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Bioenergia no Estado de São Paulo

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São Paulo, setembro de 2008
Bioenergia
no Estado dE são Paulo
José goldemberg 
Francisco e. B. nigro 
Suani T. Coelho
SiTuação aTual, 
PerSPeCTivaS, 
BarreiraS e ProPoSTaS
29170003 miolo.indd 1 10/29/08 6:02:34 PM
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação 
Biblioteca da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo
Goldemberg, José
Bioenergia no estado de São Paulo : situação atual, 
perspectivas, barreiras e propostas / José Goldemberg, 
Francisco E. B. Nigro, Suani T. Coelho – São Paulo : Imprensa 
Oficial do Estado de São Paulo, 2008.
152p. : il.
 Bibliografia.
Bioenergética I. Nigro, Francisco E.B. II. Coelho, Suani T. 
III. Título
CDD 333.79
Índice para catálogo sistemático:
1. Bioenergética 333.79
29170003 miolo.indd 2 10/29/08 6:02:34 PM
CURRÍCULO DOS AUTORES
Prof. José Goldemberg: físico, doutor em física pela Universidade de São 
Paulo, professor do Programa Interunidades de Pós-graduação do IEE/USP, pre-
sidente do Conselho Consultivo do CENBIO – Centro Nacional de Referência 
em Biomassa, ex-Secretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, ex-Se-
cretário de Ciência e Tecnologia do Governo Federal, ex-Ministro da Educação, 
ex-Reitor da USP. 
Prof. Francisco E. B. Nigro: engenheiro mecânico, doutor em engenharia 
mecânica pela Universidade de Waterloo, Canadá, pesquisador do IPT – Ins-
tituto de Pesquisas Tecnológicas, professor da EPUSP – Escola Politécnica da 
USP, atualmente assessor da Secretaria de Desenvolvimento, ex-Diretor Téc-
nico do IPT.
Profa. Suani T. Coelho: engenheira química, doutora em energia pela Uni-
versidade de São Paulo, professora do Programa Interunidades de Pós-gradu-
ação do IEE/USP, secretária executiva do CENBIO, ex-Secretária Adjunta do 
Meio Ambiente do Estado de São Paulo.
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29170003 miolo.indd 4 10/29/08 6:02:34 PM
PREFÁCIO
O uso do álcool em grande escala como substituto da gasolina no Brasil 
teve início quando o presidente Geisel anunciou no dia 9 de outubro de 1975, 
a criação do Programa Nacional do Álcool – Próalcool e definiu como meta 
uma mistura obrigatória de 20% de álcool na gasolina que só foi alcançada na-
cionalmente em 1983. No Brasil, o álcool é produzido da cana-de-açúcar desde 
o século 16.
Quando o Próalcool foi criado, o Brasil produzia somente 160 mil barris 
de petróleo por dia, o que representava 20% do consumo do produto no País, 
sendo altamente dependente da importação de petróleo, que consumia na 
época, cerca de metade dos recursos em dólares das exportações brasileiras. 
A crise dos preços do petróleo, elevados significativamente no inicio da década 
de 1970, é considerada como um fator importante na criação do programa, 
mas não foi o único. A expansão da agricultura e os interesses da indústria de 
açúcar também foram importantes na criação do programa, porque os preços 
do açúcar no mercado internacional eram baixos na ocasião.
O que motivou a criação do Próalcool, portanto, foram razões econô-
micas e estratégicas. Considerações de caráter ambiental e social não tiveram 
um papel significante na decisão do governo Geisel. A expansão da produção 
do etanol da cana-de-açúcar fez com que essas considerações tivessem um 
peso crescente nas preocupações das autoridades governamentais, sobretudo 
no Estado de São Paulo, de onde mais de 60% de toda a produção nacional de 
etanol se origina.
O aspecto mais visível dos problemas sociais é decorrente da colheita 
manual da cana que é precedida de “queimadas”. Cerca de 700 mil “bóias-
frias” foram envolvidos nesse processo nas décadas dos anos 1980 e 1990. As 
“queimadas” se tornaram um sério problema ambiental, bem como os resíduos 
das destilarias lançados em cursos d’água, sobretudo no Rio Piracicaba, e que 
provocou sérios danos ambientais.
Com o correr do tempo ficaram claras as vantagens do uso de cana 
para a produção de etanol em comparação com o uso do milho como matéria 
prima, o que é feito em grande escala nos Estados Unidos. Na produção de 
álcool do milho nos Estados Unidos as usinas “importam” energia (quase toda 
ela produzida com carvão) para o processo industrial. No Brasil toda a energia 
necessária vem do bagaço, que até gera excedentes de eletricidade que são 
“exportados” para a rede elétrica.
O que isso significa é que, ao usar milho para produzir etanol, o que se 
faz é converter carvão em etanol. Já no Brasil, o que ocorre é que a luz solar 
29170003 miolo.indd 5 10/29/08 6:02:34 PM
é capturada pela cana-de-açúcar e convertida em álcool. Em outras palavras, o 
etanol brasileiro é renovável, enquanto o etanol do milho não o é. O significa-
do deste fato para a redução das emissões de gases do efeito estufa é muito 
grande.
Com a recente expansão do uso do etanol no mundo como combustível 
mais limpo do que a gasolina, a cultura da cana-de-açúcar no Estado de São 
Paulo está crescendo rapidamente. O aumento de produtividade na produção 
de etanol (em litros por hectare) tem sido superior a 3% ao ano nos últimos 
30 anos.
O que o governo do Estado deseja é que essa produtividade continue a 
aumentar e que a expansão seja feita de forma pouco agressiva, tanto do ponto 
de vista social como ambiental. Por isso, incentivou a colheita mecanizada e o 
reaproveitamento da vinhaça, que há muito não é mais lançada nos rios. Além 
da cana-de-açúcar, o Estado de São Paulo conta ainda com outros tipos de 
bioenergia, como madeira, biogás e biodiesel, que também são relevantes para 
sua matriz energética.
 A Comissão de Bioenergia do Estado de São Paulo foi criada para es-
tudar a situação atual da produção de bioenergia no Estado, suas perspectivas, 
barreiras e propostas para removê-las. Fundamentada nos resultados de oito 
seminários técnicos que contaram com mais de 500 participantes, nos quais 
foram debatidos quatorze termos de referência previamente preparados por 
especialistas, a Comissão coordenou e recomendou diversas ações, sendo este 
o relatório dos seus trabalhos.
São Paulo, 1o de setembro de 2008
Alberto Goldman
Vice-Governador e Secretário de Estado de Desenvolvimento
José Goldemberg
Coordenador da Comissão Especial de Bioenergia 
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SUMÁRIO EXECUTIVO
O Estado de São Paulo é líder na produção de bioenergia no País. Do 
ponto de vista tecnológico, a maior parte da pesquisa e desenvolvimento de 
conhecimento se dá nas instituições públicas e privadas existentes no Estado. 
Além disso, São Paulo conta com a quase totalidade das indústrias de bens de 
capital para a produção de bioenergia. 
Do ponto de vista de capital humano, São Paulo é o líder na formação de 
profissionais nas áreas de ciências agrárias e biológicas. A agricultura paulista se 
caracteriza por dispor de cadeias completas e diversificadas.
O Estado de São Paulo produz 60% do álcool do país, além de outras 
biomassas de importância significativa, tais como biodiesel, biogás e florestas 
energéticas, em que a bioenergia representa 30% da oferta total de energia no 
Estado. É também relevante destacar a importância dos aspectos sócio-econô-
micos relacionados à bioenergia, a sua contribuição para a melhoria do meio 
ambiente, bem como a necessidade de planejamento e compatibilização das 
ações de governo necessárias ao seu desenvolvimento.
Em vista da importância estratégica da bioenergia para o Estado, foi cria-
da a Comissão Especial de Bioenergia do Estado de São Paulo, pelo Decreto no 
51.736, de 4 de abril de 2007, pelo governador José Serra.
A fim de embasar suas recomendações a Comissão decidiu que seriam 
elaborados, por diferentes especialistas, 14 Termos de Referência (TR´s), cada 
um sobre uma área fundamental da produção e utilização da bioenergia, nos 
quais foram analisadas as barreiras existentes em cada área e apresentadas pro-postas de políticas públicas para o Estado de São Paulo suplantá-las. 
Todos os relatórios foram amplamente debatidos em reuniões realiza-
das na Federação das Indústrias do Estado – FIESP , no Instituto de Pesquisas 
Tecnológicas - IPT, na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Pau-
lo - FAPESP e nas Secretarias Estaduais de Meio Ambiente e da Agricultura e 
Abastecimento, estando disponíveis para consulta dos interessados.
O texto aqui apresentado foi extraído em grande parte dos referidos 
TR’s, porém a responsabilidade do seu conteúdo final é dos autores deste do-
cumento.
Além de uma Introdução Geral, este documento é constituído dos se-
guintes capítulos:
•	Panorama	Geral	da	Bioenergia;
•	Cenários	e	Perspectivas	da	Evolução	da	Bioenergia;
•	Principais	Barreiras	e	Desafios	ao	Desenvolvimento	da	Bioenergia;
•	Sugestões	de	Políticas	Públicas.
29170003 miolo.indd 7 10/29/08 6:02:34 PM
•	Conclusões
•	Um	olhar	sobre	o	futuro
 No capítulo referente ao Panorama Geral da Bioenergia é apresentada 
e discutida a situação atual da bioenergia no Estado de São Paulo, particular-
mente nos casos de etanol, biodiesel, florestas energéticas e biogás. Além disso, 
são abordados os seguintes tópicos específicos pertinentes ao tema: cogeração 
e geração de energia com biomassa e biogás, recursos humanos e relações de 
trabalho na bioenergia, meio ambiente, tributação, normalização, logística e pes-
quisa e desenvolvimento.
