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Direito Penal para o cargo de Delegado de Polícia 
Civil - Goiás 
 Aula 00 
 Profs. Julio Ponte e Lorena Nascimento 
www.pontodosconcursos.com.br 	
	
	
	
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Aula 0	
Direito Penal para o cargo de Delegado de Polícia Civil - Goiás 
Características, fontes, interpretação, vigência e aplicação. 
Professor: Julio Ponte e Lorena Nascimento	
	
	 	
Direito Penal para o cargo de Delegado de Polícia 
Civil - Goiás 
 Aula 00 
 Profs. Julio Ponte e Lorena Nascimento 
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Tópicos da Aula 
1. Apresentação ............................................................................... 02 
2. Características do Direito Penal ................................................... 04 
3. Fontes do Direito Penal ................................................................ 17 
4. Interpretação da Lei Penal ........................................................... 25 
5. Vigência e Aplicação da Lei Penal ................................................. 35 
6. Lista de Questões Apresentadas .................................................. 56 
7. Gabarito ....................................................................................... 65 
 
1. Apresentação 
 
Olá, amigos Ponto dos Concursos! Como estão? 
 
Vamos iniciar o curso de Direito Penal para o cargo de Delegado da 
Polícia Civil do Estado de Goiás. Antes de mais nada, permitam-nos fazer uma 
breve apresentação. 
 
Meu nome é Julio Ponte, sou Policial do Senado Federal, aprovado no 
concurso de 2008, em 3º lugar. Fui Oficial da Marinha do Brasil, formado pela 
Escola Naval. Após 12 anos na Marinha, fui aprovado em 3º lugar para o cargo 
de Analista de Gestão e Trânsito do DETRAN/RJ, onde trabalhei por pouco 
menos de um ano. Em seguida, fui o 1º colocado nas provas objetivas do 
concurso regional PA/MT da PRF em 2008. 
 
Meu nome é Lorena Lima Nascimento, sou Delegada de Polícia Federal, 
desde o ano de 2003. Antes de assumir o concurso da PF, fui advogada e 
Técnica Judiciária do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, onde lá 
trabalhei junto à Vara da Infância e da Juventude.	
 	
Direito Penal para o cargo de Delegado de Polícia 
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O concurso de Delegado de Polícia do Estado de Goiás será realizado 
pela Cebraspe, antiga CESPE. As inscrições terão início a partir das 10 horas do 
dia 22 de novembro de 2016 encerrando-se às 18 horas do dia 12 de 
dezembro de 2016 (horário oficial de Brasília/DF) e as provas objetivas já 
estão marcadas para o dia 05 de fevereiro de 2017. 
 
A remuneração inicial do seu futuro cargo é de R$ 15.250,02, estando 
previstas 36 vagas, sendo 34 para ampla concorrência e 2 vagas reservadas 
para candidatos com deficiência. 
 
O cargo de Delegado de Policia Civil de Goiás é interessante por vários 
aspectos. Além de não ser exigida prática jurídica - o que permite aos recém 
formados a possibilidade de já exercerem um cargo privativo de bacharel em 
Direito - é um cargo extremamente dinâmico, dando oportunidade ao Delegado 
trabalhar conhecendo o interior do Estado e dependendo das investigações em 
curso, outras Unidades da Federação. 
 
A sorte está lançada, pessoal, e quanto mais se estuda, mais sorte se 
tem! 
 
Vamos aos estudos! 
 
Direito Penal para o cargo de Delegado de Polícia 
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2. Características do Direito Penal 
 
O Direito Penal se apresenta como o conjunto de normas jurídicas 
que tem por objeto a determinação de infrações de natureza penal e 
suas sanções correspondentes – penas e medidas de segurança 
(Bitencourt). Por outro lado, apresenta-se como um conjunto de valorações 
e princípios que orientam a própria aplicação e interpretação das 
normas penais (Mir Puig). 
 
Ou seja, sob um enfoque formal, o Direito Penal é o conjunto de 
normas que qualifica certos comportamentos humanos como infrações penais, 
define os seus agentes e fixa as sanções a serem-lhes aplicadas. Já sob o 
aspecto sociológico, o Direito Penal é mais um instrumento (ao lado dos 
demais ramos do direito) de controle social de comportamentos desviados, 
visando a assegurar a necessária disciplina social, bem como a convivência 
harmônica dos membros do grupo. 
 
Direito Penal objetivo. Preceitos legais que regulam a atividade 
estatal de definir crimes e cominar sanções. 
 
Direito Penal Subjetivo. Ius puniendi, titularidade exclusiva do 
Estado, manifestação do poder de império. É regulado pelo próprio direito 
penal objetivo, que estabelece seus limites e pelo direito de liberdade dos 
indivíduos. 
 
Uma das principais características do moderno Direito Penal é seu 
caráter fragmentário, no sentido de que representa a ultima ratio do 
sistema para a proteção daqueles bens e interesses de maior importância para 
o indivíduo e a sociedade à qual pertence (Bitencourt). É ciência cultural 
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normativa, valorativa e finalista (Magalhães Noronha). Pauta-se na análise do 
dever-ser, bem como nas consequências jurídicas do não cumprimento dos 
preceitos normativos, enquanto as ciências causais-explicativas, como a 
Criminologia e a Sociologia Criminal, preocupam-se com a análise da gênese 
do crime, das causas da criminalidade, numa interação entre crime, homem e 
sociedade (Bitencourt). 
 
 
Segundo Cleber Masson, são características da Lei Penal as seguintes: 
 
Exclusividade: somente a lei pode criar delitos e cominar penas (CF, 
art. 5º, XXXIX, e CP, art. 1º). 
 
Imperatividade: o seu descumprimento acarreta a imposição de pena 
ou de medida de segurança, tornando obrigatório o seu respeito; 
 
Generalidade: dirige-se indistintamente a todas as pessoas, inclusive 
aos inimputáveis, que vivem sob a jurisdição do Brasil, estejam no território 
nacional ou no exterior. Justifica-se pelo caráter de coercibilidade que devem 
ter todas as leis em vigor, com efeito imediato e geral (Lei de Introdução às 
Normas do Direito Brasileiro, art. 6º). 
 
Impessoalidade: projeta os seus efeitos abstratamente a fatos 
futuros, para qualquer pessoa que venha a praticá-los. Há duas exceções, 
relativas às leis que preveem anistia e abolitio criminis, as quais alcançam 
fatos passados. 
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Anterioridade: as leis penais incriminadoras apenas podem ser 
aplicadas se estavam em vigor quando da prática da infração penal, salvo no 
caso da retroatividade da lei benéfica. 
 
2.1. Funções do Direito Penal: a) proteção dos bens jurídicos mais 
relevantes; b) instrumento de controle social; c) garantia dos cidadãos contra 
o arbítrio estatal; d) disseminação ético-social de valores; e) simbólica na 
mente dos cidadãos e governantes (hipertrofia do direito penal); f) motivadora 
de comportamento conforme a norma; g) promocional de transformação 
social. 
 
2.2. Relações com outros ramos do Direito. O Direito Penal é 
autônomo em relação aos outros ramos do Direito, havendo inclusive, 
independência das instâncias cível, criminal e administrativa. Todavia, 
apresentadiversos pontos de contato com outros ramos do Direito. 
Apresentamos a seguir alguns exemplos desse diálogo das fontes. 
 
Relação com o Direito constitucional: a CF é a primeira 
manifestação legal da política penal. As regras e princípios constitucionais são 
os parâmetros de legitimidade das leis penais e delimitam o âmbito de sua 
aplicação. Princípios da anterioridade da lei penal, da irretroatividade etc. 
 
Relação com os direitos humanos: Declaração Universal dos Direitos 
do Homem e Convenção Americana de Direitos Humanos, consagram princípios 
hoje reproduzidos na CRFB/88. 
 
Relação com o Direito Administrativo: é administrativa a função de 
punir. Essa relação se evidencia com a tarefa de prevenção e investigação de 
crimes pelas Polícias, bem como a execução da sanção penal, missões 
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reservadas à administração Pública. Além disso, punem-se crimes contra a 
administração (utilização de conceitos), a perda do cargo é efeito da 
condenação etc. 
 
Relação como Direito Processual Penal: é íntima. O Direito Penal 
precisa do direito processual, porque este último permite verificar, no caso 
concreto, se concorrem os requisitos do fato punível. 
 
Relação com o Direito Processual Civil: este ramo fornece normas 
ao processo penal, de maneira subsidiária. 
 
