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Caderno - Ciência Política (Jaime Barreiros)

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Renata de Andrade Tinoco
Ciência Política
2016.2 – T1A
CIÊNCIA POLÍTICA
PROFESSOR: JAIME BARREIROS NETO
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DA CIÊNCIA POLÍTICA 
O CONHECIMENTO CIENTÍFICO
O conhecimento mítico é a forma mais primitiva de conhecimento e que ainda tem repercussão até hoje no nosso cotidiano. É aquele que se fundamenta no mito, ou seja, na existência do dogma (o dogma é uma verdade inquestionável ou seja é um parâmetro a partir do qual a discussão se inicia, que não se baseia em nenhuma forma de comprovação, baseia-se simplesmente na fé) onde teoricamente não há o que se contestar, é a base do conhecimento mítico. As primeiras formas de conhecimento se fundamentavam no dogma porque nos primórdios da humanidade o ser humano já tinha como característica a busca do conhecimento, mas ainda não tinha meios mais eficazes para chegar as repostas que explicassem, por exemplo, os fenômenos da natureza. A própria religião se fundamenta em dogmas. 
Esse conhecimento mítico foi evoluindo para chegarmos ao conhecimento metafisico, que é dotado de uma abstração ou seja da crítica, ele vai além do físico, vai além do dogma, é um conhecimento baseado no questionamento. A filosofia, por exemplo, se fundamenta na lógica do conhecimento metafisico. O mais importante não é em si a resposta, mas a própria pergunta. Sem o conhecimento metafisico não há uma evolução critica. Mas a complexidade das sociedades modernas passou a exigir respostas mais do que perguntas, mas não respostas baseadas em dogmas, e sim teoricamente passiveis de serem comprovadas. A resposta buscada a partir do estado moderno é a resposta da ciência. O conhecimento cientifico oferece respostas que são alcançadas a partir de uma lógica de comprovação, da existência de uma metodologia eficaz. O conhecimento cientifico tem como meta a busca de repostas construídas através de métodos e através de uma comprovação e fundadas na razão e menos na crença. Metodologia, racionalidade e empirismo (comprovação) são as bases do conhecimento cientifico. 	
Dois importantes pensadores que tem perspectivas diferentes em relação ao conhecimento cientifico, mas que se completam são: René Descartes - que diz “penso, logo existo” a lógica da razão, o conhecimento baseado na racionalidade - e Francis Bacon - que vai difundir o empirismo ele enfatiza a lógica da comprovação. Na verdade, Bacon e Descartes se complementam porque o conhecimento cientifico é aquele que vai através de uma lógica racional buscar repostas para as perguntas colocada no cotidiano através da busca da comprovação. 
O conhecimento cientifico passou a se difundir cada vez mais no mundo moderno em especial no momento em que as revoluções burguesas ocorrem, com a defesa da igualdade liberdade fraternidade, que até então estava refém de um estado teocrático (o rei absolutista fundamentava o seu poder na ideia que ele era o escolhido por deus) e quando a burguesia rompe com o absolutismo ela vai buscar um novo fundamento de organização da sociedade, o poder não vai ser mais divino, vai ser cultural, vai ser humano e por tanto deve ser baseado na razão e não na religião, a ciência passa portanto a partir do século 16, mas especialmente do século 18 em diante a ter uma relevância grande dentro das esferas do conhecimento superando o conhecimento metafisico mas não o excluindo. O que se critica no conhecimento científico é que ele também pode se tornar dogmático. No âmbito da física, por exemplo, existia a física aristotélica que determinou princípios que por muito tempo foram aceitos como verdade e que foram superados pela física newtoniana, e depois veio Einstein já questionando dogmas de Isaac Newton. 
A ciência política é o conhecimento sistematizado baseado em metodologia voltado na resposta, mas respostas baseadas na razão, na empiria que tem como objeto a política.
O FENÔMENO POLÍTICO
Para entender primeiro que é política é necessário entender primeiro o que é poder. O estudo acerca da organização e da dinâmica do poder é o grande objeto da ciência política. Essa lógica da análise da condição humana se baseia no pensamento de dois grandes filósofos: Aristóteles e Hobbes. Aristóteles vai afirmar que o homem é um animal social, dentro dessa perspectiva, ele quer dizer que o homem vive em sociedade que nós precisamos uns dos outros, não conseguimos viver isolados. Tomas Hobbes afirma que o homem é o lobo do homem, querendo dizer que é inerente ao ser humano a necessidade de querer dominar o outro e isso existe porque na escala da seleção natural vencem os mais adaptados. O homem se adaptou em virtude da sua capacidade criativa, essa capacidade que faz com que nós consigamos nos adaptar a adversidades, dominar e transformar o ambiente em que vivemos isso acaba nos compelindo a querer dominar e transformar os nossos semelhantes, então o homem se torna o lobo do homem por isso. Diante disso, é que surge um paradoxo, uma contradição, que é inerente a condição humana que é: ao mesmo tempo nós precisamos uns dos outros, porém temos a necessidade de dominar uns aos outros. É diante desse paradoxo que vai surgir o poder. 
Segundo Bonavides o poder é uma energia abstrata que atua sobre as sociedades humanas limitando a liberdade individual em prol da convivência. Ele quer dizer que há uma necessidade de estabelecimento de limites na liberdade individual para que possamos conviver. Em resumo o poder é algo que se impõe perante a sociedade estabelecendo normas de conduta (imposições postas culturalmente expressando escolhas e valores que variam no tempo e no espaço, fazendo surgir a etiqueta, a moral e o direito). O exercício do poder faz com que nossas vontades individuais sejam restringidas, somos limitados nas nossas vontades em virtude da necessidade de termos de conviver com os outros, o poder limita a liberdade individual esse poder se impõe através de normas de conduta ou seja ele estabelece comportamentos. Essas normas de condutas são relativas ao padrão cultural de cada sociedade, vão variar no tempo e no espaço. Um mesmo comportamento pode ser aplaudido em uma sociedade e ser criminalizado em outra, por exemplo o consumo de bebida alcoólica. O álcool no Bahrein é proibido, já no Brasil, não é. O padrão cultural, portanto determina as normas de conduta.
O poder político é cultural e determina essas normas de conduta que também refletirão uma escala de valores que cada sociedade estabelece e é daí que nós temos como produtos do poder a etiqueta, a moral e o direito. Para resguardar o mínimo ético social, o núcleo da sociedade, que surge o direito. O direito é um conjunto de normas de mínimo ético social, que é produto de valores e escolhas que variam no tempo e no espaço que são determinados pelo poder. O direito vem, portanto, do poder, é um produto do poder o poder, portanto ao criar o direito, a moral e a etiqueta busca equilibrar a necessidade que a gente tem de viver em sociedade com a necessidade de dominar uns aos outros. O poder é dinâmico porque nós seres humanos continuamos a lutar pelo poder, nós continuamos a ser lobos de nós mesmos. Maquiavel: “a política significa a arte de conquistar, manter e exercer o poder” tendo em vista que o poder é algo dinâmico. Esse poder não está presente somente no estado. A política é a ética da polis, ou seja, a política como algo que ocorre na esfera pública só que na esfera privada também existe política Michael Foucalt defende a tese de que as relações de poder ocorrem em qualquer relação humana (a ideia da microfísica do poder). Ai a ideia de que todos nós somos animais políticos. A ciência política estuda as relações de poder, essa dinâmica do poder não apenas no estado, mas também na esfera privada, em qualquer âmbito das relações sociais. 
SURGIMENTO DA CIÊNCIA POLÍTICA
Max Weber falava a sobre “o desencantamento do mundo”. O encantamento seria baseado na logica mítica ainda com a presença da filosofia, mas com a sustentação do mito onde a mesma fonte de poder era aquela que determinava quase tudo, não só o poder político, mas a sabedoriao conhecimento. O desencantamento é aquele gerado a partir do momento em que há uma especialização cada vez maior dos diversos seguimentos do conhecimento, há também uma burocratização do estado com a formação da ideia da administração pública descentralizada na figura do rei e aí esse desencantamento do mundo é o que vai caracterizar o início do predomínio cientifico, então há a formação de várias ciências modernas e não mais de uma única fonte de conhecimento específico centralizada numa figura mítica. Essa é uma tendência que vai ser observada a partir do início da idade moderna e que vai se consolidar com a deflagração da era contemporânea com as revoluções burguesas e em especial com a revolução francesa. Teremos, então, o desenvolvimento da economia como a ciência, da história, da ciência política, da sociologia com base na lógica da racionalidade e da experimentação. A ciência política, dentro dessa ideia de desencantamento do mundo passa a se constituir em um ramo especializado do conhecimento. Essa concepção positivista, que foi uma perspectiva da racionalidade cientifica que se desenvolveu a partir do iluminismo, é falha. Nós não podemos imaginar que os diversos conhecimentos, a partir dessa ideia do desencantamento do mundo, são estanques isolados. E a ciência política, embora tenha se constituído historicamente como um ramo da ciência, precisa ser compreendida como um ramo do conhecimento inter-relacionado com outros ramos do conhecimento.
CIÊNCIA POLÍTICA X HISTÓRIA
A relação entre ciência política e história é muito próxima. Estudamos vários fatos históricos que contribuíram para o desenvolvimento da política, das relações de poder, das relações humanas. Por exemplo, estumados o desenvolvimento do Estado.
