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1 FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA 2 PRÁTICA PEDAGÓGICA INTERDISCIPLINAR: HISTÓRIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA 1ª edição Ipatinga – MG ANO 3 FACULDADE ÚNICA EDITORIAL Diretor Geral: Valdir Henrique Valério Diretor Executivo: William José Ferreira Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa Revisão/Diagramação/Estruturação: Bárbara Carla Amorim O. Silva Bruna Luiza Mendes Leite Carla Jordânia G. de Souza Guilherme Prado Salles Rubens Henrique L. de Oliveira Design: Brayan Lazarino Santos Élen Cristina Teixeira Oliveira Maria Luiza Filgueiras Taisser Gustavo de Soares Duarte © 2021, Faculdade Única. Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização escrita do Editor. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA Rua Salermo, 299 Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 www.faculdadeunica.com.br http://www.faculdadeunica.com.br/ 4 Menu de Ícones Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São sugestões de links para vídeos, documentos científi- cos (artigos, monografias, dissertações e teses), sites ou links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo abordado. Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações importantes nas quais você deve ter um maior grau de atenção! São exercícios de fixação do conteúdo abordado em cada unidade do livro. São para o esclarecimento do significado de determinados termos/palavras mostradas ao longo do livro. Este espaço é destinado para a reflexão sobre questões citadas em cada unidade, associando-o a suas ações, seja no ambiente profissional ou em seu cotidiano. 5 HUMANISMO E RENASCIMENTO 1.1 INTRODUÇÃO O Renascimento foi um momento histórico que aconteceu no final da Idade Média e começo da Idade Moderna na Europa. Ele foi um movimento cultural, artístico e científico que queria romper com os valores estabelecidos pela sociedade medieval. A Europa, nos séculos XI ao XIII, devido o aumento da produção agrícola e a expansão comercial e urbana passou por um grande processo de desenvolvimento. No início do século XIV, esses avanços econômicos passaram por um desaceleramento que entre alguns motivos podemos listar a peste negra e a guerra entre França e Inglaterra conhecida como Guerra dos Cem Anos. De acordo com Sevcenko (1996, p. 07-08) a: [...] crise do século XIV tem sido denominada também crise do feudalismo, pois acarretou transformações tão drásticas na sociedade, econômica e vida política da Europa, que praticamente diluiu as últimas estruturas feudais ainda predominante e reforçou, de forma irreversível, o desenvolvimento do comércio e da burguesia. [...] A grande mortalidade decorrente da peste e da guerra procedeu à desorganização da produção e disseminou a fome pelos campos e cidades – razão das grandes revoltas populares que abalaram tanto a Inglaterra e a França, quanto a Itália e a Flandres nesse mesmo período. Havia, porém, outras razões para as revoltas populares. Com o declínio demográfico causado pela guerra e pela peste, os senhores feudais passaram a aumentar a carga de trabalho e impostos aos camponeses remanescentes, a fim de não diminuir seus rendimentos. Era contra essa superexploração que os trabalhadores se revoltavam. A solução foi adotar uma forma de trabalho mais rentável, através da qual poucos homens pudessem produzir mais. Adotou-se então, preferencialmente, o trabalho assalariado, o arrendamento, ou seja, os servos foram liberados para vender seus excedentes no mercado das cidades. Assim, estimulados pela perspectiva de rendimento próprio, os trabalhadores e arrendatários incrementaram técnicas e aumentaram a produção. Passaram a predominar, portanto, as atividades agrocomerciais, como a produção de cereais e de lã, e os novos empresários passaram a exigir a propriedade exclusiva e privada das terras em que investiam. Tudo isso concorreu para a dissolução do sistema feudal de produção . Erro! Fonte de referênci a não encontra da. 6 Diferente do restante do continente europeu, as partes norte e central da Itália estavam com um processo desenvolvimento econômico por serem áreas extremamente urbanizadas do continente. Essas cidades eram extremamente mercantis e geravam um grande fluxo de riquezas. O enriquecimento dessas localidades como Veneza, Gênova e Florença permitiu que vários comerciantes e banqueiros prosperassem e a atividade manufatureira aumentasse nessas localidades. Importantes famílias dessas localidades tornaram-se financiadores de obras de artes. Era uma maneira de mostrar seu poder e riqueza, essa prática ficou conhecida como mecenato. Os artistas financiados por esses indivíduos começavam a expressar em suas obras novos valores diferentes do final da Idade Média. Os valores teológicos, que marcaram o período medieval, começaram a ser substituídos por valores individualistas e colocaram o homem como centro de todas as medidas. A região da Itália tornou-se o principal centro dessa renovação que a Europa passaria entre os séculos XIV ao XVI. 1.2 O HUMANISMO Na época medieval, as universidades voltavam seus estudos para as áreas de Direito, Medicina e Teologia. Durante o contexto do Renascimento, alguns intelectuais apresentaram novas propostas para o ensino de outras áreas das Ciências da Natureza, Matemática, Filosofia e outras. Esses pensadores ficaram conhecidos como humanistas e mudaram profundamente o campo intelectual nesse momento. Inspirados pelos valores greco-romanos, buscaram exaltar as capacidades dos indivíduos e valorizar a liberdade. O estudo das línguas clássicas, grego e latim, foram retomados pelos humanistas para conseguir interpretar https://bit.ly/3oxgPFw 7 importantes pensadores da antiguidade como Platão, Pitágoras, Plotino e Aristóteles. Assim, diversos valores da Antiguidade Clássica foram retomados. De acordo com Perry (1991, p. 271): Os humanistas esperavam aprender o muito que não lhes ensinavam os escritos medievais – especialmente, por exemplo, aprender a viver bem neste mundo e a desempenhar os deveres cívicos. Para os humanistas, eram os clássicos um guia para a felicidade e para a vida ativa. Para se tornarem cultos, para aprenderem a arte do escrever, do falar e do viver, era necessário conhecer os clássicos. Ao contrário dos filósofos escolásticos que usavam a filosofia grega para provar a verdade das doutrinas cristãs, os humanistas italianos usavam o conhecimento clássico para alimentar o seu novo interesse pela vida terrena. Diferente do que acontecia durante a Idade Média com o pensamento religioso que colocava Deus como centro do Universo (teocentrismo), os humanistas buscaram valorizar as capacidades do homem e o fortalecimento do ideal antropocentrismo (o homem como centrodo Universo). Essa época foi marcada por bastantes transformações no campo científico e de inovações. De acordo com Herbert (2002, p. 20-21): Durante o Renascimento, ocorreram grandes progressos em anatomia, medicina, astronomia e matemática. A prensa foi inventada e, pela primeira vez, os livros tornaram-se disponíveis para pessoas. Foi também uma época de exploração do mundo e o início da ciência moderna. Nicolau Copérnico afirmou que a Terra girava em torno do sol. Muitos exploradores navegaram pelos mares em busca de rotas comerciais para o Extremo Oriente. Cristovão Colombo cruzou o Atlântico e aportou na América. As caravelas portuguesas comandadas por Pedro Álvares Cabral chegaram às terras do Brasil. Vasco da Gama contornou a África e alcançou a Índia. Os navegantes de Magalhães deram a volta do globo. Muitos cientistas durante o Renascimento buscaram fazer experimentos, propor ideias e tentar aplicá-las. Foi um período em que foram criadas muitas invenções e de grandes avanços científicos. Durante os séculos XV e XVI, muitos intelectuais começaram a se interessar pelos estudos do corpo humano, que ficou conhecido como anatomia. Cientistas e artistas faziam dissecações de cadáveres para conhecer melhor as estruturas dos seres humanos. Prática que era combatida pelos teólogos cristãos. Outra importante questão nesse momento foi a teoria heliocêntrica proposta por Nicolau Copérnico que afirmava que a Terra e outros planetas giravam em torno do sol. Essa teoria causou muita polêmica na época pois contrariava as 8 interpretações cristã que afirmava que o sol girava em torno do planeta Terra (teoria geocêntrica). Outros cientistas como Johannes Kepler e Galileu Galileu defenderam posteriormente a teoria de Copérnico. Figura 1: O homem vitruviano de Leonardo da Vinci Fonte: GQ Globo. Disponível em: https://glo.bo/2Yww2Mr. Acessado em 22 de maio de 2021 às 18h45. Uma importante marca do humanismo foi que a produção intelectual dos autores deixou de ser produzida apenas em latim e começou a ser escrita nas línguas nacionais. Isso possibilitou o acesso das produções para um maior número de leitores. Além disso, de acordo com Acker (1992, p. 13-14): Muitos filósofos foram procurados para ensinar e aconselhar governantes, como, por exemplo, Giordano Bruno, que frequentou as cortes de França e Inglaterra; outros escreviam suas obras e as dedicavam a homens poderosos, como Maquiavel, que dedicou um de seus livros mais famosos – O príncipe – a