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2. Apostila UC 16 Finanças Aplicadas ao Agronegócio

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Ruiz Ludwig

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Finanças Aplicadas
ao Agronegócio
Curso Técnico em Agronegócio
FORMAÇÃO
TÉCNICA
SENAR - Brasília, 2016
Finanças aplicadas
ao agronegócio
S474c
 SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. 
 Curso técnico em agronegócio: finanças aplicadas ao agronegócio / Serviço 
Nacional de Aprendizagem Rural ; Programa Nacional de Acesso ao Ensino 
Técnico e Emprego, Rede e-Tec Brasil, SENAR (Organizadores). – Brasília : 
SENAR, 2016.
 174 p. : il. (SENAR Formação Técnica)
 ISBN: 978-85-7664-103-2 
 Inclui bibliografia.
1. Finanças. 2. Agroindústria - ensino. I. Programa Nacional de Acesso 
ao Ensino Técnico e Emprego. II. Rede e-Tec Brasil. III. Título. IV. Série. 
 CDU: 336 
Sumário
Introdução à Unidade Curricular –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 7
Tema 1: Introdução à administração financeira –––––––––––––––––––––––––––––––––––––1 1
Tópico 1: A administração financeira no agronegócio ––––––––––––––––––––––––––– 1 2
1. A formalização da propriedade rural como pessoa jurídica –––––––––––––––––––– 1 4
2. Elementos para a administração financeira no agronegócio ––––––––––––––––––– 1 5
3. Valor do dinheiro no tempo –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1 8
4. Risco e retorno ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––2 4
5. Orçamentos –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––2 8
Tópico 2: Estrutura do capital no agronegócio ––––––––––––––––––––––––––––––––––3 6
1. O capital imobilizado fixo ou de longo prazo –––––––––––––––––––––––––––––––––3 8
2. O capital imobilizado semifixo ou de médio prazo ––––––––––––––––––––––––––––4 0
3. Capital de giro ou capital de curto prazo ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 4 1
4. Fluxo de caixa –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––4 3
5. Livro-caixa ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––4 5
6. Balanço patrimonial ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 4 7
Tópico 3: Administração dos estoques no agronegócio –––––––––––––––––––––––––– 5 1
1. O estoque insumo, o estoque produto e a logística dentro da propriedade ––––– 5 3
2. O estoque silencioso e o seu custo –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 5 5
Encerramento do tema –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––5 9
Atividade de aprendizagem –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––5 9
Tema 2: A gestão financeira do empreendimento do agronegócio –––––––––––––––––––6 5
Tópico 1: Custo de produção –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––66
1. Organização dos fatores de despesas –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––70
2. Fatores que devem compor o custo de produção no agronegócio –––––––––––––– 75
3. Depreciações ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––76
4. Os fatores do custo de produção que podem gerar polêmicas –––––––––––––––––79
5. Os fatores do custo de produção que não geram polêmicas ––––––––––––––––––– 85
6. O fator do custo de produção de difícil mensuração pastagens ––––––––––––––––89
7. Planilhas de custo de produção de pecuária de leite, corte, soja e milho: modelagem 
simplificada e tradicional –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––94
8. Planilhas de custo de produção: a modelagem denominada custo dinâmico –– 100
Tópico 2: Avaliação da rentabilidade do empreendimento no agronegócio –––––––105
1. Características próprias do agronegócio ––––––––––––––––––––––––––––––––––– 106
2. A análise financeira do empreendimento no agronegócio ––––––––––––––––––– 108
3. Mecanismos avaliadores: TIR e VPL –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 109
4. Mecanismos referenciadores: relação benefício-custo –––––––––––––––––––––––120
5. Mecanismos referenciadores: payback descontado e break even point (ponto de 
equilíbrio) –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 121
Encerramento do tema ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––126
Atividade de aprendizagem –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 127
Tema 3: Financiamentos e outras operações financeiras no agronegócio ––––––––––– 131
