alheios, por si só ela 
própria é suficiente para suster-se. 
 
Para Luizetto (1991, 44-46): 
 
A doutrina da predestinação é a marca distintiva do pensamento 
religioso de Calvino. Também é o ponto em que as suas ideias mais 
se distanciam tanto da doutrina católica das boas obras como da 
doutrina da justificação pela fé do luteranismo. 
Nas páginas da Instituição da Religião Cristã define nestes termos a 
noção de predestinação: ‘trata-se do eterno decreto de Deus com o 
qual sua Majestade determinou o que deseja fazer com cada um 
dos homens’. 
Na sequência do texto, esclarece que todos os homens são criados 
‘em uma mesma condição e estado’; no entanto, ‘o eterno decreto 
de Deus’ estabelece que alguns homens conhecerão a bem-
aventurança eterna, enquanto que outros sofrerão a condenação 
eterna. Portanto, ‘de acordo com a finalidade com que cada um é 
criado, dizemos que é predestinado ou à vida ou à morte’. 
 
O sinal da predestinação seria a prosperidade obtida através do trabalho. 
Essa religião começou a contar com forte presença de burgueses em ascensão que 
abraçaram o princípio da predestinação. Diferente de Lutero, que criou uma 
religião e contou com forte apoio da nobreza, João Calvino teve forte apoio da 
burguesia devido à sua doutrina de predestinação. Assim, o lucro, o trabalho e o 
esforço de cada indivíduo se tornaram parte da religião Calvinista. Essa religião se 
espalhou rapidamente por outras partes da Europa como, por exemplo, Holanda, 
França e Escócia. 
 
2.4 A REFORMA NA INGLATERRA: O ANGLICANISMO 
A Reforma na Inglaterra foi liderada pelo rei Henrique VIII que, em 1527, 
solicitou a anulação do seu casamento ao papa para casar-se novamente com 
uma aristocrata chamada Ana Bolena. Roma recusou a anulação do casamento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
devido a primeira esposa de Henrique VIII ser parente da família real católica 
espanhola. Devido a recusa do papado de anular seu casamento, foi estabelecida 
uma igreja independente de Roma na Inglaterra: a Igreja Anglicana. 
A Igreja Anglicana foi aprovada em 1534 pelo Ato de Supremacia e era uma 
Igreja vinculada ao poder do monarca inglês, no qual era seu chefe supremo e 
retirou os poderes papais do clero existente em territórios ingleses. O anglicanismo 
foi constituído por uma série de combinações entre elementos do catolicismo e do 
luteranismo que variou ao longo dos séculos. O celibato era voluntário do clero, 
foram mantidos a eucaristia e o batismo como sacramentos, condenou-se a venda 
das indulgências, as missas deveriam ser celebradas em inglês e crítica a venda de 
relíquias de santos. 
 
Figura 9: Henrique VIII 
 
Fonte: Aventuras na História. Disponível em https://bit.ly/3FmIXRH. 
 Acessado em 23 de maio às 12h04. 
 
 
 
 
https://bit.ly/3FmIXRH
https://bit.ly/3BvUlsh
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
2.5 A REFORMA CATÓLICA: A CONTRARREFORMA 
As críticas à Igreja Católica não se restringiram apenas aos protestantes, 
muitos clérigos católicos queriam uma profunda reforma da Igreja. Um desses 
críticos conhecidos foi Erasmo de Roterdã, em seu livro Elogio da loucura criticou 
profundamente o clero e pedia uma mudança de postura nas estruturas clericais. 
Devido a pressão de setores dentro da Igreja Católica, a igreja realizou uma 
série de alterações em suas instituições e procurou restabelecer alguns princípios. 
Essa atitude ficou conhecida como Contrarreforma e foi uma contra ofensiva a 
expansão das religiões protestantes no continente europeu. 
Entre as medidas tomadas foi realizado o Concílio de Trento, entre 1545 e 
1563, que reuniu diversos representantes do clérigo católico europeu na cidade 
italiana de Trento. Teve como principal motivação renovar a afirmação da fé 
católica, esclarecer os católicos das críticas desenvolvidas pelos protestantes e 
reafirmar o poder papal. De Acordo com Siqueira (1998, p. 15): 
 
O Concílio de Trento desencadeou um processo de reordenação da 
própria Igreja Católica, conhecida como Reforma Católica. O papel 
da Igreja, do clero e dos leigos foi reavaliado, e tomaram-se medidas 
para assegurar a união de todos os cristãos e para tornar outros 
povos cristãos. A Reforma Católica assentou-se sobre três pilares: o 
Concílio de Trento (bases da fé), a Companhia de Jesus 
(missionarismo) e a Inquisição (vigilância contra a heresia). As três 
instituições são frutos do mesmo clima e das mesmas intenções, 
embora tenham sido instituídas em datas diferentes e não 
sequenciais. A formação do clero, a renovação dos costumes 
eclesiásticos, as praticas religiosas ganharam novo incentivo. 
 