CIÊNCIA POLÍTICA X ECONOMIA 
A disciplina economia no passado era chamada de economia política. Há uma proximidade muito grande entre os fatos políticos e os fatos econômicos. No Brasil, observamos muito essa proximidade porque muitas das nossas crises políticas tem a ver com as questões econômicas. Portanto historicamente, podemos observar alguns fatos marcantes relacionados à economia e que repercutiram na estrutura política da sociedade, na formação inclusive de ideologias políticas. O mais marcante de todos é a crise de 29, com a quebra da bolsa de NY, a maior crise econômica global que nós tivemos e essa crise suscitou imediatamente a ascensão do nazifacismo, a segunda guerra mundial e a guerra fria como consequência. Então muito do nosso mundo contemporâneo teve a ver com a crise econômica de 29. A relação de política e economia também é marcante no marxismo.
CIÊNCIA POLÍTICA X PSICOLOGIA
A psicologia estuda o comportamento humano, seja ele individual ou coletivo. Existem correntes de teoria política que tem na análise da psicologia uma das suas bases, por exemplo a teoria elitista da democracia e a teoria da escolha racional, analisam o comportamento político, eleitoral. Para os elitistas os homens são em sua maioria ignorantes e a democracia é uma ameaça porque você daria voz aos ignorantes, os elitistas defendem que a democracia deve ser meramente um procedimento de escolha das elites e aqueles elitistas mais radicais defendendo racionalidade das massas vão defender que apenas uma minoria possa tomar as decisões, a minoria mais preparada. Gustavo Lebon defendia isso na sua obra “Psicologia das multidões”, pois o cidadão haja de uma forma quando esta sozinho e de outra quando está em grupo, tudo isso para teorizar que a democracia é ineficiente. Por outro lado, alguns revisores da teoria elitista, vão dizer que as pessoas não são ignorantes e completamente alheios quando agem politicamente. Antoni Downs, por exemplo, vai dizer que todos os eleitores atuam na defesa dos seus próprios interesses no processo político, que a eleição seria um grande mercado e que os partidos fazem tudo para ganhar as eleições e que os eleitores por sua vez fazem tudo para tirar vantagens pessoais daquele processo. É uma visão bastante pessimista. Essa teoria tem base na psicologia, na análise do comportamento. 
Outro exemplo tem a ver com a guerra fria. Ao fim da segunda guerra mundial, duas potencias emergiram, os EUA e a URSS e havia uma tendência de haver uma terceira guerra mundial e só não aconteceu por causa da construção da bomba atômica. Diante daquele risco eminente de uma guerra, George Kennan pensou na formula ideal para a vitória americana contra os soviéticos, que não adiantaria partir para um conflito armado. Então a estratégia seria baseada na análise do comportamento humano, o socialismo estava ganhando espaço em relação ao socialismo, porque o socialismo teoricamente pregava igualdade e dignidade, teoricamente os trabalhadores viveriam no paraíso, aquele regime político onde o estado vai controlar os bens de produção, todos serão livre, havia a autonomia plena de cada indivíduo, onde o próprio estado ira desaparecer com o tempo, mas o certo é que havia uma boa propaganda de um regime igualitário que era um contraponto ao o modelo liberal, democrático que tinha estabelecido um capitalismo selvagem, de grande desigualdade. Liberdade e igualdade convivem numa balança partir do momento que a liberdade foi liberada, a igualdade foi destruída e aí a perspectiva da desigualdade abrangente estaria, aos olhos de Kennan, incentivando os trabalhadores a buscar uma alternativa que seria o socialismo. No sistema do capitalismo selvagem, onde o mínimo existencial não estava sendo observado, onde o trabalhador não estava tendo sua dignidade garantida qualquer alternativa soaria melhor do que aquela então dentro dessa perspectiva o socialismo estava crescendo pois vendia uma imagem de um sistema mais justo, já que as pessoas estavam insatisfeitas com a desigualdade, ele diz que ninguém quer ser igual a ninguém, o ser humano não quer ser igual a o outro, nós somos animais políticos, lutamos pelo poder, há uma tendência natural a querer impor nossas vontades, então as pessoas não estão disposta a abdicar do luxo, dos prazeres em nome de uma igualdade. O discurso socialista é atraente porque para quem não tem nada teria alguma coisa, escola, emprego, moradia, mas a partir do momento em que o capitalismo se modificar, de um passo atrás na sanha pelo lucro estabelecendo um patamar mínimo civilizatório, o mínimo de dignidade para os trabalhadores, naturalmente a ilusão socialista vai se dissipar porque a tendência será o trabalhador se satisfazer com a aquele mínimo existencial e manter vivo o sonho de se tornar rico, se tornar um capitalista. Kennan diz que o ser humano sonha com o poder, diante dessa perspectiva dê o mínimo de dignidade a ele, atenda à primeira chamada que é sobreviver, o capitalismo não estava atendendo a isso a partir do momento que passasse a atender essa primeira chamada, naturalmente o ser humano ia buscar mais, e o socialismo não iria atender esse mais porque o socialismo prega a igualdade e não o luxo, o prazer. Dessa forma, dando o mínimo de dignidade ao indivíduo, o socialismo acabou. 
CIÊNCIA POLÍTICA X DIREITO
O poder político se manifesta a partir de normas de comportamento que refletem escolhas e valores variáveis no tempo e no espaço, dentro dessa perspectiva temos as normas de etiqueta, morais e jurídicas. Nessa escala normativa, o direito resguarda o mínimo ético social, ou seja, existe um núcleo de comportamento considerados basilar para uma sociedade e é esse núcleo que é protegido pelo direito. Então a principal relação entre a ciência política e o direito é que o direito é um fenômeno do poder. É o poder político que produz o direito. Não é qualquer relação humana que é pautada no direito, mas aquilo que é essencial para a preservação da sociedade, que faz parte desse mínimo ético social, que é protegido pelo direito. O poder político estabelece normas de comportamento, dentre ela as normas jurídicas, que vão ter esse caráter de essencialidade dentro da sociedade, tendo em vista que elas são a proteção desse mínimo ético social. Sendo assim, estudar ciênciapolítica é fundamental para que compreendamos a essência do fenômeno jurídico. Muitas vezes temos a ilusão que o direito é um instrumento de transformação da sociedade, mas não é, é um meio pelo qual a sociedade estabelece limites para a ação individual em prol da convivência ou em prol dos interesses de um grupo dominante. A verdadeira transformação da sociedade é através da mudança da sua estrutura política, que reflete as instituições inclusive no direito. O direito é muito mais um produto do poder político do que autônomo, é muito mais um instrumento de contenção do que de transformação.
CIÊNCIA POLÍTICA X TEORIA GERAL DO ESTADO
A teoria geral do estado é na verdade um capítulo da ciência política. O objeto da ciência política é o poder e o estado é uma forma de organização do poder, mas não é a única forma de organização do poder. As relações de poder não estão apenas na esfera pública, mas em qualquer relação humana. Dentro dessa perspectiva, ao pensar ciência política pensamos no estudo do poder em suas diversas facetas A teoria geral do estado é apenas uma dessas facetas. Nós podemos estudar o poder dentro do estado ou fora dele. A teoria geral do estado é um capítulo da ciência política, um capitulo que ideologicamente teve uma relevância muito grande a pouco tempo atrás aqui no Brasil como um reflexo do regime militar. O regime militar alterou o currículo dos cursos de direito e de forma geral retirou a ciência política e colocou no lugar a teoria geral do estado, porque o objetivo maior era estudar política a partir da ótica do estado, não só para valorizar o estado como principal fonte do poder (perspectiva totalitária), mas para retirar o espirito crítico da disciplina. 
ORIGENS DAS SOCIEDADES
Vivemos em sociedade, da nossa convivência em sociedade o próprio direito surge como instrumento de contenção, de equilíbrio, como produto do poder. “Ubis societas, ibi jus”, onde está a sociedade há o direito. Existe uma necessidade de contenção desses conflitos sociais então o poder age a partir dessa necessidade de equilíbrio entre a vontade e a importância de convivermos com a necessidade que temos inerente a cada indivíduo de querer transformar e dominar os semelhantes. Constatando o fato de que somos sociais resta a seguinte pergunta = porque vivemos em sociedade? Podemos destacar duas correntes: a perspectiva do impulso associativo natural e perspectiva contratualista. 
CONCEPÇÃO DO IMPULSO ASSOCIATIVO NATURAL
O impulso associativo natural tem como principal nome Aristóteles, ele vai afirmar que o homem vive em sociedade por uma questão biológica, ou seja, não há escolha. O homem não consegue viver fora da sociedade, ele necessariamente é um ser social (impulso associativo natual). Por outro lado, temos as correntes contratualistas. 
OS CONTRATUALISTAS
As correntes contratualistas falam do contrato social, ou seja, viver em sociedade seria uma opção, uma escolha, e não uma imposição da natureza. O homem poderia viver fora da sociedade, mas optou por uma vida em sociedade por diversos motivos. E quais seriam esses motivos? Dentro das correntes contratualistas temos duas vertentes iniciais, conrtatualistas do equilíbrio social e contratualistas do desenvolvimento humano. 
