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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Anexo 3 Tema 3: Estrutura Cristalina e Propriedades Mecânicas das Ligas Ferrosas Estrutura ccc – é uma estrutura de um cubo com um átomo central e um oitavo de átomo em cada vértice, possuindo, portanto, o equivalente a 2 átomos dentro da célula unitária cúbica, uma vez que tem 1 inteiro no centro e 8/8 nos vértices, que somando constituem 2 átomos. Isso se deve a forma com que os planos de átomos foram se empilhando no processo de solidificação da liga fundida. Esse empilhamento gera uma ocupação em volume na célula cúbica expressa como Fator de Empacotamento (FE). No caso da estrutura ccc, o FE é de 0,68, ou seja, 68% do volume interno da célula cúbica é preenchida por átomos, ficando com 32% de vazios, o que confere a estrutura maleabilidade. Figura 1. Estrutura ccc. Ciência dos Materiais. O fator de empacotamento é obtido pela divisão do volume ocupado pelos átomos pelo volume da célula unitária: Onde: FE = fator de empacotamento N = número de átomos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 r = raio atômico a = aresta de célula unitária Nessa expressão, temos duas incógnitas, que seria r e a. Portanto, para obter um valor, teremos de achar uma relação entre essas incógnitas. A relação sai da relação direta entre o raio do átomo contido na célula e sua aresta. No caso da estrutura ccc, a relação sai em função trigonométrica, envolvendo o átomo central e as arestas. No caso, a relação será obtida da seguinte expressão: De onde: Figura 2. Relação entre aresta e raio estrutura ccc. Willian F. Smith. Introdução a Ciência e Tecnologia dos Materiais. O FE ficará, então: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Estrutura cfc – é uma estrutura de um cubo com um átomo centralizado em cada face e um oitavo de átomo em cada vértice, possuindo, portanto, o equivalente a 4 átomos dentro da célula unitária cúbica, uma vez que tem 6/2 nas faces e 8/8 nos vértices, que somando constituem 4 átomos. No caso da estrutura cfc, o FE é de 0,74, ou seja, 74% do volume interno da célula cúbica é preenchida por átomos, ficando com 26% de vazios, o que confere à estrutura maior resistência mecânica. Figura 3. Estrutura cfc. Ciência dos Materiais. A relação entre a e r da estrutura cfc será obtida da seguinte expressão: (4𝑟)2 = 2𝑎2 𝑎 = 2𝑟 √2 O FE ficará, então: 𝐹𝐸 = 4.4 3⁄ .𝜋.𝑟 3 (2.𝑟 √2 ⁄ ) 3 𝐹𝐸 = 0,74 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Figura 4. Relação entre aresta e raio estrutura ccc. Willian F. Smith. Introdução a Ciência e Tecnologia dos Materiais. Figura 5. Estrutura hc. Willian F. Smith. Introdução a Ciência e Tecnologia dos Materiais. Estrutura hc – é uma estrutura de um hexágono com três átomos internos, dois átomos centralizados nas faces superior e inferior e 1/6 de átomos nos vértices das faces superior e inferior, possuindo, portanto, o equivalente a 6 átomos dentro da célula unitária cúbica, uma vez que tem 3 átomos internos, 2/2 nas faces e 6/6 nos vértices, que somando constituem 6 átomos. No caso da estrutura hc, o FE é o mesmo da estrutura cfc, cujo valor é 0,74, ou seja, 74% do volume interno da célula cúbica é preenchida por átomos, ficando com 26% de vazios, o que confere a estrutura maior resistência mecânica. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Observando a figura a seguir representando a célula cfc e a hc, temos que ambas têm empacotamentos equivalentes: Figura 6. Relações de empacotamentos cfc e hc. Ciência dos Materiais. Comparando as três estruturas cristalinas anteriores, é possível observar que a estrutura ccc tem mais vazios e menos átomos equivalentes dentro da célula unitária que as outras, tendo, então, maior capacidade de absorção de impacto e sendo mais maleável. As estruturas cfc e hc são mais duras que a ccc, porém, muito embora tenham o mesmo teor de vazios, possuem durezas diferentes, sendo a hc mais dura, pois tem mais átomos equivalentes dentro de sua célula unitária. Assim, a estrutura cristalina que compõe uma liga ferrosa, ou a composição de estruturas cristalinas, interferirá em suas propriedades mecânicas. Mas quais são essas propriedades? Quais seriam as propriedades de interesse para a engenharia? Veremos isso na sequência. Propriedades Mecânicas As ligas metálicas ferrosas apresentam, conforme já descrito anteriormente, propriedades mecânicas variáveis em função da estrutura cristalina e composição de liga. Para trabalharmos esses conceitos, é necessário definir primeiro as propriedades de interesse em projetos de engenharia. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Essas propriedades são: Dureza – é a capacidade do material de resistir a penetração de corpos rígidos. É diretamente relacionada com a densidade de átomos no interior do material. As geometrias mais comuns e ensaios de dureza são apresentados na tabela a seguir. Figura 7. Tabela de ensaios de dureza. Ciência dos Materiais. Muitas vezes, a especificação de um projeto com relação à dureza é expressa em uma unidade diferente de Brinell (HB ou BHN). Nesse caso, é necessário fazer a conversão usando tabelas como as mostradas a seguir. