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1 - O Que é Ciência? 
 
A Compreensão Social do Conhecimento Científico 
➔ Percepções Comuns: 
 
Ciência como algo distante, como desenvolvimento científico notável 
• Ciência como conhecimento catastrofista 
• Ciência sem diálogo com a sociedade 
• “Ciência” deriva do latim “scientia”, substantivo etimologicamente equivalente a 
“saber”, “conhecimento” 
• Mas... Todo saber é científico? 
 
➔ Concepção tradicional: 
• Concepção tradicional ou “herdada” da ciência: 
• Ciência como … 
– empreendimento autônomo, objetivo, neutro 
– baseado na aplicação de um código de racionalidade 
– distante de qualquer tipo de interferência externa (sociais, políticas, 
psicológicas…). . 
 
➔ Tradição clássica: 
• Dentro da tradição do empirismo clássico, casos de Francis Bacon e John 
Stuart Mill, o método científico era entendido basicamente como um método 
indutivo para o descobrimento de leis e fenômenos. 
• Bacon (1521-1626): O valor e a justificação do conhecimento consistem 
sobretudo de sua aplicação e utilidade prática 
 
➔ Indução 
• A indução consiste em afirmar acerca de todos, aquilo que foi possível 
observar em alguns. 
• Ou seja, através de uma amostra definimos uma teoria genérica, incluindo 
elementos que não faziam parte dessa amostra/estudo. 
• A indução faz a generalização, isto é, cria proposições universais a partir de 
proposições particulares.” 
• Indução: o particular leva ao universal 
 
➔ Indução Exemplos 
• O caso dos metais 
• Imagine um conjunto de metais. Ferro, cobre, estanho, chumbo, ouro... E 
outros 
• Observo que todos são sólidos. Como não encontro metal que não seja sólido, 
posso fazer a inferência por indução de que todos os metais são sólidos 
• Indução permite inferir regras a partir de casos ou situações particulares que 
tenham as mesmas propriedades 
• Mas se não observamos todos os casos, podemos criar regras falsas. Ex: 
existe um metal não sólido – mercúrio 
 
 
➔ “Giro lógico” 
• J. Herschel (1792 –1871) e W. S. Jevons (1835 –1882) 
• O formalismo científico nem sempre se aplica 
• Numerosas idéias científicas surgem por múltiplas causas, algumas delas 
vinculadas à inspiração, à sorte em contextos internos das teorias, aos 
condicionamentos socioeconômicos de uma sociedade, sem que seja seguido, 
em todos os casos, um procedimento padrão ou regulamentado 
 
➔ “Giro lógico” 
• O método científico passa a ser entendido como um procedimento de 
justificação ​post hoc ​e não de gênese ou descobrimento. 
Aplica-se o método hipotético-dedutivo (H-D), onde o apoio da experiência às 
hipóteses gerais continua sendo de caráter indutivo, porém se trata de uma indução 
ex post ​ou indução confirmatória. 
• Importante: indução é voltada para as generalizações, e a dedução para as 
particularidades 
Dedução 
• Deduzir é particularizar: aplicar uma “regra geral” a um caso particular 
• Ex: Verdadeira - Aristóteles 
– "P1:Todos os homens são mortais“. "P2:Sócrates é homem“. "Logo, 
Sócrates é mortal 
• Ex: Falsa 
– Todos os jogadores de futebol do Juventus da Mooca são bons jogadores 
de futebol 
– Ronivaldino é atacante do Juventus da Mooca 
– Ronivaldino é um bom jogador 
• Atenção: ​Dedução: as conclusões serão verdadeiras CASO, necessariamente, 
todas as premissas sejam verdadeiras. 
– Sua base é racionalista e pressupõe que apenas a razão (​objetiva​) pode 
conduzir ao conhecimento verdadeiro. 
 
➔ Dedução 
• Assim, a ideia por trás do método dedutivo é ter um princípio reconhecido como 
verdadeiro e inquestionável, 
• Ou seja, uma premissa maior, a partir da qual o pesquisador estabelece 
relações com uma proposição particular, a premissa menor. 
• Ambas são comparadas para, a partir de raciocínio lógico, chegar à verdade 
daquilo que propõe, ou conclusão. 
• 
➔ Dedução - Exemplos (exemplo retirado da Internet) 
• Por que o desejo de fama é tão presente no mundo atual? 
– “E válido destacar, antes de tudo, que o grande objetivo do ser humano 
em vida é a felicidade. Ser feliz no mundo capitalista em que vivemos 
parece estar baseado em desejos essencialmente materiais, tais como 
dinheiro e status social. Nessa perspectiva, se considerarmos que a fama 
é um meio de se atingir de maneira rápida tais ideais, não é de se 
estranhar que seja tão desejada na atualidade.” 
 
 
➔ Dedução e Indução 
• Dedução: ​“Todos os homens são mortais“. “Sócrates é homem“. "Logo, 
Sócrates é mortal 
• Indução​: quando percebemos que "João morreu", "Maria morreu", "Pedro 
morreu", e todos os outros seres humanos morreram (ou seja de várias 
constatações individuais), podemos concluir que "todos os seres humanos são 
mortais.” 
• Sherlock Holmes: dedução e/ou indução? 
 
➔ O caso de Sherlock Holmes 
 
➔ Critérios de cientificidade 
• Critérios de aceitabilidade de ideas em ciência 
– verificabilidade de enunciados 
– exigência da confirmabilidade crescente 
– falseabilidade de hipóteses ou teorias 
Falseabilidade 
• Para Popper, uma hipótese ou teoria só é científica se ela “passar no teste” da 
falseabilidade: 
– uma hipótese precisa “sobreviver” com êxito a numerosas e diversas 
tentativas de se provar a sua falseabilidade. 
 
➔ Objetivo do método científico 
➔ 
• Identificar a ciência como uma combinação peculiar de raciocínio dedutivo e 
inferência dedutiva (lógica + experiência)… 
• …auxiliadas, quem sabe, por virtudes cognitivas como a simplicidade, o poder 
explicativo ou o apoio teórico. 
 
➔ A Reação ao Positivismo Lógico 
• A carga teórica da observação​. O que se vê depende tanto das impressões 
sensíveis como do conhecimento prévio, das expectativas, dos pré-juízos e do 
estado interno geral do observador. 
• A infradeterminação​. O que o argumento da infradeterminação afirma é que, 
dada qualquer teoria ou hipótese proposta para explicar um determinado 
fenômeno, sempre é possível produzir um número indefinido de teorias ou 
hipóteses alternativas que sejam empiricamente equivalentes à primeira, mas 
que proponham explicações incompatíveis do fenômeno em questão. 
➔ O debate 
• O “Essencialistas”: mantêm que sejam adotados enfoques e procedimentos 
baseados em condições internas do método hipotético-dedutivo (H-D) 
• Sociólogos “contextualistas”, colocam ênfase nos fatores sociais ou 
instrumentais 
➔ Orientações construtivistas 
• A ciência é apresentada como um processo social, e uma grande variedade de 
valores não epistêmicos (políticos, econômicos, ideológicos – em resumo, o 
“contexto social”) se acentua na explicação da origem, da mudança e da 
legitimação das teorias científicas 
 
– As descobertas científicas são susceptíveis a mais de uma interpretação​, 
– Há mecanismos sociais, retóricos, institucionais etc. que limitam a 
flexibilidade interpretativa e favorecem o fechamento das controvérsias 
científicas ao promover o consenso acerca do que é “a verdade” em cada 
caso particular 
➔ Thomas S. Kuhn 
A estrutura das revoluções científicas 
• O processo: 
• Revolução - Desenvolvimento de novo paradigma científico - Surgimento de 
novos problemas - Revolução – e assim por diante 
➔ Bruno Latour 
• Defende que o estudioso da ciência se converta em um antropólogo, e, como 
tal, que entre no laboratório, como faria em uma tribo primitiva totalmente 
distante de sua realidade social, para descrever do modo mais puro possível a 
atividade que os cientistas e tecnólogos desenvolvem ali. 
• Em conseqüência, o imperativo da investigação consiste em abrir a “caixa- 
preta” do conhecimento e descrever o que há lá dentro 
Novos enfoques sobre a ciência: ciência reguladora 
• A atividade científica orientada a fornecer conhecimentos para assessorar na 
formulação de políticas é conhecida como ​ciência reguladora​. 
– Ex:As análises de impacto ambiental, a avaliação de tecnologias, as 
análises de riscos etc. são exemplos de ciência reguladora. 
 
➔ Ciência reguladora: questões para a científica 
• Qual é a responsabilidade dos cientistas na hora de resolver conflitos que 
surgem a partir da interação entre ciência e sociedade? 
• Existe, de fato, uma separação entre o âmbito científico e o político ? 
 
➔ Novos enfoques sobre a ciência: transciência 
Weinberg - Muitas das questões que surgem no curso das interações entre a 
ciência e a sociedade (os efeitos nocivos secundários da tecnologia, ou as tentativas 
de abordar os problemas sociais mediante os procedimentos da ciência) dependem 
de respostas que podem dizer respeito à ciência, mas que, no entanto, a ciência não 
pode responder ainda 
 
➔ Significado de questões transcientíficas 
• Os cientistas são incapazes de dar respostas precisas a elas 
• Muitas questões políticas e sociais possuem essa característica de 
transcientificidade 
 
➔ Exemplos de problemas de transciência 
• Impossibilidade de: 
– determinar diretamente as probabilidades de que aconteçam 
eventos extremamente infreqüentes; (ex: reator nuclear) 
– extrapolar o comportamento dos protótipos ao comportamento dos 
sistemas em escalas reais sem uma perda de precisão; (ex: usina de 
Jirau) 
– responder questões de valor como, por exemplo, de
 
que problemas deveria se ocupar a ciência. (ex: caro demais, falta de 
dados, ou questões de caráter ético, estético) 
 
 
➔ Um exemplo de transciência? 
• O problema dos buracos negros 
 
 
 
 
2 - O que é Tecnologia? 
 
