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HQs: mídia p arceir a da ped agogia e do cur rículo HQ mídia p arceir a da ped agogia e do cur rículo Curso quadr inhos em sal a de aul a Cláudi a Sale s 22 1. apresentação 2. introdução Bem-vindos, professores e professoras, à gran- de aventura que é a prática docente por meio do fascinante universo dos quadrinhos. Você perdeu o primeiro fascículo? Não tem problema. Todos os 12 fascículos, além dos de- mais produtos deste curso (videoaulas, radioaulas, webconferências, material complementar etc.), poderão ser encontrados a qualquer tempo em nosso Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), independentemente do lugar do país ou mesmo de qualquer outra galáxia em que você se encontre. Assim, aceitamos e queremos, também a quaa sua inscrição GRATUITA em nossa legião de professores, super-heróis da educação. As diferentes mídias têm ocupado um pa- pel cultural importante, inclusive na escola. A pedagogia tem buscado cada vez mais res- postas em modelos curriculares que as ofere- çam ao complexo panorama cultural em que vivemos, evidenciando novas exigências de qualificação que apontam inclusive para o de- sempenho do professor. Ser professor(a) nos dias de hoje vai além de motivar e desenvolver autonomia nos alunos. Ele(a) deve envolvê-los em processos multidisciplinares empregando as diversas fontes de informações (mídias), tais como, jornais, TV, revistas, livros didá- ticos, internet e (claro) as histórias em quadrinhos no processo pedagógico. Lembre-se, as videoaulas podem ser assisti- das pelo AVA, a qualquer tempo, ou pelo Canal Futura, em sua TV, às quintas-feiras, às 16h30, de 12 de abril a 28 de junho de 2018. Para os interessados no estado do Ceará, os fascículos serão encartados gratuitamente no jor- nal O POVO, às segundas-feiras, desde 9 de abril. Fique com a gente, se ligue, divulgue e explo- re o endereço da educação a distância, mas sem distância. Que a força esteja com você: Raymundo N etto Coordenação Geral ava.fdr.org.br A utilização das mídias no processo pedagógico é uma necessidade do contexto escolar atual, pro- porcionando um maior dinamismo, engajamento e entusiasmo na aula, e o desenvolvimento da criati- vidade dos alunos (VIDAL, MAIA E SANTOS, 2002). Nesse sentido, é necessária a preparação de um contexto escolar que compreenda o impacto desses novos recursos na formação do professor e de cursos de formação continuada em torno do tema, pois só assim o(a) professor(a) conseguirá utilizar tais recursos como instrumentos de melho- ria do seu processo didático-pedagógico e de ensi- no-aprendizagem com seus alunos. E utilizá-los de forma adequada, importante frisar. 1818 Existem já à disposição alguns documentos e iniciativas governamentais que podem ajudar a compreender como incorporar as mídias na prá- tica pedagógica, como o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), do Ministério da Educação, que abriu espaço para a criação de várias práticas de leitura no contexto escolar, in- cluindo as de histórias em quadrinhos e jornais, por meio de projetos educacionais de professores e alunos (BRASIL, 1997). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) também já falam de “formas contemporâneas de linguagem”, como as mídias, incluindo a utilização das histórias em quadrinhos, enquanto recurso didático-pedagógico. Nos documentos que tratam das Diretrizes Curriculares Nacionais, podemos compreen- der melhor como o currículo pode se reorganizar diante das exigências impostas pelo complexo pa- norama cultural em que vivemos. Elas estabelecem, entre outras coisas, que é inerente à atividade do professor “o exercício de atividades de enriqueci- mento cultural”, “a elaboração e a execução de projetos de desenvolvimento dos conteúdos curri- culares”, “o uso de tecnologias da informação e da comunicação e de metodologias, estratégias e ma- teriais de apoio inovadores” e o saber “relacionar as linguagens dos meios de comunicação à educa- ção, nos processos didático-pedagógicos, demons- trando domínio das tecnologias de informação e comunicação adequadas ao desenvolvimento de aprendizagens signifi cativas”. (Resolução CNE/CP