Os defensores do equilíbrio social pregam a ideia de que os seres humano optaram por viver em sociedade, mas essa opção por viver em sociedade teria decorrido da necessidade de conter a guerra de todos contra todos, promovendo a convivencia (expressão de Tomas Hobes), ou seja, a ideia de que antes de existir sociedade existia o caos e a sociedade é produto de uma necessidade de equilíbrio, com intuito inclusive de evitar a extinção da própria humanidade. Dentro dessa corrente podemos destacar Hobes e John Locke, John também vai concordar com Hobes nesse aspecto de que o contrato social foi formado com o intuito de evitar o conflito, garantir a paz. Ocorre que existe uma diferença fundamental entre Hobes e Locke. A ideia de Hobes é que no estado pré-social existia o caos então em algum momento foi feito um contrato social para uma nova fase onde os seres humanos estabeleciam um parâmetro de convivência, mas para Hobes esse contrato deveria ser firmado em clausulas bastante rígidas, restringidas, ou seja, na visão dele o ser humano não pode viver em uma liberdade muito ampla porque ele tenderá a abusar dessa liberdade, já que o homem é ruim por natureza. Então o modelo que Hobes defende de sociedade, de estado é o leviatã que é uma alegoria que representa o próprio estado total (estado absoluto), que limitaria drasticamente a liberdade. Já Locke tem uma perspectiva oposta, embora também seja um contratualista do equilíbrio. Ele é um teórico do liberalismo então ele defende que as regras são necessárias, mas elas devem ser as mínimas necessárias, ou seja, ele defende o estado mínimo, que não intervém no mercado, que é um mediador muito mais do que um protagonista, o papel do estado é subsidiário. Para Locke a criatividade humana é o principal fator que os diferencia dos animais e para que essa criatividade seja exercida é necessário que haja liberdade então Locke defende a liberdade. 
A corrente do desenvolvimento humano apresenta a figura de Rousseau, que é também é um contratualista, mas ele fundamenta o contrato social a partir de outra perspectiva. Ele acredita que o contrato social é produto e uma necessidade de desenvolvimento humano. Ele vai dizer que antes da sociedade o homem é o bom selvagem, “o homem é bom e a sociedade o corrompe”. Porque, então, o homem foi viver em sociedade se ela o corrompe? Isso ocorre porque o contrato social se torna necessário para que haja o próprio desenvolvimento da sociedade, os seres humanos percebem que aliando forças, agindo coletivamente, podem progredir e o grande objetivo do ser humano é o progresso. 
O ESTADO
CONCEITO E ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
Quando pensamos no estado falamos numa das principais formas de organização de poder, que, para os nossos estudos jurídicos, ganha uma relevância grande, uma vez que na evolução histórica do direito, o surgimento do estado proporcionou uma maior clareza na diferenciação entre a moral e o direito, a partir do momento em que o estado como entidade organizada passou a assumir o papel de criador e aplicador do direito. O estado não nasceu com a modernidade, já existia na antiguidade. O estado nem sempre existiu, mas ele tbm não é tão recente assim. O estado é uma forma de organização política composta de 3 elementos fundamentais: o povo o território e a soberania. O povo é o elemento humano do estado, é o conjunto de pessoas que vai exercer o poder soberano em um território. Qual é a diferença entre povo e população e porque o elemento do estado é o povo e não a população? População é a soma das pessoas que se encontram no território do estado em um determinado momento, isso exclui os brasileiros que estão no exterior, por exemplo. Isso quer dizer que não há distinção entre os nacionais e os estrangeiros, são todas as pessoas. O vínculo entre população e estado é um vínculo meramente jurídico, o dever de obediência do ordenamento jurídico para o exercício de deveres e de diretos. Exemplo: o caso do nadador Ryan Loche. A diferença da população para o povo é que o povo é um conjunto de pessoas que guarda com o estado vínculos de identidade, que são vínculos jurídicos e políticos, o povo pertence ao estado e o estado pertence ao povo. Aquele que faz parte do povo, fara parte desse povo independentemente das fronteiras, em qualquer lugar do mundo. Porque o povo é elemento do estado e não a população? Porque é necessário para que o estado exista, que existam pessoas que tenham a capacidade de exercer atividades de governo (votar, por exemplo). O que é a nação? É um conjunto de pessoas que guarda entre si vínculos culturais semelhantes, isso significa que a ideia de nação não está necessariamente vinculada a ideia de estado ou de povo, o que forma uma nação é a existência de uma identidade cultural, e não política. Exemplo: Judeus.Território é a área do globo terrestre sob a qual o estado exerce a soberania. Ele compreende três elementos básicos: o domínio terrestre, marítimo e aéreo. A soberania é o poder próprio do estado o, o poder que caracteriza o estado como tal, é o que dá identidade ao estado, e que se revela a partir de duas dimensões: a dimensão externa e a dimensão interna. A dimensão externa significa que o estado é soberano externamente porque ele tem independência política perante os entes externos, estrangeiros. A soberania externa é exercida quando, por exemplo, um país tem unicamente a prerrogativa de tomar uma decisão sobre um determinado assunto sem a submissão a um outro país. Exemplo: o caso do cidadão americano em Singapura (chibatadas), o caso da Indonésia. Já a soberania interna significa a imperatividade do poder do estado. Isso significa que no exercício da soberania interna o estado tem a capacidade de criar normas jurídicas e faze-las cumprir por todas as pessoas (população).
SURGIMENTO DO ESTADO 
As primeiras sociedades humanas eram nômades e haviam laços de identificação entre as pessoas, mas não um laco caracterizado como um laco estatal. Antes de existir estado existiam nações, mas como não havia território, não havia estado. A evolução da humanidade levou à sedentarizarão e foi ela que patrocinou o surgimento do estado. Para tentar explicar o surgimento do estado surgiram algumas teorias. A teoria da potencialidade diz que os seres humanos no exercício da criatividade, evoluíram de sociedades nômades para sociedades sedentárias a partir da dominação da agricultura, da pecuária e aí surge o estado, porque a partir do sedentarismo surge o território. A teoria familiar também fala do exercício da criatividade e do domínio de técnicas que levaram ao sedentarismo, porém, se distingue da teoria da potencialidade porque ela ressalta o aspecto familiar como o núcleo do surgimento dos primeiros estados, ou seja, a ideia de que as famílias foram os primeiros grupos sociais e a partir da conivência das diversas famílias entre si e da consequente sedentarizarão dessas famílias é que o estado teria surgido. Teoria da conquista apresenta a ideia de que a sociedade era nômade e ela se dividia em grupos, mas da rivalidade entre esses grupos é que teria surgido o estado. Dois grupos nômades entram em conflito e quando um ganha e o outro perde eles se sedentarizam, os vencedores explorando a força de trabalho dos vencidos. Teoria patrimonial ou teoria econômica parte do pressuposto segundo o qual em um determinado momento um grupo de nômades teria cercado um pedaço de terra fazendo surgir a propriedade privada, a partir daí o mundo teria se dividido entre os proprietários dos meios de produção e os que tinham a força de trabalho, se estabelecendo então uma divisão do trabalho e uma sedentarização, os que tem a terra exploravam os que não tinham a terra e passavam a depender dela para a sobrevivência.
O ESTADO ANTIGO
A evolução histórica do estado se confunde com a evolução histórica do próprio direito. O direito vem das relações de poder, que é um pressuposto da organização das sociedades, que atua criando normas de comportamento que podem ser hierarquizadas. O direito, portanto, resguarda o “mínimo ético social”. Desde a antiguidade, com o surgimento do estado, passa a existir uma distinção mais clara entre direito e moral porque a moral impõe comportamentos, e quando um comportamento moral não é observado existe sanção difusa. Já quando pensamos no direito temos a sanção jurídica organizada. Mas nem sempre foi assim porque o estado nem sempre existiu. Antes de existir estado existia o direito porque ele se preocupa em resguardar o “mínimo ético social” e qualquer sociedade tem o mínimo ético, seja ela uma sociedade organizada sob a forma do estado ou não “ubis societas, íbis jus”. O que acontecia era que antes de existir estado os conceitos de moral e direito se confundiam. O direito era uma moral mais elevada. O surgimento do estado permitiu uma dissociação entre o direito e a moral. E essa moral mais elevada era fundada principalmente na religião que prevaleceu no início do surgimento dos primeiros estados, isso pode ser verificado no Egito, na Índia. 
Dentre os estados antigos, o destaque maior vai para a China. Ao contrário do Egito e da índia, por exemplo, tinha um caráter mais humanístico porque a filosofia chinesa temperou o misticismo da época. É importante destacar também a Mesopotâmia, que foi palco do surgimento do código de Hamurabi que representou para a história do direito o advento do princípio da proporcionalidade e esse princípio foi revelado pela famosa lei do talião “olho por olho, dente por dente”, passando a existir um parâmetro para a sanção. O código de Hamurabi era bem diferente dos códigos atuais, que no caso do Brasil é composto por normas gerais e abstratas. Norma geral e abstrata prevê uma conduta qualquer abstratamente, ou seja, dissociada de uma situação concreta e prevê também uma sanção para essa conduta. Por exemplo: artigo 121 do código penal, matar alguém, pena: 6 a 20 anos de reclusão. Essa norma aplica-se a todos, por isso é geral, e é abstrata porque não está vinculada a uma situação concreta. O código de Hamurabi era uma compilação de situações concretas e não composto de normas gerais e abstratas. Então era um código jurisprudencial. 
