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APOSTILAS CONCURSO PROF GEOGRAFIA - seduce180726_profgo.pdf

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Secretaria da Educação do 
Estado do Ceará - SEDUC-CE 
 
 
Professor de Geografia 
 
 
Educação Brasileira 
Temas Educacionais e Pedagógicos. 1 História do pensamento pedagógico brasileiro. ........................................ 1 
1.1 Teoria da educação, diferentes correntes do pensamento pedagógico brasileiro. ........................................... 4 
1.2 Projeto político pedagógico. ..................................................................................................................................... 13 
2 A didática e o processo de ensino e aprendizagem. 2.1 Organização do processo didático: planejamento, 
estratégias e metodologias, avaliação. .......................................................................................................................... 20 
2.2 A sala de aula como espaço de aprendizagem e interação. ................................................................................ 30 
2.3 A didática como fundamento epistemológico do fazer docente. ....................................................................... 34 
3 Principais teorias da aprendizagem. 3.1 Inatismo, comportamentalismo, behaviorismo, interacionismo, 
cognitivismo. 3.2 As bases empíricas, metodológicas e epistemológicas das diversas teorias de aprendizagem. 
 .............................................................................................................................................................................................. 39 
3.3 Contribuições de Piaget, Vygotsky e Wallon para a psicologia e pedagogia. .................................................. 43 
3.4 Teoria das inteligências múltiplas de Gardner. .................................................................................................... 47 
3.5 Psicologia do desenvolvimento: aspectos históricos e biopsicossociais. ........................................................ 53 
3.6 Temas contemporâneos: bullying, o papel da escola, a escolha da profissão, transtornos alimentares na 
adolescência, família, escolhas sexuais. ........................................................................................................................ 69 
4 Teorias do currículo. 4.1 Acesso, permanência e sucesso do aluno na escola. .................................................. 94 
4.2 Gestão da aprendizagem. 4.3 Planejamento e gestão educacional. .................................................................. 97 
4.4 Avaliação institucional, de desempenho e de aprendizagem. .......................................................................... 103 
4.5 O Professor: formação e profissão. ....................................................................................................................... 123 
4.6 A pesquisa na prática docente. .............................................................................................................................. 125 
4.7 A dimensão ética da profissão. .............................................................................................................................. 133 
5 Aspectos legais e políticos da organização da educação brasileira. ................................................................... 138 
6 Políticas educacionais para a educação básica. ..................................................................................................... 149 
6.1 Ensino Médio. 6.1.1 Diretrizes, Parâmetros Curriculares, currículo e avaliação. 6.1.2 Interdisciplinaridade 
e contextualização no Ensino Médio. 6.1.3 Ensino Médio Integrado: fundamentação legal e curricular. ...... 157 
6.2 Educação Inclusiva. ................................................................................................................................................. 186 
6.3 Educação, trabalho, formação profissional e as transformações do Ensino Médio. 6.4 Protagonismo Juvenil 
e Cidadania. ..................................................................................................................................................................... 192 
 
Administração Pública 
1 Conceito de administração pública. .............................................................................................................................. 1 
2 Conceito de servidor público. ........................................................................................................................................ 3 
3 Princípios da administração pública. ........................................................................................................................... 4 
4 Direitos e deveres dos servidores públicos. 5 Responsabilidade dos servidores públicos. 6. Servidor Estadual. 
6.1 Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado do Ceará (Lei nº 9.826/1974 – 6.1.1 Do provimento 
dos cargos – Capítulos I a X. 6.1.2 Dos direitos, vantagens e autorizações – Capítulos I a VI. 6.5.3 Do regime 
disciplinar – título VI – Capítulos I a VII) ......................................................................................................................... 8 
6.2 Lei nº 15.243/2012 (Disciplina o Art. 3º da lei nº 15.064/2011). ....................................................................... 8 
6.3. Estágio Probatório Servidor Estadual (Lei nº 9.826/1974, Lei nº13.092 de 08 de janeiro de 2001, Lei 
nº15.744, 29 de dezembro de 2014 e Lei nº 15.909, de 11 de dezembro de 2015) ............................................... 9 
6.4.Carreira do Magistério-Concurso, provimento, carga horaria e jornada de trabalho(Lei nº10.884/1984, Lei 
12.066/1993, Lei nº 14.404/2009) .............................................................................................................................. 32 
6.5. Ampliação da carga horária de trabalho do Grupo MAG (LEI Nº15.451, de 23 de outubro de 2013 e o 
Decreto nº31.458, de 01 de abril de 2014.) ................................................................................................................. 44 
6.6. Promoção profissionais Grupo MAG (Lei nº 15.901 de 10 de dezembro de 2015, DECRETO Nº32.103, de 
12 de dezembro de 2016. ................................................................................................................................................ 46 
6.7. Sistema Remuneratório dos profissionais MAG de nível superior (leis nº 15.243, de 6 de dezembro de 
2012, nº15.901, de 10 de dezembro de 2015, LEI Nº16.104, 12 de setembro de 2016, nº16.513, 15 de março 
de 2018 e nº16.536, 06 de abril de 2018). .................................................................................................................. 50 
 
Legislação Básica da Educação 
1 Lei nº 9.394/1996 e alterações (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) .............................................. 1 
2 Lei nº 8.069/1990 e alterações (Estatuto da Criança e do Adolescente) ............................................................ 15 
3 Constituição da República Federativa do Brasil (Art. 205 a 214) ......................................................................... 46 
4 Emenda Constitucional nº 53/2006 ........................................................................................................................... 48 
5 Lei nº 11.494/2007 e alterações ................................................................................................................................. 50 
6 Lei nº 11.114/2005 ....................................................................................................................................................... 58 
7 Lei nº 11.274/2006 ....................................................................................................................................................... 59 
8 Lei nº 13.415, de 2017 ..................................................................................................................................................59 
9 Lei Federal Nº 13.005/2014 (Plano Nacional de Educação).................................................................................. 62 
10 Lei Estadual Nº 16.025/2016 (Plano Estadual de Educação) ............................................................................. 76 
 
Língua Portuguesa 
1 Compreensão e interpretação de textos. ..................................................................................................................... 1 
2 Tipologia textual. .............................................................................................................................................................. 3 
3 Ortografia oficial. ........................................................................................................................................................... 10 
4 Acentuação gráfica. ....................................................................................................................................................... 14 
5 Emprego das classes de palavras. .............................................................................................................................. 15 
6 Emprego do sinal indicativo de crase. ....................................................................................................................... 41 
7 Sintaxe da oração e do período. .................................................................................................................................. 44 
8 Pontuação. ...................................................................................................................................................................... 54 
9 Concordância nominal e verbal. ................................................................................................................................. 56 
10 Regência nominal e verbal. ....................................................................................................................................... 59 
11 Significação das palavras. .......................................................................................................................................... 63 
 
Leitura e Interpretação de Dados e Indicadores 
Educacionais 
Leitura e interpretação de dados e indicadores educacionais envolvendo dados e informações referentes à 
matrícula, à taxa de atendimento escolar, às taxas de escolarização líquida e bruta, à taxa de distorção idade-
série, às taxas de rendimento (aprovação, reprovação e abandono), aos resultados do Sistema Permanente de 
Avaliação da Educação Básica do Ceará - SPAECE, do Sistema de Avaliação da Educação Básica - SAEB, Exame 
Nacional do Ensino Médio - ENEM, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB, Programa 
Internacional de Avaliação de Alunos - PISA; leitura e interpretação de dados apresentados em tabelas, 
gráficos e mapas; resolução de problemas que envolvam o cálculo de porcentagem com dados fornecidos em 
diferentes formatos. ............................................................................................................................................................. 1 
 
Conhecimentos Específicos 
1 Concepções do pensamento geográfico e sua influência no ensino da Geografia. 1.1 Sociedade, lugar e 
paisagem no ensino da Geografia. 1.2 Currículo: cultura e territorialidade no ensino da Geografia. 1.3 Novas 
abordagens teóricas e metodológicas no ensino da Geografia. 1.4 Novas tecnologias de comunicação e 
informação no ensino da Geografia. 1.5 Aspectos avaliativos no Ensino da Geografia ........................................... 1 
2 Geopolítica e Econômica. 2.1 O espaço como produto do homem. 2.2 Capitalismo; 2.3 Desenvolvimento e 
subdesenvolvimento. 2.4 Economia do pós-guerra. 2.5 O Brasil, a nova ordem mundial e a globalização. 2.6 O 
comércio internacional. 2.7 O MERCOSUL. 2.8 A economia mundial e do Brasil. 2.9 O problema da dívida 
externa. 2.10 Energia e transporte. 2.11 A agropecuária. 2.12 O comércio. 2.13 A indústria. 2.14 Os serviços. 
2.15 As relações de trabalho. 2.16 As desigualdades sociais e a exploração humana. 2.17 A revolução técnico-
científica .............................................................................................................................................................................. 46 
3 Geografia da população. 3.1 A população e as formas de ocupação do espaço. 3.2 Os contrastes regionais do 
Brasil. 3.1 Urbanização e metropolização ................................................................................................................... 106 
4 Ecologia. 4.1 Ecossistemas naturais. 4.2 Impactos ambientais. 4.3 Recursos naturais e devastação histórica. 
4.4 Política ambiental ..................................................................................................................................................... 132 
5 Competências e habilidades propostas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio para a 
disciplina de Geografia ................................................................................................................................................... 136 
 
 
 
 
 
 
 
A apostila OPÇÃO não está vinculada a empresa organizadora do concurso público a que se destina, 
assim como sua aquisição não garante a inscrição do candidato ou mesmo o seu ingresso na carreira 
pública. 
 