Em seguida, no capítulo referente a Cenários e Perspectivas da Evolução da 
Bioenergia, o tema é analisado enfatizando-se os aspectos referentes a etanol, 
biodiesel, florestas energéticas, cogeração e geração de energia elétrica a partir 
de biomassa e biogás, além de serem apresentadas as perspectivas de evolução 
dos recursos humanos e relações de trabalho, de meio ambiente, de tributação, 
de recursos logísticos, e de pesquisa e desenvolvimento.
O capítulo Principais Barreiras e Desafios ao Desenvolvimento da Bioenergia 
aborda os seguintes tópicos:
•		Melhoria	da	Sustentabilidade	Social	e	Ambiental	na	Produção	e	Uso	da	
Bioenergia;	
•		Planejamento	 e	 Adequação	 das	 Cadeias	 dos	 Biocombustíveis	 para	
Atender	à	Expansão	da	Demanda;
•	Aperfeiçoamento	e	Expansão	do	Mercado	Doméstico	de	Bioenergia;
•	Criação	e	Desenvolvimento	do	Mercado	Internacional;
•		Desenvolvimento	 e	 Aplicação	 de	Tecnologias	 para	 Manutenção	 da	
Competitividade Nacional.
No capítulo Sugestões de Políticas Públicas são analisadas as sugestões 
apontadas nos Termos de Referências e nos Seminários, após terem sido con-
densadas e reordenadas segundo os macrodesafios apontados acima.
Por último, os capítulos Conclusões e Um Olhar para o Futuro resumem as 
ações que já vêm sendo e as que serão realizadas.
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ÍndICE 
I INTRODUÇÃO GERAL ................................................................................................. 15
II PANORAMA GERAL DA BIOENERGIA ............................................................. 21
 II.1 Etanol ............................................................................................................................... 24
 II.2 Biodiesel ......................................................................................................................... 31
 II.3 Floresta energética ................................................................................................... 35
 II.4 Cogeração e geração de energia com biomassa e biogás ............... 39
 II.5 Recursos humanos e relações de trabalho na bioenergia ................ 41
 II.6 Bioenergia e meio ambiente .............................................................................. 46
 II.7 Tributação no uso de biocombustíveis ........................................................ 49
 II.8 Normalização de biocombustíveis .................................................................. 52
 II.9 Logística de transporte de biocombustíveis ............................................. 56
 II.10 Pesquisa e desenvolvimento ............................................................................... 62
III CENÁRIOS E PERSPECTIVAS DA EVOLUÇÃO DE BIOENERGIA .. 71
 III.1 Etanol ............................................................................................................................... 73
 III.2 Biodiesel ......................................................................................................................... 84
 III.3 Florestas energéticas ............................................................................................... 88
 III.4 Cogeração .................................................................................................................... 91
 III.5 Recursos humanos e relações de trabalho ............................................... 99
 III.6 Meio ambiente ........................................................................................................... 102
 III.7 Tributação ..................................................................................................................... 103
 III.8 Logística .......................................................................................................................... 104
 III.9 Pesquisa e desenvolvimento ............................................................................... 110
IV PRINCIPAIS BARREIRAS E DESAFIOS AO DESENVOLVIMENTO 
DA BIONERGIA ................................................................................................................... 115
 IV.1 Melhoria da sustentabilidade social e ambiental na produção 
 e uso da bioenergia ................................................................................................. 115
 IV.2 Planejamento e adequação das cadeias dos biocombustíveis 
 para atender à expansão da demanda ......................................................... 121
 IV.3 Aperfeiçoamento e expansão do mercado doméstico de 
 bioenergia ..................................................................................................................... 126
 IV.4 Criação e desenvolvimento do mercado internacional...................... 127
 IV.5 Desenvolvimento de tecnologias incrementais e radicais 
 para manutenção da competitividade nacional ....................................... 131
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V SUGESTÕES DE POLÍTICAS PÚBLICAS ............................................................ 133
 V.1 Aumentar a sustentabilidade social e ambiental na produção 
 e uso dos biocombustíveis no Estado de São Paulo ............................ 133
 V.2 Planejar e adequar a cadeia produtiva para atender à 
 expansão da demanda ........................................................................................... 134
 V.3 Aperfeiçoar e expandir o mercado doméstico de 
 biocombustíveis ......................................................................................................... 134
 V.4 Criar e desenvolver o mercado internacional ......................................... 135
 V.5 Desenvolver tecnologias incrementais e radicais para manter 
 a competitividade nacional .................................................................................. 135
 V.6 Coordenar as ações dos atores relacionados com a cadeia ........... 136
VI CONCLUSÕES ..................................................................................................................... 137
 VI.1 Meio ambiente ........................................................................................................... 137
 VI.2 Agricultura .................................................................................................................... 138
 VI.3 Recursos humanos...................................................................................................139
 VI.4 Energia ............................................................................................................................ 139
 VI.5 Pesquisa, desenvolvimento e inovação ......................................................... 140
 VI.6 Transportes .................................................................................................................. 140
VII UM OLhAR SOBRE O FUTURO ............................................................................. 141
VIII REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 143
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lIsta dE taBElas E FIGuRas
Tabela 1. Principais produtores, exportadores e importadores de petróleo...... 15
Figura 1. Preço anual médio do petróleo ..................................................................... 16
Figura 2. Fluxograma da estrutura produtiva da agricultura paulista ............ 18
Figura 3. Curva do aprendizado brasileiro na produção de etanol ............... 23
Figura 4. Investimento global em energia sustentável ............................................ 23
Figura 5. Evolução da produção de cana no Estado de São Paulo ................ 27
Figura 6. Produção de álcool no Brasil ........................................................................... 27
Figura 7. Evolução da oferta de álcool em São Paulo ........................................... 28
Figura 8a. Cana plantada no país.......................................................................................... 29
Figura 8b. Localização das usinas na região Centro-Sul .......................................... 29
Tabela 2. Disponibilidade interna de óleos vegetais no Brasil em 2006* ... 33
Figura 9. Capacidade instalada de produção de biodiesel em SP-2006 
(m3/ano) ....................................................................................................................... 34
Figura 10. Evolução das áreas de vegetação nativa no Estado de São Paulo . 36
Figura 11. Evolução da cobertura vegetal e do reflorestamento no 
 Estado de São Paulo ............................................................................................. 36
Figura 12. Evolução do consumo final por energético ............................................ 37
Figura 13. Consumo estimado de produtos florestais no Estado de São Paulo 38
Figura 14. Produção, demanda e déficit madeireiro no Estado de São Paulo .... 38
Figura 15. Número de empregos gerados por fonte de energia ...................... 42
Figura 16. Investimentos necessários para geração de empregos nos 
diversos setores industriais ............................................................................... 42
Figura 17. Contratações mensais dos cortadores de cana no Estado 
 São Paulo ..................................................................................................................... 43
Figura 18. Contratações mensais de diferentes categorias no setor 
 sucroalcooleiro no Estado de São Paulo .................................................. 44
Tabela 3. Distribuição das ocupações (%) por grau de instrução no 
 setor sucroalcooleiro, Estado de São Paulo, 2007 ............................... 45
Tabela 4. Alíquotas de IPI ........................................................................................................ 50
Figura 19. ICMS sobre combustíveis para veículos leves ........................................ 51
Figura 20. Índice de não-conformidade dos combustíveis no Brasil ................ 55
Figura 21. Cadeia de produção e comercialização do etanol .............................. 56
Figura 22. Localização das usinas de etanol no Estado de São Paulo ............. 57
Figura 23. Distribuição de etanol no Brasil ..................................................................... 58
Tabela 5. Porte e localização da frota de automóveis do Estado de 
 São Paulo ..................................................................................................................... 59
Tabela 6. Extensão da malha rodoviária do Estado de São Paulo, 2006 ..... 59
Figura 24. Infra-estrutura rodoviária do Estado de São Paulo............................. 60
Figura 25. Rede estrutural Petrobras de distribuição de combustíveis .......... 61
Figura 26. Frota de veículos leves e motocicletas no Brasil, cenário otimista .... 74
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Figura 27. Consumo de combustíveis por automóveis e motocicletas 
 no Brasil ....................................................................................................................... 75
Figura 28. Fração da frota de veículos flexíveis operando com AEHC 
 em função da relação de preços entre o AEHC e a gasolina C, 
 nos postos, em cada unidade da Federação. ................................................. 75
Tabela 7. Fração da frota de veículos flexíveis que utilizam AEHC, 
 para dois cenários de preço de etanol e de petróleo ...................... 76
Figura 29. Comparação entre a produção, a exportação e o consumo
 interno de AEHC .................................................................................................. 77
Figura 30. Estimativa de área da cana-de-açúcar para indústria no Brasil ..... 78
Figura 31. Estimativa da área de cana para indústria para produção de 
 álcool e açúcar em São Paulo ......................................................................... 79
Tabela 8. Projeção da produção de etanol na União Européia para 2012 ... 81
Figura 32. Produção de milho nos EUA de 1980 a 2006 ...................................... 82
Tabela 9. Estimativa da demanda por biodiesel por região geográfica 
– Brasil, 2008 a 2011 ............................................................................................ 85
Tabela 10. Capacidade de produção das usinas de biodiesel, por região 
 geográfica e para o Estado de São Paulo, julho/2008. ....................... 86
Figura 33. Esquema de uso múltiplo da floresta .......................................................... 90
Tabela 11. Projeção da demanda por madeira no Estado de São Paulo 
 em 2032 ...................................................................................................................... 91
Tabela 12. Parâmetros utilizados e resultados da simulação com queima 
 de bagaço e palha .................................................................................................. 93
Tabela 13. Bioeletricidade considerando a venda nos leilões de energia e 
 o comercializado até 2007 ................................................................................ 93
Tabela 14. Potencial de geração de excedentes para o Estado nas safras
 2006/2007 e 2012/2013 utilizando apenas bagaço como 
 combustível ................................................................................................................ 95
Tabela 15. Potencial de geração de excedentes para o Estado nas 
 safras 2006/2007 e 2012/2013 utilizando bagaço e palha 
 como combustível .................................................................................................. 95
Figura 34. Rotas e avanços no potencial da cogeração no setor 
 sucroalcooleiro em São Paulo até 2013 (estimativa-limite) .......... 96
Tabela 16. Resumo do parque atual de usinas de São Paulo ............................... 97
Tabela 17. Potencial de geração elétrica por biogás e biomassa 
 (exceto cana) no Estado .................................................................................... 97
Tabela 18. Cronograma de eliminação da queima da cana-de-açúcar no 
 Estado de São Paulo, segundo Lei no 11.241/2002 ............................. 100
Tabela 19. Cronograma de eliminação da queima da cana-de-açúcarno 
 Estado de São Paulo, segundo o Protocolo Agroambiental .......... 101
Figura 35. Produções e fluxos de álcool carburante em 2016 
 (bilhões de litros/ano) .......................................................................................... 105
Figura 36. Rede Paulista de Polidutos.................................................................................. 109
Tabela 20. Investimentos Previstos para a infra-estrutura do setor rodoviário .... 125
29170003 miolo.indd 12 10/29/08 6:02:34 PM
aBREVIaÇÕEs
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas 
AEAC – Álcool Etílico Anidro Carburante
AEHC – Álcool Etílico Hidratado Carburante
ANP – Agência Nacional do Petróleo e Biocombustíveis
BIRD – Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento 
(Banco Mundial) 
BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento 
Caged – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados 
CENBIO – Centro Nacional de Referência em Biomassa, Instituto de 
Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo
CETESB – Companhia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo
Conab – Companhia Nacional de Abastecimento
CQNUMC – Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças 
Climáticas 
Cofins – Contribuição para Financiamento da Seguridade Social. 
