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Classificação dos Silicatos Profa. Dra. Cristiane Heredia Gomes Os silicatos • De todas as classes minerais a mais importante é a dos silicatos a qual pertencem mais de 90% dos minerais formadores de rochas. Os silicatos são 40% dos minerais mais comuns, bem como 25% dos minerais conhecidos. • A unidade fundamental sobre a qual se baseia a estrutura de todos os silicatos é um tetraedro, onde os vértices são ocupados por íons de oxigênio rodeando um íon de silício. Esta forma geométrica é denominada de Tetraedro de sílica. A ligação que une estes íons é 50% iônica e 50% covalente. Química Cristalina Para entender como os minerais interagem entre si é necessário compreender a química cristalina dos grupos de minerais. É necessário também saber: o intervalo de composição química para o grupo de minerais específicos; como a composição química afeta o equilíbrio do mineral; como tudo isto afeta a estabilidade dos minerais. Estruturas cristalinas e seus determinantes São arranjos regulares, tridimensionais, de átomos no espaço - A regularidade com que os átomos se agregam nos sólidos decorre de condições geométricas impostas pelos átomos envolvidos, pelo tipo de: - ligação atômica; - neutralidade eletrostática; - configuração geométrica (empacotamento). •São descritas através de um conceito geométrico chamado REDE ESPACIAL. Relembrar é viver! • A natureza das ligações químicas • 1. Ligações iônicas: ocorre quando os íons estão unidos na estrutura do cristal pela atração de suas cargas eletrostáticas opostas. Os cristais mantidos por ligações iônicas têm dureza e densidade moderadas e pontos de ebulição e fusão altos. Exemplo: halita - Na+Cl- • 2. Ligações covalentes: é quando os elementos compartilham um elétron. Esta é a ligação química mais forte e os cristais resultantes possuem alta dureza, são bons condutores e são pouco solúveis. Exemplo: diamante - C • 3. Ligações metálicas: é quando todos os elétrons são compartilhados, o cristal se comporta como uma nuvem eletrônica. Nos minerais, este tipo de ligação é responsável pelo brilho metálico, dureza, ponto de ebulição e fusão baixos, ductibilidade, sectibilidade e maleabilidade. Exemplo: ouro nativo Au • A propriedade que melhor explica a tendência dos elementos ligarem-se ionicamente ou por covalência é a eletronegatividade: quando houver pequena diferença de eletronegatividade entre dois elementos a tendência é ocorrerem ligações covalentes; quando a diferença de eletronegatividade for grande a ligação será iônica. O elemento de maior eletronegatividade da tabela periódica é o flúor com eletronegatividade 4 REDE ESPACIAL - arranjos tridimensionais reais para pontos idênticos no espaço. •Cada estrutura cristalina é baseada numa das possíveis redes espaciais. •Podem ser explicadas pelo modo como os poliedros de coordenação se agrupam, a fim de minimizar a energia do sólido. •É um arranjo infinito, tridimensional de pontos, em que cada ponto tem vizinhanças idênticas. •Os pontos da rede podem ser arranjados de 14 modos diferentes, chamados de redes de Bravais. •É importante notar que mais de um átomo pode estar associado a cada ponto da rede, mas para cada átomo ou grupo de átomos num ponto da rede deve haver, em outro ponto qualquer da rede, idêntico átomo ou grupo de átomos, com a mesma orientação, a fim de satisfazer à definição de rede espacial. Célula unitária modelo unitário repetitivo da rede espacial. Requisitos: Ânions densamente empacotados; Cátions em contato com o > número possível de ánions Interações eletrostáticas atrativas + eficientes, evitando repulsões e mantendo a estrutura estável. A ESTABILIDADE da estrutura cristalina é fundamental para a existência de um mineral: Geométrica: tamanho relativo dos íons e modo de empacotamento; Elétrica: equilíbrio eletrostático = Σ cargas (+) e (-) = 0 Poliedros de Coordenação Conceitos cristaloquímicos básicos • Quando íons de cargas opostas se unem para formar um estrutura cristalina na qual as forças são predominantemente eletrostáticas, cada íon tende apanhar para si, ou coordenar, tantos íons de sinal oposto