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[RESUMO] Aula 01 Conceitos, Importância e Divisões

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Conceitos, Importância e Divisões
MEDICINA LEGAL
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Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online
CONCEITOS, IMPORTÂNCIA E DIVISÕES
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA 
O delegado precisa estudar Medicina Legal (ML) porque muitas vezes ele vai 
se deparar com locais de crime onde ocorreu a morte de pessoas ou que envol-
vem ferimentos em pessoas, traumas que conduzem a procedimentos investiga-
tivos . 
O perito é aquele que auxilia a justiça, o delegado, o Ministério Público naque-
les assuntos que eles não entendem tão bem. O perito tem olhos da Justiça, mas 
é muito importante que a Justiça consiga enxergar o mínimo para não ficar ven-
dida quando for fazer o seu trabalho. 
É interessante que o delegado, ao se deslocar ao local de um crime, tenha 
percepções que o ajudem na interpretação dos achados que ali estão. Ele não 
deve depender exclusivamente do perito. Deve se assessorar do perito, mas 
também deve ter conhecimentos básicos de questões associadas a ML.
FONTE: Velho, J.; Costa, K.A.; Damasceno, C.T.M. Locais de Crime – Dos vestígios à dinâmica 
criminosa. Editora Millennium, 2013
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Este caso é trazido em um dos melhores livros sobre criminalística, escrito 
por três peritos criminais federais: J. Velho, K. A. Costa e Damasceno.
Os familiares tinham informado as autoridades que essa pessoa havia se sui-
cidado.
A primeira pergunta é: o que terá levado essa pessoa a se autoeliminar, ou a 
ser morta por terceiros ou a ser vítima de um acidente? É a denominada natu-
reza jurídica da morte. 
Mesmo naquele crime que pareça suicídio, o delegado e o perito devem 
sempre pensar que poderá ser um homicídio. O perito só tem uma oportunidade 
para processar o local do crime e igualmente o médico que, ao efetuar a necrop-
sia, apenas tem uma chance para tomar ciência de todas as informações. Se 
não conseguirem ver naquele primeiro momento, não haverá segunda chance.
O perito deve pensar sempre de forma abrangente, para depois afunilar o seu 
raciocínio, porque, se pensar de forma restritiva, muitas vezes não vai conseguir 
ampliar a sua linha de hipóteses.
Para a ML, a hipótese de suicídio será sempre por exclusão.
O perito entra em três análises distintas: materialidade, autoria e dinâmica.
A pessoa pendurada numa corda está associada a um tipo de asfixia denomi-
nada enforcamento, caso em que a asfixia se dá pela constrição do pescoço pela 
ação do peso da vítima. A morte se dá porque o peso da própria vítima promoveu 
a constrição do seu pescoço.
Terá o peso da vítima causado essa constrição ou a vítima foi morta e depois 
ali colocada?
Os pés da vítima estão flutuando.
Há alguma hipótese de a pessoa se matar e ficar flutuando na cadeira? 
Quando a pessoa morre, ela derruba a cadeira?
A cena é de suicídio forjado?
Às vezes, é necessário ter uma percepção para além do óbvio: o óbvio seria 
derrubar a cadeira.
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Foi utilizada uma corda para alçar a vítima e até se poderia imaginar uma 
pessoa colocando uma roldana e puxando.
Se a vítima foi ali colocada depois de morta, quantas pessoas seriam neces-
sárias para produzir esse levantamento da vítima? Uma pessoa sozinha conse-
guiria levantar a vítima? 
Se a vítima estivesse viva, ela se deixaria colocar ali pendurada? Natural-
mente a vítima tentaria se esquivar do seu agressor, o que formaria lesões de 
defesa.
A vítima não possuía marcas nas mãos, nos braços, antebraços ou pescoço.
A cabeça mais escura caracteriza a congestão facial, um acúmulo de sangue 
na região facial que é compatível, por exemplo, com o sangue subindo, e não 
descendo.
Se o sangue subiu, é porque estava circulando. Provavelmente a vítima esta-
ria viva. 
Esses são elementos facilmente identificáveis apenas pela visualização da 
cena.
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O laço está na região anterior e deixa um sulco perceptível mesmo depois de 
se retirar a corda do pescoço.
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Uma das teorias ligadas aos vestígios é chamada de Teoria da Troca ou 
Teoria de Locard: sempre existe uma troca entre o suspeito e o ambiente, entre 
as estruturas e objetos que estão no ambiente.
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O perito, de forma muito perspicaz, verificou que na cadeira havia uma marca 
de parede e na parede havia uma marca de cadeira. Havia também sujidades na 
cadeira associadas provavelmente pelo contato entre a cadeira e a parede.
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Olhando para o chuveiro, o perito detectou marcas de dedos e olhando para 
os dedos da vítima o perito descobriu marcas do chuveiro, da poeira que estava 
no chuveiro. 
O perito concluiu que aquilo que parecia um homicídio com suicídio forjado, 
na verdade tinha sido um suicídio. A vítima subiu na cadeira e se jogou.
A ML não pode apenas ser associada a morte.
No Instituto Médico Legal (IML) não se examinam apenas cadáveres. Proces-
sam-se mais exames em vivos do que em mortos para constatar lesões corpo-
rais, exames ad cautelam, exames para constatação de violência sexual ou de 
psiquiatria forense.
O exame não é para o morto. O bem jurídico que está ali protegido, a vida, a 
pessoa não possui mais. O objetivo é entender as circunstâncias da morte para 
que a mesma seja apurada. 
O médico emite um documento denominado declaração de óbito, que dará 
origem à certidão de óbito. Quando se trata de morte natural, é emitida pelo 
médico que acompanhava o falecido e no IML é emitida pelo médico titular do 
serviço.
Além da declaração de óbito, o médico do IML faz um laudo que responde a 
quesitos normalmente formulados pelo delegado e o primeiro quesito do laudo 
necroscópico é: Houve morte? 
Se o objeto do exame é o morto, é óbvio que houve morte. 
Para ter alguém processado pelo crime de homicídio (artigo 121 do Código 
Penal), por exemplo, o básico do Direito é que haja um morto, materialidade 
direta ou outro tipo de materialidade (indireta). 
O perito médico responde aos quesitos que constatarão a materialidade 
daquele crime e elucidarão alguns aspectos com relação à morte daquela pessoa. 
Na ML há dois caminhos: um da medicina apoiando a Justiça (não necessa-
riamente penal) e alguém da área jurídica apoiando o médico.
O médico auxilia o juiz na compreensão da área médica.
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a 
aula preparada e ministrada pelo professor Carlos Palhares.

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