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Direito Ambiental
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Tercius Zychan
Revisão Textual:
Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin
Urbanismo e Meio Ambiente
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• Introdução
• Direito Urbanístico
• Meio Ambiente urbano e Estatuto da Cidade
• A urbanização e a proteção legal do Meio Ambiente
• Instrumentos de proteção ao Meio Ambiente urbano
• A proteção ambiental como diretriz de uma política urbana
• Objetivos da Política Urbana
• Audiências públicas para licenciamento ambiental
 · Conhecer no que consiste a relação de urbanismo, ou do Direito Urbano, na 
gestão da garantia constitucional do Meio ambiente, identificando os instrumentos 
de avaliação e de participação popular nos processos de preservação ambiental.
Nesta Unidade, estudaremos o Urbanismo e sua relação com o Direito Ambiental, na gestão 
da consolidação de garantias de um Meio Ambiente saudável às presentes e futuras gerações. 
Não se esqueça de acessar o link Materiais Didáticos, nos quais você encontrará o conteúdo 
e as atividades propostas.
Bom estudo a todos!
Urbanismo e Meio Ambiente
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Unidade: Urbanismo e Meio Ambiente
Contextualização
Entre as medidas de preservação do Meio Ambiente urbano, existe o Relatório de Impacto 
Ambiental – RIMA, que tem por objetivo fazer estudos de impactos ambientais provenientes 
da realização de atividades ou obras que possam por em risco o Meio Ambiente. 
Este relatório deve ser submetido à audiência pública, garantindo a participação popular na 
Gestão Ambiental.
Existe um vídeo disponível no Youtube, que trata um pouco sobre a fauna e flora brasileira:
 
Audiência Pública do EIA RIMA do Projeto Santa Quitéria
https://www.youtube.com/watch?v=vc1uMvKLGQE
Bom estudo!
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Introdução
Nesta Unidade, estudaremos a relação do Urbanismo com o Meio Ambiente. 
Iremos reconhecer como as políticas urbanas resvalam na preservação ambiental e na 
garantia de um Meio Ambiente que garanta uma sadia qualidade de vida para a coletividade.
Para tanto, iremos nos socorrer do Artigo 182, que trata do planejamento urbano como 
instrumento de garantia das funções sociais das cidades.
Em virtude disto, a Lei 10.257, de 10 de julho de 2001, mais conhecida como “Estatuto 
da Cidade”, delimita de modo detalhado o que deve conter e a forma de se promover o 
mencionado planejamento urbano, inserido como uma das características deste à proteção e 
garantia do Meio Ambiente saudável. 
Ainda conheceremos os instrumentos de promoção de estudos e avaliação de atividades 
nocivas ao Meio Ambiente. 
Por fim, trataremos das denominadas “audiências públicas”, fundamentais para a avaliação 
e a concessão de licenças ambientais, bem como para garantir participação democrática na 
Gestão Ambiental, envolvendo no processo a maior interessada, ou seja, a sociedade.
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Unidade: Urbanismo e Meio Ambiente
Direito Urbanístico
Não há duvidas de que o Meio Ambiente afeta nosso habitat nas diversas modalidades em 
que se apresenta.
Entre esta diversidade, temos o denominado Meio Ambiente urbano, que é composto por 
todos os espaços construídos e habitados pelo homem. 
A expressão “urbano” se origina do latim urbs ou urbis e significa cidade, incluindo, por 
extensão, os seus habitantes.
Meio Ambiente Urbano e Estatuto da Cidade
Ao utilizarmos a expressão “Meio Ambiente urbano” estamos fazendo referência ao Meio 
Ambiente que envolve as cidades, ou seja, inserindo-as na ótica da proteção ambiental. 
O Meio Ambiente urbano, no conceito de José Afonso da Silva (2003, p.21), é:
[...] constituído pelo espaço urbano construído, consubstanciado no conjunto 
de edificações (espaço urbano fechado) e dos equipamentos públicos (ruas, 
praças, áreas verdes, espaços livres em geral: espaço urbano aberto).