quantos lhe permite o seu tamanho. • Os íons coordenados (ou unidos) agrupam-se em torno de um íon coordenador central formando poliedros de coordenação. • O número de ânions que cerca um determinado cátion necessário para formar a estrutura mais compacta possível para aquele arranjo chama-se número de coordenação. • O número de coordenação é a razão entre o raio iônico do cátion e o raio iônico do ânion, logicamente depende dos tamanhos relativos dos íons coordenados podendo as substâncias serem agrupadas segundo seus números de coordenação: Poliedros de Coordenação Arranjos geométricos de ânions e cátions interconectados dentro de uma estrutura mineral. Há 5 tipos principais de poliedros de coordenação: 3 Número de Coordenação •Chama-se o número de ânions em torno de cátion coordenador central (e vice-versa) de NÚMERO DE COORDENAÇÃO (N.C); •O número de coordenação (N.C) de um determinado íon resulta da relação entre os respectivos Raios Iônicos (R.I) = R+/R-; •Para efeito de cálculo, admite-se que os íons se comportem como esferas rígidas. Portanto o arranjo geométrico dos ânions e cátions na estrutura de um mineral é representado pelos poliedros de coordenação e a configuração do poliedro depende dos raios iônicos do cátion e do ânion e do número de ânions ao redor do cátion. Exemplo: se a relação entre os raios iônicos estiver entre 0,22 e 0,41 a máxima compacticidade será obtida quando cada íon estiver cercado por quatro íons de sinal contrário. O poliedro de coordenação formado será um tetraedro e o número de coordenação será 4. A posição ocupada pelos íons é associada aos vértices de um poliedro regular, chamado de POLIEDRO DE COORDENAÇÃO. Variação do raio iônico (RI) em função do número de coordenaçnao (NC) Ânions Cations Coordenação 3 Encontrado somente em carbonatos! Malaquita (CuCO3) Dolomita: CaMg(Co3)2 Cerussita (PbCO3) Calcita (CaCO3) Siderita (FeCO3) Rodocrosita (MnCO3) •Poliedro mais simples é o trigonal planar. Coordenação 4 Tetraédrica, coordenação comum da Sílica Quartzo (SiO2) Feldspato – Microclínio (KAlSi3O8) Isto significa que cada Si4+ deve estar ligado a 4 O2- Coordenação 6 Octaédrica, coordenação comum do Fe2+, Mg2+ e Na+ Halita - NaCl Isto significa que cada Cl- deve estar ligado a 6 Na+. Rutilo – TiO2 Isto significa que cada Ti4+ deve estar ligado a 6 O2-. Coordenação 6 Coordenação 8 Cúbica ou triangular dodecaédrica Fluorita – CaF2 Isto significa que cada F- deve estar ligado a 4 Ca2+ Coordenação 12 Formas idealizadas: elementos nativos Os minerais constituídos por um único elemento químico, tais como o ouro nativo (Au), o antimônio (Sb) e o diamante (C); Cristais de Antimônio Cristal de diamante Cristal de bismuto Cristais de enxofre NC pode ser influência do pela P e T de cristalização do mineral: •P> e T< NC > empacotamento mais denso •P< e T> NC < estrutura mais aberta Exs.: Al = a) em minerais de T> tende a NC = 4 (coord. tetraédrica) b) em minerais de T< tende a NC = 6 (coord. octaédrica. Si = a) normalmente NC = 4; b) único caso de NC = 6 é a Stishovita (SiO2). Regra Geral: os íons com NC > previsto minerais formados em P >. Sítios Cristalinos Um mineral pode ter diversasposições distintas de cátions, todos com o mesmo número de coordenação, mas devido a particularidades das estruturas cristalinas, estas posições podem ser um pouco diferentes em tamanho e forma. Como resultado, cátions diferentes preferem certas posições, em vez de outras. Sítios Cristalinos • Os silicatos são formados pela união de infinitos tetraedros de sílica, combinados de diversas maneiras, num fenômeno denominado de polimerização.Os tetraedros podem combinar- se compartilhando vértices, arestas ou faces, diminuindo nesta ordem a estabilidade da estrutura. • Os cátions presentes nos silicatos são numerosos, os mais comuns são K, Na, Ca, Fe, Mg, Mn, Ti. AI e Si que, respeitando certas condições podem substituir-se dentro da estrutura dos silicatos. (SiO4) 4-: bloco formador dos silicatos Os tetraedros de sílica se combinam entre si (polimerização) ou não e com outros cátions, conforme a disponibilidade dos diferentes elementos e as condições de P e T durante a formação