Relação com o Direito Internacional Público: denomina-se direito 
internacional penal. Tem por objetivo a luta contra as infrações internacionais. 
Entrariam nessa categoria de ilícitos os crimes de guerra, contra a paz, contra 
a humanidade etc. Tem-se procurado estabelecer uma jurisdição Penal 
Internacional e o grande avanço foi a criação do TPI, instituído pelo Tratado de 
Roma, ratificado pelo Brasil (Decreto 4.388/2002). São importantes nesse 
ponto, inclusive, a menção aos institutos da extradição e cooperação 
internacional em matéria penal. 
 
Relação com o Direito Internacional Privado: denomina-se direito 
penal internacional. Há a necessidade de normas jurídicas para resolver 
eventual aplicação simultânea de leis penais (nacional e estrangeira). 
 
Relação com o Direito Civil: um mesmo fato pode caracterizar um 
ilícito penal e obrigar a uma reparação civil; a diferença entre ambos é de 
grau, não de essência. Tutela ainda o Direito Penal o patrimônio, ao descrever 
delitos como furto, roubo, estelionato etc. Ademais, muitas noções constantes 
das definições de crimes são fornecidas pelo Direito Civil, como as de 
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"casamento", "erro", "ascendente", "descendente", "cônjuge" etc., 
indispensáveis para a interpretação e aplicação da lei penal. 
 
Relação com o Direito Empresarial: tutela a lei penal institutos como 
o cheque, a duplicata, o conhecimento de depósito ou warrant, etc. Determina 
ainda a incriminação da fraude no comércio e tipifica, em lei especial, os 
crimes falimentares. 
 
Relação com o Direito do Trabalho: principalmente no que tange aos 
crimes contra a Organização do Trabalho (arts. 197 a 207 do CP) e aos efeitos 
trabalhistas da sentença penal (arts. 482, d, e parágrafo único, e 483, e e f da 
CLT). 
 
Relação com o Direito Tributário: quando contém a repressão aos 
crimes de sonegação fiscal (Lei n° 8.137/90). 
 
2.3. Princípios Básicos do Direito Penal 
 
Princípio da alteridade: a) desenvolvido por Roxin, assim como o da 
bagatela; b) corolário do princípio da ofensividade; c) só posso incriminar 
quando lesionar bem jurídico de outrem e não o seu próprio (suicídio não é 
punido); d) defende-se sua utilização para usuário de drogas. 
 
Princípio da intervenção mínima: Estabelece que o Direito Penal só 
deve preocupar-se com a proteção dos bens mais importantes e necessários à 
vida em sociedade. Impõe-se a necessidade de limitar ou, se possível, eliminar 
o arbítrio do legislador no que diz respeito ao conteúdo das normas penais 
incriminadoras (Bitencourt). 
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Princípio da fragmentaridade: Direito penal não protege todos os 
bens jurídicos de violações – só os mais importantes. E dentre estes, não 
acolhe todas as lesões – intervém só nos casos de maior gravidade, 
“protegendo um fragmento de interesses jurídicos”. Corolário do princípio da 
intervenção mínima e da reserva legal. 
 
Segundo Masson, o princípio da fragmentariedade atua no plano 
abstrato, impondo ao legislador que tipifique como crime apenas determinados 
tipos de ilícitos (somente aqueles que atentem contra os valores mais 
importantes da sociedade); por outro lado, o princípio da subsidariedade 
atua no plano concreto, guardando relação com a aplicação da lei penal 
(aplicação somente se legitima quando os demais ramos do direito tiverem 
sido empregados sem sucesso para a proteção do bem jurídico). 
 
Princípio da lesividade: impossibilidade de atuação do Direito Penal 
caso um bem jurídico de terceira pessoa não esteja efetivamente atacado. 4 
funções: a) proibir a incriminação de uma atitude interna; b) proibir a 
incriminação de uma conduta que não exceda o âmbito do próprio autor; c) 
proibir a incriminação de simples estados ou condições existenciais; d) proibir 
a incriminação de condutas desviadas que não afetem qualquer bem jurídico. 
 
Princípio da adequação social: Segundo Welzel, o Direito Penal 
tipifica somente condutas que tenham certa relevância social; caso contrário, 
não poderiam ser delitos. Deduz-se consequentemente, que há condutas que 
por sua “adequação social” não podem ser criminosas. 
 
 
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Princípio da insignificância ou da bagatela: Foi cunhado pela 
primeira vez por Claus Roxin em 1964, que voltou a repeti-lo em sua obra de 
Política criminal, partindo do velho adágio latino mínima non curat praetor. É 
causa supralegal de exclusão da tipicidade material, devendo ser valorado 
através da consideração global da ordem jurídica (Zaffaroni). É um postulado 
hermenêutico voltado à descriminalização de condutas formalmente típicas 
(Min. Gilmar Mendes). 
 
Além do valor econômico, existem outros fatores que devem ser 
analisados e que podem servir para impedir a aplicação do princípio em 
comento. Vejamos: 
 
a) Valor sentimental do bem. Exemplo: furto de uma bijuteria de 
baixo valor econômico, mas que pertenceu a importante familiar falecido da 
vítima; 
 
b) Condição econômica da vítima. Exemplo: furto de bicicleta velha 
de uma vítima muito pobre que a utilizava como único meio de transporte 
(STJ. 6ª Turma. HC 217.666/MT, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 
26/11/2013); 
 
c) Condições pessoais do agente. Exemplo: o STF já decidiu que, se 
a conduta criminosa é praticada por policial militar, ela é revestida de maior 
reprovabilidade, de modo que isso poderá ser levado em consideração para 
negar a aplicação do princípio da insignificância (HC 108884/RS, rel. Min. Rosa 
Weber, 12/6/2012); 
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11 de 65d) Circunstâncias do delito. Exemplo 1: estelionato praticado por 
meio de saques irregulares de contas do FGTS. A referida conduta é dotada de 
acentuado grau de desaprovação pelo fato de ter sido praticada mediante 
fraude contra programa social do governo que beneficia inúmeros 
trabalhadores (STF. 1ª Turma. HC 110845/GO, julgado em 10/4/2012). 
Exemplo 2: o modus operandi da prática delitiva - em que o denunciado 
quebrou o vidro da janela e a grade do estabelecimento da vítima - demonstra 
um maior grau de sofisticação da conduta a impedir o princípio (STJ. 6ª 
Turma. AgRg nos EDcl no REsp 1377345/MG, julgado em 03/12/2013, DJe 
13/12/2013). 
 
e) Consequências do delito. Exemplo: não se aplica o princípio da 
insignificância ao delito de receptação qualificada no qual foi encontrado, na 
farmácia do réu, exposto à venda, medicamento que deveria ser destinado ao 
fundo municipal de saúde. 
 
 
 
Isso porque as consequências do delito atingirão inúmeros pacientes 
que precisavam do medicamento (STF. 2ª Turma. HC 105963/PE, julgado em 
24/4/2012). 
 
Requisitos objetivos para aplicação do princípio da 
insignificância (STF e STJ): a) mínima ofensividade da conduta do agente; b) 
nenhuma periculosidade social da ação; c) reduzido grau de reprovabilidade do 
comportamento; d) inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
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Requisito subjetivo para a aplicação do princípio: A 5ª Turma do 
STJ construiu a tese de que, para a aplicação do princípio da insignificância, 
além do aspecto objetivo, deve estar presente também o requisito subjetivo. 
Para o requisito subjetivo estar presente, o réu não poderá ser um 
criminoso habitual. Caso o agente responda por outros inquéritos policiais, 
ações penais ou tenha contra si condenações criminais, ele não deverá ser 
beneficiado com a aplicação do princípio da insignificância por lhe faltar o tal 
requisito subjetivo. 
 
 
Nesse sentido: HC 260.375/SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, Quinta Turma, 
julgado em 17/09/2013. 
 
PERGUNTA: é possível a aplicação do princípio da insignificância para 
réus reincidentes ou que respondam a outros inquéritos ou ações penais? 
Prevalecia na 5ª Turma do STJ e no STF que a reincidência impedia a aplicação 
do princípio. Neste sentido os seguintes julgados: 
 
STF: (...) A reiteração delitiva, comprovada pela certidão de 
antecedentes criminais do paciente, impossibilita a aplicação do 
princípio da insignificância. (...) STF. 1ª Turma. HC 109705, Rel. Min. 
Roberto Barroso, julgado em 22/04/2014. (...) Sentenciados 
reincidentes na prática de crimes contra o patrimônio. Precedentes do 
STF no sentido de afastar a aplicação do princípio da insignificância aos 
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acusados reincidentes ou de habitualidade delitiva comprovada. (...) 
(STF. 2° Turma. HC 117083, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 
25/02/2014). 
STJ (5ª Turma): (...) Apesar de não configurar reincidência, a existência 
de outras ações penais ou inquéritos policiais em curso é suficiente para 
caracterizar a habitualidade delitiva e, consequentemente, afastar a 
incidência do princípio da insignificância. No caso, há comprovação da 
existência de outros inquéritos policiais em seu desfavor, inclusive da 
mesma atividade criminosa. (...) (AgRg no AREsp 332.960/PR, Rel. Min. 
Laurita Vaz, julgado em 22/10/2013) 
 
 
Decisões recentes do STF, no entanto, indicam a possibilidade, ao 
menos em tese, de aplicação do princípio no caso do reincidente; o STF 
concluiu que a reincidência, por si só, não impede a aplicação do 
princípio, devendo a possibilidade ser aferida de acordo com as 
circunstâncias do caso concreto. Vejamos. 
 