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Elasticidade – capacidade que o material tem de voltar às suas dimensões originais após cessar a tensão aplicada. Limite de Resistência à Tração – limite que o material resiste a uma tensão de tração aplicada, após o que se inicia a trinca. Limite de Resistência à Flexão – limite que o material resiste a uma tensão de flexão aplicada, após o que se inicia a trinca. Limite de Resistência à Compressão – limite que o material resiste a uma compressão aplicada, após o que se inicia a trinca. Limite de Ruptura – limite que o material resiste a uma tensão aplicada, após o que se rompe. Essas propriedades podem ser obtidas em tabelas ou em gráficos de ensaios mecânicos, chamados diagramas de tensão vs deformação. Figura 8. Diagrama tensão vs deformação. Hibbeler. Resistência dos Materiais. Observe que nesse diagrama se encontram duas regiões principais, chamadas: zona elástica e zona plástica. Na zona elástica, cessando a tensão aplicada, o material retornará às suas dimensões originais, ficando com deformação nula. Na região plástica, após cessar a tensão o material CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 apresentará uma deformação residual, que será tanto maior quanto maior for a tensão aplicada. Alguns pontos são importantes nesse gráfico. O primeiro é o limite de elasticidade (p), após o qual inicia uma região de transição entre comportamento elástico e plástico (fs a fi), em uma região de fluência, seguindo uma região de comportamento plástico proporcional a tensão aplicada, até atingir um limite de resistência à tração (T), onde se encontra a máxima tensão que pode ser aplicada aomaterial antes que comece a iniciar a trinca. Após esse ponto, a deformação continua com tensões menores aplicadas até o ponto onde o material se rompe, chamado limite de ruptura (k). Tenacidade à fratura – é a capacidade que o material tem de absorver um impacto sem romper. Essa propriedade é obtida em ensaios de impacto Charpy. Nesse ensaio, um pêndulo com massa definida é solto de uma determinada altura e atinge uma amostra com entalhe em V, fraturando-a. Conhecendo a massa do pêndulo e a altura da qual foi solto, se pode determinar a energia de impacto que a amostra absorveu, que é a tenacidade. Fonte: www.ebah.com.br CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Fonte: www.mspc.eng.br Figura 9. Figura esquemática de um Ensaio Charpy. A tabela a seguir apresenta a dureza Brinell e o limite de resistência à tração de algumas ligas ferrosas. É interessante observar que a dureza se relaciona com o imite de resistência à tração, sendo frequentemente diretamente proporcionais. Tabela 1 – Tabela de dureza Brinell e limite de resistência a tração. Ciência dos Materiais. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Figura 10. Diagrama de relação entre dureza e limite de resistência a tração. William Callister. Fundamentos de Ciência e Engenharia de Materiais. A seguir, temos os diagramas tensão deformação para diversos tipos de aços. O limite de resistência à tração e o limite de ruptura são obtidos diretamente do gráfico. O módulo de elasticidade, também conhecido como módulo de Young, é obtido pela razão entre a tensão aplicada em um material e a deformação que ele sofre. Esses dados são de grande importância em projetos de engenharia, principalmente no quesito de prevenção contra falhas. Tabelas também oferecem esses dados. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Figura 11. Diagrama tensão vs deformação para diversos aços. Willian F. Smith. Princípios de Ciência e Engenharia dos Materiais. Na tabela a seguir, constam o módulo de elasticidade (E), o limite de elasticidade (LE) e o Limite de Ruptura (LR) para aços. Observe que, normalmente, um módulo de elasticidade maior leva a um limite de elasticidade maior e a um limite de ruptura também maior. Tabela 2 – Propriedades mecânicas de ligas ferrosas. Ciência dos Materiais. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Aplicação dos Conceitos Supondo que se deseja selecionar uma liga ferro carbono para um projeto que exige um limite de resistência à tração maior que 750MPa, um limite de elasticidade maior que 600MPa e uma dureza Brinell maior que 200, que ligas ferrosas podem ser pré-selecionadas para esse projeto? Levando em consideração as tabelas e gráficos apresentados, podemos pré-selecionar as seguintes ligas: Aço LRT LE HB SAE 8630 800 680 220 SAE 410 800 700 250 Aço Ferramenta SAE L2 1550 1380 HB>250 Saiba mais sobre ensaios mecânicos, assistindo aos vídeos recomendados: Ensaio de tração https://www.youtube.com/watch?v=wgoU-UJpj90 https://www.youtube.com/watch?v=4bokS5qZN1w Ensaio de dureza https://www.youtube.com/watch?v=vfDpcMyvOc8 https://www.youtube.com/watch?v=8ADxiWn_UYc Ensaio Charpy https://www.youtube.com/watch?v=hZOdLtqF634 https://www.youtube.com/watch?v=hfp4xz3BxpU Ensaio de flexão https://www.youtube.com/watch?v=2vgisDsh_5c https://www.youtube.com/watch?v=vlzvJlkQUV0
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