➔ Conteúdo 
• Técnica e natureza humana 
• Tecnologia como ciência aplicada 
• Demarcações sobre a tecnologia 
• A prática tecnológica 
• O conhecimento tecnológico 
 
Texto: Bazzo, O que é Tecnologia 
 
➔ Tecnologia na Atualidade 
• “Tal é a onipresença da técnica na realidade que se pode afirmar, inclusive, 
que a própria realidade, em certo sentido, é uma construção técnica.” 
 
• A compreensão desse fenômeno … (requer) … ​explorar a influência das forças 
sociais, políticas e culturais na ciência e na tecnologia​, e examinar o ​impacto 
que as tecnologias e as idéias científicas podem ocasionar à vida das pessoas. 
 
➔ Objetivos 
• Obter “alfabetização (sobre tecnologia)”, o que requer… 
– Reflexão explícita acerca dos ​valores tecnológicos 
– A forma como eles são gerados 
– Como circulam nos diferentes contextos da sociedade, assim como nas 
distintas práticas e saberes. 
• Como atingir esses objetivos 
– Análises interdisciplinares 
– Identificar e se relacionar com diferentes atores e pressupostos 
argumentativos que buscam legitimar uma ou outra posição valorativa. 
 
➔ Técnica e natureza humana 
• “A técnica tem permitido a transformação do meio onde os humanos vêm 
desenvolvendo sua vida, uma vez que eles próprios têm provocado a sua 
transformação.” 
 
• “Seguramente a técnica é uma das produções mais características do homem, 
mas também é certo que os seres humanos são, ao que parece, o produto 
mais singular da técnica.” 
Técnica “triunfalista” 
• “Parece ser próprio da espécie humana a contínua adaptação a qualquer 
condição ambiental mediante a construção técnica de artefatos e produtos que 
permitem que sua vida seja possível em todos os lugares do planeta, e 
inclusive fora dele.” 
 
• Qual é a relação dessa afirmação com o debate sobre sustentabilidade? 
 
➔ O significado da tecnologia 
• A relação ciência-tecnologia 
 
– O termo “técnica”​ – refere-se a procedimentos, habilidades, artefatos, 
desenvolvimentos sem ajuda do conhecimento científico. 
– O termo “tecnologia” ​–refere-se àqueles ​sistemas​ desenvolvidos 
levando em conta esse conhecimento científico. 
 
 
➔ Tecnologia como ciência aplicada 
 
• Visão positivista 
– Tecnologia como conhecimento prático que derivava diretamente da 
ciência (conhecimento teórico). (objetividade racional em Weber) 
• Positivismo 
– Teorias científicas podem explicar o mundo de forma objetiva, racional e 
livre de qualquer valor externo à própria ciência. 
– O conhecimento científico visto como um processo progressivo e 
acumulativo, que substitui o conhecimento passado. 
Consequências da visão positivista 
• Imagem intelectualista da tecnologia 
– Portanto, não é possível afirmar que exista uma determinada tecnologia 
sem uma teoria científica que a respalde. 
– Mas poderiam existir teorias científicas sem contar com tecnologias. 
• Pode-se argumentar que as teorias científicas são valorativamente neutras 
– Ninguém pode exigir responsabilidades dos cientistas a respeito de suas 
aplicações, quando são postas em prática. 
– Se houver responsabilidade, ela deveria recair sobre quem faz uso da 
ciência aplicada, isto é, da tecnologia. As tecnologias, como formas de 
conhecimento científico. 
 
➔ Crítica à tecnologia como ciência aplicada 
• Shrum (1986): 
– Ciência e da tecnologia como duas subculturas simetricamente 
interdependentes 
• A imagem da tecnologia como ciência aplicada contribui para que 
tradicionalmente se dê pouca importância à análise da tecnologia. 
 
 
➔ Demarcações sobre a tecnologia 
• Tecnologia pode ser compreendida como uma coleção de ​sistemas 
projetados para realizar alguma função​. 
• Fala-se, então, de tecnologia como ​sistema​ ​e não somente como ​artefato​, 
para ​incluir tanto instrumentos materiais como tecnologias de caráter 
organizativo​: 
– A tecnologia não é uma mera aplicação prática dos conhecimentos 
científicos, tampouco a própria tecnologia, nem seus resultados, os 
artefatos, podem limitar-se ao âmbito dos objetos materiais. 
– Tecnológico não é só o que transforma e constrói a realidade física, 
mas também aquilo que transforma e constrói a realidade social. 
 
➔ Exemplo 
 
➔ Características que distinguem a tecnologia 
• Exeqüibilidade​ ​– precisa responder questões sobre: ​“onde”, “quando”, “por 
quem”, “para quem” 
• Caráter​ ​sistêmico​ ​– ​trama sociotécnica ; ex: automóvel, agrotóxicos etc 
• Heterogeneidade​ ​– componentes de diferentes tipos e procedências 
• Relação ​ c​om a ciência ​– mais do que ciência aplicada: “saber como” e 
incorporação do conhecimento científico mediado por diversos fatores 
• Divisão do trabalho​ ​– entre quem ​desenvolve, produz, e opera 
 
➔ A prática tecnológica 
• O conceito de prática tecnológica 
• “… v ​em a ser a aplicação do conhecimento científico ou organizado nas 
tarefas práticas por meio de sistemas ordenados que incluem as ​pessoas​, 
as​ ​organizações, ​os ​ ​organismos vivos​ ​e as​ ​máquinas​” 
(Pacey, 1983, p. 21). 
 
 
➔ A prática tecnológica 
 
• Três dimensões integradas: 
– Aspecto técnico ​– ​envolve máquinas, técnicas e conhecimentos com a 
atividade essencial de fazer funcionar as coisas; 
– Aspecto organizacional ​– administração e política públicas + atividades 
de engenheiros e outros profissionais, além de usuários e consumidores; 
– Aspecto cultural e ideológico ​– que se refere aos valores, às idéias e à 
atividade criadora. 
 
➔ O conhecimento tecnológico 
• Habilidades técnicas ​– Referem-se a ​“saber como”, que se adquirem por 
ensaio e por erro e se transmitem por imitação. Trata-se de um tipo de 
conhecimento que é em grande parte tácito e não discursivo. 
• Máximas técnicas ​– São o “saber como” codificado. Tratam-se de 
conhecimento adquirido por ensaio e por erros, porém transmissíveis 
lingüisticamente. 
 
 
• Leis descritivas ​– São as generalizações derivadas diretamente daexperiência, por isso também são denominadas “leis empíricas”. Não são leis 
científicas porque não formam parte de uma trama teórica que as explique. 
• Regras tecnológicas ​– São formulações lingüísticas para realizar um número 
finito de atos em uma ordem dada; representam teoricamente o saber 
tecnológico. São normas que se caracterizam por estar fundamentadas 
cientificamente; são formas baseadas em leis capazes de dar razão à sua 
efetividade, e que indicam como se deve proceder para conseguir um 
determinado fim. 
 
 
• Teorias tecnológicas ​– Uma teoria tecnológica guarda uma relação particular 
com a ação, seja porque fornece conhecimento sobre os objetos da ação ou 
porque nos informa sobre a mesma ação. Há dois tipos de teorias tecnológicas: 
– Substantivas ​- São essencialmente aplicações das teorias científicas. 
(ex: aerodinâmica) 
– Operativas ​– Nascem na pesquisa aplicada sobre a relação homem 
-máquina em situações aproximadamente reais, que podem não guardar 
relação com teorias substantivas. (pesquisa peracional) 
 
• Os experimentos científicos provam a adequação de uma teoria; os 
experimentos tecnológicos, sua efetividade. 
 
3 - O Que é Ciência, Tecnologia e Sociedade ? 
 
- BAZZO, W. A.; et al; (2003). ​Introdução aos Estudos CTS ​(Ciência, Tecnologia e 
Sociedade). Cuadernos de Iberoamérica. OEI, Madrid, Cap 4: O que é Ciência, 
Tecnologia e Sociedade? (até item 4.4.). 
 
 
- COUTINHO DA SILVA, P.B. ​Ciência, Tecnologia e Sociedade na América 
Latina nas Décadas de 60 e 70: Análise de obras do período​. Dissertação de 
Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciência, Tecnologia e 
Educação, Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, 
CEFET/RJ, Rio de Janeiro, 2015. Cap. 1 
 
 
➔ CTS como uma área de conhecimento 
 
• Estuda os aspectos sociais da ciência e da tecnologia 
 
• No que se aplica a: 
 
- Fatores sociais que influenciam a mudança técnico-científica 
 
- Consequências sociais e ambientais da ciência e da tecnologia 
 
 
➔ Cinco etapas da argumentação 
 
1. Compreender de que forma a ciência e tecnologia são percebidas na 
sociedade 
 
2. Quais são os modelos políticos utilizados por diferentes países (em especial 
os industrializados) para gerir o desenvolvimento científico e tecnológico 
• A partir desse entendimento, vamos compreender... 
 
3. CTS como uma reação acadêmica contra a visão essencialista e triunfalista da 
ciência e da tecnologia 
4. Uma nova concepção do fenômeno científico e tecnológico que emerge desde a 
década de 1970 
 
5. Uma reflexão de natureza ética sobre as conexões entre o estudo acadêmico e o 
ativismo social 
➔ Compreender de que forma a ciência e tecnologia são percebidas na 
sociedade 
• Coutinho da Silva: “CTS é um campo multidisciplinar cujo objeto de estudo é a 
inter-relação entre o desenvolvimento científico e tecnológico e o contexto social 
através de uma perspectiva crítica, interdisciplinar e oposta à visão clássica, 
otimista e linear que envolvia (e de certa forma ainda envolve) a ciência e 
tecnologia desde o início do século XX.” 
 
• Concepção clássica: modelo de desenvolvimento linear 
• + ciência = (conduz a) + tecnologia = + riqueza = + bem-estar social 
• Coutinho da Silva: “CTS é um campo multidisciplinar cujo objeto de estudo é a 
inter-relação entre o desenvolvimento científico e tecnológico e o contexto social 
 
através de uma perspectiva crítica, interdisciplinar e oposta à visão clássica, 
otimista e linear que envolvia (e de certa forma ainda envolve) a ciência e 
tecnologia desde o início do século XX.” 
 
