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Jorge Kayano (presidente), José Carlos Vaz (secretário executivo), Maria Elisabeth Grimberg e Nelson Saule Jr. Anna Luíza Salles Souto, Christiane Costa, Fernando Bastos, Francisco de Oliveira, Hamilton José Barreto de Faria, Jane Casella, Jorge Kayano, José Carlos Vaz, Maria do Carmo A. A. Carvalho, Maria Elisabeth Grimberg, Nelson Saule Jr., Osmar de Paula Leite, Raquel Rolnik, Renato Cymbalista, Ruth Simão Paulino, Silvio Caccia Bava, Veronika Paulics Benedita Aparecida Alegre de Oliveira, Gisele Balestra, João Carlos Ignácio, Patrícia Gaturamo, Rosângela Maria da Silva Gomes Débora Gafanovitch, Juliana Ribeiro Brandão, Ricardo Avelino Correa de Godoy, Rodrigo Naumann Boufleur Diretoria: Equipe Técnica: Equipe Administrativa: Estagiários: Instituto Pólis Equipe de realização desta edição: Organização da publicação e edição de texto: Veronika Paulics Revisão: Jandira Queiroz, Valéria Melki Busin, Marco Antonio Henrique Índice Remissivo: Ruth Simão Paulino e W anda Lúcia Schmidt Capa, projeto gráfico e editoração: Renata Junqueira - Bamboo Studio Fotolitos: Digilaser e Bureau Bandeirante Apoio: BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CATALOGAÇÃO NA FONTE - CDI/PÓLIS PAULICS, Veronika, Org. 125 Dicas - Idéias para a ação municipal. São Paulo, Pólis, 2000. 288p. 1. Gestão Municipal 2. Ação Administrativa 3. Governo e Sociedade 4. Desenvolvimento Social 5. Desenvolvimento Urbano 6. Experiências Inovadoras 7. Otimização de Recursos I. Pólis II. Título Fonte: CDI Pólis Apresentamos esta edição dos 125 DICAS, do Instituto Pólis, com a certeza absoluta de que as experiências aqui divulgadas são exemplos de que a gestão eficiente e responsável da coisa pública é meta perfeitamente alcançável por todos os governos locais, o que, no entender do BNDES, contribui para a Reforma do Estado. De fato, como uma das principais instituições de Política Econômica de longo prazo no Brasil, o BNDES vem participando ativamente de ações voltadas para a reformulação do papel do Estado, nos diversos níveis da Federação brasileira. Neste sentido, tem sido grande o seu empenho em apoiar a modernização da administração tributária e a melhoria da qualidade do gasto público, com uma perspectiva de desenvolvimento local sustentado. Além dos vários programas tradicionais, o BNDES implementou o Programa de Modernização da Administração Tributária e da Gestão dos Setores Sociais Básicos (PMAT) para proporcionar aos municípios brasileiros possibilidades de aperfeiçoar sua capacidade de arrecadação e, ao mesmo tempo, incrementar a qualidade dos serviços prestados à população. Também foi criado um site na Internet (http://federativo.bndes.gov.br) para divulgação de informações e estatísticas sobre o setor público, bem como para a troca de experiências entre administradores públicos, pesquisadores, organizações não- governamentais e eventuais interessados em políticas públicas. Com efeito, o Banco Federativo tem procurado tratar dos mais variados temas relacionados à Federação brasileira, como a Reforma Tributária e a Lei de Responsabilidade Fiscal, além de apresentar indicadores tributários e fiscais. Este fórum de debates democrático e aberto cresceu e se dinamizou através de várias parcerias com outros órgãos e institutos de pesquisa, entre eles o Instituto Pólis. Uma das páginas mais visitadas do site é a do DICAS, do Instituto Pólis, disponível na Internet graças à parceria entre o Instituto Pólis e o BNDES. Mais informação e mais transparência são, sem dúvida, a garantia perene do efetivo controle popular e do aprendizado da cidadania. Apresentação O Brasil tem cerca de 5.500 municípios. Com o intenso processo de urbanização das últimas décadas, formaram-se ou cresceram cidades, com uma rapidez que tem poucos paralelos na história. Sem as infra-estruturas nem empregos suficientes, geraram-se, com a mesma rapidez, os dramas que hoje enfrentamos. Cidades com problemas de segurança, de habitação, de educação. Cidades mais antigas que já possuíam infra-estruturas, como São Paulo, viram-se rodeadas de periferias explosivas. Formaram-se os grandes centros urbanos, mas a lógica da gestão pública não acompanhou. O Estado continuou centralizado, como no tempo em que o Brasil era dominantemente constituído por populações rurais dispersas. Como enfrentar os milhões de pequenos e grandes dramas que surgem em cada cidade, exigindo intervenções flexíveis e rápidas, com uma estrutura de gestão centralizada tanto em termos de gestão como de recursos? Gerou-se esta situação curiosa, de prefeituras na linha de frente dos problemas, e no último lugar na cadeia de decisão. O setor privado entrou com força no novo campo que se abria nas cidades, gerando- se a indústria da saúde, a educação comercializada, o novo setor social privatizado. Organizou-se, como é natural, em torno à demanda de quem tem dinheiro. O Brasil passou a ter mais hospitais que parecem hotéis de luxo, escolas ou universidade onde as classes se enchem em função da necessidade de rentabilizar os investimentos. Com isto, foram drenados mais ainda os poucos recursos da área social, e se aprofundou o drama da polarização entre ricos e pobres, que constitui hoje a marca dominante pela qual o País é conhecido no mundo. Neste contexto difícil, frente à inoperância de um Estado organizado segundo princípios ultrapassados, e ao viés pro-rico das iniciativas privadas no setor social, um número crescente de prefeituras, de organizações não governamentais, de associações de diversos tipos começaram a arregaçar as mangas e a buscar novas soluções. Vistas, de início, com desconfiança pelos “estatistas”, que temem uma desobrigação do Estado, e pelos liberais, que vêm nestas iniciativas uma reciclagem da eterna ameaça de esquerda, as novas experiências foram ganhando espaço. Constatou-se que muitas coisas podem ser feitas diretamente pela sociedade civil organizada. Mais ainda, constatou-se que quando as próprias comunidades tomam Apresentação seus problemas em mãos, não buscam substituir o setor estatal ou o setor privado, mas constróem em geral arquiteturas organizacionais novas, articulando parcerias que envolvem os diversos atores interessados, tanto estatais como privados. Surgem, assim, novas respostas, novas formas de organização, sistemas mais desburocratizados e menos centrados no lucro a curto prazo. Surge o “terceiro setor”, começam a se desenhar novos paradigmas de gestão do desenvolvimento local. Para mostrar estas tendências, nada melhor do que mostrar que coisas dão certo, em que regiões, e organizadas de que forma. O volume que segue relata de maneira simples, na linha do que o Instituto Pólis vem fazendo há alguns anos com o Boletim DICAS – Idéias para a ação municipal, um conjunto de iniciativas, envolvendo setores diferentes, municípios grandes e pequenos, prefeituras de diversas cores políticas, experiências que têm uma coisa em comum: constróem cidadania, e funcionam. Ladislau Dowbor Ladislau Dowbor é professor da PUC - SP e membro do Conselho Administrativo do Instituto Pólis. Este livro é uma coletânea de 125 textos publicados originalmente como DICAS – Idéias para a Ação Municipal. Voltado para dirigentes e técnicos municipais, parlamentares e lideranças sociais, DICAS é um boletim quinzenal do Instituto Pólis e existe desde dezembro de 1993. Chegando mensalmente a, pelo menos, 12 mil leitores, seu principal objetivo é divulgar as inúmeras experiências e propostas de políticas públicas que colaboram para a consolidação da democracia e a construção de uma sociedade justa e sustentável. Numa parceria recente entre o Instituto Pólis e o BNDES, foram disponibilizados 100 edições do boletim DICAS na página do Banco Federativo (http://federativo. bndes.gov.br) e elaborados 24 fichamentos relatando experiências de otimização na arrecadação e na utilizaçãodos recursos públicos. Para facilitar a consulta e o acesso, esta seleção de DICAS agora está sendo publicada também neste livro. Cada texto traz orientações de implantação, informações sobre recursos necessários e resultados das experiências, os principais atores envolvidos e as dificuldades que podem ser esperadas. Longe de querer ser um manual de boas práticas a serem imitadas, a proposta do DICAS é difundir informações que levem os gestores e também as lideranças sociais a estarem atentos às alternativas possíveis que tornem mais democráticas e transparentes a formulação, decisão e implementação de políticas públicas, diminuindo as desigualdades sociais, otimizando os recursos públicos, ao mesmo tempo em que busquem “romper com os vícios da política brasileira como o clientelismo, a malversação dos recursos públicos, a corrupção, etc.” 1 Acreditamos que o DICAS tem um papel fundamental no processo de difusão de experiências inovadoras que, ajudando a superar a escassez de recursos, enfrentem os problemas sociais que acentuam a exclusão do acesso a bens e serviços e desrespeitam os direitos mais elementares de cidadania. Mais do que responder a um quadro da deterioração da administração pública com procedimentos administrativos, o desafio é projetar um novo papel do Estado brasileiro na construção de uma sociedade democrática, alterando as relações entre público e privado. A temática articuladora destes 125 textos é a promoção de ações de desenvolvimento local, não só do ponto de vista do desenvolvimento econômico, mas também da sustentabilidade política, econômica, ambiental e cultural e a democratização do poder local. Os textos estão organizados em quatro temas principais: ação administrativa, Introdução 1 FERREIRA, Anna Luíza Salles Souto, ALMEIDA, Marco Antonio & PETRUCCCI, Victor Augusto (1994). Santos: o Desafio de ser Governo. São Paulo. Publicações Pólis, 18. p. 69 