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Ponto 7

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PROVA ORAL MAGISTRATURA FEDERAL – TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO
PONTO 7
DIREITO CONSTITUCIONAL. Direitos Sociais. Eficácia. Propriedade e desapropriação. 
Compilação e atualização por Flávia Rocha Garcia em 15/10/2017
Histórico: A ordem social adquiriu relevância jurídica a partir do momento em que as Constituições passaram a discipliná-la. Marcos Importantes: Constituição Mexicana de 1917 e Constituição Alemã de Weimar de 1919. 
Panorama na CF/88: A CF traz um capítulo próprio dos direitos sociais e, bem distanciado deste, um título especial sobre a ordem social. Mas não ocorre uma separação radical, como se os direitos sociais não fossem algo ínsito na ordem social. Cindindo-se a matéria, com se fez, o constituinte não atendeu aos melhores critérios metodológicos, mas dá ao jurista a possibilidade de extrair, daqui e de lá, aquilo que constitua o conteúdo dos direitos relativos a cada um daqueles objetos sociais. [JAS] 
Direitos Sociais são direitos fundamentais de 2ª dimensão.
 Conceito: os direitos sociais, como dimensão dos direitos fundamentais, são prestações positivas proporcionadas pelo estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais. [JAS]
Os direitos sociais são muito mais caros do que os direitos de primeira dimensão, pois são prestados por meio do aparato de políticas públicas.
Os Direitos Sociais são Cláusula Pétreas?
1ª Corrente: somente os incisos do art. 5º são cláusulas pétreas. É a tese mais fraca. Há incisos do art. 5º que não seriam cláusulas pétreas, ou direitos fundamentais (ex: punição de crime hediondo; instituição do júri). Lado outro, excluem-se direitos que são inequivocamente fundamentais, como os direitos sociais, os difusos e coletivos. Atenção: para a maioria da doutrina, porém, todos os incisos do art. 5º são cláusulas pétreas.
2ª Corrente: Para Gilmar Mendes, apenas os direitos de defesa são cláusulas pétreas, estejam ou não no art. 5º. A preocupação é com a estrutura do direito: somente os direitos que exigem uma abstenção (prestação negativa) do Estado é que são cláusulas pétreas. Excluem-se, assim, os direitos prestacionais.
3ª corrente: Para Ingo Sarlet, são cláusulas pétreas os direitos de 1ª, 2ª e 3ª geração, sejam direitos de defesa, sejam prestacionais. Não há por que estabelecer hierarquia entre as “gerações” de direitos fundamentais. Além disso, estruturalmente, os direitos tido como individuais podem configurar direitos de prestação, e vice-versa, ou seja, não é absoluta a separação entre direitos de defesa e direitos prestacionais, de modo que há direitos individuais prestacionais e de defesa, ao mesmo tempo em que existem direitos sociais prestacionais e de defesa. É a mais acertada.
Direitos formalmente fundamentais. Divergência na terceira corrente: direitos formalmente fundamentais são aqueles que não são emanações da dignidade da pessoa humana, mas foram colocados pelo constituinte no catálogo de direitos fundamentais. 
Para Ingo Sarlet, todos os direitos formalmente fundamentais são cláusulas pétreas. Ex: todos os direitos que estão no Título II da CF (dos direitos e garantias fundamentais - art. 5º – art. 17); se o constituinte quis atribuir esse status às normas desse título, assim deve ser, não cabendo ao tribunal constitucional dizer que não é assim. 
Crítica de Daniel Sarmento e Luís Roberto Barroso: não há, no título em questão, exclusivamente normas materialmente fundamentais, até porque a constituinte não teve essa preocupação metodológica. De igual modo, a tese leva a uma inflação de cláusulas pétreas, o que é perigoso para a democracia, pois resulta em uma excessiva vinculação das gerações futuras às normas do passado – lembre-se da expressão: governo de mortos sobre vivos. Conclusão, para Daniel Sarmento e Luis Roberto Barroso só os direitos materialmente fundamentais, ou seja, os que emanam da dignidade humana, é que são cláusulas pétreas.
Cláusula Pétrea – Direito Materialmente Fundamental – Juízo De Conteúdo Cabe ao STF: O fato de estar no Título II gera uma presunção relativa de fundamentalidade, mas a verificação deve ser feita pelo STF por meio de um juízo de conteúdo, e não apenas formal.
Visão do STF sobre a matéria: 
Caso do IPMF – introduzido por emenda constitucional (EC 3/93) sem a observância do princípio da anterioridade. Foi a primeira vez na história que o STF exerceu controle sobre emenda. O Supremo considerou a anterioridade tributária (prevista no art. 150) um direito fundamental do contribuinte. 
Caso da verticalização: princípio da anualidade eleitoral – emenda, assim como a lei, que altera o processo eleitoral também não pode ser aplicada às eleições que ocorrerem em prazo inferior a 1 ano. Não se adotou o argumento de que se tratava de direito formalmente fundamental, e sim de que a anualidade eleitoral é uma garantia fundamental essencial à democracia e à segurança jurídica – houve tratamento da norma como materialmente fundamental. 
Caso do teto dos benefícios previdenciários: a EC 20 criou o teto para os benefícios pagos pelo INSS. Assim, o empregador deveria pagar o restante do salário da mulher, em caso de salário maternidade, gerando exclusão da mulher do mercado de trabalho. O STF utilizou a técnica da declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto, para afastar a incidência da EC/20, no que toca ao teto dos benefícios previdenciários para o salário-maternidade. Mais uma vez, não se satisfez com o argumento formal: disse que é cláusula pétrea porque é corolário da igualdade entre homem e mulher no mercado de trabalho (direito materialmente fundamental). Na prática, embora não expressamente, o STF acabou por considerar que um direito prestacional é cláusula pétrea.
Controle pelo Judiciário de Emendas Constitucionais. No assunto, deve-se levar em conta o princípio contramajoritário, segundo o qual o Poder Judiciário deve atuar de maneira a promover a democracia, em suas cláusulas essenciais, ainda que afete os interesses das maiorias ocasionais. Isso porque democracia não se confunde unicamente com a prevalência da maioria (majoritarismo em sentido forte), mas também com autogoverno do povo e igualdade intrínseca entre os cidadãos. Assim, quando o Judiciário atua para invalidar emendas constitucionais atentatórias às cláusulas pétreas, no que tange aos pressupostos da continuidade da jornada democrática (elementos constitucionais essenciais), ele não atenta, e sim promove a democracia e seu ideal de autogoverno do povo.
Ordem Social. A base é o primado do trabalho e o objetivo é bem-estar e justiça social. “(...) o título da ordem social misturou assuntos que não se afinam com essa natureza. Jogaram-se aqui algumas matérias que não têm um conteúdo típico de ordem social. Ciência e tecnologia e meio ambiente só entram no conceito de ordem social tomada essa expressão em sentido bastante alargado. Mesmo no sentido muito amplo, é difícil encaixar a matéria relativa aos índios no seu conceito.” [JAS]
Classificação dos direitos sociais: [JAS] 	
Segundo o critério positivado pela CF: trabalho, seguridade social, educação e cultura, moradia, família, criança, adolescente, idoso, meio ambiente.
Segundo o critério: homem como produtor ou como consumidor
a) DIREITOS SOCIAIS DO HOMEM PRODUTOR: liberdade de instituição sindical (instrumento de ação coletiva); direito de greve; o direito do trabalhador determinar as condições de seu trabalho (contrato coletivo); direito de cooperar na gestão da empresa (co-gestão ou autogestão); direito de obter um emprego.
b) DIREITOS SOCIAIS DO HOMEM CONSUMIDOR: direito à saúde; direito à segurança social (segurança material); direito ao desenvolvimento intelectual; direito ao igual acesso das crianças e adultos à instrução, à formação profissional e à cultura; garantia ao desenvolvimento da família.
