Prévia do material em texto
Plano de Aula: REPERCUSSÕES DA NORMA FORMALMENTE VALIDA SOCIOLOGIA JURÍDICA - CCJ0269 Título REPERCUSSÕES DA NORMA FORMALMENTE VALIDA Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 5 Tema REPERCUSSÕES DA NORMA FORMALMENTE VALIDA Objetivos O aluno deverá ser capaz de: Objetivo 1 - Avaliar as causas de eficácia e/ou ineficácia de uma determinada lei existente. Objetivo 2 ? Elaborar hipóteses em que a lei atingiria plena eficácia e produziria efeitos sociais positivos; aplicando os conhecimentos adquiridos durante a aula. Objetivo 3 ? Conhecer alguns dos possíveis fatores que contribuem para a eficácia social da norma. Objetivo 4 ? Identificar as causas principais para a ineficácia da lei Estrutura do Conteúdo Observação importante: Antes desta aula, você deve ter lido a Unidade II ? DINAMICA SOCIAL DA NORMA E DAS INSTITUICOES DE DIREITO, tópicos Repercuções sociais da norma jurídica formalmente válida e Efeitos negativos das normas. O círculo vicioso impunidade-ilicitude, da página XX até a página XX, do livro texto Livro didático de Sociologia Jurídica e Judiciária, Solange Ferreira de Moura [organizador]. Rio de Janeiro: Editora Universidade Estácio de Sá, 1ª. Ed. 2015. ESTRUTURA DO CONTEÚDO DESTA AULA REPERCUÇÕES SOCIAIS DA NORMA JURÍDICA FORMALMENTE VÁLIDA a. Fatores instrumentais a. Fatores referentes à situação social Efeitos positivos da norma a. Função de controle social a. Função educativa a. Função conservadora da norma a. Função transformadora da norma EFEITOS NEGATIVOS DAS NORMAS. O CÍRCULO VICIOSO IMPUNIDADE-ILICITUDE a. Desatualização da lei a. Misoneísmo a. Antecipação da lei à realidade social existente Efeitos negativos a. Quando é ineficaz a. Por omissão da autoridade em aplicá-la a. Pela falta de estrutura adequada à aplicação da lei Sobre o círculo vicioso impunidade-ilicitude UM ESBOÇO CONCEITUAL DOS TÓPICOS RELACIONADOS: Este conteúdo deverá ser trabalhado ao longo da aula da semana, cabendo ao professor a dosagem do conteúdo, de acordo com as condições objetivas e subjetivas de cada turma. Segue, a seguir, uma sugestão de leitura complementar ao texto do livro didático: Efeitos produzidos pelas normas Na realidade as normas jurídicas nunca são plenamente eficazes. O ponto de partida é uma maior ou menor diferença entre a pretensão jurídica e o efeito real. Uma pesquisa empírica pode estabelecer matematicamente o grau (porcentagem) de eficácia de uma norma identificando a quota de eficácia. Quota de eficácia: O grau de cumprimento do direito na realidade social. Adequação interna da norma: Quando as suas consequências na prática permitem alcançar os fins objetivados pelo legislador. (funcionalidade da norma). Ex: norma que estabelece o rodízio de carros no centro de SP. Efeitos da norma: Expectativa de consequências negativas: Quando as pessoas sabem que a desobediência a uma lei é punida na prática elas tendem a respeitá-la. Fatores referentes à situação social: O sistema de relações sociais e a atitude do poder político diante da sociedade covil influenciam as chances de aplicação: 4 fatores. Participação dos cidadãos no processo de elaboração e aplicação das normas: Uma reforma legal que atende reivindicações da maioria da população tem mais possibilidades de aplicação do que uma norma decidida de forma autoritária. Coesão social: Quanto menos conflitos existam em uma sociedade em determinado momento, e quanto mais consenso haja entre os cidadãos com relação a política do Estado mais forte será o grau de eficácia das normas vigentes. Adequação da norma à situação política e as relações de força dominante: Uma norma que corresponde à realidade política e social possui mais chances de ser cumprida. Contemporaneidade das normas com a sociedade: Em geral, não se tornam eficazes normas que exprimem ideias antigas ou inovadoras. A questão do misoneísmo: "Misoneísmo" é o termo que designa o medo irracional expresso sob forma de preconceito e resistência ao que é novo. Tudo o que é novo é aquilo que nos é diferente. Podem reparar: aquelas coisas que nunca vimos antes, invariavelmente, à primeira vista, nos parecem estranhas e aterrorizantes, mesmo que no fundo nos causem um certo fascínio. Até certo ponto este sentimento misoneista é absolutamente natural: até este ponto em que ele se situa entre a curiosidade e o medo, a atração e a