• Concepção clássica: modelo de desenvolvimento linear 
• + ciência = (conduz a) + tecnologia = + riqueza = + bem-estar social 
 
➔ Origens da concepção essencialista 
• O pós-Segunda Guerra Mundial 
• Energia nuclear 
• (projeto Manhattan: 
https://www.youtube.com/watch?v=92hIUB-drtk​) 
• Pílula anticoncepcional 
• Computadores 
• Agrotóxicos 
 
• Constituição de centros federais de ciência e tecnologia 
 
• “Casamento” entre ciência, tecnologia e estratégias econômicas e militares após 
a II Guerra 
 
Franklin Delano Roosevelt 
 
• Quais deveriam ser as diretrizes para a política científico-tecnológica americana? 
 
• Vannevar Bush: The Endless Frontier​ (1945) 
• Crença na habilidade continuada da ciência de encontrar respostas 
• Apoio à inovação 
 
 
 
 
➔ Cinco mitos gerados pela visão essencialista de ciência, segundo 
Daniel Sarewitz 
• Mito do “benefício infinito” 
Mais ciência e mais tecnologia geram ​aumento de bem estar da sociedade​, mesmo 
não existindo garantias de que a transição entre laboratório e sociedade seja 
possível ou gere bem estar social; 
 
• Mito da pesquisa livre 
Pesquisa voltada para a ciência básica ou para processos fundamentais da natureza 
geram benefícios sociais, dando carta branca, com este argumento, para que ​a 
ciência se regule sozinha​, sem necessidade de participação social. Esta lógica, se 
não muito prejudicial a países desenvolvidos, o é para ​países em desenvolvimento​, 
onde os problemas sociais existentes ​necessitam​ que haja um ​direcionamento​ maior 
dos recursos para estudá-los; 
 
• Mito da responsabilidade 
Qualquer ​pesquisa científica ​feita enquadrada num sistema de ​normas ​ de qualidade 
feito ​pela própria comunidade científica ​seria ética e responsável com relação à 
sociedade; 
 
• Mito da autoridade 
Confere ao ​conhecimento científico ​produzido, e por consequência o cientista que o 
produziu, um ​caráter objetivo ​que pode ser utilizado como autoridade para resolver 
 
questões políticas, ​colocando a ciência e cientistas num patamar superior​ a qualquer 
outro tipo de conhecimento humano; 
 
• Mito da autonomia da ciência 
Concepção que considera autônomo de questões morais e sociais o conhecimento 
científico “de fronteira”, sendo interpretado como um fenômeno natural ao qual a 
sociedade deveria se adaptar. 
 
➔ O mal-estar pela ciência - Bazzo 
• Uma das críticas a essa visão de ciência e tecnologia é que a concepção 
essencialista / ​modelo linear representa um cheque em branco para a ciência 
e a tecnologia 
• Apesar do avanço do conhecimento... diversos desastres têm ocorrido... 
• ... e vários avanços resvalam em questões éticas não resolvidas 
• ... ou podem significar danos à vida (aquecimento global, transgênicos, clonagem 
etc) 
• A partir dos anos 1960 e 1970 os estados nacionais começaram a colocar limites 
ao modelo linear por meio de instrumentos técnicos e legislativos 
 
➔ Relembrando: 
Os estudos CTS (ou estudos sociais da ciência e da tecnologia) 
 
Objetivo: 
 
• Estudar os aspectos sociais da ciência e da tecnologia 
• No que se aplica a: 
 
- Fatores sociais que influenciam a mudança técnico-científica 
- Consequências sociais e ambientais da ciência e da tecnologia 
 
• Propõe uma nova forma de se compreender (e se fazer) ciência e tecnologia 
 
• Propõe a regulação social da C&T no campo das políticas públicas 
 
• Novas formas de educação 
• de caráter interdisciplinar para compreender a relação entre C&T e 
sociedade 
 
➔ Duas tradições 
• Europeia​: Entender a contextualização social dos estudos da ciência 
• Analisar como diversos fatores sociais influem na mudança científica e 
tecnológica 
• Exemplo: Analisar as diferentes opções que grupos sociais têm sobre 
alternativas tecnológicas• Americana​: 
• Consequências sociais e ambientais da ciência e da tecnologia 
• Exemplo: é melhor deixar com os especialistas a gestão do risco pela 
 
aplicação do conhecimento científico e pela utilização dos artefatos 
tecnológicos 
 
➔ Elemento central: envolvimento público 
• Argumento instrumental​: a participação pública é a melhor garantia para evitar 
a resistência social e a desconfiança nas instituições 
• Aumenta legitimidade e melhora resultados 
• Argumento normativo ​: trata-se de democracia, pois os cidadãos são os 
maiores defensores de seus próprios interesses e a participação constrói 
entendimentos coletivos 
• Argumento substantivo​: os juízos dos leigos são tão válidos quanto dos 
especialistas 
 
• Mas... Quem participa? 
 
 
➔ Participação: Duas perspectivas 
Teoria pluralista​: participam cidadãos que representam grupos de interesse 
organizados voluntariamente 
◆ Grupos de cidadãos, ONGs, grupos de cientistas 
◆ 
Teoria da participação direta​: participam os indivíduos na formulação de políticas 
◆ Público / partes interessadas diretamente afetado 
◆ Público / partes interessadas potencialmente afetado 
◆ Consumidores dos produtos científicos e tecnológicos 
 
➔ C&T e questões éticas 
• Há C&T que... 
• Aumentam a concentração de riquezas 
• Provocam guerras 
• Investigam áreas com grande periculosidade social e ambiental 
(biotecnologia, energia nuclear) 
• Gastam recursos com questões de prioridade duvidosa (astronomia 
extragaláctica) 
 
• Mas a decisão é dos cientistas? 
 
• Os comitês de participação “científica” estão cheios de homens de 
negócio 
 
4 - O Nascimento Da Ciência Moderna Os Caminhos 
Diversos da Revolução Científica nos Séculos XVI e XVII 
O percurso do conhecimento científico moderno 
 
A trajetória da Revolução Científica (Introdução) 
A nova concepção da natureza e do mecanicismo 
A matematização de real, na Natureza e do Universo 
A valorização da experiência e a experimentação 
Os artesãos, os técnicos e sua contribuição 
O inquérito e a nova concepção de verdade 
A polêmica entre “antigos” e “modernos” 
Os significados da revolução científica 
 
➔ A trajetória da Revolução Científica 
 
1. Passa-se da investigação das causas metafísicas para a investigação da 
causalidade física 
– o sentido e a finalidade do que existe, como entender o ser (ontologia) e 
como compreender o universo (cosmologia) 
 
➔ A nova concepção da natureza e do mecanicismo 
• Desde Platão se entende a Natureza como um conjunto ordenado: há uma 
ordem no Cosmos 
• Qual é a relação homem-natureza? 
• Existe um princípio que rege aos dois? 
• O homem está integrado à natureza? 
• [ a concepção divina da natureza, criada por Deus em seis dias, para ser 
desfrutada pelo homem ] 
• A partir do século XVI começa uma “desdivinização do mundo”, com a 
dificuldade de se separar a noção de ordem da existência de Deus e de uma 
finalidade. 
 
➔ A Natureza Mecânica-Matemática 
• Galileu: Deus escreveu o “grande livro da Natureza”, mas era possível 
identificar uma “Natureza Máquina” (Machina Mundi) 
• Galilei vai pata o Tribunal do Santo Ofício em 1632 
• Westphalia: 1648 
• Galileu: independência do mundo natural-objetivo em relação ao mundo 
humano-subjetivo. 
 
➔ A matematização de real, na Natureza e do Universo 
• O pensamento de Copérnico (heliocêntrico) e Galileu (matematização do 
conhecimento sobre a natureza) 
 
• Se beneficiou da expansão dos números indo-árabes desde o século XII 
 
• E mais dois processos impostantes 
• A) A construção progressiva do Estado moderno, cobrança de impostos para 
manutenção da estrutura burocrática e do aparato militar, com necessidade de 
contabilidade; 
• B) O desenvolvimento da economia de mercado 
 
➔ A valorização da experiência e a experimentação 
• Embora a valorização da experiência tenha raiz nos gregos [ incluindo 
Tucídedes ] 
• Com a percepção do caráter “horizontal” do tempo e do espaço 
• Ela se expandiu com a “sabedoria do mar” 
• Ou com a experiência prática das coisas 
• Fugindo da escolástica baseada na autoridade, no conhecimento dos antigos, 
no saber mágico-hermético 
• Cria-se um novo critério de verdade 
• Leonardo Da Vinci – 1508 – busca da superação da dicotomia teoria-prática, 
estabelecendo sincronia entre essas duas dimensões do conhecimento. 
– Duas vertentes: 
• Empirismo sensorial (a experiência vivida) 
• Racionalismo crítico-experiencial (observação quantitativa (+) e 
qualitativa (-) repetida, comparada, pluripessoal e transmissível 
com fundamentação 
• Método experimental se expande fora da Península Ibérica 
• Experiência como conhecimento reproduzível e experiência como prática 
(especialmente dos navegantes) 
• Francis Bacon: 
– experiência mais qualitativa do que quantitativa 
– Caráter público do conhecimento 
• Robert Boyle e Robert Hooke (1660) 
– Produção do vácuo em laboratório 
• Newton: mecânica e ótica 
• A “verdade” passa a ser científica obtida por meio de prova experimental e não 
de teorias abstratas. 
 