Direito individual – direitos de liberdade frente ao Estado. [o conceitoconstitucional de direito individual não se confunde com o conceito processual de direito individual]
Mínimo Existencial (Vital, limiar mínimo, standard mínimo constitucional). O Estado deve garantir um mínimo para existência da pessoa, para que se garanta uma vida minimamente digna. Há doutrina que defende que o mínimo existencial relativo a alguns direitos seria uma redução dos direitos fundamentais. A CF/88 prevê um grande rol de direitos sociais, nos casos dos direitos à saúde e à educação houve uma contemplação mais específica. Há quem defenda que a alegação de mínimo existencial teria espaço para a preservação de direitos não especificados pelo texto constitucional.
Teoria Da Reserva Do Possível – todo e qualquer orçamento tem limite. [ADPF 45]. A jurisprudência brasileira, em regra, rejeita essa teoria. A reserva do possível não pode ser alegada frente ao mínimo vital, em que há absoluta prioridade. Pode até apontar a existências de gastos com outras destinações que não visassem a proteção da dignidade (ex.: marketing), por isso não ser possível a alegação dessa teoria. A respeito do tema, transcrevo trecho do Informativo 543, do STJ:
Além do mais, tem-se visto, recorrentemente, a invocação da teoria da reserva do possível, importada do Direito alemão, como escudo para o Estado se escusar do cumprimento de suas obrigações prioritárias. Não se pode deixar de reconhecer que as limitações orçamentárias são um entrave para a efetivação dos direitos sociais. No entanto, é preciso ter em mente que o princípio da reserva do possível não pode ser utilizado de forma indiscriminada. Na verdade, o direito alemão construiu essa teoria no sentido de que o indivíduo só pode requerer do Estado uma prestação que se dê nos limites do razoável, ou seja, na qual o peticionante atenda aos requisitos objetivos para sua fruição. Informa a doutrina especializada que, de acordo com a jurisprudência da Corte Constitucional alemã, os direitos sociais prestacionais estão sujeitos à reserva do possível no sentido daquilo que o indivíduo, de maneira racional, pode esperar da sociedade. Ocorre que não se podem importar preceitos do direito comparado sem atentar para Estado brasileiro. Na Alemanha, os cidadãos já dispõem de um mínimo de prestações materiais capazes de assegurar existência digna. Por esse motivo, o indivíduo não pode exigir do Estado prestações supérfluas, pois isso escaparia do limite do razoável, não sendo exigível que a sociedade arque com esse ônus. Eis a correta compreensão do princípio da reserva do possível, tal como foi formulado pela jurisprudência germânica. (REsp 1.389.952-MT, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 3/6/2014.)
Parâmetros para identificar o mínimo existencial em demandas de saúde (por Ana Paula Barcelos). Leva-se em conta a relação entre o custo da prestação de saúde e o benefício que ela poderá proporcionar para o maior número de pessoas, tendo em vista a quantidade daqueles que necessitam dessa espécie de prestação. Mesmo essa visão merece uma série de críticas, sendo a principal a de que ele consagra um critério utilitarista, como aponta John Rawls. Todavia, pode-se cogitar da inclusão prioritária no mínimo existencial daquelas prestações de saúde de que todos os indivíduos necessitaram, necessitam, ou provavelmente hão de necessitar. Pois o conteúdo do mínimo existencial é dado por prestações em relação às quais seja factível afirmar que todos os indivíduos têm direito, e não apenas aqueles que vão ao Judiciário
Princípio Da Proibição Do Retrocesso. A partir do momento que o direito social previsto em norma programática seja efetivado não seria possível sua extinção. Ex.: extinção do Bolsa Família sem qualquer justificativa. 
Acerca do mencionado princípio, anota Luis Roberto Barroso que “a invalidade por inconstitucionalidade ocorre quando se revoga uma norma infraconstitucional concessiva de um direito, deixando um vazio em seu lugar. Não se trata, é bom observar, da substituição de uma forma de atingir o fim constitucional por outra, que se entenda mais apropriada.” (in Interpretação e Aplicação da Constituição). 
Perguntas da oral de 2013: Em que consiste o princípio da vedação do retrocesso, está positivado? Em uma crise econômica, o Estado pode reduzir a oferta de serviços públicos?
Normas Programáticas. Normas programáticas são aquelas que estabelecem programas ao Estado; um fim a ser buscado pela atuação estatal. Os direitos sociais podem ser previstos por meio de normas programáticas ou mesmo por normas de eficácia plena. A efetivação das normas programáticas pode ocorrer por: a) políticas públicas; b)direitos previstos por leis infraconstitucionais.
Ativismo judicial e implementação de políticas públicas pelo poder judiciário. Os direitos sociais não podem ficar condicionados à mera vontade do administrador, sendo imprescindível que o Judiciário atue como órgão controlador da atividade administrativa. Haveria uma distorção se se pensasse que o princípio da separação dos poderes, originalmente concebido para garantir os direitos fundamentais, pudesse ser utilizado como empecilho à realização dos direitos sociais, igualmente fundamentais. Uma correta interpretação daquele princípio, em matéria de políticas públicas, deve ser apenas no sentido de utilizá-lo quando a Administração atua dentro dos limites concedidos pela lei. Quando a Administração extrapola os limites de sua competência e age sem sentido ou foge da finalidade à qual estava vinculada, não se deve aplicar o referido princípio. Nesse caso, encontra-se o Poder Judiciário autorizado a reconhecer que o Executivo não cumpriu sua obrigação legal quando agrediu direitos difusos e coletivos, bem como a corrigir tal distorção restaurando a ordem jurídica violada. 
Os Direitos Sociais No Capítulo II da Constituição.
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte (Atenção, incluído pela EC nº90/2015), o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; 
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior,no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; 
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
XXIV - aposentadoria;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho;
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos;
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social.   (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 72, de 2013)
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas;
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.
 Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.
Há projeto de emenda para incluir o direito à felicidade no caput do artigo 6º. Embora tenha sido motivo de piada à época da apresentação, é certo que o STF e o STJ reconhecem o direito à busca da felicidade. Tal reconhecimento foi expresso no acórdão relativo a união homoafetiva. 
Os Direitos Constitucionais Dos Trabalhadores. Observe-se que no preâmbulo da CF os direitos sociais antecedem os direitos individuais, demonstrando a nítida opção pelo Estado do bem-estar social. Os direitos constitucionais dos trabalhadores são direitos fundamentais de segunda dimensão. O art. 7º da CF, por sua vez, elenca os direitos individuais dos trabalhadores em rol exemplificativo. No que se refere aos Direitos sociais previstos no art. 6º da CF, alguns foram regulados na própria CF, noutros ficou silente. Exemplo 01: saúde e educação tiveram pelo menos um conteúdo mínimo estabelecido, já que o legislador ordinário pode prever mais garantias. Exemplo 02: qual o conteúdo do direito à moradia? A CF não fala claramente, prevendo o dispositivo do inciso IV, do artigo 7º.
Quando a CF não especificar o conteúdo do direito social, é o legislador ordinário que deve preencher o seu conteúdo, sempre garantido um mínimo existencial.
Os direitos sociais são muito mais dispendiosos do que os direitos de 1ª dimensão, essa é uma das razões pelas quais se fala no retorno ao liberalismo (neoliberalismo), ao argumento de escassez de recursos financeiros.
Os direitos relativos aos trabalhadores são de duas ordens:
a) direitos dos trabalhadores em suas relações individuais de trabalho, que são os direitos dos trabalhadores do art. 7º da CF;
b) direitos coletivos dos trabalhadores (arts. 8º a 11), que são aqueles que os trabalhadores exercem coletivamente ou no interesse de uma coletividade deles, e são os direitos de associação profissional ou sindical, o direito de greve, o direito de participação e o direito de representação classista. (vide item: organização sindical)
No art. 7º da CF destaque para direito ao trabalho e garantia do emprego. O direito ao trabalho não consta de norma expressa da CF, mas é extraído da combinação dos fundamentos da República nos valores sociais do trabalho e demais dispositivos constitucionais.
Já a garantia de emprego compreende a proteção da relação de emprego contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, entre outros direitos, impedindo-se, dessa forma, a dispensa injustificada, sem motivo socialmente relevante. É norma de eficácia contida. Enquanto não advier a lei complementar, a garantia está limitada ao disposto no artigo 10, I, do ADCT, que majorou para 40% a multa incidente sobre o saldo FGTS, quando da demissão sem justa causa.