O conteúdo dessa apostila almeja abordar os tópicos do edital de forma prática e esquematizada, 
porém, isso não impede que se utilize o manuseio de livros, sites, jornais, revistas, entre outros meios 
que ampliem os conhecimentos do candidato, visando sua melhor preparação. 
 
Atualizações legislativas, que não tenham sido colocadas à disposição até a data da elaboração da 
apostila, poderão ser encontradas gratuitamente no site das apostilas opção, ou nos sites 
governamentais. 
 
Informamos que não são de nossa responsabilidade as alterações e retificações nos editais dos 
concursos, assim como a distribuição gratuita do material retificado, na versão impressa, tendo em vista 
que nossas apostilas são elaboradas de acordo com o edital inicial. Porém, quando isso ocorrer, inserimos 
em nosso site, www.apostilasopcao.com.br, no link “erratas”, a matéria retificada, e disponibilizamos 
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Caso haja dúvidas quanto ao conteúdo desta apostila, o adquirente deve acessar o site 
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Também ficam à disposição do adquirente o telefone (11) 2856-6066, dentro do horário comercial, 
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Código de Defesa do Consumidor. 
 
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Penal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apostilas Opção, a opção certa para a sua realização. 
EDUCAÇÃO BRASILEIRA 
 
 
APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
Educação Brasileira 1 
 
 
 
 
Pensamento Pedagógico Brasileiro1 
 
O Brasil, no início do século XIX, ao cabo de três séculos de 
colonização era um país de contrastes, de situações extremas: 
de um lado o litoral e de outro o sertão, riqueza e pobreza, 
cultura popular sincrética e ortodoxia filosófica e religiosa, de 
uma devassidão de costumes e de uma rigidez impecável de 
comportamento, valores cristãos e de escravidão, 
mandonismo rural e massa servil, economia exportadora e 
produção de autoconsumo, prevalecendo ainda a contradição 
de um país dividido em múltiplas dicotomias.E uma delas, a 
educação. 
Lembremos que a nação brasileira, conforme Monarcha 
era inculta, patriarca, conservadora, oligárquica e acima de 
tudo, estava atrasada e doente. Na verdade, esta foi a cara do 
Brasil na Primeira República, que sucede o período de 
escravidão, da abolição e do tempo monárquico pós-
independência. 
Neste atravessamento, os livres-pensadores da época, com 
suas visões incertas de mundo, livres da religião e cheios de 
métodos-científicos veem no novo regime – A República, como 
derradeira abolição dos privilégios de classe, cor, raça e 
religião. Todavia não representou a alforria para a maioria ao 
ingresso na vida, no mercado de trabalho e em especial na 
educação. Isto porque não houve esclarecimento e conquista 
das massas humanas, sob os princípios das luzes e virtudes 
que por sinal foram a euforia da aurora da Primeira República, 
mas que, infelizmente esquecida e apagadas as luzes e as 
virtudes postas de lado, em favor da “[...] depravação dos 
costumes, à predominância dos vícios oligárquicos [...], à 
transformação da liberdade em licenciosidade, à instrução 
popular reduzida ao ler e escrever de poucos”. Na verdade 
milhares de excluídos da alfabetização. 
E o Estado-República? Após treze anos, o governo nada fez 
para ensinar o povo a ler e escrever. De repente o governo 
acorda e se depara com a possível ruína da nação, das elites e 
do povo, pois o ímpeto modernizador republicano se perderá. 
Sem povo não existe nação e não temos povo no Brasil, porque 
não temos educação nacional organizada. 
A intervenção ou medicação para esta crise foi indicada em 
1927, na 1ª Conferência Nacional de Educação, no qual 
profissionais especialmente do campo da saúde e do ensino 
por meio do lema norte-americano: sanitation over all, visam 
a higienização do povo através do saneamento do meio físico, 
social e moral eliminando a “doença endêmica multiforme e a 
ignorância do povo”. 
O povo é inculto e está doente! Acreditem, a educação e a 
saúde são o elixir com direito a bula que deverá higienizar e 
educar o povo. Tomando, lendo e seguindo a risca a bula o 
povo terá acesso à riqueza, ao progresso, ao civismo, ao 
respeito e moralidade tão desejados ao povo ou do povo para 
alguém? 
 
1 Texto adaptado de MÜLLER, C. A. baseado no livro de GADOTTI, M. 
Pensamento Pedagógico Brasileiro. 
Conforme Bomeny, “O grande problema do Brasil, o 
analfabetismo de praticamente 80% de sua população, 
aparece como uma condenação ao projeto republicano.” Essa 
citação apresenta um quadro, não tão confiável em termos de 
dados conforme Bomeny, mas delata a instabilidade 
educacional e política da nação no inicio do século XX. Para 
corrigir tal distorção, houve um empenho nacional pela 
alfabetização em massa. “O remédio parecia milagroso: 
alfabetizando a população, corrigiam-se de pronto todas as 
mazelas que afetavam a sociedade brasileira em sua 
expressiva maioria”. Na verdade, vigorou o princípio da ciência 
positivista com caráter liberal, como direção essencial para 
instaurar o progresso, a inovação no país. Um destes 
movimentos foi chamado de Escola Nova, tendo como base 
Anísio Texeira e organizado por intelectuais inspirados nas 
ideias político-filosóficas de igualdade entre os homens e do 
direito de todos à educação. “O movimento via na educação 
integral vinculada a um sistema estatal de ensino público, livre 
e aberto, como sendo capaz de modernizar o homem 
brasileiro, e de transformar essa espécie de “Jeca Tatu” em um 
sujeito laborioso, disciplinado, saudável e produtivo”. 
Devemos considerar que esta força intelectual, desejava 
pela educação, salvar o Brasil do estrago causado por uma 
política educacional elitista, responsável pelos índices de 
analfabetismo, bem como pela doença que se alastrou sobre a 
nação. Nesta perspectiva, os ideais para a renovação da 
educação foram influenciados em grande parte pela calorosa 
“conversão” de Anísio Teixeira no movimento educacional 
norte-americano (pragmatismo), pelo qual o aprendizado 
ocorre pela capacidade de observação, experimentação do 
aluno tendo como orientador, ou facilitador o professor 
treinado para este fim. 
O movimento reformador queria ver contemplado as suas 
demandas político-pedagógicas por meio de um sistema 
nacional de educação, bem como definir um programa 
educacional para o país. Houve muitas discussões e 
participações de segmentos. A Igreja acaba participando da 
discussão na tentativa de garantir seus interesses e territórios 
enquanto formadora de mentes e de condutas. Já, os 
educadores reformistas que elaboraram em 1932 o Manifesto 
da Educação Nova, defendendo a democratização da educação 
- escola pública gratuita e laica. 
Em contrapartida, outro movimento buscava estabelecer a 
proposta de Fernando Azevedo, que tem como base a distinção 
clara entre educação para elite, enquanto civilizadora e, a 
educação para a massa, enquanto força instintiva e afetiva. As 
discussões se estenderam, e os pioneiros são acusados de 
partidários de ideais contrários aos interesses da nação. O 
interessante é que este grupo objetivava ser reconhecido como 
base para uma sociedade capitalista, liberal e de livre-
mercado. 
Todavia, no pós 1930, alguns interesses educacionais da 
nação foram reclamados na Reforma de Capanema, e houve a 
retomada das campanhas sanitaristas, que viabilizaram as 
Reformas no Ensino Secundário tendo como base as 
orientações humanistas de caráter elitista; criação do Sistema 
de Ensino Profissional (Senai, Sesi, Senac, Sesc) direcionado ao 
povo visando formar mão-de-obra qualificada e, Reforma 
Universitária objetivando um padrão nacional de organização. 
Em suma, criados para incorporar a massa inculta ao mercado 
de trabalho e este efeito permanece até hoje. 
 