A mudança de paradigmas mais importante desse período antigo para o mundo ocidental se deu na Grécia em Atenas. Quando pensamos na Grécia pensamos em várias cidades estado, as polis. Inicialmente em Atenas tínhamos uma classe política dominante que eram os eupátridas que eram proprietários de terra que se colocavam em uma situação política e econômica de superioridade perante ao resto da sociedade. Só que o desenvolvimento comercial de Atenas e o próprio desenvolvimento da filosofia fizeram com que o poder dos eupátridas fosse questionado o que levou a democratização de Atenas que simbolizou a transposição do poder teocrático para o poder humano. Os eupátridas perderam prestigio, foram levados a fazer reformas políticas, primeira delas com Dracon que era um eupátrida e fez uma reforma que não atendeu aos interesses das outras classes sociais. Depois veio Sólon que foi o pai teórico da democracia, que foi implementada por Péricles. A democracia ateniense se desenvolveu como um regime político baseado no poder do homem e não de Deus e na ideia de igualdade, isonomia. Em Atenas todos os homens livres e adultos tinham a prerrogativa de se reunir em praça pública e tomar decisões. Havia representação política na época e os representantes eram escolhidos através de sorteio. Só que com a ascensão do Império romano ocorre a retomada da teocracia, da figura do Imperador como uma figura divina. Com Teodósio e Constantino teremos uma superação da natureza divina do rei pela investidura divina. Roma então vivencia ainda um período humanizado do poder que vai se encerrando com o desenvolvimento do império romano que termina sendo dividido em dois até que a decadência do império ocidental ocorre o fim da idade antiga e o início da idade média.
O ESTADO NA IDADE MÉDIA
Na alta idade média, o modelo de estado centralizador que impõe regras de direito, as faz cumprir e é plenamente independente politicamente, desaparece praticamente porque houve uma grande rearrumação política da Europa que foi caracterizada pela formação de novos reinos e juntamente com a formação desses reinos, surgiram os feudos e nessa estrutura feudal de suseranos e vassalos uma das principais características que vai se observar é que um suserano é também o vassalo do senhor mais poderoso, portanto existe uma hierarquia social, que é combinada com uma atividade econômica essencialmente rural, pouca mobilidade social e política e uma forte presença do pluralismo jurídico. O pluralismo jurídico foi a mais importante característica do direito medieval. 
O ordenamento jurídico é um sistema de normas, e do poder nascem as normas de comportamento, ele afirma que não existesistema jurídico de uma norma só. Por exemplo, um sistema jurídico de uma norma só onde tudo seria permitido será um caos, e se tudo fosse proibido também seria o caos. O pluralismo jurídico é algo um pouco mais complexo, pois você tem mais de um ordenamento em uma mesma sociedade. Porque havia a forte presença do pluralismo jurídico na idade média? Porque havia essa confusão entre quem mandava e de que forma mandava? Porque a ideia do estado como todo poderoso, como a entidade que é responsável por criar o direito e aplica-lo essa ideia se esfacelou, a unidade política do estado foi mitigada na idade média pelo surgimento dos feudos. O feudo estava geograficamente dentro de um reino, mas na pratica o senhor feudal mandava mais do que o rei. Isso significava na pratica que o rei tinha uma soberania externa, mas não tinha internamente. Nem os reinos nem os feudos conseguem combinar soberania interna e externa por isso pode-se dizer que o estado desaparece como forma de organização política na alta idade média.
Homens livres existiam na Europa naquela época e muitos desses homens livres desenharam novas rotas comerciais com o oriente, expandiram seus negócios e isso possibilitou o ressurgimento comercial. A Europa medieval sofreu várias epidemias que dizimaram boa parte da população e viabilizaram a migração populacional grande. Isso permitiu um intercâmbio entre as diversas regiões europeias e consequentemente uma reativação do comercio e do espaço urbano. Além disso, os feudos produziam suas próprias subsistência só que se tornou comum o excedente de produção feudal o que viabilizou também o comercio populações de um feudo trocando mercadoria com as populações de outro feudo, isso é importante para que as cidades e os comércios ressurgissem. E, finalmente, a Igreja Católica através das cruzadas patrocinou um intercambio político cultural e econômico porque muitas pessoas, através da chamada luta contra os infiéis, migraram geograficamente e isso também ativou as relações comerciais. Todos esses fatos em comum gerou um ressurgimento do comercio e do espaço urbano. E juntamente com o surgimento das cidades e do comercio surgem os burgueses e o capitalismo. O que nós teremos no século 15 em especial é uma união de interesses entre os reis e a burguesia, com essa aliança muitos reis unificaram feudos, unificaram a moeda e a burguesia apoiou tudo isso porque para a burguesia seria fundamental a formação do estado nacional moderno. O absolutismo monárquico vai surgir a partir desse apoio da burguesia e que possibilita essa nova formatação política. 
Um outro fato importante para se destacar sobre o direito na idade média é a formação das duas principais famílias jurídicas que nós temos hoje, a família do civil law e do common law. O civil law é uma tradição jurídica de origem germânica ou romana que se baseia fundamentalmente na lei, a lei geral e abstrata. Aqui no brasil nós temos a tradição do civil law. A tradição do direito americano já estuda o common law, jurisprudência. Já o common law se baseia na principal fonte do direito como sendo o precedente jurisprudencial, o costume dos tribunais. O common law seria o direito comum de todos os ingleses. Antes de 1066 a Inglaterra era tomada por feudos e pela forte presença de um pluralismo jurídico, quando Guilherme o conquistador chega a Inglaterra ele procura unificar o poder, então ele cria tribunais. O common law foi a construção jurisprudencial desses tribunais, ou seja, os precedentes criados pelas decisões dos tribunais se tornavam vinculativos. O direito inglês é um direito que se baseia na tradição, o common law tem essa concepção. 
O ESTADO MODERNO
A modernidade é um período histórico compreendido entre o século 15 e o século 18. O ano de 1463 foi um marco decisivo para a transição da idade média para a moderna quando ouve o fim do império bizantino. A idade moderna é uma era de transição entre um feudalismo decadente e um capitalismo ascendente. A consolidação do poder nas mãos do rei com a formação do estado moderno absolutista vai ser a grande consequência da junção da burguesia e do rei contra o senhor feudal. O capitalismo de fato vai se impor e tornar predominante com a revolução industrial e a idade moderna é o palco dessas revoluções burguesas e da revolução industrial. No início da idade moderna, teremos de importante para destacar a formação do estado moderno absolutista. O absolutismo vai ser consolidado a partir da formação de um poder central, da unificação da moeda, de uma superação do pluralismo jurídico pelo monismo jurídico. Isso ocorre porque nós temos a formação do estado que assume a responsabilidade de criar e aplicar o direito. Juntamente com essa ascensão do estado teremos a decadência da Igreja Católica. A reforma protestante vai ocorrer e vai limitar o poder da Igreja. Surge também o conhecimento metafisico. E com o passar do tempo, com a modernidade surge a união da burguesia com o rei só que essa burguesia tinha com o rei uma união de interesses e em um determinado momento essa burguesia vai perceber a sua força, a revolução industrial vai eclodir e fara com que a burguesia perceba que o rei se torna inimigo, porque o rei já não será mais necessário já que o senhor feudal foi derrotado. Quando isso ocorre caminhamos para o fim do absolutismo monárquico e para a formação do estado liberal. 
Surge então o estado moderno que, portanto, vai ser constituído sobre a égide do absolutismo monárquico. Então o absolutismo monárquico vai ser a primeira ideologia moderna que vai ser aplicada diretamente sob a formação do estado. O absolutismo monárquico vai se caracterizar pela centralização política nas mãos do rei, que inclusive tem legitimidade teocrática. Esse período da idade moderna é um período de contradições ideológicas, é um período de transição entre um feudalismo decadente e um capitalismo cada vez mais forte e a característica do absolutismo monárquico reflete um pouco essa transição, o rei se torna o senhor absoluto do estado com forte concentração de poderes nas suas mãos e com uma fundamentação ideológica do seu poder a partir da ideia da investidura divina dos reis, que prega que o rei é um representante de Deus na Terra. Mas ao mesmo tempo o estado moderno introduz na sociedade o pensamento cientifico, a burguesia vai trazer para a sociedade em geral a defesa da ciência, algo que já podemos observar no período medieval, mas com uma forte oposição da igreja. É na idade moderna que o poder da Igreja vai se abalar e a reforma protestante vai retirar da igreja muito do seu poder. E aí a reforma protestante vai sofrer uma contrarreforma, teremos reflexo dessa dualidade em vários âmbitos do conhecimento, teremos, por exemplo, na literatura, o homem barroco. Mas no momento inicial a burguesia apoia o absolutismo por conveniência. E aí vários filósofos vão sustentar o discurso absolutista, por exemplo Tomas Hobes. Ao defender a ideia de que o homem é o lobo do homem e que é necessário um estado leviatã capaz de estabelecer um equilíbrio social, vai defender o poder do rei. Outro pensador que fundamenta o absolutismo é Jean Bodin, que defende que a soberania é uma caraterística absoluta do estado, ou seja, que todo poder está no estado, ou seja, nas mãos do rei. A primeira ideologia que vai se aplicar ao estado moderno é o absolutismo, que terá uma serie de antagonismo já que vai ser apoiado pela burguesia que prega o discurso cientifico e o estado laico. 
Então o absolutismo monárquico vai prevalecer nos primórdios do estado moderno, mas a era moderna era uma era de transição entre um feudalismo cada vez mais fraco e um capitalismo mais forte, e transição entre um poder central forte e um estado. E aí o século 17 vai ser muito importante para compreendermos esse processo de transição na Inglaterra. A Inglaterra vai ser o berço de Tomas Hobes que vai defender o leviatã num período de crise gerada pela revolução burguesa, desencadeada a partir da máquina a vapor, a partir da revolução industrial. O século 17 vaiser o palco fértil para a oposição ao poder absoluto do rei. A burguesia apoiou o rei por uma questão de interesse, havia naquele momento a necessidade por parte da burguesia de promover um poder central forte capaz de unificar a moeda, viabilizar o comércio e enfraquecer o poder dos senhores feudais a fim de desenvolver o capitalismo. Mas o poder do rei foi sendo minado embora o rei fosse um aliado. O rei então será destronado. A burguesia vai observar que o inimigo comum entre nobreza e burguesia, ou seja, o senhor feudal esta derrotado. A revolução industrial vai sinalizar para a buguersia que o capitalismo venceu. Se o senhor feudal esta derrotado não se justifica mais a aliança com o rei porque o rei é inconveniente para os interesses burgueses, ele é centralizador, vive às custas dos burgueses, é autoritário, então eles acabam com o poder do rei.