O latim foi mantido como língua das liturgias, manteve-se a proibição do 
casamento pelo clero, manteve os sacramentos (batismo, crisma, eucaristia, 
matrimônio, confissão, ordem e extrema-unção), manteve-se o culto aos santos, a 
prática das indulgências, presença de imagens nas igrejas e reafirmou o dogma da 
infalibilidade papal. 
Diferente do que propunha as religiões protestantes, a salvação, de acordo 
com o Concílio, se daria devido aos esforços humanos e à graça de Deus. As boas 
ações e as práticas de moralidade estariam ligadas para os indivíduos alcançarem 
a salvação. 
Foi estabelecido o Tribunal do Santo Ofício, órgão que deveria julgar atos dos 
católicos considerados impróprios para a fé romana. Esse sistema ficou conhecido 
como Inquisição. Além disso, houve a elaboração de uma lista de livros proibidos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
que deveriam ser retirados de circulação e proibida sua leitura entre os católicos, 
conhecida como index. 
Os reinos católicos auxiliavam o Tribunal do Santo Ofício na execução das 
penas dos condenados que poderiam ser degredados, prisões ou até mesmo 
execuções públicas. 
A disciplina eclesiástica sofreu alteração com o Concílio de Trento e com isso 
a venda de cargos eclesiásticos tornou-se proibida. Além disso, o papa teve seus 
poderes fortalecidos e com isso mantinha-se o sistema de hierarquia presente na 
Igreja. 
Em 1534, foi fundada a Companhia de Jesus, por Inácio de Loyola, que foi 
um importante instrumento da Contrarreforma. Seus integrantes ficaram conhecidos 
como jesuítas e sua organização interna assemelhava-se a órgãos militares. Eles 
tiveram um importante papel na catequização de povos da Ásia, África e América 
e na ação educativa dessas populações. De acordo com Vainfas (2013, p. 99): 
 
Em 1540, o papa Paulo III aprovou o instituto inaciano, e os jesuítas se 
lançaram ao Oriente português, sob a batuta de Francisco Xavier 
(1506-1552). No mesmo século, alcançaram a China, onde o padre 
Matteo Ricci (1552-1610) iniciou a adaptação do cristianismo à língua 
chinesa falada em Macau. Em 1549, chegaram ao Japão, onde Luís 
Fróes traduziu o cristianismo para a cultura local, experiência que 
terminou em tragédia, pois os jesuítas acabaram martirizados em 
1638, após uma revolta de camponeses cristãos. 
 
No mundo atlântico, alcançaram o Congo ainda em 1548, favorecidos pela 
conversão do manicongo, o governantedo Reino do Confo, ao cristianismo. Logo 
se instalaram em Angola e fundaram o colégio de Luanda. Como no Oriente, 
traduzira o cristianismo para a cultura dos povos bantos. Essa missionação na África 
centro-ocidental põe em xeque a tese de que os escravos enviados ao Brasil 
desconheciam o cristianismo. 
Os jesuítas tiveram um importante papel na colonização da América até sua 
expulsão no final do século XVIII. 
Outro importante instrumento utilizado pela Contrarreforma foi a arte 
barroca. O Barroco aconteceu ao longo do século XVII e início do XVIII e foi 
caracterizado pelos exageros, profundidade, jogo de luz e sombras. Essas marcas 
devem-se a dualidade vivida pelo continente europeu entre a fé e a razão. Esse 
movimento de dualidade permitia que as pessoas refletissem. De acordo com 
Savelle (1968, p. 32) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
 
Se a atenção do homem medieval se focalizava no céu, e a do 
homem da Renascença neste mundo, a atenção dos homens do 
século XVII estava voltada para dentro, residindo na natureza e nas 
emoções do próprio ser humano. A expressão cultural desse período 
introspectivo, centralizado no homem, é geralmente chamada 
Barroco. 
 
Em diversas vertentes artísticas o barroco se manifestou como a literatura, a 
escultura, as pinturas e teve como um dos seus principais artistas o italiano 
Caravaggio. 
 
 
 