nº1, de 18 de fevereiro de 2002 e Parecer CNE/CP nº 3, de 21 de fevereiro de 2006) Além dos documentos e iniciativas, alguns estudos também já foram realizados. Embora a maioria deles trate a instituição escolar como espaço privilegiado onde acontece a prática pedagógica e a construção do currículo, hoje, devemos voltar a nossa atenção para outros es- paços, como a mídia, produtores e difusores de conhecimentos e saberes. Cada mídia possui um currículo específi co, que denominamos Currículo Cultural, que possui a capacidade de ir além do caráter de lazer e entretenimento, transmitindo uma forma de ser, sentir, viver e se comportar no mundo. A proposta de currículo aqui empregada com- preende todo o conhecimento, pois que compõe um sistema de signifi cado cultural, o que abre a possibilidade para que possamos perceber quais instâncias culturais, como museus, cinema, tele- visão, histórias em quadrinhos, músicas, shows, entre outros, são capazes de formar identidade, subjetividade e produzir conhecimento. Currículo Cultural: compreende que produtos culturais que atravessam o cotidiano dos indivíduos (tais como novelas, jornais, revistas em quadrinhos etc) interferem nas formas de aprender, de ver, de pensar, de sentir.ção, nos processos didático-pedagógicos, demons-ção, nos processos didático-pedagógicos, demons- trando domínio das tecnologias de informação e trando domínio das tecnologias de informação e aprender, de ver, de pensar, de sentir. 1919 3. quadrinhos, pedagogia e curriculum As HQs representam hoje uma mídia de gran- de penetração popular. El as transmitem conceitos, modos de vida, visões de m undo e até informações científi cas. Trazem temát icas que têm condições de serem compreendidas por qualquer estudante, sem a necessidade de um conhecimento anterior específi co ou familiaridad e com o tema. Elas possuem, em maioria , baixo custo, são po- pulares entre crianças e jovens, a sua linguagem é facilmente compreendi da por diversos tipos de pessoas de diferentes faix as etárias, classes sociais e culturas e têm forte com ponente lúdico. Da mesma forma, a sua produção também é associada à diversão, send o um desafi o prazeroso e que requer poucos recu rsos, como tratamos em nosso primeiro fascículo d o curso. Isso faz com que elas poss am dar suporte a no- vas modalidades pedagó gicas e ser aproveitadas em diversas aulas de ma neira interdiscipli- nar e transdisciplinar, fazen do com que o aprendizado se torne, ao mesmo tempo, mais refl exivo e prazeroso nas s alas de aula. Elas devem ser entendidas como um meio de comunicação que refl ete a cultura e a so ciedade em que ela está inserida, daí sua importân cia para a pedagogia e o currículo. Interdisciplinar: que estabelece relações entre duas ou mais disciplinas ou ram os de conhecimento. Transdisciplinar: que visa à unidade do conhecimen to. Procura estimular uma no va compreensão da realidade articulando elementos qu e passam entre, além e atra vés das disciplinas. Pedagogia: ciência que trata da educação e da instruçã o das crianças e adolescente s. Prepara professores para a tuar no exercício da docência, na educação infantil, nas sér ies iniciais do ensino fundam ental e em disciplinas pedagógi cas dos cursos de nível médio . Currículo: documento escolar que escreve as habilidades, desempenhos, atitudes e valores que alu nos deverão aprender. Ele incl ui os processos avaliativos, descrições das matérias a serem estudadas e a sua sequência para o alcance dos resultados esperados. 2020 Embora possam ainda existir pessoas que se deixem levar por ideias preconceituosas de que os quadrinhos, como subliteratura e/ou arte menor, atrapalham o processo de aprendizado (ou mes- mo afastam os alunos dele), existem estudiosos que cada vez mais incentivam o uso das HQs como recurso pedagógico. A professora Sônia M. Bibe Luyten, por exemplo, autora de um dos fascículos deste curso, afi rma que elas, quan- do bem utilizadas, podem servir de reforço à leitura, e constituem uma linguagem al- tamente dinâmica e fl uida. ABRA A SUA MENTE! Umberto Ecco (1932-2 016), escritor, filó- sofo, semiólogo, linguista e bibliófilo italiano, era também um entusias ta dos quadrinhos. No