Por uma prática libertadora 
 
No atravessamento de ideais, Germano, diz que a vida 
política do Brasil sempre esteve enlaçada pelas Forças 
Armadas e em especial pelo exército, principalmente a partir 
Temas Educacionais e 
Pedagógicos. 1 História do 
pensamento pedagógico 
brasileiro. 
APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
Educação Brasileira 2 
da segunda metade do século XIX, com a Guerra do Paraguai, a 
qual revelou conflitos entre o Exército e o Poder Imperial. 
Esses laços se estenderam à abolição da escravatura em 1888; 
na instauração da República em 1889; cooperou para o fim da 
República em 1930; auxiliou no estabelecimento da ditadura 
de Vargas, período conhecido como Estado Novo; destituiu o 
mesmo Vargas em 1945, bem como, esteve presente no 
suicídio de Vargas; e, instaurou o golpe de Estado de 1964. 
O Estado Novo constitui-se, de acordo com Germano, na 
consolidação do domínio burguês no Brasil e este movimento 
efetiva uma acentuada intervenção do Estado na economia, na 
modernização, na educação, entre outros, fazendo com que os 
militares abandonem as posições reformistas e busquem neste 
momento, o fortalecimento das “Forças Armadas, na 
segurança interna e na defesa externa”. Esse deslocamento dos 
militares preanuncia um aspecto importante do pós 64: a 
ideologia da Segurança Nacional. Ou seja, é o momento do 
antiliberalismo e do anticomunismo. 
Devido a crise econômica e política, o inicio dos anos 60 foi 
crítico para as elites brasileiras. Conforme Germano, a 
instabilidade e insustentabilidade do Estado em criar 
condições favoráveis para um crescimento econômico e de 
garantir a seletividade de classe e a reprodução da dominação 
política da burguesia, em 1964 é deflagrado através da 
participação da elite, de multinacionais, do Governo dos 
Estados Unidos, e das Forças Armadas como executiva, o golpe, 
chamado pelos militares de Revolução de 64. A ditadura foi 
consolidada enquanto processo pelos chamados Atos 
Institucionais - AI, por meio dos quais, os direitoscivis são 
aluídos. Nessa brutal repressão, milhares de pessoas 
tornaram-se expatriados políticos, torturadas, mortas em 
nome da Segurança Nacional. 
O regime militar, deste período, realizou a Reforma 
Universitária, através da Lei 5.540/68, e a Reforma do Ensino 
de 1° e 2° Graus, Lei 5.692/71. Nessas propostas, o homem 
deverá ser adestrado para a Segurança Nacional. 
Em um cenário de intensos discursos e ações, surgem 
ideais em favor de reformas estruturais na sociedade 
brasileira. Em um primeiro momento, Paulo Freire traz a 
possibilidade de compreendermos que pela educação, 
enquanto prática libertadora será possível ampliar a 
participação das massas e conduzi-las à sua organização 
crescente, conforme Gadotti citando Freire: 
[...] as elites (intelectuais) são assistencionalistas e não 
têm receio de recorrer à repressão e ao autoritarismo 
quando se sentem ameaçadas. Por outro lado, as classes 
médias estão em busca de ascensão social e se apoiam nas 
elites. Desta forma, a solução para transformar a sociedade 
opressora está nas mãos das massas populares, 
“conscientes e organizadas”. 
Nessa perspectiva, a pedagogia do oprimido3, enquanto 
processo, buscaria a superação de uma cultura colonial para 
uma sociedade aberta. Esse movimento deveria buscar a 
conscientização do sujeito articulado com uma práxis 
desafiadora e transformadora da realidade. Para tanto, torna-
se imprescindível estabelecer um diálogo crítico horizontal 
(oposta ao eletismo) como condição para favorecer e sustentar 
o amor, a humildade, a esperança, fé e confiança nas relações 
entre os sujeitos para descobrirem-se como sujeitos históricos 
no processo. 
Em linhas gerais, Paulo Freire, conforme Gadotti 
caracteriza duas concepções opostas de educação: a 
concepção bancária literalmente burguesa, pois, o educador é 
o que sabe e julga e os alunos meros objetos. Em contrapartida, 
a concepção problematizadora funda-se justamente na relação 
dialógico-dialética entre educador e educando – ambos 
aprendem juntos, ambos se emancipam. 
Ser fiel a Paulo Freire significa, antes de mais nada, 
reinventá-lo e reinventar-se como ele. Nisto, aliás, consiste a 
superação (aufhebung) na dialética: não é nem a cópia e nem a 
negação do passado, do caminho já percorrido pelos outros. É 
a sua transformação e, ao mesmo tempo, a conservação do que 
há de fundamental e original nele, e a elaboração de uma 
síntese qualitativa. 
Em outro movimento, de acordo com Gadotti, o educador e 
antropólogo Brandão nos apresenta a educação popular como 
alternativa à educação dominante e à conquista de novas 
formas de organização de classes. Esse deslocamento 
aconteceria através de uma educação como processo de 
humanização ao longo da vida e de maneira variada. 
Então, o processo de ensino-aprendizagem não é algo 
imposto e sim um ato de conhecimento e de transformação 
social, pois, o aprender se daria a partir do conhecimento que 
o aluno traz consigo, ou seja, um saber popular e para o 
educador é estar comprometido politicamente e, ser solidário 
e responsável por buscar a direção justa para que possam em 
conjunto construir uma consciência cidadã até que o “povo 
assume de uma vez o leme e a direção do barco”. 
Nesta perspectiva, a educação popular, será um processo 
que busca na organização e na persistência, a participação na 
formação, o “fortalecimento e instrumentalização das práticas 
e dos movimentos populares, com o objetivo de apoiar a 
passagem do saber popular ao saber orgânico, ou seja, do 
saber da comunidade ao saber de classe na comunidade”. 
Em uma sociedade, conforme Gadotti, que se fundamenta 
nos princípios da eficiência e do lucro, as pessoas acabam 
dissipando sua identidade e viram função alienada que segue 
às cegas as regras da moral, da ciência, da religião etc., que são 
articuladas pelo poder mágico do discurso vigente. 
Nesse contexto, Rubem Alves propõe a educação como um 
espaço possível de desinstalação. Ou seja, procura construir 
uma educação, uma escola, enquanto espaço de prazer e da 
fala. Este é o enfoque principal de Alves, citado por Gadotti, a 
linguagem, a fala ao lado do corpo. 
O educador fala com o corpo. É no corpo de cada educador 
e de cada educando que estão escritas as suas histórias. Daí a 
necessidade de lê-lo e relê-lo constantemente. O corpo é o 
primeiro livro que devemos descobrir; por isso, é preciso 
reaprender a linguagem do amor, das coisas belas e das coisas 
boas, para que o corpo se levante e se disponha a lutar. 
Mostra a importância da formação do educador 
comprometido consigo mesmo e com o aluno, capaz de 
superar a burocratização e a uniformização a que são 
submetidos. Inquietando-se com o papel da saber e com a 
crescente desumanização das relações humanas. 
Nas palavras de Gadotti, é valorizar o prazer, o sentimento, 
a arte e a paixão na educação e na vida humana. O melhor 
método? O método do amor é melhor do que o racional para 
educar, aprender e ensinar. 
E por que não nos deixarmos envolver pela paixão de 
conhecer o mundo? Eis a proposta de prática pedagógica de 
Madalena Freire, na qual é possível o exercício do diálogo 
desde a primeira educação articulando conhecer e viver, 
envolvidos pela paixão. 
O trabalho de Madalena Freire, conforme Gadotti busca 
superar a dicotomia entre o cognitivo e o afetivo para que a 
educação seja um processo prazeroso. Nas palavras de 
Madalena Freire: o ato de conhecer é tão vital como comer ou 
dormir, e eu não podemos comer ou dormir por alguém. A 
escola em geral tem esta prática, a de que o conhecimento pode 
ser doado, impedindo que a criança e, também, os professores 
o construam. Só assim a busca do conhecimento não é 
preparação para nada, e sim VIDA, aqui e agora. E é vida que 
precisa ser resgatada pela escola. 
A partir do vivido da criança, o educador pode planejar e 
organizar as atividades escolares sem perder a direção 
pedagógica e o seu papel organizativo. As atividades se 
configuram a partir dos interesses das crianças, da sua 
vivência, para que o processo de construção do conhecimento 
e do afetivo, por exemplo, a alfabetização e a construção de um 
APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
Educação Brasileira 3 
sistema de representação (leitura e escrita), fluam 
naturalmente na vida da criança para que quando adulto, a 
vida possa fluir sem artifícios. 
É procurando compreender as atividades espontâneas das 
crianças que vou, pouco a pouco, captando os seus interesses, 
os mais diversos. As propostas de trabalho que não apenas 
faço às crianças, mas que também com elas discuto, 
expressam, e não poderia deixar de ser assim, aqueles 
interesses. 
Não é de estranhar, pois, que as crianças se encontrem nas 
suas atividades e as percebam como algo delas, ao mesmo 
tempo em que vão entendendo o meu papel de organizadora e 
não de “dona” de suas atividades. 
Creio que cabe aos professores o exercício proposto por 
Freire, de se permitirem entender a espontaneidade dos 
nossos alunos (crianças, jovens, adultos), enquanto condição 
possível para desestabilizar uma pedagogia atrelada desde 
muito tempo à autoridade, para reprodução homogeneizadora 
e, como “campo de vigilância sobre o tempo, o espaço, o 
movimento, os gestos, para produzir corpos submissos, 
exercitados e dóceis”. 
Na verdade, o movimento proposto e quando articulado às 
práticas pedagógicas é dar sentido não somente para as 
atividades, mas também às relações que se constituem no 
espaço pedagógico. Esse deslocamento chama para uma nova 
postura não somente ao professor, mas também ao aluno. 
Ao professor, Gadotti citando Chauí cabe algumas 
perguntas: qual há de ser a função do educador atual? Como 
romper com essa violência chamada modernização? Como não 
cair nas armadilhas do conhecer para não pensar, adquirir e 
reproduzir para não criar, consumirem lugar de realizar o 
trabalho de reflexão? 
 
Ampliando ideais, emancipando ideias. 
 