Em 1628 teremos o petition of rights que foi uma carta que o parlamento inglês dirigiu ao rei Carlos I pedindo a ele que ouvisse os parlamentares, que convocasse o parlamento, que ele valorizasse o parlamento, que estava esquecido. Esse parlamento inglês é a casa dos representantes do povo, no caso da Inglaterra existe o parlamento bicameral, existe a câmara dos comuns e a dos lordes. Em 1628 quem mandava de fato era o rei, só que antes do rei Carlos I primeiro alguns episódios merecem ser destacados. Em 1066 a Inglaterra se tornou um estado quando Guilherme o conquistador chegou e estabeleceu o common law. Só que em 1215 tínhamos um rei na Inglaterra chamado João sem-terra, ganhou esse apelido pois não tinha propriedades, ai ele aumentou os tributos o que gerou uma revolta que originou a criação do parlamento inglês. O parlamento inglês foi uma assembleia de nobres que se reuniram para contestar os abusos do rei. O rei João sem-terra foi obrigado a assinar um documento chamado magna carta que compõe hoje o que nos conhecemos como constituição da Inglaterra e estabeleceu vários direitos fundamentais para a nobreza na época. A magna carta simboliza a criação do parlamento inglês como esse órgão fiscalizador do rei e vai impor limites à atuação do rei. Só que em 1485 teremos uma guerra civil na Inglaterra que vai consolidar o poder dos ?, o mais conhecido dos ? foi Henrique VIII, que vai se tornar um rei absoluto e o parlamento vai passar a ser mais decorativo. Em 1628 o parlamento vai se rebelar e exigir um enfraquecimento do rei. Então o petition of rights foi a primeira demonstração dessa insatisfação. Só que não deu muito certo inicialmente, e os anos passaram e o governo de Carlos I ficou cada vez mais fragilizado até que ele terminou sendo preso e assassinado. E o assassinato de Carlos I culminou em uma revolução burguesa conhecida como revolução de cronwell, que implementou na Inglaterra o único período da Inglaterra que não foi monárquico e sim uma república, mas só durou 5 anos e a monarquia foi reestabelecida na Inglaterra mas não como antes. Outro episódio histórico que vale a pena destacar foi em 1679 quando tivemos a publicação do habeas corpus act, da lei do habeas corpus, que vai significar uma lei segundo a qual ninguém será preso de forma arbitrária, sem direito a defesa. Essa é uma perspectiva também do petition of rights e também da magna carta. O direito romano também previa o habeas corpus com o nome de interdicto de homine libero exhibendo. Isso vai demonstrar que o rei está fraco. 
O ESTADO LIBERAL CLÁSSICO
Quase 10 anos depois (1688 - 89) teremos a revolução gloriosa. O rei inglês tinha se tornado um rei fraco, que estava sofrendo uma forte oposição do parlamento, nessa perspectiva há uma ameaça de uma guerra civil e até da morte do próprio rei, ele então foge e abre espaço para o genro dele chamado Guilherme de Orange que vai ser coroado rei com o apoio da burguesia, porque a condição que a burguesia impõe para que ele se torne rei é que ele assine um documento chamado bill of rights que vai significar o fim do absolutismo. Com o bill of rights a monarquia é mantida, o common law é também mantido, mas o rei vai admitir que o poder mais importante na Inglaterra será o parlamento, o rei se tornara um mero executor da lei. Teremos então a perspectiva de John Locke de separação dos poderes, o poder executivo (rei) e legislativo (parlamento: criar as leis e fiscalizar a atuação do poder executivo, função que decorre da própria magna carta). 
Em 1789 teremos a revolução francesa que será consolidada no final do século 18. A revolução francesa se propôs a ser uma ruptura com o antigo regime. Enquanto na Inglaterra a burguesia faz um acordo com o rei, na França ocorre uma ruptura efetiva com o antigo regime e o rei em 16 é levado a guilhotina. A revolução francesa vai ser construída a partir de um movimento político social que é chamado de iluminismo. Uma das principais historiadoras do mundo chamada Gertrude, vai dizer que o iluminismo não é produto da França. Ela diz que existiriam 3 iluminismos, o francês, o inglês e o americano. Ela vai dizer que há uma distinção entre o iluminismo inglês e francês porque o iluminismo francês foi de fato um movimento político que tinha uma finalidade, um movimento para a elevação da França à protagonista do mundo ocidental, a ideia de que os valores burgueses, franceses deveriam ser exportados para todo o mundo. É essa perspectiva de um iluminismo voltado a construção de direitos humanos, de direitos que deveriam ser exportados para todo o mundo criando, portanto, uma hegemonia política social da França em relação aos outros países. E esse iluminismo vai ser refletivo na revolução francesa, tanto é que é muito conhecido o lema da revolução francesa criado pelos iluministas: liberdade, igualdade e fraternidade. E essa liberdade, igualdade e fraternidade vai ser acompanhada pela declaração universal dos direitos do homem e do cidadão onde nós temos a demarcação do surgimento da teoria dos direitos fundamentais, a ideia de que aqueles valores deveriam ser observados em todo o mundo, por todas as pessoas, independentemente das questões culturais. Nessa perspectiva, a França estabelece esse lema, da igualdade liberdade e fraternidade a partir de uma ótica da prevalência da razão humana, e essa sociedade racional, vai encontrar sua racionalidade na lei. 
Antes da revolução francesa, com o estado teocrático, o que unificava a sociedade era o poder teocrático do rei baseado na investidura divina. Pensamento racional, cientifico, a ideia de liberdade, igualdade e fraternidade, ira romper com essa lógica. O estado racional cientifico que os franceses vão defender é o estado laico. O que é a política? É a arte de conquistar, manter e exercer o poder. Para conquistar o poder a burguesia francesa buscou ideologicamente romper a relação entre estado e religião, criar a noção de que todos são iguais perante a lei, criar uma sociedade baseada na ciência e na razão. Para manter o poder a burguesia não podia mais recorrer a deus, à religião, era necessário criar um novo elemento unificador da sociedade que era a lei baseada na razão humana, baseada na ciência, a lei em tese seria igual para todos. A resposta da ciência para a organização e estabilidade da sociedade seria a lei criada a partir da razão humana. Então a lei passa a ser tratada como elemento de unidade da sociedade, o estado de direito baseado na lei e não apenas na lei, na constituição. Na revolução francesa teremos o pensamento de Emanuel Siéves, que é um dos principais construtores do constitucionalismo moderno. Ele vai escrever uma obra chamada o que é o terceiro estado. Nessa obra ele vai dizer que existem leis comuns, ordinárias, mas que se fundamentam na constituição, ou seja, na lei maior, e essa lei maior seria criada pela razão humana, teria um caráter cientifico, seria igual para todos. A lei nasce de escolhas, da vontade popular. Se a lei é produto de valores e escolhas que variam no tempo e no espaço, se a lei é produto do poder, quando dizemos que todos são iguais perante a lei, lei que por sua vez é criada pelos homensde forma desigual, alguns terão o poder para impor as leis e outros terão o poder de obedece-las. Então quando a burguesia diz que todos são iguais perante a lei e busca a ideia de que a lei é cientifica e objetiva, de que o juiz é a boca da lei (que aplica a lei mas não a interpreta), a lei passa a ser um dogma. 
Liberdade, igualdade e fraternidade pode ser traduzido como liberdade, liberdade. Qual era a igualdade que a burguesia francesa queria? A igualdade política baseada na supremacia da lei. Quando se fala em igualdade na perspectiva da burguesia francesa, o que nós temos é a igualdade formal “todos iguais perante a lei” em tese todos são iguais, só que a lei é desigual. Só que Aristóteles já dizia, quando você trata desiguais de forma igual, a desigualdade não apenas permanece como tende a aumentar. Ele falava da igualdade material, como uma perspectiva de justiça, que é o tratamento desigual aos desiguais na medida da desigualdade. A fraternidade liberal pode ser observada a partir do pensamento econômico de Adam Smith. Ele vai enxergar a solidariedade social, ele vai dizer que se você quer o bem-estar social, você deve ser individualista. A perspectiva é a seguinte: se eu for egoísta eu vou buscar o melhor para mim, vou buscar enriquecer, e quando eu enriqueço eu gero mais emprego e mais dinheiro na economia. Então a perspectiva individualista é uma perspectiva também solidaria no sentido de que você não está isolado, você vai agir conforme seus interesses particulares, mas dentro de um grupo e de alguma forma você vai cumprir um papel na sociedade e toda a sociedade vai ganhar caso você cumpra esse papel de forma eficaz.
