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DIREITO CIVIL Parte Geral ALYNE RIBEIRETE PELISSON Pessoas Naturais - CAPACIDADE JURÍDICA - PERSONALIDADE - TEORIAS DO INÍCIO DA PERSONALIDADE - 2 3 Pessoa •Ente físico ou jurídico capaz de direitos e deveres na esfera civil. •Toda pessoa tem personalidade jurídica e uma proteção fundamental, por meio dos Direitos de Personalidade. 4 Pessoa física Outras acepções: Pessoa natural ou pessoa de existência visível Ente dotado de estrutura, complexidade biopsicológica. 5 Personalidade Jurídica da Pessoa Natural - Soma de caracteres e aptidões das pessoas, indicando o que ela representa para si e para os outros (relacionada a valores) - Atributo relacionado à essência do ser humano - Atributo que permite à pessoa titularizar e reivindicar direitos fundamentais - A personalidade não se esgota na capacidade de ser sujeito de direitos (poder titularizar direitos e contrair deveres) - 6 Análise sob a perspectiva clássica Análise sob a perspectiva clássica: - A personalidade fundamenta-se na norma jurídica - Associação do início da personalidade à teoria natalista - Associação com a capacidade de direito - Embriões e nascituros seriam entes despersonalizados 7 Análise sob a perspectiva contemporânea - A personalidade fundamenta-se na condição existencial, na dignidade da pessoa humana - Relaciona-se mais ao direito civil constitucional - Permite que o ser humano , ainda que não tenha nascido, reclame direitos fundamentais - A capacidade de direto seria apenas um atributo da personalidade. - O Estado apenas reconhece a personalidade e concebe a capacidade 8 Qual a diferença entre capacidade e personalidade? A capacidade é apenas um aspecto da personalidade, apenas uma consequência, mais ligado a aspectos patrimoniais Como diz Francisco Amaral: Você pode ser mais ou manos capaz, mas você não pode ser mais ou menos pessoa Pode haver restrições do Estado à capacidade jurídica, mas jamais à personalidade pois ela é inerente à natureza humana (emana do próprio indivíduo) 9 Entes despersonalizados. Sujeitos de direitos que não possuem personalidade mas que têm aptidão para titularizar direitos e deveres, criadas para concretizar finalidades institucionais específicas e figurar nas relações jurídicas ex: massa falida, espólio, herança jacente, herança vacante (art. 75, CPC) 10 A partir de que momento a pessoa natural adquire personalidade? O Art. 2° do Código Civil diz que “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro” Nascimento com vida: [Ser expulso do ventre materno e respirar] - Docimasia Hidrostática de Galeno – ver se entrou ar no pulmão No entanto, a resposta a essa questão depende da leitura constitucionalizada ou positivista formal clássica. 11 Teorias da aquisição da personalidade •O nascituro não é pessoa humana, pois a personalidade começa com o nascimento com vida •Defensores: Silvio Rodrigues, Washigton de Barros Monteiro, Fabio Ulhoa) •Decisão ADI-3510, ST (2008) TEORIA NATALISTA OU NEGATIVISTA •O nascituro se nascer com vida é pessoa TEORIA DA PERSONALIDADE CONDICIONADA •O nascituro é pessoa humana, tendo direitos de personalidade desde a concepção (Francisco Amaral, Maria Helena Diniz, Nelson Rosenvald.) •Há uma ressalva quanto aos direitos patrimoniais decorrentes de herança, legado ou doação, que ficam condicionado ao nascimento com vida. •É a prevalente na doutrina e no STJ TEORIA DA CONCEPÇÃO 12 VOCÊ CONSEGUE ME TRAZER EXEMPLOS DE SITUAÇÕES QUE DEMONSTRAM A RECEPÇÃO DA TEORIA CONCEPCIONISTA? 13 Vamos pensar um pouquinho 14 Evidências pró concepcionistas Lei de Biossegurança (Lei 11105/05) proibindo a manipulação genética (art. 6°) Reconhecimento de filiação Art. 1.609, CC – “O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior ao seu falecimento, se ele deixar descendentes.” Cabe dano moral pela morte do pai do nascituro (REsp 399.028/SP e AgRg no AAREsp: 150297 DF), Alimentos gravídicos (11;804/08) Direito ao curador (art. 1779, CC), direito à representação, à adoção. Rafael Bastos foi condenado a pagar dano moral pela ofensa ao nascituro de Wanessa Camargo (REsp: 1.487.089) Cabe indenização por seguro DPVAT em favor do nascituro (REsp 1.120.676/SC de 2011 e REsp 1.415.727/SC de 2014 “DIREITO CIVIL. ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO. ABORTO. AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO OBRIGATÓRIO. DPVAT. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. ENQUADRAMENTO JURÍDICO DO NASCITURO. ART. 2º DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. EXEGESE SISTEMÁTICA. ORDENAMENTO JURÍDICO QUE ACENTUA A CONDIÇÃO DE PESSOA DO NASCITURO. VIDA INTRAUTERINA. PERECIMENTO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. ART. 3º, INCISO I, DA LEI N. 6.194/1974. INCIDÊNCIA. 1. A despeito da literalidade do art. 2º do Código Civil – que condiciona a aquisição de personalidade jurídica ao nascimento –, o ordenamento jurídico pátrio aponta sinais de que não há essa indissolúvel vinculação entre o nascimento com vida e o conceito de pessoa, de personalidade jurídica e de titularização de direitos, como pode aparentar a leitura mais simplificada da lei. 2. Entre outros, registram-se como indicativos de que o direito brasileiro confere ao nascituro a condição de pessoa, titular de direitos: exegese sistemática dos arts. 1º, 2º, 6º, e 45, caput, do Código Civil; direito do nascituro de receber doação, herança e de ser curatelado (arts. 542, 1.779 e 1.798 do Código Civil); a especial proteção conferida à gestante, assegurando-se-lhe atendimento pré-natal (art. 8º do ECA, o qual, ao fim e ao cabo, visa a garantir o direito à vida e à saúde do nascituro); alimentos gravídicos, cuja titularidade é, na verdade, do nascituro e não da mãe (Lei n. 11.804/2008); no direito penal a condição de pessoa viva do nascituro – embora não nascida – é afirmada sem a menor cerimônia, pois o crime de aborto (arts. 124 a 127) sempre esteve alocado no título referente a "crimes contra a pessoa" e especificamente no capítulo "dos crimes contra a vida" – tutela da vida humana em formação, a chamada vida intrauterina (MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal, volume II. 25 ed. São Paulo: Atlas, 2007, p. 62-63; NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 8 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 658). 3. As teorias mais restritivas dos direitos do nascituro – natalista e da personalidade condicional – fincam raízes na ordem jurídica superada pela Constituição Federal de 1988 e pelo Código Civil de 2002. O paradigma no qual foram edificadas transitava, essencialmente, dentro da órbita dos direitos patrimoniais. Porém, atualmente isso não mais se sustenta. Reconhecem-se, corriqueiramente, amplos catálogos de direitos não patrimoniais ou de bens imateriais da pessoa – como a honra, o nome, imagem, integridade moral e psíquica, entre outros. 4. Ademais, hoje, mesmo que se adote qualquer das outras duas teorias restritivas, há de se reconhecer a titularidade de direitos da personalidade ao nascituro, dos quais o direito à vida é o mais importante. Garantir ao nascituro expectativas de direitos, ou mesmo direitos condicionados ao nascimento, só faz sentido se lhe for garantido também o direito de nascer, o direito à vida, que é direito pressuposto a todos os demais. 5. Portanto, é procedente o pedido de indenização referente ao seguro DPVAT, com base no que dispõe o art. 3º da Lei n. 6.194/1974. Se o preceito legal garante indenização por morte, o aborto causado pelo acidente subsume-se à perfeição ao comando normativo, haja vista que outra coisa não ocorreu, senão a morte do nascituro, ou o perecimento de uma vida intrauterina. 6. Recurso especialprovido.” (REsp 1.415.727- SC (2013/0360491-3), Rel. Min. Luis Felipe Salomão- Segunda Turma - Julgado em 04/09/2014, DJe 29/09/2014). provido.” (REsp 1.415.727- SC (2013/0360491-3), Rel. Min. Luis Felipe Salomão- Segunda Turma - Julgado em 04/09/2014, DJe 29/09/2014). 19 CAPACIDADE JURÍDICA - Capacidade éa medida da personalidade Art. 1º, III, CC - Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil A capacidade que o artigo primeiro traz é a capacidade de direito - Pessoa: Pessoa natural ou Pessoa humana - Capaz: Capacidade de direito e de gozo CAPACIDADE DE DIREITO, DE GOZO - Potencialidade que todos têm para serem sujeitos de direitos e deveres na ordem civil, titularizando relações jurídicas - É estática e genérica - Decorre da personalidade 21 O que é relação jurídica? Relação jurídica é a relação regulada pelo Direito. Ela é formada por pessoas, que se vinculam e ocupam a posição de A) Sujeito ativo: titular do direito. Credor da obrigação. B) Sujeito passivo: titular do dever jurídico, com