Emenda Constitucional 56/2006 – novo limite etário para assistência em creche e pré-escola. A EC 56/2006 deu nova redação ao inciso XXV,do art. 7º, alterando período de assistência gratuita, em creches e pré-escolas, aos filhos e dependentes do trabalhador: desde o nascimento até os 5 (cinco) anos de idade. Antes, o direito era assegurado até os 6 (seis) anos. A mudança para cinco anos de idade parece ter sido para adequar a regra à nova duração da educação infantil. Discute-se de isso não se configura inconstitucional, já que feriria a cláusula pétrea constante do inciso IV do § 4º do art. 60 da Constituição, bem como o princípio da “proibição de vedação do retrocesso”.
Emenda Constitucional 72/2013 – ampliação dos direitos dos empregados domésticos. ampliou os direitos dos empregados domésticos, acrescentando-lhes os previstos nos incisos VII (salário-mínimo), X (proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa), XIII (duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais), XV (repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos), XVI (remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal), XVII (gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal), XXII (redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança), XXVI (reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho), XXX (proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil), XXXI (proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência) e XXXIII (proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos) do art. 7º, da CF.
Limite máximo para benefícios do RGPS. ADI 1946/DF – Interpretação conforme sem redução de texto da EC 20/98 (art. 14), o qual previu um limite máximo para benefícios previdenciários do Regime Geral, que implique em revogação tácita do art. 7°, XVIII. Entendeu-se que tal limite não tem aptidão de revogar a garantia do salário integral da gestante, prevista no art. 7°, XVIII da CF (licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias), o que constituiria um retrocesso histórico.
O STF tem se posicionado pela possibilidade de efetivação de direitos sociais via Poder Judiciário, excepcionalmente. Embora resida, primariamente, nos Poderes Legislativo e Executivo, a prerrogativa de formular e executar políticas públicas, revela-se possível, no entanto, ao Poder Judiciário determinar, ainda que em bases excepcionais, especialmente nas hipóteses de políticas públicas definidas pela própria Constituição, sejam essas implementadas pelos órgãos estatais inadimplentes, cuja omissão mostra-se apta a comprometer a eficácia e a integridade de direitos sociais impregnados de estatura constitucional". Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento (STF - RE 595595 28/04/2009).
FGTS. Quanto ao FGTS, o STJ editou a Súmula 353, reconhecendo a natureza de direito trabalhista e social (artigo 7º, III, da CF), afastando o entendimento de que teria natureza tributária.
Súmula 353 do STJ - As disposições do Código Tributário Nacional não se aplicam às contribuições para o FGTS.
É irrelevante discutir se a natureza da verba trabalhista é remuneratória ou indenizatória/ compensatória para fins de incidência da contribuição ao FGTS. O parâmetro é a lei. 
Organização Sindical. O art. 8º menciona dois tipos de associação: profissional e sindical. Em verdade, ambas são associações profissionais, com algumas diferenças. O sindicato é uma associação profissional com prerrogativas especiais, tais como: defender os direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, até em questões judiciais e administrativas; participar de negociações coletivas de trabalho e celebrar acordos e convenções coletivos; eleger ou designar representantes da respectiva categoria; impor contribuições a todos aqueles que participam das categorias econômicas ou profissionais representadas. A associação profissional não sindical se limita a fins de estudo, defesa e coordenação dos interesses econômicos e profissionais de seus associados.
O sistema de liberdade sindical previsto na Constituição (art. 8.º) institui ampla autonomia coletiva para a fundação e direção desse ente associativo, não podendo o Estado intervir ou condicionar o exercício desse direito. Pode, contudo, ser exigida a inscrição do sindicato em órgão próprio (Ministério do Trabalho), bem como admite-se que a lei disponha genericamente sobre regras básicas de organização sindical.
Contribuição confederativa e contribuição sindical. No art. 8º, inciso IV, da CF/88, há previsão de uma contribuição confederativa, fixada pela assembleia geral da categoria, e uma outra contribuição prevista em lei, conhecida como contribuição sindical. É evidente que uma contribuição instituída por assembleia de categoria profissional não pode ser tributo, não cabendo sua imposição compulsória aos não filiados do sindicato. Totalmente diversa é a contribuição sindical prevista na parte final do dispositivo. Esta, porque instituída por lei, é compulsória e encontra sua regra matriz no art. 149 (contribuições de interesse das categorias profissionais), possuindo natureza de tributo.
Súmula 666 do STF - A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo.
Súmula Vinculante 40-STF - A contribuição confederativa de que trata o artigo 8º, IV, da Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo.
Direito de substituição processual. Consiste no poder que a Constituição conferiu aos sindicatos de ingressar em juízo na defesa de direitos e interesses coletivos e individuais da categoria. É algo diferente da representação nas negociações ou nos dissídios coletivos de trabalho. Trata-se de substituição processual, já que ele ingressa em nome próprio na defesa de interesses alheios.
Outros direitos sindicais (por Alexandre de Moraes). a) Direito de auto-organização interna dos sindicatos; b) Direito de exercício da atividade sindical na empresa; c) Direito democrático: eleições periódicas; d) Direito de independência e autonomia; e) Direito de proteção especial dos dirigentes eleitos dos trabalhadores. 
O artigo 8º, III da CF/88 (...) legitimidade extraordinária é ampla, abrangendo a liquidação e a execução dos créditos reconhecidos aos trabalhadores. Por se tratar de típica hipótese de substituição processual, é desnecessária qualquer autorização dos substituídos. (RE 210029 / RS - 12/06/2006)
DIREITO DE GREVE. O art. 9º da CF assegura o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender e determina que a lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, inclusive responsabilizando os abusos cometidos. 
A disciplina do art. 9º refere-se aos empregados de empresas privadas, entre as quais se incluem as sociedades de economia mista e as denominadas empresas públicas, uma vez que, em relação a essas, se aplica o art. 173, § 1º, da CF, que determina sua sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e tributárias.
A greve é o instrumento mais enérgico do qual os trabalhadores podem lançar mão para a defesa de seus direitos ou reivindicações. É importante que a CF/88 a ela se refira, em seu art. 9.º, mas é importante também não perder de vista a noção de abuso, além do que a sociedade não pode ser prejudicada com a realização de movimentos dessa natureza. Assim sendo, a lei define no Brasil (Lei n.º 7.783/89) os casos em que a greve será considerada abusiva, assim como as medidas a serem tomadas para que os serviços essenciais sejam mantidos.Para a maior parte da doutrina brasileira, a greve a que alude a Constituição deve ter sempre finalidades relacionadas ao desenvolvimento das relações de trabalho, não se admitindo greves de protesto, de natureza político-partidária e outras. 
Sobre o direito de greve dos servidores públicos, convém explicitar o entendimento recente do STF a respeito, no sentido de que “A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre. É permitida a compensação em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder Público”. STF. Plenário. RE 693456/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 27/10/2016 (repercussão geral) (Info 845).
Outro julgado importante que tangencia o tema diz respeito ao exercício do direito de greve de policiais civis. O Plenário do STF entendeu que “O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública.” STF. Plenário. ARE 654432/GO, Rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 5/4/2017 (repercussão geral) (Info 860).
A maioria dos doutrinadores posiciona-se no sentido de a norma esculpida no art. 37, inc. VII da CF/88 ter eficácia limitada. O STF, em que pese não haver negado a eficácia limitada da norma que trata do direito de greve do servidor público, conferiu efeitos concretos aos Mandados de Injunção ajuizados pelos Sindicatos de Servidores Civis. O Tribunal, por maioria, conheceu dos mandados de injunção e propôs a solução para a omissão legislativa com a aplicação, no que couber, da Lei 7.783/89, que dispõe sobre o exercício do direito de greve na iniciativa privada. Isto, porém, não quer dizer que a norma do art. 37, VII, da CF deixou de ter eficácia limitada.