Lourenço Médici, homem público de Florença. https://glo.bo/2Yww2Mr 9 1.3 RENASCIMENTO E SUAS FASES O termo Renascimento tem origem na palavra italiana rinascita que possui o significado de nascer novamente. Foi um importante contexto que buscava rever as concepções do mundo que estavam presentes na época medieval. Tendo seu início nas cidades italianas como Gênova, Florença e Veneza e posteriormente espalhou-se para outras partes do continente europeu. De acordo com Acker (1992), o termo buscava uma renovação em relação ao medievo: (os pensadores) do século XVI percebiam que viviam em uma nova época, consideravam a época anterior – o período que passou a ser chamado de Idade Média como um tempo de trevas e obscurantismo e, para marcarem sua diferença com esse tempo passado, voltaram-se para o passado mais distante – a Antiguidade (Clássica) [...] Os próprios intelectuais daquele tempo chamaram a época em que viviam de Renascimento, como se na Idade Média não tivesse havido qualquer produção cultural importante (ACKER, 1992, p. 06-07) O Renascimento é dividido em três principais períodos e com eles algumas características principais: 10 Trecento (século XIV) – marcado pela transição entre os valores da época medieval para o renascimento Renascentistas. O Renascimento nesse momento teve início nas regiões italianas e tendo como principais centro Veneza, Florença e Gênova. Na literatura temos como importante escritor Dante Alighieri, que escreveu A divina comédia, e, na pintura, Giotto di Bondone. Quattrocento (século XV) – época de prosperidade em diversas partes do continente europeu e os valores renascentistas espalham-se pelo continente chegando a outros países como Espanha, Portugal, França e Inglaterra. Florença, administrada pela família Médici, tornou-se a principal região renascentista da Europa. Para Johan Huizinga, o Quattrocento “dá-nos a impressão de uma cultura renovada que tivesse quebrado as algemas do pensamento medieval”. (HUIZINGA, 1985, p. 327). Os Médici patrocinaram importantes artistas nesse momento como Sandro Botticelli e Donatello. Cinquecento (século XVI) – conhecido como Idade de Ouro do Renascimento é marcado pelo maior esplendor das obras renascentistas e tem como principais artistas de destaque Leonardo da Vinci (1452-1519), Michelangelo (1475-1564) e Rafael Sanzio (1483-1520). Nesse momento, a região da Itália passou por uma forte crise econômica devido à luta política de suas cidades-Estados. Roma substituiu Florença como principal centro do Renascimento e a influência dos principais artistas desse momento marcaram profundamente a produção artística do mundo ocidental nos séculos posteriores. 11 Figura 2: Leonardo da Vinci Fonte: Terra. Disponível em: https://bit.ly/3mmRxqU. Acessado em 22 de maio de 2021 às 18h45. Figura 3: Michelangelo Fonte: Toda Matéria. Disponível em: https://bit.ly/3aeQaEW. Acessado em 22 de maio de 2021 às 18h45. 1.4 A ARTE RENASCENTISTA A arte durante a Idade Medieval tinha como uma de suas principais marcas a religiosidade. Os artistas queriam demonstrar em suas obras valores da moral cristã e por isso suas imagens tinham um caráter didático em suas representações. Elas tinham aspectos bidimensionais e são estáticas, as personagens são representadas em posições frontais e sem expressões definidas. Não havia preocupação com a perspectiva ou com detalhes e nem rebuscamentos. Com o Renascimento, as obras passaram por importantes transformações. A estética da reprodução das figuras começou a ser uma das preocupações dos https://bit.ly/3mmRxqU https://bit.ly/3aeQaEW 12 intelectuais. Desta forma, pintores, arquitetos e escultores renascentistas buscaram conhecer novas técnicas que eram provenientes de cálculos matemáticos e buscavam conhecer melhor a anatomia humana. Para Sevcenko (1994, p. 27), “a arte renascentista é uma arte de pesquisa, de invenções, inovações e aperfeiçoamentos técnicos. Ela acompanha paralelamente as conquistas da física, da matemática, da geometria, da anatomia, da engenharia e da filosofia”. Uma das principais marcas das pinturas renascentistas foi a técnica da perspectiva. Ela era baseada em cálculos e possibilitava que os objetos fossem retratados como se tivessem profundidade. Os pintores buscavam criar um ponto de fuga para criar esse efeito. Como podemos observar na imagem abaixo: Figura 4: Exemplo da técnica de perspectiva Fonte: Arte e Culturas. Disponível em: https://bit.ly/3BhBZLn. Acessado em 22 de maio de 2021 às 18h45. Outra importante marca de diferenciação entre a pintura medieval e a renascentista foi que os pintores buscaram construir pinturas mais naturais e realistas se aproveitando das noções espaciais como citadas anteriormente. Nos aspectos literários, gêneros clássicos como a lírica e a epopeia retomaram no cenário europeu e ganharam uma renovação. Diversos escritores tiveram importante destaque nesse momento como Dante Alighieri, Camões, William Shakespeare e Miguel de Cervantes. Outra importante manifestação artística daquele momento foram asesculturas que buscaram criar traços harmônicos com inspirações dos modelos clássicos da antiguidade greco-romana. Elas foram feitas de mármore e buscavam uma valorização das formas e físico humano. Entre os principais escultores da época estão Michelangelo e Donatello. https://bit.ly/3BhBZLn 13 Figura 5: Davi de Michelangelo Fonte: Wikipedia. Disponível em: https://bit.ly/3uNiAPT. Acessado em 22 de maio de 2021 às 18h45. A música também passou por uma renovação durante o Renascimento e buscou criar novas formas e métricas. Vários instrumentos foram aperfeiçoados e criados para produzir novos sons. O alaúde e o saltério começaram a ser incorporados nas composições e temáticas anteriormente rejeitadas devido a mentalidade medieval passaram a estar presente em suas letras e ritmos. https://bit.ly/3uNiAPT 14 1.5 O RENASCIMENTO NO RESTO DA EUROPA O Renascimento se espalhou por diversas partes do continente europeu e em cada localidade apresentou suas próprias especificações. Na França, por exemplo, os intelectuais franceses se destacaram em diversas manifestações artísticas e os mecenas tiveram um importante papel para o florescimento do Renascimento nesse país. Um dos principais intelectuais que se destacou nesse momento foi François Rabelais com seu livro Gargântua e Pantagruel. Em Flandres, região atual da Bélgica, a pintura foi uma das principais marcas desse momento histórico. As pinturas retratavam o cotidiano da população e mostrava as riquezas dos palácios da burguesia. Nessa região, teve início a pintura a óleo na Europa, técnica que permitiu que as cores fossem mais vivas nas pinturas e se alastrou para outros artistas europeus. Na virada do século XV para o XVI, a região da Alemanha estava passando por outro processo histórico que veremos a seguir, a Reforma Protesta, e isso influenciou as manifestações artísticas da localidade. Muitas pinturas retratavam temas religiosos de maneira sombria e entre seus principais pintores se destacam as obras de Hans Holbein. Na península ibérica, o Renascimento chegou no início do século XVI. Na Espanha, o Renascimento teve como principal característica a forte abordagem de temas religiosos em suas diversas manifestações culturais. Já na literatura, uma das principais obras produzidas nesse momento foi de Miguel de Cervantes, o livro Dom Quixote. Em Portugal, as manifestações renascentistas ocorreram fortemente na literatura tendo como principais obras Os Lusíadas de Luís Vaz de Camões e os textos Auto da Barca do Inferno, Auto das almas e A farsa de Inês Pereira escritos por Gil Vicente. 15 FIXANDO CONTEÚDO 1. (PUC-RIO 2007) À EXCEÇÃO DE UMA, as alternativas abaixo apresentam de modo correto características do Renascimento. Assinale-a. a) O retorno aos valores do mundo clássico, na literatura, nas artes, nas ciências e na filosofia. b) A valorização da experimentação como um dos caminhos para a investigação dos fenômenos da natureza. c) A possibilidade de uma estreita relação entre os diferentes campos do conhecimento. d) O fato de ter ocorrido com exclusividade nas cidades italianas. e) O uso da linguagem matemática e da experimentação nos estudos dos fenômenos da natureza. 2. (UDESC 2008) A história da cultura renascentista nos ilustra com clareza todo o processo de construção cultural do homem moderno e da sociedade contemporânea. Nele se manifestam, já muito dinâmicos e predominantes, os germes do individualismo, do racionalismo e da ambição ilimitada, típicos de comportamentos mais imperativos e representativos do nosso tempo. (SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. São Paulo: Atual, 1987.) Sobre a cultura renascentista, a que se refere Sevcenko, assinale V (Verdadeiro) para as afirmações verdadeiras e F (Falso) para as afirmações falsas. ( ) O Renascimento marcou a transição da mentalidade medieval para a mentalidade moderna, ao traduzir novas concepções que tinham como referência o humanismo, enquanto base intelectual que procurava definir e afirmar o novo papel do homem no universo. ( ) Em meio à desorganização administrativa, econômica e social, principais características da cultura renascentista, praticamente apenas a Igreja Católica conseguiu manter-se como instituição, conquistando assim grandes poderes e ampliando sua influência sobre a sociedade. 