Tópico 1: Crédito rural ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––132
1. Os agentes financeiros do crédito rural no Brasil ––––––––––––––––––––––––––––134
2. Formatos de projetos para a obtenção do crédito rural ––––––––––––––––––––––136
3. As operações de crédito rural para o agronegócio –––––––––––––––––––––––––––138
4. Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) –––––––––––––––––– 141
5. Cédula de Produto Rural e demais títulos do agronegócio: o financiamento privado 
da agropecuária ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––142
6. Endividamento do crédito rural: como prevenir ––––––––––––––––––––––––––––– 145
Tópico 2: Contrato futuro e de opções agrícolas ––––––––––––––––––––––––––––––– 147
1. Contratos de commodities agrícolas disponíveis na BM&FBovespa 
com liquidação financeira –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––149
2. A lógica operacional dos contratos futuros e do contrato de opções agrícolas –– 152
Encerramento do tema –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 157
Atividade de aprendizagem –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 157
Encerramento da Unidade Curricular ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––159
Gabarito ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 160
Referências –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 173
Introdução à Unidade
Curricular
Finanças aplicadas ao agronegócio
7
Introdução à Unidade Curricular
Seja bem-vindo à Unidade Curricular de Finanças Aplicadas ao Agronegócio! A essa altura do 
curso você já viu que os empreendimentos agropecuários apresentam algumas diferenças 
em relação aos empreendimentos da área urbana, devido, principalmente, à existência de 
elementos da natureza, como insumos de produção. Solo, umidade, luz, calor ou frio acabam 
influenciando de forma significativa a finalização dos produtos, sejam eles bovinos, suínos, 
aves, leite, verduras, legumes, madeira, flores, grãos, entre outros.
Pensar em finanças no agronegócio pode parecer desafiador. Por isso, conhecer bem a cadeia 
produtiva é essencial. No esquema a seguir, você pode rever os agentes que atuam antes, 
dentro e depois da porteira.
Ambiente Institucional
Ambiente Organizacional
Agroin-
dústria
Comércio 
Atacadista
Comércio 
Varejista
Fornece-
dores de 
Insumos
ANTES DA 
PORTEIRA
DENTRO DA 
PORTEIRA
D
E
P
O
I
S
 
D
A
 
P
O
R
T
E
I-
R
A
Proprie-
dade 
Agrícola
Consumi-
dor Final
Essa ideia de cadeia do agronegócio foi introduzida por Ney Bittencourt, um dos precursores 
da biotecnologia na agropecuária no Brasil (STAL, 1993). A etapa “antes da porteira” inclui 
fornecedores de insumos e serviços voltados à produção agropecuária. A fase “dentro da 
porteira” é caracterizada pelos produtores rurais, responsáveis pela produção da matéria-prima 
primordial ao funcionamento de toda cadeia alimentar até o consumidor final, que é o alimento 
em seu estado bruto. Já a etapa “depois da porteira” é caracterizada pelas agroindústrias, que 
Curso Técnico em Agronegócio
8
adquirem diretamente dos produtores rurais ou suas organizações (associações, cooperativas 
etc.) o resultado de suas produções. O produto processado é então encaminhado aos atacadistas 
ou varejistas para comercialização junto aos consumidores finais.
As relações de confiança que se criam entre os participantes das três etapas da cadeia produtiva 
do agronegócio são importantes e podem ser determinantes no sucesso da atividade, mas o 
conhecimento e a prática da administração financeira são fundamentaispara o sucesso no setor.
d
Comentário do autor
Nesta unidade curricular, vamos focar no aspecto financeiro e seus 
desdobramentos na etapa “dentro da porteira”, ou seja, a gestão financeira na 
produção agropecuária. A partir dela, pode-se avaliar a relação custo-benefício 
dos resultados produtivos alcançados.
Existem diversas modalidades de finanças em agronegócio. A escolha deverá considerar 
aquela que melhor se encaixa nas características da atividade, pensando nas influências das 
variações climáticas regionais, nos aspectos das plantas, dos animais e dos demais organismos 
vivos presentes no processo produtivo. A compreensão do todo é necessária porque cada 
elemento precisará ser transformado em números para que possa ser avaliado de forma 
econômica e financeira.