Etecs – Escolas Técnicas
EUA – Estados Unidos da América 
Faesp/Senar/SP – Federação da Agricultura do Estado de São Paulo/Serviço 
Nacional de Aprendizagem Rural 
Fatecs – Faculdades de Tecnologia 
FIESP – Federação das Indústrias do Estado
FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos
GEF – Global Environmental Facility (Banco Mundial)
IAC – Instituto Agronômico de Campinas
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IEA – Instituto de Economia Agrícola
ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. 
Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização 
e Qualidade Industrial 
IPEF – Instituto de Pesquisa e Estudos Florestais
IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados
IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo
MDL – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo 
MP – Ministério Público
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MTE – Ministério do Trabalho e Emprego
OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
Orplana – Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul 
do Brasil
PCH´s – Pequenas Centrais Hidroelétricas
PIS – Programa de Integração Social
PNPB – Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel 
RMSP – Região Metropolitana de São Paulo
Sabesp – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo 
SAA – Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento
Sefaz – Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo 
Sindicom – Sindicato Nacional das Distribuidoras de Combustíveis 
e Lubrificantes 
SMA – Secretaria de Estado do Meio Ambiente
SSP – Secretaria de Estado da Segurança Pública
TR – Termo de Referência
UE – União Européia
UDOP – União dos Produtores de Bioenergia 
UNICA União da Indústria de Cana de Açúcar
Unicamp – Universidade Estadual de Campinas
UTE – Usina Termoelétrica
ZEE – Zoneamento Ecológico-Econômico 
29170003 miolo.indd 14 10/29/08 6:02:34 PM
I IntRoduÇão GERal
Atualmente, o sistema energético internacional é fortemente dependen-
te de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás): cerca de 80% do consumo 
mundial de energia se originam dessas fontes, consumo este que apresentava 
um crescimento anual de cerca de 2% (média em 20 anos), e que nos últimos 
cinco anos cresceu em média 3,1% ao ano.
Esta é uma situação que não pode perdurar não só pela exaustão grada-
tiva das reservas de combustíveis fósseis como também pelos efeitos negativos 
ao meio ambiente que resultam do seu uso, entre os quais o aquecimento 
global.
Problemas relacionados à segurança no suprimento de energia têm 
também um papel relevante. A segurança energética está ligada ao fato de 
a produção de petróleo estar concentrada em poucos países, e dos EUA, 
Japão, China, Coréia e outros da União Européia estarem entre os maiores 
importadores, conforme Tabela 1. Além disso, os preços do petróleo e seus 
derivados atingiram recordes históricos e não há perspectivas, mantido o 
crescimento econômico mundial, de que declinem sensivelmente nos próxi-
mos anos.
 Tabela 1. Principais produtores, exportadores e importadores de petróleo
Produtores Mt Exportadores Mt Importadores Mt
Rússia 487 Arábia Saudita 358 Estados Unidos 587
Arábia Saudita 483 Rússia 248 Japão 203
Estados Unidos 310 Iran 130 China 145
Iran 218 Nigéria 119 Coréia 120
China 188 Noruega 109 Índia 111
 México 173 Emirados Árabes 106 Alemanha 110
Canadá 157 México 99 Itália 94
Venezuela 138 Canadá 93 França 82
Kuwait 136 Venezuela 89 Espanha 61
Emirados Árabes 131 Kuwait 88 Reino Unido 59
Resto do Mundo 1.516 Resto do Mundo 764 Resto do Mundo 713
Mundo 3.937 Mundo 2.203 2285
Fonte: International Energy Agency, 2008
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16 Bioenergia no Estado de São Paulo
Conseqüentemente, entende-se que as condições econômicas estão de-
finidas, de forma estrutural, para a viabilização da agroenergia como elemento 
relevante ao dinamismo do agronegócio. As pressões sociais (emprego, renda, 
fluxos migratórios) e ambientais (mudanças climáticas, poluição) apenas refor-
çam e consolidam essa tendência.
O Brasil é o país do mundo que reúne mais vantagens comparativas 
para liderar a agricultura de energia. A primeira vantagem comparativa que se 
destaca é a perspectiva de incorporação de novas áreas à agricultura de energia, 
sem ocorrer competição com a agricultura de alimentos, problema este que 
vem sendo enfrentado por alguns países, a exemplo dos Estados Unidos. No 
Brasil, existe grande disponibilidade de terras com pastagens degradadas, nas 
quais a inserção da cana-de-açúcar e de algumas culturas necessárias à rotação, 
tais como soja e amendoim, contribui para a ampliação não só da produção de 
álcool, como também da produção de açúcar e de proteína vegetal. A expansão 
da cana sobre pastagens é capaz de beneficiar também o pecuarista, que pode 
verificar um aumento na rentabilidade de sua propriedade rural e, ainda, melho-
rar a condição de fertilidade do solo, em relação ao que existia originalmente. 
O segundo aspecto observado no Brasil, a ser considerado é a possibilidade de 
múltiplos cultivos dentro do ano agrícola.
Além disso, ocorre no Estado de São Paulo o cultivo de oleaginosas 
como soja, girassol e amendoim para produção de biodiesel, bem como a utili-
zação de gordura animal.
Fonte: BP Statistical Review – 2007
Figura 1. Preço anual médio do petróleo
60
80
100
120
Ba
rr
il
0
20
40
1860 1870 1880 1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010
U
S$
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Ano
US$ Corrente
US$  (2007)
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Introdução Geral 17
No nosso Estado, além de suas características socioeconômicas e edafo-
climáticas favoráveis, o aperfeiçoamento genético, a introdução de novas tecno-
logias e a crescente mecanização, dentre outros, contribuíram para conduzi-lo à 
condição de grande produtor agrícola e com grande potencial de ser um pólo 
nacional na produção de biocombustíveis. 
O Estado de São Paulo é líder na produção de bioenergia no País. Do 
ponto de vista tecnológico, a maior parte da pesquisa e desenvolvimento de 
conhecimento se dá nas instituições públicas e privadas existentes no Estado. 
São Paulo também detém a quase totalidade das indústrias de bens de capital 
para a produção de bioenergia. 
Do ponto de vista de capital humano, São Paulo é o líder na formação de 
profissionais nas áreas de ciências agrárias, biológicas e de alimentos, e a agricul-
tura paulista se caracteriza por contar com cadeias completas e diversificadas.Dessa forma, o elemento interessante do agronegócio paulista é que 
o Estado tem a maior base industrial do País. A integração entre o produtor 
rural, o processador de alimentos, os distribuidores, o atacado, o varejo e os 
exportadores é especialmente forte. A ligação entre os elos da cadeia confere 
o poder de rápida assimilação do progresso tecnológico que permeia todos os 
agentes envolvidos no processo. Além disso, São Paulo tem a maior estrutura de 
pesquisa sobre produção e aplicação de bioenergia no Brasil.
 Esse conjunto de estruturas produtivas confere ao Estado um forte 
dinamismo agrícola que, desse ponto de vista ainda há muito que avançar. Em 
especial, merece destaque a integração do sistema de produção de grãos à pas-
tagem e ao setor de cana-de-açúcar. A fim de desenvolver melhor esse conceito 
de integração lavoura-pecuária, torna-se relevante avaliar a estrutura produtiva 
do Estado, considerando a produção de alimentos e de agroenergia. 