dos minerais. Si, O e Al são os elementos formadores de estruturas. Outros cátions, como Mg, Fe, Ca e K são considerados elementos modificadores de estruturas. A entrada do cátion em determinado tipo de silicato depende do seu R.I. e da coordenação dos sítios cristalográficos disponíveis. Classificação dos silicatos: número de vértices compartilhados nenhum: ortossilicatos (normal) ou nesossilicatos (neso=ilha) 1: dissilicatos ou sorossilicatos (soro=par) 2: ciclossilicatos (SiO4) 4- (Si2O7) 6- (Si6O18) 12- (Si4O11) 6- (Si4O10) 4- SiO2 (Si2O6) 4- 2 vértices: cadeias simples inossilicatos (ino=corrente) 2 ou 3 v.: cadeias duplas 3 v. : folhas 4 v.: 3D filossilicatos tectossilicatos Xm Yn (Zp Oq) Wr Na+ = 8 – 6 Ca2+= 8 – 6 K+= 12 - 8 Fe2+/3+= 6 Mg2+= 6 Ti4+= 6 Mn2+= 6 Al3+ = 6 Si4+ = 4 Al3+= 4 OH- F- Cl- SILICATOS - FÓRMULA GERAL e número de coordenação Polimorfos de Sílica (Tectossilicatos) Os principais polimorfos são: 1 - QUARTZO - α e β (Sistema Trigonal) 2 - TRIDIMITA (Sistema Ortorrômbico) 3 - CRISTOBALITA (Sistema Tetragonal) Outros polimorfos de menor importância: 4 - Coesita - fase de alta P 5 - Lechatelierita - vidro de sílica típico de impactitos 6 - Opala - forma criptocristalina hidratada - SiO2 .nH2O - amorfa 7 - Sílex - sílica criptocristalina preta • A ocorrência nas rochas de um ou outro polimorfo depende das condições de P e T de cristalização do magma segundo o gráfico. Variedades de SiO2 Variedades cristalinas: 1. Cristal de rocha: quartzo incolor 2. Ametista: quartzo em tons de violeta (presença de traços de FeO4) 3. Quartzo rosa: quartzo rosa devido a traços de Ti+4 4. Quartzo enfumaçado: quartzo escuro devido a presença de Al+3 5. Citrino: quartzo amarelo 6. Quartzo leitoso: quartzo branco devido a minúsculas inclusões fluida ou stress 7. Quartzo rutilado: quartzo com inúmeras inclusões de agulhas de rutilo (cabelo de Vênus) Variedades microcristalinas: 1. Calcedônia: variedade fibrosa deposita em cavidades por soluções hidrotermais 2. Ágata: calcedônia bandada 3. Ônix: calcedônia bandada ou maciça de cor preta 4. Heliotropo: calcedônia verde com postos de jaspe (vermelha) 5. Chert: sílica normalmente clara, muito fina, quimicamente precipitada 6. Jaspe: quartzo granular microcristalino de cor vermelha devido a hematita PRINCIPAIS PARAGÊNESES DOS POLIMORFOS DE SÍLICA 1. ROCHAS ÍGNEAS - O quartzo é um dos minerais que classificam as rochas ígneas (quartzo, feldspatos e feldspatóides). 2. ROCHAS SEDIMENTARES - O quartzo também classifica as rochas sedimentares e á um dos principais constituintes dos sedimentos, consolidados ou não, devido a sua resistência física e química. Ocorre principalmente como partícula detrital ou como mineral autigênico. arenito 3. ROCHAS METAMÓRFICAS - O quartzo é muito comum nas rochas metamórficas tanto do metamorfismo regional, como de contato e dinâmico. No metamorfismo regional é comum no alto grau, em granulitos (onde pode ocorrer azulado) e gnaisses, até o baixo grau, em xistos e quartzitos. A tridimita e cristobalita podem ocorrer no metamorfismo de contato sobre arenitos e arcóseos. quartzo Fotomicrografias tufo Qz Qz Qz granito FK intercrescido (gráfico) com qz Amigdala em rocha vulcânica PROPRIEDADES MACROSCÓPICAS DO QUARTZO 1. forma - variada, quando euédricos são prismas hexagonais, curtos ou longos, bipiramidados, se anédricos apresentam formas arredondadas ou como fragmentos irregulares. 2. limpidez - geralmente transparentes, mas podem ser translúcidos, com inclusões de opacos ou rutilo (cabelo de Vênus). 3. cor - incolores a coloridos: ametista - roxo, citrino - amarelo, rosado, enfumaçado, verde, leitoso 4. brilho – vítreo 5. densidade - 2,65 (mais leve que o bromofórmio) 6. dureza - 7 (superior ao canivete e ao vidro) 7. clivagem – ausente 8. fragilidade - resistente ao choque 9. alterações - ausentes 10. características químicas - praticamente inatacável, reage com HF a quente 11. confusões possíveis - calcita (reage com HCl, tem clivagem e dureza inferior): feldspatos (tem clivagem e alteram-se facilmente); berilo ( mais denso e com partição basal)
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