DIREITO À SAÚDE. Direito público subjetivo a um conjunto de ações que visem à redução dos riscos de doença e de outros agravos, assim como o direito de acesso igualitário e universal às ações e serviços para sua promoção e recuperação, constituindo ainda um direito a um bem-estar físico, moral e social.
 Aspectos relacionados ao direito à saúde: a) ações que visem à redução dos riscos de doença e de outros agravos; b) direito de acesso igualitário e universal às ações e serviços para sua promoção e recuperação; c) direito a um bem-estar físico, moral e social.
SAÚDE é o estado de COMPLETO BEM-ESTAR FÍSICO, MENTAL e SOCIAL. Não há um conceito legalmente instituído. Utiliza-se o conceito do preâmbulo do Pacto que fundou a OMS.
Regulamentação constitucional. Art. 6º e previsão na ordem social (seguridade).
O direito à saúde comporta duas vertentes: [Canotilho e Vital Moreira]
 a) Natureza Negativa: direito a exigir do Estado e de terceiros que se abstenha de qualquer ato que prejudique a saúde.
 b) Natureza Positiva: significa o direito às medidas e prestações visando a prevenção de doenças e tratamento delas.
Lembre-se do Art. 196, CF: “(...)direito de todos e dever do Estado (...)”.
O STF, desde de 1996, tendo como base a reivindicação dos portadores de HIV da prestação de assistência pelo Estado, reconhece a saúde como um DIREITO PÚBLICO SUBJETIVO. [possibilidade de reivindicação judicial]
Obs.: a posição do Couto, bastante minoritária, é no sentido de ilegitimidade da União nas ações versam sobre saúde.
Princípio Do Acesso Universal E Igualitário As Ações E Serviços De Saúde: o que habilita o acesso pela pessoa é uma CONDIÇÃO HUMANA. Antes de 88 havia disposição infraconstitucional que condicionava o acesso à SAÚDE a um vínculo à PREVIDÊNCIA SOCIAL. No sistema público TODOS TÊM O MESMO TRATAMENTO, só podendo haver tratamento diferenciado em decorrência do quadro clínico da pessoa, nunca com base em critérios pessoais. Nesse ponto, lembra-se do julgado RE 581488/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/12/2015 (repercussão geral) (Info 810), que declarou inconstitucional a diferença de classes no âmbito do atendimento do Sistema Único de Saúde. 
Obrigação comum solidária instituída com base no art. 23 da CF [U, E, DF e M]. Trata-se de uma exceção à lógica federativa, rompe com a autonomia dos entes. É dizer: o sistema da saúde tem uma lógica própria de funcionamento. Fala-se em FEDERAÇÃO COOPERATIVA, em que as 3 unidades se integram e agem solidariamente.
SUS. Organização. Sistema de referências e contra referência. O art. 198 menciona que “as ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada” e em seguida elenca como diretrizes “a descentralização, com direção única em cada esfera de governo”, o “atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais”, e “participação da comunidade”. 
Dessas disposições compreende-se a determinação no plano constitucional de um SISTEMA DE REFERÊNCIAS E CONTRA-REFERÊNCIAS. Ou seja, os serviços oferecidos pelo SUS estão organizados, melhor dizer, hierarquizados, em níveis os níveis de complexidade segundo as características das atividades prestadas, a profundidade de especialização das mesmas e a freqüência em que ocorrem. 
O nível primário é caracterizado por atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde no nível ambulatorial (ex.: postos e centros de saúde). O nível secundário destina-se a desenvolver atividades assistenciais nas quatro especialidades médicas básicas: clínica médica, gineco-obstetrícia, pediatria e clínica cirúrgica. O nível terciário caracteriza-se pela maior capacidade resolutiva de casos mais complexos do sistema, nas modalidades de atendimento ambulatorial, internação e urgência (ex.: ambulatórios de especialidades, hospitais especializados e hospitais de especialidades).
O sistema de referência e contra-referência constitui-se na articulação entre as unidades acima mencionadas, sendo que por referência compreende-se o trânsito do nível menor para o de maior complexidade. Inversamente, a contra-referência compreende o trânsito do nível de maior para o de menor complexidade (WITT, 1992).
Saúde. Iniciativa Privada. Relevância Pública. Art. 197, CF: toda e qualquer atividade relativa à saúde, ainda que prestada pela iniciativa privada, é de RELEVÂNCIA PÚBLICA, devendo se submeter ao controle público.
As ATIVIDADES PRIVADAS podem participar de forma completar do SUS, mediante CONVÊNIO ou CONTRATO DE DIREITO PÚBLICO com prioridade para as entidades filantrópicas. [Brasil: 1/3 de hospitais públicos; 2/3 de hospitais privados]
 A PARTICIPAÇÃO COMPLEMENTAR: deve existir um atendimento público que será COMPLEMENTADO pela INICIATIVA PRIVADA.
Fornecimento de Medicamento. Nas ações para fornecimento de medicamentos, apesar de a obrigação ser solidária entre Municípios, Estados e União, caso o autor tenha proposto a ação apenas contra o Estado-membro, não cabe o chamamento ao processo da União, medida que apenas iria protelar a solução da causa. STJ. 1a Seção. REsp 1.203.244-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 9/4/2014 (recurso repetitivo).
Medicamentos e posição do Judiciário (STF – Gilmar Mendes):
a - deve ser considerada a existência, ou não, de política estatal que abranja a prestação de saúde pleiteada pela parte. Assim, o Judiciário não está criando política pública, mas apenas determinando o seu cumprimento. (EXISTÊNCIA DE POLÍTICA ESTATAL)
b - se a prestação de saúde pleiteada não estiver entre as políticas do SUS, é imprescindível distinguir se a não prestação decorre de uma omissão legislativa ou administrativa, de uma decisão administrativa de não a fornecer ou de uma vedação legal à sua dispensação. Ele observou a necessidade de registro do medicamento na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), além da exigência de exame judicial das razões que levaram o SUS a não fornecer a prestação desejada. (a matéria possui repercussão geral reconhecida)c - deverá ser privilegiado o tratamento fornecido pelo SUS em detrimento de opção diversa escolhida pelo paciente, “sempre que não for comprovada a ineficácia ou a impropriedade da política de saúde existente”. Isso porque obrigar a rede pública a financiar toda e qualquer ação e prestação de saúde geraria grave lesão à ordem administrativa e levaria ao comprometimento do SUS. (PREFERÊNCIA AO TRATAMENTO PELO SUS)
d - Entretanto, o presidente destacou que essa conclusão não afasta a possibilidade de o Poder Judiciário, ou a própria Administração, decidir que medida diferente da custeada pelo SUS deve ser fornecida a determinada pessoa que, por razões específicas do seu organismo, comprove que o tratamento fornecido não é eficaz no seu caso. (TRATAMENTO NÃO SERÁ PELO SUS SE FOR INEFICAZ NO CASO CONCRETO)
DIREITO à EDUCAÇÃO. Direito à formação intelectual através da construção crítica e participativa do conhecimento, para orientação de uma existência digna, autônoma e em liberdade.
O DIREITO À EDUCAÇÃO é considerado como um DIREITO FUNDAMENTAL SUBJETIVO. É direito plenamente eficaz e de aplicabilidade imediata, isto é, direito exigível judicialmente se não for prestado espontaneamente. 
A EDUCAÇÃO, DIREITO DE TODOS e DEVER do ESTADO e da FAMÍLIA, será PROMOVIDA E INCENTIVADA COM A COLABORAÇÃO DA SOCIEDADE, visando ao PLENO DESENVOLVIMENTO DA PESSOA, seu PREPARO PARA O EXERCÍCIO DA CIDADANIA e SUA QUALIFICAÇÃO PARA O TRABALHO.
Sujeitos passivo e ativo. Sujeito passivo (DEVEDOR): Estado; família; sociedade - é direito de todos e um dever do estado, sociedade e da família. Implicações dessa noção: a) Estado tem o dever de aparelhar-se para oferecer a todos os serviços educacionais; b) todas as normas da constituição que tratem sobre educação e ensino devem ser interpretadas de forma a garantir a plena e efetiva realização do direito à educação; c) a educação deve ser considerada como um serviço público essencial. Sujeito ativo (CREDOR): TODOS, ainda que já tiver passado a idade escolar. A educação como processo de reconstrução da experiência é um atributo da pessoa humana, e, por isso, tem que ser comum a todos. 