➔ Os artesãos, os técnicos e sua contribuição 
• Os artífices e sua contribuição para os cientistas 
• Os “artesãos superiores” prestam auxílio fundamental ao “intelectuais 
especulativos” 
– Invenção técnica e os artefatos de engenharia 
– Se desenvolve a colaboração entre técnicos e eruditos defendida por 
Bacon em 1620 
• Surgimento de academias e entidades científicas 
– 1660 Royal Society of London 
 
➔ O inquérito e a nova concepção de verdade 
 
• O ideia de uma investigação se desenvolve inicialmente coma religião (Idade 
Média – séculos V a XV) 
• E se desenvolve com novas formas jurídicas (a partir do século XII) 
• A ideia de uma verdade (“absoluta”) à qual os inquéritos chegam, passa a fazer 
parte dos governos, uma técnica de administração, uma modalidade de gestão” 
que fortaleceu o poder monárquico a partir do século XIII 
• Tornou-se uma maneira de “autenticar a verdade” (Michel Foucault) 
• Inquérito experimental tornou-se a fórmula do “saber-poder” 
➔ Os significados da revolução científica 
(página 64) 
• A ciência moderna... 
– não reconhece autoridade 
– É experimental 
– Tende para uma imagem do mundo que é mecanicista 
– Procura, tanto quanto possível, descrever ou explicar as coisas e os 
acontecimentos naturais em termos matemáticos, quantificando as 
qualidades 
• Newton: ciência mecanicista e experimental 
 
 
6 - Ciência e a Estrutura Social Democrática 
Robert K. Merton 
• 1910 – 2003 
 
• Funcionalismo estrutural 
• Sociologia da ciência 
• Estudos da burocracia 
• Estudos da comunicação de massa 
 
➔ A ciência e o cientista 
• Os cientistas estão imersos em certos tipos de estrutura social 
• Ou seja, os cientistas se veem obrigados a justificar os caminhos da ciência 
para outros membros da sociedade [?] 
 
 
➔ Ciência 
• Diversos significados.. 
 
A) Um conjunto de métodos por meio dos quais os conhecimentos são 
comprovados 
B) Um acervo de conhecimentos acumulados, provenientes da aplicação 
desses métodos 
C) Um conjunto de valores e costumes culturais que governam as atividades 
chamadas científicas 
D) Qualquer combinação dos itens anteriores 
• Um conjunto de valores e costumes culturais que governam as atividades 
chamadas científicas 
• Ou seja.. 
 
• A análise visa identificar a estrutura cultural da ciência, ou .. 
• Um aspecto limitado da ciência como ​instituição 
– Quais são os ​costumes ​que circundam os métodos da ciência? 
 
 
➔ Ethos da Ciência 
• Proposição: 
• Os métodos são expedientes técnicos, mas também obrigações morais 
• O “ethos” da ciência ​é esse complexo de ​valores​ e ​normas​ ... que se considera 
como constituindo uma obrigação moral parao cientista 
• Ethos 
– Refere-se aos valores que o indivíduo deve observar para ter suas ações 
aceitas pela sociedade 
– Em outras palavras é a expectativa da sociedade sobre o indivíduo 
• As normas são expressas na forma de prescrições, proscrições (proibições), 
preferências e permissões 
• Que são transmitidas na forma de preceitos e pelo exemplo 
• A ciência se desenvolve em diversas estruturas sociais, mas quais fornecem 
melhor contexto institucional para seu maior desenvolvimento? 
• A meta institucional da ciência é a ampliação de conhecimentos comprovados 
– São feitas predições que devem ser empiricamente confirmadas e serem 
logicamente congruentes 
• Proposição central: existem quatro imperativos institucionais que constituem o 
“ethos” da ciência moderna 
 
➔ Imperativos Institucionais 
• Universalismo 
• Comunismo 
• Desinteresse 
• Ceticismo organizado 
 
➔ Universalismo 
• As pretensões à verdade devem ser submetidos a critérios impessoais 
preestabelecidos 
– Devem estar em consonância com a observação e com o conhecimento 
já previamente confirmado 
• Ou seja, há regras científicas que devem ser observadas, e os trabalhos 
produzidos devem seguir ​padrões universais de avaliação 
• Deve haver um caráter internacional, impessoal, virtualmente anônimo da 
ciência 
• E deve existir livre acesso a todas as atividades científicas 
– Somente a competência pode servir de parâmetro para se fazer ciência 
• Assim, o universalismo implica na defesa do talento: 
• “A aceitação ou a rejeição dos pedidos de ingresso nos registros da ciência não 
devem depender dos atributos pessoais ou sociais do requerente; não têm 
importância em si mesmas a raça, a nacionalidade, a religião e as qualidades 
de classe ou pessoais. A objetividade exclui o particularismo.” 
 
• Mas a ciência nem sempre está integrada à estrutura social na qual ela se 
insere 
– Ex: uma ditadura, nazismo podem querer determinar, ou limitar, a ciência 
• No entanto, o universalismo implica que o conhecimento científico é um 
patrimônio da humanidade 
– O patriotismo pode ser uma roupagem que traz o disfarce da virtude para 
ao preconceito científico 
 
• “Na medida em que uma sociedade é democrática, oferece oportunidade para 
o exercício de critérios universalistas na ciência.” 
 
 
➔ Comunismo 
• O segundo elemento central do “ethos” científico é o comunismo, no sentido de 
propriedade comum dos bens​. 
• Uma teoria não deve ser propriedade exclusiva do descobridor e de seus 
herdeiros 
• O direito do cientista sobre sua propriedade intelectual limita-se ao 
reconhecimento 
• A ciência deve ser de domínio público, o que implica no imperativo da 
comunicação de resultados 
• Existe pois uma obrigação moral de comunicar a riqueza da ciência 
• Esse caráter comunal implica também no reconhecimento de que a ciência é 
feita a partir de uma ​herança cultural: 
– Caráter cumulativo 
• “O comunismo do “ethos” científico é incompatível com a definição da 
tecnologia como “propriedade privada” numa economia capitalista 
• O conceito de propriedade intelectual é uma discrepância do capitalismo 
– Ex: patentes e necessidades sociais 
 
 
➔ Desinteresse 
• O desinteresse é um outro elemento institucional básico 
• Refere-se ao tratamento imparcial do objeto de pesquisa 
• Não se trata de um distanciamento altruísta, mas sim de um procedimento 
pressuposto do trabalho científico 
 
• Quando a estrutura de controle sobre a ciência se torna insuficiente, abre-se a 
possibilidade do surgimento de pseudociências 
– A criação de mitos se tornam mais compreensíveis ao público em geral 
– [ teorias da conspiração ] 
 
 
➔ Ceticismo Organizado 
• Refere-se à suspensão do julgamento até que os fatos estejam nas mãos.. 
• E que se faça o exame imparcial das crenças de acordo com critérios empíricos 
e lógicos 
• Esse “ethos” tem envolvido a ciência em conflitos com outras instituições 
 
• A ciência não deve fazer uma separação entre o sagrado e o profano.. 
• A resistência por parte das religiões passou a ser a de grupos econômicos e 
políticos 
 
 
7 - Ciência em Ação 
Como Seguir Cientistas e Engenheiros Esboços de história 
econômica da ciência e da tecnologia 
Bruno Latour 
 
Bruno Latour: antropólogo, sociólogo e filósofo da ciência 
Jano – O Deus romano das transições 
 
➔ Por onde começar a estudar Ciência e Tecnologia ? 
Algumas histórias 
- John Whitaker, 1985 – liga seu computador e testa sequências de DNA 
- Jim Watson e Francis Crick, 1951 – analisavam a imagem obtida por o raio X 
do ácido desoxirribonucléico de Rosalind Franklin e tentam encontrar a forma 
do ácido e se as pontes de fosfato ficavam dentro ou fora da molécula 
- Tom West, 1980 – tenta fazer funcionar um computador chamado Eagle na 
Data General 
- Ao nos depararmos com a “ciência pronta”, vemos um aparato... 
- ... Algo pronto, que chamamos de “caixa-preta” 
- Para a cibernética seria algo complexo demais 
 
➔ Caixa Preta 
Para a CTS, é algo que se assume, se utiliza, sem se questionar como é feito, por 
que foi feito, por quem foi feito, em quais condições foi feito, e quais alternativas 
poderiam ter sido feitas... 
- Latour: “Incerteza, trabalho, decisões, concorrência, controvérsias” 
É isso que está dentro das caixas-pretas 
- Para abri-la é necessário chegar “ao nó da questão”, ou seja, onde cientistas 
e engenheiros trabalharam arduamente para decifrar, para criar algo 
- No caso de John Whitaker (1985), a estrutura do DNA já pé uma “caixa-preta” 
, que pode ser consultada nos livros. 
- Mas a construção da caixa-preta traz consigo diversas “pegadas” 
 
 
 
➔ O que tem dentro do computador? 
- Tom West, 1980 – Computador Eagle versus VAX 
- tenta fazer funcionar um computador chamado Eagle na Data General 
-Avaliação do concorrente: 
- Um computador construído segundo a cultura da empresa.. “cautelosa”, 
“burocrática”, “protocolar”, “burocracia”, “minimização de riscos” 
- Ou seja: contexto e conteúdo se confumdem 
 
➔ Quando o suficiente é suficiente? 
A ciência tem duas faces: uma que sabe e uma que ainda não sabe 
 
➔ O caso do DNA 
Jim Watson 
- Acatar o que é universalmente aceito ou acreditar na opinião de um 
especialista? 
- A contestação do conhecimento universalmente aceito depende de fatores 
como local, oportunidade e expectativa 
 
➔ O Caso Eagle 
- “A eficiência dependerá de quem tiver sucesso; de nada adianta decidir, na 
hora, quem está certo e quem está errado” 
- “Não era só o pessoal do software que tinha de continuar feliz:.. Tb o pessoal 
da produção, do marketing, da documentação técnica, dos designers... Cada 
grupo de interesse..” 
 
➔ Ciência em construção e ciência acabada 
- Para o lado esquerdo, a caixa-preta pode ser fechada, e a controvérsia se 
encerra 
- Para o lado direito, fatos e máquinas em fase de construção estão sempre 
subdeterminados 
- Mas quem abre a caixa-preta da ciência para a sociedade? 
- Como os leigos podem dar uma olhada? 
 
➔ A história da busca da dupla hélice do DNA 
https://www.youtube.com/watch?v=1vm3od_UmFg 
 
Os usos sociais da ciência 
Por uma sociologias clínica do campo científico BORDIEU 
 
➔ O campo científico 
- Como se manifesta a ciência? Quais são seus usos? 
- Bourdieu: 
- De um lado, a ciência se manifestaria na sua própria produção. 
Ex: o texto científico. Nesse sentido, para compreender a ciência basta 
acessá-la (ler o texto, por exemplo) 
- De outro lado, teorias críticas, como o marxismo, buscam “relacionar o 
texto ao contexto” 
A estrutura social e econômica seria responsável pelos caminhos da 
 
ciência: a produção científica como resultado da luta de classes, por exemplo. 
 