2.6 AS GUERRAS RELIGIOSAS NA EUROPA 
Devido ao conflito existente entre católicos e protestante, a Europa se tornou 
no século XVI e XVII cenário de diversas guerras religiosas. A religião tornou-se fator 
para acirramento político e de disputa no interior de cada país. 
Na França, a monarquia ficou do lado do catolicismo e encarregou-se de 
reprimir os protestantes. Entretanto, alguns nobres e setores da burguesia aderiram 
ao calvinismo e ficaram conhecidos como huguenotes. Em 1572, aconteceu um 
dos piores conflitos envolvendo católicos e protestantes em território francês: a Noite 
de São Bartolomeu. Por ordem da Rainha Catarina de Médici, 30 mil huguenotes 
foram mortos em Paris e seus arredores e aumentou o ódio entre católicos e 
protestantes. 
Alguns anos depois, em 1589, assumiu o trono francês o rei Henrique IV que 
era protestante, mas devido a pressão de setores católicos teve que renunciar ao 
protestantismo. Em 1598, foi assinado o Edito de Nantes onde garantiu a liberdade 
religiosa entre protestante nos territórios franceses. Posteriormente, Henrique IV foi 
assassinado por um católico e aumentou os conflitos entre católicos e protestantes 
nas décadas posteriores. 
Acesso 
em: dia mês ano. Além disso, indicamos que assistam o filme Lutero que retrata a vida do 
monge durante a Reforma Protestante disponível no seguinte link https://bit.ly/3DiXZpA. 
Acesso em: dia mês ano. 
https://bit.ly/3BiK56u
https://bit.ly/3DiXZpA
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
Na Inglaterra, com a morte de Henrique VIII ocorreram diversas mudanças 
religiosas bruscas. Eduardo VI, que o sucedeu, estimulou os cultos anglicanos. Maria I 
restabeleceu o catolicismo como religião oficial na Inglaterra, causando sérios 
conflitos religiosos no país. Posteriormente, Elizabeth I declarou o anglicanismo como 
religião oficial da monarquia. 
Elizabeth I fortaleceu o anglicanismo como religião oficial, entretanto outros 
grupos religiosos presentes no território inglês fizeram várias críticas à política da 
rainha. Esse grupo era de calvinistas que ficaram conhecidos como puritanos 
porque acreditavam que tinham a missão de purificar a religião anglicana das 
tradições que mantinha do catolicismo. Outro grupo religioso que se opunha à fé 
anglicana foram os presbiterianos que reivindicavam uma remodelação da 
estrutura da Igreja anglicana com maior liberdade nas paróquias. 
Tanto puritanos quanto presbiterianos foram perseguidos pelo poder 
monárquico. Além deles, católicos mantinham uma oposição do controle da 
monarquia na Igreja, eles ficaram conhecidos como recusantes e com a ajuda de 
militares espanhóis conseguiram se rebelar na Irlanda entre os anos de 1579 a 1581. 
Após esse conflito, ocorreu uma intensificação da perseguição de católicos 
nos territórios ingleses e o culto católico passou a ser considerado uma afronta à 
monarquia inglesa e crime de alta traição. Como demonstração de poder da 
monarquia inglesa, em 1587, a rainha escocesa Maria Stuart, que tinha apoio da 
Espanha, foi condenada e executada com outros católicos. Mesmo após esse 
episódio, o conflito entre católicos e a casa monárquica não cessaram na 
Inglaterra e se intensificaram ao longo das décadas seguintes. 
Diferente do que acontecia no restante do continente europeu, nos países 
ibéricos (Espanha e Portugal) a presença protestante quase não foi sentida. 
Entretanto, a perseguição a judeus e a muçulmanos se intensificou nessa localidade 
durante o século XVI. A fé católica foi imposta a esses grupos que existiram nesses 
países e diversas punições e execuções foram feitas para condenar religiões que 
não fossem cristãs. 
 
 
 
 
Figura 10: Massacre de São Bartolomeu de François Dubois 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
 
Fonte: Wikipedia. Disponível em: https://bit.ly/3DdN2FS. 
Acessado em 23 de maio às 14h58. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://bit.ly/3DdN2FS
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
 
FIXANDO CONTEÚDO 
1. (PUC - MG) Diante do avanço do protestantismo, o papa Paulo III convoca o XVIII 
Concílio Ecumênico da Igreja Católica, reunido em Trento, na Itália, a partir de 
1545, apresentando como resultados, exceto: 
a) o reconhecimento do batismo e do casamento como únicos sacramentos 
válidos. 
b) a instituição dos seminários destinados à formação dos clérigos. 
c) o fortalecimento da autoridade pontifical através da infalibilidade do Papa. 
d) a adoção do latim como língua litúrgica oficial da Igreja Católica. 
e) a determinação do celibato clerical e o combate aos movimentos heréticos. 
 
2. (Unifesp) Se um homem não trabalhar, também não comerá. Estas palavras de 
São Paulo, o Apóstolo, são mais condizentes com a ética do: 
a) catolicismo medieval. 
b) protestantismo luterano. 
c) protestantismo calvinista. 
d) catolicismo da Contrarreforma. 
e) anglicanismo elisabetano 
 
3. (FCC-SP) O Ato de Supremacia, promulgado por Henrique VIII, na Inglaterra, 
contribuiu para: 
a) divulgar intensamente a doutrina calvinista no país, sobretudo na região da 
Escócia. 
b) iniciar a expansão externa, formando, assim, as bases do império colonial inglês. 
c) promover a reforma anglicana, ao mesmo tempo em que contribuiu para a 
centralização do governo. 
d) implantar o catolicismo no reino, o que foi acompanhado de repressão aos 
reformistas. 
e) restaurar os antigos direitos feudais, que foram limitados pela Magna Carta de 
1215. 
 
4. (PUC-Rio) - A Europa do século XVI assistiu ao surgimento de novas religiões 
cristãs, dentre as quais destacam-se a Luterana, a Calvinista e a Anglicana. A 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
despeito das características que conferem especificidade a cada uma delas, 
observam-se elementos que as aproximam entre si. Um desses elementos é a: 
a) celebração dos cultos nas línguas faladas pelos fiéis. 
b) ausência de hierarquia eclesiástica. 
c) tolerância em relação às demais religiões cristãs. 
d) afirmação da primazia da igreja sobre o Estado. 
e) crítica às estruturas sociais vigentes. 
 