 
 
PENAL. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. CRIME DE FURTO SIMPLES. 
REINCIDÊNCIA. 1. A aplicação do princípio da insignificância envolve um 
juízo amplo (“conglobante”), que vai além da simples aferição do 
resultado material da conduta, abrangendo também a reincidência ou 
contumácia do agente, elementos que, embora não determinantes, devem 
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ser considerados. 2. Por maioria, foram também acolhidas as seguintes teses: 
(i) a reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a 
insignificância penal da conduta, à luz dos elementos do caso concreto; e (ii) 
na hipótese de o juiz da causa considerar penal ou socialmente indesejável a 
aplicação do princípio da insignificância por furto, em situações em que tal 
enquadramento seja cogitável, eventual sanção privativa de liberdade deverá 
ser fixada, como regra geral, em regime inicial aberto, paralisando-se a 
incidência do art. 33, § 2º, c, do CP no caso concreto, com base no princípio da 
proporcionalidade. 3. No caso concreto, a maioria entendeu por não aplicar o 
princípio da insignificância, reconhecendo, porém, a necessidade de abrandar o 
regime inicial de cumprimento da pena. 4. Ordem concedida de ofício, para 
alterar de semiaberto para aberto o regime inicial de cumprimento da pena 
imposta ao paciente. (HC 123108/MG; Pleno; Rel. Min. Roberto Barroso; DJE: 
29/01/2016). 
 
É possível a aplicação do princípio da insignificância para atos 
infracionais (STF e STJ). 
 
O princípio da insignificância pode ser reconhecido mesmo após 
o trânsito em julgado da sentença condenatória (STF). 
 
Princípio da insignificância e prisão em flagrante. - A autoridade policial 
pode deixar de lavrar a prisão em flagrante sob o argumento de que a conduta 
praticada é formalmente típica, mas se revela penalmente insignificante 
(atipicidade material)? 
 
a) 1ª corrente: SIM. O princípio da insignificância, como vimos, afasta a 
tipicidade material. Logo, se o fato é atípico, a autoridade policial pode deixar 
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de lavrar o flagrante. Nesse sentido: Cleber Masson (Direito Penal 
esquematizado. Vol. 1. São Paulo: Método, 2014, p. 37); 
 
b) 2ª corrente: NÃO. A avaliação sobre a presença ou não do princípio 
da insignificância, no caso concreto, deve ser feita pelo Poder Judiciário (e não 
pela autoridade policial). É a posição da doutrina tradicional. 
 
Crimes nos quais a jurisprudência reconhece a aplicação do 
princípio da insignificância: a) furto simples ou qualificado (tudo a 
depender das circunstâncias do caso concreto); b) crimes ambientais (deve ser 
feita uma análise rigorosa, considerando que o bem jurídico protegido é de 
natureza difusa e protegido constitucionalmente); c) crimes contra a ordem 
tributária previstos na Lei n. 8.137/90; d) descaminho (art. 334 do CP). 
 
Crimes nos quais a jurisprudência não reconhece a aplicação do 
princípio da insignificância: a) roubo, b) lesão corporal, c) tráfico de 
drogas, d) moeda falsa e outros crimes contra a fé pública, e) contrabando, f) 
estelionato contra o INSS, g) estelionato envolvendo o FGTS e o seguro-
desemprego, h) crime militar, i) violação a direito autoral. 
 
Princípio da individualização da pena (art. 5º, XLVI, CFRB/88): 
pretende que o tratamento penal seja totalmente voltado para características 
pessoaisdo agente a fim de que possa corresponder aos fins que se pretende 
alcançar com a pena ou com as medidas de segurança. Presente nas fases de 
cominação, aplicação e execução. 
 
Princípio da proporcionalidade: exige que se faça um juízo de 
ponderação sobre a relação existente entre o bem que é lesionado ou posto 
em perigo (gravidade do fato) e o bem de que alguém pode ser privado 
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(gravidade da pena). Toda vez que, nessa relação, houver um desequilíbrio 
acentuado, haverá desproporção. Ou seja, a pena deve ser proporcional à 
gravidade do fato. Decorrência da individualização da pena. 
 
Princípio da culpabilidade: possui três orientações básicas: a) 
integra o conceito analítico de crime; b) serve como princípio orientador, 
medidor, para a aplicação da pena; c) e serve como princípio que afasta a 
responsabilidade penal objetiva. 
 
Princípio da confiança: bastante difundido no direito penal espanhol, 
é requisito para a existência de ato típico, determinando que todos devem 
esperar das demais pessoas comportamentos compatíveis com o ordenamento 
jurídico (usado pela jurisprudência nos crimes praticados na direção de veículo 
automotor). 
 
Princípio da legalidade (art. 5º, XXXIX, CFRB/88): proíbe a 
retroatividade da lei penal, a criação de crimes e penas por costumes, as 
incriminações vagas e indeterminadas, bem como o emprego da analogia para 
criar crimes. 
 
Legalidade formal: corresponde à obediência aos trâmites 
procedimentais previstos pela CF para que determinado diploma legal possa vir 
a fazer parte do ordenamento jurídico. 
 
Legalidade material: pressupõe não apenas a observância das formas 
e procedimentos impostos pela CF, mas também, e principalmente, o seu 
conteúdo, respeitando-se as suas proibições e imposições para a garantia dos 
direitos fundamentais por ela previstos. 
 
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Fundamentos do princípio da legalidade: a) político: exigência da 
vinculação do executivo e do judiciário às leis o que impede o exercício do 
poder punitivo com base no livre arbítrio; b) democrático: parlamento é 
responsável pela criação dos tipos definidores dos crimes; c) jurídico: uma lei 
prévia e clara produz efeito intimidativo. 
 
 
Medida provisória – não pode criar crimes nem penas, mas STF a 
admite para favorecer o réu (RE 254818/PR). 
 
Princípio da limitação das penas: A CF prevê, em seu art. 5º, XLVII, 
que não haverá penas de morte (salvo em caso de guerra declarada), de 
caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento ou cruéis (dignidade da 
pessoa humana). 
 
Princípio da responsabilidade pessoal: somente o condenado é que 
terá de se submeter à sanção que lhe foi aplicada pelo Estado. 
 
3. Fontes do Direito Penal 
 
Por fonte, entende-se a origem jurídica do Direito Penal. 
 
Fontes materiais. As fontes materiais são também conhecidas como 
fontes de produção ou fontes substanciais, pois dizem respeito à gênese, 
à elaboração, à criação do Direito Penal. 
 
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Nesse sentido, a única fonte material do Direito Penal é o Estado, 
órgão responsável pela sua criação, através da competência legislativa 
exclusiva atribuída à União pelo art. 22, I, da Constituição Federal. 
 
Fontes formais. As fontes formais, igualmente conhecidas como fontes 
de conhecimento ou fontes de cognição, dizem respeito à exteriorização, à 
forma pela qual o Direito Penal se faz conhecido. Assim, podem elas ser 
mediatas e imediatas. 
 
Fonte formal imediata. A fonte formal imediata do Direito Penal é a 
lei penal. 
 
Lei e norma penal. A norma penal não se confunde com a lei penal. 
 
A norma penal traduz comportamento que é aceito socialmente, 
retirado do senso comum da coletividade e da noção de justiça aceita por 
todos. Não é regra escrita, mas, antes, regra social proibitiva, tida como 
normal. A sociedade, geralmente, não aceita e proibe os atos de matar, 
estuprar, furtar, constranger etc. 
 
A lei penal por seu turno, é a materialização da norma feita por 
obra do legislador, que, oriundo do seio do grupo social, deve, em tese, 
traduzir o senso comum de justiça em leis, elaborando-as de modo a coibir a 
prática de ações socialmente reprováveis. 
 