Refletindo sobre os discursos, os ideais e práticas do ontem 
e do hoje, salvo importantes exceções, percebe-se a constância 
não somente na nossa história política, mas também à 
educação voltada, nas palavras de Germano, para manobras do 
alto, estabelecendo a continuidade, as restaurações, as 
intervenções e exclusões das massas populares por meio do 
autoritarismo. 
Não é para menos que a insígnia, conforme Gadotti, da 
tradição brasileira é a influência de oligarquias que 
“compartilham” interesses para conservar o controle do 
poder. 
Hoje, esses conceitos e práticas se estendem e respingam 
na educação com um novo figurino, uma nova e boa 
maquiagem em nome do moderno. Todavia, modernizar ainda 
significa, de acordo com Gadotti citando Florestan Fernandes, 
reajustar as economias periféricas às estruturas e aos 
dinamismos das economias centrais e é claro, ao bom 
andamento dos negócios. 
Nesta perspectiva, uma coisa é certa: de um passado muito 
presente o pensamento pedagógico brasileiro busca uma 
práxis, conforme Germano, de resistência à dominação de 
classe, ao domínio estrangeiro, ao imperialismo e à 
transplantação cultural, configurando-se como um 
instrumento de luta em favor da identidade nacional, mediante 
a valorização e o fortalecimento das raízes culturais do povo 
brasileiro em busca da construção de um futuro melhor, 
diferente do passado/presente. 
Todavia devemos considerar de acordo com Gadotti, para 
o qual a crise do modelo de educação voltada para a rigidez e 
inflexibilidade não é apenas interna à escola e sim de acordo 
com os autores Schwartzman e Brock, que o problema da 
educação no Brasil, em um primeiro momento, estava 
erroneamente pautado na falta de escolas, às crianças que não 
iam para a escola, e à carência de verbas. Neste sentido, foi 
considerada, a necessidade de construir escolas, melhores 
salários ao corpo docente e claro, convencer os pais a 
enviarem seus filhos à escola. 
Passados alguns bons anos, nos deparamos com os reais 
problemas: a má qualidade das escolas, a famosa repetência e 
acrescento aqui a qualidade das aprendizagens. Como após 
tantas reformas, investimentos, e elaborações de políticas e 
ações à educação, persistem ainda as elevadas taxas de evasão 
e repetência e muitas outras dificuldades? 
Creio que muitas escolas hoje estão afastadas não de uma 
concepção democrática e libertadora. Isto porque, na grande 
maioria dos PPP das escolas, estas propostas, conceitos se 
fazem presentes na escrita. Mas, no planejamento, na prática, 
no exercício diário da intervenção pedagógica em sala de aula, 
esta práxis não se faz presente. 
Tristemente, encontramos influência de uma pedagogia, 
conforme Gadotti, do bom senso, e do silêncio, desconectada 
da vida dos educadores e dos alunos. “Uma vida opaca e 
conciliadora, e na qual é preciso ser falso, esconder interesses, 
montar estratégias, ser “esperto” e “levar vantagem. 
Entretanto, se o Brasil precisa de mais e melhor educação, 
conforme previsto no Programa de Governo de Dilma Rousseff 
é porque a qualidade do ensino é um dos pilares que sustenta 
a proposta por meio da valorização do professor. Valoração, 
renovação, ação. Eis o sentido, das formações e\ou 
capacitações que deverão propiciar ao professor a 
redescoberta da sua função e tarefa - assumidas em juramento. 
Fazer com que o professor saia de um monólogo e busque 
entender as relações recíprocas existentes entre domínio do 
saber e o domínio do saber fazer. Ou seja, tomar consciência 
do seu verdadeiro exercício, como dinamizador do processo de 
ensino-aprendizagem e organizador da intervenção 
pedagógica. Esse processo de reflexão em formação pode 
tornar consciente os modelos teóricos e epistemológicos que 
se evidenciam na sua prática, para então refletir sobre o saber 
e o saber fazer. Essa situação levará o professor a rever o que 
propôs e se dispor a novas possibilidades, modificando sua 
proposta, dispondo-se a repensá-la, ou manter a mesma 
proposição. 
Neste sentido, penso que a questão pontual para uma 
melhor educação seja a possibilidade do professor estabelecer 
relações entre teoria e prática, assumindo seu papel no 
processo de ensino-aprendizagem e a importância deste 
trabalho ser em conjunto entre professor x aluno, professor x 
professor. É buscar dar sentido ao que somos ao que fazemos 
e por que fazemos. 
Na verdade as colocações apresentadas nos mostram o 
esforço para permitir um processo de ensino-aprendizagem 
voltado à constituição de sentidos, ou seja, produzir 
significado mostrando ao aluno o que aquele conteúdo tem a 
ver com a vida dele e por que é importante e como aplicá-lo em 
uma situação real. Chamar os professores, conforme Mello, 
para uma reflexão sobre a própria prática pedagógica: o que se 
faz e com quais objetivos se faz. Torna-se muito importante ter 
um parâmetro de como estamos para saber o que precisamos 
mudar. Ninguém muda se não tem consciência do que precisa 
mudar. Já sabemos o que mudar? 
Penso que se este movimento estiver, conforme Gadotti, a 
construir um caminho próprio, libertando-se de um 
pensamento transplantado, buscando realmente a superação 
e transformação das dependências enraizadas nos modelos, 
nos paradigmas e das teorias elaboradas em outros contextos, 
em especial aqueles de países hegemônicos, estaremos sim, 
caminhando para um comprometimento real para a 
transformação social. 
Um processo, uma luta contra si mesmo à tomada de 
consciência e contínua; o engajamento, por uma real mudança. 
 
APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
Educação Brasileira 4 
 
 
O pensamento pedagógico moderno: iluminista, 
positivista, socialista, escolanovista, fenomenológico-
existencialista, antiautoritário, crítico2. 
 
O Pensamento Moderno. 
 
Nos séculos XVI e XVII, surge uma classe social contra o 
modo de produção feudal. Modificou e concentrou novos 
meios de produção, iniciando um sistema de cooperação, 
começando um trabalho em série que se estruturou no século 
XX. Assim, a produção não se apresentava mais isoladamente, 
passando a constituir um esforço coletivo. 
Essa sociedade buscou o domínio sobre a natureza, 
desenvolvendo técnicas, artes, estudos, como a matemática, 
astronomia, ciências físicas, geografia, medicina e biologia. 
Giordano Bruno (15481600) desenvolveu a astronomia; 
Galileu Galilei (15641642) construiu um telescópio, descobriu 
os satélites de Júpiter e a lei da gravidade; William Harvey 
(15781657) teorizou a circulação do sangue; Francis Bacon 
(15611626) criou uma nova organização para as ciências, 
propondo a diferença entre a fé e a razão, não se envolvendo 
nas divergências religiosas que deixam em dúvida a 
compreensão da realidade – criou o método indutivo de 
investigação que foi uma de suas obras que se opôs ao método 
de Aristóteles de dedução. Bacon é considerado o precursor do 
método científico moderno. René Descartes (1596 1650), 
escritor do Discurso do Método, mostra os caminhos para o 
estudo e a pesquisa, que além de criticar o ensino humanista, 
propôs a matemática como ciência perfeita. 
Descartes confirmou o dualismo da filosofia, quando se 
referiu à relação entre o pensamento e o ser. Convicto do 
potencial da razão humana, criou um método novo, o de 
conhecimento do mundo substituindo a fé pela razão e pela 
ciência. Tornase assim o pai do racionalismo. Procurou 
conciliar a religião e a ciência, mas sofreu influência da 
burguesia no século XVII, considerada, ao lado das ideias 
progressistas da França, o medo das classes populares. 
Descartes apresentou, pelo Discurso do Método, quatro 
princípios: 
 
- Não considerar como verdadeiro o que não se conhecesse, 
ou seja, evitar a precipitação não conceituando o que não seapresentasse claro ou se apresentasse com dúvida. 
- Dividir cada dificuldade encontrada em número de 
parcelas possíveis e necessárias para melhor resolvêIas. 
- Conduzir ordenadamente os pensamentos, pelas coisas 
mais simples e fáceis, e pouco a pouco chegar até o 
conhecimento das mais complicadas. 
- Numerar tudo e revisar, para ter a certeza de nada omitir. 
 
Descartes, precursor da filosofia moderna, escreveu sua 
principal obra em francês, uma das línguas populares à época, 
possibilitando acessibilidade de um maior número de pessoas. 
O latim medieval se representava como o representante da 
religião, da filosofia, da diplomacia e da literatura. Já o 
comércio se utilizava das línguas como o italiano, o espanhol, 
o holandês, o francês, o inglês e o alemão. 
No século XVI, ocorreu uma grande revolução linguística, 
exigindo dos educadores o bilinguismo, ou seja o latim e o 
vernáculo. A Igreja percebeu a importância desse conflito, 
 