16 ( ) Ao formular princípios como o humanismo, o racionalismo e o individualismo, o movimento renascentista estabeleceu as bases intelectuais do mundo moderno. ( ) A cultura renascentista consagrou a vitória da razão abstrata, instância suprema de toda a cultura moderna, pautada no rigor das matemáticas que passaram a reger os sistemas de controle do tempo, do espaço, do trabalho e do domínio da natureza. ( ) Em meio a esse processo, transformações socioeconômicas culminaram na substituição de pequenas oficinas de artesãos por fábricas, assim como as ferramentas simples foram trocadas pelas novas máquinas que então haviam surgido. Assinale a alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo. a) V - F - V - V - F b) V - V - F - V - V c) F - F - V - V - F d) F - V - F - V - V e) V - V - F - F - V 3. (UFF 2010) O mundo moderno está associado, na sua origem, à cultura renascentista. Invenções e descobertas só puderam ser realizadas porque os intelectuais renascentistas reuniram tradições clássicas ocidentais e orientais, a fim de dar novo sentido à ideia de HOMEM e NATUREZA. Assinale a afirmativa que pode ser corretamente associada ao Renascimento. a) O livro da natureza foi escrito em caracteres matemáticos. (Galileu) b) O homem é imagem e semelhança de Deus. (Jean Bodin) c) O mundo é perfeito porque é uma obra divina e, assim, só pode ser esférico. (Marsílio Ficino) d) A perspectiva é o fundamento da relação entre espaço humano e natureza divina. (Alberti) e) A proporção é a qualidade matemática inadequada à representação do mundo natural. (Leonardo da Vinci) 4. (Enem 2011) Acompanhando a intenção da burguesia renascentista de ampliar 17 seu domínio sobre a natureza e sobre o espaço geográfico, através da pesquisa científica e da invenção tecnológica, os cientistas também iriam se atirar nessa aventura, tentando conquistar a forma, o movimento, o espaço, a luz, a cor e mesmo a expressão e o sentimento. (SEVCENKO, N. O Renascimento. Campinas: Unicamp, 1984.) O texto apresenta um espírito de época que afetou também a produção artística, marcada pela constante relação entre: a) fé e misticismo b) ciência e arte. c) cultura e comércio. d) política e economia. e) astronomia e religião 5. (URCA 2018/1) As obras literárias produzidas durante o Renascimento privilegiam as seguintes características, exceto: a) Recuperação de temas da Antiguidade Clássica e racionalismo. b) Perspectiva humanista e Universalidade. c) Universalidade e recuperação de tema da Antiguidade Clássica. d) Racionalismo e perspectiva humanistica. e) Metafísica e religiosidade. 6. (URCA 2017/1) Pouco depois de 1300 havia começado a decair a maioria das instituições e dos ideais característicos da época feudal. A cavalaria, o próprio feudalismo, o Santo Império Romano, a autoridade universal do papado e o sistema corporativo iam aos poucos enfraquecendo. O nome tradicionalmente aplicado a essa civilização, que se estende de 1300 a cerca de 1600, é o de Renascença. Sobre este período, podemos apontar corretamente como fatores formadores: a) O isolamento completo da Europa que evitou as influências das civilizações sarracena e bizantina. b) A decadência do comércio interno e externoda Europa. c) A redução do tamanho das cidades e de suas áreas de influências. d) A renovação do interesse pelos estudos clássicos nas escolas dos mosteiros e das 18 catedrais. e) O desenvolvimento de uma atitude crítica, inspirada na filosofia acomodada da escolástica. 7. (URCA 2015/1) Renascimento é o nome que se dá ao movimento de mudanças culturais, que atingiu as camadas urbanas da Europa Ocidental entre os séculos XIV e XVI, caracterizado pela retomada dos valores da cultura greco-romana, ou seja, da cultura clássica. Esse momento é considerado como um importante período de transição envolvendo as estruturas feudo capitalistas. Sobre este movimento assinale a alternativa CORRETA: a) Suas bases eram proporcionadas pela corrente filosófica do humanismo, que descartava a escolástica medieval, até então predominante, e propunha o retorno às virtudes da antiguidade; b) O movimento envolvia uma nova sociedade. A vida rural passou a implicar uma nova mentalidade, pois o trabalho, a diversão, o tipo de moradia, implicavam um novo comportamento dos homens. c) O Renascimento foi um movimento de alguns artistas que destoava da nova concepção de vida adotada na época por uma parcela da sociedade, e que era combatida nas obras de arte. d) O Renascimento foi uma cópia da Antiguidade, pois se utilizava dos mesmos conceitos aplicados da mesma maneira à uma nova realidade; e) Com forte base racionalista rompeu completamente com os princípios cristãos da época, o que levou às perseguições realizadas à época pelo Santo Tribunal da Inquisição da Igreja Católica e a queima de várias obras filosóficas e literárias em praça pública. 8. (Unespar 2017) O Renascimento italiano pode ser caracterizado: a) Por uma sociedade teocêntrica, baseada na produção agrícola, predominantemente alfabetizada e rural; b) Por uma visão predominantemente antropocêntrica, com intensas trocas comerciais e cujas obras de arte foram, em boa medida, inspiradas nos modelos da antiguidade clássica; c) Por uma contraposição direta à “Idade das Trevas”, sobretudo porque os artistas renascentistas tinham, majoritariamente, aversão ao cristianismo; 19 d) Pela inexistência de estudos da anatomia humana, já que essa era uma proibição expressa da Igreja Católica; e) Pela invenção da imprensa, ainda no século XV, o que gerou uma sociedade alfabetizada, em sua maioria. 20 REFORMA PROTESTANTE E CONTRARREFORMA 2.1 INTRODUÇÃO A principal instituição durante o período medieval foi a Igreja Católica que conseguiu manter sua unidade. Entre os princípios dessa unidade estavam a infalibilidade papal e o papel que o clero teria entre intermediários do plano terreno e Deus. Os dogmas religiosos eram impostos para a sociedade e as opiniões contrárias aos ensinamentos religiosos da instituição eram conhecidas como heresias. De acordo com a Igreja, as heresias eram ideias ofensivas à religião cristã e se opunham às vontades de Deus. Com o fim da Idade Média, a Igreja Católica Romana começou a ser condenada pelo seu comportamento devido aos desvios de conduta do clero. O clero desfrutava de muitos privilégios e uma vida extremamente confortável comparada ao restante da população. Além da intromissão na vida política da sociedade como, por exemplo, papas que tomavam lado em conflitos entre países europeus. Nesse momento final da Idade Média, a Igreja passou por uma profunda crise espiritual que se intensificou ao longo do século XVI. Os críticos da instituição afirmavam que ela se transformou em um balcão de negócios devido às vendas de cargos, relíquias de santos e das chamadas indulgências. Além disso, moralmente, o clero não praticava muito dos ensinamentos religiosos como, por exemplo, o celibato, muitos tinham famílias e os filhos tinham privilégios sociais. Segundo Skinner (1996, p. 339) Finalmente, os mesmos sentimentos de hostilidade aos poderes da Igreja cresciam, nos anos que antecederam a Reforma, na voz das próprias autoridades seculares. O primeiro ponto que contestaram foram os privilégios e jurisdições a que o estamento clerical aspirava tradicionalmente. Essa objeção muitas vezes se acompanhava de uma tentação, cada vez maior, a deitar olhos de cobiça sobre as vastas extensões de terra que, por aquele tempo, eram propriedade de bom número de comunidades religiosas. Outro motivo que causou descontentamento político dos países europeus nesse momento foi o posicionamento da Igreja diante da expansão marítima. A Erro! Fonte de referênci a não encontra da. 21 Igreja posicionou-se favoravelmente a Espanha e “partilhou” o mundo entre os países ibéricos, fato que deixou os outros reinos europeus irritados com os posicionamentos políticos da instituição. As críticas à Igreja se acentuaram com o desenvolvimento da prensa no século XV devido às interpretações das Escrituras Sagradas (a Bíblia). O texto bíblico era escrito em latim e os exemplares eram confeccionados nos mosteiros, feitos pelos monges copistas. As interpretações do livro sagrado eram exclusivas dos membros do clero. Com a prensa, o acesso a Bíblia tornou-se mais fácil a população e começou a ser produzida em línguas vulgares, como francês, italiano, castelhano, alemão e russo. O exemplar impresso dispensava a presença do clero e permitia uma reflexão pessoal do cristão sobre o que estava escrito, assim os fiéis poderiam ter um contato direto com a Bíblia sem precisar de intermediários sobre os ensinamentos divinos. Nesse caldeirão de motivações somou-se a insatisfação da burguesia que estava surgindo e os nobres contrários ao poder do clero diante da sociedade. Os burgueses não conseguiam expandir seus negócios e acumular riquezas devido a condenação da prática da usura e a nobreza esbarrava na Igreja sobre as limitações dos poderes temporais e arrecadação de tributações exercida pelo clero. 