seu romance A Mister iosa Chama da Rainha Loana, os gibis têm destaque em sua narrativa. Também e m seus estudos sobre comunicação em m assa, as HQs se destacam pela proativida de que geram em seus leitores, ao contrár io da linguagem de outras mídias que “ch egam prontas”, ou seja, causando passivida de. Isto porque nas HQs, os leitores determi nam o ordenamento das cenas, concedem-lhe velocidade/pausa maior ou menor (logicame nte, o roteiro e o desenho a sugerem), dão o tom da voz dos personagens, entre outr as características, exigindo maior envolvimen to dos leitores, o que é um aspecto positiv o a ser utilizado e explorado pelo professor em sala de aula. Mesmo existindo iniciativas no sentido de capa- citar e estimular os professores para utilizarem as HQs com fi nalidade educativa, essas experiências ainda não alcançaram parte signifi cativa do univer- so pedagógico. Faz-se necessário, então, resgatar a identidade do(a) professor(a) como um profi s- sional refl exivo, capaz de fazer, de compreen- der e de transformar a sua prática, no sentido de buscar e estar aberto para novas compreensões, sem preconceitos, sabendo incorporar estratégias e materiais inovadores de apoio. Em um país onde a educação permanece como uma das áreas mais fragilizadas, com in- vestimentos insufi cientes e professores buscando alternativas para despertar o interesse dos alunos, utilizar adequadamente as HQs é opção efi ciente, pois são suportes mais versáteis em temas e tratamentos gráfi cos do que os textos escolares, ou seja, aqueles que só circulam na es- cola, como o livro didático. São constituidoras de identidades culturais, à medida que são consumi- das por crianças e adultos. Embora possam ainda existir pessoas que se deixem levar por ideias preconceituosas de que os quadrinhos, como subliteratura e/ou arte menor, atrapalham o processo de aprendizado (ou mes- mo afastam os alunos dele), existem estudiosos cada vez mais incentivam o uso das . A professora Sônia M. Bibe Luyten, por exemplo, autora de um dos fascículos deste curso, afi rma que elas, quan- servir de reforço à leitura, e constituem uma linguagem al- ABRA A SUA MENTE! 2121 Muitas editoras de livros também já perceberam a efi cácia das HQs como recurso que proporciona uma aprendizagem prazerosa e dinâmica e estão incorporando-as em seus conteúdos didáticos e paradidáticos. Uma das primeiras publicações com o objetivo escolar das HQs foi realizada pela edi- tora do Instituto Brasileiro de Edições Pedagógicas (IBEP), com as séries de Julierme de Abreu e Castro, geógrafo e historiador (1931-1983), na década de 1960. O primeiro livro é de 1967, de geografi a e, em 1968, foram lançados os livros de história. Desde então, várias obras surgiram com o obje- tivo de utilizar da linguagem dos quadrinhos com fi ns pedagógicos. Temos, por exemplo, Invasão Holandesa, em 1980, pela Editora Brasil-América Limitada (Ebal). Em 1985, temos o clássico Guerra dos Farrapos, pela L&PM, de Porto Alegre, dese- nhado por Flávio Colin. Em 1990, Ziraldo publica Chega de Enchentes, um gibi distribuído nas fa- velas do Rio de Janeiro, que ensinava como evitar enchentes e deslizamentos de terra nos meses de verão. Além disso, hoje, podemos encontrar trans- posições de clássicos da literatura universal para quadrinhos em sites de diversas editoras brasileiras. 4. boas iniciativas quadrinhos em sites de diversas editoras brasileiras. quadrinhos em sites de diversas editoras brasileiras. D iv ul ga çã o: C ap a A G ue rr a d os F ar ra po s Fo to : R ay m un do N et to 2222 ABRA A SUA MENTE! A seguir, editoras e ad aptações de obras literárias universais e na cionais em qua- drinhos para a sua bibliot eca escolar: Del Prado: A Ilha do Tesouro (R obert Louis Ste- venson), O Corcunda de No tre-Dame (Victor Hugo), O Livro da Selva (Kip ling), entre outros. Escala Educacional: O Cor tiço (Aluísio Aze- vedo), Memórias de um Sa rgento de Milícias (Manuel Antônio de Almei da), A Polêmica e Outras Histórias (Artur de Azevedo), A Cartomante (Machado de Assis), entre ou- tras. Peirópolis: A Mão e a Luva (Machado de Assis), Macunaíma em Quadrinhos (Mário de Andrade), I-Juca Piram a em Quadrinhos (Gonçalves