Objetivos básicos da educação. a) Pleno Desenvolvimento Da Pessoa;	b) Preparo Da Pessoa Para O Exercício Da Cidadania;	c) Qualificação Da Pessoa Para O Trabalho
Princípios constitucionais do art. 206, CF. 
IGUALDADE DE CONDIÇÕES para o acesso e permanência na escola; 	
LIBERDADE de APRENDER, ENSINAR, PESQUISAR e DIVULGAR o pensamento, a arte e o saber;	
PLURALISMO DE IDÉIAS E DE CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS; 	
COEXISTÊNCIA DE INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS DE ENSINO - o ensino é livre à INICIATIVA PRIVADA, desde que atendidas as diretrizes estabelecidas e mediante autorização (objetivo de controle da qualidade do ensino). A educação é considerada um serviço público essencial, mas é livre a atuação da iniciativa privada.
GRATUIDADE DO ENSINO PÚBLICO em estabelecimentos oficiais - a gratuidade da educação é direito fundamental do homem reconhecida no art. 26 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO ESCOLAR - garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; 
GESTÃO DEMOCRÁTICA DO ENSINO PÚBLICO, na forma da lei;
garantia de PADRÃO DE QUALIDADE. 
PISO SALARIAL PROFISSIONAL NACIONAL para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal. 
Divisão da educação. 
1) ENSINO BÁSICO: a CF determina que a educação básica será obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria. O ensino básico é obrigatório em um duplo sentido: 
a) para o estado, porque há um dever de fornecimento, devendo recensear os educandos no ensino fundamental e fazer-lhes a chamada e zelar pela frequência à escola. 
b) para a família – sob pena da caracterização de ABANDONO INTELECTUAL. Os pais ou responsáveis têm o dever de ZELAR PELA FREQÜÊNCIA À ESCOLA. Relembra-se que no RE 888.815, com repercussão geral reconhecida em junho de 2016, discute-se a questão do ensino domiciliar poder ser proibido pelo Estado ou considerado meio lícito de cumprimento, pela família, do dever de prover educação. 
O ensino obrigatório é direito público subjetivo. Seu não-oferecimento ou oferecimento irregular caracterizará responsabilidade da autoridade competente. 
Obrigatoriedade do ensino básico (e não só do fundamental). Antes da alteração trazida pela EC 59/09, somente a educação fundamental era considerada obrigatória, ou seja, a prestação do ensino infantil e médio não eram consideradas obrigatória. A determinação de obrigatoriedade do ensino básico (e não mais só do ensino fundamental) deverá ser implementada progressivamente, até 2016, nos termos do Plano Nacional de Educação, com o apoio técnico e financeiro da União. [não consegui confirmar a informação]
É dever do Estado o atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular. 
2) ENSINO SUPERIOR: o acesso aos níveis mais elevados de ensino, da pesquisa e da criação artística, deverá ser garantido pelo Estado, segundo a capacidade de cada um.
Ensino e os portadores de deficiência.É obrigação do Estado o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.
O dever de inclusão de pessoas portadoras de deficiência não pertence apenas ao Estado, mas também às instituições particulares. Não deve haver cobrança superior da mensalidade, nesse caso deve haver solidarização desse custo nas demais mensalidades. Trata-se de uma manifestação da eficácia horizontal dos direitos fundamentais. Nesse sentido decidiu o STF em 2016: “São constitucionais o art. 28, § 1º e o art. 30 da Lei nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), que determinam que as escolas privadas ofereçam atendimento educacional adequado e inclusivo às pessoas com deficiência sem que possam cobrar valores adicionais de qualquer natureza em suas mensalidades, anuidades e matrículas para cumprimento dessa obrigação”. STF. Plenário. ADI 5357 MC-Referendo/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 9/6/2016 (Info 829)
Ensino Noturno. Estado deve oferecer ensino noturno regular, adequado às condições do educando.
Divisão da educação entre entes federados.
MUNICÍPIOS: devem dar prioridade à EDUCAÇÃO INFANTIL e FUNDAMENTAL
ESTADOS: devem dar prioridade à EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL e MÉDIA
UNIÃO: devem dar prioridade à EDUCAÇÃO SUPERIOR
Não há vedação que o ente atue em outras áreas, mas se isso ocorrer não será possível alegar falta de recursos para o cumprimento do seu dever constitucional (não seria possível alegar reserva do possível nesse caso). Mais uma vez a CF demonstra relevância dada à educação fundamental (prioridade tanto para o Estado como para o Município).
Vinculação de receitas em relação à educação. É exceção ao PRINCÍPIO DA NÃO-VINCULAÇÃO OU DE NÃO-AFETAÇÃO do art. 167, § 4, CF. Vinculações constitucionais relacionadas à educação, constam no art. 212 da CF:
a) UNIÃO – nunca menos de 18 %; 
b) ESTADOS, DISTRITO FEDERAL e MUNICÍPIOS – no mínimo 25 %.
Só é possível vincular 18 % e 25%. Várias CE e LO que vinculam valor maior, tais situações são consideradas inconstitucionais. Nesse particular, alguns dispositivos da CE do RJ foram declarados inconstitucionais na ADI 4102.[1: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=278655]
ADI para o reconhecimento da omissão do estado em efetivar o direito à educação (analfabetismo) da forma prevista na CF. O STF julgou improcedente a ADI por omissão proposta para o reconhecimento da omissão do poder público em efetivar o direito à educação da forma como prevista pela CF. Ainda que a educação não seja a ideal, seria possívelo reconhecimento de que o governo tem promovido esforços para a melhora da situação. 
Garantia Institucional. Alguns autores entendem que a EDUCAÇÃO SERIA UMA GARANTIA INSTITUCIONAL [Carl Schimitt]. Existem alguns direitos que só seriam reconhecidos dentro da instituição como um todo. Um dos pressupostos do regime democrático é a formação da opinião pública livre, o que torna que a educação essencial para tal situação, por isso o seu reconhecimento como uma garantia institucional.
DESPORTO. Regime Jurídico Peculiar: não há que se alegar inconstitucionalidade já que foi estabelecida pelo constituinte originário. As entidades desportivas foram dotadas de AUTONOMIA CONSTITUCIONAL. São entidades privadas, constituídas, em regra, sobre a forma de associações, mas, constitucionalmente, dotadas de autonomia, inclusive para a organização dos respectivos certames. A CBF é entidade privada. Não caberia alegação do princípio da moralidade. Linha de argumentação: patrimônio cultural como aquilo que é portador de uma identidade cultural do país. Esse tipo de procedimento compromete o patrimônio cultural.
Em matéria de COMPETIÇÃO e DISCIPLINA, o acesso à justiça comum fica condicionado ao exaurimento da instância desportiva. Esta, por sua vez, tem o prazo de 60 dias para emissão da respectiva decisão.
 A justiça desportiva é entidade de caráter privado. Não se trata de instância jurisdicional, nem administrativa. É uma instância de auto-regulamentação que tem os predicados da autonomia e do exaurimento da instância. É o único caso de condicionamento de acesso à justiça - não é correto dizer se tratar de condicionamento à via administrativa. Só há condicionamento em matéria de COMPETIÇÃO e DISCIPLINA – lembre-se: nas demais situações não há condicionamento.
DIREITO À MORADIA: direito de ocupar um lugar como residência. Ocupar um local para nele habitar não é necessariamente o direito à casa própria, mas a obtenção desta pode ser um complemento indispensável para a efetivação do direito à moradia. Não basta a possibilidade de ocupar uma habitação, esta deve ser digna e adequada, com dimensões adequadas, condições de higiene e conforto que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar. Tal constatação decorre de uma série de direitos na constituição:
	-dignidade da pessoa humana [art. 1º, III, CF]
	-direito à intimidade e à privacidade [art. 5º, X, CF]
	-inviolabilidade de domicílio [art. 5º, XI, CF]
 	-tratamento constitucional:
Previsão constitucional. A partir da EC26/00, o direito à moradia passar a estar previsto no rol de direitos sociais no art. 6º da CF.