2.2 O INÍCIO DA REFORMA PROTESTANTE: MARTINHO LUTERO Lutero foi o iniciador da Reforma, era um monge alemão que se indignou com a problemática da venda das indulgências. Ele acreditava que os pecados não poderiam ser perdoados pelas ações humanas, assim as peregrinações, relíquias de santo e compra das indulgências não poderiam garantir a salvação. Apenas, para Lutero, a bondade de Deus seria capaz de perdoar os pecados humanos. 22 Figura 6: Martinho Lutero Fonte: História do Mundo. Disponível em: https://bit.ly/2Yy8jvb. Acessado em 23 de maio de 2021 às 10h37 Ele foi professor de Teologia na Universidade de Wittenberg, região da Saxônia (Alemanha). Em 1517, Lutero afixou na Igreja de Wittenberg suas 95 teses, esse documento fez duras críticas a Igreja e seus desvios de comportamento (principalmente a venda das indulgências). A autoridade papal e o acúmulo de riquezas feito por séculos em nome da fé foi duramente criticado. Algumas das teses foram: 1. Ao dizer: “Fazer penitência”, etc [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência. 2. Esta penitência não pode ser entendida no sentido da penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes). 3. No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior: sim, a penitência interior seria nula se, extremamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne. 4. Por consequência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada dos reinos dos céus. 5. O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs pordecisão própria ou dos cânones. 6. O papa não pode remitir culpa alguma senão declarando e confirmando que ela foi perdoada por Deus, ou, sem dúvida, remitindo-a nos casos reservados para si; se estes forem desprezados, a culpa permanecerá por inteiro. [...] 10 Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório. 11. Essa erva daninha de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam. [...] https://bit.ly/2Yy8jvb 23 21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgência do papa. 22. Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida. 23. Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos. 24. Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena. [...] 27. Pregam doutrina humana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando. 28 Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, podem aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus. [...] 33. Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Deus. [...] 36. Qualquer cristão verdadeiramente arrependido tem direito a remissão de pena e culpa, mesmo sem carta de indulgência. [...] 43. Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências. 44. Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mais apenas livre da pena. [...] 75. A opinião de que as indulgência papais são tão eficazes a ponto de poderem absolver um homem [...] é loucura. 86. Por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos ricos Crasso, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos a Basílica de São Pedro, em vez de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis? [...] (LUTERO, 2005, p. 119-120.) Seu escrito teve severas reações e foi estabelecido um processo de julgamento. Com o processo instaurado, outros clérigos da região começaram a defender suas ideias e reproduzi-las nos sermões e outros manuscritos. As repercussões das suas ideias foram amplamente debatidas nas universidades europeias. Devido ao impacto que causou, foi convocado a comparecer em Roma, mas um príncipe alemão o defendeu (Frederico, o Sábio). Em um discurso, proferido em 1519, fez várias críticas ao poder papel e diante de um representante romano, sustentou que os papa s como todos os seres humanos eram cabíveis aos erros. Afirmou que seus ideais deveriam ser debatidos em um concílio cristão e, posteriormente, defendeu o sacerdócio universal (poder 24 que todo o cristão teria para levar os ensinamentos das Sagradas Escrituras). O papa, em 1520, declarou que 41 teses de Lutero eram consideradas heresias e pediu que o monge se retratasse. Entretanto, ao receber o documento papal, o queimou em vias públicas e como consequência disso foi excomungado pela Igreja. Devido a grande repercussão que causou sua atitude e a impossibilidade de se fazer um Concílio para o debate de suas ideias, Lutero começou a escrever obras que seriam a base de uma nova religião, que ficou conhecida como Igreja Luterana. Entre os princípios dessa nova religião estavam que os poderes terrenos eram separados do poder religioso, que as instituições eclesiásticas eram passíveis de erros por serem feita por humanos, que o batismo não retirava o pecado original das crianças, defendia que as missas fossem feitas em línguas vulgares para a compreensão das pessoas e que o sacramento da eucaristia não se transformava no corpo de Cristo. Lutero foi fortemente perseguido pelos católicos e passou o resto da sua vida protegido pelos nobres da região de Wittenberg, Alemanha. Lutero só saiu da região em 1546 quando veio a falecer em sua cidade natal, Eisleben. A difusão do luteranismo ganhou espaço em muitos religiosos, burgueses e nobres que começaram a seguir suas doutrinas e a se denominar cristãos luteranos. Devido a forma de protesto aos ideais adotados pelo Lutero, esses cristãos ficaram conhecidos como protestantes. Entre os principais pontos de defesa dos protestantes estava a tradução da Bíblia para outras línguas para possibilitar o acesso a todas as pessoas. De acordo com Hill (1987, p. 104): A erudição protestante desmascarou muitas superstições católicas e popularizou a bíblia nas línguas vernáculas. Da mesma forma, o estudo pelos protestantes dos livros proféticos da Bíblia visava a dar base racional à ciência da profecia. [...] A invenção da imprensa, proporcionando um registro permanente das profecias talvez tenha contribuído para a denúncia de suas ambiguidades e falácias. A sensação de liberdade que podia vir da confiança em tais predições era ilusória. Pois a Bíblia, se fosse compreendida de maneira adequada, realmente libertaria os homens do destino e da predestinação. Entendendo-se os propósitos de Deus e cooperando com eles, acreditava-se que seria possível escapar das forças cegas que pareciam reger o mundo, e até mesmo do próprio tempo; os homens assim alcançariam a liberdade. Os protestantes acreditavam que os fiéis poderiam manter uma relação mais 25 direta com Deus e o culto aos santos e a Maria foram desvalorizados. As missas luteranas eram mais participativas e o celibato não era obrigatório. Os únicos sacramentos considerados válidos pelos pastores luteranos eram a eucaristia e o batismo. A expansão do luteranismo atingiu outros países como a Dinamarca, Noruega, Suécia, Suíça e atingiu países com forte tradição católica como a Espanha, Portugal e França. Figura 7: Mapa da Europa entre católicos e protestantes (século XVI) Fonte: História Bate-Cabeça. Disponível em https://bit.ly/3oDdXa7. Acessado em 23 de maio às 11h30. https://bit.ly/3oDdXa7 26 2.3 A REFORMA CALVINISTA João Calvino foi membro de uma família burguesa suíça e era francês. Estudou Direito e tornou-se conhecedor das línguas e culturas clássicas. Foi fortemente influenciado pelas obras de Lutero e tornou-se crítico das ações cometidas pela Igreja Católica. Figura 8: João Calvino Fonte: Wikipédia. Disponível em: Acessado em 23 de maio às 11h32 Com apoio de autoridades de Genebra, na Suíça, começou suas pregações e contou com defesa pessoal contra as perseguições feitas pelos católicos. Calvino criou ensinamentos sobre uma disciplina eclesiástica mais dura e um culto com mais ordenamento que a Igreja Católica. Sua Igreja propunha uma organização obrigatória entre seus fiéis e os pastores deveriam observar os comportamentos dos fiéis. A hierarquia da Igreja Calvinista era dividida entre pastores, anciãos, diáconos e doutores. Eles criaram um rígido controle para sua comunidade e as atitudes consideradas imorais (como danças, bebidas alcóolicas e interpretações profanas) eram duramente criticadas. Entre os sacramentos mantidos por essa nova religião estava a eucaristia e o batismo. De acordo com a Igreja Calvinista, os seres humanos são marcados pela predestinação, ou seja, decisões divinas onde Deus teria traçado o caminho de cada pessoa antes do seu nascimento. Dessa forma, algumas já estariam salvase 27 outras condenadas. De acordo com Calvino (2006, p. 86-89): Então, na verdade, ainda mais solidamente nosso coração se solidifica, quando refletimos que somos arrebatados de admiração, mais pela dignidade do conteúdo do que pela graça da linguagem. Ora, isso não se deu sem a [...] providência de Deus, ou seja, que os sublimes mistérios do reino celeste fossem [...] transmitidos em termos de linguagem singela e sem realce [...]