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AVES Numa clínica veterinária de animais de estimação, além de tratar cães e gatos, razão esta devido aos laços que estabelecem com seus donos, os veterinários também cuidam de aves, sejam elas de gaiola, de viveiros, de zoológicos, selvagens, pombos de corrida e de exposição, anatídeos, rapinantes, ratitas e aves de criação. É importante considerar como se deu a evolução da espécie, conhecendo mais detalhadamente uma família, para depois estabelecer comparações. A partir disso, será utilizado os psitacídeos como modelo básico. AVES Penas: as aves são répteis de sangue quente, onde as penas são uma de suas características distintivas mais importantes e exclusivas, possuindo um tipo diferente de queratina; Elas distribuem-se sobre o corpo em tratos denominados pterilas e as áreas sem penas, são chamadas aptérias; PENAS Penas novas se desenvolvem a partir do colar epidérmico, na base do folículo da pena, crescendo para fora. É um desenvolvimento sensível, podendo causar o aparecimento de linhas horizontais de falha na pena emergente quando houver deficiências nutricionais, estresse ou cortisona exógena; O pedículo central, ou haste da pena (a quilha) é denominado de cálamo, desde o folículo até o ponto onde as barbas emergem, e depois é denominado raque; PENAS Nas penas de crescimento há uma artéria nutriente que atravessa o centro da haste e é cercada no cálamo pela pola da pena (blood feather). A polpa e a artéria regridem à medida que a pena se desenvolve, mas as cápsulas queratinizadas da polpa permanecem como barras horizontais através da luz da haste. PENAS Uma pena com sangue na polpa está no estágio inicial do processo de muda de toda pena normal em crescimento. Se for cortada ou danificada, pode sangrar profusamente pela artéria nutriente; À medida que a pena emerge, sua bainha externa de queratina se desintegra, produzindo um material semelhante à caspa; As barbas da pena se abrem de forma helicoidal, num ângulo de 45° em relação a raque, e das barbas emergem as bárbulas em 45°; PENAS As penas se ligam umas às outras por um sistema de ganchos (barbicelas), que as deixa impermeáveis à água; A arrumação das penas (preening) é necessária para restaurar a união quando as bárbulas estão desarrumadas; O vexilo é a parte da pena que estende para os dois lados da raque e, dependendo do tipo de pena, pode ser plumáceo (macio) ou penáceo (intimamente entrelaçãdo); PENAS Penas de contorno revestem o corpo da ave. Elas possuem hastes bem desenvolvidas e vexilos com componentes plumáceos e penáceo. Coberteiras são penas de contorno pequenas, presentes nas asas e na cauda. Penas de vôo ou rêmiges são penáceas; são assimétricas em aves que voam, possibilitando um formato de aerofólio, para facilitar a elevação. A borda anterior de uma pena de vôo é mais grossa, ao passo que a borda posterior é larga e achatada. PENAS Rêmiges primárias são aquelas que emergem do periósteo do metacarpo. E são numeradas distalmente a partir do carpo; Rêmiges secundárias são as que emergem da ulna e são numeradas proximalmente a partir do carpo. Rêmiges terciárias emergem do úmero; As penas da caudas (retrizes) são estruturalmente similares as rêmiges, porém simétricas. São numeradas lateralmente a partir do centro; PENAS As aves possuem outras penas adaptadas para propósitos especiais. Plúmulas (penugem lanosa, down) apresentam uma raque mais curta do que a barba mais longa e bárbulas não entrelaçadas, e proporcionam uma cobertura interna para isolamento térmico; Plúmulas especializadas de pó ou pulviplumas (powder down) localizam se na região anterior à pelve e produzem um material de queratina que desempenha uma função de lubrificação a seco; PENAS Plúmulas de pó crescem continuamente, e com freqüência são as primeiras a desenvolver anormalidades quando uma ave está infectada por circovírus; São proeminentes em cacatuas, calopsitas e papagios-cinza-africanos, de maneira que pessoas propensas a alergias provocadas por penas devem evitar contato estreito com essas espécies. Se uma ave não consegue arrumar as penas (usando colar ou lesão no bico), haverá excesso de crescimento das penugens de pó; PENAS Plumas (semiplumes) apresentam vexilos macios, mas a raque é maior do que a barba mais longa; Essas penas geralmente se encontram junto a tratos de penas, para ajudar no isolamento; Fitoplumas são finas como fios de cabelo, com uma raque longa e barbas curtas na extremidade; Cerdas possuem uma raque rígida, extremidade com poucas barbas ou sem barba, e funcionam como bigodes; Hipopenas (after feathers) são estruturas pequenas remanescentes de penas, aderidas à haste no umbigo superior, na posição onde o cálamo emerge da pele. TEGUMENTO A pele das aves é mais fina e mais delicada que a dos mamíferos, e não apresenta