AS IDEOLOGIAS
LIBERALISMO
O liberalismo vai pregar a ciência, a razão, a objetividade, o estado mínimo, a ideia de que o mercado era regido por uma mão invisível e que, portanto, o estado não deve interferir na economia. O liberalismo teve como principais expoentes teóricos John Locke, David Ricardo, Adam Smith. O liberalismo sobrevive até hoje com muitas variantes, o liberalismo clássico foi o liberalismo nascido lá no século XVIII mas temos o neo-liberalismo, o próprio liberalismo social. Para o pensamento liberal, quanto menor for a influência do estado na vida do cidadão, melhor porque o estado escraviza, e o cidadão tem que ser livre para tomar suas decisões. Frederich von Hayek que afirma isso (o estado escraviza), ele diz que muitas vezes o discurso da igualdade não observa que a liberdade pode gerar, mesmo num mundo desigual, ganhos para todos. Uma das características fundamentais na percepção dos liberais é a vontade de desenvolver a criatividade, e quando você, através de uma força que é o estado, impõe uma igualdade a todos, você está tolindo a criatividade de cada um, a liberdade, e no final das contas todos acabam sendo nivelados por baixo. 
REPUBLICANISMO
Na mesma época do liberalismo, surge uma teoria que rivaliza com o liberalismo no plano da teoria política, que é o republicanismo. O republicanismo se baseia na ideia do equilíbrio das forças políticas, na ideia de que em uma sociedade republicana a uma necessidade de se equilibrar os mais diversos interesses. Republica vem de coisa pública, e nasce em Roma, na Roma antiga. Vai nascer com pensadores como Cícero, que defendia que o estado deveria ser organizado a partir de um logica de separação dos poderes, por exemplo a necessidade de existência do senado que vai representar a aristocracia, de um tribunal da plebe que vai representar o povo, de um líder político que vai representar o monarca e aí o equilíbrio entre essas três vertentes seria a base de organização da sociedade. A ideia de republica muitas vezes se confunde com a ideia de democracia, nos primórdios da idade moderna lá na época da revolução francesa, se falar em republica e em democracia era se falar em coisas diferentes porque a democracia naquela época estava muito voltada a ideia da democracia direta, da democracia ateniense e a república a ideia de representação política a base maior do pensamento republicano era: separação dos poderes, defesa da lei e representação política. Além desses 3 aspectos, podemos destacar o seguinte, o republicanismo prega ideologicamente o compromisso do cidadão com o estado, com a república, ou seja, a ideia de que o cidadão deve se integrar a sociedade. Aí a gente vê a diferença entre o liberalismo e o republicanismo, a perspectiva liberal separa as esferas pública e privada, na visão dos liberais a esfera privada existe e deve ser respeitada e ela é a mais importante e subsidiariamente existe uma esfera pública que é necessária para a manutenção da segurança pública e do equilíbrio, mas que está em segundo plano. Já os defensores do republicanismo defendem a ideia de que o indivíduo só é completo quando ele se integra na sociedade, então eles defendem que a esfera pública e a privada de certa forma se completam, ou seja, que nós temos deveres a cumprir, os chamados deveres fundamentais, que é uma perspectiva que está no cerne do pensamento republicano a ideia de que o indivíduo deve se integrar na sociedade e deve, mais do que direitos, buscar exercer seus deveres, seus compromissos com o outro, dever de solidariedade, de participação política. Então o pensamento republicano defende uma ideia de participação e não apenas de representação. Para os liberais a política é representativa, já os republicanos pregam a ideia de que o cidadão deve ser participativo, tem que atuar cada dia, de que a vida privada não vale nada sem a vida pública. Um dos principais nomes da história do republicanismo foi Maquiavel, ele é visto como um doutrinador do absolutismo, mas ele era um cientista político que analisava a realidade dos fatos como ocorreu. O republicanismo é uma doutrina que vem sendo resgatada, tem suas origens remotas em Roma, mas nos últimos anos vários estudos sobre o republicanismo vêm sendo retomados dentro da perspectiva de que o cidadão deve ser mais ativo, é uma oposição de certa forma à perspectiva liberal. O que diferencia o republicanismo da democracia? A democracia era identificada com a ideia da participação direta, enquanto que a república pressuponha um ativismo do cidadão na sociedade, mas também com a representação política. 
SOCIALISMO
No século XIX vai haver liberdade demais igualdade de menos, porque liberdade e igualdade convivem em uma balança e quando há muita liberdade, existe pouca igualdade, e ai o liberalismo exacerbado, o capitalismo selvagem vai levar a um a grande desigualdade social. O socialista vai defender que o estado tem que assumir um papel interventor na sociedade a fim de garantir a igualdade, a igualdade material (tratamento desigual aos desiguais na medida da desigualdade) em detrimento da igualdade formal (tratamento de todos iguais perante a lei), o liberalismo pregava a igualdade formal que gerava desigualdade. A revolução industrial possibilitou que os empregados passassem a conviver no local de trabalho, e é com base nisso que os sindicatos vão surgir. Os primeiros socialistas foram apelidados de socialistas utópicos pois não tinham uma explicação mais convincente acerca do processo de libertação do capitalismo, eles diagnosticaram o problema (desigualdade), mas não apresentaram a cura para esse problema. Em contraposição aos socialistas utópicos surgiram os socialistas científicos, que foram Marx e Engels, que vão escrever em 1848 o manifesto comunista. Eles defendiam que durante toda a história da humanidade a economia foi a base de organização política, então eles vão dizer que existem a infraestrutura e a superestrutura, a infraestrutura são as relações econômicas e a superestrutura seria tudo aquilo que decorre das relações econômicas, inclusive o próprio direito, o cerne, portanto da desigualdade social seria a luta de classes dentro da chamada infraestrutura no plano econômico. Aí eles vão retomar a lógica da dialética, que foi trazida por Hegel, que dizia que a sociedade evolui da tese e da antítese que dão origem a uma síntese, e a síntese se tornariauma nova tese, e então uma nova antítese e uma nova síntese e assim sucessivamente. Marx traz a ideia da dialética no plano político a partir do aspecto econômico e da luta de classes. A tese é que na história da humanidade o fator econômico sempre foi o decisivo, a disputa econômica pelo poder, ai nós tivemos uma classe dominante e uma classe que buscava conquistar o poder daquele classe dominante. Por exemplo, a luta do trabalho escravo contra o trabalho assalariado, onde venceu o assalariado. Na visão de Marx e Engels há um plano evolutivo a partir da luta de classes e o próximo plano seria a sociedade igualitária, o comunismo. Mas para chegar ao comunismo, devemos passar pelo socialismo. No socialismo o estado se fara presente, mas não como parte da superestrutura, sendo um instrumento de dominação a favor da classe dominante, o papel do estado no socialismo é comandar a produção das riquezas e distribuir essas riquezas. No comunismo, todos teriam consciência do seu papel na sociedade, fariam exatamente o papel designado e todos viveriam em harmonia. 
FINALIDADES DO ESTADO
Segundo Jellinek, o estado teria fins essenciais e fins não essenciais. O fim essencial é aquele que todo estado deve cumprir e os fins não essenciais são acessórios, o estado poderá ou não cumprir esses fins a depender do seu perfil ideológico. Os fins essenciais são também chamados de fins jurídicos e os fins jurídicos considerados essenciais para a existência do estado são: a defesa da soberania do estado e a garantia da segurança pública. Todo e qualquer estado, independente do seu perfil ideológico, deve conter essa finalidade, é uma finalidade que está na essência do estado. Está na essência do estado, o estado nasceu para garantir a segurança, para criar e aplicar o direito, protegendo a sua soberania e garantindo a segurança das pessoas. Todo e qualquer estado, seja ela mínimo ou totalitário, tem essa finalidade. Jellinek diz que o estado poderá cumprir os fins não essenciais que são também chamados de fins sociais, garantir a educação, saúde, moradia. 
Os fins do estado dentro de uma ótica relacional com os indivíduos, ou seja, como o estado se comporta na reação com as pessoas. O estado pode ter fins expansivos, fins limitados ou fins solidários. O estado que tem fins expansivos na sua relação com as pessoas é aquele estado que se agiganta, que se coloca acima das pessoas, é o estado Leviatã. O grande problema do estado com fins expansivos é que ele cresce demais a sua burocracia e ai o sujeito começa a virar escravo do próprio estado. O oposto do estado com fins expansivos é o estado com fins limitados, o estado mínimo, por exemplo, fins limitados porque a postura dele é uma postura de limitação, quando ele se relaciona com as pessoas ele se coloca abaixo das pessoas então ele tem uma postura subsidiaria em relação a liberdade individual. O estado liberal clássico é um típico exemplo de estado com fins limitados. Os fins solidários o estado está ao lado do indivíduo porque o estado promove políticas públicas que intervêm na economia, na sociedade, mas ao mesmo tempo preserva a liberdade de iniciativa, a propriedade privada, é o estado de bem estar social. 
CLASSIFICAÇÃO DOS ESTADOS
ESTADO UNITÁRIO, ESTADO FEDERAL E CONFEDERAÇÃO DE ESTADOS
Os estados podem ser classificados em: unitário, também chamado estado simples e federal, também chamado de estado composto. Para compreender a diferença entre estado unitário e federal, é necessário entender primeiro a diferença entre autonomia e soberania. Autonomia é a capacidade de criar normas jurídicas. A autonomia privada é a autonomia que as pessoas têm para firmar contratos jurídicos, já a autonomia pública está vinculada a capacidade que entes públicos têm de criar normas públicas e fazê-las cumprir. Na teoria política quando pensamos em autonomia, pensamos em capacidade de auto-organização, um ente autônomo é um ente que faz a sua própria gestão. Já um ente soberano é um ente que tem capacidade de criar normas e fazê-las cumprir. A diferença entre a soberania e a autonomia é que a soberania é mais ampla do que a autonomia, todo ente soberano é também autônomo, mas nem todo ente autônomo é soberano. Por exemplo, o estado da Bahia tem autonomia, pois tem governo próprio, cria leis, aplica as leis, mas não tem personalidade internacional, não tem soberania, quem tem soberania é o Estado brasileiro. 