. Ora, quando essa simplicidade não burilada e quase rústica provoca maior reverência de si que qualquer eloquência de oradores retóricos, como há de julgar-se, senão que a pujança da verdade da Sagrada Escritura se manifesta de forma tão sobranceira, que necessidade nenhuma há do artifício das palavras? [...] porque a verdade se dirime de toda dúvida quando, não se apoiando em suportes alheios, por si só ela própria é suficiente para suster-se. Para Luizetto (1991, 44-46): A doutrina da predestinação é a marca distintiva do pensamento religioso de Calvino. Também é o ponto em que as suas ideias mais se distanciam tanto da doutrina católica das boas obras como da doutrina da justificação pela fé do luteranismo. Nas páginas da Instituição da Religião Cristã define nestes termos a noção de predestinação: ‘trata-se do eterno decreto de Deus com o qual sua Majestade determinou o que deseja fazer com cada um dos homens’. Na sequência do texto, esclarece que todos os homens são criados ‘em uma mesma condição e estado’; no entanto, ‘o eterno decreto de Deus’ estabelece que alguns homens conhecerão a bem- aventurança eterna, enquanto que outros sofrerão a condenação eterna. Portanto, ‘de acordo com a finalidade com que cada um é criado, dizemos que é predestinado ou à vida ou à morte’. O sinal da predestinação seria a prosperidade obtida através do trabalho. Essa religião começou a contar com forte presença de burgueses em ascensão que abraçaram o princípio da predestinação. Diferente de Lutero, que criou uma religião e contou com forte apoio da nobreza, João Calvino teve forte apoio da burguesia devido à sua doutrina de predestinação. Assim, o lucro, o trabalho e o esforço de cada indivíduo se tornaram parte da religião Calvinista. Essa religião se espalhou rapidamente por outras partes da Europa como, por exemplo, Holanda, França e Escócia. 2.4 A REFORMA NA INGLATERRA: O ANGLICANISMO A Reforma na Inglaterra foi liderada pelo rei Henrique VIII que, em 1527, solicitou a anulação do seu casamento ao papa para casar-se novamente com uma aristocrata chamada Ana Bolena. Roma recusou a anulação do casamento 28 devido a primeira esposa de Henrique VIII ser parente da família real católica espanhola. Devido a recusa do papado de anular seu casamento, foi estabelecida uma igreja independente de Roma na Inglaterra: a Igreja Anglicana. A Igreja Anglicana foi aprovada em 1534 pelo Ato de Supremacia e era uma Igreja vinculada ao poder do monarca inglês, no qual era seu chefe supremo e retirou os poderes papais do clero existente em territórios ingleses. O anglicanismo foi constituído por uma série de combinações entre elementos do catolicismo e do luteranismo que variou ao longo dos séculos. O celibato era voluntário do clero, foram mantidos a eucaristia e o batismo como sacramentos, condenou-se a venda das indulgências, as missas deveriam ser celebradas em inglês e crítica a venda de relíquias de santos. Figura 9: Henrique VIII Fonte: Aventuras na História. Disponível em https://bit.ly/3FmIXRH. Acessado em 23 de maio às 12h04. https://bit.ly/3FmIXRH https://bit.ly/3BvUlsh 29 2.5 A REFORMA CATÓLICA: A CONTRARREFORMA As críticas à Igreja Católica não se restringiram apenas aos protestantes, muitos clérigos católicos queriam uma profunda reforma da Igreja. Um desses críticos conhecidos foi Erasmo de Roterdã, em seu livro Elogio da loucura criticou profundamente o clero e pedia uma mudança de postura nas estruturas clericais. Devido a pressão de setores dentro da Igreja Católica, a igreja realizou uma série de alterações em suas instituições e procurou restabelecer alguns princípios. Essa atitude ficou conhecida como Contrarreforma e foi uma contra ofensiva a expansão das religiões protestantes no continente europeu. Entre as medidas tomadas foi realizado o Concílio de Trento, entre 1545 e 1563, que reuniu diversos representantes do clérigo católico europeu na cidade italiana de Trento. Teve como principal motivação renovar a afirmação da fé católica, esclarecer os católicos das críticas desenvolvidas pelos protestantes e reafirmar o poder papal. De Acordo com Siqueira (1998, p. 15): O Concílio de Trento desencadeou um processo de reordenação da própria Igreja Católica, conhecida como Reforma Católica. O papel da Igreja, do clero e dos leigos foi reavaliado, e tomaram-se medidas para assegurar a união de todos os cristãos e para tornar outros povos cristãos. A Reforma Católica assentou-se sobre três pilares: o Concílio de Trento (bases da fé), a Companhia de Jesus (missionarismo) e a Inquisição (vigilância contra a heresia). As três instituições são frutos do mesmo clima e das mesmas intenções, embora tenham sido instituídas em datas diferentes e não sequenciais. A formação do clero, a renovação dos costumes eclesiásticos, as praticas religiosas ganharam novo incentivo. O latim foi mantido como língua das liturgias, manteve-se a proibição do casamento pelo clero, manteve os sacramentos (batismo, crisma, eucaristia, matrimônio, confissão, ordem e extrema-unção), manteve-se o culto aos santos, a prática das indulgências, presença de imagens nas igrejas e reafirmou o dogma da infalibilidade papal. Diferente do que propunha as religiões protestantes, a salvação, de acordo com o Concílio, se daria devido aos esforços humanos e à graça de Deus. As boas ações e as práticas de moralidade estariam ligadas para os indivíduos alcançarem a salvação. Foi estabelecido o Tribunal do Santo Ofício, órgão que deveria julgar atos dos católicos considerados impróprios para a fé romana. Esse sistema ficou conhecido como Inquisição. Além disso, houve a elaboração de uma lista de livros proibidos 30 que deveriam ser retirados de circulação e proibida sua leitura entre os católicos, conhecida como index. Os reinos católicos auxiliavam o Tribunal do Santo Ofício na execução das penas dos condenados que poderiam ser degredados, prisões ou até mesmo execuções públicas. A disciplina eclesiástica sofreu alteração com o Concílio de Trento e com isso a venda de cargos eclesiásticos tornou-se proibida. Além disso, o papa teve seus poderes fortalecidos e com isso mantinha-se o sistema de hierarquia presente na Igreja. Em 1534, foi fundada a Companhia de Jesus, por Inácio de Loyola, que foi um importante instrumento da Contrarreforma. Seus integrantes ficaram conhecidos como jesuítas e sua organização interna assemelhava-se a órgãos militares. Eles tiveram um importante papel na catequização de povos da Ásia, África e América e na ação educativa dessas populações. De acordo com Vainfas (2013, p. 99): Em 1540, o papa Paulo III aprovou o instituto inaciano, e os jesuítas se lançaram ao Oriente português, sob a batuta de Francisco Xavier (1506-1552). No mesmo século, alcançaram a China, onde o padre Matteo Ricci (1552-1610) iniciou a adaptação do cristianismo à língua chinesa falada em Macau. Em 1549, chegaram ao Japão, onde Luís Fróes traduziu o cristianismo para a cultura local, experiência que terminou em tragédia, pois os jesuítas acabaram martirizados em 1638, após uma revolta de camponeses cristãos. No mundo atlântico, alcançaram o Congo ainda em 1548, favorecidos pela conversão do manicongo, o governantedo Reino do Confo, ao cristianismo. Logo se instalaram em Angola e fundaram o colégio de Luanda. Como no Oriente, traduzira o cristianismo para a cultura dos povos bantos. Essa missionação na África centro-ocidental põe em xeque a tese de que os escravos enviados ao Brasil desconheciam o cristianismo. Os jesuítas tiveram um importante papel na colonização da América até sua expulsão no final do século XVIII. Outro importante instrumento utilizado pela Contrarreforma foi a arte barroca. O Barroco aconteceu ao longo do século XVII e início do XVIII e foi caracterizado pelos exageros, profundidade, jogo de luz e sombras. Essas marcas devem-se a dualidade vivida pelo continente europeu entre a fé e a razão. Esse movimento de dualidade permitia que as pessoas refletissem. De acordo com Savelle (1968, p. 32) 31 Se a atenção do homem medieval se focalizava no céu, e a do homem da Renascença neste mundo, a atenção dos homens do século XVII estava voltada para dentro, residindo na natureza e nas emoções do próprio ser humano. A expressão cultural desse período introspectivo, centralizado no homem, é geralmente chamada Barroco. Em diversas vertentes artísticas o barroco se manifestou como a literatura, a escultura, as pinturas e teve como um dos seus principais artistas o italiano Caravaggio. 2.6 AS GUERRAS RELIGIOSAS NA EUROPA Devido ao conflito existente entre católicos e protestante, a Europa se tornou no século XVI e XVII cenário de diversas guerras religiosas. A religião tornou-se fator para acirramento político e de disputa no interior de cada país. Na França, a monarquia ficou do lado do catolicismo e encarregou-se de reprimir os protestantes. Entretanto, alguns nobres e setores da burguesia aderiram ao calvinismo e ficaram conhecidos como huguenotes. Em 1572, aconteceu um dos piores conflitos envolvendo católicos e protestantes em território francês: a Noite de São Bartolomeu. Por ordem da Rainha Catarina de Médici, 30 mil huguenotes foram mortos em Paris e seus arredores e aumentou o ódio entre católicos e protestantes. Alguns anos depois, em 1589, assumiu o trono francês o rei Henrique IV que era protestante, mas devido a pressão de setores católicos teve que renunciar ao protestantismo. Em 1598, foi assinado o Edito de Nantes onde garantiu a liberdade religiosa entre protestante nos territórios franceses. Posteriormente, Henrique IV foi assassinado por um católico e aumentou os conflitos entre católicos e protestantes nas décadas posteriores. Acesso em: dia mês ano. Além disso, indicamos que assistam o filme Lutero que retrata a vida do monge durante a Reforma Protestante disponível no seguinte link https://bit.ly/3DiXZpA. Acesso em: dia mês ano. https://bit.ly/3BiK56u