Assim, a forma de criação e desenvolvimento dos espaços escolhidos pelo homem para 
o estabelecimento das cidades é bastante complexo e envolve questões políticas, sociais, 
econômicas, culturais e religiosas, que vão além das preocupações ambientais. 
Nesse desiderato, o Direito Ambiental deve servir de instrumento hábil para um bom 
planejamento para a fixação e gestão das cidades, principalmente no que se refere à qualidade 
de vida nos espaços implementados.
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A Urbanização e a Proteção Legal do Meio Ambiente
A Constituição Federal de 1988 preocupou-se com a criação de uma política urbana, isto 
está bem claro ao apreciarmos o Capítulo II, que trata da Política Urbana, evidenciando o 
Artigo 182, que diz:
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder 
Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo 
ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o 
bem- estar de seus habitantes (grifo nosso) 
Da destaca diretriz geral estabelecida pela Constituição Federal adveio, com a Lei 10.257, 
de 10 de julho de 2001, mais conhecida como “Estatuto da Cidade”, o qual estabelece as 
diretrizes gerais para a política urbana, determinando regras ligadas à ordem pública e interesse 
social, quanto ao uso da propriedade urbana em benefício do bem coletivo, da segurança, do 
bem estar dos cidadãos e do equilíbrio ambiental.
Certo é que com o surgimento do “Estatuto da Cidade” nasce uma nova forma de se fazer 
o denominado “planejamento urbano”. Para tanto, são estabelecidas normas de interesse 
social e ordem pública, que regulam o uso da propriedade urbana visando ao bem estar da 
coletividade, além do equilíbrio ambiental e da segurança de todos.
Vale, sem duvida, fazer menção a Carlos Ari Sundfeld (2001, p. 54) sobre as denominadas 
funções sociais da cidade:
A cidade, como espaço onde a vida moderna se desenrola, tem suas funções 
sociais: fornecer às pessoas moradia, trabalho, saúde, educação, cultura, lazer, 
transporte etc. Mas, como o espaço da cidade é parcelado, sendo objeto de 
apropriação, tanto privada (terrenos e edificações) como estatal (ruas, praças, 
equipamentos, etc.), suas funções têm de ser cumpridas em partes, isto é, pelas 
propriedades urbanas. A política urbana tem, portanto, a missão de viabilizar o 
pleno desenvolvimento das funções sociais do todo (cidade) e das partes (cada 
propriedade em particular).
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Unidade: Urbanismo e Meio Ambiente
Instrumento de Proteção ao Meio Ambiente Urbano
Entre os diversos instrumentos de proteção ao Meio Ambiente urbano, iremos dar destaque 
ao Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e ao Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), em 
conformidade ao que estabelece a Lei 10.257/01, em seu artigo 4º, VI, do Estatuto da Cidade:
Art. 4º Para os fins desta Lei serão utilizados, entre outros instrumentos:
(...)
VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de 
vizinhança (EIV).
Estudo de Impacto Ambiental
Inicialmente, iremos conhecer o denominado estudo de Estudo de Impacto Ambiental – EIA.
Trata-se de um instrumento que há muito percorre a legislação ambiental, seja no Brasil, 
seja em outros países do Planeta, como, por exemplo, na Alemanha e na França. Certo é que 
a origem deste instrumento ocorreu nos Estados Unidos.
Aqui no Brasil, podemos citar que este instrumento passou a integrar nosso sistema jurídico 
com a Lei nº 6.803/80, a qual preconizou, no §3º do Artigo 10, a obrigatoriedade de um 
estudo prévio de impacto ambiental, necessário para a criação das “zonas industriais”:
Artigo 10. Caberá aos Governos Estaduais, observado o disposto nesta Lei e em 
outras normas legais em vigor:
(...)
§ 3º Além dos estudos normalmente exigíveis para o estabelecimento de 
zoneamento urbano, a aprovação das zonas a que se refere o parágrafo anterior, 
será precedida de estudos especiais de alternativas e de avaliações de impacto, que 
permitam estabelecer a confiabilidade da solução a ser adotada.