Diferença entre estado unitário ou estado simples e estado federal. Ambos são estados soberanos. No estado unitário, também chamado de estado simples, não há internamente uma divisão política em entes autônomos existe um poder central que é hierarquicamente superior. Possui no máximo divisões administrativas. Já no estado federal existe uma divisão em unidades politicas autônomas. Na época do império o Brasil era um estado unitário, ou seja, o Brasil era dividido em províncias, as províncias eram divisões meramente administrativas, não eram autônomas. A Bahia por exemplo, tinha um governador que era politicamente subordinada ao poder central do Imperador. Depois que o Brasil se tornou uma república, a Bahia passou a ter autonomia política, ou seja, o estado da Bahia arrecada tributos, cria leis, etc. O Brasil é um estado federal pois é uma soberania só mas internamente ele tem divisões políticas com autonomia. 
 Os EUA é um estado federal. Tem esse nome porque até 1776 existiam 13 colônias inglesas que se rebelaram contra a metrópole e se tornaram independentes, criando uma confederação que não é um estado, é um conjunto de estados soberanos, países independentes, só que para alguns fins esses países caminham juntos. Só que essa união foi transformada em um único país, e a antiga confederação virou uma federação. Mas as 13 ex-colônias tinham um interesse de preservar suas independências relativas, e mantiveram fortes autonomias. 
A diferença entre o federalismo clássico ou dual e o chamado federalismo cooperativo é que no federalismo clássico, que é típico de estados liberais, existe uma divisão muito clara entre as funções dos estados membros e da união, daí a ideia da dualidade. Só que o estado liberal foi sendo substituído pelo estado social, um estado que tinha fins limitados passou a ter fins solidários. Então a partir do momento que os estados passaram a ter outras atribuições que não tinham antes, a complexidade da máquina pública aumentou e aí para dar vazão a essa complexidade o federalismo passou do dual para o cooperativo. No federalismo cooperativo (caso do Brasil) continuam a existir atribuições que são própria de cada ente, porem existem determinados temas que a constituição estabelece de competência compartilhada (saúde, educação, meio ambiente). 
ELEMENTOS DO ESTADO
O POVO E O DIREITO DE NACIONALIDADE
(Relembrar conceitos de nação, povo soberania – o estado, conceitos e elementos constitutivos)
As primeiras formas de identidade de grupos se referem às nações, por isso a palavra nacionalidade continuou a ser utilizada mesmo quando o estado se constituiu como um ente soberano para designar o seu elemento constitutivo humano: o povo. Na verdade, quando tratamos de direito de nacionalidade, estamos falando, juridicamente, de normas de identificação do povo e não da nação. Fala-se de nacionalidade, mas não falamos de nação, falamos de povo. Critérios historicamente utilizados pelos mais diversos países do mundo para definir quem é o povo de cada um deles. Distinção entre a nacionalidade primária ou originária e nacionalidade secundária também chamada de adquirida ou derivada. A nacionalidade primaria decorre de um fato natural: o nascimento, a nacionalidade primaria nasce com o indivíduo. Já a nacionalidade secundaria decorre de um ato de vontade, vontade do indivíduo que quer se nacionalizar e vontade do estado que deseja nacionaliza-lo, é a chamada naturalização, o indivíduo passa a integrar o povo de um determinado estado. O critério do jus solis está previsto na constituição de 88 da seguinte forma: em regra, quem nasce no Brasil é brasileiro salvoquando o indivíduo nasce no Brasil e ambos os pais estão a serviço de estado estrangeiro. Existe também o critério jus sanguinis (critério mais usado na Europa). Pelo jus sanguinis, você adquire a nacionalidade primaria, nata, não em virtude do local onde você nasceu, mas da família na qual você nasceu. Filho de brasileiro nascido em qualquer lugar do mundo, tem direito a nacionalidade brasileira nata. De acordo com a constituição, se o indivíduo é filho de brasileiro, nasce no exterior, mas o pai ou a mãe está a serviço do Brasil, automaticamente ele seria brasileiro. Outra hipótese, se o indivíduo nasce, pai ou mãe brasileiro no exterior e é registrado na embaixada ou consulado brasileiro. Terceira hipótese, se a criança nasceu no exterior, pai ou mãe brasileira, mas não foi registrada como brasileira, pode vir ao Brasil retirar seus documentos. 
No Brasil, em regra, não existe distinção entre o brasileiro nato e o naturalizado. O naturalizado é aquele que adquire a nacionalidade por vontade própria e também vontade do estado brasileiro. A nossa constituição prevê duas situações em que o estrangeiro pode se tornar brasileiro se desejar e se também o estado brasileiro desejar. A primeira hipótese é: se o estrangeiro estiver residindo a mais de 15 anos no Brasil e tiver boa conduta, ele poderá se tornar brasileiro. A outra hipótese é para quem tem menos de 15 anos. No estatuto do estrangeiro estabelece critérios: tem que ter pelo menos 4 anos, sem condenação criminal, com renda própria, saber ler e escrever em português, boa saúde. Existe duas situações de naturalização. A primeira é: um estrangeiro que é oriundo de país de língua portuguesa, essas pessoas podem se naturalizar brasileira bastando provar 1 ano de residência no Brasil. E o português tem um caso especial, ele pode se naturalizar brasileiro bastando provar 1 ano no Brasil. Mas se ele não quiser se naturalizar brasileiro, ainda assim ele poderá exercer direitos políticos no brasil como se brasileiro fosse, é o chamado português equiparado a brasileiro. E o mesmo ocorre com o brasileiro em Portugal.
O TERRITÓRIO E SEUS ELEMENTOS
O território é a área do globo terrestre sob a qual o um estado exerce sua soberania. O estado é formado pelo povo que exerce soberania em um território. O território tem três elementos: o domínio terrestre, o domínio marítimo e o domínio aéreo. O domínio terrestre compreende o solo e o subsolo do estado compreendido dentro das suas fronteiras, ou seja, a área sob a qual o estado exerce sua soberania. O domínio terrestre também pode compreender a extraterritorialidade, que desrespeito a espaços de soberania do estado fora de suas fronteiras em regiões de soberania estrangeira, exemplo: a embaixada. O estado eventualmente poderá exercer soberania sob parte do mar, dos oceanos (domínio marítimo) e é ai que fala-se de mar territorial. O mar territorial é uma faixa que hoje está determinada internacionalmente em 12 milhas marítimas na qual o estado costeiro tem plena soberania, ou seja, é como se o indivíduo estivesse em terra firme em termos jurídicos. Além do mar territorial existe a previsão no direito internacional da chamada zona contigua, ela é uma faixa do mar que também tem reconhecimento internacional, só que é um reconhecimento exclusivo para fins econômicos, mas nessa zona contigua não há mais a plena soberania do estado costeiro, é uma continuidade do mar territorial. A zona econômica exclusiva é igual a zona contigua no sentido de que seria apenas um faixa de exclusividade econômica, mas não de soberania política. A diferença é que na zona contigua, esse monopólio econômico é reconhecido no plano internacional, e a zona econômica exclusiva é unilateral, não é reconhecida internacionalmente. O pré-sal está no subsolo do mar, assim como a plataforma continental, que é a parte do continente que está submersa. O domínio aéreo passou a ser regulamentado no plano internacional em 1944, quando houve a convenção de Chicago sobre os direitos aéreos, porque até o século XX, não havia de fato uma preocupação com o domínio aéreo. Todo o espaço aéreo até a atmosfera que se encontra acima do domínio terrestre e do mar territorial é área de soberania do estado. Porém, com essa convenção, há uma necessidade de transporte aéreo e de transito entre outros domínios aéreos. Para isso, existe o chamado direito de passagem inocente, que é o direito que qualquer aeronave civil tem, em regra, de sobrevoar território estrangeiro, sem pedir autorização prévia, mas esse direito de passagem inocente não é absoluto, ele tem restrições. Primeira restrição: uma aeronave estrangeira tem o direito de passagem inocente, mas o pais sob o qual a aeronave esta sobrevoando tem o direito de monitorar o voo. Segunda: o país pode proibir o sobrevoo de determinadas áreas do seu território. A terceira restrição é a possibilidade de o estado, de forma temporária, proibir qualquer sobrevoo durante um determinado tempo, isso aconteceu no dia 11 de setembro nos EUA. 
O PODER SOBERANO E A QUESTÃO DA TITULARIDADE
(olhar conceito de soberania)
Existem duas correntes definidas em torno da questão da titularidade do poder soberano. Temos a corrente das teorias democráticas e as correntes teocráticas. Dentre as correntes teocráticas, podemos destacar a teoria da natureza divina dos reis, a teoria da investidura divina e a teoria da investidura providencial. E dentre as teorias democráticas, a teoria da soberania nacional e a teoria da soberania popular. 