https://bit.ly/3DiXZpA 32 Na Inglaterra, com a morte de Henrique VIII ocorreram diversas mudanças religiosas bruscas. Eduardo VI, que o sucedeu, estimulou os cultos anglicanos. Maria I restabeleceu o catolicismo como religião oficial na Inglaterra, causando sérios conflitos religiosos no país. Posteriormente, Elizabeth I declarou o anglicanismo como religião oficial da monarquia. Elizabeth I fortaleceu o anglicanismo como religião oficial, entretanto outros grupos religiosos presentes no território inglês fizeram várias críticas à política da rainha. Esse grupo era de calvinistas que ficaram conhecidos como puritanos porque acreditavam que tinham a missão de purificar a religião anglicana das tradições que mantinha do catolicismo. Outro grupo religioso que se opunha à fé anglicana foram os presbiterianos que reivindicavam uma remodelação da estrutura da Igreja anglicana com maior liberdade nas paróquias. Tanto puritanos quanto presbiterianos foram perseguidos pelo poder monárquico. Além deles, católicos mantinham uma oposição do controle da monarquia na Igreja, eles ficaram conhecidos como recusantes e com a ajuda de militares espanhóis conseguiram se rebelar na Irlanda entre os anos de 1579 a 1581. Após esse conflito, ocorreu uma intensificação da perseguição de católicos nos territórios ingleses e o culto católico passou a ser considerado uma afronta à monarquia inglesa e crime de alta traição. Como demonstração de poder da monarquia inglesa, em 1587, a rainha escocesa Maria Stuart, que tinha apoio da Espanha, foi condenada e executada com outros católicos. Mesmo após esse episódio, o conflito entre católicos e a casa monárquica não cessaram na Inglaterra e se intensificaram ao longo das décadas seguintes. Diferente do que acontecia no restante do continente europeu, nos países ibéricos (Espanha e Portugal) a presença protestante quase não foi sentida. Entretanto, a perseguição a judeus e a muçulmanos se intensificou nessa localidade durante o século XVI. A fé católica foi imposta a esses grupos que existiram nesses países e diversas punições e execuções foram feitas para condenar religiões que não fossem cristãs. Figura 10: Massacre de São Bartolomeu de François Dubois 33 Fonte: Wikipedia. Disponível em: https://bit.ly/3DdN2FS. Acessado em 23 de maio às 14h58. https://bit.ly/3DdN2FS 34 FIXANDO CONTEÚDO 1. (PUC - MG) Diante do avanço do protestantismo, o papa Paulo III convoca o XVIII Concílio Ecumênico da Igreja Católica, reunido em Trento, na Itália, a partir de 1545, apresentando como resultados, exceto: a) o reconhecimento do batismo e do casamento como únicos sacramentos válidos. b) a instituição dos seminários destinados à formação dos clérigos. c) o fortalecimento da autoridade pontifical através da infalibilidade do Papa. d) a adoção do latim como língua litúrgica oficial da Igreja Católica. e) a determinação do celibato clerical e o combate aos movimentos heréticos. 2. (Unifesp) Se um homem não trabalhar, também não comerá. Estas palavras de São Paulo, o Apóstolo, são mais condizentes com a ética do: a) catolicismo medieval. b) protestantismo luterano. c) protestantismo calvinista. d) catolicismo da Contrarreforma. e) anglicanismo elisabetano 3. (FCC-SP) O Ato de Supremacia, promulgado por Henrique VIII, na Inglaterra, contribuiu para: a) divulgar intensamente a doutrina calvinista no país, sobretudo na região da Escócia. b) iniciar a expansão externa, formando, assim, as bases do império colonial inglês. c) promover a reforma anglicana, ao mesmo tempo em que contribuiu para a centralização do governo. d) implantar o catolicismo no reino, o que foi acompanhado de repressão aos reformistas. e) restaurar os antigos direitos feudais, que foram limitados pela Magna Carta de 1215. 4. (PUC-Rio) - A Europa do século XVI assistiu ao surgimento de novas religiões cristãs, dentre as quais destacam-se a Luterana, a Calvinista e a Anglicana. A 35 despeito das características que conferem especificidade a cada uma delas, observam-se elementos que as aproximam entre si. Um desses elementos é a: a) celebração dos cultos nas línguas faladas pelos fiéis. b) ausência de hierarquia eclesiástica. c) tolerância em relação às demais religiões cristãs. d) afirmação da primazia da igreja sobre o Estado. e) crítica às estruturas sociais vigentes. 5. (Mackenzie) As transformações religiosas do século XVI, comumente conhecidas pelo nome de Reforma Protestante, representaram no campo espiritual o que foi o Renascimento no plano cultural; um ajustamento de ideias e valores às transformações socioeconômicas da Europa. Dentre seus principais reflexos, destacam-se: a) a expansão da educação escolástica e do poder político do papado devido à extrema importância atribuída à Bíblia. b) o rompimento da unidade cristã, expansão das práticas capitalistas efortalecimento do poder das monarquias. c) a diminuição da intolerância religiosa e fim das guerras provocadas por pretextos religiosos. d) a proibição da venda de indulgências, término do índex e o fim do princípio da salvação pela fé e boas obras na Europa. e) a criação pela igreja protestante da Companhia de Jesus em moldes militares para monopolizar o ensino na América do Norte. 6. (CESGRANRIO) A Europa Ocidental, nos séculos XV e XVI, sofreu diversas transformações políticas, econômicas e sociais. Sobre essas transformações podemos afirmar que: 1) O Humanismo e o Renascimento foram movimentos intelectuais e artísticos que privilegiaram a observação da natureza. 2) A Reforma Luterana, identificando-se com os segmentos camponeses alemães, difundiu-se em virtude da centralização do Estado alemão. 3) A Reforma Calvinista aproximava-se da moral burguesa, pois encorajava o trabalho e o lucro. 4) A reação da Igreja Católica, denominada Contra-Reforma, através do Concílio 36 de Trento (1545), tentou barrar o avanço protestante, alterando os dogmas da fé católica. As afirmativas corretas são: a) apenas l e 2. b) apenas l e 3. c) apenas l e 4. d) apenas 2 e 3. e) apenas 2 e 4. 7. (Esan-SP) Na Alemanha do século XVI, havia grande contradição entre o que a Igreja católica pregava e o que se praticava. Nos principados as dificuldades eram enormes. Os camponeses sentiam-se sobrecarregados de impostos. As cidades ansiavam por liberdade. O clero desprezava a missão espiritual. Muitos bispos levavam uma existência de prazer, o que ofendia os crentes sinceros e simples. Os abusos apontados no enunciado geraram o ambiente favorável à aceitação do novo credo sustentado por: a) Henrique VIII. b) João Knox. c) João Huss. d) João Calvino. e) Martinho Lutero. 8. (Unesp 2016) As reformas protestantes do princípio do século XVI, entre outros fatores, reagiam contra: a) a venda de indulgências e a autoridade do Papa, líder supremo da Igreja Católica. b) a valorização, pela Igreja Católica, das atividades mercantis, do lucro e da ascensão da burguesia. c) o pensamento humanista e permitiram uma ampla revisão administrativa e doutrinária da Igreja Católica. d) as missões evangelizadoras, desenvolvidas pela Igreja Católica na América e na Ásia. e) o princípio do livre-arbítrio, defendido pelo Santo Ofício, órgão diretor da Igreja Católica 37 ABSOLUTISMO E MERCANTILISMO 3.1 INTRODUÇÃO Desde a Idade Média, os reis começaram a buscar conquistar mais poder em relação as nobrezas locais. Na época da Baixa Idade Média, os reis aumentaram o número de seus funcionários e começaram a contar com um exército profissional. Os reis começaram a ser assessorados por conselheiros que ajudavam a estabelecer políticas econômicas e sociais para todo o reino. Esse aumento de poder real buscou intensificar a tributação e buscaram ter maior controle também sobre a Igreja. As finanças pessoais reais e do Estado começaram a se confundir. Essa forma de governo se intensificou entre os séculos XV ao XVIII e era a forma dominante dos reinos europeus, ela ficou conhecida como Absolutismo. A base de apoio do poder real absolutista durante a Idade Moderna era derivado das longas transformações decorrentes do feudalismo. Nobreza e burguesia começaram a apoiar a centralização política e o aumento do poder real, cada grupo com seus próprios interesses. A burguesia dependia das medidas reais para aumentar seus lucros e negócios, já a nobreza pedia ajuda do real para conter as revoltas camponesas que estavam se intensificando no período de transição entre a Idade Média e a Moderna. O rei para aumentar as riquezas do Estado procurou adotar diversas medidas econômicas que ficaram conhecidas como mercantilismo. Além disso, as práticas de colonização para o continente americano foram intensificadas nesse período. A exploração da América foi vista como uma forma dos reinos aumentarem suas economias. Erro! Fonte de referênci a não encontra da. 38 Figura 11: O terceiro estado sustentando a nobreza e o clero Fonte: Guia e estudo. Disponível em: https://bit.ly/3uJUk0Y. Acessado em 24 de maio de 2021 às 11h32. 