Apresenta, a lei penal, duas espécies básicas. Vejamos: 
 
Ø lei penal incriminadora, também chamada da lei penal em 
sentido estrito: descreve a infração penal e estabelece a sanção; 
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Ø lei penal não incriminadora, também chamada de lei penal em 
sentido lato: não descreve infrações penais, tampouco estabelece sanções. 
Pode ser subdividida em permissiva (que considera lícitas determinadas 
condutas ou isenta o agente de pena, como as causas excludentes da 
antijuridicidade – arts. 23, 24 e 25 do CP, dentre outros – ou as causas 
excludentes da culpabilidade – arts. 26 e 28, § 1º, do CP, dentre outros) e 
explicativa (também chamada complementar ou final, que complementa ou 
esclarece o conteúdo de outras normas – arts. 59 e 63 do CP, dentre outros). 
 
Além disso, há outras classificações de leis penais: gerais (que se 
aplicam a todo o território nacional); especiais (que se aplicam apenas a 
determinadas regiões); comuns (que se aplicam a todas as pessoas); 
especiais (que se aplicam apenas a uma classe de pessoas, acordo com sua 
condição, ou a certas tipos de crimes); ordinárias (que têm vigência em 
qualquer época, até à sua revogação); e excepcionais (que vigem apenas em 
determinadas circunstâncias, como guerras, cataclismos, calamidades, etc) 
 
É preciso ressaltar, entretanto, que a doutrina tem utilizado os termos 
lei penal, e norma penal, muitas vezes, como sinônimos, ignorando a distinção 
que acima foi estabelecida. 
 
Assim, lei ou norma penal incriminadora pode ser conceituada 
como o dispositivo que compõe o Direito Penal por meio de proibições e 
comandos distribuídos na Parte Especial do Código e em leis extravagantes. 
 
Via de regra, a lei ou a norma penal incriminadora é integrada pelo 
preceito, consistente no comando de fazer ou de não fazer determinada coisa, 
e pela sanção, que é a consequência jurídica coligada ao preceito. Para alguns, 
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a parte dispositiva da norma é o preceito primário, e a parte 
sancionatória, o preceito secundário. 
 
O preceito acha-se subentendido na norma, como pressuposto da 
sanção, e não na forma de mandamentos explícitos do tipo “não matarás”. 
 
Preceito e sanção fundem-se, indissoluvelmente, numa unidade 
lógica, originando as chamadas normas perfeitas. 
 
Norma penal em branco: As normas imperfeitas, também 
chamadas de normas penais em branco, são aquelas em que a sansão é 
determinada, sendo indeterminado o seu conteúdo. Para ser executada, 
portanto, a norma penal em branco depende do complemento de outras 
normas jurídicas ou de futura expedição de certos atosadministrativos. 
 
 
Existem duas espécies de normas penais em branco: 
 
Ø normas penais em branco em sentido lato, também chamadas de 
normas incompletas: são aquelas em que o complemento provém da mesma 
fonte formal na norma incriminadora, ou seja, o órgão encarregado de 
formular o complemento é o mesmo órgão elaborador da norma penal em 
branco. As fontes são as mesmas. Exemplos: arts. I78 e I84 do Código Penal; 
Ø normas penais em branco em sentido estrito: são aquela cujo 
complemento está contido em outra regra jurídica procedente de outra 
instância legislativa. As fontes formais são heterogêneas, havendo 
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diversificação legislativa. Exemplos: arts. 269 do Código Penal e 33 da Lei n. 
II.343, de 23 de agosto de 2006. 
 
Integração da norma penal. A questão das lacunas da lei penal tem 
preocupado os juristas, na medida em que os processos de preenchimento da 
norma não podem contrapor-se aos ditames contidos nos princípios do Direito 
Penal, principalmente no princípio da legalidade. 
É certo que não há lacunas no Direito, como um todo, pois o 
ordenamento jurídico é perfeito e íntegro. 
 
O que existem são lacunas na norma penal, as quais devem ser 
preenchidas pelos recursos supletivos para o conhecimento do Direito. 
 
Assim, não possuem lacunas as normas penais incriminadoras, 
face ao princípio da reserva legal, uma vez que não se pode estender-lhes 
o conteúdo em prejuízo do réu. Se o legislador elaborou a norma penal ou a lei 
penal incriminadora de maneira lacunosa, não se deve, a pretexto de 
interpreta-la ou complementa-la, ferir o princípio da legalidade ou da 
reserva legal. 
 
Quanto às normas penais não incriminadoras, em relação a elas 
não vige o princípio da legalidade ou da reserva legal, vez que ao 
apresentarem falhas ou omissões, podem ser integradas pelos recursos 
fornecidos pela ciência jurídica. Não há, portanto, ofensa alguma ao princípio 
da legalidade quando a norma penal em branco prevê aquilo que se denomina 
núcleo essencial da conduta. 
 
Portanto, ex vi do disposto no art. 4º da LINDB, são aplicáveis ao 
Direito Penal a analogia, o costume e os princípios gerais de direito. 
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Norma penal incompleta. Denomina-se norma penal incompleta, ou 
lei penal incompleta, segundo André Estefam, “ao fenômeno inverso ao da lei 
penal em branco, ou seja, àquela lei determinada no preceito e indeterminada 
na sansão. A descrição da conduta típica encontra-se perfeita no preceito 
primário, ao passo que a sansão não consta da lei, que faz remissão a outra 
(exemplo: Lei n. 2889/56, que pune o crime de genocídio)”. 
 
Fontes formais mediatas. As fontes formais mediatas são o costume 
e os princípios gerais de direito. 
 
Costume. Nada mais é do que o conjunto de normas de 
comportamento, a que pessoas obedecem de maneira uniforme e constante, 
por convicção de sua obrigatoriedade. Não pode o costume criar ou revogar 
uma lei penal, pois o princípio da legalidade reserva à lei a exclusividade de 
estabelecer o crime e a respectiva pena. Mas o costume pode ser utilizado 
como forma de interpretação da lei, tendo, muitas vezes, nítida influência na 
elaboração da lei penal. 
 
Nas leis ou normas penais incriminadoras é comum encontrarmos 
termos que somente podem ter seu exato significado/conhecimento mediante 
a análise do costume de um povo, levando-se em conta as condições sociais 
em que o crime ocorreu. É o caso das expressões dignidade e decoro 
encontradas nos crimes contra a honra (art. 140 do CP); mulher honesta nos 
crimes contra os costumes (arts. 215 e 216 do CP); ato obsceno, também nos 
crimes contra os costumes (art. 233 do CP) etc. 
 
Distingue-se, entretanto o costume do hábito pela convicção de sua 
obrigatoriedade. O costume carrega consigo certa carga de obrigatoriedade, 
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que faz com que as pessoas o pratiquem de modo geral. Já o hábito não traz 
em si nenhuma obrigatoriedade, tratando-se de meras formas de conduta 
praticadas pelas pessoas ao acaso. 
 
As espécies de costume são: 
 
Ø contra legem: que é aquele que conflita com a lei, não tenha o 
poder de revoga-la ou modifica-la. Poderia ser citada como exemplo a 
contravenção penal do jogo do bicho; 
 
Ø secundum legem: que é aquele que não conflita com a lei, apenas 
esclarece e auxilia na aplicação de seus dispositivos; 
 
Ø praeter legem: que é aquele que funciona como elemento 
heterointegrador das normas penais não incriminadoras, quer cobrindo-lhes as 
lacunas, quer especificando-lhes o conteúdo e a extensão. 
 
Princípios gerais de direito. Previstos no art. 4º da Lei de Introdução 
ao Código Civil, esses princípios descansam em premissas éticas que são 
extraídas, mediante indução, do material legislativo. Conforme bem esclarece 
Julio Fabbrini Mirabate, “está o Direito Penal sujeito às influências desses 
princípios, estabelecidos com a consciência ética do povo em determinada 
civilização, que podem suprir lacunas e omissões da lei penal. Cita-se como 
exemplo de aplicação dessa fonte indireta a não-punição da mãe que fura as 
orelhas da filha, que praticaria assim um crime de lesões corporais, quando o 
faz para colocar-lhe brincos”. 
 
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Analogia não é fonte do Direito Penal.A analogia é o ato de aplicar a 
uma proposição, não prevista em lei, o regramento relativo a uma hipótese 
semelhante. 
 
Não consiste a analogia em fonte formal mediata do Direito Penal, mas, 
em forma de integração da lei. Assim, de acordo com o art. 4º da LINDB, 
na presença de uma lacuna de ordenamento jurídico, deve o juiz decidir o caso 
de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. 
 
Segundo Damásio E. de Jesus, para que seja permitido o recurso à 
analogia exige-se a concorrência dos seguintes requisitos: 
 
Ø que o fato considerado não tenha sido regulado pelo legislador; 
Ø que tenha o legislador regulado situação que oferece relação de 
coincidência, de identidade com o caso não regulado; 
Ø que o ponto comum entre as duas situações constitua o ponto 
determinante na implantação do princípio referente à situação considerada 
pelo julgador. 
 