5. (Mackenzie) As transformações religiosas do século XVI, comumente conhecidas 
pelo nome de Reforma Protestante, representaram no campo espiritual o que foi 
o Renascimento no plano cultural; um ajustamento de ideias e valores às 
transformações socioeconômicas da Europa. Dentre seus principais reflexos, 
destacam-se: 
a) a expansão da educação escolástica e do poder político do papado devido à 
extrema importância atribuída à Bíblia. 
b) o rompimento da unidade cristã, expansão das práticas capitalistas efortalecimento do poder das monarquias. 
c) a diminuição da intolerância religiosa e fim das guerras provocadas por pretextos 
religiosos. 
d) a proibição da venda de indulgências, término do índex e o fim do princípio da 
salvação pela fé e boas obras na Europa. 
e) a criação pela igreja protestante da Companhia de Jesus em moldes militares 
para monopolizar o ensino na América do Norte. 
 
6. (CESGRANRIO) A Europa Ocidental, nos séculos XV e XVI, sofreu diversas 
transformações políticas, econômicas e sociais. Sobre essas transformações 
podemos afirmar que: 
1) O Humanismo e o Renascimento foram movimentos intelectuais e artísticos que 
privilegiaram a observação da natureza. 
2) A Reforma Luterana, identificando-se com os segmentos camponeses alemães, 
difundiu-se em virtude da centralização do Estado alemão. 
3) A Reforma Calvinista aproximava-se da moral burguesa, pois encorajava o 
trabalho e o lucro. 
4) A reação da Igreja Católica, denominada Contra-Reforma, através do Concílio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
de Trento (1545), tentou barrar o avanço protestante, alterando os dogmas da fé 
católica. 
 
As afirmativas corretas são: 
a) apenas l e 2. 
b) apenas l e 3. 
c) apenas l e 4. 
d) apenas 2 e 3. 
e) apenas 2 e 4. 
 
7. (Esan-SP) Na Alemanha do século XVI, havia grande contradição entre o que a 
Igreja católica pregava e o que se praticava. Nos principados as dificuldades 
eram enormes. Os camponeses sentiam-se sobrecarregados de impostos. As 
cidades ansiavam por liberdade. O clero desprezava a missão espiritual. Muitos 
bispos levavam uma existência de prazer, o que ofendia os crentes sinceros e 
simples. Os abusos apontados no enunciado geraram o ambiente favorável à 
aceitação do novo credo sustentado por: 
a) Henrique VIII. 
b) João Knox. 
c) João Huss. 
d) João Calvino. 
e) Martinho Lutero. 
 
8. (Unesp 2016) As reformas protestantes do princípio do século XVI, entre outros 
fatores, reagiam contra: 
a) a venda de indulgências e a autoridade do Papa, líder supremo da Igreja 
Católica. 
b) a valorização, pela Igreja Católica, das atividades mercantis, do lucro e da 
ascensão da burguesia. 
c) o pensamento humanista e permitiram uma ampla revisão administrativa e 
doutrinária da Igreja Católica. 
d) as missões evangelizadoras, desenvolvidas pela Igreja Católica na América e na 
Ásia. 
e) o princípio do livre-arbítrio, defendido pelo Santo Ofício, órgão diretor da Igreja 
Católica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
 ABSOLUTISMO E MERCANTILISMO 
 
 
 
3.1 INTRODUÇÃO 
 
Desde a Idade Média, os reis começaram a buscar conquistar mais poder 
em relação as nobrezas locais. Na época da Baixa Idade Média, os reis 
aumentaram o número de seus funcionários e começaram a contar com um 
exército profissional. 
Os reis começaram a ser assessorados por conselheiros que ajudavam a 
estabelecer políticas econômicas e sociais para todo o reino. 
Esse aumento de poder real buscou intensificar a tributação e buscaram ter 
maior controle também sobre a Igreja. As finanças pessoais reais e do Estado 
começaram a se confundir. Essa forma de governo se intensificou entre os séculos 
XV ao XVIII e era a forma dominante dos reinos europeus, ela ficou conhecida 
como Absolutismo. 
A base de apoio do poder real absolutista durante a Idade Moderna era 
derivado das longas transformações decorrentes do feudalismo. Nobreza e 
burguesia começaram a apoiar a centralização política e o aumento do poder 
real, cada grupo com seus próprios interesses. A burguesia dependia das medidas 
reais para aumentar seus lucros e negócios, já a nobreza pedia ajuda do real para 
conter as revoltas camponesas que estavam se intensificando no período de 
transição entre a Idade Média e a Moderna. 
O rei para aumentar as riquezas do Estado procurou adotar diversas medidas 
econômicas que ficaram conhecidas como mercantilismo. Além disso, as práticas 
de colonização para o continente americano foram intensificadas nesse período. A 
exploração da América foi vista como uma forma dos reinos aumentarem suas 
economias. 
Erro! 
Fonte de 
referênci
a não 
encontra
da. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
 
 
Figura 11: O terceiro estado sustentando a nobreza e o clero 
 
Fonte: Guia e estudo. Disponível em: https://bit.ly/3uJUk0Y. 
Acessado em 24 de maio de 2021 às 11h32. 
 
