Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 8 – Ciclos de Potência com Fluidos de Trabalho Gasosos (Parte 3) Universidade Federal da Integração Latino-Americana Instituto Latino-Americano de Tecnologia, Território e Infraestrutura Engenharia de Energia Prof. Fabyo Luiz Pereira fabyo.pereira@unila.edu.br UNILA – ILATTI – EE Foz do Iguaçu / PR EER0013 – Máquinas Térmicas EER0013 – Máquinas Térmicas 2 / 22 Tópicos da Aula ● Ciclos de Potência com Fluidos de Trabalho Gasosos – Parte 3: ● Motores ciclo Otto de 4 tempos. ● Motores ciclo Otto de 2 tempos. ● Motores ciclo Diesel de 4 tempos. ● Motores ciclo Diesel de 2 tempos. ● Ciclo Stirling. ● Ciclo Atkinson. ● Ciclo Miller. 3 / 22 Motores Ciclo Otto de 4 Tempos ● Motores Ciclo Otto de 4 Tempos: ● Partes principais de um motor alternativo: ● Bloco Peça fundida que aloja os cilindros.→ ● Camisa Tubo cilíndrico que forma o cilindro.→ ● Cilindro Local onde ocorre a combustão e→ por onde se desloca o pistão. ● Pistão Peça cilíndrica que se move dentro do→ cilindro e converte parte da energia da expansão da combustão em trabalho mecânico. ● Biela Conecta o pistão ao virabrequim.→ ● Virabrequim Transforma o movimento alternativo em movimento circular.→ ● Válvula de admissão Permite a entrada do ar e do combustível no cilindro.→ ● Válvula de escape Permite a exaustão dos gases de combustão do cilindro.→ ● Vela Dispositivo elétrico que infama a mistura de ar com combustível ao → descarregar uma faísca elétrica (presente apenas nos motores ciclo Otto). 4 / 22 Motores Ciclo Otto de 4 Tempos ● Os processos (4 tempos) são: ● 1- Admissão A válvula de admissão abre, o → pistão desce e cria uma depressão que faz com que a mistura seja admitida no cilindro. ● 2- Compressão As válvulas estão fechadas, o → pistão sobe e comprime a mistura admitida no cilindro. ● 3- Expansão A → vela gera uma faísca que provoca a combustão da mistura, e os gases de combustão se expandem violentamente, empurrando o pistão para baixo e gerando trabalho mecânico. ● 4- Exaustão A válvula de escape abre, o pistão → sobe e empurra os gases de combustão para o coletor de escapamento. ● São os motores mais usados em automóveis leves. 5 / 22 Motores Ciclo Otto de 4 Tempos ● A tabela abaixo descreve termodinamicamente estes processos, de acordo com a figura acima à direita. Posição Movimento do pistão Posição da manivela Ângulo da manivela Variação de propriedades Admissão 1 S PMS a PMI 0o-180o p ≈ cte, V , Escoamento de admissão↑ Compressão 1 S PMI a PMS 180o-360o p , ↑ V ,T , Q = 0↓ ↑ Ignição e combustão - Perto do PMS 360o p , ↑ V = cte, Q é fornecido, T ↑ Expansão 1 S PMS a PMI 360o-540o p , ↓ V , T , Q = 0↑ ↓ Exaustão 1 S PMI a PMS 540o-720o p ≈ cte, V ↓, Escoamento de exaustão 6 / 22 Motores Ciclo Otto de 4 Tempos ● Definições importantes: ● Curso do pistão É a distância percorrida pelo→ pistão ao se movimentar: ● Cilindrada É o volume deslocado no motor:→ ● Taxa ou relação de compressão → É a razão entre os volumes internos máximo e mínimo: ● Relação r/l É a razão entre o raio da manivela do→ virabrequim e o comprimento da biela: ● (a) Se r/l > 0,3 Motor funciona com aspereza.