Analogia legal (ou analogia legis); atua quando o caso não previsto é 
regulado por um preceito legal que rege um semelhante. 
 
Analogia jurídica (ou analogia juris): ocorre quando se aplica, à 
espécie não prevista em lei, um preceito consagrado pela doutrina, pela 
jurisprudência ou pelos princípios gerais de direito. 
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A analogia pode ser ainda: 
 
Ø in bonam partem: quando o sujeito é beneficiado pela sua 
aplicação: 
Ø in malam partem: quando o sujeito é prejudicado pela sua 
aplicação. 
 
No nosso sistema penal é admitida apenas a analogia in bonam 
partem, ou seja, somente se pode recorrer à analogia,para suprir lacuna da 
lei, quando for para beneficiar o réu; nunca para prejudica-lo. 
 
4. Interpretação da Lei Penal 
 
Interpretar significa explicar, explanar ou aclarar o significado de 
palavra, expressão ou texto. O sujeito que interpreta algo de um modo 
chega a um determinado resultado. 
 
Podemos elencar seguintes os prismas de análise da interpretação da lei 
penal: quanto ao sujeito, quanto ao modo e quanto ao resultado. 

Vejamos. 
 
4.1. Interpretação quanto ao sujeito que a elabora (interpretação 
quanto à origem). Divide-se em: 
 
 
4.1.1. Autêntica ou legislativa. É a interpretação realizada pela 
própria lei. A interpretação autêntica pode ser contextual ou posterior. 
 
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a) Contextual: é a interpretação realizada no mesmo momento em que 
é editado o diploma legal que se procura interpretar. Ex: conceito de 
funcionário público, presente no art. 327 do CP. Art. 327: “considera-se 
funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou 
sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública”. 
 
b) Posterior é a interpretação realizada pela lei depois da edição de um 
diploma legal anterior. 
 
A exposição de motivos do Código Penal, em que pese sirva de 
auxílio para o operador do Direito interpretar o texto legal, não foi votada 
pelo Congresso Nacional nem sancionada pelo Presidente da 
República. Foi elaborada por estudiosos da lei, mas não faz parte da lei 
(trata-se apenas de uma apresentação dada pelos estudiosos que trabalharam 
no projeto de lei). 
 
Embora a exposição de motivos do CP seja doutrinária, a 
exposição de motivos do Código de Processo Penal é legislativa (pois se 
encontra na lei). 
 
4.1.2. Doutrinária. É a interpretação dada pelos estudiosos, sendo 
chamada de communis opinio doctorum. Ela não é de observância obrigatória. 
Ex: exposição de motivos do CP. 
 
4.1.3. Jurisprudencial. É fruto das decisões reiteradas de nossos 
tribunais. Ela pode ser vinculante ou não (art. 103-A da CF). 
 
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“Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por 
provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após 
reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir 
de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos 
demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, 
nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou 
cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda 
Constitucional no 45/2004) (Vide Lei no 11.417, de 2006).” 
 
 
A assertiva abaixo é falsa ou verdadeira? 
“A interpretação jurisprudencial não vincula o julgado.” 
Resposta: FALSA. Em regra, ela não vincula, mas pode vincular. 
 
4.2. Interpretação quanto ao modo: 
 
Ø Literal, Filológica ou Gramatical: leva em conta o sentido 
literal/real das palavras. 
 
Ø Teleológica: indaga-se a vontade ou intenção objetivada na lei. 
 
Ø Histórica: procura-se a origem da lei, buscando os fundamentos de 
sua criação. Ex: Art. 41, da Lei no 11340/2006 (Lei Maria da Penha). “Aos 
crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, 
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de 
setembro de 1995.” Interpretando-se historicamente esse artigo, a intenção 
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da lei seria a de que nos crimes da Lei Maria da Penha a ação penal é pública 
incondicionada, tendo nascido justamente para evitar a representação. 
Todavia, em 2009 o Superior Tribunal de Justiça, nos autos do HC 113.608-MG 
(Rel. originário Min. Og Fernandes, Rel. para acórdão Min. Celso Limongi - 
Desembargador convocado do TJ-SP, julgado em 5/3/2009), decidiu que nos 
crimes de lesões corporais leves a ação penal sera públicada condicionada à 
representação, sob o argumento de que, se não houvesse tal possibilidade, a 
dispensa de representação significaria o prosseguimento involuntário da ação 
penal, fato que impediria a reconciliação de muitos casais. 
 
Ø Sistemática: a lei é interpretada com o conjunto da legislação, bem 
como com o conjunto dos princípios gerais de direito. 
 
Ø Progressiva: a lei é interpretada de acordo com o progresso da 
ciência. Ex: o ato sexual forçado realizado com a Roberta Close pode ser 
juridicamente classificado como estupro? Pela interpretação literal da 
legislação do passado (quando o homem não era estuprado, mas apenas sofria 
atentado violento ao pudor), não poderia, porque ela não é mulher. Pela 
interpretação progressiva, a resposta seria afirmativa. OBS: há quem 
classifique a interpretação progressiva como se fosse “interpretação quanto ao 
resultado”. 
 
4.3. Interpretação quanto ao resultado. Divide-se em: 

 
4.3.1. Declarativa ou declaratória: quando a letra da lei corresponde 
exatamente à intenção do legislador 
(aquilo que o legislador quis dizer). 
 
 
4.3.2. Restritiva: reduz-se o alcance das palavras para corresponder à 
vontade do texto (intenção do legislador). Neste caso, considera-se que o 
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legislador se exprimiu de forma ampliativa, ou seja, lex plus dixit quam voluit. 

 
4.3.3. Extensiva: amplia-se o alcance das palavras para corresponder 
à vontade do texto (intenção do legislador). Lex minus dixit quam voluit. 
 
 
 
 
Interpretação quanto 
ao sujeito 
Interpretação quanto ao 
modo 
Interpretação quanto 
ao resultado 
Autêntica ou Legislativa 
Doutrinária 
Jurisprudencial 
Literal 
Teleológica 
Histórica 
Sistemática 
Progressiva 
 
Declarativa ou declaratória 
Restritiva 
Extensiva 
 
 
 
É possível interpretação extensiva no Brasil que não seja para favorecer 
o reú? 
 
Ø Corrente Majoritária: diferentemente de outros países (ex: 
Equador), o Brasil permite a interpretação extensiva, seja esta 
FAVORÁVEL OU NÃO ao réu. Essa corrente prevalece. OBSERVAÇÃO: A 
interpretação extensiva contra o réu somente é permitida em casos 
excepcionalíssimos. 
 
EXEMPLO: A expressão “arma” gera controvérsia: 
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Art. 157, § 2o do CP - A pena aumenta-se de um terço até metade: 
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; 
 
1a Corrente: Realiza uma interpretação restritiva, tomando a expressão 
em sentido PRÓPRIO. Arma seria o instrumento fabricado com finalidade 
bélica. Ex: revólver. OBSERVAÇÃO: só em concurso de defensoria se deve 
seguir esse entendimento, o que não é o nosso caso. 
 
2a Corrente: Realiza uma interpretação ampliativa, tomando a 
expressão em sentido IMPRÓPRIO. Arma seria o instrumento fabricado com ou 
sem finalidade bélica capaz de servir ao ataque ou defesa. Ex: caco de vidro, 
faca de cozinha. 
 
Ø Corrente Minoritária: afirma que a interpretação extensiva é 
possível,mas somente quando FAVORÁVEL ao réu, visando impor a aplicação 
do princípio do in dubio pro reu no caso. Ocorre que o princípio do in dubio 
pro reu, na realidade, serve somente para resolver dúvidas probatórias, e não 
interpretativas. É um princípio do campo das provas que, portanto, não 
deve ser aplicado em casos de interpretação. 
 
Outro exemplo interesse é a aplicação da perda do cargo a empregado 
público, prevista no art. 92 do CP como um dos efeitos da condenação. 
 
Art. 92 - São também efeitos da condenação: 
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: 
 
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O empregado público insere-se nesse contexto por interpretação 
extensiva, haja vista a sua equiparação a funcionário público, consoante o 
disposto no § 1º art. 327 do CP. Vejamos. 
 
Funcionário público 
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, 
quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, 
emprego ou função pública. 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, 
emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para 
empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a 
execução de atividade típica da Administração Pública. 
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos 
crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em 
comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da 
administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou 
fundação instituída pelo poder público. 
 
