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1 O quorum para deliberação nas Assembleias A questão do quorum para deliberação nas Assembleias varia de acordo com sua modalidade (AGE ou AGO) e, consequentemente, os temas que demandam votação. Inicialmente, uma sugestão que pode ser facilmente adotada na gestão de um condomínio e que facilita bastante a condução das Assembleias é a indicação do quorum mínimo para cada um dos itens da pauta: pode ajudar na pré-disposição da participação na reunião e já esclarece, de imediato, o número de votos exigidos. Outra avaliação preliminar fundamental é saber quem são os condôminos aptos a votar: Procuração: demandar sempre no início quem está com alguma procuração. Condôminos inadimplentes: lembrar de forma geral, sem nominar os presentes, que quem estiver inadimplente tem direito a voz, mas não a voto. Inquilino: como vimos há pouco, somente com procuração. Vamos agora entender um pouco mais sobre a questão do quorum a partir de uma outra divisão, a das obras: voluptuárias, úteis ou necessárias. É no Código Civil que vamos encontrar suas definições: Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. § 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. § 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem. § 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore. Alguns exemplos nos ajudarão a compreender melhor esta classificação em condomínios: Voluptuárias: ampliação da sauna, novos equipamentos da academia de ginástica, criação de um novo jardim de plantas, nova portaria do condomínio etc. Úteis: bicicletário, proteção nas pilastras da garagem, proteção nas escadas etc. Necessárias: manutenção da rede de água, conserto de instalações elétricas, recargas de extintores de incêndio etc. Apesar da aparente facilidade em distinguir tais benfeitorias, ainda há controvérsias em algumas situações: em um condomínio de luxo, a reforma da portaria pode não ser tão desnecessária, assim como a implantação de climatização em salão de festas ou de jogos etc. É menos comum esse problema de indefinição mas, pode causar alguma dúvida: o melhor, portanto, é definir na própria convocação da Assembleia de qual tipo de obra ou benfeitoria está sendo buscada a aprovação para a nova despesa. Quorum dos condôminos x Quorum nas Assembleias 2 Uma consulta que sempre surge nas reuniões de Assembleias é saber como deve ser definido o quorum para votação. O Código Civil foi bastante claro ao afirmar que, naquelas situações explicitamente relacionadas, o quorum é o em relação aos condôminos, ou seja, aos proprietários de frações ideais ou de unidades habitacionais. Portanto, não é o quorum da reunião, do número de presentes! Vejamos um exemplo para melhor ilustrar a questão: em um condomínio com 20 unidades habitacionais em que decisões exijam um quorum de 2/3 significa que deverá terá ter pelo menos 14 votos válidos durante a Assembleia; se estiverem reunidos 13 proprietários e todos tenham o mesmo consenso – 100% de aprovação – mesmo assim, não foi alcançado o quorum necessário a decisão não terá valor algum. FONTE: COFECI A exigência do quorum de 2/3 dos condôminos Um dos itens em que o quorum deve ser bastante elevado é o que envolve a decisão das obras voluptuárias (como vimos há pouco alguns exemplos) tendo em vista que demandarão, quase sempre, uma maior contribuição (taxa extra) que impactará nas despesas mensais de cada um dos condôminos. Veja no Código Civil: Art. 1.341. A realização de obras no condomínio depende: I - se voluptuárias, de voto de dois terços dos condôminos; ......... § 3o Não sendo urgentes, as obras ou reparos necessários, que importarem em despesas excessivas, somente poderão ser efetuadas após autorização da assembléia, especialmente convocada pelo síndico, ou, em caso de omissão ou impedimento deste, por qualquer dos condôminos. Outro tipo de obra que exige o mesmo quorum são aquelas realizadas nas partes comuns (corredores, garagens, área de lazer etc.) que trarão algum acréscimo às necessidades ou vantagens já existentes; veja a Lei: Art. 1.342. A realização de obras, em partes comuns, em acréscimo às já existentes, a fim de lhes facilitar