 
3.2 TEÓRICOS DO ABSOLUTISMO 
Os regimes absolutistas foram sustentados com apoio do clero, da nobreza, 
da burguesia e a exploração do restante da população. Para justificar o aumento 
dos seus poderes, os reis precisavam de teorias que justificassem esse aumento de 
poder e que defendessem a ideia que um rei forte conseguiria suprir os problemas 
da população. Esses intelectuais que pensaram nessas teorias ficaram conhecidos 
como teóricos absolutistas. 
Um dos primeiros teóricos foi Nicolau Maquiavel, que escreveu a obra O 
príncipe e defendeu a ideia que o poder do Estado era mais importante que os 
https://bit.ly/3uJUk0Y
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
indivíduos que o compunham. Para Maquiavel, apenas um rei dotado de inúmeros 
poderes conseguiria resolver os problemas políticos e econômicos da sociedade 
(MAQUIAVEL, 2006). 
Maquiavel defendia ainda que não política não importava do indivíduo ser 
ético ou não. Para ele, questionar a ética na esfera política era algo dos valores 
cristãos que buscavam suprimir o poder de decisão do soberano (MAQUIAVEL, 
2006). 
Thomas Hobbes, na Inglaterra, escreveu o livro Leviatã que acreditava que a 
tendência natural da sociedade era viver em conflito de todos contra todos, 
apenas por um “contrato” social entre a realeza e a população poderia haver um 
Estado forte que equilibraria os problemas sociais. De acordo com o autor: 
 
A única maneira de instituir um tal poder comum, capaz de os 
defender das invasões dos estrangeiros e das injúrias uns dos outros, 
garantindo-lhe assim uma segurança suficiente para que, mediante 
o seu próprio labor e graças aos frutos da terra, possam alimentar-se 
e viver satisfeitos, é conferir toda a sua força e poder a um homem, 
ou a uma assembleia de homens, que possa reduzir suas diversas 
vontades, por pluralidade de votos, a uma só vontade. O que 
equivale dizer: designar um homem ou uma assembleia de homens 
como representante das suas pessoas, considerando-se e 
reconhecendo-se cada um como autor de todos os atos que aquele 
que representa a sua pessoa praticar ou levar a praticar, em tudo o 
que disser a respeito à paz e à segurança comuns; todos 
submetendo assim as suas vontades à vontade do representante, e 
as suas decisões à sua decisão. Isto é mais do que consentimento, ou 
concórdia, é uma verdadeira de unidade de todos eles, numa só e 
mesma pessoa, realizada por um pacto de cada homem com todos 
os homens [...]. Feito isto, a multidão assim unida numa só pessoa 
chama-se Estado, em latim, civitas. É esta a geração daquele 
grande Leviatã, ou antes daquele Deus Mortal, ao qual devemos, 
abaixo do Deus Imortal, a nossa paz e defesa.[...] É nele que consiste 
a essência do Estado, a qual pode ser assim definida: uma pessoa 
que, mediante pactos recíprocos uns com os outros, foi instituída por 
cada um como autora, de modo a ela poder usar a força e os 
recursos de todos, da maneira que considerar conveniente, para 
assegurar a paz e a defesa comum. (HOBBES, Acessado em 24 de 
maio de 2021 às 11h25) 
 
Já na França, o principal teórico do absolutismo foi Jacques Bossuet que 
defendia a origem divina do poder do rei. Tal pensamento esteve presente na sua 
obra Política segundo a Sagrada Escrita que acreditava que Deus tinha dado poder 
político aos reis e lhe davam uma autoridade incontestável e ilimitada de decisões 
em diferentes planos da sociedade. Desta forma, o poder real era divino e derivado 
de Deus, sendo um poder superior a qualquer pessoa e considerado sagrado. De40 
 
 
acordo com Bossuet (1994, p. 67), “como não há poder público sem a vontade de 
Deus, todo governo, seja qual for sua origem, justo ou injusto, pacífico ou violento, é 
legítimo, todo depositário de autoridade, seja qual for, é sagrado; revoltar-se contra 
ele é cometer sacrilégio”. Bossuet (1994, p. 62) ainda completa que 
 
Três razões fazem ver que este governo é o melhor. A primeira é que 
é o mais natural e se perpetua por si próprio... A segunda razão... é 
que esse governo é o que interessa mais na conservação do Estado 
e dos poderes que o constituem: o príncipe, que trabalha para o 
Estado, trabalha para os seus filhos, e o amor que tem pelo seu reino, 
confundindo com o que tem pela sua família, torna-se-lhe natural... A 
terceira razão tira-se da dignidade das casas reais... A inveja, que se 
tem naturalmente daqueles que estão acima de nós, torna-se aqui 
em amor e respeito; os próprios grandes obedecem em repugnância 
a uma família que sempre viram como superior e à qual se não 
conhece outra que se possa igualar... O trono real não é o trono de 
um homem, mas o trono do próprio Deus... Os reis... são deus e 
participam de alguma maneira da independência divina. O rei vê de 
mais longe e de mais alto; deve acreditar-se que ele vê melhor, e 
deve obedecer-se-lhe em murmurar, pois o murmúrio é uma 
disposição para a sedição. 
 