glândula sudoríparas. Na maioria das vezes, a camada subcutânea é insuficiente para ser suturada cirurgicamente. As únicas glândulas epiteliais presentes são as uropigianas e as holócrinas do conduto auditivo externo, mas s queratinócitos produzem lipídeos, fazendo essencialmente de toda a pele uma glândula holócrina produtora de óleo. Por não possuírem glândula sudorípara, elas dissipam calor aumentando a freqüência respiratória e mantendo as asas afastadas do corpo. TEGUMENTO Aves com frio “afofam” as penas e acocoram-se para reter calor; Temperatura normal é geralmente em torno de 39°-42° (mais alta do que mamíferos); Em alguns columbiformes e na maioria dos psitacídeos, excerto papagaio Amazona, a glândula uropigiana bilobada encontra-se na região dorsal da base da cauda. Cada lobo é drenado por um único ducto, que se esvazia numa papila isolada. Essa glândula secreta um material sebáceo lipóide, que se espalha sobre as penas durante sua arrumação para auxiliar na impermeabilização. TEGUMENTO Impactação e Neoplasia são duas doenças mais comuns associadas a essa estruturas; Se tiver impactada, a glândula uropigiana pode ser espremida manualmente ou removida por cirurgia; Nas aves que estão incubando ovos forma-se uma placa de choco; A derme do peito fica espessada e vascularizada, perdendo as penas; Essa estrutura não deve ser confundida com uma condição patológica. UNHAS, PERNAS E PÉS Nos psitaciformes, os dedos II e III apontam para região anterior, enquanto os dedos I e IV dirigem-se para região posterior. Em passeriformes, o dedo I aponta para trás, enquanto os dedos II e IV apontam para frente. As pernas e pés são cobertos de escamas –área salientes de epiderme altamente queratinizada, separadas por uma prega de pele menos queratinizada. As unhas possuem uma placa dorsal fortemente queratinizada e uma placa ventral mais mole, que cresce lentamente, produzindo unhas curvas para empoleirar. UNHAS, PERNAS E PÉS Deficiência de vitamina A é observado em aves alimentadas com dietas só de sementes, ou excesso de vitamina A, pode resultar em hiperqueratose. Ácaros de sarna escamosa (Cnemidocoptes sp.) também podem causar hiperqueratose, geralmente com aspecto displásico de “favo de mel”. SENTIDOS VISÃO: Apresentam grande acuidade visual. “um olho preso a uma asa” é uma descrição adequada às espécies que voam. Apresentam um globo ocular bem grande e assimétrico, com 10-18 ossículos esclerais que se sobrepõem, formando um anel ao redor da esclera. Os músculos esfíncter da pupila e dilatador da pupila são estriados, portanto, permitem controle voluntário e a atropina não apresenta nenhum efeito sobre eles. SENTIDOS - visão Um cristalino flexível, que possui um coxim anular, permite acomodaçãorápida à ave. O corpo ciliar está em contato direto com o cristalino. A retina é espessa e não possui vasos sanguíneos evidentes, mas muitos cones, possibilitando assim, excelente visão em cores A visão é tetracrômica e inclui sensibilidade na faixa do ultravioleta. A fóvea é bem desenvolvida. Em rapinantes existem múltiplasfóveas, permitindo 2 planos de visão sem movimentar a cabeça. SENTIDOS - visão O pécten projeta-se no corpo vítreo a partir do nervo óptico, sendo constituído por capilares e células pigmentadas do estroma extravascular e fornece nutrientes para a retina avascular. Em algumas aves, pequenos movimentos regulares de torsão dos olhos fazem o pécten movimentar-se pelo vítreo. As aves podem perceber o piscar da luz mais depressa que os seres humanos. Luz fluorescente, que parece constante aos olhos humanos, aparece piscando para as aves, causando estresse Iluminação natural ou globos de luz não piscante são os mais recomendados para o ambiente aviário. SENTIDOS - visão As pálpebras dorsal e ventral não piscam, nelas existem plumas ao invés de cílios. Não há glândulas meibomianas, e a terceira pálpebra movimenta-se numa direção nasal para temporal. Os movimentos dos olhos são limitados, sendo compensado pela mobilidade maior da cabeça e do pescoço. O septo entre os olhos é bem fino e a luz pode penetrar, dificultando uma avaliação precisa dos reflexos pupilares consensuais. SENTIDOS AUDIÇÃO: Não possuem aurícula. Em vez disso, o meato é recoberto por penas especializadas de contorno (coberteiras de orelha). O conduto auditivo horizontal é curto e a membrana timpânica projeta-se para fora, por isso otite externa é raro em aves. A columela é único ossículo presente (em mamíferos são 3). O ducto coclear é curto, comparando com mamíferos. Por essas diferenças, as aves apresentam boa discriminação de som, porém são menos sensíveis do que os seres humanos. SENTIDOS PALADAR: Botões gustativos, são associados a aberturas de glândulas salivares, presentes no assoalho e na parte superior da orofaringe, mas não sobre a língua. O paladar parece diferir entre