Competência comum [U, E, DF e M] para promoção de construção de moradias e para a melhoria das condições habitacionais e de saneamento. [art. 23, IX, CF]
 Facetas do direito à moradia: 
a) NATUREZA NEGATIVA – cidadão não pode ser privado de uma moradia, nem impedido de conseguir uma. Importa em uma abstenção do Estado e de terceiros.
b) NATUREZA POSITIVA – direito de obter um moradia digna e adequada. Direito positivo de caráter prestacional. [demanda uma ação positiva do Estado]
Relevância. Dentre os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil está a construção de uma sociedade justa e solidária e a erradicação da pobreza e marginalização. Não há marginalização maior do que não se ter um teto para si e para sua família.
FAMÍLIA. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. Entidade familiar: i) casamento: ii) união Estável: iii) família monoparental. 
Casamento. O casamento é civil, sendo gratuita a celebração. O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. Inicialmente, a dissolução do casamento se dava sob dois modelos: a) divórcio conversão, com prévia separação judicial a mais de 1 ano; b) divórcio direto, em que comprovada separação de fato mais de 2 anos.
Isso mudou com a emenda constitucional que não exige qualquer prazo para o divórcio. No ano de 2017 o STJ decidiu que “a EC 66/2010 não revogou os artigos do Código Civil que tratam da separação judicial.” STJ. 4ª Turma. REsp 1.247.098-MS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 14/3/2017 (Info 604). Portanto, separação judicial e divórcio coexistem no ordenamento jurídico.
União Estável. Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
Família monoparental. Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
Outros pontos. Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.
O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.
CRIANÇA E ADOLESCENTE. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança e do adolescente, admitida a participação de entidades não governamentais e obedecendo os seguintes preceitos:
i)aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-infantil;
ii)criação de programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos.
A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência.
Proteção integral. O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:
I)idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no ART. 7º, XXXIII;
II)garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
III)garantia de acesso do trabalhador adolescente à escola;
IV)garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica;
V)obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade;
VI)estímulo do poder público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado;
VII)programas de prevenção e atendimento especializado à criança e ao adolescente dependente de entorpecentes e drogas afins.
A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente.
Filiação. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.
Imputabilidade Penal - são penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial.
IDOSO.
A família, asociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
Aos maiores de 65 anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.
 esse dispositivo possui eficácia plena e aplicação imediata. 
 possibilidade de a empresa exigir cadastro prévio: STJ [REsp 1.057.274] entendeu não haver caracterização de dano na conduta da empresa que exige o prévio cadastro do idoso para a utilização do transporte gratuito.
Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.
A PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL 
O direito à seguridade social pode ser compreendido, na terminologia adotada por Paulo Bonavides, como um direito fundamental de segunda geração, naquele rol de direitos umbilicalmente vinculados ao Estado do Bem-estar Social. Mas nem sempre foi assim. Lembra J. Franklin Alves Felipe que, tendo sido antes de atribuição da iniciativa privada, com o decorrer dos anos “o seguro adquiriu aspecto predominantemente social e revestiu-se de caráter obrigatório, quando o Estado, reconhecendo a necessidade comum de todos os homens de garantir uma estabilidade para o futuro, instituiu o seguro social”. Em outras palavras, nos tempos hodiernos a seguridade social é um dos principais direitos sociais. 
Como seria de esperar de uma constituição dirigente, própria de um Estado Social (Welfare State), a Carta de 88, superando concepções liberais de individualismo jurídico, conferiu logo no seu artigo 6º, dignidade e fundamentalidade constitucionais ao direito à saúde, à previdência e à assistência.
Mais adiante, nos artigos 194 e seguintes, tratou de pormenorizar a disciplina jurídica de tais direitos para globalmente considerá-los como elementos do sistema da seguridade social, instituída a fim de reduzir ou mesmo evitar os riscos sociais.
O termo risco social é empregado para designar os eventos que ocorrem na vida de todos os homens, com certeza ou probabilidade significativa, provocando um desajuste nas condições normais de vida, em especial na obtenção dos rendimentos decorrentes do trabalho, gerando necessidades a serem atendidas e que, em virtude de tais momentos críticos, normalmente não podem ser satisfeitas pelo indivíduo. Na terminologia do seguro, chamam-se tais eventos de “riscos” e por dizerem respeito ao próprio funcionamento da sociedade, denominam-se “riscos sociais”. Os regimes previdenciários são instituídos com a finalidade de garantir aos seus beneficiários a cobertura de determinadas contingências sociais. Os riscos sociais cuja cobertura é suportada pelo regime geral são elencados no art. 1.º da lei nº 8.213/91, com exceção do desemprego involuntário, que é objeto de lei específica: lei n.º 7.998/90. (ROCHA e BALTAZAR JUNIOR, 2009, p. 31/32).
Desta feita, como a Constituição de 1988 construiu um Estado do Bem-Estar Social em nosso território, a proteção social brasileira é, prioritariamente, obrigação do Estado. Hoje, no Brasil, entende-se por seguridade social o conjunto de ações do Estado no sentido de atender às necessidades básicas de seu povo nas áreas de Previdência Social, Assistência Social e Saúde, competindo à União legislar privativamente sobre essa matéria (art.22, inciso XXIII, CF/88).
Segundo a CF/88, “A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (art.194). Entretanto, conforme lembrado por Wladimir Novaes Martinez, referido dispositivo constitucional não traz uma definição do que seja seguridade social, já que apenas relaciona os seus componentes. A rigor, ela pode ser conceituada como “a rede protetiva formada pelo Estado e por particulares, com contribuições de todos, incluindo parte dos beneficiários dos direitos, no sentido de estabelecer ações positivas no sustento de pessoas carentes, trabalhadores em geral e seus dependentes, providenciando a manutenção de um padrão mínimo de vida” (Fábio Zambitte).
O Poder Público deve, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: a) universalidade da cobertura e do atendimento; b) uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; c) seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; d) irredutibilidade do valor dos benefícios; e) eqüidade na forma de participação no custeio; f) diversidade da base de financiamento; g) caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados (art.194, § único, CF/88).
Pela “definição” constitucional já é possível notar que a Seguridade Social objetiva assegurar saúde, previdência e assistência. Podemos então dizer que Seguridade Social é gênero, da qual são espécies a Saúde, a Previdência e a Assistência Social. 
Comumente costuma-se confundir os conceitos, principalmente de Previdência e Assistência Social. É necessário extremar que cada uma das áreas da Seguridade Social tem princípios próprios e diferentes objetivos. 
A Saúde vem garantida pela Carta Magna como direito de todos e dever do Estado, que deve ser assegurada mediante ações que visem a reduzir os riscos de doença e seus agravamentos. O acesso aos programas de Saúde Pública necessariamente deve seguir os princípios da igualdade e universalidade do atendimento. Logo, neste campo, o acesso deve ser garantido a todos e de forma igual, sem qualquer tipo de contribuição, de forma que o atendimento público à saúde deve ser gratuito.
E, segundo a jurisprudência do STF, o direito a saúde pode ser exigido judicialmente dos entes políticos, que são solidariamente responsáveis pela sua prestação. Não se há falar em violação ao princípio da separação de poderes, pois o direito a saúde é dotado de essencial fundamentalidade, cabendo ao Poder Judiciário garantir a sua efetividade quando o Poder Público não tomar atitudes concretas à sua plena efetivação. Contudo, insta salientar que a intervenção do Judiciário na seara da implementação de políticas públicas não pode se dar de forma desmedida, mas, sim, apenas e tão somente, em situações excepcionais, quando se mostrar estritamente necessário. Mas, lembrar que nossa banca é fazendária e não admite desrespeito à fila imposta para que haja a distribuição dos serviços e atendimentos na área de saúde. 
CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. PRIMEIRO TRATAMENTO DE PACIENTE COM NEOPLASIA MALIGNA. PRAZO DE 60 DIAS. 1. Com a entrada em vigor da Lei nº 12.732, de 22/11/2012, que dispõe sobre o primeiro tratamento de paciente com neoplasia maligna comprovada, regulamentado pela Portaria GM/MS nº 876, deve ser observado o prazo de 60 (sessenta) dias, ou prazo menor, conforme a necessidade terapêutica do caso registrada em prontuário único (art. 2º), para o início do tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS). O referido diploma legal, no entanto, deve ser interpretado à luz da Constituição Federal, de modo que não pode haver desrespeito à fila existente. 2. No caso vertente, a solicitação de atendimento da agravada, paciente com 64 anos de idade diagnosticada com tumor de suprarrenal e múltiplas lesões patológicas ao longo da coluna, foi incluída no Sistema Nacional de Regulação em 15/01/2014. Assim, considerando que a decisão agravada foi proferida apenas 16 dias após a data da solicitação da consulta ambulatorial no sistema SISREG, ainda não havia sido ultrapassado o prazo estabelecido na Lei nº 12.732, de 22/11/2012. 3. Desta forma, deve ser concedido à União o prazo de 60 (sessenta) dias, a contar do dia 15/01/2014, para cumprimento do decisum agravado, respeitando-se, contudo, a fila existente. 4. Recurso parcialmente provido. (201402010028189 - AGRAVO DE INSTRUMENTO. Des. Luiz Paulo da SilvaAraújo Filho)
A Assistência Social, por sua vez, tem como princípios informativos a gratuidade da prestação e basicamente a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da incidência de riscos, através da proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice, bem como aos deficientes e a reintegração ao mercado de trabalho daqueles que necessitarem.
Note-se que a diferença primordial entre as atividades da saúde e da assistência social, é que esta tem um espectro menor, ou seja, a saúde tem o caráter de universalidade mais amplo do que o previsto para a assistência social. 
Logo, a assistência social visa a garantir meios de subsistência às pessoas que não tenham condições de suprir o próprio sustento, dando especial atenção às crianças, idosos e deficientes, independentemente de contribuição à seguridade social.
A mais autêntica forma de assistência social é a prevista no art. 203, V, da Constituição Federal, que garante o benefício assistencial no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, assim definida pelo art. 20, 1º, da Lei n.° 8.742/93, como o grupo composto pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto.
No que tange às exigências veiculadas na Lei nº 8742/93 (LOAS) para a concessão do aludido benefício, urge salientar que o referido diploma legal definiu um requisito para a aferição da fragilidade econômica da família do beneficiário para fins de configuração de sua insuficiência econômica, qual seja: a renda do grupo familiar não deve superar a quantia de ¼ do salário mínimo per capita. A constitucionalidade de tal parâmetro objetivo foi questionada perante o Supremo Tribunal Federal que, num primeiro momento, o considerou constitucional em razão de a própria CF/88 remeter à lei a fixação desses requisitos. 
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. LEI 8.742/93. BENEFÍCIO DE AMPARO SOCIAL: REQUISITOS PARA A SUA CONCESSÃO. CONSTITUCIONALIDADE. ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. Benefício de amparo social previsto no inciso V do artigo 203 da Carta Federal. Matéria decidida nas instâncias ordinárias com base em provas documentais e testemunhais. Constitucionalidade do dispositivo legal (L. 8.742, artigo 20, § 3º) que impõe a necessidade de comprovação de que a renda per capita da família seja inferior a um quarto do salário-mínimo, declarada pelo Pleno desta Corte. (…) (Votação unânime. RE 279919 AgR/SP AG.REG.NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO, Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA, Publicação: DJ DATA-28-06-02 PP-00139 EMENT VOL-02075-08 PP-01537, Julgamento: 02/04/2002 - Segunda Turma).
Posteriormente, no entanto, o Supremo Tribunal Federal, ao julgar a Reclamação Constitucional nº 4374, alterou seu entendimento anterior, passando a entender que o mencionado critério objetivo de ¼ do salário-mínimo para aferição miserabilidade do núcleo familiar em que inserido o beneficiário do auxílio assistencial violava o texto constitucional. Por relevante, colaciona-se ao presente resumo a publicação da síntese de tal julgamento realizada no informativo 702, na forma adiante reproduzida: 
Ao apreciar reclamação ajuizada pelo INSS para garantir a autoridade de decisão da Corte proferida na ADI 1232/DF (DJU de 9.9.98), que declarara a constitucionalidade do § 3º do art. 20 da Lei 8.742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social - Loas), o Plenário, por maioria, julgou improcedente o pedido por considerar possível revisão do que decidido naquela ação direta, em razão da defasagem do critério caracterizador da miserabilidade contido na mencionada norma. Assim, ao exercer novo juízo sobre a matéria e, em face do que decidido no julgamento do RE 567985/MT e do RE 580963/PR, confirmou a inconstitucionalidade do: a) § 3º do art. 20 da Lei 8.742/93, que estabelece a renda familiar mensal per capita inferior a 1/4 do salário mínimo para a concessão de benefício a idosos ou deficientes e; b) parágrafo único do art. 34 da Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) [“Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para prover sua subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social - Loas. Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não será computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas”]. Na espécie, o INSS questionava julgado de turma recursal dos juizados especiais federais que mantivera sentença concessiva de benefício a trabalhador rural idoso, o que estaria em descompasso com o § 3º do art. 20 da Lei 8.742/93. Alegava, ainda, que a Loas traria previsão de requisito objetivo a ser observado para a prestação assistencial do Estado. Asseverou-se que o critério legal de “renda familiar per capita inferior a um quarto do salário mínimo” estaria defasado para caracterizar a situação de miserabilidade. Destacou-se que, a partir de 1998, data de julgamento da mencionada ADI, outras normas assistenciais foram editadas, com critérios mais elásticos, a sugerir que o legislador estaria a reinterpretar o art. 203, V, da CF (“Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: ... V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei”). Rcl 4374/PE, rel. Min. Gilmar Mendes, 18.4.2013. (Rcl-4374)
O Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741/2003, trouxe algumas alterações no que se refere ao benefício assistencial, a saber: a) passou a ser devido ao idoso a partir dos 65 anos de idade (art. 34, caput). Na redação original da LOAS, a idade era de 70 anos, reduzida para 67 anos a partir de 01.01.1998; e b) caso um outro membro do grupo familiar receba benefício assistencial, o valor deste deve ser excluído quando do cálculo da renda familiar per capita (art. 34, parágrafo único). 
A Previdência Social, por sua vez, tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, idade avançada, tempo de serviço, desemprego involuntário, encargos de família e reclusão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente. 
Note-se então que o conceito de Previdência Social traz ínsito o caráter de contributividade, no sentido de que só aqueles que contribuírem terão acesso aos benefícios previdenciários. Esse é a diferença primordial entre os ramos da seguridade social, sendo claro que, enquanto a assistência social e a saúde independem de contribuição, a previdência pressupõe contribuição.
EFICÁCIA JURÍDICA
Graus de eficácia jurídica:
(1) EFICÁCIA MÍNIMA – eficácia que toda e qualquer norma constitucional possui. Hipóteses de eficácia mínima:
a) FORÇA PARALISANTE – força que se opera para o PASSADO. Ela paralisa tudo que havia antes da nova constituição e que com ela esteja em contrário. A FORÇA PARALISANTE se confunde com o FENÔMENO DA NÃO-RECEPÇÃO.
b)FORÇA IMPEDITIVA – força que se opera para o FUTURO. Ela é responsável por impedir que normas contrárias à Constituição ingressem no ordenamento. A FORÇA IMPEDITIVA se confunde com o FENÔMENO DA INCONSTITUCIONALIDADE.
(2) EFICÁCIA MÁXIMA (EFICÁCIA SOCIAL) – é a capacidade da Constituição se tornar real no dia-a-dia. É a concretização no mundo real do comando constitucional. A eficácia pode depender de diversos fatores: [não são apenas jurídicos: i)FATORES JURÍDICOS: necessidade de uma norma infraconstitucional. Ex.: “(...) na forma da lei”; ii)FATORES SOCIAIS; iii)FATORES CULTURAIS; e iv)FATORES POLÍTICOS. Está relacionadaà efetividade da norma (é a obediência fática pelos destinatários da norma) - lacuna ontológica – existência de norma sem eficácia social.