Gestão Financeira
Maximizar os resultados
N
eg
oc
ia
çã
o
Estruturação
Controles
Ad
mi
nis
tra
çã
o
de
 ca
pit
al
Diagnóstico
Planejamento
Or
ça
me
nt
os
Espera-se que você possa entender a importância do conhecimento das condições econômico-
financeiras de uma propriedade rural, a fim de garantir receita futura estável, maximizando o 
retorno da atividade agropecuária.
Finanças aplicadas ao agronegócio
9
j
Objetivos de aprendizagem
Com seu empenho, ao final desta unidade curricular, você será capaz de:
• Formular o planejamento e o orçamento financeiro da empresa rural.
• Conhecer as principais fontes de financiamento para o negócio rural.
• Empregar o conhecimento sobre gestão financeira à realidade do 
negócio rural.
• Realizar os principais cálculos financeiros para o negócio rural.
Concentre-se no estudo da apostila e explore as videoaulas, o AVA e as diversas publicações 
disponíveis na biblioteca do AVA. Lembre-se de que você conta com apoio da tutoria a distância 
para dúvidas e aprofundamentos. 
Introdução à administração 
fi nanceira
01
Finanças aplicadas ao agronegócio
11
Tema 1: Introdução à administração 
financeira
Em geral, entende-se que o objetivo de uma empresa ou negócio agropecuário, antes de qualquer 
coisa, é obter o maior volume possível de lucro, ou seja, a sua maximização (GITMAN, 2010). Lucro 
é o resultado financeiro obtido pelo negócio agropecuário após o pagamento de todas as despesas 
(inclusive impostos e outras contribuições correntes) e o imposto de renda anual. 
A relação entre o investimento, o valor gasto e o que se recebe como lucro origina a relação 
custo-benefício (C/B). Ela estabelece em linhas gerais o quanto uma unidade monetária (R$ 
1,00) investida na atividade poderá gerar em novas unidades monetárias. 
Por exemplo, a relação C/B = 1:1,15 significa que, a cada R$ 1,00 
investido, o retorno será de R$ 1,15.
Além do resultado dessa relação, é preciso avaliar o tempo para sua obtenção. Isso porque 
ganhar R$ 1,15 para cada real investido poderá não ser lucrativo, caso exista outra opção de 
investimento que retorne o mesmo valor de face (valor final sem possibilidade de alteração) 
em um tempo menor. Note que a análise passa a ganhar a dimensão do valor do dinheiro no 
tempo, que é outra forma de se olhar para o financeiro. 
Curso Técnico em Agronegócio
12
d
Comentário do autor
O gestor do negócio agropecuário deverá ter a preocupação constante 
em trabalhar a obtenção de resultados financeiros positivos levando em 
consideração os princípios éticos que devem reger qualquer empreendimento e, 
em especial, o agropecuário, que usa a natureza como base operacional
Neste tema, espera-se que você desenvolva as seguintes competências:
• Conhecer os princípios básicos que regem o fator financeiro no empreendimento, a fim 
de poder determinar a linha básica operacional em que as decisões estejam baseadas no 
custo e valor do dinheiro no tempo e seu risco. 
• Compreender a função do estágio do capital no empreendimento, identificando o tempo 
de retorno e o custo para cada momento do capital, sob controle e monitoramento de 
todo o empreendimento.
• Aplicar estratégia administrativa sobre as questões da formação dos estoques operacionais 
obrigatórios, procurando amenizar seus impactos no custo de produção e na captação de 
financiamentos.
Tópico 1: A administração financeira no agronegócio
Os negócios no meio rural podem ser desenvolvidos como empresa ou como pessoa física. Mas 
qual seria a melhor forma? A princípio, a formação de uma empresa para o desenvolvimento 
do empreendimento agropecuário poderá demonstrar, para as pessoas da sociedade, maior 
sensação de organização e segurança nas diversas transações comerciais de compra e venda 
que estarão acontecendo no dia a dia do negócio. O produtor rural tradicional, que pode ser 
chamado produtor rural pessoa física, ao contrário do produtor rural pessoa jurídica (empresa), 
tem como diferença básica sua inscrição ou registro junto à Receita Federal brasileira. Desse 
modo, o produtor rural pessoa física tem CPF e o pessoa jurídica tem CNPJ. 