3.2 TEÓRICOS DO ABSOLUTISMO Os regimes absolutistas foram sustentados com apoio do clero, da nobreza, da burguesia e a exploração do restante da população. Para justificar o aumento dos seus poderes, os reis precisavam de teorias que justificassem esse aumento de poder e que defendessem a ideia que um rei forte conseguiria suprir os problemas da população. Esses intelectuais que pensaram nessas teorias ficaram conhecidos como teóricos absolutistas. Um dos primeiros teóricos foi Nicolau Maquiavel, que escreveu a obra O príncipe e defendeu a ideia que o poder do Estado era mais importante que os https://bit.ly/3uJUk0Y 39 indivíduos que o compunham. Para Maquiavel, apenas um rei dotado de inúmeros poderes conseguiria resolver os problemas políticos e econômicos da sociedade (MAQUIAVEL, 2006). Maquiavel defendia ainda que não política não importava do indivíduo ser ético ou não. Para ele, questionar a ética na esfera política era algo dos valores cristãos que buscavam suprimir o poder de decisão do soberano (MAQUIAVEL, 2006). Thomas Hobbes, na Inglaterra, escreveu o livro Leviatã que acreditava que a tendência natural da sociedade era viver em conflito de todos contra todos, apenas por um “contrato” social entre a realeza e a população poderia haver um Estado forte que equilibraria os problemas sociais. De acordo com o autor: A única maneira de instituir um tal poder comum, capaz de os defender das invasões dos estrangeiros e das injúrias uns dos outros, garantindo-lhe assim uma segurança suficiente para que, mediante o seu próprio labor e graças aos frutos da terra, possam alimentar-se e viver satisfeitos, é conferir toda a sua força e poder a um homem, ou a uma assembleia de homens, que possa reduzir suas diversas vontades, por pluralidade de votos, a uma só vontade. O que equivale dizer: designar um homem ou uma assembleia de homens como representante das suas pessoas, considerando-se e reconhecendo-se cada um como autor de todos os atos que aquele que representa a sua pessoa praticar ou levar a praticar, em tudo o que disser a respeito à paz e à segurança comuns; todos submetendo assim as suas vontades à vontade do representante, e as suas decisões à sua decisão. Isto é mais do que consentimento, ou concórdia, é uma verdadeira de unidade de todos eles, numa só e mesma pessoa, realizada por um pacto de cada homem com todos os homens [...]. Feito isto, a multidão assim unida numa só pessoa chama-se Estado, em latim, civitas. É esta a geração daquele grande Leviatã, ou antes daquele Deus Mortal, ao qual devemos, abaixo do Deus Imortal, a nossa paz e defesa.[...] É nele que consiste a essência do Estado, a qual pode ser assim definida: uma pessoa que, mediante pactos recíprocos uns com os outros, foi instituída por cada um como autora, de modo a ela poder usar a força e os recursos de todos, da maneira que considerar conveniente, para assegurar a paz e a defesa comum. (HOBBES, Acessado em 24 de maio de 2021 às 11h25) Já na França, o principal teórico do absolutismo foi Jacques Bossuet que defendia a origem divina do poder do rei. Tal pensamento esteve presente na sua obra Política segundo a Sagrada Escrita que acreditava que Deus tinha dado poder político aos reis e lhe davam uma autoridade incontestável e ilimitada de decisões em diferentes planos da sociedade. Desta forma, o poder real era divino e derivado de Deus, sendo um poder superior a qualquer pessoa e considerado sagrado. De40 acordo com Bossuet (1994, p. 67), “como não há poder público sem a vontade de Deus, todo governo, seja qual for sua origem, justo ou injusto, pacífico ou violento, é legítimo, todo depositário de autoridade, seja qual for, é sagrado; revoltar-se contra ele é cometer sacrilégio”. Bossuet (1994, p. 62) ainda completa que Três razões fazem ver que este governo é o melhor. A primeira é que é o mais natural e se perpetua por si próprio... A segunda razão... é que esse governo é o que interessa mais na conservação do Estado e dos poderes que o constituem: o príncipe, que trabalha para o Estado, trabalha para os seus filhos, e o amor que tem pelo seu reino, confundindo com o que tem pela sua família, torna-se-lhe natural... A terceira razão tira-se da dignidade das casas reais... A inveja, que se tem naturalmente daqueles que estão acima de nós, torna-se aqui em amor e respeito; os próprios grandes obedecem em repugnância a uma família que sempre viram como superior e à qual se não conhece outra que se possa igualar... O trono real não é o trono de um homem, mas o trono do próprio Deus... Os reis... são deus e participam de alguma maneira da independência divina. O rei vê de mais longe e de mais alto; deve acreditar-se que ele vê melhor, e deve obedecer-se-lhe em murmurar, pois o murmúrio é uma disposição para a sedição. Além dos teóricos do absolutismo, diversas normas de comportamento foram criadas para distinguir a nobreza e o clero dos demais grupos da sociedade. Essas normas de comportamento buscavam mostrar que a nobreza era ‘civilizada’ comparada com o restante do povo que era considerado com um estilo de vida ‘rústico’. Forma de falar, de se vestir, horários para cada coisa, gesticular foram criados como conduta distintiva para grupos sociais do primeiro e segundo estado. Para Burke (1994, p. 101-102): Os observadores registravam que todos os atos do rei eram planejados ‘até o mínimo gesto’. Os mesmos eventos se produziam todos os dias nas mesmas horas, a tal ponto que uma pessoa poderia acertar seu relógio pelo rei. Havia normas formais para a participação nesse espetáculo – quem tinha direito a ver o rei, a que horas e em que partes da corte, se tal pessoa podia se sentar numa cadeira ou num tamborete (....) ou tinha que permanecer de pé. [...] Luís esteve no palco durante quase toda a sua vida [...]. Os objetos matérias mais intimamente associados ao rei também se tornavam sagrados. [...] Assim, era uma ofensa dar as costas ao retrato do rei [...], entrar em seu quarto de dormir vazio sem fazer uma genuflexão ou conservar o chapéu na sala em que a mesa está posta para o seu jantar. Essas condutas de comportamento foram apoiadas pelos intelectuais, filósofos e cientistas da época como uma forma de ‘civilizar’ as pessoas que eles consideravam ‘incultas’. Desta forma, além dos poderes políticos que a autoridade 41 real carregava, o rei tinha a missão de ‘civilizar’ seu reino. 3.3 O ABSOLUTISMO NA FRANÇA A centralização política na França teve início a partir do século X com a dinastia carolíngia. Após a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), esse processo de centralização de poder foi acelerado com a dinastia de Valois e posteriormente com a dinastia dos Bourbon. Essa última dinastia foi a que teve o maior apogeu do regime absolutista sua decadência após a Revolução Francesa (1789). No reinado do Luís XIII (1610-1643) o absolutismo foi reforçado graças a política do seu primeiro-ministro Richelieu, onde aconteceu a diminuição do poder da nobreza. Após esse reinado, a França ajudou em processos políticos europeus importantes como a Restauração Portuguesa (1640), a independência da Holanda e na Guerra dos Trinta Anos. Portugal ficou sobre domínio espanhol de 1580 a 1640 e só conseguiu recuperar sua independência em 1640. A Holanda conseguiu obter a independência da Espanha apenas em 1581, a casa de Habsburgo (casa reinante da Espanha) não reconheceu o processo de independência e entrou em um conflito que só terminou em 1648. A Casa de Habsburgo sofreu diversos conflitos em território europeu e todos eles a França estava envolvida. Em 1618, nobres da Áustria e da Boêmia se rebelaram contra o imperador Fernando de Habsburgo, do Sacro Império Romano- Germânico. Esse processo deu início a Guerra dos Trinta Anos que envolveu diversos países europeus. Em 1648, o conflito terminou com a assinatura do Tratado de Westfália que teve como resultados a perda da hegemonia espanhola na Europa, a consolidação da Suécia enquanto potência na região báltica, maior autonomia aos Estados Alemães e a França se tornou uma potência em ascensão no cenário europeu. Em 1643, assumiu o trono francês Luís XIV (1643-1715), período que o absolutismo teve seu maior apogeu. Ele assumiu o trono com apenas cinco e o poder foi exercido pelo seu ministro, o cardeal Mazarino. Esse político conseguiu sufocar as revoltas dos nobres que não aceitavam a centralização política no país. Com a morte do cardeal em 1661, Luís XIV assume a política externa e interna da França. 