- Para Bourdieu, entre essas duas interpretações existe o“campo” 
- Há uma certa autonomia daquele que produz ciência (ou arte, literatura 
etc) 
- Mas há, também, forças institucionais 
 
- Uma questão central para Bourdieu é o grau de autonomia que os campos 
usufruem. 
- “O campo: o universo no qual estão inseridos os agentes e as instituições 
que produzem, reproduzem, ou difundem a arte, a literatura ou a ciência.” 
- “Esse universo é um mundo social como os outros, mas que obedece a leis 
sociais mais ou menos específicas.” 
- O campo é o espaço (de jogo) no qual interagem – por cooperação e conflito 
– os agentes (os participantes). 
- Os agentes não são estáticos: têm espaço de manobra. 
- Busca-se fugir… 
- da noção de “ciência pura”, totalmente livre de qualquer necessidade 
social. 
- Da noção de “ciência escrava”, sujeita a todas as demandas político 
econômicas. 
- As pressões externas são “mediatizadas” pela lógica do campo, que é um 
“mundo social” 
 
➔ A autonomia do campo 
- Possui capacidade de refratar, retraduzindo as demandas externas. 
Ex: como a doença da vaca-louca vai se retraduzir num campo dado? 
(pesquisa alimentar, artes etc) 
- Quanto mais autônomo for um campo, maior será o seu poder de refração, e 
mais as imposições externas serão transfiguradas. 
 
➔ A heteronomia do campo 
- Ao contrário da autonomia, a heteronomia se manifesta pelo fato de que os 
problemas exteriores, em especial os problemas políticos, aí se exprimem 
diretamente. 
A “politização” de um campo não é manifestação de sua 
independência, pelo contrário 
 
➔ A luta no interior do campo 
- O que os agentes podem e não podem fazer? 
- O que determina essa relativa autonomia é a estrutura das relações objetivas. 
Ou seja, é a posição que eles ocupam na estrutura do campo que 
determina, ou oriente, suas tomadas de posição; 
 
➔ A autonomia do agente 
- Bourdieu 
-“Só compreendemos, verdadeiramente, o que diz ou faz um agente engajado num 
campo ... um economista, um escritor, um artista etc) se estamos em condições de 
 
nos referirmos à posição que ele ocupa nesse campo, se sabemos ´de onde ele 
fala`.” 
-Não importa, tanto, a sua “condição de classe”, que seria o foco da análise 
marxista. 
 
A estrutura do campo 
- Essa estrutura é, grosso modo, determinada pela distribuição do capital 
científico. 
- Os agentes (indivíduos ou instituições) caracterizados pelo volume de seu 
capital determinam a estrutura do campo em proporção ao seu peso, que 
depende do peso de todo os outros agentes 
Ou seja, de seu poder relativo 
 
 
A relação agente - campo 
- No domínio da pesquisa científica, os pesquisadores ou as pesquisas 
dominantes definem o que é, num dado tempo, o conjunto de objetos 
importantes. 
- Ou seja, os agentes fazem os fatos científicos, e até mesmo fazem, em 
parte, o campo científico. 
- O campo é um jogo no qual as regras do jogo estão elas próprias postas em 
jogo. 
 
O capital científico 
- As oportunidades que um agente tem de submeter as forças do campo aos 
seus desejos são proporcionais à sua força sobre o campo 
- Ou seja, são proporcionais ao seu capital cientifico, ou, mais precisamente, à 
sua posição na estrutura da distribuição do capital. 
 
Luta entre agentes e definição do campo 
No domínio da pesquisa científica, os pesquisadores ou as pesquisas dominantes 
definem o que é, num dado momento do tempo, o conjunto de objetos importantes.” 
** Os agentes fazem os fatos científicos e até mesmo fazem, em parte, o 
campo científico ** 
 
Capital Científico e Capital Simbólico 
Cada campo é o lugar de uma forma específica de capital 
O capital científico é uma espécie particular do capital simbólico (baseado em atos 
de conhecimento e reconhecimento) 
O capital (científico / simbólico), outorga 
Legitimidade 
Prestigio 
Autoridade 
 
Duas espécies de capital científico 
-Capital temporal (ou político), baseado no poder institucional 
 
-Capital específico, baseado no poder do prestígio pessoal, que repousa sobre o 
 
conhecimento 
 
A revolução da tecnologia da informação - Castells 
 
Um revolução tecnológica 
- Proposição de Castells: 
- No final do século XX vivemos “um desses raros intervalos da história” 
- “...Cuja característica é a transformação de nossa cultura material por meio de 
mecanismos de um novo paradigma tecnológico, que se organiza em torna da 
tecnologia da informação.” 
 
As mudanças 
- Constelação de grandes avanços tecnológicos 
- Materiais avançados, fontes de energia, aplicações da medicina, técnicas de 
produção (existentes ou potenciais) e outras 
- O processo de transformação tecnológica expande-se exponencialmente 
- Devido à sua capacidade de gerar interfaces entre campos tecnológicos 
mediante uma linguagem digital comum 
 
Características da Revolução Tecnológica 
Segundo Melvin Kranzberg e Carroll Pursell 
1. Penetrabilidade – presente em todos os domínios da atividade humana 
não como fonte externa de impacto, mas como elemento constituinte do exercício da 
atividade 
Induzem novos produtos, mas são voltadas para o processo 
2. Papel proeminente da tecnologia da informação, processamento e comunicação 
Tecnologia da informação é para essa revolução o que as fontes de energia foram 
para as outras revoluções (vapor e eletricidade) 
O elemento central é a aplicação dos conhecimentos de TI e da informação para a 
geração de conhecimento e de dispositivos de processamento / comunicação da 
informação em um ciclo de realimentação cumulativo entre a inovação e seu uso 
3. Inovação e uso 
“Usuários e criadores podem tornar-se a mesma coisa” 
Usuários assumem o controle da tecnologia 
4. Existe uma relação muito mais próxima entre os processos sociais de criação e 
manipulação de símbolos (a cultura da sociedade) e a capacidade de produzir e 
distribuir bens e serviços (forças produtivas) 
5. Aplicação imediata da cultura da sociedade no próprio desenvolvimento da 
tecnologia gerada, conectando o mundo através da tecnologia da informação. 
 
Lócus da Inovação Tecnológica 
EUA: Vale do Silício (Califórnia) 
Mundo industrializado: antigas áreas metropolitanas 
 
Elementos Centrais do Paradigma Tecnológico 
1. Sua matéria-prima 
Muda-se de “informação para agir sobre a tecnologia” para “tecnologia para agir 
sobre a informação” 
 
2. Penetrablidade 
A tecnologia é parte integral de toda atividade humana. Todos processos de nossa 
existência individual e coletiva são diretamente moldados (mas não determinados) 
pelo novo meio tecnológico 
3. Lógica de Redes 
- Presente em qualquer sistema ou conjunto de relações. As vantagens de 
estar em rede crescem exponencialmente, e o custo cresce de forma linear 
4. Flexibilidade 
- Processos são reversíveis, e organizações e instituições podem ser 
modificadas 
5. Crescente convergência de tecnologias específicas para um sistema altamente 
integrado 
- convergências também em áreas de conhecimento distintas (biologia e 
microeletrônica, biologia e teorias sociais de conflitos). 
 
Pontos Fundamentais 
- O paradigma da TI não evolui para seu fechamento como um sistema, mas 
caminha para a abertura, na direção de uma rede de acessos múltiplos 
- É forte e impositivo na sua materialidade, mas adaptável e aberto em seu 
desenvolvimento histórico. 
- Principais atributos são abrangência, complexidade e disposição em forma de 
rede 
 
A Tabela Periódica de Expertises 
 
Expertises Ubíquas 
- Ubíquas – capacidade de fazer o que é “normal”, ou comum, em uma sociedade 
- O que todos os membros de uma sociedade devem possuir para viver nela 
- Existe um grande acumulo de conhecimento tácito 
- Aquilo que vc sabe fazer sem ser capaz de explicar as regras de como 
realizá-las. 
 
- São as realizações triviais 
- Falar a língua da sociedade, senso moral, discernimento político 
- A expertiseubíqua das pessoas comuns não deve ser confundida com a expertise 
dos especialistas. 
- Algumas das coisas que todos nós podemos fazer exigem grande habilidade. 
- Mas isso não implica que todas as coisas que todos nós podemos fazer 
demandam grande habilidade, inclusive as coisas nas quais temos grande 
experiência. 
- Toda expertise humana esbarra em um conhecimento tácito 
- Ou seja, em um conhecimento das regras que não podem ser expressas 
- O conhecimento tácito permeia a aquisição de conhecimento de duas formas: 
- Alguns tipos de aquisição de conhecimentos correspondem à aquisição de 
mais conhecimento tácito especializado 
- Outros tipos de aquisição de conhecimento envolvem a aplicação de 
conhecimento tácito ao longo da aquisição de informações 
- Nesse caso, o conhecimento tácito é aquele encontrado em expertise 
ubíqua 
- Exemplo: Uso da expertise ubíqua associada à língua natural 
possibilita adquirir novas informações 
 
Divisão inicial dos tipos de expertise 
- Aquelas que podem ser adquiridas unicamente a partir da utilização do 
conhecimento tácito ubíquo 
 
- Aqueles que envolvem conhecimento tácito especializado 
 
Conhecimento Tácito Ubíquo e Conhecimento Tácito da Área Especializada 
- Os primeiros níveis de expertise especializada envolvem somente o 
conhecimento tácito ubíquo 
 
- Os níveis mais elevados exigem imersão em conhecimento tácito da área 
 
especializada para que mais conhecimento tácito possa ser adquirido 
- Dirigir é conhecimento tácito amplamente distribuído, mas não é 
ubíquo. Requer treinamento especializado e internalização de regras 
não declaradas sobre a dinâmica das vias de locomoção. 
 
Expertises que envolvem apenas conhecimento tácito ubíquo 
- Conhecimento de Buteco 
- Sabe-se algo, de fonte muitas vezes incerta, que permite tomar alguma 
atitude, formar algum juízo primário. 
- Conhecimento Popular da Ciência 
- Tem-se uma compreensão mais profunda acerta do significado das 
informações 
- Permite inferências: p.exe: deduções (antibióticos não curam viroses, gripe 
é virose, antibiótico não cura gripe) 
- Conhecimento de Fonte Primária 
- Contato com referências primárias... Mas é o suficiente? 
 