Não resta dúvida de que o estudo acimaindicado foi um marco inicial na questão afeta ao 
Estudo de Impacto Ambiental, mas se o compararmos com o atual instrumento, previsto na 
Constituição Federal, aquela legislação dos anos 1980 em muito se distanciava do atual Estudo 
de Impacto Ambiental – EIA, posto que aquela não fazia menção à participação pública neste 
estudo, limitando-se, tão somente, às zonas estritamente industriais.
Importante fazer referência ao disposto na Lei da Política Nacional do Meio Ambiente – 
Lei nº 6.938/81, que estabeleceu, no Inciso III, do Artigo 9º, a existência de previsão legal 
do Estudo de Impacto Ambiental – EIA como instrumento hábil para a avaliação ambiental, 
atribuindo ao Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama ser o órgão competente para 
exigir o Estudo de Impacto Ambiental – EIA.
Por fim, com relação ao tema, no ano de 1986, a Resolução Conama nº 1/86, tratou 
especificamente do impacto e licenciamento ambiental, estabelecendo a obrigatoriedade de 
elaboração de Estudo de Impacto Ambiental – EIA e seu respectivo Relatório de Impacto 
Ambiental – RIMA, para concessão e licença para o desempenho de atividades modificadoras 
do Meio Ambiente.
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Um fato relevante a ser destacado é a importância da elaboração do Relatório de Impacto 
Ambiental – RIMA como instrumento necessário para que qualquer pessoa possa ter acesso 
ao conteúdo do Estudo de Impacto Ambiental – EIA.
Outro destaque é que o RIMA tem uma linguagem mais compreensível que o EIA, que é 
muito técnica e às vezes incompreensível para o leigo.
Assim, fica claro que a principal função do RIMA é dar efetividade ao princípio da participação 
do cidadão, ou seja, a disponibilidade da informação ambiental, devendo, então, ser claro, além de 
conter, de maneira inteligível, as informações presentes no Estudo de Impacto Ambiental – EIA.
O artigo 225, § 1º, IV, da Constituição Federal, estabelece o seguinte:
Artigo 225 (...)
§ 1º. Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
(...)
IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente 
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de 
impacto ambiental, a que se dará publicidade.
Com relação a estes instrumentos, é importante citar o Professor Celso Antônio Pacheco 
Fiorillo (2002, p. 69), que assim se manifesta: 
A Constituição Federal, através do aludido dispositivo, passou a admitir a 
existência de atividades impactantes que não se sujeitam ao EIA/RIMA, porquanto 
o estudo somente será destinado àquelas atividades ou obras potencialmente 
causadoras de significativa degradação do meio ambiente. Além disso, a atividade 
de significativa impactação não foi definida, de forma que se criou um conceito 
jurídico indeterminado, o que, por evidência, dificulta a tarefa do operador da 
norma. Vale frisar ainda que a palavra obra também não foi definida, de modo a 
sugerir que qualquer uma pode estar sujeita à execução do EIA/RIMA.
Os Artigos 36 e 38 do “Estatuto da Cidade” prevê a existência do denominado Estudo de 
Impacto de Vizinhança – EIV:
Art. 36. Lei municipal definirá os empreendimentos e atividades privados ou públicos em 
área urbana que dependerão de elaboração de estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV) 
para obter as licenças ou autorizações de construção, ampliação ou funcionamento a cargo 
do Poder Público municipal.
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Unidade: Urbanismo e Meio Ambiente
Art. 37. O EIV será executado de forma a contemplar os efeitos positivos 
e negativos do empreendimento ou atividade quanto à qualidade de vida da 
população residente na área e suas proximidades, incluindo a análise, no 
mínimo, das seguintes questões:
I – adensamento populacional;
II – equipamentos urbanos e comunitários;
III – uso e ocupação do solo;
IV – valorização imobiliária;
V – geração de tráfego e demanda por transporte público;
VI – ventilação e iluminação;
VII – paisagem urbana e patrimônio natural e cultural.
Parágrafo único. Dar-se-á publicidade aos documentos integrantes do EIV, 
que ficarão disponíveis para consulta, no órgão competente do Poder Público 
municipal, por qualquer interessado.