desenvolvimento social, desenvolvimento urbano, governo e sociedade. Procuramos organizar a publicação de forma a permitir a pesquisa não só a partir destes quatro blocos principais, mas também a partir do índice remissivo. Nestes seis anos de existência, o DICAS contou com vários parceiros e apoiadores. Gostaríamos de destacar o trabalho de Carlos Antonio Morales e Cristina Correia Cabral que iniciaram o projeto, com a colaboração de Heloísa Nogueira, Flora Marin de Oliveira, Achim Wachendorfer e Klaus Schubert, da Fundação Friedrich Ebert do Brasil. E agradecemos a José Carlos Vaz, cujo trabalho tornou o DICAS uma referência cada vez maior para dirigentes e lideranças sociais empenhados na formulação de políticas públicas democráticas. Agradecemos também o apoio de vários autores, consultores e entrevistados que acreditaram na importância de divulgar tanto sua experiência quanto suas propostas de políticas públicas para que outros pudessem aproveitá-las na formulação de projetos e em atividades de capacitação. Agradecemos também a colaboração da equipe do Instituto Pólis que, ao assumir o DICAS como um projeto coletivo, garantiu a sintonia das experiências publicadas com as preocupações manifestadas nos diversos fóruns e redes dos quais participamos. O apoio da equipe administrativa foi indispensável para a continuidade do projeto ao longo destes anos. Agradecemos o apoio dos técnicos do BNDES ao trabalho desenvolvido pelo Instituto Pólis, incluindo o DICAS na página do Banco Federativo e patrocinando esta edição, permitindo, desta forma, o acesso de um número cada vez maior de leitores ao material por nós produzido. Além do apoio inicial da Fundação Friedrich Ebert do Brasil e do atual apoio do BNDES, o DICAS contou e conta com o apoio de inúmeros parceiros, como Frère des Hommes, Programa Gestão Pública e Cidadania (iniciativa conjunta da Fundação Getulio Vargas e Fundação Ford) e Unicef. A todos eles o nosso agradecimento. Atualmente o projeto DICAS apoia e participa de várias iniciativas e organizações que também buscam a difusão de experiências e propostas de políticas públicas inovadoras, como a Fundação Abrinq, o Programa Gestão Pública e Cidadania e a Rede de Bancos de Dados de Gestão Local. Esperamos que este livro seja útil para a consolidação de práticas políticas que promovam o desenvolvimento de forma a garantir a todos os brasileiros o exercício da cidadania. Veronika Paulics e Jorge Kayano Sumário Aumentando as Transferências de ICMS e IPVA ............................................................. Avaliando a Gestão........................................................................................................... Cartão Saúde..................................................................................................................... Cobrança de Tributos e Atendimento ao Contribuinte..................................................... Consórcio de Recursos Hídricos........................................................................................ Consórcio Intermunicipal de Saúde.............................................................................. Consórcios Intermunicipais............................................................................................... Consórcios Intermunicipais de Cultura.............................................................................. Contribuição de Melhoria.................................................................................................. Formação de Funcionários de Bibliotecas........................................................................ Formação de Recursos Humanos....................................................................................... FUNDEF............................................................................................................................ Geoprocessamento............................................................................................................. Indicadores de Desempenho de Arrecadação.................................................................... Informática na Prefeitura ................................................................................................... Justiça Tributária e Fortalecimento Financeiro do Município.......................................... Manutenção Preventiva de Próprios.................................................................................. Medindo a Qualidade de Vida........................................................................................... Medindo o Desempenho da Gestão.................................................................................. Melhorando a Qualidade das Obras.................................................................................. Provas Práticas para Seleção de Pessoal ......................................................................... Recadastramento Imobiliário............................................................................................ Reduzindo a Burocracia na Prefeitura.............................................................................. Revisão da Legislação Municipal de Tributos.................................................................. Revisão da Planta Genérica de Valores............................................................................ Revisão no Processo de Fiscalização de Cobrança de Tributos.............................................. Sistema de Informações Georreferenciadas...................................................................... Sistema Municipal de Arquivos......................................................................................... Superando o Governo Centralizado................................................................................... Ação Administrativa 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 45 47 49 51 53 55 57 59 61 6365 67 69 71 73 Sumário A Biblioteca no Ônibus..................................................................................................... A Violência na Escola: Como Enfrentá-la........................................................................ Ação Integrada nos Bolsões de Pobreza Urbanos............................................................. Assistência Domiciliar à Saúde........................................................................................ Atenção à Gravidez na Adolescência................................................................................ Brincar é um Direito da Criança....................................................................................... Casa Rosa Mulher............................................................................................................. Combatendo a Desnutrição Infantil.................................................................................. Combatendo a Evasão Escolar.......................................................................................... Combatendo a Fome com Alimentação Alternativa......................................................... Convênio Creches Comunitárias....................................................................................... Cooperativas de Catadores de Papel................................................................................. Cooperativas de Trabalhadores........................................................................................ Crédito Popular................................................................................................................ Criança Fora da Rua, Dentro da Escola........................................................................... Defesa Civil Municipal.................................................................................................... Ecoturismo....................................................................................................................... Escola de Dança e Integração Social............................................................................... Escola de Ecologia Humana e Educação para Cidadania............................................... Grupo de Apoio a Crianças com Câncer.......................................................................... Implantando o Programa de Garantia de Renda Mínima................................................. Kit Profissional................................................................................................................ O Município e a Saúde Mental........................................................................................ Política de Abastecimento................................................................................................ Pólo Agroflorestal............................................................................................................ Pomares Caseiros............................................................................................................. Portosol............................................................................................................................ Programa Bolsa Escola.................................................................................................... Programa de Garantia de Renda Mínima......................................................................... Programa Geração de Emprego e Renda......................................................................... Programa Mãe-Canguru................................................................................................... Programa Médico de Família de Londrina...................................................................... Programa Médico de Família de Niterói.......................................................................... Programa Miguilim.......................................................................................................... Programa Social da Mangueira........................................................................................ Projeto Axé...................................................................................................................... Projeto Meninas de Santos............................................................................................... Projeto São Pedro............................................................................................................. PROVE - Programa de Verticalização da Pequena Produção Rural................................ Saúde Criança Renascer................................................................................................... Terra Solidária.................................................................................................................. Universalização do Ensino em Icapuí.............................................................................. Universidade do Professor............................................................................................... Desenvolvimento Social 77 79 81 83 85 87 89 91 93 95 97 99 101 103 105 107 109 111 113 115 117 119 121 123 125 127 129 131 133 135 137 139 141 143 145 147 149 151 153 .155 157 159 161 As Tarifas de Ônibus........................................................................................................ Coleta Seletiva e o Princípio dos 3 Rs............................................................................. Coleta Seletiva e Reciclagem do Lixo............................................................................. Condomínios Horizontais................................................................................................. Integração Pontual do Transporte Coletivo...................................................................... Invertendo Prioridades nas Vias Públicas........................................................................ Legislação de Uso e Ocupação do Solo........................................................................... Mais Casas com Novas Leis............................................................................................. Modelo de Gestão de Resíduos Sólidos de Belo Horizonte............................................. Os Muitos Centros de Uma Cidade.................................................................................. Plano Municipal de Transportes....................................................................................... Reciclagem de Entulho..................................................................................................... Saneamento Ambiental..................................................................................................... Saneamento Básico em Angra dos Reis -RJ.................................................................... Sistema de Coleta e Tratamento de Lixo.......................................................................... Sistema de Controle para o Transporte............................................................................ Todos Têm Direito a se Locomover................................................................................. Trólebus............................................................................................................................ Vida Nova para o Centro da Cidade................................................................................. Zona de Especial Interesse Social.................................................................................... Sumário Desenvolvimento Urbano 165 167 169 171 173 175 177 179 181 183 185 187 189 191 193 195 197 199 201 203 A Internet e os Municípios............................................................................................... Ação CulturalDescentralizada......................................................................................... Atração de Empresas para o Município........................................................................... Casas de Cultura e Cidadania........................................................................................... Comissão de Investigação e Fiscalização do Trabalho.................................................... Conselho Municipal de Cultura....................................................................................... Conselho Municipal de Transportes................................................................................ Controle Social do Orçamento......................................................................................... Desenvolvimento e Ações do Governo Local.................................................................. Esportes e Cidadania........................................................................................................ Feiras de Projetos............................................................................................................. Formação de Agentes Culturais....................................................................................... Fórum Municipal de Cultura ........................................................................................... Fundação Cultural do Município..................................................................................... Gestão Democrática da Educação .................................................................................... Gestão Municipal da Água............................................................................................... Incubadoras de Empresas................................................................................................. Informações para a Sociedade Civil................................................................................. Informática e Promoção da Cidadania............................................................................. Lei de Incentivo à Cultura............................................................................................... O Município e a Educação.............................................................................................. Orçamento em Valores Reais........................................................................................... Orçamento Participativo................................................................................................... Ouvidoria Pública............................................................................................................. Política Municipal de Cultura.......................................................................................... Política Municipal de Direitos Humanos......................................................................... Política Municipal de Juventude...................................................................................... Preparando-se para Intervir na Economia........................................................................ Regulamentação do Comércio Informal.......................................................................... Requisitos para um Projeto de Desenvolvimento Local.................................................. Serviço Móvel de Atendimento ao Cidadão.................................................................... Simplificando o Orçamento............................................................................................. TV da Cidade................................................................................................................... Sumário Governo e Sociedade 207 209 211 213 215 217 219 221 223 225 227 229 231 233 235 237 239 241 243 245 247 249 251 253 255 257 259 261 263 265 267 269 271 A Internet e os Municípios............................................................................................... Ação Cultural Descentralizada......................................................................................... Atração de Empresas para o Município........................................................................... Casas de Cultura e Cidadania........................................................................................... Comissão de Investigação e Fiscalização do Trabalho.................................................... Conselho Municipal de Cultura....................................................................................... Conselho Municipal de Transportes................................................................................ Controle Social do Orçamento......................................................................................... Desenvolvimento e Ações do Governo Local.................................................................. Esportes e Cidadania........................................................................................................ Feiras de Projetos............................................................................................................. Formação de Agentes Culturais....................................................................................... Fórum Municipal de Cultura ........................................................................................... Fundação Cultural do Município..................................................................................... Gestão Democrática da Educação .................................................................................... Gestão Municipal da Água............................................................................................... Incubadoras de Empresas................................................................................................. Informações para a Sociedade Civil................................................................................. Informática e Promoção da Cidadania............................................................................. Lei de Incentivo à Cultura............................................................................................... O Município e a Educação.............................................................................................. Orçamento em Valores Reais........................................................................................... Orçamento Participativo................................................................................................... Ouvidoria Pública............................................................................................................. Política Municipal de Cultura.......................................................................................... Política Municipal de Direitos Humanos......................................................................... Política Municipal de Juventude...................................................................................... Preparando-se para Intervir na Economia........................................................................ Regulamentação do Comércio Informal.......................................................................... Requisitos para um Projeto de Desenvolvimento Local.................................................. Serviço Móvel de Atendimento ao Cidadão.................................................................... Simplificando o Orçamento............................................................................................. TV da Cidade................................................................................................................... Sumário Governo e Sociedade 207 209 211 213 215 217 219 221 223 225 227 229 231 233 235 237 239 241243 245 247 249 251 253 255 257 259 261 263 265 267 269 271 Ação Administrativa 15125 DICAS Aç ão A dm ini str ati va política tributária do município não pode se res- tringir ao estabelecimento e administração dos tributos municipais. A maior parte da receita dos municípios brasileiros provém de repasses de impostos federais e estaduais, que são responsabilidade dos Esta- dos e da União. A maioria dos municípios aguarda esses repasses, de maneira passiva. Entretanto, os impostos estaduais (IPVA e ICMS) são repassados também em função de sua arrecadação no município. Assim, quanto maior for a arrecadação destes impostos no municí- pio, maior será sua participação nas transferências es- taduais. Portanto, ao aumentar sua arrecadação, o mu- nicípio ampliará suas receitas totais. O fato de não se- rem impostos municipais não impede que a prefeitura procure melhorar sua arrecadação. O QUE FAZER? As principais ações para aumentar a arrecadação podem ser organizadas em três grupos: aumento da fiscalização, incentivo à ocorrência do fato gerador do tributo e redução da inadimplência. Para os impostos estaduais, as prefeituras podem realizar ações do primeiro e do segundo grupo. Ape- sar de não terem poder para reduzir a inadimplência, podem auxiliar o governo do Estado na fiscalização do ICMS, po- dem estimular a realização de atividades comerciais ou o licenciamento de veículos no município, aumentando, res- pectivamente, a arrecadação do ICMS e do IPVA. MAIS ICMS No caso do ICMS, que tem um peso muito maior que o IPVA, as duas formas de ação podem ser empreendidas. a) Auxílio à fiscalização A prefeitura pode oferecer suporte ao governo do Es- tado para a fiscalização do ICMS. É importante firmar convênios para definir e organizar essas ações conjuntas. Normalmente, a forma mais simples de auxiliar a ativida- de de fiscalização é fornecer infra-estrutura: colocando pessoal de apoio, instalações, combustível ou veículos à disposição da Secretaria da Fazenda do Estado. É possí- vel também, estabelecer convênios que permitam à pró- pria prefeitura, através de seus funcionários, realizar dire- tamente a fiscalização do ICMS. As campanhas de incentivo à exigência de nota fiscal pelos consumidores também funcionam como forma de reduzir a sonegação, constituindo uma fiscalização indi- reta. Entretanto, muitos especialistas avaliam que este tipo de fiscalização só traz bons resultados quando envolve interesses diretos dos consumidores, através da penaliza- ção pela compra de mercadorias sem nota fiscal, ou pelo oferecimento de benefícios pela exigência da nota fiscal. É bastante usual que os Estados realizem concursos para incentivar a prática dos consumidores exigirem nota fiscal, sorteando prêmios aos que recolhem as notas fis- cais. As prefeituras podem realizar concursos semelhan- tes, oferecendo prêmios em função da apresentação de notas fiscais de empresas instaladas no município (ou seja, cujo recolhimento de ICMS contribui para o cálculo da participação do município no repasse do governo esta- dual). Uma das exigências para se participar do concurso, pode ser a quitação de débitos com a prefeitura, tanto da parte do contribuinte quanto do comerciante, que regula- rizará seus débitos para não perder compradores caso suas notas fiscais não tenham validade para o concurso. Em municípios pequenos, os dias de sorteio podem ser transformados em eventos sociais e políticos, converten- do-se, inclusive, em alternativa de lazer. Pode-se, também, cogitar a participação do governo mu- nicipal em um concurso promovido pelo governo estadu- al, oferecendo prêmios próprios para as notas fiscais refe- rentes ao município. b) Incentivo às atividades comerciais Além de ações voltadas diretamente ao aumento da ar- recadação, a prefeitura pode, ao incentivar as atividades comerciais no município, conseguir aumento de arrecada- ção do ICMS em sua base territorial. Esta alternativa é especialmente válida para municípios cujos habitantes fa- çam suas compras em cidades vizinhas. Uma das formas de provocar mudanças nos hábitos de compra da população é tornar mais competitivo o comér- cio local. Pode-se também estimular a instalação de novas empresas no município. Para identificar produtos ou mer- cados que possam competir com outros municípios, será preciso fazer um diagnóstico da economia local. Como grande parte das ações de ampliação da arreca- dação de ICMS passa por iniciativas conjuntas entre pre- feitura e comerciantes (ou outros atores sociais), o progra- ma de aumento de arrecadação e valorização do comércio local deve contar com a participação e integração da co- munidade. Sempre que possível, a prefeitura deve fazer com que os comerciantes beneficiados pelos eventos ou promoções arquem com, pelo menos, parte dos custos. MAIS IPVA Para aumentar a arrecadação do IPVA não há muitas atividades de fiscalização que o município possa realizar. É necessário estimular o licenciamento de veículos no município. Atrair para o município a instalação de empre- sas (veja DICAS Atração de Empresas para o Município) que dependem de uma frota grande de veículos é a alter- nativa mais vantajosa, como no caso as empresas de ôni- bus, transportadoras e locadoras de veículos. Pode-se ofe- recer benefícios através de uma redução de taxas e ISS que resulte em um valor inferior àquele gerado pelo au- mento da parcela do município da arrecadação adicional de IPVA (50% da arrecadação). EXPERIÊNCIAS Ronda Alta-RS (12 mil hab.) implantou um programa de aumento da arrecadação do ICMS, a partir de 1990, que uniu o auxílio à fiscalização e o incentivo ao comércio. Várias intervenções de estímulo às vendas do comér- cio local foram realizadas. Um dos melhores exemplos é a A Aumentando as Transferências de ICMS e IPVA Uma postura ativa da prefeitura para aumentar a arrecadação dos impostos estaduais pode ampliar a receita municipal. AUTORES: JOSÉ CARLOS VAZ E ANNA LUIZA S. SOUTO 125 DICAS16 Feira da Pechincha. Nesta feira, o comércio expunha seus produtos e toda noite havia uma programação cultural com espetáculos de artistas de outras cidades e do próprio mu- nicípio (violeiros, gaiteiros etc.). A feira conseguiu reunir cerca de 3 mil pessoas por noite. Para que os moradores do interior também pudessem participar, a prefeitura colo- cou transporte à sua disposição. Foi montado, também, um parque infantil com ingresso gratuito para os estudantes. Seguindo a proposta de integrar a comunidade em tor- no do desenvolvimento do município, a prefeitura criou a campanha Bolão da Notinha, um programa destinado a aumentar a arrecadação de ICMS, incentivando os consu- midores a exigirem nota fiscal no ato da compra. Ao atin- gir determinado valor em notas fiscais, o comprador podia trocá-las por cupons com os quais concorria a uma série de prêmios todos os meses e no final do ano participava do sorteio de um carro novo. Essa iniciativa da administração contou com o apoio Resultados Os benefícios trazidos pelas ações de que levam à melhoria da arrecadação do ICMS e do IPVA tendem a ser mais amplos do que o simples aumento da receita municipal. Como grande parte das ações possíveis está relacionada com intervenções na atividade econômica, pode-se combinar resultados positivos para as receitas da prefeitura com a am- pliação da oferta de empregos ou da ren- da dos cidadãos. Um programa que use medidas de incentivo ao comércio pode ser espaço para criação de um Fórum de Desenvolvimento Local articulando lideranças da cidade para discutir alter- nativas para seu desenvolvimento. No caso de Ronda Alta, a campanha do Bolão da Notinha mobilizou a população e atingiu um enorme sucesso. Atraídos pelo concurso, muitos moradores das regiões vizinhas passaram a fazer compras em Ronda Alta. Com isso, as vendasdo