A Figura 2, reproduzida do “Estudo sobre o Desenvolvimento da Cadeia 
Produtiva Agrícola para Biocombustíveis no Estado de São Paulo” (TR 2, 2007), 
ilustra a estrutura de produção do Estado. O primeiro ponto a ser notado é 
que existe ampla possibilidade de integração entre as áreas de pecuária (com 
base em pasto) e a área agrícola. De acordo com dados do IBGE (Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística) e do IEA (Instituto de Economia Agrícola), 
São Paulo tem 10 milhões de hectares de pastos nativos (cerca de 1,5 milhão) 
e plantados (cerca de 8,5 milhões). Essa área de pastagem convive com uma 
área agrícola que envolve a produção de grãos (arroz, feijão, milho, soja e trigo 
com 1,7 milhão de hectares), cana-de-açúcar (4,2 milhões de hectares), laranja 
(800 mil hectares), madeira (1 milhão de hectares) e café (220 mil hectares), 
dentre outras. Ocorre que as áreas de pastagem têm baixa produtividade e, 
estão sendo substituídas por cana-de-açúcar. Esse processo de avanço da área 
agrícola leva à elevação da produtividade do pasto e permite, ainda, a expansão 
da área de grãos do Estado. 
29170003 miolo.indd 17 10/29/08 6:02:35 PM
18 Bioenergia no Estado de São Paulo
O Estado apresenta ainda grande mercado consumidor e excelente lo-
gística, se comparado ao restante do país. Do ponto de vista climático as princi-
pais características são uma boa precipitação média e a presença de veranicos 
(com risco para culturas anuais).
Em suas diversas formas, a bioenergia respondeu por 28,6% da oferta 
total de energia em São Paulo em 2006 (SSE, 2007), distribuindo-se principal-
mente entre produtos da cana-de-açúcar (88%) e lenha, como uso direto (5%) 
ou como lixívia celulósica (4%), um subproduto da indústria de papel e celulose. 
O segmento outros resíduos de biomassa correspondeu à parcela restante (3%) 
e compreende os aproveitamentos de pó de serra, briquetes de madeira e ca-
vacos não utilizados no setor de papel e celulose, além de resíduos agrícolas e 
industriais como a palha de arroz e a borra de café.
A incerteza quanto às reservas petrolíferas e o aumento das cotações 
de petróleo, como mencionado, associados às questões ambientais e sociais, 
impõem a premência de se alterar as bases do desenvolvimento econômico e 
de modificar a matriz energética mundial. A produção de biocombustíveis surge, 
portanto, como importante opção estratégica, quer para emprego como pro-
duto complementar, quer como substituto aos derivados do petróleo. 
Figura 2. Fluxograma da estrutura produtiva da agricultura paulista
Pastagem agricultura
Grãos Cana outros
Carnes, leite alimento Bioenergia
Petróleo
29170003 miolo.indd 18 10/29/08 6:02:35 PM
Introdução Geral 19
Neste contexto, foi criada a Comissão Especial de Bioenergia do Estado 
de São Paulo, pelo Decreto 51.736, de 4 de abril de 2007, pelo governador José 
Serra, com os seguintes objetivos:
I	–	elaborar	o	Plano	de	Bioenergia	do	Estado	de	São	Paulo;
II – definir as ações de governo necessárias ao pleno desenvolvimento 
das	atividades	de	geração	de	energias	renováveis;
III – avaliar a contribuição das formas renováveis de energia para o de-
senvolvimento	sustentável;
IV – avaliar e indicar as ações necessárias ao desenvolvimento do conjun-
to	das	cadeias	produtivas	de	biodiesel	e	etanol	no	Estado	de	São	Paulo;
V – avaliar e propor ações de estudo e pesquisa científica e tecnológica 
necessárias ao pleno desenvolvimento das atividades de bioenergia no Estado 
de	São	Paulo;
VI – subsidiar o governador do Estado e as secretarias estaduais nas 
ações relativas ao desenvolvimento da bioenergia.
Os integrantes da Comissão são os seguintes:
•	José	Goldemberg,	coordenador;
•	Alberto	Goldman,	Secretário	de	Desenvolvimento;
•	Francisco	Vidal	Luna,	Secretário	de	Economia	e	Planejamento;
•	Dilma	Seli	Pena,	Secretária	de	Saneamento	e	Energia;
•		João	de	Almeida	Sampaio	Filho,	Secretário	de	Agricultura	e	Abasteci-
mento;
•	Mauro	Guilherme	Arce,	Secretário	dos	Transportes;
•	Francisco	Graziano	Neto,	Secretário	de	Meio	Ambiente;
•	Carlos	Henrique	de	Brito	Cruz,	representante	da	FAPESP;
•	José	Roberto	Mendonça	de	Barros,	representante	da	USP;
•	Isaías	Macedo,	representante	da	Unicamp;
•	Roberto	Rodrigues,	representante	da	Unesp.
A fim de embasar suas recomendações a Comissão decidiu que seriam 
elaborados 14 Termos de Referência (TR´s), cada um sobre uma área funda-
mental da produção e utilização da bioenergia, nos quais foram analisadas as 
barreiras existentes em cada área e apresentadas propostas de políticas públi-
cas para o Estado de São Paulo suplantá-las. As principais questões analisadas 
nos TR’s e as visões de seus coordenadores foram amplamente discutidas em 
reuniões realizadas na Fiesp, IPT, FAPESP, Secretaria da Agricultura e Secretaria 
de Meio Ambiente.
Os Termos de Referência em questão, bem como seus respectivos coor-
denadores, são os seguintes:
I – Mercados interno e internacional para biocombustíveis – Airton Ghi-
berti;
29170003 miolo.indd 19 10/29/08 6:02:35 PM
20 Bioenergia no Estado de São Paulo
II – Desenvolvimento da cadeia	produtiva	agrícola	–	Roberto	Rodrigues;
III	–	Cadeia	industrial	e	de	serviços	–	etanol	e	bioenergia		–	João	Furtado;
IV – Impactos ambientais na cadeia de biocombustíveis – Oswaldo dos 
Santos	Lucon;
V – Tecnologia e ciência para o desenvolvimento sustentável da bioenergia 
em	São	Paulo	–	Isaías	de	Carvalho	Macedo	e	Luiz	Augusto	Horta	Nogueira;
VI	–	Qualificação	dos	trabalhadores	na	cana-de-açúcar	–	Airton	Ghiberti;
VII – Relações de trabalho no setor sucroalcooleiro e de oleaginosas no 
Estado	de	São	Paulo	–	Marcio	Pochmann;
VIII – Geração de eletricidade a partir de biomassa e biogás – João Car-
los	O.	de	Mello;
IX – Logística e transporte multimodal na cadeia produtiva de biocom-
bustíveis	–	Antonio	Galvão	Álvares	de	Abreu;
X – Tributação: regimes diferenciados de ICMS, tributos federais e outros 
–	Carlos	Américo	Pacheco;
XI – Instrumentos de normalização e qualidade dos biocombustíveis 
–	Antonio	Bonomi;
XII	–	Floresta	energética	–	Eduardo	Castanho;
XIII – Biogás gerado pela deposição de resíduos sólidos urbanos em 
aterros sanitários e pelo tratamento anaeróbio de efluentes, resíduos rurais e 
vinhaça	–	João	Wagner	Alves;
XIV – Zoneamento socioeconômico e agrícola de São Paulo – Airton 
Ghiberti.
Nesse contexto, o presente documento reúne os resultados principais 
dos TR’s produzidos pelos diferentes especialistas, que merecem os créditos 
pelo trabalho realizado. O texto aqui apresentado foi extraído em grande 
parte dos referidos TR’s, porém a responsabilidade do seu conteúdo final é dos 
autores deste documento.
Embora o Brasil exerça a liderança mundial inequívoca na produção 
econômica e uso de combustíveis renováveis, vale lembrar que essa situação 
foi assegurada por desenvolvimentos tecnológicos e investimentos realizadospersistentemente, com grande participação pública, durante as últimas três dé-
cadas. Os principais desafios identificados, tanto pelos autores dos TR’s como 
nos debates organizados, à manutenção dessa liderança são: melhorar a susten-
tabilidade social e ambiental da produção e uso dos biocombustíveis, inclusive 
para	 justificar	 a	 sua	 inserção	no	mercado	 internacional;	 planejar	 e	 adequar	 a	
cadeia produtiva para atender à expansão da demanda, com atenção especial 
aos	gargalos	em	bens	de	capital	e	logística;	aperfeiçoar	e	expandir	o	mercado	
doméstico;	criar	e	desenvolver	um	mercado	internacional;	difundir	e	desenvol-
ver tecnologias incrementais e radicais em prazos apropriados e coordenar as 
ações dos atores relacionados com a cadeia.
29170003 miolo.indd 20 10/29/08 6:02:35 PM
II PanoRaMa GERal da BIoEnERGIa 
Os estudos científicos dos últimos 30 anos demonstraram de maneira 
clara que o aumento da concentração dos gases responsáveis pelo efeito estufa, 
principalmente CO2, resultado da combustão de combustíveis fósseis, provoca-
rão um aumento na temperatura média do planeta entre 1,4°C e 5,8°C nos 
próximos 100 anos (IPCC, 2007). Para enfrentar este problema, as Nações 
Unidas promoveram em 1992 a Convenção – Quadro das Nações Unidas 
sobre Mudanças Climáticas (CQNUMC), cujo documento final foi aberto para 
assinatura em junho do mesmo ano no Rio de Janeiro, durante a Conferência 
Rio – 92. 