A legislação tributária brasileira tem especial atenção ao produtor rural pessoa física, 
permitindo que ele tenha inscrição junto ao sistema tributário estadual, chamado de inscrição 
estadual (IE) e municipal (ISS). Isso possibilita a emissão de nota fiscal semelhante a uma 
empresa, chamada de nota fiscal do produtor rural. Na imagem a seguir, uma prefeitura 
do interior do Paraná está chamando os produtores rurais para apresentação de suas notas 
fiscais e argumentando sobre as vantagens para ele e para o estado.
ISS
Imposto Sobre Serviço. É uma tributação de abrangência municipal. Os percentuais sobre o 
faturamento/atividade ou até mesmo isenções são definidas pelo município em que a propriedade 
rural está localizada.
Finanças aplicadas ao agronegócio
13
 
Fonte: Divulgação/Prefeitura Municipal de União da Vitória.
O produtor rural pessoa jurídica (empresa) tem tratamento tributário diferente do produtor 
rural pessoa física. Requer mais organização e escrituração contábil, gerando mais despesas de 
escritório, mas em contrapartida poderá se beneficiar de alguns direitos tributários existentes 
na legislação. 
Em linhas gerais, as empresas podem apresentar quatro tipos de formações básicas. 
MEI
Empresa individual, atualmente com a denominação de 
Microempreendedor Individual (MEI). É a pessoa que trabalha 
por conta própria e se legaliza como microempresário.
EIRELI
A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (Eireli) 
pode ter um faturamento bruto anual bem superior ao de 
uma MEI, preservando a individualidade do proprietário, 
entre outros detalhes.
LTDA.
Empresa de sociedades de pessoas, envolvendo no mínimo 
duas pessoas ou sócios, também chamadas empresas de 
sociedade limitada (Ltda.)
S.A
Empresa por sociedade em ações, podendo também ter um 
número limitado de sócios ou não, também chamada de 
sociedade anônima (S.A.). Elas podem ter capital aberto ou 
fechado.
Curso Técnico em Agronegócio
14
As empresas chamadas de S.A. com capital aberto podem lançar (vender) papéis no mercado 
financeiro, por meio da bolsa de valores, chamados de ações ordinárias ou preferenciais para 
obter sócios (ações ordinárias) ou investidores (ações preferenciais) com objetivo de captação 
de recursos financeiros para investimentos na própria empresa.
Atualmente, existem 21 empresas do ramo do agronegócio brasileiro com ações negociadas 
em bolsa, segundo a classificação da BM&FBovespa (2015). Destas, apenas três atuam com 
foco principal na produção, ou seja, “dentro da porteira”.
`
Atenção
É muito importante que os empreendimentos voltados ao agronegócio estejam 
devidamente legalizados. Isso afeta diretamente os envolvidos na cadeia 
produtiva, como a iniciativa privada, o governo e os consumidores. 
A legislação tributária brasileira é complexa e sofre alterações constantes. Assim,a fim 
de se manter informado sobre seus direitos e deveres e, inclusive, para decidir se seu 
empreendimento deverá ser pessoa jurídica ou não, é recomendado que o produtor rural, 
pessoa física ou jurídica, conte com o auxílio de uma consultoria na área contábil, seja ela dos 
sindicatos rurais, cooperativas ou particulares.
c
Leitura complementar
Na biblioteca do AVA, você encontra dois textos: um estudo comparativo da 
tributação do produtor rural e um estudo do imposto de renda na atividade rural 
de pequeno porte. Acesse e saiba mais!