indivíduos e espécies de aves, porém, geralmente é menos desenvolvido do que em mamíferos. Papagaios, periquitos-australianos, beija-flores e aves nectarívoras selecionam ativamente soluções açucaradas. SENTIDOS - paladar Outras espécies, como insetívoras e granívoras, podem não ser muito exigentes na seleção de alimentos pelo paladar. As aves são normalmente tolerantes em soluções ácidas e alcalinas, mas irão mover a língua e o bico. Sacudirão a cabeça em resposta a uma medicação amarga, evitando beber água ou mistura medicada não palatável. SENTIDOS OLFATO: As aves possuem um bulbo olfatório totalmente desenvolvido, mas não têm órgão vomeronasal. O tamanho do bulbo olfatório em relação ao cérebro reflete amplamente a acuidade olfativa. No geral, o olfato em psitaciformes, passeriformes e pombos é pouco desenvolvido, enquanto em albatrozes, abutres e aves aquáticas, a acuidade olfativa é mais sensível. SISTEMA DIGESTÓRIO BICO: O bico (ranfoteca) compreende os ossos mandibulares, maxila (superior) e mandíbula (inferior), e suas bainhas córneas, queratinizadas; Maxila e mandíbula ligam-se ao crânio por juntas cinéticas, podendo mover-se de forma independente. O estojo que recobre a maxila chama-se rinoteca, e o que recobre a mandíbula, gnatoteca; SISTEMA DIGESTÓRIO - bico São compostas de epiderme modificada, com células do estrato córneo, que contêm fosfato de cálcio livre e cristais de hidroxiapatita, bem como queratina em abundância; O tecido do bico estende-se externamente na direção da superfície, sobre grande parte do bico, prolongando- se até as bordas e a ponta; Em casos de descarga nasal crônica, ou dano à camada germinativa do bico, abaixo das narinas, podem surgir defeitos verticais permanentes na riinoteca, das narinas até as bordas ventrais cortantes do bico superior (tomia). SISTEMA DIGESTÓRIO OROFARINGE: Não possuem palato mole. A abertura para a passagem nasal, a coana, é uma fenda entre as pregas palatinas do céu da boca, que se fecha durante a deglutição. Papilas, que se dirigem par a direção caudal, são abundantes nessa região A fenda infundibular, que se abre para a tuba auditiva, situa-se na região logo caudal à coana. Papagaios possuem músculos intrínsecos na língua, enquanto outras aves apenas músculos extrínsecos. SISTEMA DIGESTÓRIO - orofaringe Glândulas salivares produzem muco, ao invés de uma secreção mais serosa, e são abundantes nas paredes da orofaringe. Na respiração, o ar das narinas atravessa a coana, a faringe, proeminência laríngea e a traquéia. Ao fazer lavagens das cavidades nasais, certifique-se manter a cabeça da ave mais baixa do que o corpo e o bico bem aberto para evitar que a solução de lavagem entre na traquéia. SISTEMA DIGESTÓRIO ESOFAGO E INGLÚVIO (PAPO): O esôfago desce pelo lado direito do pescoço (o oposto de sua direção anatômica em mamíferos); O inglúvio é a dilatação do esôfago, onde o alimento é estocado e amolecido com muco antes de sua passagem para o proventrículo. Na maioria das aves, nenhuma ou muito pouco, a digestão ocorre do inglúvio. O alimento penetra no inglúvio pela direita e sai caudalmente na linha média, onde o esôfago se estende para o proventrículo. SISTEMA DIGESTÓRIO - Esofago e inglúvio Glândulas tireóideas aumentadas ou lesionadas por Trichomonas spp. podem causar obstruções nessa região. Pressão sobre o esôfago na área cervical pode induzir angústia respiratória, vômitos ou dilatação do inglúvio. Tricomoníase também pode provocar formação de abscesso e espessamento esofágico cervical e do tecido do inglúvio. SISTEMA DIGESTÓRIO - Esôfago e inglúvio Durante a época da reprodução, os pais regurgitam o alimento armazenado no inglúvio para alimentar seus filhotes; Em columbiformes, sob a influencia da prolactina, o revestimento de epitélio escamoso estratificado do inglúvio se espessa e descama, formando o “leite de papo”: um nutriente rico em proteína e ácidos graxos essenciais, que os pais de ambos os sexos regurgitam para alimentar seus filhotes. SISTEMA DIGESTÓRIO - Esôfago e inglúvio O alimento é evacuado do inglúvio graças a contrações complexas da parede do órgão; Tais contrações são aumentadas pela estimulação da acetilcolina ou vagal (parassimpática) e não são afetadas pela estimulação nervosa simpática; Em aves mais velhas, pode ocorrer dilatação do inglúvio; É mais comum em aves jovens, alimentadas artificialmente; SISTEMA DIGESTÓRIO - Esôfago e inglúvio PROBLEMAS QUE LEVAM À DILATAÇÃO DO INGLÚVIO: Resfriamento; Ingestão de substrato de cama; Fórmula para alimentação artificial inadequada; Enchimento excessivo, e; Infecções microbianas. Um inglúvio repleto pode ser observado sob a pele, na base do pescoço, em ninhegos sem penas ou adultos que perderam as penas; Palpar sempre o inglúvio antes de induzir anestesia.
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