Dias), Dom Quix ote em Quadri- nhos (Miguel de Cervantes ), Divina Comédia em Quadrinhos (Dante Alig hieri), Auto da Barca do Inferno (Gil Vicen te), entre outros. Desiderata: Triste Fim de Policarpo Quares- ma (Lima Barreto), Os Ser tões (Euclides da Cunha), entre outros. Áti ca: O Cortiço (Aluí- sio de Azevedo), Memórias de um Sargento de Milícias (Manuel Antôni o de Almeida), Dom Casmurro (Machado de As sis), entre outros. L&PM: Guerra e Paz (Leon T olstoi), Crime e Castigo (Dostoiévski), A Vo lta ao Mundo em 80 Dias (Júlio Verne), Os M iseráveis (Victor Hugo), entre outros. Com panhia das Letras: Dois Irmãos (Milton Hatou m), O Estrangeiro (Albert Camus), O Retrato de Dorian Gray (Oscar Wilde), Clara dos An jos (Lima Barre- to), entre outros. Hugo), Escala Educacional: O Cor tiço (Aluísio Aze-O Cortiço (Aluísio Aze-O Cortiço vedo), Memórias de um Sa rgento de Milícias (Manuel Antônio de Almei da), A Polêmica e Outras Histórias (Artur de Azevedo), e Outras Histórias (Artur de Azevedo), e Outras Histórias A Cartomante (Machado de Assis), entre ou- Cartomante (Machado de Assis), entre ou- Cartomante tras. Peirópolis: A Mão e a Luva (Machado A Mão e a Luva (Machado A Mão e a Luva de Assis), Macunaíma em Quadrinhos (Mário Macunaíma em Quadrinho s (Mário Macunaíma em Quadrinho s de Andrade), I-Juca Piram a em Quadrinhos (Gonçalves Dias), Dom Quix ote em Quadri- nhos (Miguel de Cervantes ), nhos (Miguel de Cervantes ), nhos Divina Comédia Casmurro (Machado de As sis), entre outros. Casmurro (Machado de As sis), entre outros. Casmurro L&PM: Guerra e Paz (Leon T olstoi), Guerra e Paz (Leon Tolstoi) , Guerra e Paz Crime e Castigo (Dostoiévski), Castigo (Dostoiévski), Castigo A Vo lta ao Mundo em 80 Dias (Júlio Verne), 80 Dias (Júlio Verne), 80 Dias Os M iseráveis (Victor Os Miseráveis (Victor Os Miseráveis Hugo), entre outros. Com panhia das Letras: Dois Irmãos (Milton Hatou m), Dois Irmãos (Milton Hatou m), Dois Irmãos O Estrangeiro (Albert Camus), O Retrato de Dorian Gray (Oscar Wilde), Clara dos An jos (Lima Barre-Clara dos Anjos (Lima Bar re- Clara dos Anjos to), entre outros. 2323 Outra iniciativa interessante e que vale ser ci- tada foi realizada pelas editoras Moderna, Saraiva e Ática, que publicaram as histórias da Turma do Xaxado(que em 2003 recebeu apoio institucio- nal da Unesco - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), do baiano Antônio Luiz Ramos Cedraz, ao entender que o perfi l de suas histórias era perfeito para permitir a refl exão sobre valores, atitudes e riqueza histórico- cultural, em especial, do povo nordestino. Diante do confl ito enfrentado pela pedagogia e a escola do século XXI, entre a obrigatoriedade dos conteúdos curriculares ofi ciais e os múltiplos arte- fatos culturais que se proliferam nesta era da infor- mação e comunicação, o uso das HQs na prática de ensino, com o objetivo de auxiliar a chamada educação formal e o currículo é mais do que uma simples opção: é uma necessidade! D ivulgaçã o: Turm a do X axado (Cedraz) Antônio Cedraz (1945-2014): cartunista, criador da Turma do Xaxado, teve diversos trabalhos publicados na Bahia, sua terra natal, e ganhou prêmios no Brasil (6 troféus HQMIX e o Prêmio Angelo Agostini de “Mestre do Quadrinho Nacional”) e no exterior. Em 2015, foi o homenageado (póstumo) da FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos em Belo Horizonte 2424 A apropriação das mídias, tais como a te- levisão, jornais, livros, revistas, HQs, vídeos, cine- ma, teatro, música, rádio, internet, entre outros, pelos professores, alunos e a escola é fundamen- tal. Contudo, você pode se perguntar: “Como devo me apropriar das histórias em quadrinhos?” Para ajudar a resolver essa dúvida, lançamos a seguir algumas dicas que tornarão o seu olhar mais sensível quanto à utilização das histórias em qua- drinhos em sua prática pedagógica: a) Antes de desenvolver qualquer recurso didá-tico, é necessário que passe por um processo de sensibilização e aceitação. Para que você não recue ou rejeite uma nova possibilidade, pre- cisa compreendê-la bem e vê-la como aliada, algo que poderá contribuir em sua prática e que pode- rá trazer resultados efetivos. Claro que, para