Interpretação Extensiva X Interpretação Analógica: na 
interpretação analógica, ou “intra legem”, a lei contém em seu bojo uma 
fórmula causuística seguida de uma fórmula genérica. Vale dizer, o 
Código, primeiramente, atendendo ao princípio da legalidade, detalha todas as 
situações que quer regular e, posteriormente, permite que aquilo que a elas 
seja semelhante possa também ser abrangido no artigo. Assim, o significado 
que se busca é extraído do próprio dispositivo, levando-se em conta as 
expressões abertas e genéricas utilizadas pelo legislador. Ou seja, existe 
norma a ser aplicada ao caso concreto. Depois de exemplos, o legislador 
encerra de forma genérica, permitindo ao aplicador encontrar outras hipóteses 
que se encaixem naquela fórmula genérica. 
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A interpretação extensiva não se confunde com a interpretação 
analógica, vez que é um gênero do qual são espécies a interpretação analógica 
e a interpretação extensiva em sentido estrito. 
 
Para diferenciá-las, é necessário analisar a lei penal: 
 
Ø Interpretação analógica: quando o legislador nos fornecer uma 
fórmula causuística, seguindo a ela uma fórmula genérica. Exemplos (art. 121 
do CP e art. 306 do CTB): 
 
Art. 121, § 2° do CPC. Se o homicídio é cometido:
 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo 
torpe;
 
(…) 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro 
meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
 
Art. 306 do CTB. Conduzir veículo automotor, na via pública, estando 
com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 
(seis) decigramas, ou sob a influência de qualquer outra substância 
psicoativa que determine dependência: 
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou 
proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo 
automotor. 
 
 
Ø Interpretação extensiva estrito senso: quando o legislador não 
fornece um padrão a ser seguido. 
 
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Ø Interpretação Extensiva X Interpretação Analógica X 
Analogia: a interpretação extensiva em sentido estrito e a interpretação 
analógica não se confundem com a analogia, porque a analogia é uma regra 
de integração do ordenamento, e não de interpretação, ou seja, na 
analogia não há norma para interpretar, mas lacuna para integrar. 
 
A analogia, por não ser uma regra de interpretação, também é 
chamada de regra de integração analógica ou suplemento analógico. No 
caso da analogia, ao contrário dos anteriores, partimos do pressuposto de que 
não há uma lei a ser aplicada no caso concreto, motivo pelo qual o juiz se 
socorre daquilo que o legislador previu para outro caso similar, atuando como 
legislador positivo. A analogia somente pode ser utilizada em relação às leis 
penais não incriminadoras, em respeito ao princípio da legalidade estrita. A 
analogia pode ser legal/legis (aplica ao caso omisso lei que trate de caso 
semelhante) ou jurídica/juris (aplica um princípio geral do direito). 
 
O ordenamento brasileiro só admite a analogia in bonam 
partem, sendo vedada a utilização da analogia in malam partem, para 
prejudicar o réu (seja ampliando o rol de circunstâncias agravantes, seja 
ampliando o conteúdo dos tipos penais incriminadores), em razão do princípio 
da legalidade – diferentemente do que ocorre com a interpretação extensiva 
(em que se permite in malam partem), pois nesse caso, há lei, enquanto na 
analogia há lacuna. 
 
A interpretação extensiva (em sentido estrito), a interpretação 
analógica e a analogia podem ser assim diferenciadas: 
 
 
 
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Interpretação 
Extensiva 
(sentido estrito) 
Interpretação 
Analógica 
Analogia 
1) Existe norma para o caso 
concreto; 
2) Amplia-se o alcance da 
palavra; 
3) É possível a aplicação no 
direito penal (in malam ou in 
bonam partem); 
4) É forma de interpretação. 
 
 
1) Existe norma para o caso 
concreto; 
2) O legislador, depois de 
enunciar exemplos, encerra 
de maneira genérica, 
permitindo ao juiz encontrar 
outros exemplos que com 
aqueles se assemelhem. É o 
legislador assumindo que 
não tem como prever tudo; 
3) É possível a aplicação no 
direito penal (in malam ou in 
bonam partem); 
4) É forma de interpretação. 
1) NÃO existe norma para o 
caso. 
2) O legislador, para suprir a 
lacuna do ordenamento, 
aplica em um caso, a norma 
de outro. 
3) É possível a analogia no 
Direito Penal, somente em 
bonam partem, pro reu. 
4) É forma de integração 
de lacunas. 
 
 
 
Ø É possível interpretação extensiva no Direito Penal, mesmo contra o 
réu. 
Ø É possível interpretação analógica no Direito Penal, mesmo contra o 
réu. 
Ø É possível analogia no Direito Penal, deste que não-incriminadora. 
 
4.4. Interpretação conforme à Constituição 
 
É o método de interpretação através do qual o intérprete, de acordo 
com uma concepção penal garantista, procura aferir a validade das normas 
mediante seu confronto com a Constituição. 
 
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5. Vigência e Aplicação da Lei Penal 
 
A análise da vigência e aplicação da lei penal no tempo e no espaço 
será abordada de maneira aprofundada mais à frente, na aula 03 do curso. 
Entretanto, antes de nos debruçarmos de maneiramais detalhada nesses 
assuntos, algumas notas se fazem necessárias quanto aos princípios 
constitucionais que servem de fundamento a tais temas objeto de nosso 
estudo. Vejamos. 
 
Art. 1º, Código Penal - “Não há crime sem lei anterior que o 
defina. Não há pena sem prévia cominação legal.” 
 
O art.1º consagra o princípio da legalidade. Esse princípio (como 
está no art.1º) nasce da soma de 2 princípios: princípio da reserva legal 
(“...não há crime sem lei...”) e princípio da anterioridade (“...sem lei 
anterior...”). 
 
Conceito de Princípio da Legalidade – constitui uma real limitação 
ao poder estatal, de interferir na esfera de liberdades individuais. Destarte, por 
isso ocorre a inclusão do princípio retrocitado no artigo 5º da Constituição 
Federal, bem como nos Tratados Internacionais de Direitos Humanos. Este 
princípio é uma conquista do indivíduo contra o poder de polícia do Estado, 
valendo também para as contravenções penais e (de acordo com a maioria) 
medidas de segurança. 
 
CONCLUSÃO: não há infração penal (crime + contravenção) ou sanção 
penal (pena + medida de segurança) sem lei anterior. 
 
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Art. 5º, II, Constituição Federal 1988 – “ninguém será obrigado a 
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;” 
 
Art. 5º, XXXIX, Constituição Federal 1988 – “não há crime sem lei 
anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;” 
 
 
 
São, portanto, desdobramentos do Princípio da Legalidade: 
 
a) Princípio da reserva legal (não há crime ou pena sem lei). A 
expressão “lei” significa que as normas penais incriminadoras somente 
poderão derivar de lei ordinária e, excepcionalmente, lei complementar. Trata-
se de observação à lei em seu stricto sensu (sentido estrito). Decorre de tal 
afirmação que o Direito Penal não admite o costume incriminador. Mas 
cuidado, porque o costume interpretativo, segundo a lei, é permitido no Direito 
Penal. O princípio da legalidade diz que não há crime ou pena sem lei ESTRITA. 
Proíbe-se, como já visto nesta aula, a utilização da analogia incriminadora (tipo 
incriminador). A analogia in bonan partem (não incriminadora), no entanto, é 
permitida no ordenamento jurídico. 
 
b) Princípio da anterioridade, que proíbe a retroatividade maléfica 
da lei penal. A retroatividade benéfica é uma garantia constitucional do 
cidadão. 
 
Tais breves apontamentos serão de grande importância quando nos 
aprofundarmos mais sobre esse assunto no decorrer da aula 03 do presente 
curso. 
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Agora é hora de praticar e fixar os conceitos apresentados. 
 
 
 
1. (CESPE – TJDFT – Analista Judiciário / Oficial de Justiça 
Avaliador Federal – 2015) Em relação à aplicação, à interpretação e à 
integração da lei penal, julgue o item seguinte. 
No Código Penal, a exposição de motivos é exemplo de 
interpretação autêntica, pois é realizada no próprio texto legal. 
 
Gabarito: ERRADO. A exposição de motivos do Código Penal é 
espécie de interpretação doutrinária, portanto, não se trata de lei. Já a 
exposição de motivos do Código de Processo Penal é espécie de interpretação 
autêntica ou legislativa. 
 
2. (CESPE – TJDFT – Analista Judiciário / Oficial de Justiça 
Avaliador Federal – 2015) Em relação à aplicação, à interpretação e à 
integração da lei penal, julgue o item seguinte. 
Em se tratando de direito penal, admite-se a analogia quando 
existir efetiva lacuna a ser preenchida e sua aplicação for favorável ao 
réu. Constitui exemplo de analogia a aplicação ao companheiro em 
união estável da regra que isenta de pena o cônjuge que subtrai bem 
pertencente ao outro cônjuge, na constância da sociedade conjugal. 
 