→ ● (b) Se r/l < 0,3 Motor funciona sem aspereza.→ S=2Rman V desl=N cil(V máx−V mín)=N cil Acil S r v=RC= V máx V mín r / l= Rman Lbiela (a) (b) 7 / 22 Motores Ciclo Otto de 4 Tempos ● Pressão média efetiva Pressão que, ao agir no pistão durante todo o curso → do motor, realiza um trabalho igual ao realmente realizado sobre o pistão. ● Trabalho específico líquido por cilindro por ciclo Usado para → definir a pressão média efetiva: ● Trabalho líquido por cilindro por ciclo: ● Potência do motor: ● Motores de 2 tempos: ● Motores de 4 tempos: w líq=∫ p dv=pmef (vmáx−vmín) W líq=mw líq=m pmef (vmáx−vmín)=pmef (V máx−V mín) W˙=N cil mwlíq RPM 60 = pmef V desl RPM 60 W˙=1 2 N cilmw líq RPM 60 =1 2 pmef V desl RPM 60 8 / 22 Motores Ciclo Otto de 2 Tempos ● Motores Ciclo Otto de 2 Tempos: ● Não possui válvulas. ● A admissão começa antes da exaustão ser completada e continua durante parte da compressão. ● A exaustão começa antes da expansão ser completada. ● Isto reduz a eficiência da compressão e da expansão. ● Há geração de potência em cada rotação, ao contrário do motor 4 tempos, que gera potência a cada duas rotações. ● Assim, a potência gerada por um motor 2 tempos é quase o dobro da gerada por um motor 4 tempos, se ambos possuem mesma capacidade volumétrica. 9 / 22 Motores Ciclo Otto de 2 Tempos ● Exemplos de uso: ● Motoserras, cortadores de grama e roçadeiras portáteis. ● Karts. ● Ultraleves. ● Motocicletas. ● Por conta do potencial de ocorrência de fuxo cruzado de admissão e exaustão, este tipo de motor teve seu uso reduzido por não se adaptar aos requisitos atuais de baixa emissão de poluentes. ● Comparativo entre um veículo com motor 4 tempos e um com motor 2 tempos: Motocicleta Honda XLX 350 (1991) Yamaha RD 350 (1993) Ciclo 4 tempos 2 tempos Cilindros 1 2 (em linha) Deslocamento 339 cm3 347 cm3 Potência máxima 30 cv a 7.500 rpm 55 cv a 9.000 rpm Torque máximo 3,10 kgf.m a 6.500 rpm 4,74 kgf.m a 8.500 rpm 10 / 22 Motores Ciclo Diesel de 4 Tempos ● Motores Ciclo Diesel de 4 Tempos: ● Em muitos aspectos é semelhante ao motor ciclo Otto de 4 tempos, porém a vela é substituída por um bico injetor. ● Processos: ● Admissão A válvula de admissão abre, o pistão desce→ e cria uma depressão que faz com que o ar seja admitido no cilindro. ● Compressão As válvulas estão fechadas, o pistão→ sobe e comprime o ar admitido no cilindro. ● Expansão O bico injetor injeta o combustível, que→ infama ao entrar em contato com o ar a alta pressão e temperatura, e então os gases de combustão se expandem violentamente, empurrando o pistão para baixo e gerando trabalho mecânico. ● Exaustão A válvula de escape abre, o pistão sobe e empurra os gases de → combustão para o coletor de escapamento. 11 / 22 Motores Ciclo Diesel de 4 Tempos ● Vantagens em relação ao ciclo Otto: ● Maior rendimento térmico. ● Menor consumo de combustível (menor emissão de CO2). ● Maior torque (maior pmef devido a maior taxa de compressão). ● Maior confiabilidade. ● Desvantagens em relação ao ciclo Otto: ● Menor potência (trabalham em rotações mais baixas). ● Maior nível de ruído. ● Exemplos de uso: ● Em aplicações estacionárias (geração de potência). ● Em aplicações móveis (locomotivas e navios). ● Em caminhões e ônibus, devido a alta eficiência e durabilidade (até 700 hp). ● Geração de potência em locais remotos (plataformas de extração de petróleo em alto mar). 