Os países que ratificaram a Convenção, denominados Partes, vêm rea-
lizando conferências tentando encontrar soluções para o problema. A terceira 
dessas conferências, conhecidas como Conferências das Partes, realizada em 
Quioto, no Japão, em dezembro de 1997, é considerada uma das mais impor-
tantes pois estabeleceu o Protocolo de Quioto, que definiu metas de redução 
das emissões dos gases de efeito estufa. O Protocolo entrou em vigor no dia 16 
de fevereiro de 2005, ratificado por 171 países e totalizando 61,6% das emis-
sões de CO2 das Partes do Anexo I (países industrializados).
Os países do Anexo I se comprometeram conjuntamente, no primeiro 
período do Protocolo (2008 – 2012), a reduzir suas emissões de gases de efeito 
estufa em 5,2%, com relação aos níveis de 1990. 
A bioenergia não é uma alternativa capaz de solucionar totalmente o 
problema energético, mas tem o potencial de substituir parcialmente os com-
bustíveis fósseis nos meios de transporte. Observe-se que, nesse trabalho, o 
termo bioenergia não inclui a biomassa dita tradicional, isto é, aquela derivada 
de madeira/lenha catada, para uso doméstico, nem a biomassa proveniente de 
desmatamento. Nessa área de bioenergia destaca-se o etanol para uso em ve-
ículos. O Brasil é pioneiro e apresenta reconhecida vantagem comparativa no 
mercado internacional, construída pela intervenção do poder público a partir da 
criação do Próalcool em 1975. Embora nem sempre com a mesma intensidade, 
o governo brasileiro deu continuidade ao programa de estímulo ao emprego 
do álcool de várias formas, desde a própria produção do combustível até o 
comércio de automóveis a álcool com redução de impostos.
O domínio da tecnologia agrícola em ambiente tropical permitiu que a 
natural abundância de solo, luminosidade, temperatura e água pudessem ser 
utilizadas a fim de elevar a produtividade da agricultura. Em poucas palavras, 
o desenvolvimento tecnológico permitiu ao Brasil fazer uso de suas vantagens 
comparativas na agricultura. 
29170003 miolo.indd 21 10/29/08 6:02:35 PM
22 Bioenergia no Estado de São Paulo
O País possui um volume expressivo de área potencialmente agricultá-
vel. Existem diferentes estudos referentes à disponibilidade de terra que, em 
geral, tendem a convergir para uma área potencial superior a 100 milhões de 
hectares na região do cerrado. Existe, ainda, uma enorme área de pastagem 
caracterizada por baixa produtividade das forragens e que atualmente come-
ça a ser integrada ao sistema de grãos, configurando um inovador sistema de 
rotação. Em trabalho recente, Brandão et al (2005)1 concluem que cerca de 
80% do aumento da área cultivada com lavouras nos últimos 10 anos no Brasil 
deu-se em antigas áreas de pasto. A área total de pastagem no país é de quase 
200 milhões de hectares. A área agrícola atualmente cultivada no Brasil está 
num patamar de 60 milhões de hectares, o que permite dar a dimensão do 
enorme potencial produtivo do país.
A produção de álcool combustível em larga escala no Brasil trouxe a 
oportunidade (e a necessidade) de um grande desenvolvimento tecnológico 
para o setor de agroindústria da cana. De modo simplificado, é possível identi-
ficar três fases no desenvolvimento e implantação de tecnologia nesse período: 
inicialmente uma ênfase em produtividade, entre 1975 e 1985, para atender 
aos aumentos de demanda (aumentos de capacidade nos sistemas de moagem 
e	destilação;	grandes	ganhos	na	produtividade	das	 fermentações;	crescimento	
constante da produtividade agrícola). A partir de 1980 os programas foram 
direcionados para a obtenção de maior eficiência de conversão, tendência re-
forçada com o advento da estabilização da produção, desde 1985 (os melhores 
exemplos são os ganhos em rendimento da fermentação e extração). Por volta 
de 85, a implementação de ferramentas tecnológicas para o gerenciamento da 
produção agroindustrial passou a ter importância crescente. Exemplos são os 
programas para otimização da reforma de canaviais, para o acompanhamento 
da	safra;	para	o	controle	operacional	de	processos	e	os	controles	mútuos	agrí-
colas e industriais, entre outros.
Essas três fases ainda coexistem, em parte, em muitas unidades produtoras. 
Indicadores medidos numa expressiva amostra de usinas, compreendendo cerca 
de 700 mil hectares (Copersucar, 2000) mostram que na área industrial havia uma 
diferença constante de quase 10 pontos porcentuais entre os valores máximos pra-
ticados para a eficiência total de conversão e os valores médios, ambos crescentes 
no tempo, indicando a grande margem para a transferência interna de tecnologia. 
Diferenças da mesma ordem podem ser observadas na produção agrícola.
Em conseqüência desse fato, a curva de aprendizado brasileira constitui 
um notável exemplo das possibilidades que se oferecem ao desenvolvimento 
1. Brandão et alii. (2005). Crescimento agrícola no período 1999-2004, explosão da área plantada com soja e 
meioambiente no Brasil. Texto para discussão 1.062, Ipea/Dimac.
29170003 miolo.indd 22 10/29/08 6:02:36 PM
Panorama Geral da Bioenergia 23
sempre que existe um nível (minimamente aceitável) de continuidade das orien-
tações e das ações. Assim, o etanol brasileiro é economicamente competitivo 
com a gasolina desde 2004 sem necessidade de subsídios, conforme figura 3.
Nos últimos anos o mundo se envolveu no esforço de desenvolver ener-
gia sustentável e os investimentos com esse propósito vêm crescendo em ritmo 
acelerado, praticamente dobrando a cada ano, conforme apresentado em recente 
relatório da ONU (UN, 2008). Os investimentos mundiais novos (sem considerar 
incorporações e aquisições) alcançaram US$ 117,7 bilhões em 2007.
Fonte: adaptado, SEFI, New Energy Finance
Figura 4. Investimento global em energia sustentável
Fonte: Golbemberg, Coelho, Nastari e Lucon, (2004)
Figura 3. Curva do aprendizado brasileiro na produção de etanol
500
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Preço Etanol BR Preço gasolina  BR Preço gasolina  Rotterdam
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1990
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24 Bioenergia no Estado de São Paulo
A figura 4, que mostra a distribuição dos investimentos em energia sus-
tentável por diferentes regiões, é uma evidência da importância relativa dos EUA 
e UE nesse setor: eles responderam por mais de 60% do valor investido entre 
2004 e 2007. Em 2006 e 2007, China e Brasil aumentaram significativamente suas 
participações nos investimentos, que passaram a representar 10% e 5% respecti-
vamente. Para o ano de 2007, o relatório também mostra que 93% dos recursos 
investidos foram destinados a quatro tipos de tecnologia: energia eólica (43%), 
energia solar (24%) biocombustíveis (17%) e biomassa/resíduos (9%).
No Estado de São Paulo, assim como no Brasil, a principal fonte de bio-
energia é a cana-de-açúcar, da qual o Estado é o principal produtor no país. 
A participação da bioenergia na matriz energética de São Paulo é significativa 
(cerca de 30% da oferta total de energia em 2007) e baseia-se principalmente 
no etanol produzido de cana-de-açúcar, mas também na energia proveniente de 
resíduos florestais e de biogás. Nesse capítulo apresenta-se um panorama geral 
da situação da bioenergia no Estado, com os seus dados mais importantes.
II.1 etanol 
Esta seção reúne considerações contidas principalmente no TR 1 – “Mer-
cados Interno e Internacional para Biocombustíveis” , no TR 2 – “Estudo sobre o 
Desenvolvimento da Cadeia Produtiva Agrícola para Biocombustíveis no Estado 
de São Paulo”, no TR 3 – “Cadeia industrial e de serviços – Etanol e bioenergia” 
e no TR 5 – “Tecnologia e Ciência para o Desenvolvimento Sustentável da 
Bioenergia em São Paulo”.
Uma das críticas freqüentes aos biocombustíveis é que eles substituem 
as culturas de alimento. Entretanto, no caso do setor sucroalcooleiro paulista, 
seu avanço tem impulsionado a produção de alimentos. Parte do total plantado 
em São Paulo fica disponível a cada ano para a rotação de cultivos, em função 
da renovação dos canaviais, o que representa milhões de hectares que podem 
ser destinados à plantação de soja, amendoim e outros cultivos destinados à 
produção tanto de alimentos, quanto de combustível.
Na região paulista de Ribeirão Preto, por exemplo, a plantação direta, 
sem remoção nem limpeza do solo, é cada vez mais usada quando os canaviais 
são renovados. Entre outubro e fevereiro, os produtores plantam e colhem va-
riedades precoces de soja e de amendoim sobre os resíduos de cana, antes de 
iniciar uma nova plantação. 
O principal indicador técnico relacionado à produção brasileira de etanol 
é a relação entre a quantidade de energia renovável produzida por unidade de 
29170003 miolo.indd 24 10/29/08 6:02:36 PM
Panorama Geral da Bioenergia 25
energia fóssil consumida. O indicador brasileiro para cana tem um valor apro-
ximadamente 5 vezes maior do que o do etanol de milho dos Estados Unidos. 
Essa enorme vantagem deve elevar-se ainda mais, se persistirem as rotas atuais. 
O avanço da mecanização da colheita, o recolhimento da palha e a produção de 
energia elétrica com o bagaço e a palha deverão elevar ainda mais o quociente 
entre a energia renovável e a não renovável (Macedo, 2005). 
Ao lado desse indicador convém salientar pelo menos mais um, de gran-
de importância para a sustentabilidade do etanol brasileiro no contexto da 
agroindústria e do padrão de consumo de combustíveis brasileiros. Ele diz res-
peito à quantidade de terras utilizadas para produzir a quantidade de etanol 
– hoje, aproximadamente 4 milhões de hectares2, contra algo em torno de 21 
milhões para a soja e 200 milhões de hectares para as pastagens (IBGE, 2007). 