Gabarito: CERTO. 
Interpretação extensiva 
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Ø É forma de interpretação; 
Ø Existe norma para o caso concreto; 
Ø Amplia-se o alcance da palavra (não importa no surgimento de uma 
nova norma); 
Ø Prevalece ser possivel sua aplicação no direito penal in bonam ou in 
malam partem. 
 
Interpretação analógica 
Ø É forma de interpretação; 
Ø Existe norma para o caso concreto; 
Ø Utilizam-se exemplos seguidos de uma formula genérica para 
alcançar outras hipóteses; 
Ø É possível sua aplicação no direito penal in bonam ou in malam 
partem 
 
Analogia 
Ø É forma de integração do direito; 
Ø Não existe norma para o caso concreto (existe uma lacuna); 
Ø Cria-se nova norma a partir de outra (analogia legis) ou do 
ordenamento jurídico (analogia iuris); 
Ø É possível sua aplicação no direito penal soemente in bonam partem. 
 
 
A interpretação analógica não se confunde com analogia! 
 
Na analogia, ao contrário da interpretação extensiva e interpretação 
analógica, partimos do pressuposto de que não existe uma lei a ser 
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aplicada ao caso concreto, motivo pelo qual, socorre-se daquilo que o 
legislador previu para outro caso similar. Então, a analogia não é forma 
de interpretação, porque não há lei para se interpretar. A analogia é forma 
de integração do direito, tampando-se uma lacuna em um caso concreto. 
 
3. (CAIP/IMES – Câmara Municipal de Atibaia/SP – Advogado 
– 2016) São características das normas penais: 
a) imperatividade, generalidade, abstração e pessoalidade. 
b) exclusividade, generalidade, abstração e impessoalidade. 
c) exclusividade, imperatividade, generalidade, abstração e 
impessoalidade. 
d) exclusividade, imperatividade, generalidade, e pessoalidade. 
 
Gabarito: Item “C”. 
São características das Normas Penais: 
Exclusividade - A norma penal é exclusiva porque somente ela define 
infrações e impõe penas. 
Imperatividade - Em relação à imperatividade, a norma penal é 
autoritária por sujeitar quem descumprir o seu mandamento. Ela separa e 
define o lícito do ilícito penal. Quem incorrer no ilícito penal receberá as 
consequências jurídico-criminais conhecidas como penas. 
Todos devem obedecer as leis penais. Todas as leis e as normas penais 
são imperativas. 
A prática do fato típico faz surgir a relação jurídica punitiva que significa 
o aparecimento do direito concreto de punir do Estado e a obrigação do 
indivíduo de não obstar a aplicação da pena. Nos casos de normas penais 
permissivas como o caso da legítima defesa, acontece inversão nos polos da 
relação jurídica entre o sujeito e o Estado, cabendo a este último reconhecer 
os efeitos da excludente da antijuridicidade. 
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Generalidade - A norma penal tem eficácia erga omnes, ou seja, para 
todas as pessoas. Até os considerados inimputáveis devem obedecer ao 
mandado proibitivo da norma penal incriminadora. 
Abstração e Impessoalidade - A norma penal dirige-se a fatos 
futuros, vez que não existe crime sem lei anterior que o defina como tal. A 
norma penal não é feita para indivíduos determinados. 
 
4. (CESPE – TCE-PR– Auditor – 2016) A respeito dos princípios 
aplicáveis ao direito penal, assinale a opção correta. 
a) Do princípio da individualização da pena decorre a exigência 
de que a dosimetria obedeça ao perfil do sentenciado, não havendo 
correlação do referido princípio com a atividade legislativa 
incriminadora, isto é, com a feitura de normas penais incriminadoras. 
b) Conforme o entendimento doutrinário dominante 
relativamente ao princípio da intervenção mínima, o direito penal 
somente deve ser aplicado quando as demais esferas de controle não 
se revelarem eficazes para garantir a paz social. Decorrem de tal 
princípio a fragmentariedade e o caráter subsidiário do direito penal. 
c) Ao se referir ao princípio da lesividade ou ofensividade, a 
doutrina majoritária aponta que somente haverá infração penal se 
houver efetiva lesão ao bem jurídico tutelado. 
d) Em decorrência do princípio da confiança, há presunção de 
legitimidade e legalidade dos atos dos órgãos oficiais de persecução 
penal, razão pela qual a coletividade deve guardar confiança em 
relação a eles. 
e) Dado o princípio da intranscendência da pena, o condenado 
não pode permanecer mais tempo preso do que aquele estipulado pela 
sentença transitada em julgado. 
 
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Gabarito: Item “B” - CERTO. O princípio da intervenção mínima 
sustenta que o Direito Penal somente deve ser utilizado em “último caso”, ou 
seja, quando for estritamente necessário para a proteção de bens jurídicos 
relevantes. Este princípio decorre do caráter fragmentário e subsidiário do 
Direito Penal. Assim, por força deste princípio, num sistema punitivo, como é o 
Direito Penal, a criminalização de condutas só deve ocorrer quando se 
caracterizar como meio absolutamente necessário à proteção de bens jurídicos 
relevantes (fragmentariedade), e desde que isso não seja possível pelos outros 
ramos do Direito (subsidiariedade). 
Análise dos demais itens. 
Item “A” - ERRADO. A individualização da pena ocorre em três 
etapas: no momento da criminalização da conduta, no momento da aplicação 
da pena e no momento da execução da pena. 
Item “C” - ERRADO. Item errado, pois o princípio da ofensividade 
exige que a conduta criminalizada tenha APTIDÃO para ofender o bem jurídico 
que a norma pretende tutelar. Não se exige, em todos os casos, a efetiva 
lesão, pois existem os chamados crimes de perigo, que são aqueles em relação 
aos quais basta que o bem jurídico seja exposto a risco de dano para que o 
crime se configure (sem que haja violação ao princípio da ofensividade). 
Item “D” - ERRADO. Este princípio, nem sempre citado pela Doutrina, 
prega que todos possuem o direito de atuar acreditando que as demais 
pessoas irão agir de acordo com as normas que disciplinam a vida em 
sociedade. Assim, quando alguém ultrapassa um sinal VERDE e acaba colidindo 
lateralmente com outro veículo que avançou o sinal VERMELHO, aquele que 
ultrapassou o sinal verde agiu amparado pelo princípio da confiança, não tendo 
culpa, já que dirigia na expectativa de que os demais respeitariam as regras de 
sinalização. 
Item “E” - ERRADO. O princípio da intranscendência da pena veda 
que a pena seja aplicada a pessoa diversa daquela que foi efetivamente 
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condenada, ou seja, ninguém poderá ser punido por crime praticado por outra 
pessoa. 
 
5. (UFMT – TJ-MT – Distribuidor – 2012) Quanto à lei penal, 
analise as assertivas abaixo. 
I - Em nenhuma situação a lei penal poderá ser aplicada a fatos 
anteriores à sua vigência. 
II - A definição de crimes e a imposição de penas por meio de 
medidas provisórias violam o princípio de reserva legal. 
III - De acordo com o princípio da territorialidade, aplica-se a lei 
brasileira ao crime cometido no território nacional, salvo se convenção 
ou tratado firmado pelo Brasil dispuser de forma diversa. 
IV - Os costumes podem servir como fontes de agravamento de 
pena ou de criação de infrações penais. 
Está correto o que se afirma em: 
a) I e III, apenas. 
b) II e IV, apenas. 
c) I e IV, apenas. 
d) II e III, apenas. 
 
Gabarito: Item “D”. 
Análise dos itens. 
 I – ERRADO. Art. 2 Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer 
modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos 
por sentença condenatória transitada em julgado 
II – CERTO. Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não 
há pena sem prévia cominação legal 
CF/88: Art. 62 § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre 
matéria I – relativa a: b) direito penal, processual penal e processual civil 
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III – CERTO. Princípio da territorialidade: aplica-se a lei penal do local 
do crime, não importando a nacionalidade do agente, da vítima ou do bem 
jurídico. 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados 
e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional 
IV – ERRADO. É absolutamente vedado o costume incriminador. A lei é 
a única forma de rotular como crime (ou contravenção penal) determinada 
conduta, obedecendo, inclusive, o princípio da reserva legal. O costume, na 
ausência de lei (praeter legem), não pode dar vida a novas figuras 
incriminadoras, embora tenha eficácia em outros setores do direito penal 
(Rogério Sanches). 
 