12 / 22 Motores Ciclo Diesel de 2 Tempos ● Motores Ciclo Diesel de 2 Tempos: ● São os maiores motores existentes. ● Possuem alto rendimento térmico. ● Vantagens: ● Menor manutenção (não têm válvulas). ● Geram potência a cada rotação. ● Podem operar em qualquer posição, pois não possuem óleo lubrificante. ● Desvantagens: ● Requerem bom sistema de lubrificação e de arrefecimento. ● Menor durabilidade. ● Mais poluentes. ● Exemplos de uso: ● Indústria naval. ● Grandes indústrias. ● Locomotivas. 13 / 22 Motores Ciclo Diesel de 2 Tempos ● Maior motor do mundo é um motor ciclo Diesel 2 tempos, com ηmáx = 51,7%: ● Aplicação: Navio porta-contâineres Emma Maersk. ● Fabricante: Wärtsilä (Finlândia). ● Modelo: Sulzer RTA96-C. ● Cilindros: 14. ● Diâmetro/Curso: 960 mm/2.500 mm. ● Potência máxima: 80.080 kW (107.390hp). ● Torque máximo: 775.112 kgf.m, a 102 rpm. ● Deslocamento: 25.480.000 cm³. ● Rotação: 22 a 102 rpm. ● Massa: 2.300 t. ● Dimensões: 27,1 x 13,4 m. ● Consumo: 6.284 l/h. 14 / 22 Ciclo Stirling ● Ciclo Stirling: ● As transferências de calor nos ciclos Otto e Diesel apresentam o inconveniente de ocorrerem com diferença de temperatura finita, o que faz com que tenham eficiências térmicas menores que as do ciclo de Carnot. ● O ciclo Stirling é um ciclo ideal, e que portanto possui: ● Transferências de calor com diferença de temperatura infinitesimal. ● Rendimento térmico igual a do ciclo de Carnot: ● Um motor que utilize o ciclo Stirling é um motor de combustão externa. ● É um ciclo difícil de ser realizado porque envolve transferência de calor com diferença de temperatura infinitesimal. ● Ultimamente o interesse neste ciclo está aumentando devido: ● Potencial de eficiências mais altas. ● Melhor controle de emissões. η cc=1− T L T H 15 / 22 Ciclo Stirling ● Composto pelos seguintes quatro processos reversíveis em regime permanente: ● 1-2 → Compressão isotérmica (rejeição de calor para o ambiente). ● 2-3 → Recebimento de calor isocórico (do regenerador para o fuido de trabalho). ● 3-4 → Expansão isotérmica (recebimento de calor do ambiente). ● 4-1 → Rejeição de calor isocórica (do fuido de trabalho para o regenerador). ● Envolve o uso de um regenerador. 16 / 22 Ciclo Stirling ● Configuração Alpha: ● O regenerador se encontra no tubo que conecta os cilindros quente e frio. ● Processos: ● 1-2 → Compressão isotérmica. ● 2-3 → Recebimento de calor isocórico. ● 3-4 → Expansão isotérmica. ● 4-1 → Rejeição de calor isocórica. 1 2 3 4 17 / 22 Ciclo Stirling ● Configuração Beta: ● O regenerador se encontra ao redor do pistão de deslocamento (cinza claro). ● Processos: ● 1-2 → Compressão isotérmica. ● 2-3 → Recebimento de calor isocórico. ● 3-4 → Expansão isotérmica. ● 4-1 → Rejeição de calor isocórica. 