Além dos teóricos do absolutismo, diversas normas de comportamento foram 
criadas para distinguir a nobreza e o clero dos demais grupos da sociedade. Essas 
normas de comportamento buscavam mostrar que a nobreza era ‘civilizada’ 
comparada com o restante do povo que era considerado com um estilo de vida 
‘rústico’. Forma de falar, de se vestir, horários para cada coisa, gesticular foram 
criados como conduta distintiva para grupos sociais do primeiro e segundo estado. 
Para Burke (1994, p. 101-102): 
 
Os observadores registravam que todos os atos do rei eram 
planejados ‘até o mínimo gesto’. Os mesmos eventos se produziam 
todos os dias nas mesmas horas, a tal ponto que uma pessoa poderia 
acertar seu relógio pelo rei. 
Havia normas formais para a participação nesse espetáculo – quem 
tinha direito a ver o rei, a que horas e em que partes da corte, se tal 
pessoa podia se sentar numa cadeira ou num tamborete (....) ou 
tinha que permanecer de pé. [...] Luís esteve no palco durante quase 
toda a sua vida [...]. Os objetos matérias mais intimamente 
associados ao rei também se tornavam sagrados. [...] Assim, era uma 
ofensa dar as costas ao retrato do rei [...], entrar em seu quarto de 
dormir vazio sem fazer uma genuflexão ou conservar o chapéu na 
sala em que a mesa está posta para o seu jantar. 
 
Essas condutas de comportamento foram apoiadas pelos intelectuais, 
filósofos e cientistas da época como uma forma de ‘civilizar’ as pessoas que eles 
consideravam ‘incultas’. Desta forma, além dos poderes políticos que a autoridade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
 
real carregava, o rei tinha a missão de ‘civilizar’ seu reino. 
 
3.3 O ABSOLUTISMO NA FRANÇA 
A centralização política na França teve início a partir do século X com a 
dinastia carolíngia. Após a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), esse processo de 
centralização de poder foi acelerado com a dinastia de Valois e posteriormente 
com a dinastia dos Bourbon. Essa última dinastia foi a que teve o maior apogeu do 
regime absolutista sua decadência após a Revolução Francesa (1789). 
No reinado do Luís XIII (1610-1643) o absolutismo foi reforçado graças a 
política do seu primeiro-ministro Richelieu, onde aconteceu a diminuição do poder 
da nobreza. Após esse reinado, a França ajudou em processos políticos europeus 
importantes como a Restauração Portuguesa (1640), a independência da Holanda 
e na Guerra dos Trinta Anos. 
Portugal ficou sobre domínio espanhol de 1580 a 1640 e só conseguiu 
recuperar sua independência em 1640. A Holanda conseguiu obter a 
independência da Espanha apenas em 1581, a casa de Habsburgo (casa reinante 
da Espanha) não reconheceu o processo de independência e entrou em um 
conflito que só terminou em 1648. 
A Casa de Habsburgo sofreu diversos conflitos em território europeu e todos 
eles a França estava envolvida. Em 1618, nobres da Áustria e da Boêmia se 
rebelaram contra o imperador Fernando de Habsburgo, do Sacro Império Romano-
Germânico. Esse processo deu início a Guerra dos Trinta Anos que envolveu diversos 
países europeus. Em 1648, o conflito terminou com a assinatura do Tratado de 
Westfália que teve como resultados a perda da hegemonia espanhola na Europa, 
a consolidação da Suécia enquanto potência na região báltica, maior autonomia 
aos Estados Alemães e a França se tornou uma potência em ascensão no cenário 
europeu. 
Em 1643, assumiu o trono francês Luís XIV (1643-1715), período que o 
absolutismo teve seu maior apogeu. Ele assumiu o trono com apenas cinco e o 
poder foi exercido pelo seu ministro, o cardeal Mazarino. Esse político conseguiu 
sufocar as revoltas dos nobres que não aceitavam a centralização política no país. 
Com a morte do cardeal em 1661, Luís XIV assume a política externa e interna da 
França. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
 
Como ministro da economia francês foi escolhido Jean-Baptiste Colbert que 
ficaria responsável pelo aumento da produção francesa na manufatura. Foi criado 
um exército real permanente e com rígida disciplina. Ele reforçou a ideologia de 
Bossuet sobre a figura sagrada dos reis e revogou o Édito de Nantes, onde voltou a 
prática de perseguição aos protestantes. Com a volta dos conflitos entre católicos e 
protestantes, diversos nobres e burgueses huguenotes deixaram o país e isso abalou 
a economia francesa. Além disso, no plano de política externa, a França se 
envolveu em diversos conflitos com a Inglaterra que abalaram mais sua economia 
que estava entrando em ruínas. 
De acordo com Elias (2001, p. 88-89): 
 
