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26/02/2013 1 4. Das Pessoas Profª Cátia Bethonico Direito Civil I – 2013.1 Pessoa Pessoa natural é o ser humano considerado sujeito de direitos e obrigações. Para ser assim designada, basta nascer com vida e, por conseguinte, adquirir a personalidade. Personalidade Jurídica: conceito Personalidade jurídica é a aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações, ou, em outras palavras, é o atributo necessário para ser sujeito de direito. Assim, ao adquirir a personalidade, o ente passa a atuar, na qualidade de sujeito de direito (pessoa natural ou jurídica), praticando atos e negócios jurídicos dos mais diferentes matizes. 26/02/2013 2 Aquisição da personalidade jurídica A pessoa natural, para o direito é, portanto, o ser humano, enquanto sujeito/destinatário de direitos e obrigações. Para o surgimento da personalidade jurídica, deve ocorrer o nascimento com vida. Código Civil – Lei nº 10.406/2002 Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Aquisição da personalidade jurídica O direito brasileiro adota a teoria natalista para a aquisição da personalidade. Conforme ensinamento de Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona: “no instante em que principia o funcionamento do aparelho cardiorrespiratório, clinicamente aferível pelo exame de docimasia hidrostática de Galeno, o recém- nascido adquire personalidade jurídica, tornando-se sujeito de direito, mesmo que venha a falecer minutos depois” Aquisição da personalidade jurídica Lei nº 6.015/73 – Lei dos Registros Públicos Art. 50. Todo nascimento que ocorrer no território nacional deverá ser dado a registro, no lugar em que tiver ocorrido o parto ou no lugar da residência dos pais, dentro do prazo de quinze dias, que será ampliado em até três meses para os lugares distantes mais de trinta quilômetros da sede do cartório. § 1º Quando for diverso o lugar da residência dos pais, observar-se-á a ordem contida nos itens 1º e 2º do art. 52. § 2º Os índios, enquanto não integrados, não estão obrigados a inscrição do nascimento. Este poderá ser feito em livro próprio do órgão federal de assistência aos índios. § 3º Os menores de vinte e um (21) anos e maiores de dezoito (18) anos poderão, pessoalmente e isentos de multa, requerer o registro de seu nascimento. § 4° É facultado aos nascidos anteriormente à obrigatoriedade do registro civil requerer, isentos de multa, a inscrição de seu nascimento. § 5º Aos brasileiros nascidos no estrangeiro se aplicará o disposto neste artigo, ressalvadas as prescrições legais relativas aos consulados. 26/02/2013 3 O nascituro “O que está por nascer, mas já concebido no ventre materno” (Limongi França) É o ente concebido, embora ainda não nascido. A lei civil não o considera como pessoa, mas lhe garante direitos (art. 2º, CC/02). Assim, embora não seja pessoa, o nascituro possui mera expectativa de direito. O natimorto é aquele que saiu do ventre materno já sem vida. O nascituro • É titular de direitos personalíssimos (como direito à vida, o direito à proteção pré-natal, etc); • Pode receber doação, sem prejuízo do recolhimento do imposto de transmissão inter vivos; • Pode ser beneficiado por legado e herança; • Pode ser-lhe nomeado curador para a defesa dos seus interesses (arts. 877 e 878 do CPC); • O Código Penal tipifica o crime de aborto; • Tem direito à realização de exame de DNA para aferição de paternidade; • Tem direito à alimentos (alimentos gravídicos) Capacidade de Direito e Capacidade de Fato Adquirida a personalidade jurídica, toda pessoa passa a ser capaz de direitos e obrigações. Assim, possui capacidade de direito ou de gozo. É reconhecida a todo ser humano, sem distinção. Dessa forma, todo ser humano tem capacidade de direito, pelo fato de que a personalidade jurídica é atributo inerente à sua condição. 26/02/2013 4 Capacidade de Direito e Capacidade de Fato Nem toda pessoa possui aptidão para exercer pessoalmente os seus direitos, praticando atos jurídicos, em razão de limitações orgânicas ou psicológicas. Exatamente por isso o direito reconhece a existência da capacidade de fato ou de exercício. Capacidade de Direito e Capacidade de Fato Quem possui as duas espécies de capacidade tem capacidade plena. Quem só ostenta a de direito, tem capacidade limitada e, por isso, necessita de outra pessoa que substitua ou complete sua vontade. Daí então serem chamados de ‘incapazes’. Capacidade X Legitimação Nem toda pessoa pode estar legitimada para a prática de determinado ato jurídico. A legitimação traduz uma capacidade específica. Nas lições de Pablo e Rodolfo, “Em virtude de um interesse que se quer preservar, ou em consideração à especial situação de determinada pessoa que se quer proteger, criaram-se impedimentos circunstanciais, que não se confundem com as hipóteses legais genéricas de incapacidade. O tutor, por exemplo, embora maior e capaz, não poderá adquirir bens imóveis do tutelado (art. 1749, I, CC/02) (...) o tutor e os irmãos encontram-se impedidos de praticar o ato por falta de legitimidade ou de capacidade específica para o ato ” 26/02/2013 5 Incapacidade Absoluta É a falta de aptidão para praticar pessoalmente atos da vida civil. • É nessa situação que se encontra quem não possua capacidade de fato ou de exercício, por estar impossibilitada de manifestar real e juridicamente sua vontade Incapacidade Absoluta Código Civil Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I - os menores de dezesseis anos; II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. Incapacidade Absoluta Os menores de 16 anos São considerados imaturos para atuar na órbita do direito. 26/02/2013 6 Incapacidade Absoluta Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos As pessoas que padeçam de doença ou deficiência mental, que as torne incapazes de praticar atos no comércio jurídico A incapacidade deve ser reconhecida oficialmente por meio do procedimento de interdição (arts. 1177 a 1186, CPC) Incapacidade Absoluta E se a pessoa incapaz efetuou um negócio jurídico antes da interdição? Ele tem validade? Importante: declarada a incapacidade, não são considerados válidos atos praticados pelo incapaz mesmo nos intervalos de perfeita lucidez. Incapacidade Absoluta Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir a sua vontade São os que se encontram em estado de paralisia mental total ou temporária. 26/02/2013 7 Incapacidade Relativa Entre a incapacidade absoluta e a plena capacidade civil situam-se pessoas em uma espécie de zona intermediária: os relativamente incapazes. Código Civil Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. Incapacidade Relativa Os maiores de 16 anos e menores de 18 anos Uma necessidade da própria sociedade em evolução Incapacidade Relativa Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido • A embriaguez foi equiparada à doença mental •O mesmo pode-se afirmar dos viciados em tóxicos, que acabam sofrendo de capacidade de entendimento reduzida* • Os deficientes mentais que possuem o discernimento reduzido 26/02/2013 8 Incapacidade Relativa Os excepcionais sem desenvolvimento mental completo São as chamadas pessoas especiais, como os casos de Síndrome de Down, que possuem, em muitos casos, desenvolvimento mental completo Incapacidade Relativa Os pródigos • São aqueles que gastam e destroem seu patrimônio desordenadamente, reduzindo-o a tal ponto de se atingir à miséria. • É um desvio comportamental que se reflete no patrimônio pessoal • Pode ser interditado – por capacidade relativa Incapacidade Relativa: os silvícolas Sistema de proteção ao índio Lei nº 5.371/67 (instituiu a FUNAI) Lei nº 6001/73 (Estatuto do Índio) O estado brasileiro considera o indígena como agente absolutamente incapaz (em princípio), reputando nulos os atos por eles praticados sem a devida representação (feita pela FUNAI)
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