comércio local aumentaram sensivelmente, engordando os cofres da administração. Em 1991, a campanha do Bolão da Notinha fez com que a arrecadação municipal crescesse, aproximadamente, 3,75% (receita total). A participação do município de Ronda Alta no montante de ICMS gerado no Estado cresceu cerca de 10%. Além de incentivar o comércio local e aumentar a arrecadação de ICMS, o concurso também estimulou os contribuintes a quitarem os impostos devidos à prefeitura (IPTU, por exemplo), já que isso era um requisito para se poder trocar as notas fiscais por cupons. As ações de aumento da arrecadação de impostos podem ser revertidas em investimentos em políticas sociais do município, inclusive através de compromisso expresso da prefeitura. A prefeitura pode, por exemplo, compro- meter-se a aumentar os investimentos na área de saúde na medida em que a arrecadação aumentar, conseguindo, com isso, maior apoio popular. No caso de Ronda Alta, a prefeitura associou seu programa de ampliação da arrecadação de ICMS a atividades culturais e de lazer, custeadas em sua maior parte pelos comerciantes beneficiados. Essas práticas produziram uma mobilização da população, auxiliando a ampliação das bases de sustentação do governo. dos comerciantes locais, por acenar com a perspectiva de um aumento de suas vendas. Além de se prontificarem a oferecer alguns dos artigos a serem sorteados, eles tam- bém eram os responsáveis por organizar um jantar men- sal, no decorrer do qual era realizado o sorteio. Esse jantar reunia muitas pessoas, tornando-se um momento de con- fraternização e debate de idéias. A cada mês o prefeito discursava sobre um determinado tema e convidava as li- deranças políticas de oposição para apresentarem seus pro- jetos para o município. A renda desse jantar revertia para uma das associações locais, num sistema de rodízio (Bri- gada Militar, Associação dos Pequenos e Micro Empresá- rios, Sindicatos, etc.). O Bolão da Notinha notabilizou-se por ser uma prática simples e eficiente. Grupos de comerciantes das regiões vizinhas passaram a procurar a prefeitura de Ronda Alta para obter informações sobre o programa, visando imple- mentá-lo em suas cidades. 17125 DICAS Aç ão A dm ini str ati va redefinição de encargos entre a União, Estados e Municípios é uma das perspectivas de altera- ção na conjuntura política para os próximos anos. Ampliar-se-á a discussão sobre a transferência de responsabilidades e de recursos para os municípios. Esta transferência, no entanto, só trará efeitos positivos se os governos municipais puderem assumir suas funções com eficiência e eficácia. Reforça-se a importância de avaliar as gestões municipais também pelo fato de que os atuais mandatos já alcançaram a metade de sua duração e não sobra muito tempo para redefinir rumos. Também não há como adiar a implantação de pontos do programa de go- verno que até agora sequer foram tocados. SISTEMA DE AVALIAÇÃO A avaliação deve ser um procedimento regular. É im- portante fazer um esforço maior anualmente e no fim do governo, mas devem ser adotados mecanismos de avalia- ção constante, permitindo, inclusive, a comparação entre diferentes momentos do governo ou entre a gestão pre- sente e as anteriores. Para garantir um mínimo de eficácia ao trabalho, é pre- ciso adotar um sistema de avaliação. Isto não significa re- alizar um processo de avaliação longo, custoso e burocrá- tico. Significa definir claramente as responsabilidades, os participantes, as etapas, os instrumentos de avaliação, as fontes de informações e os procedimentos para sua análise. A escolha do método de avaliação depende das carac- terísticas do município e da gestão. Qualquer que seja o método adotado, alguns pontos são obrigatórios em um governo preocupado com a consolidação da cidadania: participação popular e dos funcionários, critérios objeti- vos de análise, integração entre uma avaliação global da gestão e as diversas avaliações setoriais, preocupação com o avanço dos direitos sociais e políticos e divulgação pú- blica dos resultados. A discussão da avaliação com a população deve ser usada como um importante subsídio para o debate de pri- oridades e metas para o futuro. Quando possível, a avali- ação deve se integrar aos instrumentos de participação popular da gestão, especialmente o processo de elabora- ção participativa do orçamento. A apresentação e discus- são da avaliação com a população permite o contato dire- to com ela, mas é trabalhosa. O uso de pesquisas de opinião é uma forma válida de identificação da opinião popular e, portanto, de entender os impactos das ações do governo junto à sociedade. Não se pode realizar uma pesquisa sem cri- térios técnicos específicos, o que normalmente exige a contratação de especialistas. O método de avaliação adotado deve prever a integra- ção entre uma avaliação global da gestão e avaliações se- toriais. Cada área deve realizar seu próprio processo, para que as ações possam ser avaliadas de forma aprofundada. A avaliação global, no entanto, não pode ser apenas a soma das avaliações setoriais. Nela devem-se avaliar as ações, posturas e valores comuns a todos os setores; o cumpri- mento das diretrizes do programa de governo; a relação do governo municipal com a sociedade e sua preocupação com o avanço dos direitos sociais e políticos. A AVALIAÇÃO DEVE SER OBJETIVA Quanto mais objetiva for a avaliação, mais úteis e legí- timos tendem a ser seus resultados. A avaliação deve ser feita pela confrontação das ações desenvolvidas com o programa de governo, as aspirações da sociedade e com indicadores objetivos definidos tecnicamente, à luz de cri- térios de análise que privilegiem os impactos sociais e políticos. Fazer uma avaliação baseada em impressões ou opiniões particulares não só impede que se veja a realida- de como pode fornecer uma visão distorcida dos resulta- dos da ação da prefeitura. Os erros podem ser entendidos como acertos; em vez de corrigi-los, eles são reforçados e seus danos são ampliados. A objetividade da avaliação depende das informações disponíveis. Se as informações não forem confiáveis, a avaliação terá sua eficácia comprometida e perderá legiti- midade. Devem-se prever formas de garantir a consistên- cia das informações, não deixando espaço para dúvidas. A prefeitura deve se estruturar para recolher informações relevantes. O registro das ações realizadas, de seus custos e impactos é indispensável, pois a avaliação deve ser inte- grada às ações de planejamento. O ideal é dispor de um Sistema de Informações para o Planejamento, composto por sub-sistemas sob a responsabilidade de cada secreta- ria, interligados entre si. O método adotado também influi na objetividade da avaliação. Ele deve considerar aspectos subjetivos e aná- lises políticas. Mas é preciso dispor também de dados quan- tificados, que expressem em números os resultados das ações do governo municipal. Estas informações numéri- cas devem ser indicadores da gestão. É possível compará- los com os de outros municípios, com os de outros perío- dos ou com padrões técnicos pré-definidos. INDICADORES Os indicadores podem ser simples ou compostos. Os indicadores simples normalmente são auto-explicativos: descrevem imediatamente um determinado aspecto da re- alidade (número de leitos hospitalares implantados, por exemplo) ou apresentam uma relação entre situações ou ações (como a relação entre o número de matrículas no 2º grau sobre número de matrículas no 1º grau). São exce- lentes para realizar avaliações setoriais e para a avaliação de cumprimento de pontos do programa de governo, per- mitindo conclusões rápidas e objetivas (por exemplo, se o governo se comprometer a ampliar o número de domicíli- os servidos por coleta de lixo e este se reduz, a avaliação da eficácia das ações neste setor é óbvia). Indicadores compostos são aqueles que apresentamde forma sintética um conjunto de aspectos da realidade (por exemplo, o índice de inflação é um indicador que sintetiza A Avaliando a Gestão É importante avaliar constantemente a gestão, sob o ponto de vista da qualidade de vida e do avanço da democracia. AUTOR: JOSÉ CARLOS VAZ CONSULTORES: NÚCLEO DE GESTÃO MUNICIPAL DO INSTITUTO PÓLIS 125 DICAS18 o aumento de preços de vários produtos). Estes indicado- res agrupam, em um único número, vários indicadores sim- ples, estabelecendo algum tipo de média entre eles. Para isso, é preciso definir uma forma de ponderação, ou seja, dizer que os indicadores terão importância diferenciada (“peso”) para a determinação do resultado final. Para a avaliação da gestão, indicadores compostos são importantes porque permitem fazer comparações globais da situação do município e do desempenho da gestão. Pode-se, por exemplo, construir um “Índice de Quali- dade de Vida do Município” (veja DICAS Medindo a Qualidade de Vida), incorporando variáveis referentes à saúde, transportes, educação, meio ambiente, renda, entre outras. Calculando-se este índice para vários anos, pode- se analisar sua evolução ao longo do tempo e, portanto, avaliar como evoluiu a qualidade de vida dos cidadãos (inclusive comparando a posição da gestão em curso com a de gestões anteriores). Também é possível construir indicadores de eficácia da gestão (que meçam o quan- to as ações da prefeitura influenciaram a qualidade de vida na cidade) ou indicadores de eficiência da gestão (que avaliem se o governo está utilizando os recursos disponíveis da melhor forma possível) (veja DICAS Medindo o Desempenho da Gestão). Para a determinação dos indicadores (simples e com- postos) que serão utilizados no processo de avaliação, é importante levar em conta a possibilidade de obter dados confiáveis para apurá-los e sua capacidade de fornecer in- formações realmente relevantes. Na definição dos indica- dores simples, é recomendável adotar