Compreensão Popular da Ciência e a Ciência Controversial 
- Quando a ciência é objeto de controvérsia, faz enorme diferença a compreensão 
científica popular e a compreensão científica profunda 
- “A compreensão popular esconde detalhes, não tem acesso ao tácito, e camufla 
as dúvidas dos cientistas.” (p. 31) 
- “a distância leva ao encantamento” 
- Quanto mais distante se está do locus de criação do conhecimento, mais certo se 
parece o conhecimento 
- A certeza esconde a “falhabilidade”... (ou a estrutura de falseabilidade) 
- As descrições são grosseiramente simplificadas 
 
Compreensão Popular da Ciência e a dificuldade de se lidar com incertezas 
- “Porém julgamentos sólidos, ou, pelo menos, julgamentos esclarecidos, dentro de 
uma ciência controversial devem considerar mais incertezas do que a compreensão 
popular permite. 
- “Por essa razão, no caso da ciência controversial, um nível de entendimento 
equivalente à compreensão popular tende a gerar julgamentos técnicos ruins.” 
- Qualquer que seja o resultado do julgamento baseado em conhecimento popular – 
certo ou errado – é um problema (de confiabilidade). 
- A compreensão popular não distingue entre ciência consensual e ciência 
controversial. 
- Assim, a compreensão popular apresenta o controversial como se fosse um 
conhecimento revelado que emerge de uma comunidade unificada de “experts” 
(jornalistas nos dias atuais, por exemplo...) 
- E isso que converte qualquer esforço genuíno de aumento da compreensão 
pública em simples propaganda. 
 
 
Conhecimento de Fonte Primária 
- Conhecimento que vem da leitura de fonte primária, ou quase primária. 
- Mas qual é a literatura a ser lida? 
- Caso não se leia o que é produzido por quem está na fronteira do conhecimento, 
pode-se ter (normalmente se tem) uma falsa impressão do conteúdo da ciência, bem 
como do nível de certeza 
- Somente a troca contínua com a comunidade especializada no assunto permite ter 
um conhecimento aproximado 
 
Expertises que Envolvem Conhecimento Tácito 
Especializado 
Do conhecimento tácito ubíquo ao conhecimento tácito especializado 
- O fundamental é a “enculturação”. 
- É somente por meio da prática comum com indivíduos já enculturados que vêm a 
ser entendidas as regras que não podem ser escritas. 
- Divide-se a expertise aprendida pela imersão em uma cultura (conhecimento tácito 
especializado) em dois tipos: 
- Expertise contributiva 
- Expertise por interação 
 
 
Expertise Contributiva 
- Expertise contributiva 
- Refere-se à habilidade de desempenhar uma prática especializada. 
- Quem possui expertise contributiva consegue (de fato) contribuir para a área 
a que pertence a expertise 
- Uma habilidade que se “incorpora” ao indivíduo 
- Estágios: 
- Novato 
- Principiante avançado 
- Competência 
- Proficiência – “incorporação” 
- Expertise – ocorre uma internalização, ou “incorporação”, E a socialização 
dentro das práticas de grupos relevantes. (p. 38) 
 
Expertise por Interação 
Consiste na expertise na linguagem de uma área do conhecimento na ausência de 
expertise na sua prática 
Há duas proposições sobre as formas de conhecimento: 
- Visão informal: seria necessária uma imersão total em toda uma 
forma de vida para se dominar uma linguagem 
- Visão formal: Visão formal: ter maestria na linguagem pertencente a 
um campo compreende a aquisição do conhecimento proposicional - 
um conjunto de fatos e regras formais conquistados através da leitura 
e da instrução. 
A proposta de expertise por interação fica entre essas duas visões: 
- O meio termo entre a atividade prática e os livros (porém mais próxima 
da visão informal do que da formal) 
Necessária para a interdisciplinariedade 
É ela que permite a análise social do conhecimento científico. 
Passa-se da “entrevista” para a “discussão” e desta para a “conversa”. 
 
Mas a expertise por interação tem (pode ter) limites, como, por exemplo, ser capaz 
de transmitir o conhecimento. 
A expertise por interação é compreendida por quem tem expertise contributiva, mas 
não o é, necessariamente, por quem tem, também, expertise por interação. 
 
Expertise por interação e a habilidade de interagir e de refletir 
“Defendemos que, se uma pessoa tem expertise contributiva em um campo, ela 
também tem expertise por interação; porém, se essa pessoa não tem uma 
habilidade disponível para conversar e refletir, ela, possivelmente, tem pouco a 
conseguir do ponto de vista de interação com os outros, no que diz respeito à 
expertise.” 
 
Um expert contributivo pode ter “expertise por interação latente”. 
“As coisas que devem ser aprendidas para manifestar a expertise latente tem a ver 
com o domínio da fala, da reflexão, da tradução e assim por diante, e não com a 
construção de lasers, a física das ondas gravitacionais, a condução de automóveis 
etc” (p. 58) 
 
A transformação da expertise por interação latente em expertise por interação 
manifesta são chamadas de 
- Habilidade de interagir 
Uma diferença importante entre expertise por interação e habilidade de interagir é 
que esta, diferentemente daquela, não é parasitária, ou seja, pode ser passada de 
geração para geração. 
A habilidade de interagir é uma "inclinação", como a bondade 
É mais uma natureza amável ou um dom de observação do que uma habilidade 
especializada. 
Habilidade de interagir: os pais que têm o hábito de falar muito passam esse 
comportamento para os filhos. 
Assim, a habilidade de interagir é uma “inclinação”, algo que se tem como “dom”. 
 
 
 
- Habilidade de refletir 
Em parte é, também, uma inclinação, um “dom” 
Porém, pode(e normalmente é) uma habilidade mais profissionalizada e 
especializada do que a habilidade de interagir 
- É ensinada de forma consciente 
 
Habilidade de refletir ajuda na expertise por interação 
Muito cientistas não têm preocupação com sua interação 
Mas a habilidade de refletir, que é expandida pela capacidade de interação, é parte 
da expertise contributiva. 
 
Os impactos de Belo Monte 
Belo Monte 
https://www.youtube.com/watch?v=bjW4GQUU5O8 
 
Belo Sun 
https://www.youtube.com/watch?v=afuejLCYJWQ 
 
Reflita: quais são as habilidades necessárias das partes envolvidas para que tais 
conflitos fossem reduzidos ? 
Mas trata-se apenas de uma questão de habilidades? 
Onde estão as dimensões políticas dos comportamentos? 
 
ACT UP em ação: A cura da AIDS e a Expertise Leiga 
Harry Colins e Trevor Pinch 
 
Histórico 
1981 – Surge em forma rara de câncer em homossexuais 
1982 – Primeiros congressos médicos fazem referência à AIDS 
1983 – Mais de 2000 pessoas mortas nos EUA. Ataques de pânico em geral na 
sociedade 
1984 – Governo Reagan anuncia descoberta da causa da AIDS (o vírus HIV) e 
capacidade de detecção 
1985 – FDA lança primeiro teste para a detecção de AIDS. Remédio AZT é lançado 
1986 – Presidente Regan menciona AIDS em público pela primeira vez 
1986 - Project Inform é criado por Martin Delaney 
1987 – ACT UP é criado em Nova Iorque 
1988 - Dallas Buyers Club 
1995 – Clinton estabelece o comitê de assessoramento presidencial sobre AIDS 
1996 – FDA aprova a primeira vacina a ser utilizada em humanos 
 
O problema 
A agência reguladora de medicamentos dos EUA criou procedimentos severos para 
aprovação de medicamentos após o escândalo da talidomida. 
Novas liberações de medicamentos demorariam de seis a oitos anos 
Pessoas portadoras do vírus queriam pressa... E passaram a pressionar 
Pessoas passam a adquirir o medicamento AZT contrabandeado 
 
[ veja “Clube de Compras de Dallas” ] 
ACT UP populariza o conhecimento sobre AIDS 
 
Ciência e conhecimento popular / tradicional 
Do ponto de vista teórico, surgem dúvidas 
 
Pessoas leigas em assuntos científicos complexos podem fazer contribuições 
significativas para a ciência? 
 
Caso sim, quais são as dificuldades para isso? 
 
O caso do Act Up ilumina quais questões? 
 
Demandas – ACT UP 
- Grupo de leigos de São Francisco no início dos anos 1980s 
- Buscava.. 
Obter e divulgar informação correta e transparente sobre AIDS 
Acesso a tratamento público e humanizado 
Reduzir o processo de aprovação de drogas 
Incluir pessoas de todos os grupos atendidos em experimentos com novas 
drogas 
Enfrentar o preconceito em relação a soropositivos 
 
O rigor científico diante da morte 
- Testes usavam a metodologia de “duplo cego” 
- “Estudo duplo-cego ou ensaio clínico em dupla ocultação é um método de 
ensaio clínico realizado em seres humanos onde nem o examinado (objeto de 
estudo) nem o examinador sabem o que está sendo utilizado como variável 
em um dado momento. É comumente usado como critério de validação de 
práticas experimentais quantitativas em ciência.” (wiki) 
- Pessoas contaminadas queriam testar qualquer coisa e questionavam a ética 
 
do duplo cego diante da morte certa daquele que recebesse o placebo 
- Médicos diziam que eras antiético começar a testar outra droga sem saber 
qual era a mais eficiente, e, para isso, precisavam definir a eficiência da 
primeira 
 
O procedimento científico 
- “Na Fase I, um teste pequeno é necessário para determinar o nível de 
toxicidade e a dosagem eficaz. 
- Na Fase II, é realizado um teste maior e mais longo para determinar o grau 
de eficiência. 
- Na Fase lll, um teste ainda maior é necessário para comparar sua eficácia 
com outros tratamentos. 
Esse processo custa dinheiro e consome tempo - normalmente, pode levar 
entre seis e oito anos para que um medicamento ultrapasse todas essas etapas.” 
 