sujeição. CAPACIDADE DE FATO OU DE EXERCÍCIO - Poder que o Estado concede ao sujeito de direitos para o exercício concreto de direitos subjetivos e potestativos, bem como para cumprir os deveres decorrentes dos direitos que ele adquiriu em razão da capacidade de direito - É dinâmica, pois está atrelada ao exercício do direito - NEM TODOS possuem - O exercício pode ser limitado pela finalidade e função do direito concedida pelo ordenamento jurídico bem como pelos paradigmas decorrentes da constituição (igualdade substancial, solidariedade social e dignidade da pessoa humana) sob pena de configurar abuso de direito - Ficam excluídos os incapazes – Teoria das incapacidades A) Absolutamente incapazes (artigo 3º, CC) B) Relativamente incapazes (artigo 4º, CC) CAPACIDADE CIVIL PLENA - Capacidade de direito + capacidade de fato LEGITIMAÇÃO – Capacidade negocial ou privada - Capacidade especial para o exercício de determinado ato ou negócio jurídico Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; III - prestar fiança ou aval; Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória TEORIA DAS INCAPACIDADES 25 Pessoas Naturais TEORIA DAS INCAPACIDADES - A teoria da incapacidade está relacionada com a capacidade de fato e fundamenta-se na proteção - Consiste na restrição do poder de exercício pelo Estado visando a proteção dos incapazes – espécies de vulneráveis, estabelecendo um regime especial de proteção. - O poder restrito é delegado pelo Estado aos pais (poder familiar), tutores (tutela, complementando o poder familiar), curadores (curatela), apoiadores (tomada de decisão assistida) que exercem o poder junto ou no lugar dos incapazes Exemplo de proteção: não corre prazo de prescrição e decadência contra absolutamente incapazes (art. 198, CC), nulidade de atos e negócios realizados pelos incapazes (art. 166, CC), responsabilização mitigada (art. 928, CC) 27 Quem são os vulneráveis tido incapazes? Fala-se em presunção de vulnerabilidade aos elencados nos arts. 3º e 4º, do CC, alterados pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência - Lei 13.146/2015 Causas: a) objetiva: IDADE b) Subjetiva: ENFERMIDADE, que implique redução do discernimento ABSOLUTAMENTE INCAPAZES Art. 3 o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. (CRITÉRIO OBJETIVO - ETÁRIO – menores impúberes) Precisam ser representados sob pena de nulidade absoluta do ato praticado Nulidade absoluta Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; RELATIVAMENTE INCAPAZES Art. 4 o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; (CRITÉRIO OBJETIVO - ETÁRIO – menores púberes) II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (CRITÉRIO SUBJETIVO) III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; (CRITÉRIO SUBJETIVO) IV - os pródigos. (CRITÉRIO SUBJETIVO) Precisam ser assistidos, sob pena de nulidade relativa, anulabilidade, do ato Nulidade relativa- anulabilidade Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: I - por incapacidade relativa do agente; Observações 1) Quanto aos menores púberes: Havendo previsão legal podem praticar alguns atos civis mais complexos, mesmo sem assistência. ex: Casar, testar, reconhecer filho, ser testemunha... Em alguns casos será preciso ocorrer a emancipação (art 5º, CC) 2) Quanto aos ébrios habituais( viciados em álcool ou tóxicos) Nestes casos, há necessidade de interdição relativa com laudo médico. A sentença deve apontar quais atos podem ou não podem ser praticados pelo indivíduo Observações 3) Quanto às pessoas que, por causa transitória ou definitiva, não puderem exprimir vontade - são aqueles que se encontram em estado vegetativo ou coma, por exemplo 4) Quanto aos pródigos: - são as pessoas que gastam de maneira destemperada o seu patrimônio, o que pode reduzi-los à penúria. Ex: viciado em jogo. A interdição do pródigo somente diz respeito a atos de disposição direta de bens. Ex: vender, doar, hipotecar etc. Assim, não há impedimento quanto ao casamento. Inclusive não há imposição de regime de bens. Ele não está no rol que impõe a separação obrigatória (1641. CC), assim, em regra, o regime de casamento do pródigo é o da comunhão parcial de bens Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração. CAPACIDADE DOS INDÍGENAS Art 4°, CC. Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) Dispõe sobre o Estatuto do Índio. (Lei 6.001/1973) Art. 1º Esta Lei regula a situação jurídica dos índios ou silvícolas e das comunidades indígenas, com o propósito de preservar a sua cultura e integrá-los, progressiva e harmoniosamente, à comunhão nacional. - EM REGRA: ABSOLUTAMENTE INCAPAZ – SOB TUTELA DA UNIÃO CAPACIDADE DOS INDÍGENAS - O índio adaptado poderá ser considerado plenamente capaz para que possa realizar os atos da vida civil, desde que: emancipe-se e preencha os requisitos estabelecidos no artigo 9º do Estatuto do Índio, quais sejam: - idade mínima de 21 anos; - domínio da língua portuguesa; - habilitação para o exercício de atividade útil à comunidade nacional; - autorização judicial, diretamente, ou por meio da Funai – mas sempre será homologado por órgão judicial. - As questões indígenas são de competência da Justiça Federal. A PRESUNÇÃO DE VULNERABILIDADE É ABSOLUTA? MUDA ALGUMA COISA COM O DIREITO CIVIL CONSTITUCIONAL? 36 Para pensar... 37 Sim A incapacidade não pode mais ser considerada de forma abstrata. É preciso analisar no caso concreto, de modo associado com a dignidade da pessoa humana e a valorização da pessoa humana. Questione se a pessoa precisa esmo ser destinatária de um regime de proteção naquela situação concreta A incapacidade deve ser vista como exceção, cada vez mais restrita, para potencializar a dignidade. Incapacidade formal x incapacidade material PESSOA COM DEFICIÊNCIA É CAPAZ? 38 Para pensar... Pessoas Naturais Teoria das incapacidades INCAPACIDADE X ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA 39 Considerações sobre o Estatuto das Pessoas com Deficiência a) Lei 13.146 - Regulamenta a Convenção de Nova Iorque, que é um tratado de direitos humanos. Tal tratado tem força de Emenda à Constituição, conforme art. 5º, § 3º, CF . b) Premissas fundamentais do Estatuto das Pessoas com Deficiência (art. 4º, Lei 13.14610/2015): ✓ Igualdade. ✓ Inclusão com autonomia. ✓ Vedação da discriminação. c) Pessoa com deficiência passou a ser considerada capaz, em regra. (PRESUNÇÃO DE CAPACIDADE) - Capacidade civil plena para os atos existenciais e familiares. - Restrições atingem apenas atos patrimoniais e negociais (art. 83, 84 e 85 do ETD) – busca a preservação da autodeteminação existencial - Faculta-se a tomada de decisão apoiada (1783, cc) Influência do estatuto no CC O estatuto motivou a revogação da antiga redação dos artigos 3° e 4°, CC. O CC não faz mais referência à pessoa portadora de deficiência. A deficiência está ainda associada a uma vulnerabilidade, mas não à incapacidade 43 Quem é a pessoa com deficiência? Art. 2º, Lei nº 13.146 - Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Deficiência não afeta a capacidade Lei 13.146/2015, “Art. 6°-A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: I -casar-se e constituir união estável; II -exercer direitos sexuais e reprodutivos; III -exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; IV -conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; V -exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; VI -exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.” Deficiência não afeta a capacidade Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas. § 1º Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, conforme a lei. (CURATELA ESPECÍFICA OU INTERDIÇÃO) § 2º É facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo de tomada de decisão apoiada. (TDA – há possibilidade de autodeterminar-se, mas busca um apoio) § 3º A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui medida protetiva extraordinária, proporcional às necessidades e às circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo possível. (ESPECIFICA, TEMPORÁRIA E EXTRAORDINÁRIA) § 4º Os curadores são obrigados a prestar, anualmente, contas de sua administração ao juiz, apresentando o balanço do respectivo ano. 46 TDA Instituto protetivo menos invasivo que garante mais autonomia à pessoa com deficiência. Facilita comunicação, compreensão e a manifestação da vontade com pessoa com deficiência. Art. 1.783-A. A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para que possa exercer sua capacidade. 