aqueles já consa- grados, como mortalidade infantil, IPK (índice de passa- geiros transportados por quilômetro), percentual de repro- vações na rede escolar, entre outros). A adoção de indica- dores compostos exige um trabalho mais sofisticado, onde é recomendável o auxílio de especialistas. A avaliação não pode ser reduzida ao uso de indicado- res. É mais difícil, mas não menos importante, avaliar os avanços democráticos da gestão (que não podem ser me- didos pelos indicadores de qualidade de vida e infra-es- trutura social): a expansão dos direitos civis e políticos. DIVULGAÇÃO Dentro de suas possibilidades, a prefeitura deve divul- gar os resultados da avaliação de forma clara e facilmente compreensível para a população. É preciso superar a ten- dência de ignorar as deficiências da administração. Avali- ações e opiniões contraditórias devem ser registradas e explicitadas. O governo pode se antecipar, divulgando as críticas existentes e sua versão para os fatos, esti- mulando o debate sobre a gestão. Resultados a) Qualidade da gestão Avaliar a gestão é importante para corrigir rumos indesejados que podem estar sendo tomados sem se perceber. Avaliações periódicas permitem identificar e aproveitar oportunidades de ação para solucionar problemas, redu- zir desperdícios ou realizar ações para atingir compromissos de governo. E, ao inverso, deixar de avaliar a gestão pode deixar a prefeitura em um caminho que produza como conseqüências finais a ineficácia da prefeitu- ra e a deterioração da sustentação política do governo. b) Promoção da cidadania A transparência da administração é um ponto fundamental para a democratização da sociedade e consolidação da cidadania. Não pode, portanto, ficar restrita à simples divulgação dos atos do governo. A avalia- ção dos impactos e resultados desses atos permite uma ampliação da transparência, sendo um fator de promoção da cidadania. As informações utilizadas para a avaliação (tanto aquelas relativas às ações de governo quanto às relativas à configuração espacial e sócio-econômica da cidade), além de se integrar ao Sistema de Informações para o Planejamento, podem ser inte- gradas a um Sistema de Infor- mações para a Cidadania, per- mitindo que a sociedade se apro- prie delas. Rompe-se, portanto, o monopólio da informação pe- los técnicos e dirigentes muni- cipais. Essa democratização das informações auxilia a socieda- de não só a controlar as ações do governo municipal: também permite que os movimentos e entidades que atuam na vida po- lítica e social formulem propos- tas de prioridades e de interven- ção e as ofereçam ao poder pú- blico para implantação. 19125 DICAS Aç ão A dm ini str ati va Ministério da Saúde planeja implantar, em âm- bito nacional, o Cartão Saúde ou Cartão SUS (Sistema Único de Saúde), que será de respon- sabilidade do município. Funcionará como um smart card, contendo informações sobre o paciente, como nome, ida- de, endereço residencial, etc., além de seu histórico clíni- co. Pretende-se, com isso, valorizar a cidadania, propici- ando uma prestação eficiente e digna dos serviços de saú- de; facilitar a câmara de compensação financeira intermu- nicipal e interestadual, no caso de o cidadão utilizar servi- ços médicos de outro município daquele onde reside; iden- tificar o cidadão junto aos serviços de saúde, junto aos seus sistemas e aos demais sistemas de saúde; conhecer a realidade epidemiológica da população; uniformizar e com- patibilizar dados de forma a consolidar os sistemas de infor- mações da União, Estados e Municípios sobre saúde. Cada pessoa possuirá o seu próprio cartão e poderá ser atendido em qualquer unidade de saúde no País financiada pelo SUS. Uma das grandes finalidades do Cartão Saúde é redu- zir custos. Com a sua utilização, a gestão de saúde torna- se mais eficiente; o atendimento médico, mais rápido; o acesso às informações sobre a saúde do paciente, mais ágil e preciso; garantindo a otimização dos re- cursos financeiros. O município de Betim-MG (249 mil hab.) é um dos poucos municípios que dispõe do Cartão Saúde em pleno funcionamento e com resultados positivos visíveis. O QUE É? A Secretaria Municipal de Saúde formulou um progra- ma para a reestruturação do sistema de saúde, com o obje- tivo de oferecer atendimento médico de qualidade para toda a população. O “Saúde Para Todos” visa resgatar a cidadania, universalizando a prestação dos serviços de saúde, além de personalizar e humanizar o atendimento. Atualmente, Betim conta com 18 unidades de saúde bási- ca; duas unidades de atendimento imediato; duas de aten- dimento básico e imediato; quatro unidades especiali- zadas (AIDS, saúde mental, fisioterapia e um centro de referência de especialidade, policlínica que atende quase todas as especialidades); uma maternidade e um hospital regional. Uma das premissas do Programa “Saúde Para Todos” é estabelecer uma relação mais próxima entre usuários, médicos e enfermeiros. Para isso, as equipes médicas das unidades de atendimento básico do município foram sub- divididas em equipes de referência, podendo o usuário escolher aquela que mais lhe convém. Cada equipe de re- ferência é formada por três ou quatro pessoas: médico clí- nico, outro médico (ginecologista, pediatra, etc.), enfer- meiro e assistente social. O Cartão Saúde integra este Programa. A função do Cartão Saúde é facilitar, para a equipe de atendimento ou de referência, o acesso às informações sobre o usuário. O Cartão Saúde de Betim não é um smart card, ou seja, não armazena todas as informações sobre o usuário, mas con- tém alguns dados, como nome, data de nascimento, sexo e número do prontuário, permitindo o acesso às demais in- formações que ficam armazenadas num sistema municipal central. Ao procurar alguma unidade de saúde do municí- pio, basta que o usuário entregue o cartão na recepção do hospital ou centro médico paraque seus dados sejam aces- sados no sistema central, agilizando seu atendimento. Além disso, por meio do Cartão Saúde, a Secretaria de Saúde consegue mapear melhor seu público-alvo, o que facilita a formulação de novas políticas públicas. IMPLANTAÇÃO A Secretaria Municipal de Saúde de Betim é a respon- sável pela implantação e gestão do Cartão Saúde, coorde- nando a informatização de toda a rede municipal de saú- de. Para isso foi feito um levantamento dos equipamentos de informática já existentes e, a partir daí, elaborado um planejamento: compra de equipamentos, treinamento do pessoal das unidades de saúde e instalação de redes lo- cais. Quando as redes locais já estavam funcionando, to- das as redes foram integradas, formando uma base única. O Cartão Saúde começou a ser utilizado a partir da insta- lação das redes locais, assim, quando se constituiu a rede municipal, o Cartão já estava implantado. Essa é uma rede pioneira no Brasil, tecnicamente conhecida por WAN (Tec- nologia E-1 Canalizada Síncrona). O projeto de implantação do Cartão, em si, foi dividi- do em três fases: 1. Cadastro Domiciliar no Município - A Secretaria Mu- nicipal de Saúde contratou pessoal terceirizado para reali- zar um levantamento dos dados socioeconômicos e epide- miológicos de toda a população. Essa equipe já havia tra- balhado numa campanha de prevenção e combate à den- gue, visitando todas as residências de Betim. Seis equi- pes, com dez funcionários cada, utilizando formulários domiciliares, em cinco meses cadastraram todos os habi- tantes. O formulário se dividiu em três partes: a) georreferenciamento: endereço, código da unidade de saúde que fica mais próxima da residência do usuário; b) dados domiciliares (individuais para cada morador): nome, data de nascimento/idade, sexo, profissão, doenças que já teve, etc.; c) informações socioeconômicas: renda familiar, tipo e ta- manho da residência, integração à rede elétrica, de água e esgoto, presença de animais em casa, etc. 2. Digitação dos Dados - Nesta fase, os próprios funcio- nários da Prefeitura digitaram os dados coletados, inclu- indo-os no sistema informatizado da Secretaria Municipal de Saúde. 3. Emissão e Distribuição dos Cartões - Os Cartões foram enviados às unidades de saúde, que os entregaram aos usu- O Cartão Saúde O cartão-saúde permite à prefeitura personalizar o atendimento ao cidadão e reduzir gastos com exames desnecessários. Facilita a elaboração de políticas públicas na medida em que sistematiza diversas informações num único banco de dados. AUTORA: PATRÍCIA LACZYNSKI DE SOUZA 125 DICAS20 Resultados O Cartão Saúde permite resgatar a cidadania ao universalizar a prestação dos serviços e melhorar a rede de atendimento em saúde pública. Ao permitir que o usuário escolha a equipe de referência que o acompanhará, oferece um atendimento personalizado e humanizado. Com o histórico clínico do paciente sendo facilmente resgatável, são necessárias menos consultas e exames para se chegar ao diagnóstico, reduzindo os custos e possibilitando a otimização dos recursos. No Brasil, 80% dos exames têm resultado negativo, o que mostra que grande parte deles não precisariam ter sido feitos, se o paciente tivesse sido examinado mais atentamente. O sistema informatizado padroniza e viabiliza o acesso às informações, permitindo à Secretaria de Saúde analisar e avaliar a qualidade dos serviços prestados nas unidades de saúde. As informações mais amplas sobre a qualidade de vida dos usuários, conseguidas a partir do cadastramento da população, facilitam a formulação de novas políticas públicas não só na área de saúde, mas também em habitação, educação, assis- tência social, etc. O Cartão Saúde, acompanhado de um atendimento de qualidade, ajuda resgatar a auto-estima da população. O cartão personalizado faz o indivíduo se sentir mais valorizado, mudando sua relação com o Estado e levando-o a participar mais ativamente da vida