Problemas éticos e metodológicos 
- Epidemia foi classificada como uma “praga gay” 
E a comunidade gay tinha predisposição a não confiar no mundo da 
ciência e da medicina, principalmente porque a homossexualidade havia 
sido rotulada, por muitos anos, como uma doença 
- E um estudo cientificamente bem conduzido necessitava que um número 
grande de pessoas morresse… 
Ativistas: “A AIDS era uma forma de genocídio por omissão” 
- Ativistas começaram a questionar o método de duplo-cego 
Poderiam ser comparados grupos com a mesma doença 
Ou uma pessoa infectada poderia ser comparada com sua própria 
evolução 
 
Pacientes que se Tornam Sujeitos do Conhecimento 
 
Cansada da demora com os procedimentos oficiais, a comunidade gay começa a 
testar por conta própria, mas com ajuda da iniciativa privada 
Em 1989, o NIAID aprovou o uso público da pentamidina aerossolizada 
 ... Com base nos registros de testes feitos pelos ativistas 
Primeira vez que o órgão do governo do EUA aprova um medicamento sem testes 
feitos por ele mesmo 
 
 
 
A entrada no conhecimento científico 
Uma barreira... Vencida... Foi a compreensão dos termos técnicos 
- Estudo 
- Participar de congressos 
- Ler protocolos de pesquisa 
- Aprender com profissionais simpatizantes 
 
“ativistas queriam desafiar os experts constituídos jogando no campo do adversário” 
(p. 200) 
 
A entrada no conhecimento científico 
- O conhecimento sobre o comportamento das pessoas ajudou na construção de 
testes estatísticos 
- Ativistas passaram a desempenhar um papel de intermediação entre a comunidade 
científica e as pessoas portadoras do vírus, convencendo-as sobre a importância 
dos testes 
- “Ao aprenderem a linguagem da ciência, os ativistas se tornaram capazes de 
traduzir a sua experiência em uma crítica poderosa sobre a metodologia padrão dos 
testes clínicos.” (p. 204) 
- Ao falar a língua dos cientistas, forçaram-nos a responder 
 
A entrada no conhecimento científico 
- Em 1990 bioestatísticos contestaram o paradigma de se fazer testes com grupos 
homogêneos 
Sugeriu que pacientes deveriam fazer parte do planejamento dos testes 
clínicos 
... E os testes passaram a ser realizados conforme os protocolos sugeridos 
originalmente pelos ativistas 
 
 
- A questão central é a de que a expertise seja reconhecida como válida 
 
A importância do conhecimento tradicional 
Universidades buscam aproximar conhecimentos acadêmico e tradicional 
 
https://www.youtube.com/watch?v=fF_Fu0UJ_FI 
 
Sistemas de Inovação Pelaez e Sbicca 
Conteúdo 
- Elementos de análise dos sistemas de inovação 
- Principais indicadores utilizados para se compreender a dinâmica de um 
Sistema Nacional de Inovação (SNI) 
Análise de SNI em dimensões regionais e setoriais 
Estudos de caso: EUA, Japão, Coréia do Sul e Brasil 
SI como base para políticas públicas de C&T 
 
O que é sistema de inovação 
- Conjunto de instituições públicas e privadas que contribuem nos âmbitos 
macro e micro para o desenvolvimento e a difusão de novas tecnologias 
- Visão diferente de Schumpeter: 
Foco na inovação que ocorre no âmbito da firma 
- Visão de sistema: 
“A analise do processo de inovação, tanto em relação ao surgimento e 
à difusão do conhecimento, tanto na transformação desses em novos 
produtos e processos de produção, só pode ser feita focalizando-se o todo (o 
sistema), e não as partes que o constituem.” (p. 417) 
 
Atores 
- Universidades e centros de pesquisa 
Pesquisa básica 
 
- Empresas 
Pesquisa aplicada 
- Poder público 
Coordenador do sistema 
 
Aprendizado e mudança 
- Atores não organizam um processo linear. Na verdade, o processo depende 
de: 
feedbacks e relações interativas entre ciência, tecnologia e aprendizado 
 
Aprendizado 
- Learning-by-doing – aumento da eficiência das operações de produção. 
 
- Learning-by-using – aumento da eficiência nouso de sistemas complexos. 
 
- Learning-by-interacting - aumento da eficiência resultante do envolvimento 
entre usuários e produtores. 
- A capacitação tecnológica é cumulativa. 
É preciso dominar o “estado da arte” das tecnologias já em uso. 
- A aprendizagem é predominantemente interativa e socialmente imersa 
 
Mensuração do Desempenho de um Sistema de Inovação 
- Normalmente: 
Gasto em P&D como proporção do PIB 
- Mas, assim, mensura-se os gastos mais diretamente envolvidos, e não o 
resultado tecnológico obtido… 
que pode não ser nem local, nem imediato 
- E não se diz nada sobre o ambiente institucional no qual o sistema está 
inserido 
- É o mesmo problema de se medir inovação pelo número de patentes 
registradas 
 
Possíveis indicadores do Sistema 
- Bibliometria 
Número de autores em produção científica e citações 
- Identificação de redes de relação entre instituições e países 
- Mapeamento da formação de novos campos de C&T 
 
Possíveis Indicadores de Resultado 
1. Volume de produção 
2. Novos produtos 
3. Proporção de produtos e processos de tecnologia de ponta comercializados 
no mercado 
Indicadores socioeconômicos devem refletir os insumos e os produtos atribuídos ao 
SI nos três âmbitos envolvidos no SI: o institucional, o tecnológico e o econômico. 
 
Dimensões do SI 
Possibilidades de estudo: 
 
- âmbito nacional, o regional (Vale do Silício), 
- âmbito supranacional (América Latina), ou o 
- âmbito setorial (indústrias automobilísticas). 
Enfoque nacional 
- Processos de aprendizagem ligados a políticas públicas 
- Circulação de conhecimento tácito determinado por meios nacionais de 
interação, língua, normas, cultura 
- Mas esse enfoque tem dificuldade de apreender o que as empresas fazem 
em uma economia globalizada. 
Há características institucionais, competitivas, interativas e 
organizacionais que não são nacionais 
- Dificuldade adicional devido ao caráter heterogêneo de países 
- E vários casos, pode ser melhor uma abordagem regional e setorial 
Enfoque regional e setorial 
- Muitas vezes a inovação ocorre em função de dinâmicas locais, ou em uma 
área de conhecimento específica 
- Visão setorial captura mais facilmente o que grupo de firmas está fazendo 
(em um determinado setor) 
Ex: aviação 
Sistemas Nacionais de Inovação 
- Estados Unidos 
- Grande salto de inovação no final do século XIX em: 
Tecnologias de transporte, comunicação, e tecnologias de produção e 
máquinas agrícolas 
- Explicações 
- Beneficiou-se de elevado grau de learning-by-doing 
- Uso e aprimoramento de tecnologias existentes 
- Mudanças organizacionais 
- Política pública antitruste 1890 (contra formação de monopólios) 
- Alto preço relativo do trabalho 
- EUA 
Anos 1930s: Uma terça parte de todo o gasto para pesquisa 
Anos 1940s: parcerias empresas – universidades 
1944 / 1945: Projeto Manhatam & Big Science 
1950s: Pesquisa financiada por verbas militares 
1985: 75% dos fundos federais para empresas, 12% em laboratórios federais, e 9% 
para universidades 
- EUA / Resumo 
Investimentos em educação 
Participação de empresas, governo e universidades 
Lei antitruste 
Verbas militares / indústria de defesa 
Participação do investimento estrangeiro direto 
- Japão 
Isolamento até 1868 – Início da modernização da era Meiji até 1902 
1904: educação básica de seis anos tornou-se compulsória. 
Educação universitária com apoio britânico 
Importação de tecnologia dos EUA e Europa 
 
Segunda Guerra: forte investimento tecnológico e importação no pós-Guerra 
- Japão 
Investimentos do governo não tão relevantes quanto os das firmas: indústrias 
ultrapassaram os EUA em proporção do PIB 
Grande capacidade de difusão de tecnologia 
Empresas permaneceram nas mãos de japoneses 
Perfil das empresas japonesas 
Estabilidade do empregado / rotação de cargos 
Pessoal de tecnologia assume direção 
Atualmente: mantém SNI, mas crescimento nacional perdeu pujança. 
- Coréia do Sul 
“Colonização” japonesa e destruição de infraestrutura em guerras 
Anos 1960s: Forte intervenção governamental, com formação de conglomerados 
(chaebols) para ganhos de escala 
Governo incentivou fortemente a integração vertical 
- Coréia do Sul 
Monopólio – um único produtor no mercado 
Duopólio – dois produtores 
Oligopólio – um grupo de empresas ou governo controla o mercado 
Forte investimento em educação a partir de 1951 
Manutenção das empresas sob controle nacional coreano 
Crise da dívida externa anos 1980s: maior parceria com Japão 
Anos 1990s: crise internacional e pouco investimento em pesquisa 
- Brasil 
Investimentos em industrialização a partir dos 1930s 
CNPq em 1951, BNDE em 1952, e FINEP em 1967 
1956/60 – Plano de Metas – Indústria pesada, infraestrutura, automobilística 
Planos Nacionais de Desenvolvimento I, II e III: previsão de capacitação no país e 
criação de tecnologia própria 
Sem apoio das políticas econômicas para P&D e para a compra de tecnologias 
Sem vínculos com o setor privado 
- Brasil 
Anos 1970s: Investimento em indústria de base (siderurgia, celulose e 
petroquímicos) e em setor de bens de capital (equipamentos elétricos, 
telecomunicações, ferroviários, aeroviários) 
Fim da política de substituição de importações 
 Criação do MCT em 1985 (mas sem um projeto amplo de C&T) 
Uso das estatais para estabilização econômica com tarifas abaixo do custo 
Redução do investimento de estatais em P&D 
Sem um forte aparato de pesquisa nacional 
 
Conclusão: a diversidade de fatores 
Gastos governamentais e investimentos em P&D, em educação e em infraestrutura 
Conjuntura internacional: guerras e comércio 
Padrões tecnológicos e organizacionais e de competição vigentes nas firmas 
Atividades de ensino e pesquisa básica e aplicada nas universidades 
 
 
 
 
 
A política de C&T não pode se desenvolver de forma isolada de outras políticas que 
dão suporte à inovação, como as econômicas, sociais e de educação. 
 