isso, o planejamento é fundamental; B) Faça uso das HQs não pelo simples consen-timento, ou por modinha, mas pela con- cordância coerente, refl etida, praticada. Seja um professor reflexivo (PIMENTA, 2006). Desta forma, você será capaz não só de utilizar as histórias em quadrinhos, mas todas as novas mí- dias e tecnologias de comunicação disponíveis ou atraentes a seus alunos; C) Seja constantemente um professor-apren-diz. Mantenha um compromisso ético do trabalho que desenvolve junto aos seus alunos no cotidiano escolar. Dessa forma, você estará assumindo uma formação contínua, articulada com a disponibilidade de superar confl itos que possam aparecer no desenvolvimento do seu tra- balho docente, além de estar aberto para a pes- quisa e para a refl exão (LIMA, 2008); d)Todo material é fonte de informação, mas ne-nhum deve ser utilizado com exclusividade. É importante que você tenha sempre uma diversi- dade de materiais para que os conteúdos possam ser tratados da maneira mais ampla possível e que seja acessível ao maior número de alunos; e)Você, professor(a), tem a liberdade de seguir os mais variados métodos de ensino e oferecer a seus alunos uma diversidade de experiências de aprendizagem. Usufrua dessa diversidade para per- ceber que as HQs possuem elementos bastante úteis que podem ser utilizados facilmente na sua prática educativa, podendo ser trabalhadas concomitante- mente com as várias disciplinas, tornando facilitado- ras do processo de ensino e aprendizagem; 5. o que posso fazer em min ha prática didática? Apropriação: ato ou efeito de apropriar (-se), de se tornar próprio, adequado; adequação (Houaiss) Professor reflexivo: professores que são agentes ativos do seu próprio desenvolvimento docente e do espaço escolar. É aquele professor que reflete sobre a reflexão na ação. 2525 Vamos agora disponibilizar para você 3 ideias de projetos que poderá desenvolver em sua es- cola. Não apresentamos aqui uma receita, apenas uma orientação. Sinta-se à vontade para adaptar cada proposta a sua realidade local ou mesmo para criar novas, a partir das leituras que sugeri- mos como referências bibliográfi cas, conteúdo extra da Biblioteca Virtual ou da sua leitura pessoal de quadrinhos: f)A utilização das HQs no espaço escolar é antes de tudo um compromisso criativo seu com o fazer pedagógico e domínio metodológico do conteúdo a ser trabalhado com seus alunos; g) Ajude seus alunos a decodifi carem as ima-gens e a interpretar as ideias presentes nas HQs, pois a alfabetização por meio da imagem (e não apenas das letras presentes nos balões) am- plia o horizonte educativo e favorece a construção e consolidação de muitos saberes; h) Incentive na sua escola a formação de gibitecas, ou seja, uma biblioteca com- posta por gibis e outros materiais contendo a lin- guagem dos quadrinhos. Um bom acervo integra- do com o trabalho pedagógico pode proporcionar ao professor(a) uma práxis mais rica e lúdica, além de incentivar uma cultura leitora entre os alunos; i) Utilize as HQs como forma de abordar diferen-tes temas e conteúdos, inclusive, os que estão para além do currículo ofi cial, tais como semana do meio ambiente, da consciência negra, etc., permitindo uma aproximação da identidade e das experiências dos alunos, dos conteúdos escolares entre si e com os conhecimentos e saberes produ- zidos na sociedade e cultura; j)Tente criar projetos para desenvolver o trabalho com quadrinhos. A Pedagogia de Projetos pode ajudá-lo a ter uma visão diferente do que seja conhecimento e colaborar para um planejamento diferenciado do seu tra- balho na escola. Práxis: é a possibilidade de enfrentamento crítico frente aos desafios postos pelo cotidiano por meio da da autorreflexão da prática. Pedagogia de Projetos: concepção de ensino que desperta uma maneira diferente de suscitar a compreensão dos alunos sobre os conhecimentos que circulam fora da escola e de ajudá-los a construir sua própria identidade. Nesse sentido, é mais do que uma técnica para transmissão dos conteúdos, pois promove uma mudança na maneira de pensar e repensar a escola e o currículo na prática pedagógica. a) Projeto Nona Arte Transforme a sua sala de aula em uma sala de leitura (caso isso não seja possível por conta do espaço físico, use a biblioteca da escola)! A partir de um tema escolhido democratica- mente pela turma, traga revistas em quadrinhos de diversos estilos, personagens, formatos (caso o acervo de quadrinhos da sua escola ou gibite- ca não satisfaça, peça para os alunos levarem para a sala os exemplares que eles tenham em casa). Oriente seus alunos para que tenham uma atenção 6. com a mão na massa! 