Em sua juventude, Luís XIV havia sentido na própria pele o quanto 
pode ser perigoso para a posição do rei quando as elites [...] 
superam seus antagonismos mútuos e se juntam para agir contra o 
rei. Talvez ele também tenha aprendido a partir da experiência dos 
reis ingleses, que deviam as ameaças e o enfraquecimento de suas 
posições à oposição de grupos nobres e burgueses reunidos. Em todo 
caso, faziam parte das máximas mais rigorosas de sua estratégia de 
dominação o fortalecimento e a estabilização das diferenças 
existentes, das contraposições e rivalidades entre as ordens, 
especialmente entre as elites de cada ordem, e dentro delas, entre 
os diversos níveis e patamares de sua hierarquia de prestígio e de 
status. Era algo evidente [...] que as contraposições e os ciúmes entre 
os grupos de elite mais poderosos de seu reino constituíam algumas 
das condições fundamentais da abundância de poder do rei, a qual 
se expressa em conceitos como ‘irrestrito’ ou ‘absolutista’. 
O longo reinado de Luís XIV contribui muito para que a rigidez e o 
rigor específicos, suscitados pelo uso constante da diferenciação de 
ordens e de níveis sociais como instrumentos de dominação do rei, 
tornem-se perceptíveis também nos pensamentos e na sensibilidade 
dos próprios grupos, como um traço de caráter essencial de suas 
convicções. Graças a tal enraizamento nas convicções, nas 
valorações e nos ideais dos súditos – da competição acirrada em 
termos de nível, status e prestígio – as tensões e os ciúmes surgidos e 
exacerbados entre as diferentes ordens e níveis sociais, e 
especialmente entre as elites rivais dessa sociedade articulada 
hierarquicamente, reproduziam-se como uma máquina em 
movimento no vazio, renovando-se sempre. 
 
Luís XIV ficou conhecido como Rei Sol e lhe é atribuída a frase “o Estado sou 
Eu”, que expressaria o controle de todas as diretrizes de forma absoluta por uma 
única pessoa. O culto à imagem ganhou muita força durante o seu reinado. De 
acordo com Ribeiro (1994,p. 06-08): 
 
Se a propaganda é meio de assegurar submissão ou o assentimento 
a um poder, há, porém, vários modos de efetuá-la. Pode ser, como 
Luís 14, pela glória, ingressando os súditos com a vitória, o prestigio, a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
 
grandeza do rei. Pode ser alardeando a proteção, num modelo 
paternalista, que tutela o povo. [...] Nossa sociedade talvez ainda 
esteja na mesma galáxia cultural inaugurada por Luís 14. [...] Não 
deixa de ser interessante, acostumados que estamos a considerar o 
Antigo Regime como um tempo remoto, objeto só de nossa 
curiosidade, perceber que em algum ponto a fábula fala de nós. E 
que nossa sociedade continua marcada pela retórica e a 
teatralidade que Luís 14, 300 anos atrás, inventou. 
 
Uma outra forma de ostentação de poder exercida por Luís XIV foi a 
construção do palácio de Versalhes, onde foram dadas grandes festas para a 
nobreza e o clero. Além da criação de academias e patrocínio de diversos artistas 
e intelectuais em várias áreas artísticas como, por exemplo, pintura, ciências, 
literatura e arquitetura. Vale assinalar, que muitas obras produzidas nesse momento 
acabaram exercendo uma forma de crítica a coroa francesa pela sua vida de 
soberba e luxuosidade devido aos gastos para a manutenção das festas e do 
próprio palácio de Versalhes. 
 
Figura 12: Luís XIV da França 
 
Fonte: Wikipedia. Disponível em: https://bit.ly/3Dj2YGO. 
 Acessado em 24 de maio de 2021 às 14h49. 
 
Após a morte de Luís XIV, quem o sucedeu foi seu neto Luís XV (1715-1774) 
que em sua administração intensificou os gastos com conflitos internacionais como, 
por exemplo, a Guerra dos Seis Anos (1756). Esse conflito trouxe uma humilhação 
https://bit.ly/3Dj2YGO
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
 
para a França que ao perder parte de suas colônias na América. Em 1754, subiu ao 
poder Luís XVI (1754-1793) onde a crise social se intensificou no país e levou à 
eclosão da Revolução Francesa (1789) que acabou com a sociedade do Antigo 
Regime. 
 
3.4 O ABSOLUTISMO NA INGLATERRA 
Os reinados de Henrique VIII, como vimos anteriormente, e de sua sucessora, 
sua filha, Elizabeth I, o parlamento inglês tornou-se um instrumento de intensificação 
de poder nas mãos dos soberanos. 
O parlamento não tinha uma regularidade de convocação e eram 
adotadas medidas com pouco impacto popular (aumento de tributos e 
expropriação de terras). 
Com a morte da rainha Elizabeth I, em 1603, acabou a dinastia Tudor e subiu 
ao trono seu primo, Jaime I da Escócia. Em seu reinado, aconteceu a intensificação 
da perseguição religiosa de puritanos e calvinistas que migraram para as colônias 
na América. 
O seu sucessor, Carlos I (1625-164) entrou em diversos conflitos com o 
Parlamento e, em 1628, foi aprovado pelo Parlamento uma Petição de Direito que 
começou a limitar os poderes do rei. Diante disso, o rei mandou fechar o 
Parlamento, em 1629, que só foi novamente convocado em 1640. 
Com o aumento de tributos, expropriação de terras e imposição da religião 
anglicana. A sociedade se dividiu em dois grupos: os cavaleiros que eram 
proprietários de terras, católicos e anglicanos favoráveis as autoridades do rei; e os 
cabeças redondas que eram pequenos proprietários, calvinistas e presbiterianos 
que eram partidários das decisões do Parlamento. Esse conflito levou a uma guerra 
civil que começou em 1640 e terminou apenas em 1649 com a vitória do grupo 
ligado ao parlamento com a liderança de Oliver Cromwell. 
O rei foi executado, a monarquia abolida e a república instituída com a 
liderança de Oliver Cromwell. Foi montado um conselho de Estado com 41 
membros sobre que tinha a supervisão da Câmara dos Comuns e a Câmara dos 
Lordes foi extinta. 
Com o apoio do Exército, Cromwell impôs uma ditadura pessoal na Inglaterra 
e subordinou o Conselho e a Câmara dos Comuns aos seus mandos e desmandos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
 