 
Hiato tecnológico, Catching-up, e Capacidade Absortiva 
 
Fontes 
Gabriel Porcile e Luís Eduardo Esteves - Os determinantes do catching-up: um 
modelo dinâmico. (pág. 2 a 6) 
 
Sabrina Rossi de Oliveira - O desenvolvimento da capacidade absortiva em projetos 
tecnológicos entre universidade e empresa: um estudo de caso da cooperação 
UNISINOS – HT Micron (pág. 38 – 46) 
 
O problema 
Conhecimentos em ciência e tecnologia são considerados fatores relevantes para 
explicar o processo de diferenciação que diferencia as nações em mais e menos 
desenvolvidas. 
Mas... existem condições para que as nações menos desenvolvidas venham a 
diminuir as diferenças existentes nesses conhecimentos? 
Ou seja, há como reduzir o hiato tecnológico, ou mesmo tornar-se líder no 
conhecimento científico e tecnológico? 
 
Catching-up 
“Esta é a principal hipótese sobre o conceito de catching-up: é possível que o país 
tecnologicamente atrasado possa crescer a taxas maiores que os países que 
compartilham a fronteira da tecnologia mundial, simplesmente utilizando os 
conhecimentos já desenvolvidos pelos países que estão na fronteira tecnológica.” 
(Abramovitz, 1986; UNCTAD, 2005) 
Portanto, pode-se dizer, com elevado nível de consenso, que: 
Os países têm potencial para crescer a uma taxa mais rápida do que o líder 
tecnológico, garantindo a convergência da renda per capita entre os países. 
- Porque esses países mais atrasados podem explorar os conhecimentos já 
consolidados pelos países líderes 
- E podem desenvolver o país com a introdução de novas técnicas que não 
estão na fronteira do conhecimento 
A redução do hiato-tecnológico pode explicar trajetórias de convergência (ex: renda) 
Mas essa redução não garante que um país avance para além de um determinado 
nível de redução. 
O que determina a redução e a superação é a capacidade absortiva 
- “[0] esforço que cadanação realiza no sentido de iniciar o processo de 
catching-up, i.e., a aquisição de capacidade absortiva realizada por cada 
nação para obter um maior desenvolvimento.” 
 
Capacidade Absortiva 
Principais abordagens: 
 
- Cohen e Levinthal (1989, 1990) 
- Zahra e George (2002) 
- Vega-Jurado, Gutiérrez-Gracia e Fernandes-de-Lúcio (2008) 
- Murovec e Prodan (2009) 
- Lim (2009) 
 
Capacidade Absortiva por Cohen e Levinthal 
A capacidade absortiva é 
- um componente crítico para o processo de inovação em sentido global, 
- ao mesmo tempo em que é um subproduto das próprias atividades de P&D 
[é fim e é meio / processo] 
- Ou seja: “P&D não somente gera nova informação, mas também realça a 
habilidade da firma em assimilar e explorar informação existente” 
 
 
A CA está diretamente relacionada ao estoque de conhecimento prévio detido pela 
organização. 
E se relaciona com: 
- A capacidade de interação da organização com seu ambiente, 
- E com a sua estrutura interna de comunicação 
 
Elementos de constrangimento / facilitação 
Desenvolvimento da CA depende de: 
- Gatekeepers (guardiões do conhecimento – quem monitora e traz novos 
conhcimentos) 
- Boundary-spanners (quem rompe fronteiras do conhecimento existente) 
- Expertise de quem recebe 
CA depende de comunicação e capacidade de utilizar conhecimentos 
Mais do que isso: CA possui pathdependency 
Depende de um “círculo virtuoso” 
 
Capacidade Absortiva por Zahra e George 
CA é dinâmica, definitivamente pathdependent, e possui 4 dimensões: 
- Aquisição: capacidade de identificar e adquirir conhecimento disponível. 
 
- Assimilação: capacidade de processar o conhecimento capturado. 
- Transformação: capacidade de combinar o novo conhecimento com o que a 
organização já detêm 
- Exploração: utilização dos novos conhecimentos em ações economicamente 
viáveis 
 
Elementos Antecedentes: 
- Fontes externas e complementaridade de conhecimento 
relacionamentos interinstitucionais: consórcios de P&D, alianças e joint 
ventures 
- Experiência da organização: 
Internalizada na memória da organização 
 
 
Fatores de ativação: 
- Acontecimentos internos (crises ou fracassos) 
- Acontecimentos externos (inovações industriais radicais, políticas 
governamentais) que tanto desencadeiam quanto influenciam o 
desenvolvimento da capacidade absortiva 
 
 
 
- Mecanismos sociais de integração 
Reduzem barreiras ao compartilhamento de informação 
- Regimes de apropriabilidade 
Referem-se às dinâmicas industriais e institucionais que determinam a 
habilidade da firma de proteger os benefícios advindos de suas inovações em 
produtos e processos 
Por isso, geram vantagens competitivas 
 
Capacidade Absortiva por Vega-Jurado, Gutiérrez-Gracia e 
Fernandes-de-Lúcio 
Foco no cohecimento: 
quanto mais aplicável o conhecimento externo, mais fácil é para a firma 
adquiri-lo e explorá-lo, isso porque ele requer menos expertise científica, sendo, na 
prática, mais eficientemente obtido via relacionamento com clientes ou 
fornecedores. 
 
Duas capacidades absortivas: 
- Científica: advinda de universidades e centros de pesquisa e, com menor 
aplicabilidade imediata. 
- Tecnológica: teria como função permitir a integração pela firma do conhecimento já 
materializado em ferramentas e processos, o qual está pronto para ser manejado. 
 
Capacidade absortiva determinada por: 
- Conhecimento organizacional 
engloba o grupo de habilidades, conhecimentos e experiências que a organização 
possui 
- Formalização 
se refere à extensão na qual os procedimentos, regras e instruções guiam os 
processos da organização (seguem diretrizes) 
 
- Mecanismos sociais de integração 
constituem as práticas que reduzem as barreiras para a troca de informação dentro 
da organização (interação interpessoal). 
 
 
 
Capacidade Absortiva por Murovec e Prodan 
CA dividida em dois tipos: 
- Science-push: baseada em informação científica e tecnológica proveniente de 
universidades, centros de pesquisa e outras empresas praticantes de P&D 
- Demand- pull: relaciona-se com informação mercadológica proporcionada por 
clientes, fornecedores, competidores e demais atores comerciais. 
 
 
Capacidade Absortiva por Lim 
- Capacidade absortiva relativa à disciplina 
envolve a aquisição de conhecimento científico básico de determinada 
tecnologia. Muito cara. 
- Ex: semicondutores IBM: 30 anos de pesquisa 
- Capacidade absortiva específica do domínio 
habilidade de assimilar conhecimentos úteis para a solução de problemas 
reais de uma determinada área 
- Ex: Texas Instruments, Motorola etc: O que fazer com a tecnologia 
desenvolvida 
- Capacidade absortiva codificada 
assimilação do conhecimento já cristalizado em ferramentas e processos. 
- Ex: parcerias e alianças que propiciaram a sua transmissão por toda 
a indústria 
 
 
“O caráter da capacidade absortiva a ser praticado pela organização, bem como o 
processo pelo qual se dá sua construção, está estritamente relacionado com o tipo 
de conhecimento que se pretende adquirir.” 
Relativo à disciplina: é longo e complexo, e depende da trajetória da organização 
Mas nem toda CA é longa, dispendiosa e depende da trajetória da organização. 
 
 
 
Pós-Grande Indústria e Neoliberalismo - PRADO 
 
Objetivos da discussão 
Faz-se normalmente nos dias de hoje uma conexão estreita entre 
neoliberalismo e mundialização do capitalismo (a qual é também chamada, de 
modo especialmente superficial, de globalização). 
 
 
Por mundialização entende-se comumente a reconstrução, a unificação do 
mercado mundial sob a égide do capital internacional e financeiro; 
 
Por neoliberalismo compreende-se o pensamento político, assim como a 
prática de governança e de reestruturação do Estado, originado do predomínio 
do capital financeiro em relação ao capital produtivo, em nível global. 
Para compreender melhor a natureza dos dois termos é necessário investigar as 
mudanças que estão ocorrendo na base do modo de produção capitalista: 
 
as expressões “economia do conhecimento”, “capital social” indicam uma 
relação de exploração maior ou menor em relação à fase inicial do capitalismo? 
 
qual é a relação da fazer atual do capitalismo com a produção de 
conhecimento (ou C&T em uma dimensão mais ampla? 
Como “funciona” o capitalismo contemporâneo – quais são as suas “formas 
fenomenais” 
 
Proposta de Prado: O Ksmo está saindo da fase da grande indústria para a fase da 
pós-grande indústria (2004) 
 
Quais são as mudanças que vamos investigar? 
- O sistema de máquinas para a inteligência coletiva 
- Do capital ativo fixo para o capital ativo intangível 
 
Três momentos do liberalismo 
- Liberalismo clássico 
- Liberalismo social 
- Neoliberalismo 
 
 
Conceito de processo de trabalho ajuda a distinguir os 3 momentos do liberalismo 
 
Liberalismo Clássico 
Inicialmente o processo de trabalho era uma determinação do trabalhador 
(individual) – surgimento das profissões. 
Essa determinação é rompida pelo nascimento do sistema capitalista 
O processo de trabalho se torna coletivo, e a independência, a individualidade e a 
privacidade do trabalhador lhe são subtraídas 
O trabalho passa ser um movimento de um processo de produção administrado pelo 
capitalista 
- Nessa administração, o trabalhador é subsumido, ou seja, subordinado 
 
Marx vê duas formas de exploração 
- Subsunção formal – extração da mais-valia absoluta pelo prolongamento da 
jornada de trabalho (sobretrabalho). Associada ao período de cooperação e 
manufatura 
- Subsunção real - extração da mais-valia relativa, quando o capital passa a 
controlar o modo de se trabalhar e obtém aumentos de produtividade do trabalho: 
 
+ produtividade = redução do custo de reprodução