2626 especial em associar imagem/palavra tentando es- tabelecer relações entre o tema escolhido e a his- tória lida. Depois das leituras realizadas, estimule a criação de outras produções (tais como HQs, pai- néis, maquetes, exposições em seminários na sala de aula, dramatizações etc.) como forma de sínte- se dos conteúdos consultados, enfatizando sempre a criticidade. Esse tipo de projeto estimula a au- tonomia de ações no aluno, incentiva a capacidade de troca com o outro, proporciona a construção do conhecimento dos educandos através do uso da história em quadrinhos e a produção de materiais como: vídeos, folders, maquetes e fotos e novas histórias em quadrinhos. No fi nal do projeto, em conjunto com a escola, pode-se organizar a cada ano uma Mostra ou Exposição, como forma de so- cializar a produção dos alunos. b) Projeto H -Texto Nesse projeto, o objetivo é despertar nos alu- nos o interesse pela leitura e criação de tex- tos por meio da leitura de HQs, refl etindo criticamente fatos da atualidade. O(a) professor(a) deverá escolher o quadrinho que melhor se encaixe no tema que pretendediscutir com os alunos. Em sala de aula (ou outro ambiente que julgue melhor adaptado para tal atividade), deverá ler a história com os alunos (uma dica é digitalizar o quadrinho para projetar com o auxílio de um data-show na lousa ou parede). Assim como no projeto anterior, oriente seus alunos para que tenham uma aten- ção especial em associar imagem/palavra de forma crítica, tentando sempre trabalhar os conceitos en- contrados nas histórias com exemplos da realidade vivida pelos alunos (aplicabilidade concreta). Ao fi nal, peça que os alunos sintetizem os aprendi- zados na forma de produção de texto. Esses textos poderão ser publicados no jornal da escola ou em um fanzine (teremos um fascículo falando sobre esse tipo de material) produzido pela turma. c) Projeto Gibiteca Esse projeto é para aquelas escolas que pos- suem um acervo muito pequeno (ou nenhum) de histórias em quadrinhos (gibis, álbuns, graphic no- vels etc.) e desejam ampliar ou criar um repertório da Nona Arte no ambiente escolar. Ao introduzir uma gibiteca, você acabará estimulando os alu- nos a procurarem os quadrinhos para a realização das atividades escolares (ou mesmo para a simples fruição), colaborando na formação de leitores crí- ticos e criativos. Comece com o básico: uma ou duas estantes, uma mesa e uma cadeira. Depois, comece a divulgar o projeto na escola e na comu- nidade na qual ela está inserida (as redes sociais e criação de blogs pode ajudá-los a alcançar a co- munidade). Peça doações aos alunos, professores, funcionários e à comunidade em geral. vivida pelos alunos ( Ao fi nal, peça que os alunos sintetizem os aprendi- zados na forma de produção de texto. Esses textos poderão ser publicados no jornal da escola ou em um um esse tipo de material) produzido pela turma.esse tipo de material) produzido pela turma. c) Projeto Gibiteca suem um acervo muito pequeno (ou nenhum) de histórias em quadrinhos (gibis, álbuns, vels da Nona Arte no ambiente escolar. Ao introduzir uma nos a procurarem os quadrinhos para a realização das atividades escolares (ou mesmo para a simples fruição), colaborando na formação de leitores crí- ticos e criativos. duas estantes, uma mesa e uma cadeira. Depois, comece a divulgar o projeto na escola e na comu- nidade na qual ela está inserida (as redes sociais e criação de blogs pode ajudá-los a alcançar a co- munidade). Peça doações aos alunos, professores, funcionários e à comunidade em geral. 