2 UNINOVE. História do Pensamento Pedagógico. 
exigindo, através do Concílio de Trento (1562), que as 
pregações ocorressem em vernáculo, ou seja, na língua 
popular da região em que se estivesse. 
Após o Discurso do Método, João Amos Comênio (1592-
1670) escreveu a Didática Magna (1657), como método 
pedagógico. Ensinar palavras, como sombras das coisas, 
Comênio dizia que a escola deveria ensinar o conhecimento 
das coisas. O pensamento pedagógico moderno caracterizava-
se pelo realismo. 
John Locke (16321704) perguntavase de que serviria o 
latim para a sociedade, que trabalha nas fábricas. Ensinar 
mecânica e cálculo era mais importante. Mas as classes 
dirigentes continuavam aprendendo latim e grego: um bom 
cidadão deveria recitar versos de Horácio ou Ovídio aos 
ouvidos apaixonados de sua namorada. As humanidades 
continuavam fazendo parte da educação da nobreza e do clero. 
Locke, em seu Ensaio sobre o entendimento humano, 
combateu o inatismo, antepondo a ideia da experiência 
sensorial, ou seja, nada existe em nossa mente que não tenha 
sua origem nos sentidos. 
A pedagogia realista é contra o formalismo humanista, 
pregando a superioridade do domínio do mundo exterior 
sobre o domínio do mundo interior, a supremacia das coisas 
sobre as palavras. Desenvolveu a paixão pela razão 
(Descartes) e o estudo da natureza (Bacon). De humanista, a 
educação tornase científica. O conhecimento só possuía valor 
quando preparava para a vida e para a ação. 
O surto das ciências naturais, da física, da química, da 
biologia, despertou interesse pelos estudos científicos e 
abandonou os estudos de autores clássicos e das línguas da 
cultura grecoIatina. Até a moral e a política deveriam ser 
modeladas pelas ciências da natureza. A educação não era 
mais considerada um meio para aperfeiçoar o homem. A 
educação e a ciência eram consideradas um fim em si mesmo. 
O cristianismo afirmava que era preciso saber para amar. 
Ao contrário, dizia Bacon, saber é poder, sobretudo poder 
sobre a natureza. Dividia as ciências em da memória ou 
histórica, da imaginação ou poética, e da razão ou filosófica. 
Locke colabora com a educação da seguinte forma: a 
criança, ao nascer, era, segundo ele, uma tábula rasa, um papel 
em branco sobre o qual o professor podia escrever de tudo. 
Comênio, considerado o grande educador e pedagogo 
moderno e um dos maiores reformadores sociais de sua época, 
foi o primeiro a propor um sistema articulado de ensino, 
reconhecendo o igual direito de todos ao saber. Para ele, a 
educação deveria ser permanente, isto é, acontecer durante 
toda a vida. Afirmava que a educação nunca termina porque 
nós sempre estamos sendo homens e, portanto, estamos 
sempre nos formando. 
Comênio é defensor de que a organização do sistema 
educacional deveria compreender 24 anos, correspondendo a 
quatro tipos de escolas: a escola Materna, dos 0 aos 6 anos; a 
escola Elementar ou Vernácula, dos 6 aos 12 anos; a escola 
Latina ou Ginásio, dos 12 aos 18; e a 
Academia ou Universidade, dos 18 aos 24 anos. Em cada 
família deveria existir uma escola Materna; em cada município 
ou aldeia, uma escola Primária; em cada cidade, um Ginásio; e 
em cada capital, uma Universidade. 
O ensino deveria ser unificado, todas as escolas deveriam 
ser articuladas. Seriam assim distribuídas: a escola Materna 
cultivaria os sentidos e ensinaria a criança a falar; a escola 
Elementar desenvolveria a língua materna, a leitura e a escrita, 
incentivando a imaginação e a memória, além do canto, das 
ciências sociais e da aritmética. A escola Latina se destinaria, 
sobretudo, ao estudo das ciências. Para os estudos 
universitários, recomendava trabalhos práticos e viagens. 
Aí se formariam os guias espirituais e os funcionários. À 
academia só deveriam ter acesso os mais capazes. 
1.1 Teoria da educação, 
diferentes correntes do 
pensamento pedagógico 
brasileiro. 
APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
Educação Brasileira 5 
Como se vê, apesar dos avanços, a educação das classes 
populares e a democratização do ensino ainda não se colocava 
como questão central. Aceitava-se facilmente a divisão entre o 
trabalho intelectual e o trabalho manual, resultado da própria 
divisão social. Para as classes dominantes, o ideal era a 
formação do galant homme, que almejava a conquista de uma 
posição nas cortes. Daí teve-se na época um enorme 
desenvolvimento das academias cavalheirescas. 
Os grandes educadores da ocasião eram na verdade 
clérigos ou preceptores de príncipes e nobres. Essa educação 
nobre procurava desenvolver a curiosidade, a instrução 
atraente e diversificada, por meio, de historietas e fábulas, com 
finalidade moral e religiosa. Ser honesto, sábio, ter bom gosto 
e espírito nobre e galanteador. Assim a educação da classe 
dominante seria composta pelo clero e pela nobreza. 
Já no século XVII surge a luta das camadas populares pelo 
acesso à escola. Instigada pelos novos intelectuais iluministas 
e por novas ordens religiosas, a classe trabalhadora, em 
formação, podia e devia ter um papel na mudança social. O 
acesso à formação tornou-se essencial para articular seus 
interesses e elaborar sua própria cultura de resistência. 
Entre os protestantes, os metodistas, por exemplo, 
impulsionaram as escolas dominicais, que, embora 
pretendessem utilizar a escola como veículo de formação 
religiosa, possibilitavam o acesso de crianças pobres e 
necessitadas ao saber. Alguns principados alemães 
providenciaram uma legislação específica da escola, além de se 
criar bibliotecas públicas ainda no século XVII. 
No século seguinte surgem as bibliotecas circulantes. Ao 
contrário da ordem dos jesuítas, surgiram várias ordens 
religiosas católicas que se dedicavam à educação popular: a 
congregação dos oratorianos, fundada por Filipe Néri (1515-
1595) ; a Sociedade dos Irmãos das Escolas Cristãs, fundada 
por Jean Baptiste de La Salle (1651 1719). Muitas dessas 
escolas ofereciam ensino inteiramente gratuito e na forma de 
internato. Tratava-se, contudo, de uma educação filantrópica e 
assistencialista. 
Esses dois modelos de educação, o primeiro real e público, 
e o segundo religioso e privado, foram exportados para as 
colônias: para a América britânica, o modelo das escolas 
dominicais protestantes; para a América espanhola e 
portuguesa, as escolas católicas. 
 