Art. 38. A elaboração do EIV não substitui a elaboração e a aprovação de estudo 
prévio de impacto ambiental (EIA), requeridas nos termos da legislação ambiental.
Como se nota na leitura dos mencionados artigos, dependerá da existência do Estudo 
de Impacto de Vizinhança – EIV a concessão de licenças e autorizações com o objetivo de 
construção, ampliação ou funcionamento daqueles empreendimentos e atividades, privados 
ou públicos, realizados em área urbana e definidos na legislação municipal.
Continuando na apreciação dos artigos, vale debatermos o Artigo 37 do “Estatuto da 
Cidade”, que traz os requisitos mínimos a serem apreciados pelo Estudo de Impacto de 
Vizinhança – EIV, identificando e indicando fatores positivos, bem como negativos, do que se 
pretende implantar.
Os mencionados requisitos deverão levar em apreço a qualidade de vida da população que 
ocupa a área adjacente aos empreendimentos, levando em consideração: 
a) Adensamento populacional; 
b) Equipamentos urbanos e comunitários; 
c) Uso e ocupação do solo; 
d) Valorização imobiliária; 
e) Geração de tráfego e demanda por transporte público; 
f) Ventilação e iluminação; 
g) Paisagem urbana e patrimônio natural e cultural.
Como destaca o Artigo 38 do “Estatuto da Cidade”, a realização do Estudo de Impacto de 
Vizinhança – EIV não substituirá a elaboração do respectivo Estudo de Impacto Ambiental – EIA, 
posto este estar previsto tanto na Constituição Federal quanto na legislação ambiental pertinente.
Importante enfatizar esta relação dos dois instrumentos: o Estudo de Impacto Ambiental 
– EIA e o Estudo de Impacto de Vizinhança – EIV, como muito bem mencionam Jacqueline 
Menegassi e Letícia Marques Osório (2002, p. 246).
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Note-se que:
[...] ambos contêm instrumentos que têm por objetivo evitar a implantação 
de determinados empreendimentos que possam vir a causar danos ao 
meio ambiente, à saúde e à qualidade de vida da população, ou grande 
impacto ambiental e urbano, na promoção do uso socialmente justo e 
ecologicamente equilibrado do território da cidade.
A Proteção Ambiental como Diretriz de uma Política Urbana
Como já estudamos, a defesa do Meio Ambiente trata-se de um princípio régio que inserido 
na prática das atividades econômicas no Brasil. Para isso, basta mencionar a Constituição 
Federal que, em seu Artigo 170, ao inaugurar o capítulo pertinente ao desenvolvimento da 
atividade econômica, assim estabelece:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano 
e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme 
os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
(...)
VI - defesa do meio ambiente;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado 
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de 
elaboração e prestação [...]
Tal menção encontra pertinência no que estipula o Inciso XII do artigo 2º do Estatuto da Cidade:
Art. 2º A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento 
das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes 
diretrizes gerais:
(...)
XII – proteção, preservação e recuperação do Meio Ambiente natural e construído, 
do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico; [...]
Desta forma, menciona Liana Portilho Mattos (p.95):
A diretriz do inciso XII, artigo 2º, deixa entrever o íntimo liame que une o Direito 
Urbanístico e o Direito Ambiental, a partir das noções de Meio Ambiente 
natural e construído. A proteção, a preservação e a recuperação desses 
sistemas, bem como do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e 
arqueológico também devem serperseguidas no planejamento e na gestão das 
cidades, dentro da diretriz primeira da sustentabilidade.
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Unidade: Urbanismo e Meio Ambiente
Objetivos da Política Urbana
A denominada “Política Urbana” tem por objetivo a ordenação do pleno desenvolvimento 
das funções sociais da cidade, aliada à garantia do bem estar de seus habitantes, como dispõe 
o Artigo 182 da Constituição Federal:
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder 
Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo 
ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o 
bem- estar de seus habitantes.
No entendimento de Victor Carvalho Pinto (2005,p.45): “A política urbana é o setor da 
atuação do Estado que trata da ordenação do território das cidades, mediante alocação do 
recurso “espaço” entre os diversos usos que o disputam”.