2727 Acredite: você irá receb er desde caixas fe- chadas com revistas sem inovas a exemplares sur- rados e sem capa. Receb a TUDO! Com aqueles exemplares malconserva dos, incompletos e sem capa, você pode até criar uma ofi cina na própria gibiteca, em conjunto com os alunos, para a cria- ção de capas de papel c artão ou cartolina, além de favorecer recortes, se preciso. Depois do acer- vo montado e organizado (e isso não signifi ca que você deve parar de pedir doações) crie um livro de empréstimos para control ar a entrada e a saída das revistas e um livro de regis tro de doações. Quando possível, e se necessário, c rie essa mesma platafor- ma de empréstimos e do ações em versão digital, no computador, de form a a criar um histórico e acompanhamento dessa leitura. O(a) professor(a), enquanto coordenador d o projeto, pode selecio- nar alunos da escola que se interessem em cola- borar com o funcioname nto da gibiteca, na qua- lidade de voluntário, uma ou du as vezes por semana, no contraturno ou no intervalo de aula. Lembre-se: a criação de gibitecas abre caminhos para a formação de novo s leitores e estímulo ao gosto pela leitura. Sobre o voluntariado: Esses alunos voluntários, antes de iniciar sua ação, deverão assinar um TERM O, conforme a Lei nº 9.608, de 18 de fevereiro de 1998. O Modelo do Termo de Voluntariado pode ser encontrado em sua Biblioteca Virtual no AVA – evitando que a esco la tenha problema com ques tões trabalhistas e de exploraç ão de menor. Ao final, a esco la deve fornecer a declaraçã o desse voluntariado ao alu no. SAIBA MAISSAIBA MAIS GIBITECA ESCOLAR: Ess a campanha de criação ou ampliação de uma gibiteca escolar pode e deve ter a poio da diretoria (gestão) e do(a) bibliotecá rio(a) da escola. A direção auxiliará no inc entivo, na disposição de mobiliário e do espaço (pode ser no mesmo espaço da biblioteca), além de comprar títulos disponíveis para incrementar o acervo. Os bibliotecários orientarão metodologica mente a seleção e a catalogação desse ma terial. No entanto, quando na escola não tiv er esse profissional, não espere! escolar pode e deve ter a poio da diretoria (gestão) e do(a) bibliotecá rio(a) da escola. disposição de mobiliário e do espaço (pode 2828 leia e saiba mais!leia e saiba mais! PEREIRA, Ana Carolina C osta; ALCÂNTARA; Cláud ia Sales (org.). Histórias em Quadrinhos: interdiscipli naridade e educação. São Paulo: Refl exão, 2016. PIMENTA, S. G. (Org). Sa beres Pedagógicos e Atividade Docente. Sã o Paulo: Cortez, 1999. PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. Estágio e Docênci a. São Paulo: Cortez, 2004 . 2929 Neste fascículo, apresent amos as histórias em quadrinhos como produç ão artística e cultural de grande infl uência na soc iedade, na pedagogia e no currículo, produção ess a que permite a refl exão sobre valores, atitudes e riqueza histórico-cultural e que contribui de modo interdisciplinar para uma compreensão refl exiva e mais prazerosa dos con- teúdos escolares. 7. considerações finais Sabemos, contudo, que a inda existe um gran- de caminho a ser percorrid o até que os quadrinhos representem de fato um recurso expressivo, pre- sente nos mais diversos ambientes educacionais. Entretanto, da mesma for ma como vários precon- ceitos foram superados ao longo do tempo e com auxílio de diversos estudo s sérios a respeito, espe- ramos que cada vez mai s os quadrinhos possam chegar às salas de aula, ac olhidos por profi ssionais dispostos a agregar-lhes v alor por meio da criativi- dade e empenho de seu t rabalho docente e pelos alunos, em busca de nov as e engenhosas “pon- tes” para a informação e o conhecimento. LEMBRE-SE: você vive em uma sociedade em constante mudança. Diariamente, você é de- safi ado, dentro e fora da sala de aula, a transmitir conhecimento de forma colaborativa com seus alunos. Nesse contexto, a arte sequencial, expres- são utilizada pelo cartun ista Will Eisner (1999, p.16) para defi nir as hi stórias em quadrinhos, pode se tornar uma exc elente opção no auxílio das práticas pedagógicas e nos processos de in- tervenção didática. TENTE ! compreensão refl exiva e mais prazerosa dos con- teúdos escolares. ramos que cada vez mai s os quadrinhos possam chegar às salas de aula, ac olhidos por profi ssionais dispostos a agregar-lhes v alor por meio da criativi- dade e empenho de seu t rabalho docente e pelos dade e empenho de seu