O principal indicador econômico da liderança brasileira em etanol refe-
re-se a seus custos de produção, muito inferiores aos que existem em todos 
os demais países. Pode-se argumentar, contra essa liderança, que ela se baseia 
em custos não contabilizados – ambientais (as queimadas) e sociais (trabalho 
em condições pouco edificantes). A despeito dessas práticas remanescentes, que 
estão sendo eliminadas, é necessário reconhecer que a sustentação dos custos 
de produção baixos não depende da prática das queimadas (Lei estadual no 
10.547/00, reformulada pela Lei no 11.241 em 2002) ou do sobreesforço huma-
no. Com a supressão das queimadas e a eliminação daquele sobreesforço (pela 
mecanização) ter-se-ia uma redução adicional dos custos de produção médios, 
além do aumento de receitas gerado pela energia produzida pela queima da 
palha em caldeiras. 
Até meados da década de 1970, o álcool não tinha muita importância 
econômica no país e sua produção era considerada complementar à produção 
de açúcar, sendo, portanto, este produto o que impulsionava a expansão cana-
vieira, principalmente para o atendimento da demanda externa.
Após o primeiro choque do petróleo e o problema no mercado inter-
nacional de açúcar decorrente de superprodução, em 1975 foi introduzido o 
Próalcool. A crise subseqüente do petróleo, associada à localização do parque 
industrial automotivo brasileiro no Estado de São Paulo, deu impulso à produ-
ção paulista de etanol e incentivou a modernização e consolidação do setor.
Até o final dos anos 80, os veículos movidos exclusivamente a álcool 
hidratado representavam 85% dos veículos novos na frota nacional. No entanto 
nessa época, problemas de logística no abastecimento, redução dos preços do 
petróleo e recuperação dos preços do açúcar no mercado internacional torna-
2. Cerca de 3,2 milhões de hectares adicionais são usados para produção de açúcar.
29170003 miolo.indd 25 10/29/08 6:02:36 PM
26 Bioenergia no Estado de São Paulo
ram o etanol pouco competitivo, o que levou à estagnação do Próalcool. Nos 
anos 1990 ocorreu, ainda, a desregulamentação estatal dos mercados de açúcar 
e álcool no país, o que aumentou a incerteza sobre o uso do etanol como 
combustível.
A retomada da importância do etanol na matriz brasileira de com-
bustíveis teve início a partir de 2003 com o lançamento dos veículos flex-
fuel3, em meio à nova alta do preço do petróleo e ao interesse dos países 
desenvolvidos em soluções que minimizem o impacto poluidor dos veículos 
automotores na atmosfera. A ampliação das unidades industriais e constru-
ção de novas usinas resultam, especialmente, de decisões da iniciativa privada, 
a partir da atual visão mundial sobre a importância do combustível verde 
na matriz energética. Esse impulso na produção de etanol, no entanto, não 
permite que a análise da oferta desse produto seja desvinculada do merca-
do de açúcar, visto que ainda prevalece o modelo de usinas de açúcar com 
destilarias anexas.
A produção de cana-de-açúcar tem crescido sistematicamente no Bra-
sil, alcançando uma produção de 556,8 milhões de toneladas no ano-safra de 
2007/08 em 343 usinas (IBGE e Conab, 2008)4 e com uma produtividade de 
77.200 kg de cana-de-açúcar por hectare, na área plantada de 7,2 milhões de 
hectares, sendo aproximadamente 45% destinada para açúcar e 55% para álcool, 
segundo dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar5.
Se a cana-de-açúcar fosse totalmente destinada à produção de etanol, a 
produtividade média seria de 6.540 litros por hectare. No período de 2000/01 a 
2006/07 a produção de cana cresceu à taxa média de 8,4% ao ano. A análise por 
região produtora mostra que nesse período houve um aumento de 5,4% na 
Região Norte-Nordeste, 80,0% na Região Centro-Sul, enquanto que no Estado 
de São Paulo o acréscimo foi de 78,3%.
A figura 5 apresenta a evolução da produção de cana para indústria 
neste Estado, onde 4,8 milhões de hectares foram ocupados com cana em 
2007, dos quais cerca de 1,4 milhão correspondem a cana produzida por 
fornecedores. 
3. Flex fuel – veículo flexível que opera com gasolina C (gasolina com 20-25% de etanolanidro), álcool etílico 
hidratado ou qualquer mistura desses combustíveis.
4. Realizado em novembro de 2007, o segundo prognóstico das áreas plantadas contempla as Regiões Sudes-
te, Sul e Centro-Oeste e os Estados de Rondônia, Maranhão, Piauí e Bahia. As informações da pesquisa do 
prognóstico representam 85,6% da produção nacional prevista. Disponível em http://www.ibge.gov.br/home/
presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1050&id_pagina=1. Acesso em 19/1/2008.
5. http://www.unica.com.br
29170003 miolo.indd 26 10/29/08 6:02:36 PM
Panorama Geral da Bioenergia 27
Na safra 2007/2008 foram produzidos 31 milhões de toneladas de açú-
car e 22 milhões de m3 de etanol no país (figura 6). O Brasil é o maior produtor 
mundial de cana e de açúcar, o segundo de etanol e também o maior expor-
tador de açúcar e etanol. Cerca de 40% da produção de açúcar e 85% da de 
etanol são destinados atualmente ao mercado interno. Em 2008, o volume total 
de etanol utilizado como combustível da frota de veículos leves no país ultra-
passou o volume de gasolina.
Figura 5. Evolução da produção de cana no Estado de São Paulo
Fonte: Canaplan
Figura 6. Produção de álcool no Brasil
Fonte: Elaborados pelos autores a partir de dados da Unica (2007)
200
250
300
350
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Ano Safra-
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28 Bioenergia no Estado de São Paulo
Como já foi mencionado, o etanol de cana é um produto estratégico 
para o Estado de São Paulo. Em 2007, foram produzidos quase 12 bilhões de li-
tros desse combustível (figura 7), cerca de 62% do total nacional e 26% do total 
mundial6. Os produtos da cana-de-açúcar – etanol e bagaço – são responsáveis 
por mais de um quarto da energia primária total no Estado. 
O Estado de São Paulo respondeu por 69% da cana moída na safra 07/08, 
na Região Centro/Sul. Mesmo com o crescimento dos outros Estados, SP deverá 
responder por 67% a 68% da safra 08/09, em curso no Centro/Sul. Em termos 
dos produtos obtidos, São Paulo respondeu por 73% do açúcar produzido na 
região;	a	produção	de	etanol	paulista	correspondeu	a	66%	do	total	do	Centro/
Sul, sendo diferente a proporção entre os tipos: o anidro respondeu por 69% do 
obtido na região, e o hidratado por 63%. Da área total ocupada com cana, 3,9 
milhões de hectares foram colhidos para a produção de açúcar e álcool. 
Na verdade, justificam-se as preocupações com a expansão da cultura da 
cana-de-açúcar no Estado. O aumento da área cultivada foi de 7% ao ano em 
média nos últimos seis anos.
6. UNICA (http://www.portalunica.com.br/portalunica/?Secao=referência) e US RFA (http://www.ethanolrfa.
org/industry/statistics/#E)
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados da UNICA (2008)
Figura 7. Evolução da oferta de álcool em São Paulo
8
10
12
14
16
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Ano - safra
Etanol  Anidro
Etanol Hidratado
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Panorama Geral da Bioenergia 29
Figura 8a. Cana plantada no país
Figura 8b. Localização das usinas na Região Centro-Sul
Fonte: IBGE/Sidra (2005)
Fonte: TR 2
29170003 miolo.indd 29 10/29/08 6:02:37 PM
30 Bioenergia no Estado de São Paulo
A figura 8a ilustra a área da cana plantada no território nacional. A figura 
8b ilustra a expansão de cana na Região Centro-Sul, em particular a localização 
das usinas. 
A expansão da cana-de-açúcar no Estado de São Paulo tem-se dado, em 
maior proporção, sobre as áreas de pastagem. São Paulo tem cerca de 8,5 mi-
lhões de hectares de pastagem plantada e 1,5 milhão de hectares de pastagem 
nativa. O rebanho paulista, de acordo com o IBGE (2005), era de 13 milhões de 
cabeças, o que corresponde a uma lotação média de 1,3 cabeça por hectare, 
que é um índice baixo, apesar de maior que a média brasileira (menor que 1 
cabeça por hectare).
Do ponto de vista da agroenergia é possível notar que o sistema paulista 
é bastante interessante. De um lado, o Estado é o maior produtor de etanol 
de cana-de-açúcar do Brasil. Ou seja, a maior parte da agroenergia gerada em 
SP é oriunda de cana, e não de grãos como ocorre nos Estados Unidos. Além 
disso, há um potencial a ser explorado na produção de biodiesel que se origina 
no plantio de soja na rotação de cana-de-açúcar. É interessante notar que a ex-
pansão da área de cana oferece a oportunidade de aumento da área de grãos, 
quando considerado este processo de rotação.
Observa-se que o padrão climático de boa parte do Estado, em especial 
no novo pólo de expansão do setor sucroalcooleiro que é a Alta Paulista, é 
marcado por forte presença de veranicos, o que eleva sobremaneira o risco da 
produção de lavouras anuais e é responsável pela boa competitividade da cana. 
Por essa razão, o plantio dessas lavouras nunca apresentou grande densidade 
geográfica, como ocorre no Paraná e Mato Grosso.