Classificação das normas quanto à efetividade
Pontes de Miranda: chamava as normas mandatórias de “bastantes em si”, as próprias normas constitucionais já tinham os elementos suficientes para sua aplicação imediata, não precisavam de norma regulamentadora. Ao lado delas, haviam as diretórias, ou “não bastantes em si”. Eram normas abstratas, fluidas, não eram autoaplicáveis, ou seja, só produziam efeito depois de regulamentadas pelo legislador. Essa classificação permaneceu no Brasil até a publicação da obra do José Afonso da Silva chamada de “Aplicabilidade das normas constitucionais”. 
CRITÉRIO: JAS - teoria tripartida: 
1)	NORMAS DE EFICÁCIA PLENA – normas de APLICABILIDADE IMEDIATA por não necessitarem da atuação do legislador ordinário. Não admitem que o legislador ordinário restrinja o seu alcance. Normas bastantes em si mesmo. Desde a sua entrada em vigor produzem seus efeitos essenciais. Art. 1º da CF. Eficácia plena e aplicabilidade direta, imediata e integral. 
2)	NORMAS DE EFICÁCIA CONTIDA – NÃO PRECISAM DA INTERMEDIAÇÃO do LEGISLADOR ORDINÁRIO para terem EFICÁCIA, mas admitem que esta possa ser restringida por aquele. Produzem seus efeitos essenciais desde a entrada em vigor. Eficácia contida ou prospectiva tem aplicabilidade direta e imediata, mas possivelmente não integral. Ex.: -art. 5º, XIII – “(...) atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”; art. 5º, LVIII – “(...) salvo nas hipóteses previstas em lei”; art. 93, IX – “...podendo a lei restringir...” – existem processos que correm em segredo de justiça; art. 170, parágrafo único, CF. 
3)	NORMAS DE EFICÁCIA LIMITADA – normas que PRECISAM DA INTERMEDIAÇÃO do LEGISLADOR ORDINÁRIO. _a ineficácia social nesse caso é também JURÍDICA, mas podem existir outros fatores (EX.: FATOR POLÍTICO). Não tem o condão de produzir todos os seus efeitos, precisando de uma lei integrativa infraconstitucional, ou até mesmo de integração por meio de emenda constitucional (art. 4º da EC 47/05). Aplicabilidade mediata e reduzida, ou segundo alguns autores, aplicabilidade diferida. Subdivide-se em:
a) Normas de princípio institutivo (ou organizativo)– a lei é necessária para que determinado órgão ou instituição seja criado. Conteúdo de organização de uma instituição, função. Contém esquemas gerias de estruturação de instituições, órgãos ou entidades. Ex. art. 18 §2º, 22, pu, 25, §3º. 
b) Normas de princípio programático– são programas cuja eficácia depende da intermediação do legislador ordinário. Relacionadas aos direitos sociais, criam metas, diretrizes que devem ser cumpridas. Programas a serem implementados pelo Estado. Ex. arts 196, 205. 
Discurso moderno: Efetividade de todas as normas que estão na CF, juridicidade máxima. Todas as normas, independentemente de seu conteúdo, produzem 3 efeitos: é parâmetro de controle de constitucionalidade; parâmetro para recepção ou não de normas anteriores; servem como fonte de interpretação.
DESAPROPRIAÇÃO
Propriedade. Conceito. De acordo com o art. 1.228 do CC/02, o direito de propriedade consiste na faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou a detenha. Consiste no direito de utilizar a coisa de acordo com a sua vontade, com a exclusão de terceiros, de colher os frutos da coisa e de explorá-la economicamente e do direito de aliená-la.
A disciplina do direito de propriedade está consagrada na Constituição. O que o Código Civil disciplina são as relações civis decorrentes do direito de propriedade.
Propriedade na CF/88. A CF/88 (art. 5º, incisos XXII e XXIII, da CF) assegura o direito de propriedade, mas impõe que a mesma atenda à sua função social.
O direito de propriedade é direito fundamental de primeira geração (ou dimensão); mas não é absoluto como era no Estado Liberal. Além da observância à função social, pode sofrer intervenções do Estado, no interesse da coletividade, a exemplo da desapropriação, da requisição, da ocupação temporária, da servidão, da limitação administrativa, dentre outros.
A propriedade e sua função social também são princípios da ordem econômica (art. 170, II e III, da CF). Na CF/88, a propriedade que descumpre a sua função social não goza do mesmo nível de proteção que as demais.
A CF não assegura apenas o direito à propriedade imobiliária (concepção privatística estrita), fazendo menção a diversos bens corpóreos e incorpóreos, como as pretensões salariais, as participações societárias, direito de herança (art. 5º, XXX) direitos de patentes e marcas (art. 5º, XXIX) e os direitos autorais (art. 5º, XXVII); participação no resultado da lavra de minerais (art. 176, §2). Assim, embora integre o conceito de propriedade a definição constante da legislação civil, é certo que a garantia constitucional da propriedade abrange não só os bens móveis ou imóveis, mas também outros valores patrimoniais.
Garantias do direito de propriedade
A) Garantia de conservação: ninguém pode ser privado de seus bens fora das hipóteses previstas no ordenamento jurídico;
B) Garantia de compensação: caso privado de seus bens, o proprietário tem o direito de receber a devida indenização equivalente aos prejuízos sofridos;
C) Garantia do devido processo legal: ninguém pode ser privado dos seus bens sem o devido processo legal (art. 5º, LIV, da CF).
Função social da propriedade
A ideia da função social rompeu com a concepção individualista e liberal do direito de propriedade. Inspirado pelo modelo do Code Napolèon, que define a propriedade como o direito de usar e dispor da coisa “de la manière plus absolute”, o CC/16 tratou da propriedade apenas sob o seu aspecto estrutural, como um feixe de poderes atribuídos ao proprietário.
Era natural, por isso e por razões históricas, a visão da propriedade como direito cuja única função era atender aos interesses particulares do seu titular. Desta forma, faltavam instrumentos efetivos para coibir abusos desse direito, como a manutenção de grandes propriedades improdutivas.
Foi somente com a CF/1946, produto de uma postura intervencionista e assistencialista por ela adotada, que se introduziu em nosso ordenamento a preocupação com a funcionalização da propriedade ao interesse social. O art. 147 da CF/46, que muito se assemelhava àquele estampado na Constituição de Weimar, de 1919, dizia: “O uso da propriedade será condicionado ao bem estar social. A lei poderá, com observância do disposto no art. 141, § 16, promover a justa distribuição da propriedade com igual oportunidade para todos”.
O preceito repetiu-se na CF/1967, que se encarregou ainda de elevar a função social à categoria de princípio da ordem econômica e social.
Função social não é apenas uma limitação; ela faz parte do próprio regime, da própria estrutura do direito de propriedade.
Função social da propriedade na CF/88
A despeito das disposições anteriores, nunca, em toda a história constitucional brasileira, a função social recebeu tratamento tão amplo e tão concretizante como o que se vê na atual CF/88.
Não foi ela apenas referida como direito e garantia individual e como princípio da ordem econômica, mas ganhou, ao lado de seu adequado posicionamento no sistema constitucional, indicação de um conteúdo mínimo, expresso no que tange à propriedade imobiliária.
Escapando à generalidade e abstração que marcavam a matéria nas constituições anteriores, e que permitiam a sua flutuação no jogo político, a CF/88 trouxe ferramentas específicas para a verificar o atendimento concreto da função social da propriedade rural e diretrizes para a aferição da função social da propriedade urbana.
Seguindo a orientação da CF, o CC, nos parágrafos do art. 1228, também cuidou da função social da propriedade. Observa-se, pois, que a função social da propriedade apenas legitima o uso da propriedade se esse uso respeitar direitos da sociedade como um todo, a

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