A indústria naval inglesa foi desenvolvida nesse momento após a aprovação do Ato 
de Navegação. Isso levou a Inglaterra a aumentar sua frota naval que começou a 
rivalizar com a da Holanda, desencadeando um conflito entre os dois países na 
qual os ingleses saíram vitoriosos. 
Em 1658, Cromwell veio a falecer e o país entrou em uma crise política até 
1660. O novo Parlamento restaurou a monarquia e coroaram o filho de Carlos I 
como novo rei inglês, cujo nome foi Carlos II (1640-1685). 
Carlos II buscou aumentar o poder absoluto do rei inspirado no modelo 
francês. O parlamento dividiu-se em um grupo de maioria burguesa que defendia o 
parlamento e eram contrários ao rei (Whigs) e outro formado por anglicanos que 
defendiam os poderes absolutos do rei (Tories). 
O rei veio a falecer em 1685 e não deixou herdeiros ao trono, quem assumiu 
foi seu irmão Jaime II. Ele era católico e defensor do absolutismo, causando uma 
revolta nas duas alas existentes no Parlamento inglês. Em 1688, teve início a 
Revolução Gloriosa no qual os dois partidos se uniram contra o rei e se aliaram a 
Guilherme de Orange, que era marido da filha de Jaime, governante da Holanda e 
protestante. 
Com apoio dos parlamentares, Guilherme de Orange, invadiu a Inglaterra 
em 1688 e fez com que o rei Jaime II fugisse para a França. Guilherme assumiu o 
trono inglês com o título de Guilherme III e jurou a Declaração de Direitos (Bill of 
rights), que obrigava o rei a respeitar as leis, liberdades individuais, o parlamento e 
reduzia a autoridade real. Na Declaração de Direitos foram assinalados que: 
 
1, Que é ilegal o pretendido poder de suspender leis, ou a execução 
de leis, pela autoridade real, sem o consentimento do Parlamento. 
2. Que é ilegal o pretendido poder revogar leis, ou a execução de 
leis, por autoridade real, como foi assumido e praticado em tempos 
passados. 
3. Que a comissão para criar o recente Tribunal de comissários para 
as causas eclesiásticas, e todas as outras comissões e tribunais de 
igual natureza, são ilegal e perniciosos. 
4. Que é ilegal a arrecadação de dinheiro para uso da Coroa, sob 
pretexto de prerrogativa, sem autorização do Parlamento, por um 
período de tempo maior, ou de maneira diferente daquele como é 
feito ou outorgada. 
5. Que constitui um direito dos súditos apresentarem petições ao Rei, 
sendo ilegais todas as prisões ou acusações por motivo de tais 
petições. 
6. Que levantar e manter um exército permanente dentro do reino 
em tempo de paz é contra lei, salvo com permissão do Parlamento. 
7. Que os súditos que são protestantes possam ter armas para sua 
defesa adequada a suas condições, e permitidas por lei. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
 
 
8. Que devem ser livres as eleições dos membros do Parlamento. 
9. Que a liberdade de expressão, e debates ou procedimentos no 
Parlamento, não devem ser impedidos ou questionados por qualquer 
tribunal ou local fora do Parlamento. 
10. Que não deve ser exigida fiança excessiva, nem impostas multas 
excessivas; tampouco infligidas punições cruéis e incomuns. 
11. que os jurados devem ser devidamente convocados e 
nomeados, e devem ser donos de propriedade livre e alodial os 
jurados que decidem sobre as pessoas em julgamentos de alta 
traição. 
12. Que são ilegais e nulas todas as concessões e promessas de 
multas e confiscos de pessoas particulares antes da condenação. 
13. E que os parlamentos devem reunir-se com frequência para 
recuperar todos os agravos, e para corrigir, reforçar e preservar as leis 
(ISHAY, 2006 p. 171-173). 
 
Além disso, foi aprovado o Ato de Tolerância dando liberdade religiosa ao 
país. Dessa forma, o Parlamento saiu vitorioso na disputa contra o absolutismo real 
existente na Inglaterra nesse momento. Esse processo intensificou o 
desenvolvimento da burguesia manufatureira em ascensão no país. 
 
 
 
 
3.5 O MERCANTILISMO 
As atividades econômicas desenvolvidas pelas monarquias absolutistas 
europeias durante os séculos XV ao

Continue navegando