ou aumentar a utilização, depende da aprovação de dois terços dos votos dos condôminos, não sendo permitidas construções, nas partes comuns, 3 suscetíveis de prejudicar a utilização, por qualquer dos condôminos, das partes próprias, ou comuns. E por último, mas extremamente significativo por corresponder a uma mudança que pode afetar substancialmente o condomínio, é a exigência do mesmo quorum elevado quanto o assunto é a alteração da convenção: Art. 1.351. Depende da aprovação de 2/3 (dois terços) dos votos dos condôminos a alteração da convenção; a mudança da destinação do edifício, ou da unidade imobiliária, depende da aprovação pela unanimidade dos condôminos. Observe que há uma outra exigência ainda maior neste mesmo artigo do Código Civil, a unanimidade: para mudança de destinação do edifício ou da unidade imobiliária (por exemplo: conversão de uma unidade residencial em comercial ou empresarial; a alteração da destinação de área do condomínio para outra finalidade do que prevista na convenção etc.) a aprovação não pode conter qualquer restrição contrária. Todos os condôminos devem concordar expressamente! FONTE: COFECI A exigência do quorum de 50% dos condôminos Nas decisões mais comuns, com as chamadas benfeitorias úteis, o índice de participação é menos elevado: Art. 1.341. A realização de obras no condomínio depende: .......... II - se úteis, de voto da maioria dos condôminos. .......... § 3o Não sendo urgentes, as obras ou reparos necessários, que importarem em despesas excessivas, somente poderão ser efetuadas após autorização da assembléia, especialmente convocada pelo síndico, ou, em caso de omissão ou impedimento deste, por qualquer dos condôminos. Um outro entendimento que vem se modificando de forma mais acelerada ao longo dos últimos anos na administração de condomínios é a profissionalização da gestão. Com as demandas cada vez maiores e a complexidade na gestão de condomínios, 4 principalmente os de grande porte, essa medida pode ser adotada desde que aprovada pela maioria dos condôminos: Art. 1.348. Compete ao síndico: .......... § 2o O síndico pode transferir a outrem, total ou parcialmente, os poderes de representação ou as funções administrativas, mediante aprovação da assembléia, salvo disposição em contrário da convenção. Art. 1.349. A assembléia, especialmente convocada para o fim estabelecido no § 2o do artigo antecedente, poderá, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, destituir o síndico que praticar irregularidades, não prestar contas, ou não administrar convenientemente o condomínio. A simples exigência do quorum da maioria dos presentes nas Assembleias Mas, nem todas as decisões exigem que o quorum seja tão elevado! Prevaleceu bom senso ao entender o legislador que algumas situações exigem agilidade e pronta resposta, não podendo esperar uma unanimidade ou uma maioria absoluta dos condôminos nas Assembleias. Essa possibilidade fica bastante clara no art. 1352, a seguir: Art. 1.352. Salvo quando exigido quorum especial, as deliberações da assembléia serão tomadas, em primeira convocação, por maioria de votos dos condôminos presentes que representem pelo menos metade das frações ideais. Parágrafo único. Os votos serão proporcionais às frações ideais no solo e nas outras partes comuns pertencentes a cada condômino, salvo disposição diversada convenção de constituição do condomínio. Art. 1.353. Em segunda convocação, a assembléia poderá deliberar por maioria dos votos dos presentes, salvo quando exigido quorum especial. Em outras palavras, quando o tema ou item de cada Assembleia não exigir um quorum qualificado dos condôminos, todas as decisões devem seguir o princípio acima, da simples maioria. A outra grande diferença é que, nestes casos – e somente nestes – a maioria refere-se aos presentes na Assembleia e não à quantidade de condôminos. Exemplificando: em uma Assembleia em que compareçam apenas 1, 2 ou 3 pessoas, poderá haver decisões absolutamente legais e legítimas, ainda que o condomínio tenha 20, 30, 100 ou mais moradores! Aquele outro ditado popular aplica-se bem ao caso: “toda ausência é atrevida”.
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