1. A formalização da propriedade rural como pessoa jurídica
A formalização da propriedade rural como empresa (pessoa jurídica) poderá se dar sob duas 
formas. Na primeira, assim que a empresa agropecuária estiver formalizada, a escritura da 
propriedade rural será feita no nome da empresa. Essa alternativa levará a propriedade rural 
a compor o ativo da empresa, portanto, ela deverá comprovar a origem dos recursos (passivo) 
para aquisição da propriedade rural pela empresa. Essa opção poderá ser feita também 
durante a formalização da empresa agropecuária, momento em que os valores de aquisição 
ou incorporação da propriedade rural deverão fazer parte do capital social da empresa 
agropecuária. A maior despesa dessa operação é o imposto municipal denominado de ITBI 
(imposto sobre transmissão de bens imóveis). O valor a ser pago dependerá da avaliação da 
propriedade pela prefeitura local, sobre a qual incidirá a alíquota de 2% como ITBI a ser pago, 
somado as demais despesas cartorárias. 
Outra solução poderá ser o estabelecimento de contrato de arrendamento da propriedade 
rural para a empresa agropecuária. Dessa forma, não haverá despesas de troca de titularidade 
da propriedade rural, assim como ela não fará parte do ativo da empresa agropecuária.
Finanças aplicadas ao agronegócio
15
O
Informação extra
Uma estratégia utilizada por empreendedores do agronegócio, a fim de evitar 
o pagamento de ITBI nas transações imobiliárias, tem sido a incorporação das 
propriedades rurais aos ativos de empresas e ao se negociá-la, entre a série 
de ativos que devem existir, a propriedade rural passa a ser mais um dos 
ativos, evitando a troca de titularidade da terra, já que o que foi negociado foi a 
empresa, não cabendo, assim, a incidência de ITBI.
 Fonte: Shutterstock.
Apesar da possibilidade de formalização como pessoa jurídica, a maioria dos negócios rurais 
“dentro da porteira” no Brasil é feita por pessoa física, devido à simplicidade operacional e à 
dimensão reduzida dos empreendimentos. Nesse caso, a credibilidade comercial, a confiança 
e o valor do produto são construídos pelos gestores do agronegócio ao longo do tempo. No 
campo, a antiga expressão “fio do bigode” ainda tem reconhecimento.
j
Atividade prática
Converse com conhecidos que possuem experiência na área e observe quais as 
vantagens e as desvantagens de ser produtor pessoa física ou pessoa jurídica.
2. Elementos para a administração financeira no agronegócio
O termo “finanças” pode ser definido como a arte e a ciência de administrar o dinheiro. 
Finanças diz respeito ao processo, às instituições, aos mercados e aos instrumentos envolvidos 
na transferência de dinheiro entre pessoas, empresas e órgãos governamentais.
O gestor financeiro do agronegócio deve se manter firme com acompanhamento das relações 
econômicas existentes no município, estado e país (PINHO, 1988). Isso significa que essa 
pessoa não pode trabalhar de forma isolada, mas sim estar atenta a todos os possíveis fatores 
que possam influenciar a exploração agropecuária, buscando compreender as variações da 
atividade e de políticas econômicas do seu meio. As decisões tomadas “dentro da porteira” 
Curso Técnico em Agronegócio
16
afetam a continuidade no “antes” e no “depois” da porteira. Essa atenção gera mais segurança 
na análise de custo-benefício em um novo projeto. 
d
Comentário do autor
O ideal é que, antes das decisões localizadas, o gestor do agronegócio já tenha 
um bom nível de esclarecimento sobre os diversos riscos inerentes à atividade. 
Todo negócio envolve risco, desse modo, certeza no sucesso não deve existir, 
mas sim confiança e responsabilidade.
A experiência também é outro fator importante. Quando associada a estudos sérios, com 
bom embasamento, fica mais fácil promover a inovação e a diferenciação na administração 
de resultados positivos e constantes para a produção agropecuária.
A decisão final sobre a viabilidade ou não de uma proposta de produção deverá considerar 
diferentes mecanismos de análise financeira, os quais você verá nesta unidade curricular. 
Contudo, as opiniões específicas do gestor ou proprietário também precisam ser consideradas. 
Acompanhe o exemplo a seguir para ver alguns dos possíveis desdobramentos na análise 
decisória com base nas finanças.