pública. Um indicador da melhoria da qualidade dos serviços de saúde pública e, conseqüentemente, da aceitação do público foi o fechamento, no município, de várias pequenas empresas particulares de planos de saúde e a redução do número de conveniados da única empresa particular que ainda se mantém aberta. ( Entrevistado: Geraldo T. da C. Cruz: Telefone 0 XX 31-539-2340 - e-mail: infsaude@betim.mg.gov.br ) ários. Quando o usuário retirava seu Cartão já escolhia a unidade de saúde na qual preferiria ser atendido e sua equi- pe de referência. Essas informações também foram inclu- ídas no cartão. Essa fase contou com o apoio da “Equipe de Mobilização”, grupo organizado pela Prefeitura de Betim no primeiro ano dessa gestão para incentivar a po- pulação a uma maior participação na vida pública. Foi re- alizado um processo de sensibilização nos locais de traba- lho, ou seja, nas unidades de saúde, com seminários para médicos, enfermeiros e funcionários, mostrando a viabili- dade técnica do programa. Além disso, o projeto foi deba- tido com o Poder Legislativo, na Câmara dos Vereadores, e com a população, nas unidades de saúde. RECURSOS A maior utilização de recursos financeiros foi para a informatização da rede de saúde, pois houve neces- sidade de comprar equipamentos e treinar o pessoal da Secretaria de Saúde. Embora a maior parte dos recur- sos humanos utilizados no processo de implantação do Cartão Saúde tenham sido da própria Secretaria de Saúde, foram contratados alguns serviços específicos, para o cadastro domiciliar, por exemplo. Os recursos financeiros destinados às políticas de saúde do município de Betim são provenientes do Fundo Municipal de Saúde, constituído, nesse caso, por verbas da Prefeitura e do SUS. Os recur- sos aportados pela Prefeitura chegam a representar 20% do orçamento municipal. A prefeitura de Betim pagou R$ 0,35 por Cartão pré- impresso, faltando incluir os dados variáveis. O cartão fi- nal tem seu preço estimado em R$ 1,00. O smart card armazenaria todos os dados necessários relativos ao usuá- rio do serviço de saúde, sem necessidade de uma rede en- tre as unidades de saúde, mas custaria muito mais caro, cerca de R$ 10,00 por unidade. DIFICULDADES A maior dificuldade encontrada na implantação do Cartão Saúde em Betim foi a diminuição da re- ceita financeira da Prefeitura. Apesar da queda na arrecadação, Betim passou a atender mais pacientes vindos de outros municípios. A Prefeitura e a Secretaria Municipal de Saúde concentraram esforços para manter a qualidade dos serviços na área de saúde e otimizar os uso dos recursos disponíveis. As equipes de referência, ao atender de maneira personalizada e humanizada, permi- tem diminuir o número de pacientes que utilizavam o aten- dimento especializado. Ao possibilitar uma diminuição dos gastos, o próprio Cartão Saúde é um instrumento para aumentar a eficiência da gestão de saúde. O sistema informatizado com prontuá- rio único, ou seja, utilizando um único cartão, registra o his- tórico clínico do paciente. Dessa forma, antes de atender o paciente, a equipe médica pode ter acesso a essas informa- ções, incluindo os exames realizados, diminuindo assim a realização de exames desnecessários. Uma das dificuldades encontradas na fase de cadastramento do Cartão Saúde foi a grande extensão do município, principal- mente na zona rural, onde as residências são muito dispersas. 21125 DICAS Aç ão A dm ini str ati va s tributos municipais são a principal fonte de recursos próprios dos municípios. As adminis- trações municipais necessitam, portanto, aumen- tar ao máximo a eficiência dos processos de arrecadação e atendimento ao contribuinte. Em geral, o perfil do devedor municipal não é o de um sonegador de impostos, mas o de um contribuinte esque- cido, por desleixo ou falta de informação. Assim, é im- portante que as administrações municipais lembrem cons- tantemente ao contribuintea sua dívida e facilitem o pro- cesso de liqüidação da mesma. AÇÕES POSSÍVEIS Iniciativas para melhorar a cobrança de tributos po- dem decorrer do diagnóstico de alguns “nós” encontrá- veis no processo: desconhecimento do número de atendi- mentos tributários; falta de criatividade na execução de ações; mau atendimento ao público. Dessa forma, a administração municipal deve raciona- lizar e otimizar o controle de arrecadação, melhorando o perfil de atendimento tributário ao contribuinte, aperfei- çoando a “malha fina”, agilizando os trâmites de docu- mentos e serviços da rede bancária. A administração municipal, ao melhorar a cobrança de tributos, impõe uma nova qualidade ao serviço de duas formas. De um lado, propicia a melhoria do atendimento no plano pessoal; de outro, permite agilizar e racionalizar a cobrança através do cruzamento de informações e atua- lização de dados. As ações a serem implementadas podem ser divididas em três grupos: 1- Agilização dos recebimentos. Entre as medidas possíveis, estão: ·Revisão dos procedimentos de cobrança, o que inclui in- formatização, redesenho de processos de trabalho e sim- plificação de normas. ·Expansão da rede de postos de pagamento, considerando não só bancos mas também lojas lotéricas, estabelecimen- tos comerciais, etc. ·Aproveitamento de eventos e equipamentos públicos para o pagamento de tributos. 2 - Melhoria nos processos de atendimento e informação ao contribuinte. Para atingir essa melhoria, a prefeitura pode: ·Capacitar através de cursos de formação, o pessoal en- volvido com a cobrança e o atendimento. ·Melhorar a infra-estrutura física das áreas de atendimen- to ao contribuinte, organização de terminais e tratamento mais rápido e confortável, com utilização de senhas, me- lhores instalações, criação de guichê único, etc. ·Descentralizar os postos de atendimento (veja DICAS Serviço Móvel de Atendimento ao Cidadão) e criar pos- tos de atendimento volante. Pode ser estudada também a viabilidade econômica de instalação de máquinas de auto- atendimento, para o pagamento e/ou emissão de guias de pagamento dos tributos. ·Ampliar os canais de comunicação com o público através de campanhas sobre o pagamento dos tributos e da cria- ção de um serviço telefônico de atendimento e esclareci- mento de dúvidas do contribuinte. 3- Identificação dos devedores e ampliação da base tributária. A prefeitura pode desenvolver as seguintes iniciativas: ·Proceder a uma revisão da dívida ativa, juntamente com uma campanha de regularização das dívidas. ·Instalar auditorias tributárias contratadas externamente, verificando, inclusive, as atividades de fiscalização. ·Promover um recadastramento dos imóveis e revisão da planta genérica de valores do município. EXPERIÊNCIAS A prefeitura de Campinas-SP (878 mil hab.) reestru- turou a Secretaria de Finanças criando um Departamento de Cobrança e Controle da Arrecadação. A administração municipal optou por não conceder anistia fiscal aos inadim- plentes. O cadastro foi atualizado colocando-se à disposi- ção dos contribuintes instrumentos como a utilização do telefone 156. Ampliou-se o número de execuções e ajuizamentos de processos. Em comparação com os quatro anos da gestão anterior (1989-1992), a gestão 1993-1996 obteve uma ampliação de arrecadação superior a 500%. Em Bauru-SP (282 mil hab.) a prefeitura implantou o “Cartão do Contribuinte Municipal”. Trata-se de um car- tão magnético similar aos utilizados pelo sistema finan- ceiro, que permite a comunicação a longas distâncias (in- clusive para outras cidades e/ou estados). A Secretaria de Economia e Finanças desenvolveu e testou o sistema (sof- tware e hardware) em conjunto com uma empresa especi- alizada, além de recadastrar os contribuintes. Máquinas de auto-atendimento foram instaladas em locais de fácil acesso e grande circulação de pessoas. Cada contribuinte possui uma senha exclusiva, garantindo a segurança das operações. A implantação desse sistema facilitou e agilizou a consulta sobre a situação tributária do contribuinte. O sistema não discrimina a quantidade de imóveis de cada munícipe, mas é um serviço gratuito e evita que haja acúmulo de pessoas nos balcões da prefeitura para re- solver pequenos problemas. No caso de débito, a má- quina emite guia para o pagamento nas agências ban- cárias credenciadas. O contribuinte ganha tempo e o funcionalismo pode atendê-lo melhor. No caso de Campinas um dos principais resultados foi a moralização do processo de cobrança, com maior ganho para a prefeitura, o que pode ser confirmado pelos seguin- tes indicadores: ·diminuição da inadimplência: atingiu praticamente zero O Cobrança de Tributos e Atendimento ao Contribuinte Desburocratizar e descentralizar as cobranças da Prefeitura ajudam a diminuir a corrupção e aumentar a arrecadação, e demonstram respeito pelo contribuinte. AUTORES: MARCO ANTONIO DE ALMEIDA E JOSÉ CARLOS VAZ 125 DICAS22 Atendimento Diferenciado Em Campinas, um dos problemas enfrentados pela área de cobrança foi a concentração de contribuintes que se dirigiam ao Paço Municipal para pagar suas contas. O Departamento de Cobrança e Controle da Arrecada- ção (DCCA) executou um mapeamento do perfil do atendimento para levantar as razões desse problema. Entre as causas estavam, por exemplo, a devolução de carnês pelo correio por ausência do pro- prietário no momento da entrega, não-cruzamento de outras propriedades, falta de clareza nos procedimentos da prefeitura, etc. O DCCA inovou na forma de lidar com esse problema. Entre as soluções postas em prática estava a “fila com arte”. O espaço do Museu de Arte Contemporânea de Campinas, próximo à prefeitura, foi utilizado para o pagamento sazonal do IPTU. Terminais de computador foram instalados no local, juntamente com um guichê destinado a esclarecer as dúvidas dos contribuintes. Num período de 45 dias foram atendidas 25.000 pessoas, que tiveram a