As doutrinas teocráticas relacionadas à titularidade do poder soberano têm como fundamento comum a ideia de que o poder que norteia o estado é de origem divina, ou seja, de que a soberania é produto da vontade de Deus e não dos homens. A doutrina da natureza divina dos reis de que o poder do estado será sintetizado na figura de um indivíduo, o rei, que é o poder do próprio Deus, então o estado se confunde com o poder do rei que se confunde com o poder de Deus, logo o rei é uma divindade, por exemplo, os faraós do Egito, essa é uma perspectiva da antiguidade antes da expansão do monoteísmo. Se falava que o próprio rei era um deus, só que, a partir do cristianismo, fica muito claro nas religiões monoteístas de que aquele indivíduo que era um rei não poderia ser considerado um Deus. Em compensação, esse rei não queria perder a liderança religiosa que ele impunha perante a sociedade e que lhe dava legitimidade. Então a tendência natural foi a substituição da doutrina da natureza divina dos reis pela doutrina da investidura divina dos reis. Na investidura o rei já não é mais um Deus, mas é um representante, é aquele que fala por Deus, é a voz de Deus na terra, e isso vai repercutir até o início da idade moderna. A tendência na idade moderna foi a mitigação do poder absoluto do rei em favor de uma ascensão democrática do poder burguês. (olhar bill of rights e revolução gloriosa – o estado liberal clássico). No processo de manutenção do rei e ao mesmo tempo de inserção da sociedade em uma perspectiva mais laica, mais humanística, havia uma contradição. Mas ao mesmo tempo havia uma necessidade de se legitimar a continuidade da monarquia. Nesse dilema, é que surge a doutrina da investidura providencial, que é uma doutrina de transição entre a teocracia e a democracia. Ela diz que o rei é um representante de Deus, porém o poder que o rei exerce é limitado pelo povo, o rei é o escolhido de Deus, mas a voz de Deus é a voz do povo. Ela é uma doutrina de transição pois preserva a figura do rei como alguém que é dotado de um caráter divino (teocracia), mas, ao mesmo tempo, entrega o poder político ao povo (democracia). Com a revolução francesa houve uma ruptura mais efetiva entre o novo regime e o antigo regime, o rei foi levado à guilhotina. A perspectiva política de fundamentação do poder do estado já não se justificava mais sobre uma égide divina. 
A democracia nesse caso tem o sentido de que o poder do estado nasce e se fundamenta nos homens e não em Deus. Dentre as doutrinas democráticas surgem duas concepções:a doutrina da soberania nacional e a da soberania popular. A doutrina da soberania nacional foi defendida por Emmanuel Sieyés, ele não apenas falou da importância de uma constituição escrita, diferenciando as leis da constituição, mas ele tinha uma preocupação com a ideia de representação política que era uma preocupação alinhada a uma perspectiva elitista do que seria a democracia. A democracia se impôs como um poder popular a partir do momento em que o poder divino do rei foi superado. Sieyes difundiu a concepção da soberania nacional, é uma doutrina humanística, mas não democrática no sentido de sufrágio universal, é uma doutrina elitista. A ideia central da doutrina da soberania nacional é a seguinte: todo o poder nasce na nação, a nação para ele seria toda a sociedade, um coletivo e não um indivíduo. Essa doutrina pressupõe que o poder nasce da coletividade, e se nasce da coletividade, você não precisa que todos falem em nome da coletividade, você pode escolher alguns para que eles falem em nome de todos. Sieyes vai defender a ideia de que o sufrágio é uma função pública a ser exercida por alguns mais aptos, mais preparados. O poder emana da coletividade, mas a coletividade não precisa ser representada por todas as pessoas. A soberania popular foi uma concepção difundida por Rousseau, ele acreditava que a representação política era algo inaceitável, que o poder popular deveria de fato ser exercido pelo povo, sem intermediários. Dentro dessa ideia de um poder essencialmente popular é que ele vai construir a doutrina da soberania popular dizendo que “todo poder emana do povo, um homem, um voto”. Segundo ele, a soberania do estado nada mais é do que a soma das frações de soberania presentes em cada indivíduo, isso significa que a vontade coletiva pressupõe que todos falem. Então Rousseau faz a defesa da inclusão, da ideia do sufrágio universal. No Brasil, temos a previsão da soberania popular.
OS PODERES DO ESTADO
Modernamente a separação dos poderes vai nascer com a crise do absolutismo. Na Inglaterra, com a revolução gloriosa, ocorre a assinatura do bill of rights que representou a separação dos poderes naquele país, onde a concepção de Locke sobre separação dos poderes foi aplicada.
CLASSIFICAÇÃO DE LOCKE
Para Locke, deveria existir no estado uma bipartição dos poderes, entre o executivo e o legislativo, porque o judiciaria, na visão de Locke, era um poder menor, era um apêndice do executivo. Tanto o poder executivo como o judiciário tem uma característica em comum que é aplicar o direito, o judiciário aplica o direito para resolver conflitos e o executivo aplica o direito para realizar a administração. O judiciário estaria dentro do executivo. Locke afirma ainda que o poder mais importante seria o legislativo. Não existia, portanto, a harmonia entre os dois poderes de forma plena. Cabia ao executivo aplicar o direito, seja para resolver conflito, seja para realizar administração. Caberia ao legislativo, criar as leis e além disso, o poder legislativo teria função fiscalizatória do poder executivo. Em 1215, João sem-terra estava abusando da sua autoridade para cobrar tributos e foi criado o órgão fiscalizador do rei que foi o parlamento (legislativo) (olhar magna carta). Na França, a perspectiva foi de ruptura com o antigo regime e não havia uma perspectiva também de subvalorização do judiciário, havia a perspectiva de um direito criado e positivado no papel pelo poder legislativo e também de um judiciário independente que teria a função de aplicar esse direito resolvendo conflitos. 
CLASSIFICAÇÃO DE MONTESQUIEU
Ele vai defender que são três os poderes do estado: executivo, legislativo e judiciário. Ele vai defender que os três poderes eram independentes e harmônicos entre si, ou seja, não existiria hierarquia entre os três poderes, eles estariam no mesmo patamar. Montesquieu desenvolveu a teoria da tripartição no momento em que o liberalismo, estado mínimo, estava ganhando força e essa perspectiva liberal levou Montesquieu a acreditar que essa harmonia entre os três poderes seria algo natural, não haveria risco, na visão dele, de um poder interferir no outro. Mas na realidade existe uma tendência de interferência de um poder no outro, por isso a doutrina de Montesquieu passou a ser questionada. 
CLASSIFICAÇÃO DE CONSTANT 
Bejamin Constant revisitou a doutrina de Montesquieu e fez um aprimoramento nessa doutrina, propondo uma outra forma de divisão dos poderes do estado. A preocupação de Bejamin foi que o equilíbrio natural proposto por Montesquieu seria inviável e que naturalmente haveria uma tendência de desequilíbrio e de interferência de um poder em relação a outro. Como solução ele pensou em uma nova teoria de repartição dos poderes que sugere a tetrapartição (4 poderes), executivo, legislativo, judiciário e poder moderador. O poder moderador serviria para equilibrar os outros três, para evitar que um poder se sobressaísse em relação aos demais e caberia ao chefe de estado, ao rei, exercer o poder moderador (poder subsidiário). A nossa primeira constituição previa a existência do poder moderador que seria exercido pelo imperador brasileiro. Na pratica, com o poder moderador, o imperador do Brasil exercia um poder quase que absoluto porque ele tinha prerrogativas constitucionais que faziam com que ele tivesse um poder que se sobrepunha aos demais, quando na verdade ele devia equilibrar os demais poderes. Nos EUA o aprimoramento das ideias de Montesquieu foi alcançado a partir do resgate das ideias relativas ao sistema de freio e contrapesos.
O SISTEMA DE FREIOS E CONTRAPESOS 
 O sistema de freios e contrapesos é um aprimoramento das ideias de Montesquieu a partir da perspectiva de que todos os poderes do estado devem realizar todas as funções estatais, porém cada um desses poderes terá uma determinada função que será considerada típica desse poder, enquanto que as demais serão consideradas atípicas. Exemplo: a função inerente ao poder executivo é administrar, mas no sistema de freios de contrapeso de forma atípica, excepcional, ele também legisla e julga. 
SEPARAÇÃO DE PODERES
SEPARAÇÃO DOS PODERES NO BRASIL 
No brasil, que adota o sistema de tripartição dos poderes a partir do sistema de freios e contrapeso, temos o poder legislativo, executivo e judiciário, cada um deles realizando a sua função típica, no caso do legislativo, legislar e fiscalizar, no caso do executivo a função administrativa, e no caso do judiciário, julgar. Quando falamos de legislativo, executivo e judiciário, falamos no ponto de vista da doutrina em separação horizontal dos poderes. Por outro lado, no âmbito doutrinário encontramos a denominação de separação vertical dos poderes que seria o federalismo, a ideia de separação do poder em esferas autônomas, municípios, estados, distrito federal, união.
O brasil tem os três poderes e por ser um estado federal ele também terá uma repartição vertical desses três poderes porque haverá executivo municipal, estadual, federal, legislativo também e o judiciário federal e estadual. O poder legislativo, no Brasil, é aquele que tem a função de legislar, ou seja, criar leis. Além de fazer leis, cabe aos integrantes do poder legislativo aprovar ou rejeitar leis propostas pelo poder executivo, fiscalizar (o executivo) e de forma atípica administrar (o presidente da câmara ou senado) e julgar. O legislativo se organiza de 2 formas: o unicameralismo e o bicameralismo. A diferença é que no unicameralismo temos uma única casa legislativa (única câmara), já no bicameralismo temos duas casas legislativas (câmara dos deputados e senado federal). O poder legislativo municipal é dotado de uma única casa legislativa: a câmara dos vereadores, ou seja, é o sistema de unicameralissmo, haja vista que tal esfera (municipal) é dotada de apenas uma casa legislativa no qual exerce suas respectivas funções, sejam elas típicas ou atípicas. No âmbito estadual, o poder legislativo também é constituído de apenas um órgão legislativo: a assembleia legislativa estadual, cuja qual

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