O avanço da cana permite mudar esse cenário por carregar consigo o 
capital necessário para a recuperação das economias de municípios, os quais 
perderam o dinamismo econômico, e por reduzir o risco climático de plantar 
grãos em área dedicada exclusivamente a esses cereais ou plantá-los em área 
de reforma de cana-de-açúcar. 
Por outro lado, a fabricação de equipamentos para a indústria sucroalco-
oleira reúne uma centena de empresas, tanto na parte industrial quanto na agrí-
cola. Mas, se uma característica deve ser ressaltada nesse universo empresarial é 
precisamente a sua heterogeneidade. 
A indústria está estruturada em torno de dois pólos principais: Piracicaba 
e Sertãozinho, mas existem fábricas e empresas em outras cidades. A expan-
são da atividade para o oeste de São Paulo, e em direção a Minas Gerais e ao 
Centro-Oeste, deverá contribuir para o nascimento de novas empresas nessas 
regiões, bem como para a criação de novas unidades das empresas existentes.
A crise do setor industrial produziu oscilações no nível de emprego, in-
clusive no corpo técnico das principais empresas (Dedini, Zanini, Renk-Zanini, 
29170003 miolo.indd 30 10/29/08 6:02:37 PM
Panorama Geral da Bioenergia 31
DZ e outras), e ensejou inúmeras tentativas de estabelecimento de novos em-
preendimentos para o setor ou para atividades complementares. Foi assim que 
surgiram empresas como, num caso muito bem-sucedido, a TGM, fabricante de 
turbinas a vapor. Como resultado das características do próprio setor, sujeito 
a oscilações pronunciadas, e das próprias atividades de fabricação de equipa-
mentos, cujos produtos podem ser destinados a outros segmentos industriais 
(mesmo que com projetos específicos ou adaptações), muitas dessas empresas 
são, desde a sua origem, diversificadas com relação aos mercados de destino 
dos seus produtos. Por isso, a consolidação dos resultados econômicos do setor 
de fabricação de equipamentos para o setor sucroalcooleiro é impraticável.
Tal como outros equipamentos para essa cadeia industrial, também as 
colheitadeiras são produzidas principalmente nos pólos tradicionais dessa in-
dústria. A fabricação das colheitadeiras está situada em unidades localizadas 
em Piracicaba (Case) e Ribeirão Preto (Santal), além de Catalão, em Goiás 
(John Deere).
Com relação a outros equipamentos agrícolas, a DMB Máquinas e Imple-
mentos Agrícolas Ltda., fundada em 1964, em Sertãozinho, produz implementos 
para a cultura de cana-de-açúcar. A empresa fabrica equipamentos para todas as 
fases da cultura da cana-de-açúcar : subsoladores, sulcadores, cobridores, cultiva-
dores para cana crua e queimada, carretas para distribuição de torta de filtro, 
adubadeiras de superfície, reboques e sistemas de transbordo para cana picada. 
Também desenvolveue lançou plantadoras de cana, além de uma linha de pro-
dutos florestais. Dessa forma, no segmento de máquinas e implementos para a 
atividade agrícola se constata uma diversificação dos mercados de atuação das 
empresas.
II.2 Biodiesel
No que se refere ao biodiesel, é fundamental estabelecer a diferença 
conceitual entre biodiesel e óleos vegetais. O termo óleo vegetal significa o óleo 
in natura,	sem	submetê-lo	a	nenhum	processo	químico;	por	sua	vez	o	biodiesel	
é o éster (mono-alquil éster) de ácidos graxos provenientes de diversas fontes 
(óleos vegetais, óleos residuais ou sebo animal).
Desde 1920 surgiram iniciativas para promover no Brasil o uso de óleo 
vegetal nos motores a diesel, com resultados limitados. Os programas mais im-
portantes, propostos quase simultaneamente com a adoção do etanol, foram 
o Pró-óleo e o Programa OVEG em 1980 (Ministério da Indústria/ Secretaria 
de Tecnologia Industrial, 1985). Foram realizados ensaios dinamométricos em 
29170003 miolo.indd 31 10/29/08 6:02:37 PM
32 Bioenergia no Estado de São Paulo
motores e ensaios de campo com ônibus e caminhões, com biodiesel metílico 
e etílico de óleo de soja. Nos testes de campo foram utilizados biodiesel puro 
(B100) e misturas de 30% de biodiesel em óleo diesel (B30). Embora os resul-
tados técnicos tenham sido satisfatórios, no final dos testes de campo o preço 
do petróleo já havia recuado para valores que inviabilizavam economicamente o 
uso do biodiesel e o programa foi interrompido. Além disso, o seu custo energé-
tico era pouco competitivo quando comparado ao do etanol, o que estimulou 
o desenvolvimento de alternativas utilizá-lo como combustível para motores 
diesel, via etanol aditivado ou sistema de dupla injeção. 
Conforme descrito e discutido em maiores detalhes nos TR’s 1 e 2, o 
tema biodiesel foi retomado em 2002, sendo constituída a Rede de Pesquisa 
e Desenvolvimento Tecnológico (Probiodiesel), coordenada pelo Ministério de 
Ciência e Tecnologia que começou a articular interesses e a discutir a especifi-
cação do biodiesel para o Brasil. Encontrar sucessores renováveis para o diesel 
mineral é importante para o país, já que esse combustível é o mais consumido 
entre os derivados do petróleo, com uma demanda de aproximadamente 41 
milhões de m3 em 2007 (ANP, 2007a), dos quais 12% importados, e basica-
mente utilizado no setor de transporte (82%) e geração elétrica em sistemas 
isolados, geralmente na Amazônia.
 Em meados de 2003, o governo federal criou um grupo interministerial 
encarregado de estudos sobre a viabilidade de utilização de óleos vegetais e 
biodiesel, para fins energéticos. 
Em dezembro de 2004 foi lançado o Programa Nacional de Produção e 
Uso do Biodiesel (PNPB)7. A Lei no 11.097/05 estabeleceu que, a partir de 2008, 
todo o óleo diesel comercializado no Brasil deveria conter 2% de biodiesel (B2), 
e que em 2013, ao óleo diesel dever-se-ia adicionar 5% deste combustível8 (B5). 
Entretanto, ainda em 2008, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) 
tornou mandatório o uso de 3% de biodiesel a partir de 1o de julho de 2008.
Em 2006 foram produzidos 70 milhões de litros de biodiesel, em 2007 a 
produção alcançou 402 milhões de litros e nos primeiros sete meses de 2008 
já haviam sido produzidos 558 milhões de litros, segundo os dados da ANP. A 
participação do Estado de São Paulo na produção de biodiesel tem sido de 
12%, embora o Estado congregue 25% da capacidade industrial instalada.
A produção brasileira das principais oleaginosas totalizou 60,6 milhões de 
toneladas na safra 2006/07, das quais 95% referentes à soja. A parcela restante 
7. Disponível em: www.mct.gov.br
8. Segundo essa mesma lei, esse prazo poderá ser antecipado de acordo com a capacidade produtiva do 
Brasil.
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Panorama Geral da Bioenergia 33
compreende caroço de algodão, amendoim, mamona e girassol (Conab, 2007). 
Quanto ao dendê (palma), a produção foi de 903,5 mil toneladas em 2005 
(IBGE, 2005) e, considerando-se este mesmo volume em 2007, tem-se uma 
participação de 1,5% dessa oleaginosa no total. 
A tabela 2 apresenta uma estimativa da disponibilidade brasileira de óle-
os vegetais, calculada com base na disponibilidade de cada grão (excetuando-se 
exportação do grão) e no respectivo teor de óleo. A essa produção de óleo 
foram acrescentadas as importações e deduzidas as exportações. Estima-se, 
portanto, que a disponibilidade brasileira interna de óleos vegetais seja de 4,4 
milhões de toneladas ou 4,8 milhões de metros cúbicos, para uma exportação 
líquida de 1,4 milhão de toneladas. 
Tabela 2. Disponibilidade interna de óleos vegetais no Brasil em 2006*
Oleaginosa Teor de 
óleo(%)
Produção (t) Importação 
(t)
Exportação1 
(t)
Disponibilidade 
(t)
Densidade 
(kg/ m3)
Volume 
(1000m3)
Amendoim 48 67.632 16 16.376 51.273 914 56
Algodão 18 303.431 0 25.838 277.594 918 302
Girassol 44 41.756 5.598 0 47.354 918 52
Mamona 45 37.958 10 4.343 33.625 960 35
Soja 19 5.417.492 24.846 1.688.110 3.754.228 919 4.085
Dendê 22 198.770 17.080 22.859 192.991 891 217
Babaçu 66 78.560 0 72 78.489 914 86
Copaíba - 479 - - 479 1.000 0
Cumaru - - - - - - -
Licuri - - - - - - -
Oiticica 54 745 - - 745 1.000 1
Pequi 50 2.545 - - 2.545 1.000 3
Tucum - - - - - - -
Total 4.439.322 4.836
Fonte:	Conab	(2007),	IBGE	(2005)	e	MDIC/Secex	(2007);	dados	trabalhados	pelos	autores	do	TR	1
*Os itens produção, importação, exportação e disponibilidade referem-se a tonelada de óleo
1 Referem-se às exportações de óleo bruto
Ressalte-se que, embora seja ampla a lista de fontes de óleos vegetais 
para alimentar o PNPB, na prática, apenas sete delas têm produção significativa. 
As demais, embora com potencial, na realidade são utilizadas na medicina po-
pular e na indústria de cosméticos, constituindo-se em nichos de mercado com 
preços finais elevados. A maioria das oleaginosas extrativas ainda não dispõe de 
estudos técnicos e mercadológicos para sua exploração comercial.