t rabalho docente e pelos alunos, em busca de nov as e engenhosas “pon- alunos, em busca de nov as e engenhosas “pon- tes” para a informação e o conhecimento. tes” para a informação e o conhecimento. LEMBRE-SE:LEMBRE-SE: em constante mudança. Diariamente, você é de- em constante mudança. Diariamente, você é de- safi ado, dentro e fora da sala de aula, a transmitir conhecimento de forma colaborativa com seus alunos. Nesse contexto, a arte sequencial, expres- são utilizada pelo cartun ista p.16) para defi nir as hi stórias em quadrinhos, pode se tornar umaexc elente opção no auxílio das práticas pedagógicas e nos processos de in- tervenção didática. 3030 BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Língua Portuguesa /Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: Ministério da Educação. 1997. 144p. _____. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/ CP nº1, de 18 de fevereiro de 2002. Diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores da educação bási- ca, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação ple- na. Brasília, 2001. Disponível em http://www.mec.gov.br/cne. _____. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP nº 3, aprovado em 21 de fevereiro de 2006. Diretrizes cur- riculares nacionais para a formação de professores da edu- cação básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Brasília, 2001. Disponível em http://www. mec.gov.br/cne. referências EISNER, W. Quadrinhos e Arte Sequencial. São Paulo: Martins Fontes, 1999. LIMA, Maria Socorro Lucena. Refl exões sobre o Estágio/ Prática de ensino na formação de professores. Rev. Diálogo Educacional, Curitiba, v. 8, n. 23, p. 195205, jan./abr. 2008. LUYTEN, Sonia M. Bibe. Histórias em Quadrinhos: leitu- ra crítica, São Paulo: Paulinas, 1985. PIMENTA, S. G. Estágio na Formação de Professores: unidade teoria e prática . 7. ed. São Paulo: Cortez, 2006. VIDAL, Eloísa Maia. Et al. Educação, Informática e Professores. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2002. 3131 CRISTIANO LOPEZ (Ilustrador) desenhista, Ilustrador e quadrinista. É desenhista-projetista do Núcleo de Ensino a Distância da Universidade de Fortaleza e ilustrador e chargista freelancer para o jornal Agrovalor, revista Ponto Empresarial (Sescap-CE) e Editora do Brasil. cláudia sales (Autora) graduada em Arquitetura e Urbanismo, pela Universidade Federal do Ceará (UFC), e em Pedagogia, pela Universidade Metodista de São Paulo. Atualmente, atua como professora de Projeto Arquitetônico nos cursos de Arquitetura e Urbanismo no Centro Universitário Católica (Unicatólica), em Quixadá – CE e Centro Universitário Estácio Centro, em Fortaleza-CE. É mestre e doutora em Educação Brasileira, pela UFC. Concluiu o pós-doutorado no Programa de Pós- Graduação em Educação da Universidade Estadual do Ceará (Uece), estudando o uso das histórias em quadrinhos no Ensino Superior e a formação de professores dos cursos de Arquitetura e Urbanismo de Fortaleza. Todos os direitos desta edição reservados à: Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora CEP 60055-402 - Fortaleza- Ceará Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 - Fax: 3255.6271 fdr.org.br | fundacao@fdr.com.br Expediente FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA João Dummar Neto Presidência | Marcos Tardin Direção Geral | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Viviane Pereira Gerência Pedagógica | Ana Paula Costa Salmin Coordenação Geral | CURSO QUADRINHOS EM SALA DE AULA: Estratégias, Instrumentos e Aplicações Raymundo Netto Coordenação Geral, Editorial e Preparação de Originais | Waldomiro Vergueiro Coordenação de Conteúdo | Amaurício Cortez Edição de Design | Amaurício Cortez, Karlson Gracie e Welton Travassos Projeto Gráfi co | Dhara Sena Editoração Eletrônica | Cristiano Lopez Ilustração | Emanuela Fernandes Gestão de Projetos | ISBN 978-85-7529-853-4 (coleção) e 978-85-7529-855-8 (volume2) Este fascículo é parte integrante do projeto HQ Ceará 2, em decorrência do Termo de Fomento celebrado entre a Fundação Demócrito Rocha (FDR) e a Prefeitura Municipal de Fortaleza, sob o nº 001/2017. 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