47 Regime protetivo aplicável à pessoa com deficiência Deficiência que NÃO afeta o discernimento: •Aplica o estatuto Deficiência que afeta o discernimento: •Divergência entre o estatuto e o artigo 4º, III, CC •Ou se constrói soluções no caso concreto ou aplica todo o regime da incapacidade Pessoas Naturais EMANCIPAÇÃO 48 49 Cessação da menoridade Art. 5 o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II - pelo casamento; III - pelo exercício de emprego público efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. Emancipação A antecipação de um dos efeitos da maioridade para data anterior aos 18 anos A antecipação se refere a efeitos civis: O menor passa a ter capacidade de fato A emancipação não retira a proteção do menor e não afasta a incidência do ECA Emancipação - Modalidades ✓Voluntária: feita por concessão dos pais (escritura pública, devidamente levada a registro), tendo o filho 16 anos completos. ✓Judicial: feita por suprimento do juiz, por sentença judicial que deve ser levada a registro, tendo o menor 16 anos completo ✓Legal (não tem necessidade de formalidade) 1º) Matrimonial: decorrente do casamento. 2º) Exercício de emprego público efetivo; 3º) Colação de grau em Ensino Superior; 4º) Estabelecimento civil/empresarial do menor ou relação de emprego (emancipação profissional). Nestes casos , o menor deve ter 16 anos completos e economia própria Emancipação Art. 9 o Serão registrados em registro público: II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; A emancipação é irrevogável, salvo nos casos de invalidade do casamento. VAMOS RESOLVER ALGUMAS QUESTÕES 53 Exercícios práticos 54 (Procurador – Prefeitura de Francisco Morato - SP – VUNESP – 2019) Pode-se corretamente afirmar que o menor de 17 anos de idade divorciado é: (A) capaz. (B) incapaz. (C) relativamente incapaz. (D) capaz, se foi expressamente requerida no divórcio a não revogação da emancipação (E) capaz, desde que emancipado pelos pais, por meio de escritura pública. 55 (IPREV/IBEG – Procurador Previdenciário – 2017) Sobre a capacidade civil, analise as assertivas e indique a opção correta. I – São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos; II – São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de exercê-los os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; III – São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de exercê-los os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; IV – São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade. (A) apenas as alternativas I e II são verdadeiras. (B) apenas as alternativas I e III são verdadeiras. (C) apenas as alternativas II e III são verdadeiras. (D) apenas as alternativas I, II e IV são verdadeiras. (E) apenas as alternativas I, III e IV são verdadeiras. 5613. (Magistratura Federal/TRF4 – 2014) Dadas as assertivas abaixo, assinale a alternativa correta. O Código Civil de 2002 (Lei 10.406/2002), na redação vigente, dedica o seu Livro I à tutela jurídica das pessoas. Com base nas disposições respectivas às pessoas naturais, é possível afirmar que: I. A incapacidade é a restrição legal aos atos da vida civil, sendo esta, na Ordem Jurídica brasileira, dividida em incapacidade de fato ou exercício. II. Os pródigos, ainda que relativamente incapazes, podem praticar, validamente, atos de administração patrimonial, como são exemplos a transação financeira perante bancos e a constituição de hipotecas sobre bens imóveis. III. A emancipação voluntária pode ser concedida por ambos os pais ao menor com no mínimo 16 (dezesseis) anos de idade, independentemente de homologação judicial, mas necessariamente concretizada em instrumento público, sob pena de nulidade, devendo a escritura respectiva ser registrada no cartório do registro civil, à margem do assento de nascimento. Quais estão corretas? Encerramento 57 58 O que vimos hoje? Sujeitos da relação jurídica Conceito de pessoa natural Começo da personalidade Capacidade jurídica Emancipação 59 Na próxima aula... Morte Ausência Forma de Individualização das Pessoas Teorias dos direitos da personalidade 60 REFERÊNCIAS FIGUEIREDO, Luciano;FIGUEIREDO, Roberto. Direito Civil. Parte Geral. 5 ed. Salvador: JusPodivm, 2015 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro - Parte geral . Vol.1.18. ed. São Paulo : Saraiva, 2020 JANKOVIC, Elaine Karina. Direito Civil: pessoas e Bens. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2015. TARTUCE, Flávio. Direito civil: lei de introdução e parte geral . 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020.
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