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34 Bioenergia no Estado de São Paulo
No Estado de São Paulo, em 2006, as produções mais significativas de 
oleaginosas foram soja (1,7 milhão de toneladas de grão) e amendoim (210 mil 
toneladas de grão), embora o amendoim esteja sendo utilizado principalmente 
para alimentação.
Em termos de produção de oleaginosas, São Paulo apresenta um quadro 
deficitário, o que implicará na necessidade de importações dessas matérias-pri-
mas e/ou de óleos. Isso já ocorre com o óleo de soja para consumo alimentar.
Além disso, o fato de São Paulo ser o maior exportador de carne 
vermelha do país e ter um relevante parque de frigoríficos, possibilita a uti-
lização do sebo animal para produção de biodiesel. Entretanto, com essa 
demanda adicional, seu preço tem apresentando significativa tendência de 
crescimento. 
A figura 9 a seguir apresenta a localização das plantas de biodiesel no 
Estado (no estágio em que se encontravam em 2006), as quais têm uma capa-
cidade total instalada para produzir 650 milhões de litros anuais.
Figura 9. Capacidade instalada de produção de biodiesel em SP-2006 (m3/ano)
Fonte: TR 2
Sumaré
Campinas
Catanduva
Taboão da Serra
Taubaté
São Simão
Mairiporã
Mairinque
Charqueada
Lins
Saltinho
Tupã
Paraíso
Ourinhos
Guarulhos
Piracicaba
Usina Piloto
Em planejamento
4500
4501 - 15000
15001 - 40000
40001 - 60000
60001 - 227000
-
-
-
-
Em construção
600
601 - 100000-
Construída, sem produção
16800
16801 - 24000
24001 - 35000
35001 - 60000
60001 - 120000
-
-
-
-
Construída, produzindo
750
751 - 6000
6001 - 17000
17001 - 60000
-
-
-
29170003 miolo.indd 34 10/29/08 6:02:38 PM
Panorama Geral da Bioenergia35
Assim sendo, no Estado, as melhores oportunidades para biodiesel se 
concentram no uso da terra correspondente à rotação de cultura de cana e ao 
uso de subprodutos como sebo animal.
II.3 Floresta energética
Excetuando-se o setor de papel e celulose, a utilização da madeira e 
seus resíduos como fonte de energia em São Paulo é pequena e tem um perfil 
tradicional. No entanto, apresenta um potencial de crescimento interessante 
seja pelo desenvolvimento ou pela adoção de novas tecnologias, seja pelo custo 
baixo de produção de uma unidade energética comparativamente a outros 
produtos bioenergéticos, conforme exposto no TR 12 – “Florestas Energéticas”, 
no qual esta seção está baseada.
Atualmente, em termos mundiais, os índices de cobertura florestal de 
territórios nacionais, para serem considerados satisfatórios, devem estar, no mí-
nimo, entre 25 e 30% (Ab’Saber, 1990).
A cobertura vegetal nativa do Estado de São Paulo está ao redor de 
16,7% da sua extensão territorial (Castanho Fo, 2006). Há mais de cem anos, as 
formações vegetais nativas com características florestais cobriam cerca de 70% 
do território. Desse remanescente, o poder público declarou quase um terço, 
cerca de 990 mil hectares (Castanho Fo, 2006), como unidades de conservação 
criadas para preservar esse patrimônio para o futuro. 
Numa análise preliminar fica evidente que, apesar das áreas com matas e 
capoeiras terem até se recuperado nos últimos anos, as áreas de campo prati-
camente desapareceram (figura 10).
Em 2006, além da superfície coberta por vegetação nativa, existiam 932 
mil hectares reflorestados (963 mil hectares segundo a Abraf, 2006). 
A figura 11, a seguir, ilustra a composição florestal e sua evolução no Es-
tado de São Paulo nos últimos 30 anos, na qual se observa uma leve mudança 
na tendência de redução das florestas nativas, e que foi confirmada em levan-
tamentos posteriores.
Entre os vários aspectos da demanda geral por produtos florestais no 
Estado, cuja quantificação está detalhada no TR 12, vale ressaltar aqui a parcela 
dedicada à energia.
A demanda por produtos florestais energéticos foi determinada a partir 
dos dados de consumo de carvão e lenha que são apresentados na figura 12. 
Esses dados envolvem uma gama de setores, com destaque para os usos in-
dustriais e, entre esses, para os setores de papel e celulose (29% do consumo), 
alimentos e bebidas (11%), química (10%) e cerâmica (8%), com a demanda 
para cocção no setor doméstico estimada em 31% (SERHS, 2006). 
29170003 miolo.indd 35 10/29/08 6:02:38 PM
36 Bioenergia no Estado de São Paulo
Figura 11. Evolução da cobertura vegetal e do reflorestamento no Estado de São Paulo
Fonte: modificado de PDFS, 1993, conforme TR 12.
Figura 10. Evolução das áreas de vegetação nativa no Estado de São Paulo
Fonte: modificado de PDFS, 1993, conforme TR 12.
2
2,5
3
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Mata Capoeira Cerradão Cerrado  Campo
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1973 1989 2000 2006
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Ano
Nativa
Plantada
29170003 miolo.indd 36 10/29/08 6:02:39 PM
Panorama Geral da Bioenergia 37
Tal estrutura setorial para o uso de lenha é bastante distinta da obser-
vada no restante do Brasil, onde a maior parte da biomassa (43%) é usada 
como insumo para produção de carvão vegetal, destinado a fins siderúrgi-
cos, e emprega uma parcela ponderável de recursos florestais nativos (Brito, 
2007;	Uhlig,	2008).
A demanda geral por produtos florestais madeireiros pode ser dividida 
em, basicamente, três grandes grupos, (figura 13):
•	Matéria	prima	para	processamento	físico-químico	(celulose	e	chapas);
•	Insumo	energético	(lenha,	carvão)
•	Matéria	prima	para	processamento	mecânico	(serrarias,	laminadoras).
Para atender a esta demanda, o parque florestal produtivo paulista deve-
ria ter, teoricamente, 1,266 milhão de hectares (para uma produtividade média 
de 30m3/ha/ano), embora seja de 933 mil hectares, quase todo ele referente a 
madeira serrada e energia, produzidas por 38 mil produtores (figura 14). Isto 
implicaria em aumentar a área coberta por florestas plantadas no Estado em 
333 mil hectares.
Fonte: Secretaria de Saneamento e Energia, 2006, conforme TR 12.
Figura 12: Evolução do consumo final por energético
80
100
120
ste
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os
Lenha
Carvão  Vegetal
0
20
40
60
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
m
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³ 
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38 Bioenergia no Estado de São Paulo
Figura 13. Consumo estimado de produtos florestais no Estado de São Paulo
Figura 14. Produção, demanda e déficit madeireiro no Estado de São Paulo
Fontes: Fundo Florestar, Bracelpa, Abima, Abracave, SSE, conforme TR 12
Fonte: modificado de PDFS, 1993, conforme TR 12.
15
20
25
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Indústria Energia Serrada
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25
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Consumo
Produção
38000 Produtores
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Outros  usos
Energia
Indústria
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Panorama Geral da Bioenergia 39
II.4 Cogeração e geração de energia com biomassa e biogás
Conforme apresentado em maiores detalhes no TR 8 – “Geração de 
Eletricidade a Partir de Biomassa e Biogás”, o Estado de São Paulo tem atual-
mente uma capacidade instalada de geração de energia elétrica de cerca de 18 
GW, dos quais 80% são provenientes de aproveitamentos hidráulicos. Entretan-
to, o potencial hidráulico do Estado já está totalmente exaurido. Praticamente 
100% do potencial de grande porte já foi aproveitado, restando apenas algumas 
PCH´s (pequenas centrais hidroelétricas) novas e outras unidades existentes 
sujeitas à repotencialização. 
Atualmente, São Paulo responde por 30% do consumo de energia elétri-
ca	do	país;	mas,	apenas	parte	desse	total	é	produzido	localmente.	A	geração	no	
Estado corresponde a cerca de 60% a 70% da energia consumida. 
Assim sendo, no balanço nacional de energia elétrica, o Estado de São 
Paulo é o grande importador, com algo em torno de 50% do volume das tran-
sações, com uma tendência crescente, com previsão de atingir 65% em 2015. 
Essa fragilidade da segurança energética do Estado é inequívoca. Dessa forma, 
São Paulo precisa urgentemente identificar novas fontes de geração de eletri-
cidade para assegurar o suprimento de energia, mantendo a oferta necessária 
para acompanhar seu crescimento econômico e reduzindo o risco de déficit do 
setor elétrico nacional.
O setor sucroalcooleiro tem esse potencial, pelo processo de cogera-
ção9, com a produção de excedentes de eletricidade para venda à rede. Até 
o final dos anos 1990, o bagaço da cana foi considerado um resíduo indese-
jável pelo setor, sendo queimado de forma ineficiente ou comercializado de 
maneira limitada. Essa caracterização representava o perfil das indústrias do 
setor do Estado de São Paulo que, por falta de estímulos para comercializa-
ção de excedentes de energia elétrica, não investiam em eficiência. Essa situ-
ação começou a mudar no final da década de 1990, foi reforçada em 2002 
com o Proinfa10 e, posteriormente, com os leilões de energia, quando o setor 
vislumbrou as possibilidades de comercializar a energia excedente a preços 
mais vantajosos. Atualmente, estão em operação 146 usinas de cogeração, 
perfazendo uma potência total instalada de 1.712 MW, correspondendo a 
9. Cogeração é o processo de produção simultânea de energia elétrica e térmica a partir de uma mesma 
fonte, no caso o bagaço da cana.
10. Proinfa – Programa, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia

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