O Pensamento Iluminista 
 
Entre 1453 e 1789, determinase o período da Idade 
Moderna, com o predomínio do sistema absolutista, 
concentrando o poder nas mãos do clero e da nobreza. 
A Revolução Francesa acabou com essa situação. Ela já 
fazia parte do discurso dos grandes pensadores daquela época, 
denominados de iluministas. Voltados para a racionalidade e o 
combate a favor das liberdades, contra o pensamento da Igreja 
e a prepotência dos governantes. Esses pensadoreseram 
também chamados de enciclopedistas, pelas ideias liberais 
publicada sob a supervisão de Diderot e D'Alembert com o 
nome de Enciclopédia. 
Entre os iluministas, destacase JeanJacques Rousseau 
(17121778), precursor de uma nova era na história da 
educação. Constituiu-se no marco que separa a velha da nova 
escola. Entre suas obras, citamos: Sobre a Desigualdade entre 
os Homens, O contrato social e Emílio. Rousseau resgata a 
relação entre a educação e a política, e centraliza o tema da 
infância na educação. 
A criança não seria mais considerada um adulto em 
miniatura, mas viveria em um mundo próprio necessário de 
compreensão; o educador deve fazer-se educando de seu 
educando; a criança nasce boa, o adulto é que perverte a 
criança. 
No século XVIII as camadas populares reivindicam a 
educação pública, e pela primeira vez o Estado instituiu a 
obrigatoriedade escolar, como na Prússia, em 1717. Na 
Alemanha, cresce a intervenção do Estado na educação, com as 
Escolas Normais, e planos que se voltam para a grande 
revolução pedagógica nacional francesa do final do século. 
Nunca se havia discutido tanto a formação do cidadão por 
meio das escolas como durante os seis anos da Revolução 
Francesa. A escola pública é o resultado dessa revolução 
burguesa. Os teóricos iluministas buscavam uma educação 
inspirada nos princípios da democracia, laica e gratuita. Com 
ela a ideia da unificação do ensino público acontece em todos 
os graus, mas ainda era elitista, pois só os com maior 
capacidade podiam prosseguir até a universidade. 
O iluminismo busca libertar a repressão dos monarcas e o 
despotismo do clero. O movimento pela liberdade individual 
iniciado no período anterior busca refúgio no ideal de vida do 
bom selvagem, livre de todos os condicionamentos sociais. É 
lógico que essa liberdade só podia ser praticada por poucos, 
aqueles que eram, livres do trabalho material, e que tinham 
sua sobrevivência garantida por um regime econômico de 
exploração do trabalho. 
O estado natural do homem é demonstrado pelo espaço 
que Rousseau dedicou para uma sociedade existente entre os 
homens primitivos, exemplificando os índios das Américas. 
Sua obra Emílio mostra o personagem de mesmo nome, 
educado sem contato com outros homens e com nenhuma 
religião, apenas no convívio com a natureza. Sem contato com 
ninguém, Emílio fica apenas nas mãos de um preceptor ideal, 
Rousseau. 
A educação não deveria apenas instruir, mas permitir que 
a natureza acontecesse na criança, sem reprimi-la buscar 
modelos. Na teoria da bondade natural do homem é que se 
baseia Rousseau, sustentando que só os instintos e os 
interesses naturais deveriam direcionar. Direcionava-se para 
uma educação racionalista e negativa, ou seja, de restrição da 
experiência. 
Rousseau foi precursor da escola nova, iniciada no século 
XIX, teve grande êxito na primeira metade do século XX, sendo 
ainda hoje muito presente. Suas filosofias tiveram muita 
influência sobre os educadores da época, como Pestalozzi, 
Herbart e Froebel. 
Rousseau dividiu a educação em três momentos: a infância 
(natureza até 12 anos) ; maturidade (força, razão e paixões, 
dos 12 aos 20 anos devendo ter o desenvolvimento científico 
maior para a vida social) ; a sabedoria e o casamento (dos 20 
aos 25anos). 
No século XVIII, Rousseau realiza a transição do controle 
da educação da Igreja para o Estado, e nessa época 
desenvolveu-se o esforço da burguesia em estabelecer o 
controle civil (não religioso) da educação por meio da 
instituição do ensino público nacional, assim o controle da 
Igreja sobre a educação e os governos civis foi aos poucos 
decaindo com o crescente poder da sociedade econômica. 
A Revolução Francesa baseou-se também nas exigências 
populares de um sistema educacional. A Assembleia 
Constituinte de 1789 elaborou vários projetos de reforma 
escolar e de educação nacional. O mais importante é o projeto 
de Condorcet (17431794) propondo o ensino universal para 
eliminar a desigualdade. 
Contudo, a educação proposta não era exatamente a 
mesma para todos, pois admitia-se a desigualdade natural 
entre os homens. Condorcet reconheceu que as mudanças 
políticas precisavam ser acompanhadas de reformas 
educacionais. Foi partidário da autonomia do ensino, ou seja, 
cada indivíduo deveria conduzir-se por si mesmo. Demonstrou 
ser defensor da educação feminina para que as futuras mães 
pudessem educar seus filhos, pois considerava as mulheres 
mestras naturais. 
As ideias revolucionárias tiveram grande influência no 
pensamento pedagógico de outros países, principalmente na 
Alemanha e na Inglaterra, criando seus sistemas nacionais de 
APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
Educação Brasileira 6 
educação, e na América do Norte a participação do Estado na 
educação era significativa. 
A Revolução Francesa tentou plantar no educando a 
consciência de classe, centro do conteúdo programático, pois a 
burguesia tinha clareza do que queria da educação, pois 
trabalhadores com formação de cidadãos seriam mais 
participativos de uma nova sociedade liberal e democrática. Os 
pedagogos revolucionários foram os primeiros políticos da 
educação. Alguns, como Lepelletier (17601793), pretenderam 
que nenhuma criança recebesse outra formação que não a 
revolucionária, por meio de internatos obrigatórios, gratuitos 
e mantidos pelas classes dirigentes. Essa ideia, porém, não 
obteve êxito. Seu autor morreu na guilhotina. No final, a 
própria revolução recusou o programa educacional de 
universalização da educação criado por ela mesma. 
Froebel (17821852) foi o idealizador dos jardins da 
infância, pois considerava que o desenvolvimento da criança 
dependia de uma atividade espontânea (o jogo), uma atividade 
construtiva (o trabalho manual) e um estudo da natureza. 
Valorizava a expressão corporal, o gesto, o desenho, o 
brinquedo, o canto e a linguagem. Para ele a auto atividade 
representava a base e o método de toda a instrução. Como 
Herbart, valorizava os interesses naturais da criança. Via a 
linguagem como a primeira forma de expressão social e o 
brinquedo como uma forma de auto expressão. 
Depois de Froebel, os jardins da infância se multiplicaram 
até fora da Europa, atingindo até os Estados Unidos. Suas 
ideias ultrapassaram a educação infantil. Os fabricantes de 
brinquedos, jogos, livros, material recreativo e jornais para 
crianças foram influenciados pelas ideias de Froebel. Inspirou-
se nele John Dewey, um dos fundadores do pensamento 
escolanovista. 
O iluminismo educacional representou o fundamento da 
pedagogia burguesa, que até hoje insiste predominantemente 
na transmissão de conteúdos e na formação social 
individualista. A burguesia percebeu a necessidade de oferecer 
instrução, mínima para a massa trabalhadora. Por isso, a 
educação se dirigiu para a formação do cidadão disciplinado. 
O surgimento dos sistemas nacionais de educação, no século 
XIX, foi o resultado e a expressão da importância que a 
burguesia, como classe ascendente, emprestou à educação. 
Além de Rousseau, outro grande teórico destacase nesse 
período: é o alemão Emanuel Kant (17241804). Descartes 
defendia que todo conhecimento era inato e Locke que todo 
saber era adquirido pela experiência. Kant supera essa 
contradição, ou seja, mesmo negando a teoria platônico 
cartesiana das ideias inatas, mostrou que algumas coisas eram 
inatas como à noção de espaço e de tempo, que não existem 
como realidades fora da mente, mas apenas como formas para 
pensar as coisas apresentadas pelos sentidos. Por outro lado, 
sustentou que o conhecimento do mundo exterior provém de 
experiência sensível das coisas. 
Admirador de Rousseau, Kant acreditava que o homem é o 
que a educação faz dele através da disciplina, da didática, da 
formação moral e da cultura. 
Para Kant, espaço, tempo, causalidadee outras relações 
não eram realidades exteriores. Essa afirmação foi acentuada 
por outros filósofos alemães, entre eles, Fichte (17621814) e 
Hegel (17701831), que acabaram negando a existência de 
qualquer objeto fora da mente, pois é o idealismo subjetivo e 
absoluto que mais tarde será rebatido por Karl Marx. 
O que a moderna ciência da educação, na definição de seus 
conceitos básicos, chama de aculturação, socialização e 
personalização, representa algumas das descobertas de Kant. 
Para ele, o educando necessita realizar esses atos, pois é o 
sujeito que tem de cultivar-se, civilizar-se, para assim 
corresponder à natureza. Assim, o verdadeiro objetivo do 
homem é que desenvolva inteiramente, por si mesmo, tudo o 
que está acima da ordem mecânica de sua existência animal e 
não participe de nenhuma outra felicidade e perfeição que não 
tenha sido criada por ele mesmo, livre do instinto, por meio de 
sua própria razão. 
A nova classe mostrou, ao apagar das luzes da Revolução 
de 1789, que não estava de todo em seu projeto a igualdade 
dos homens na sociedade e na educação. Uns acabaram 
recebendo mais educação do que outros. Aos trabalhadores, 
diria Adam Smith (17231790), economista político burguês, 
que será preciso ministrar a educação apenas em conta-gotas. 
A educação popular deveria fazer com que os pobres 
aceitassem de bom grado a pobreza. Anunciava-se o princípio 
fundamental de educação burguesa, sendo uma educação 
distinta para cada classe, pois a classe dirigente teria a 
instrução para governar, e a classe trabalhadora, a educação 
para o trabalho. Essa concepção dualista da educação deverá 
ser sistematizada no século XIX pelo pensamento pedagógico 
positivista. 
 