1 2 3 4 18 / 22 Ciclo Atkinson ● Ciclo Atkinson: ● Possui poucas diferenças em relação ao Otto: ● As válvulas de admissão são mantidas abertas durante parte do processo de compressão, o que acarreta numa relação de compressão menor que a nominal. ● A relação de expansão é maior que a de compressão, de modo que a rejeição de calor ocorre a p = cte. ● A alta relação de expansão permite obter mais trabalho, e assim este ciclo possui eficiência maior que o Otto. ● Os processos que ocorrem são: ● 1-2 Compressão isentrópica.→ ● 2-3 Recebimento de calor isocórico.→ ● 3-4 Expansão → isentrópica. ● 4-1 Rejeição de calor isobárica.→ 19 / 22 Ciclo Atkinson ● Para o processos de expansão e compressão (isentrópicos): ● Para o processo de rejeição de calor isobárico: ● Assim, a eficiência é dada por: ● Denominando a relação de compressão de rc e a relação de expansão de re: T 2 T 1 =( v1v2 ) k−1 e T 4 T 3 =( v3v4 ) k−1 T 4=( v4v1 )T 1 e qL=h4−h1 ηtérmico= qH−qL qH =1− qL qH =1− h4−h1 u3−u2 =1− c p(T 4−T 1) cv (T 3−T 2) r c= v1 v3 e re= v4 v3 ηtérmico=1−k T 4−T 1 T 3−T 2 20 / 22 Ciclo Atkinson ● Logo, podemos expressar as temperaturas T2, T3 e T4 em função de T1, rc e re: ● Levando as expressões das temperaturas na equação da eficiência do ciclo, obtém-se que a eficiência é dada em função das relações de compressão e expansão: ● Para oferecer boa potência em todos os regimes, necessita operar em conjunto com um motor elétrico, ou seja, em modo híbrido. Exemplo: Ford Fusion. T 4=( v4v1 )T 1 → T 4= r e r c T 1 T 2 T 1 =( v1v2 ) k−1 → T 2=T 1 r c k−1 T 4 T 3 =( v3v 4 ) k−1 → T 3=T 4 r e k−1= re rc T 1r e k−1 → T 3= r e k rc T 1 ηtérmico=1−k T 4−T 1 T 3−T 2 =1−k r e r c T 1−T 1 re k r c T 1−T 1 r c k−1 =1−k r e r c −1 r e k r c −r c k−1 → ηtérmico=1−k r e−rc re k−rc k 21 / 22 Ciclo Miller ● Ciclo Miller: ● É uma modificação moderna do ciclo Atkinson, e pode ser obtido através das seguintes alterações: ● Usar superalimentação na compressão. ● Usar uma expansão mais curta. ● O ciclo Miller também apresenta as válvulas de admissão abertas durante parte da compressão, mas a turbocompressão garante maior rendimento, pois pode-se avançar bastante a ignição sem risco de detonação. ● Composto por cinco processos: ● 1-2 Compressão isentrópica (turbocomprimida).→ ● 2-3 Recebimento de calor isocórico.→ ● 3-4 Expansão → isentrópica. ● 4-5 Rejeição de calor isocórica.→ ● 5-1 Rejeição de calor isobárica.→ 22 / 22 Ciclo Miller ● Enquanto o ciclo Atkinson necessita usar complicados sistemas mecânicos, o ciclo Miller obtém os mesmos resultados apenas através da alteração do tempo de abertura das válvulas. ● Este ciclo é o ciclo modelo para os motores híbridos usados no Ford Escapade e no Toyota Prius. ● Como há um processo adicional no ciclo de Miller, a eficiência térmica é diferente da do ciclo de Atkinson. ● Entretanto, ambos os ciclos apresentam eficiência maior que o ciclo de Otto, para a mesma relação de compressão. ● Devido ao curso de expansão maior, ambos produzem uma potência menor para um motor de mesmo tamanho. ● Na configuração de motor híbrido, o pico de potência de aceleração é produzido pelo motor elétrico. Título Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22
Compartilhar