42 Como ministro da economia francês foi escolhido Jean-Baptiste Colbert que ficaria responsável pelo aumento da produção francesa na manufatura. Foi criado um exército real permanente e com rígida disciplina. Ele reforçou a ideologia de Bossuet sobre a figura sagrada dos reis e revogou o Édito de Nantes, onde voltou a prática de perseguição aos protestantes. Com a volta dos conflitos entre católicos e protestantes, diversos nobres e burgueses huguenotes deixaram o país e isso abalou a economia francesa. Além disso, no plano de política externa, a França se envolveu em diversos conflitos com a Inglaterra que abalaram mais sua economia que estava entrando em ruínas. De acordo com Elias (2001, p. 88-89): Em sua juventude, Luís XIV havia sentido na própria pele o quanto pode ser perigoso para a posição do rei quando as elites [...] superam seus antagonismos mútuos e se juntam para agir contra o rei. Talvez ele também tenha aprendido a partir da experiência dos reis ingleses, que deviam as ameaças e o enfraquecimento de suas posições à oposição de grupos nobres e burgueses reunidos. Em todo caso, faziam parte das máximas mais rigorosas de sua estratégia de dominação o fortalecimento e a estabilização das diferenças existentes, das contraposições e rivalidades entre as ordens, especialmente entre as elites de cada ordem, e dentro delas, entre os diversos níveis e patamares de sua hierarquia de prestígio e de status. Era algo evidente [...] que as contraposições e os ciúmes entre os grupos de elite mais poderosos de seu reino constituíam algumas das condições fundamentais da abundância de poder do rei, a qual se expressa em conceitos como ‘irrestrito’ ou ‘absolutista’. O longo reinado de Luís XIV contribui muito para que a rigidez e o rigor específicos, suscitados pelo uso constante da diferenciação de ordens e de níveis sociais como instrumentos de dominação do rei, tornem-se perceptíveis também nos pensamentos e na sensibilidade dos próprios grupos, como um traço de caráter essencial de suas convicções. Graças a tal enraizamento nas convicções, nas valorações e nos ideais dos súditos – da competição acirrada em termos de nível, status e prestígio – as tensões e os ciúmes surgidos e exacerbados entre as diferentes ordens e níveis sociais, e especialmente entre as elites rivais dessa sociedade articulada hierarquicamente, reproduziam-se como uma máquina em movimento no vazio, renovando-se sempre. Luís XIV ficou conhecido como Rei Sol e lhe é atribuída a frase “o Estado sou Eu”, que expressaria o controle de todas as diretrizes de forma absoluta por uma única pessoa. O culto à imagem ganhou muita força durante o seu reinado. De acordo com Ribeiro (1994,p. 06-08): Se a propaganda é meio de assegurar submissão ou o assentimento a um poder, há, porém, vários modos de efetuá-la. Pode ser, como Luís 14, pela glória, ingressando os súditos com a vitória, o prestigio, a 43 grandeza do rei. Pode ser alardeando a proteção, num modelo paternalista, que tutela o povo. [...] Nossa sociedade talvez ainda esteja na mesma galáxia cultural inaugurada por Luís 14. [...] Não deixa de ser interessante, acostumados que estamos a considerar o Antigo Regime como um tempo remoto, objeto só de nossa curiosidade, perceber que em algum ponto a fábula fala de nós. E que nossa sociedade continua marcada pela retórica e a teatralidade que Luís 14, 300 anos atrás, inventou. Uma outra forma de ostentação de poder exercida por Luís XIV foi a construção do palácio de Versalhes, onde foram dadas grandes festas para a nobreza e o clero. Além da criação de academias e patrocínio de diversos artistas e intelectuais em várias áreas artísticas como, por exemplo, pintura, ciências, literatura e arquitetura. Vale assinalar, que muitas obras produzidas nesse momento acabaram exercendo uma forma de crítica a coroa francesa pela sua vida de soberba e luxuosidade devido aos gastos para a manutenção das festas e do próprio palácio de Versalhes. Figura 12: Luís XIV da França Fonte: Wikipedia. Disponível em: https://bit.ly/3Dj2YGO. Acessado em 24 de maio de 2021 às 14h49. Após a morte de Luís XIV, quem o sucedeu foi seu neto Luís XV (1715-1774) que em sua administração intensificou os gastos com conflitos internacionais como, por exemplo, a Guerra dos Seis Anos (1756). Esse conflito trouxe uma humilhação https://bit.ly/3Dj2YGO 44 para a França que ao perder parte de suas colônias na América. Em 1754, subiu ao poder Luís XVI (1754-1793) onde a crise social se intensificou no país e levou à eclosão da Revolução Francesa (1789) que acabou com a sociedade do Antigo Regime. 3.4 O ABSOLUTISMO NA INGLATERRA Os reinados de Henrique VIII, como vimos anteriormente, e de sua sucessora, sua filha, Elizabeth I, o parlamento inglês tornou-se um instrumento de intensificação de poder nas mãos dos soberanos. O parlamento não tinha uma regularidade de convocação e eram adotadas medidas com pouco impacto popular (aumento de tributos e expropriação de terras). Com a morte da rainha Elizabeth I, em 1603, acabou a dinastia Tudor e subiu ao trono seu primo, Jaime I da Escócia. Em seu reinado, aconteceu a intensificação da perseguição religiosa de puritanos e calvinistas que migraram para as colônias na América. O seu sucessor, Carlos I (1625-164) entrou em diversos conflitos com o Parlamento e, em 1628, foi aprovado pelo Parlamento uma Petição de Direito que começou a limitar os poderes do rei. Diante disso, o rei mandou fechar o Parlamento, em 1629, que só foi novamente convocado em 1640. Com o aumento de tributos, expropriação de terras e imposição da religião anglicana. A sociedade se dividiu em dois grupos: os cavaleiros que eram proprietários de terras, católicos e anglicanos favoráveis as autoridades do rei; e os cabeças redondas que eram pequenos proprietários, calvinistas e presbiterianos que eram partidários das decisões do Parlamento. Esse conflito levou a uma guerra civil que começou em 1640 e terminou apenas em 1649 com a vitória do grupo ligado ao parlamento com a liderança de Oliver Cromwell. O rei foi executado, a monarquia abolida e a república instituída com a liderança de Oliver Cromwell. Foi montado um conselho de Estado com 41 membros sobre que tinha a supervisão da Câmara dos Comuns e a Câmara dos Lordes foi extinta. Com o apoio do Exército, Cromwell impôs uma ditadura pessoal na Inglaterra e subordinou o Conselho e a Câmara dos Comuns aos seus mandos e desmandos. 45 A indústria naval inglesa foi desenvolvida nesse momento após a aprovação do Ato de Navegação. Isso levou a Inglaterra a aumentar sua frota naval que começou a rivalizar com a da Holanda, desencadeando um conflito entre os dois países na qual os ingleses saíram vitoriosos. Em 1658, Cromwell veio a falecer e o país entrou em uma crise política até 1660. O novo Parlamento restaurou a monarquia e coroaram o filho de Carlos I como novo rei inglês, cujo nome foi Carlos II (1640-1685). Carlos II buscou aumentar o poder absoluto do rei inspirado no modelo francês. O parlamento dividiu-se em um grupo de maioria burguesa que defendia o parlamento e eram contrários ao rei (Whigs) e outro formado por anglicanos que defendiam os poderes absolutos do rei (Tories). O rei veio a falecer em 1685 e não deixou herdeiros ao trono, quem assumiu foi seu irmão Jaime II. Ele era católico e defensor do absolutismo, causando uma revolta nas duas alas existentes no Parlamento inglês. Em 1688, teve início a Revolução Gloriosa no qual os dois partidos se uniram contra o rei e se aliaram a Guilherme de Orange, que era marido da filha de Jaime, governante da Holanda e protestante. Com apoio dos parlamentares, Guilherme de Orange, invadiu a Inglaterra em 1688 e fez com que o rei Jaime II fugisse para a França. Guilherme assumiu o trono inglês com o título de Guilherme III e jurou a Declaração de Direitos (Bill of rights), que obrigava o rei a respeitar as leis, liberdades individuais, o parlamento e reduzia a autoridade real. Na Declaração de Direitos foram assinalados que: 1, Que é ilegal o pretendido poder de suspender leis, ou a execução de leis, pela autoridade real, sem o consentimento do Parlamento. 2. Que é ilegal o pretendido poder revogar leis, ou a execução de leis, por autoridade real, como foi assumido e praticado em tempos passados. 3. Que a comissão para criar o recente Tribunal de comissários para as causas eclesiásticas, e todas as outras comissões e tribunais de igual natureza, são ilegal e perniciosos. 4. Que é ilegal a arrecadação de dinheiro para uso da Coroa, sob pretexto de prerrogativa, sem autorização do Parlamento, por um período de tempo maior, ou de maneira diferente daquele como é feito ou outorgada. 5. Que constitui um direito dos súditos apresentarem petições ao Rei, sendo ilegais todas as prisões ou acusações por motivo de tais petições. 6. Que levantar e manter um exército permanente dentro do reino em tempo de paz é contra lei, salvo com permissão do Parlamento. 7. Que os súditos que são protestantes possam ter armas para sua defesa adequada a suas condições, e permitidas por lei. 46 8. Que devem ser livres as eleições dos membros do Parlamento. 9. Que a liberdade de expressão, e debates ou procedimentos no Parlamento, não devem ser impedidos ou questionados por qualquer tribunal ou local fora do Parlamento. 10. Que não deve ser exigida fiança excessiva, nem impostas multas excessivas; tampouco infligidas punições cruéis e incomuns. 11. que os jurados devem ser devidamente convocados e nomeados, e devem ser donos de propriedade livre e alodial os jurados que decidem sobre as pessoas em julgamentos de alta traição. 12. Que são ilegais e nulas todas as concessões e promessas de multas e confiscos de pessoas particulares antes da condenação. 13. E que os parlamentos devem reunir-se com frequência para recuperar todos os agravos, e para corrigir, reforçar e preservar as leis (ISHAY, 2006 p. 171-173). Além disso, foi aprovado o Ato de Tolerância dando liberdade religiosa ao país. Dessa forma, o Parlamento saiu vitorioso na disputa contra o absolutismo real existente na Inglaterra nesse momento. Esse processo intensificou o desenvolvimento da burguesia manufatureira em ascensão no país. 3.5 O MERCANTILISMO As atividades econômicas desenvolvidas pelas monarquias absolutistas europeias durante os séculos XV ao
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