6. (CEPERJ – SEFAZ-RJ – Oficial de Fazenda – 2010) No Direito 
Penal, a necessidade de a norma ser complementada por outra de nível 
diverso denomina-se: 
a) norma penal em branco em sentido amplo 
b) norma penal em branco em sentido estrito 
c) norma penal não incriminadora 
d) norma penal regulamentar 
e) norma penal especial 
 
Gabarito: Item “B” - CERTO. 
1- Norma Penal em Branco Própria ou em Sentido Estrito ou 
Heterogênea: cujo sentido é de que há necessidade de complemento 
normativo diverso do emanado pelo legislador, ou seja, se a norma tem sua 
origem em uma lei e nos ei dispositivo há menção em complementar por outra 
norma que não seja lei. 
2- Norma Penal em Branco Imprópria ou em Sentido Amplo ou 
Homogênea: cujo sentido é de que o complemento normativo emana do 
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legislador, ou seja, é uma lei sendo complementada por outra lei. Desta 
norma, há uma subdivisão: 
2.1- Norma Penal em Branco Imprópria ou em Sentido Amplo ou 
Homogênea Homovitelina (homóloga): é quando o complemento provém da 
mesma instância legislativa (Código Penal complementado pelo mesmo Código 
Penal), ex.: conceito de funcionário público. 
2.2- Norma Penal em Branco Imprópria ou em Sentido Amplo ou 
Homogênea Heterovitelina (heteróloga): é quando o complemento emana de 
instância legislativa diversa (Código Penal complementado pelo Código Civil), 
ex.: art. 236, do CP. 
 
7. (CESPE - PC-GO - Escrivão de Polícia Substituto - 2016) 
Considerando os princípios constitucionais e legais informadores da lei 
penal, assinale a opção correta. 
a) Por adotar a teoria da ubiquidade, o CP reputa praticado o 
crime tanto no momento da conduta quanto no da produção do 
resultado. 
b) A leimaterial penal terá vigência imediata quando for editada 
por meio de medida provisória, impactando diretamente a condenação 
do réu se a denúncia já tiver sido recebida. 
c) Considerando os princípios informativos da retroatividade e 
ultratividade da lei penal, a lei nova mais benéfica será aplicada 
mesmo quando a ação penal tiver sido iniciada antes da sua vigência. 
d) A novatio legis in mellius só poderá ser aplicada ao réu 
condenado antes do trânsito em julgado da sentença, pois somente o 
juiz ou tribunal processante poderá reconhecê-la e aplicá-la. 
e) Ainda que se trate de crime permanente, a novatio legis in 
pejus não poderá ser aplicada se efetivamente agravar a situação do 
réu. 
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Gabarito: Item “C” – CERTO. Retroatividade da Lei mais benéfica: a 
lei nova e melhor volta no tempo e alcança fatos passados; 
Ultratividade da Lei mais benéfica: a lei revogada, por lei mais severa, 
continuará sendo aplicada aos fatos acontecidos dentro de sua vigência. 
Análise dos demais itens. 
Item “A” – ERRADO. Teoria Mista ou da Ubiquidade: leva-se em conta 
tanto o local da prática delituosa como o da ocorrência do resultado do crime 
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a 
ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria 
produzir-se o resultado (crime tentado). 
Item “B” – ERRADO. CF 1988 - Art. 62. Em caso de relevância e 
urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com 
força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. 
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: 
b) direito penal, processual penal e processual civil; 
Item “D” – ERRADO. Novatio Legis In Mellius poderá ser aplicada 
mesmo aos condenados que estiverem na fase de execução da sentença. A 
execução caberá ap magistrado que presidir o processo e ao juízo da Vara de 
Execuções Criminais. 
Item “E” – ERRADO. Sumula 711 do STF - A lei penal mais grave 
aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é 
anterior à cessação da continuidade delitiva ou da permanência. 
 
8. (CESPE - PC-GO - Agente de Polícia Substituto - 2016) 
ADAPTADA 
O princípio da legalidade pode ser desdobrado em três: princípio 
da reserva legal, princípio da taxatividade e princípio da retroatividade 
como regra, a fim de garantir justiça na aplicação de qualquer norma. 
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ERRADO. O princípio da retroatividade somente é regra no direito 
penal quando se trata de lei nova mais benéfica ao réu (novatio legis in 
mellius). No caso de lei nova que piore a situação do acusado (novatio legis in 
pejus), a retroatividade é vedada. 
 
9. (CESPE - PC-GO - Agente de Polícia Substituto - 2016) 
ADAPTADA 
Em razão do princípio da legalidade, a analogia não pode ser 
usada em matéria penal. 
 
ERRADO. A analogia pode ser usada em matéria penal quando 
beneficiar o réu. É a chamada analogia in bonam partem, que usada, por 
exemplo, quando na escusa absolutória do art. 181 do CP, que não pune crime 
contra o patrimônio praticado contra cônjuge, mas pode, por analogia, ser 
aplicada também a companheiros, pois se trata de analogia benéfica. 
O que não pode ser usado em matéria penal é a analogia que prejudica 
o réu (analogia in malam partem). 
 
10. (CESPE - TCE-PR - Auditor - 2016) A respeito dos princípios 
aplicáveis ao direito penal, assinale a opção correta. 
a) Do princípio da individualização da pena decorre a exigência 
de que a dosimetria obedeça ao perfil do sentenciado, não havendo 
correlação do referido princípio com a atividade legislativa 
incriminadora, isto é, com a feitura de normas penais incriminadoras. 
b) Conforme o entendimento doutrinário dominante 
relativamente ao princípio da intervenção mínima, o direito penal 
somente deve ser aplicado quando as demais esferas de controle não 
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se revelarem eficazes para garantir a paz social. Decorrem de tal 
princípio a fragmentariedade e o caráter subsidiário do direito penal. 
c) Ao se referir ao princípio da lesividade ou ofensividade, a 
doutrina majoritária aponta que somente haverá infração penal se 
houver efetiva lesão ao bem jurídico tutelado. 
d) Em decorrência do princípio da confiança, há presunção de 
legitimidade e legalidade dos atos dos órgãos oficiais de persecução 
penal, razão pela qual a coletividade deve guardar confiança em 
relação a eles. 
e) Dado o princípio da intranscendência da pena, o condenado 
não pode permanecer mais tempo preso do que aquele estipulado pela 
sentença transitada em julgado. 
 
Gabarito: Item “B” – CERTO. O princípio da intervenção mínima 
sustenta que o Direito Penal somente deve ser utilizado em “último caso”, ou 
seja, quando for estritamente necessário para a proteção de bens jurídicos 
relevantes. Este princípio decorre do caráter fragmentário e subsidiário do 
Direito Penal. Assim, por força deste princípio, num sistema punitivo, como é o 
Direito Penal, a criminalização de condutas só deve ocorrer quando se 
caracterizar como meio absolutamente necessário à proteção de bens jurídicos 
relevantes (fragmentariedade), e desde que isso não seja possível pelos outros 
ramos do Direito (subsidiariedade). 
Item “A” – ERRADO. A individualização da pena ocorre em três 
etapas: no momento da criminalização da conduta, no momento da aplicação 
da pena e no momento da execução da pena. 
Item “C” – ERRADO. Item errado, pois o princípio da ofensividade 
exige que a conduta criminalizada tenha APTIDÃO para ofender o bem jurídico 
que a norma pretende tutelar. Não se exige, em todos os casos, a efetiva 
lesão, pois existem os chamados crimes de perigo, que são aqueles em relação 
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aos quais basta que o bem jurídico seja exposto a risco de dano para que o 
crime se configure (sem que haja violação ao princípio da ofensividade). 
Item “D” – ERRADO. Este princípio, nem sempre citado pela Doutrina, 
prega que todos possuem o direito de atuar acreditando que as demais 
pessoas irão agir de acordo com as normas que disciplinam a vida em 
sociedade. 
Item “E” – ERRADO. O princípio da intranscendência da pena veda 
que a pena seja aplicada a pessoa diversa daquela que foi efetivamente 
condenada, ou seja, ninguém poderá ser punido por crime praticado por outra 
pessoa, nos termos do art. 5º XLV da CF/88. 
 
11. (CESPE - TJ-PB - Juiz Substituto - 2015) Acerca dos 
princípios e fontes do direito penal, assinale a opção correta. 
a) Segundo a jurisprudência do STJ, o princípio da 
insignificância deve ser aplicado a casos de furto qualificado em que o 
prejuízo da vítima tenha sido mínimo. 
b) Conforme entendimento do STJ, o princípio da adequação 
social justificaria o arquivamento de inquérito policial instaurado em 
razão da venda de CDs e DVDs. 
c) Depreende-se do princípio da lesividade que a autolesão, via 
de regra, não é punível. 
d) Depreende-se da aplicação do princípio da insignificância a 
determinado caso que a conduta em

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