O Pensamento Positivista 
 
A concepção da educação burguesa no século XVIII foi 
consolidada pelo pensamento positivista. No iluminismo e na 
sociedade burguesa duas forças opostas se fizeram presentes 
no final do século XVIII. O movimento popular e socialista, e o 
movimento elitista burguês. Eles chegam ao século XIX 
denominados de marxismo de Karl Marx, e de positivismo de 
Augusto Comte. 
Comte estudou na escola politécnica de Paris, recebendo 
influência de alguns intelectuais, como Joseph Louis Lagrange, 
matemático e o astrônomo Pierre Simon de La Place. 
Secretário de SaintSimon, seguiu a orientação para o 
estudo das ciências sociais e as ideias de que os fenômenos 
sociais como os físicos podem ser reduzidos a leis, e de que 
todo conhecimento científico e filosófico deve ter por 
finalidade o aperfeiçoamento moral e político da humanidade. 
Comte tem como sua principal obra o Curso de Filosofia 
Positiva, composta de seis volumes, publicadas entre 1830 e 
1842. Separado de sua primeira mulher, conheceu Clotilde de 
Vaux, cuja morte ocorreria no ano seguinte. Com ela viveu em 
perfeita comunhão espiritual. 
Depois da perda de Clotilde, Comte transformoua na sua 
musa inspiradora para uma nova religião, cujas ideias se 
encontram na obra Política Positiva, ou Tratado de Sociologia 
instituindo a religião da humanidade (18511854). A segunda 
parte de sua vida teve como objetivo transformar a filosofia em 
religião, assim como a primeira parte tentou transformar a 
ciência em filosofia. 
Para Augusto Comte, a derrota do iluminismo e dos ideais 
revolucionários deveuse à ausência de concepções científicas. 
Para ele, a política tinha de ser uma ciência exata. Já Marx 
buscava as razões do fracasso na própria revolução burguesa, 
que era contraditória, ou seja, proclamava a liberdade e a 
igualdade, mas não as realizaria enquanto não mudasse o 
sistema econômico que instaurava a desigualdade na base da 
sociedade. 
Uma verdadeira ciência, para Comte, analisa todos os 
fenômenos, tanto humanos, como os de fatos, sendo, portanto, 
uma ciência positiva. Tanto nas ciências da natureza quanto 
nas ciências humanas, o afastar qualquer preconceito ou 
pressuposto ideológico seria coerente. A ciência precisava ser 
neutra. Leis naturais e harmônicas regem a sociedade. O 
positivismo é a doutrina que consolida a ordem pública, 
desenvolvendo nas pessoas uma sábia resignação ao seu 
estado de fato. Nada de doutrinas críticas, destrutivas, 
subversivas e revolucionárias como as do iluminismo da 
Revolução Francesa ou as do socialismo, ou seja, só uma 
doutrina positiva serviria de base da formação científica da 
sociedade. 
Comte combateu o espírito religioso, mas acabou 
propondo a instituição do que chamou religião da humanidade 
para substituir a Igreja. 
APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
Educação Brasileira 7 
Segundo ele, a humanidade passou por três etapas 
sucessivas: o estado teológico, durante o qual o homem 
explicava a natureza por agentes sobrenaturais; o estado 
metafísico, no qual tudo se justificava por meio de noções 
abstratas como essência, substância, causalidade, etc.; e o 
estado positivo, o atual, em que se buscam as leis científicas. 
Da Lei dos Três Estados, Comte formalizou o sistema 
educacional, afirmando que em cada homem as fases 
históricas se reproduziriam, que cada indivíduo repetiria as 
fases da humanidade. 
Na primeira fase, a da infância, a aprendizagem não teria 
um caráter formal, transformaria gradativamente o fetichismo 
natural iniciando uma concepção abstrata do mundo. Na 
segunda, a da adolescência e da juventude, o homem 
adentraria no estudo sistemático das ciências. 
Aos poucos, o homem na idade madura chegaria ao estado 
positivo, passando do estado metafísico. Não mais abraçaria a 
religião de um Deus abstrato, e ratificaria a religião do Grande 
Ser, a Humanidade. A educação formaria, portanto, a 
solidariedade humana. 
Na realidade, a Lei dos Três Estados, de Comte, acabava 
esbarrando com a evolução dos educandos. Estes, de modo 
algum, seguiam uma previsão tão positiva. De fato, as crianças 
não imaginavam forças divinas para explicar o mundo e nem 
os jovens se mostravam muito preocupados com as abstrações 
metafísicas, ou seja, elas não explicam a evolução da história. 
Seguindo Comte, Herbert Spencer (18201903) deixou a 
concepção religiosa do mestre e valorizou o princípio da 
formação científica na educação. Buscou conhecimentos que 
realmente contavam para os indivíduos se desenvolverem, e 
concluiu que os conhecimentos adquiridos na escola 
necessitavam, ante de tudo, possibilitar uma vida melhor, com 
relação à saúde, ao trabalho, à família, para a sociedade em 
geral. 
Essa tendência cientificista na educação continuava o 
movimento sensorialista dois séculos antes. Mas, na prática, a 
introdução das ciências no currículo escolar ocorreu muito 
vagarosamente, resistindo à dominação da filosofia, da 
teologia e das línguas clássicas. 
A tendência cientificista ganhou força com o 
desenvolvimento da sociologia em geral e da sociologia da 
educação. Afinal, o positivismo negava a metodologia das 
ciências sociais em relação às ciências naturais, identificando-
as, e essa identificação será posteriormente criticada pelo 
marxismo. 
Um dos principais expoentes na sociologia da educação 
positivista foi Émilie Durkheim (18581917), que considerava 
a educação como imagem e reflexo da sociedade. 
A educação é um fato fundamentalmente social, e a 
pedagogia seria a teoria dessa prática social. Durkheim é o 
verdadeiro mestre da sociologia positivista moderna. Em 
Regras do Método Sociológico, afirma que a primeira regra é 
considerar os fatos sociais como coisas. A sociedade se 
compara a um animal, ou seja, possui um sistema de órgãos em 
que cada um desempenha um papel específico. Alguns deles 
seriam naturalmente mais privilegiados do que outros, e esse 
privilégio, por ser natural, representa um fenômeno normal, 
como em todo organismo vivo, predominando a lei da 
sobrevivência dos mais capacitados (evolucionismo) e a luta 
pela vida, em nada modificável.Esse conjunto de ideias pedagógicas e sociais revela o 
caráter conservador e reacionário do positivismo na educação. 
O positivismo é a doutrina que visa à substituição da 
manipulação do real pela visão científica, e que acabou 
estabelecendo uma nova fé, a fé na ciência, que vinculou a 
imaginação científica à pura observação experimental. Seu 
lema sempre foi a ordem e o progresso, acreditando que para 
progredir seria preciso ordem, e que a pior ordem é sempre 
melhor do que qualquer desordem. Portanto, o positivismo 
tornou-se uma ideologia da ordem social. 
Para os pensadores positivistas, a libertação social e 
política passava pelo desenvolvimento da ciência e da 
tecnologia, sob o controle das elites. 
O positivismo nasceu como filosofia, mas, ao dar uma 
resposta ao social, afirmouse como ideologia. A expressão do 
positivismo no Brasil inspirou a Velha República e o golpe 
militar de 1964. Nessa ideologia da ordem, o país não seria 
mais governado pelas paixões políticas, mas pela 
racionalidade dos cientistas desinteressados e eficientes, os 
tecnocratas. 
A tecnocracia, principalmente pós 64, nos oferece um 
exemplo prático do ideal social positivista, preocupado apenas 
com a manutenção dos fatos sociais, e entre eles, a existência 
concreta das classes. Isso serviu muito às elites brasileiras, 
quando sentiram seus privilégios ameaçados pela organização 
crescente da classe trabalhadora. Daí terem recorrido aos 
dirigentes militares, que são as elites ordeiras, vislumbradas 
por Comte. 
A teoria educacional de Durkheim opõese à de Rousseau. 
Este afirmava que o homem nasce bom e a sociedade o 
perverte; Durkheim declarava que o homem nasce egoísta e só 
a sociedade pode tornáIo solidário. Por isso, a educação, se 
definia como ação exercida pelas gerações adultas sobre as 
gerações que não se encontravam ainda preparadas para a 
vida social. 
O pensamento positivista, na pedagogia, gerou o 
pragmatismo que só considerava válida a formação utilizada 
na vida presente. Entre esses pensadores, temos Alfred North 
Whitehead (18611947), para quem a educação é a arte de 
utilizar os conhecimentos, Bertrand Russel (1872 1970) e 
Ludwig Wittgenstein (18891951). Esses últimos estavam 
preocupados com a formação do espírito científico e com o 
desenvolvimento da lógica. Apesar do pouco entusiasmo que 
os educadores progressistas brasileiros demonstraram pelo 
pensamento pedagógico positivista, ele trouxe muitas 
contribuições para o avanço da educação, principalmente pela 
crítica que exerceu sobre o pensamento humanista cristão. No 
Brasil, o positivismo influenciou o primeiro projeto de 
formação do educador, no final do século passado. O valor 
dado à ciência no processo pedagógico justificaria maior 
atenção ao pensamento positivista. É inegável sua 
contribuição ao estudo científico da educação. 
O Pensamento Socialista 
 