No mesmo compasso, o Estatuto da Cidade tem por objetivo dar plena aplicação à execução 
da nominada “política urbana”, como traz o Artigo 1º do Estatuto da Cidade:
Art. 1º Na execução da política urbana, de que tratam os Arts. 182 e 183 da 
Constituição Federal, será aplicado o previsto nesta Lei.
Fica claro que, por se tratar de matéria de ordem pública, ela não permite outra aplicação 
ou interpretação, se não a prescrita em lei.
A quem compete legislar e gerenciar as atividades ligadas ao meio ambiente 
e ao urbanismo
Vivemos em um Estado Federal e uma das características do federalismo é que as competências 
do Estado (país) são repartidas com as suas unidades, ou seja, temos competências da União, 
dos estados-membros, dos Municípios e do Distrito Federal.
O modelo do nosso federalismo, com a repartição das competências, adotou um critério 
denominado “predominância do interesse”, pelo qual tudo que for de interesse geral será de 
competência da União, o que for de interesse regional será dos estados-membros, e no caso 
de ser local, o interesse será dos Municípios; quanto ao Distrito Federal, a Constituição lhe 
atribuiu as competências pertinentes aos estados-membros e dos Municípios.
Visualizando, inicialmente, o mencionado critério quanto à repartição de competências, 
iremos nos defrontar com o Artigo 21 de nossa Constituição Federal, com as denominadas 
competências administrativas ou materiais da União, das quais elegemos as a seguir indicadas, 
dada sua pertinência em relação ao tema ora abordado: 
• Elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de 
desenvolvimento econômico e social - Inciso IX; 
• Planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente 
as secas e as inundações - Inciso XVIII;
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• Instituir o sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de 
outorga de direitos de uso - Inciso XIX;
• Instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento 
básico e transportes urbanos - Inciso XX. 
Ainda quanto à distribuição de competências da União, o Poder Legislativo tem sua 
participação definida conforme o disposto no Artigo 22 da Constituição Federal, ao estabelecer 
como competência privativa da União legislar sobre:
a) Desapropriação – Inciso II; 
b) Águas – Inciso IV;
c) Diretrizes da política nacional de transportes – Inciso IX;
d) Trânsito e transporte – Inciso XI. 
Outra forma de competência distribuída é a denominada competência comum, prevista 
no Artigo 23 da Constituição Federal, atribuindo, sem qualquer hierarquização, à União, aos 
Estados-membros, ao Distrito Federal e aos Municípios, entre outras, as ações de proteção 
ambiental e o desenvolvimento urbano: 
• Proteção dos documentos, das obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, 
dos monumentos, das paisagens naturais notáveis e dos sítios arqueológicos - Inciso III;
• Impedimento da evasão, da destruição e da descaracterização de obras de arte e de 
outros bens de valor histórico, artístico e cultural - Inciso IV; 
• Proteção do Meio Ambiente e combate à poluição em qualquer de suas formas - Inciso VI;
• Preservação das florestas, da fauna e da flora - Inciso VII; 
• Promoção de programas de construção de moradias e da melhoria das condições 
habitacionais e de saneamento básico - Inciso IX; 
• Combate às causas da pobreza e dos fatores de marginalização, promovendo a integração 
social dos setores desfavorecidos - Inciso X;
• Estabelecimento e implantação de políticas de educação para a segurança do trânsito - 
Inciso XII. 
Tratando individualmente do Município, a Constituição Federal deu a ele uma competência 
exclusiva, ditada no seu Artigo 30, segundo o qual lhe compete:
• Legislar sobre assuntos de interesse local - Inciso I; 
• Suplementar a legislação federal e a estadual, no que couber - Inciso II; 
• Organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os 
serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter 
essencial - Inciso V; 
• Promover, no que couber adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e 
controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano - Inciso VIII; 
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Unidade: Urbanismo e Meio Ambiente
• Promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a 
ação fiscalizadora federal e estadual - Inciso IX.