aversão. Quando este misoneísmo se mistura à moral e, pior, quando deles nasce um comportamento discriminatório e segregacionista, podendo chegar aos horrores sociais da xenofobia declarada, do nacionalismo, do racismo, do "apartheid", da escravidão ou do genocídio; do misoginismo, do sexismo ou da homofobia; da segregação religiosa, do fundamentalismo ou das assim chamadas "guerras santas", o que era natural, assume aspecto monstruoso e muda rapidamente de figura. Seria interessante o professor apresentar estas perguntas à classe: Como ocorre este processo? Como identificar a tênue fronteira entre a discriminação e o misoneísmo? Como evitar a degeneração de um instinto natural humano? Uma possível resposta: a única resposta a estas questões acima é a consciência. Quando se tem consciência deste processo, da existência do misoneísmo e de seus perigos potenciais, pode-se refletir sobre o próprio medo e, a partir de uma postura racional, combatê-lo de forma declarada, com coragem e compreensão de que o que nos é diferente não necessariamente é ruim. Este movimento de consciência racional reflexiva mostra-nos invariavelmente a diversidade humana e revela-nos, nesta diversidade, que o que é diferente é exatamente aquilo que vem enriquecer nossa visão, até então parcial, do existir humano. Afastados interesses políticos, sociais e econômicos de cunho escuso e tortuoso, este caminho é o único que se apresenta racional e propriamente humano, superando aos poucos um primeiro impulso instintivo, primitivo e animal, representado pelo misoneísmo. (Adaptado do site: http://letras- equipe5.blogspot.com.br/2010/05/misoneismo.html, acesso em 23 jun 2015) Aplicação Prática Teórica Os conhecimentos apreendidos serão de fundamental importância para a reflexão teórica, envolvendo a compreensão necessária de que o direito, para ser entendido e estudado como fenômeno cultural e humano, precisa ser tomado como sistema disciplinador de relações de poder, a partir da metodologia utilizada em sala com a aplicação dos casos concretos, a saber: CASO CONCRETO FALTA JUSTIÇA ONDE SOBRA VIOLÊNCIA: Varas criminais de áreas com alto índice de homicídios têm cada vez menos processos (O Globo, 19 mar. 2013, p. 20). Varas criminais situadas em algumas das regiões mais violentas do Rio de Janeiro estão encolhendo. Estatísticas do Tribunal de Justiça revelam que, em 29 delas, o número de novos processos instaurados em 2005 foi inferior ao do ano anterior. Há casos, como o da 3ª Vara Criminal de Volta Redonda, em que o movimento processual caiu tanto que já ameaça a sobrevivência da unidade. "Como a população está descrente, ela já não procura a polícia quando há crime. Além disso, as investigações são feitas de forma precária. O Ministério Público fica vendido. Não adianta denunciar, se o réu acaba absolvido?" lamenta o juiz titular da Vara Criminal de Queimados. As leis penais existem e estão em vigor, mas a população, como no caso concreto acima, não faz uso delas. Analise o problema da descrença da população a partir da ótica dos efeitos negativos produzidos pela norma, relacionando-os à produção da sensação de impunidade. QUESTOES OBJETIVAS 1. Revista Época do dia 03.02. 2007 noticia: "Justiça solta acusado de tráfico por falta de provas. A polícia não investigou nada e ainda por cima tentou passar por cima da minha decisão" afirmou desembargador. Ainda:"Mais um perigoso bandido volta às ruas hoje. Acusado de tráfico, M. B. da Silva, de 28 anos, obteve ontem um habeas-corpus, concedido pelo desembargador X, da 5ª Câmara Criminal. Atribuiu sua decisão à falta de investigação por parte da Polícia Civil". Esta situação revela uma problemática relacionada a: (A) efeitos positivos da norma, como o controle social; (B) crise estrutural do judiciário, por falta de um órgão nacional de planejamento e controle; (C) efeitos negativos da norma, como sua eficácia; (D) efeitos negativos da norma, como omissão da autoridade à aplicação da lei. 2. A toda norma jurídica sempre se associa um efeito social. Cabe à Sociologia Jurídica investigar os fatores da eficácia e também da ineficácia. Em relação à ineficácia da norma é possível levantar as hipóteses, EXCETO: (A) a inoportunidade da lei (B) pressões sociais espontâneas maiores que as sanções (C) não-correspondência a necessidades do grupo social (D) conformidade com interesses do grupo total