oportunidade de ver exposições e outras atividades culturais, cumprindo com a exigência legal de utilização do espaço para fins culturais. Além da “fila com arte”, o DCCA promoveu a descentralização sazonal do IPTU, criando outros oito postos além daquele instalado no museu. Em todos foi adotado o guichê-único, que permitiu a padronização de procedimentos e a reciclagem dos funcionários envolvidos com o atendimento. O controle da dívida ativa passou a acompanhar os carnês do IPTU. Outra importante iniciativa para a melhoria da qualidade do atendimento foi a criação de um esquema espe- cial e personalizado para os contribuintes idosos. Uma sala especial foi instalada no Paço Municipal, destina- da exclusivamente para atendê-los. quanto a emissão de cheques sem fundos; ·os procedimentos de baixa foram modificados e a quanti- dade de fraudes diminuiu sensivelmente; ·houve o levantamento e a inibição dos esquemas de fraude. IMPLANTAÇÃO A implantação dessas ações pode ser feita de forma gradual, como, por exemplo, no que se refere ao reca- dastramento de imóveis e à revisão da planta de valo- res. A prefeitura deve estabelecer prioridades, inician- do o processo de cobrança pelos devedores maiores. E depois, aos poucos, pode também expandir a rede ban- cária com a qual trabalha. Num primeiro momento a prefeitura pode investir em recursos humanos através de atividades de custo mais baixo, como cursos e treinamentos e, na medida em que a arrecadação aumenta, passar a investimentos mais dispendiosos, como a infra-estrutura física. As parcerias que envolvem a área de cobrança po- dem ser de vários tipos, envolvendo desde o treina- mento de equipes e a produção de softwares até a ins- talação de postos de cobrança avançados. Devem ser buscadas também parcerias com estabelecimentos co- merciais, que podem ser autorizados a efetuar a cobrança de tributos. O mesmo tipo de iniciativa vale para a divulgação dos serviços junto ao grande público.Em Campinas a prefeitura obteve uma parceria com a Xerox do Brasil, que patrocinou a padronização dos formulários de cobrança, permitindo a racionalização de uma série de procedimentos, vinculando a marca da empresa à prestação de um serviço de utilidade pública de qualidade. DIFICULDADES Um grande problema para a cobrança de tributos é a falta de informação da população. Trata-se de uma falha em termos de comunicação por parte da administração, que, através de propaganda de utilidade pública, deve es- clarecer os contribuintes acerca de novos procedimentos de cobrança e atendimento. O uso da Internet (veja DI- CAS A Internet e os Municípios) e meios de comunicação como rádio e TV (veja DICAS TV da Cidade) ajudam a superar esta falha. Com relação aos custos de implementação e operação de um novo sistema, o investimento no crescimento de recursos humanos e infra-estrutura poderá ser balanceado por uma contrapartida no aumento da arrecadação e na racionalização de custos de cobrança. No caso da experi- ência de Bauru, a fonte de recurso que dá sustentação ao sistema são as próprias receitas arrecadadas (o custo é de 0,06% do total arrecadado). Por outro lado, também é importante o controle admi- nistrativo do órgão encarregado dessas tarefas, através de auditorias internas e outros mecanismos como auditorias no passado (levantamento de fraudes e irregularidades); execução de processos policiais e localização de focos de corrupção, com punição dos responsáveis. Outra forma de coibir abusos é a criação de um órgão de controle social da atividade tributária do Executivo Municipal, com a par- ticipação dos cidadãos. 23125 DICAS Aç ão A dm ini str ati va nquanto as fontes não secam, não há conflitos pelo uso e aproveitamento da água. O mito em torno do “poder restaurador da natureza” e o descaso em relação ao meio ambiente levam à degra- dação das águas superficiais e subterrâneas. Mas quan- do o desabastecimento e a limitação do consumo se tornam realidade, o problema se configura em termos de recursos hídricos. Não basta, no entanto, a prefeitura estabelecer uma infinidade de leis para proteger e regular o uso dos seus mananciais (veja DICAS Gestão Municipal da Água) se os municípios vizinhos não tiverem controle algum. Como o gerenciamento destes recursos exige uma atuação em toda a bacia hidrográfica, os consór- cios intermunicipais (veja DICAS Consórcios Inter- municipais) facilitam a implementação das ações e per- mitem alcançar melhores resultados. HISTÓRICO Desde a criação do Código das Águas, em 1934, as políticas públicas sobre recursos hídricos seguiram um modelo centralizador, dando especial atenção à regulamen- tação das questões relativas ao aproveitamento hidráulico com fins de geração de energia elétrica, negligenciando o estabelecimento de legislação para os demais usos. Foram focalizadas regiões estratégicas, como o Vale do Paraíba, onde princípios de planejamento integrado foram sendo aplicados para reerguer economicamente a região. A par- tir de 1948, a Comissão do Vale do São Francisco procu- rou também aproveitar de forma integrada os recursos hí- dricos daquela bacia. As décadas de 50 e 60 caracteriza- ram-se por projetos e obras de barragens reguladoras das vazões dos rios buscando contornar problemas com enchen- tes e promover o melhor aproveitamento do solo ocupado. Os primeiros órgãos criados se mostraram inócuos e a sobreposição de ações estaduais e federais dificultaram o planejamento integrado. Nos anos 70 começaram a se con- figurar alguns princípios básicos da gestão: necessidade de promover a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, definição da bacia hidrográfica como unidade de planejamento, e a premissa da decisão colegiada, procurando compatibilizar planos setoriais de recur- sos hídricos de uma região. Foi então criado o Comitê Especial de Estudos Integrados de Bacias Hidrográfi- cas (CEEIBH), que orientou o desenvolvimento dos Comitês Executivos por bacia. A Lei 9433/97 estabelece que a água é um bem de do- mínio público, um recurso natural limitado e dotado de valor econômico, traçando as diretrizes da Política Nacio- nal de Recursos Hídricos (PNRH), criando o Sistema Na- cional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (SIN- GREH). Além disso, esta lei reconheceu a bacia hidrográ- fica como unidade territorial para a implementação da PNRH e criou a possibilidade da cobrança pelo uso da água. Os organismos integrantes do SNGRH são, basica- mente, os Comitês de Bacia Hidrográfica e as Agências de Água, juntamente com o Conselho Nacional de Recur- sos Hídricos e os Conselhos Estaduais. No seu esforço descentralizador, entretanto, além de tais instâncias insti- tucionais, a PNRH reconhece os Consórcios Intermunici- pais e outras associações regionais como organizações ci- vis de recursos hídricos. Atualmente as prioridades são determinadas em fun- ção da importância econômica de uma região e do nível de degradação em que se encontra a bacia hidrográfica. As ações governamentais têm sido orientadas, portanto, para conciliar o aumento da demanda com a crescente escassez dos recursos, decorrente seja de fenômenos naturais como as secas no nordeste brasileiro, seja da poluição industrial e lançamento de esgotos domésticos sem qualquer trata- mento nos cursos d’água. Como são os conflitos que orientam tanto a tomada de decisões em relação aos recursos hídricos quanto a orga- nização da sociedade civil, foi justamente nas bacias mais degradadas que surgiram as primeiras manifestações em atenção à sua utilização racional. No final da década de 80, baseados na Constituição de 88, os estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Ceará já se mobilizavam na elaboração de legislação estadual e no incentivo à criação de instâncias institucionais específicas ao gerenciamento dos recursos hídricos. Mas foi somente nos anos 90 que surgiram os primeiros Consórcios Inter- municipais de Bacia e os Comitês de Bacia Hidrográfica. POSSIBILIDADES Os Consórcios de Bacia Hidrográfica têm realizado um importante trabalho nas regiões onde atuam, destacando- se a conscientização da população sobre o uso racional da água, o reflorestamento das matas ciliares, a formalização de convênios com os órgãos estaduais, rateios para a rea- lização de obras de saneamento e tratamento de esgotos, além de promover a integração dos municípios para a rea- lização de estudos que favoreçam a elaboração de um Pla- no Diretor da Bacia Hidrográfica, indispensável para o encaminhamento da gestão. A constituição de uma sociedade civil sem fins lu- crativos é a personalidade jurídica atualmente mais re- comendada para os consórcios intermunicipais, dada a sua estrutura simples e desburocratizada. Os prefeitos devem inicialmente elaborar e encaminhar à Câmara Municipal um projeto de lei solicitando a aprovação para que o município participe do consórcio. Após a autorização dos respectivos Legislativos, deverá ser elaborado o estatuto regulamentando a participação dos consorciados. É fundamental que todos os prefeitos envolvidos no consórcio participem da reunião de apro- vação do estatuto – devidamente registrada em ata – durante a qual serão eleitos o presidente e o vice-pre- sidente do consórcio. Seguem-se os procedimentos de publicação no Diário Oficial do Estado, o registro no E Consórcio de Recursos Hídricos Ações envolvendo várias prefeituras e representantes da sociedade civil favorecem a conscientização sobre o uso racional da água e facilitam a formalização de convênios com os órgãos estaduais. AUTOR: ANTÔNIO JOSÉ FARIA DA COSTA 125 DICAS24 Cartório de Títulos e Documentos da cidade eleita como sede e a obtenção do CGC. A estrutura organizacional do consórcio é bastante sim- ples. O Conselho de Sócios ou dos Municípios (CM) é constituído pelos prefeitos, representando