• Não nos resta dúvida que os Municípios sejam dotados de um merecido destaque na 
política urbana, pois vivemos nas cidades.
Cabe, assim, ao poder público Municipal, não permitir a degradação do Meio Ambiente 
urbano, bem como garantir a qualidade de vida das pessoas que nele habitam.
De tal modo, devem os Municípios, na forma disposta no Artigo 182 da Constituição Federal, 
desenvolver a política de desenvolvimento urbano, para assegurar o pleno desenvolvimento 
das funções sociais da cidade, aliada à garantia de bem estar a seus habitantes.
Audiências Públicas para Licenciamento Ambiental
As denominadas “audiências públicas para licenciamento ambiental” integram o rol das 
conhecidas genericamente como “audiências públicas”.
Para discussão popular do conteúdo dos RIMA, devem ser promovidas as mencionadas 
audiências nos termos dispostos pela Resolução nº 001 que, no Art. 11, § 2º disciplinou a 
temática, garantindo, assim, a participação popular na proteção ao meio ambiente:
Art. 11 (...)
(...)
§ 2º - Ao determinar a execução do estudo de impacto ambiental e apresentação 
do RIMA, o órgão estadual competente ou o IBAMA ou, quando couber, o 
Município, determinará o prazo para recebimento dos comentários a serem 
feitos pelos órgãos públicos e demais interessados e, sempre que julgar 
necessário, promoverá a realização de audiência pública para informação 
sobre o projeto e seus impactos ambientais e discussão do RIMA.
No tocante à finalidade, iniciativa, prazos e procedimentos dessa audiência pública, não se 
pode deixar de indicar a preconizada Resolução CONAMA nº 009, de 3 de dezembro 1987:
Art. 1º. A audiência pública referida na Resolução CONAMA n. 001/86, tem 
por finalidade expor aos interessados o conteúdo do produto em análise e do 
seu referido RIMA, dirimindo dúvidas e recolhendo dos presentes as críticas e 
sugestões a respeito [...]
Neste passo, está se dando a devida publicidade à Gestão Ambiental, conforme determina 
nossa Constituição Federal em seu artigo 225 § 1º, IV, que estabelece como obrigatoriedade 
ao Poder Público garantir e dar publicidade ao Estudo Prévio de Impacto Ambiental – EIA, 
bem como, em razão disto, o que estabelece o Art. 3º da Resolução CONAMA nº 237/97, a 
qual indica esta mesma obrigatoriedade por intermédio de audiências públicas.
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Vejamos o que dizem o Art. 3º e o Art. 10, Inciso V da Resolução CONAMA nº 237/97:
Art. 3º. A licença ambiental para empreendimentos e atividades consideradas 
efetiva oupotencialmente causadoras de significativa degradação do meio 
dependerá de prévio estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de 
impacto sobre o Meio Ambiente (EIA/RIMA), ao qual dar-se-á publicidade, 
garantida a realização de audiências públicas, quando couber, de acordo com 
a regulamentação. 
(...)
Art. 10. O procedimento de licenciamento ambiental obedecerá às seguintes 
etapas [...]
(...)
V – Audiência Pública, quando couber, de acordo com a regulamentação 
pertinente [...]
Neste passo, deve haver a demonstração aos interessados do conteúdo do EIA e seu RIMA, 
com o esclarecimento de dúvidas e abrindo a possibilidade de críticas e sugestões. 
Entretanto, vale destacar que as proposituras indicadas nas audiências públicas não tem 
caráter vinculatório na concessão de licenciamento ambiental, ou seja, não tem caráter 
decisório; trata-se de uma atividade meramente de natureza consultiva.
Trata-se, pois, de um ato oficial que deve ter seus resultados levados em consideração, 
como bem se nota na leitura do Artigo 5º da Resolução CONAMA nº 009/87, que vem sendo 
pouco explorado:
Art. 5º. A ata da (s) audiência (s) pública (s) e seus anexos servirão de base, 
juntamente com o RIMA, para a análise e o parecer final do licenciador quanto 
à aprovação ou não do projeto.