A educação socialista formouse do movimento popular 
pela democratização do ensino. Esse movimento compartilhou 
da presença de intelectuais comprometidos com essa causa e 
com a transformação social. O conceito socialista de educação 
se opõe ao da burguesia. 
Na educação socialista essas ideias não são recentes, mas 
por não atender aos interesses dominantes, têm sido relegadas 
a um plano inferior. 
A república de Platão já seria a manifestação do 
comunismo utópico, pois ligava a educação à política. Thomas 
Morus (14781535) fez decididamente a crítica da sociedade 
egoísta e propôs em seu livro Utopia o fim da propriedade, a 
redução da jornada de trabalho para seis horas diárias, a 
educação laica e a coeducação. 
O francês Graco Babeuf (17601796) educou seus filhos 
formulando princípios da pedagogia socialista, entre eles uma 
escola pública e única para todos, manisfestandose, no seu 
Manifesto dos Plebeus, contra a educação dominante e 
opressora aos interesses do povo, relacionando ao seu estado 
de miséria. 
A primeira educação pública socialista foi anunciada por 
Marx (18181883) e Engels (18201895) e desenvolvida por 
Vladimir Ilich Lênin (18701924). Marx e Engels nunca 
realizaram uma análise sistemática da escola e da educação, 
pois suas ideias encontramse vinculadas ao longo de vários 
trabalhos. A problemática educativa foi colocada de modo 
APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
Educação Brasileira 8 
ocasional e fragmentada, mas sempre no contexto da crítica 
das relações sociais e das linhas para a sua modificação. No seu 
Manifesto do Partido Comunista, defendem uma educação 
pública e gratuita para todas as crianças, baseados nos 
seguintes princípios: a eliminação do trabalho de crianças na 
fábrica, a associação entre educação e produção material, a 
educação politécnica abrangendo três aspectos: mental, físico 
e técnico, adequados à idade das crianças, jovens e adultos, e 
da inseparabilidade da educação da política, portanto, da 
totalidade do social e da articulação entre o tempo livre e o 
tempo de trabalho, isto é, o trabalho, o estudo e o lazer. 
Marx defende o trabalho infantil, mas que este trabalho 
deva ser regulamentado, de maneira que em nada se pareça 
com a exploração infantil capitalista. Ele sustenta, por razões 
fisiológicas, que as crianças e os jovens de qualquer sexo 
devem dividirse em três classes, tendo cada uma delas um 
tratamento específico: de 9 a 12 anos, com jornada de trabalho 
de duas horas por dia, de 13 a 15 anos, com jornada de 
trabalho de quatro horas por dia; e de 15 a 17 anos, com 
jornada de trabalho de seis horas por dia. 
Já Mikhail Bakunin (18141876) propõe a luta contra o 
elitismo educacional da burguesia, que é imoral, e Francisco 
Ferrer Guardia (18591909), seguidor de Bakunin, defendia 
uma educação racional, laica, integral e científica, baseada nos 
seguintes princípios: da ciência e da razão, do 
desenvolvimento harmônico da inteligência e da vontade, do 
moral e do físico, do exemplo e da solidariedade, e da 
adaptação dos métodos à idade dos educandos. Ferrer é 
considerado um dos educadores mais importantes do 
pensamento pedagógico antiautoritário. 
Lênin atribuiu grande importância à educação no processo 
de transformação social. Como um dos revolucionários a 
assumir o controle de um governo, pôde experimentar na 
prática a implantação das ideias socialistas na educação. 
Acreditando que a educação deveria desempenhar um 
importante papel na construção de uma nova sociedade, 
afirmando que mesmo a educação burguesa que tanto 
criticava era melhor que a ignorância. A educação pública 
deveria ser política, pois o trabalho no terreno do ensino é a 
mesma luta para derrotar a burguesia, e ainda declaramos 
publicamente que a escola à margem da vida, à margem da 
política, é falsa e hipócrita. 
Exceto a Rússia, na Europa não existe nenhum país tão 
bárbaro, no qual as massas populares tenham sido espoliadas 
do ensino, da cultura, e do saber, por isso, no decreto de 26 de 
dezembro de 1919, obrigava todos os analfabetos de 8 a 50 
anos de idade a aprender a ler e a escrever em sua língua. 
Nas notas escritas entre abril e maio de 1917, para a 
revisão do programa do partido, Lênin defendeu a anulação da 
obrigatoriedade de um idioma do Estado, o ensino geral e 
politécnico, gratuito e obrigatório até os 16 anos, a 
distribuição gratuita de alimentos, roupas e material escolar, a 
transmissão da instrução pública aos organismos 
democráticos da administração autônoma local, a abstenção 
do poder central de toda a intervenção no estabelecimento de 
programas escolares e na seleção do pessoal docente, a eleição 
direta dos professores pela própria população e o direito desta 
de destituir os indesejáveis, a proibição dos patrões de utilizar 
o trabalho das crianças até os 16 anos, a limitação da jornada 
de trabalho dos jovens de 16 a 20 anos a quatro horas, a 
proibição de que os jovens trabalhassem à noiteem empresas 
insalubres ou nas minas. 
Pistrak, um dos primeiros educadores da Revolução Russa, 
seguindo a filosofia de Lênin, dizia não existir prática 
revolucionária sem teoria revolucionária, e ainda que sem a 
teoria pedagógica revolucionária não existe a prática 
pedagógica revolucionária. Atribuía ao professor um papel de 
militante ativo; dos alunos esperavase que trabalhassem 
coletivamente e se organizassem autonomamente. Auto-
organização e trabalho coletivo para superar o autoritarismo 
professoral da escola burguesa. 
Para que houvesse essa autoorganização, Pistrak 
procurava mostrar a importância da aprendizagem para a vida 
do educando e a necessidade dela para a prática de uma 
determinada ação. O professor seria um conselheiro. Só a 
assembleia dos alunos podia estabelecer punições. Os 
mandatos de representação dos alunos seriam curtos para 
possibilitar alternância. 
Os métodos escolares seriam ativos e vinculados ao 
trabalho manual, seja no trabalho agrícola, seja no trabalho 
industrial; o aluno tinha de se sentir participativo do 
progresso da produção, segundo sua capacidade física e 
mental. O aluno não iria à fábrica para trabalhar, mas para 
compreender a totalidade do trabalho. Na fábrica, dizia 
Pistrak, eclode toda a problemática do nosso tempo. 
A sua visão educacional coincidiu com o período de 
ascensão das massas na Revolução Russa, a qual exigia a 
formação de homens vinculados ao presente, inalienados, mais 
preocupados em criar o futuro do que em cultuar o passado, e 
cuja busca do bem comum superasse o individualismo e o 
egoísmo. Devese a Pistrak o projeto da revolução soviética no 
plano da educação, especialmente no nível do ensino primário 
e secundário. Enfatizou a necessidade de criar uma nova 
instituição escolar na sua estrutura e no seu espírito, 
suprimindo a contradição entre a necessidade de criar um 
novo tipo de homens e as formas da educação tradicional. Isso 
implicava uma profunda mudança na instituição escolar, e 
preferiu então optar pela criação da nova instituição no lugar 
da transformação da velha estrutura. 
 
A Educação da Escola Nova 
 
A Escola Nova é o movimento de renovação da educação, 
depois da escola pública burguesa, de maior significado. A 
fundamentação do ato pedagógico na ação, na atividade da 
criança, já se estruturava desde a escola alegre de Vitorino de 
Feltre (13781446), que seguia a pedagogia romântica e 
naturalista de Rousseau; mas só no começo do século XX que 
teve consequências importantes sobre os sistemas 
educacionais e a forma de pensar dos professores. 
O escolanovismo se expandiu no mundo, resultando uma 
renovação que valorizou a auto formação e a espontaneidade 
da criança. A Escola Nova propõe uma educação instigadora de 
mudança social e, ao mesmo tempo, uma transformação da 
sociedade, e a sociologia da educação e a psicologia 
educacional também contribuíram para essa renovação. 
Um dos pioneiros da Escola Nova foi Adolphe Ferrieri 
(18791960), educador, escritor e conferencista suíço. Ferrieri 
lecionou no Instituto JeanJacques Rousseau, de Genebra, e foi 
talvez o mais convicto divulgador da escola ativa e da educação 
nova na Europa. Suas ideias se basearam em concepções 
biológicas, transformandose depois numa filosofia 
espiritualista. Considerava que o impulso espiritual é a raiz da 
vida, e que o dever da educação seria conservar ou aumentar 
esse impulso. Para ele, o ideal da escola ativa é a atividade 
espontânea, pessoal e produtiva. 
Em 1899 fundou o Bureau Internacional das Escolas 
Novas, em Genebra, e devido à criação de inúmeras escolas 
novas com tendências diferentes, em 1919 o Bureau aprovou 
trinta itens considerados básicos para a nova pedagogia, e para 
uma escola se enquadrar no movimento, deveria cumprir pelo 
menos dois terços das exigências, ou seja, a Educação Nova 
seria integral, intelectual, moral e física, ativa, prática, com 
trabalhos manuais obrigatórios, individualizada, autônoma, 
campestre em regime de internato e coeducação. 
Ferrieri coordenou a articulação internacional da Escola 
Nova e, conseguiu sintetizar correntes pedagógicas distintas 
em suas manifestações, porém unidas na preocupação de 
APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
Educação Brasileira 9 
colocar a criança no centro das perspectivas educativas. 
Criticava a escola tradicional, afirmando que ela substituiu a 
alegria de viver pela inquietude, o regozijo pela gravidade, o 
movimento espontâneo pela imobilidade, as risadas pelo 
silêncio. 
John Dewey (18591952), educador norteamericano, foi o 
primeiro a formular o novo ideal pedagógico, afirmando que o 
ensino deveria darse pela ação e não pela instrução. Para ele, a 
educação continuamente reconstruía a experiência concreta, 
ativa, produtiva, de cada um. 
A educação de Dewey era essencialmente pragmática e 
instrumentalista, buscando a convivência democrática sem, 
porém, pôr em questão a sociedade de classes. A experiência 
concreta da vida se apresentava sempre diante de problemas 
que a educação poderia ajudar a resolver, recorrendo a uma 
escala de cinco estágios do ato de pensar, que ocorrem diante 
de algum problema, e, portanto, o problema nos faria pensar. 
São eles: uma necessidade sentida, a análise da dificuldade, 
as alternativas de solução do problema, a experimentação de 
várias soluções, até que o teste mental aprove uma delas, e a 
ação como a prova final para a solução proposta, que deve ser 
verificada de maneira científica. 
Conforme tal visão, a educação era essencialmente um 
processo e não um produto, um processo de reconstrução e 
reconstituição da experiência, um processo de melhoria 
permanente da eficiência individual. O objetivo da educação se 
encontraria no próprio processo, e o fim dela estaria nela. A 
educação se confundiria com o próprio processo de viver. 
Aumentar o rendimento da criança, seguindo os próprios 
interesses vitais dela. 
Essa rentabilidade serviria aos interesses da nova 
sociedade burguesa, ou seja, a escola deveria preparar os 
jovens para o trabalho, para a atividade prática e para o 
exercício da competição. 
Nesse sentido, a Escola Nova acompanhou o 
desenvolvimento e o progresso capitalistas, representou uma 
exigência desse desenvolvimento, propôs a construção de um 
homem novo dentro do projeto burguês de sociedade, porém 
poucos foram os pedagogos escolanovistas que ultrapassaram 
o pensamento burguês para evidenciar a exploração do 
trabalho e a dominação política, próprias da sociedade de 
classes. 
Só o aluno poderia ser autor de sua própria experiência, 
daí o paidocentrismo, ou seja, o aluno como centro na Escola 
Nova. Essa atitude necessitava de métodos ativos e criativos 
também centrados no aluno. Assim, os métodos de ensino 
significaram o maior avanço da Escola Nova. 
Muitas foram as contribuições neste sentido, por exemplo, 
o método dos projetos, de Willian Heard Kilpatrick (1871-
1965), é centrado numa atividade prática dos alunos, cujos 
projetos poderiam ser manuais, como uma construção; de 
descoberta, como uma excursão; de competição, como um 
jogo; de comunicação, como a narração de um conto, etc. Esse 
projeto passaria por algumas etapas, como designar o fim, 
preparar o projeto, executáIo apreciando o seu resultado. 
Discípulo de Dewey, Kilpatrick preocupavase, com a 
formação do homem para a democracia e para uma sociedade 
em constante mutação. Para ele, a educação baseiase na vida 
para tornáIa melhor, ou seja, a educação é a reconstrução da 
vida em etapas cada vez mais elaboradas. E a base da educação 
está na atividade, ou melhor, na auto atividade decidida. 
A pedagogia norteamericana recorreu ao método de 
projetos sistematizados para globalizar o ensino a partir de 
atividades manuais. Classificavamse os projetos em quatro 
grupos: de produção, de consumo, de

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