Neste passo, há possibilidade da participação popular por intermédio das audiências pública, 
previstas no licenciamento ambiental com fulcro em garantir: 
• A divulgação de informações sobre os projetos a serem licenciados; 
• A apreciação de possíveis riscos à qualidade ambiental das áreas de influência 
dos empreendimentos; 
• A proposição de medidas mitigadoras e de controle ambiental para se reduzir os 
danos ambientais; 
• A captação das expectativas e inquietações das populações afetadas, permitindo ao 
órgão gestor recolher as manifestações e os interesses dos diferentes grupos sociais.
Concluindo, a concessão de um licenciamento ambiental em uma audiência pública 
deve fundamentar-se em seu parecer final quanto à possibilidade, ou não, de efetivação do 
empreendimento ou atividade.
Entretanto, o órgão licenciador não poderá desconsiderar que sua decisão deverá estar 
fundamentada de forma favorável ou não nos argumentos e indicações descritas nas atas das 
audiências públicas.
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Unidade: Urbanismo e Meio Ambiente
Material Complementar
Para aprofundar seus estudos, consulte:
Livros:
ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004;
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo. São Paulo: 
Malheiros, 2011;
BELTRÃO, Antônio F. G. Curso de direito ambiental. São Paulo: Método, 2009;
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2004;
Leituras:
O licenciamento ambiental como instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente
http://jus.com.br/artigos/23503/o-licenciamento-ambiental-como-instrumento-da-politica-nacional-do-meio-ambiente. 
Acesso em: 3 ago. 2015.
19
Referências
ACADEMIA de Ciências do Estado de São Paulo. Glossário de ecologia. São Paulo: 
ACIESP, 1997.
AMADO, Frederico Augusto Di Trindade. Direito Ambiental Esquematizado. São Paulo: 
Gen-Método, 2011.
BECHARA, Erika. A proteção da fauna sob a ótica constitucional. São Paulo: Juarez de 
Oliveira, 2003. 
DERANI, Cristiane. A propriedade na Constituição de 1988 e o conteúdo da “Função 
Social”. Revista de Direito Ambiental, nº 27. São Paulo: RT, 2002.
DUARTE, Marise Costa de Souza. Meio Ambiente sadio: direito fundamental em crise. 2.tir. 
Curitiba: Juruá, 2006.
FIORILLO, Celso Antônio Pacheco, Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 3.ed. São 
Paulo: Saraiva, 2002.
GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito Ambiental. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2011.
GUERRANTE, Rafaela Di Sabato; ANTUNES, Adelaide Souza; PEREIRA JUNIOR, Nei. 
Transgênicos, a difícil relação entre a Ciência, a Sociedade e o Mercado. In: VALLE, 
Silvio; TELLES, José Luiz (Orgs.). Bioética e biorrisco: abordagem transdisciplinar. Rio de 
Janeiro: Interciência, 2003.
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2007.
MENEGASSI, Jacqueline; OSÓRIO, Letícia Marques. Do Estudo de Impacto de Vizinhança 
– seção XII, In: MATTOS, Liana Portilho (org.). Estatuto da Cidade Comentado. Belo 
Horizonte: Mandamentos, 2002.
MILARÉ, Édis. Direito do ambiente: Doutrina - prática - jurisprudência – glossário. São 
Paulo: RT, 2000.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21.ed. São Paulo: Jurídico Atlas, 2007.
PINTO, Victor Carvalho. Direito Urbanístico – Plano Diretor e Direito de Propriedade. 
São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2005.
SILVA, José Afonso. Direito Ambiental Constitucional. 8.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2010.
________. Direito Ambiental Constitucional. 4.ed.rev.atual. 2.tir. São Paulo: Malheiros, 2003.
SIRVINSKAS, L. P. Manual de Direito Ambiental. 9.ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
SUNDFELD, Carlos Ari. O Estatuto da Cidade e suas Diretrizes Gerais. In: DALLARI, Adilson 
Abreu; FERRAZ, Sérgio (coord.). Estatuto da Cidade – Comentários à Lei Federal 10.257/2001.
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Unidade: Urbanismo e Meio Ambiente
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