Exemplo: cultura de milho – despesas para 1 ha.
Sistema atual 
• Expectativa de produção – 80 sc/ha.
• Custo – semente variedade x a R$ 45,00/sc + 1 t/adubo/ha a R$ 600,00/t = R$ 645,00 
+ demais serviços a R$ 400,00 = R$ 1.045,00/ha.
• Receita esperada – 80 sc a R$ 16,00/sc = R$ 1.280,00/ha.
Sistema proposto
• Expectativa de produção – 110 sc/ha.
• Custo – semente variedade Y a R$ 70,00/sc + 1,5 t/adubo/ha a R$ 900,00 = R$ 970,00 
+ demais serviços a R$ 400,00 = R$ 1.370,00/ha.
• Receita esperada – 100 sc a R$ 16,00/sc = R$ 1.600,00/ha.
No exemplo, o sistema proposto considera a utilização de uma nova variedade de semente de 
milho para produção de grão. Essa variedade tem preço maior e exige mais adubo químico. 
Em contrapartida, oferece a expectativa do aumento da produção por hectare de 80 para 
Finanças aplicadas ao agronegócio
17
100 sacas (aumento de 25%). O novo projeto exige o aumento de capital de giro ou custeio, 
elevando a despesa por hectare de R$ 1.045,00 para R$ 1.370,00 (aumento de 31,1%). 
Custeio
Somatório de todas as despesas necessárias para pagar um ciclo produtivo da atividade de 
exploração. Em culturas vegetais de ciclo curto, vai do plantio à colheita. Em culturas vegetais 
de ciclo perene e na produção animal, normalmente, representa as despesas de 12 meses da 
atividade.
Considerando que o produtor terá de buscar financiamento no mercado financeiro para fazer 
frente ao aumento de capital de giro, deverá ser considerado o custo do dinheiro financiado. 
A necessidade de capital de giro (custeio agrícola) será de R$ 325,00/ha, que é a diferença nos 
custos entre o sistema atual e o proposto. Imagine que o produtor consiga crédito rural ao 
custo de 8,75% ao ano (a.a.) e que a operação de crédito entre a contratação e o retorno do 
empréstimo ao banco demore seis meses. Com isso, temos que o custo financeiro será de 
4,37% de juros no período = (8,75% juros a.a./12 meses) x 6 meses, elevando a despesa 
adicional para R$ 339,53 (R$ 325,00 + R$ 14,53 de juros). 
Por certo, devido ao maior volume de colheita, nesse cálculo, deverão ser adicionadas as 
despesas de contratação da operação de crédito rural, o aumento das operações em horas 
máquina e, em alguns casos, o aumento das despesas de comercialização, a necessidade de 
armazenagem ou alguma despesa específica da propriedade ou local de plantio. Para fins de 
nivelamento do exemplo, não consideraremos esses acréscimos de despesas, mas em uma 
situação real tais despesas não poderiam ser deixadas de ser calculadas, OK? 
Com isso em mente, o balanço sobre a nova proposta ficou:
• No sistema atual – ao final de seis meses, o produtor teria lucro líquido de R$ 235,00/ha 
(R$ 1.280,00 receita - R$ 1.045,00 despesa capital próprio).
• No novo sistema proposto – ao final de seis meses, o produtor teria lucro líquido de R$ 
215,47/ha (R$ 1.600,00 receita - R$ 1.045,00 capital próprio - R$ 339,53 (dívida + juros)).
A relação custo-benefício, sem considerar o valordo dinheiro no tempo (que veremos mais 
adiante) ficou da seguinte forma:
• Sistema atual – para cada R$ 1,00 investido, o retorno foi de R$ 1,22 (R$ 1.280,00 / R$ 
1.045,00)
• Sistema proposto – para cada R$ 1,00 investido, o retorno foi de R$ 1,15 (R$ 1.600,00 / (R$ 
1.045,00 + R$ 339,53)).
A partir disso, podemos concluir que se a produtividade esperada do novo projeto é de 110 
sacas por hectare, essa opção deverá ser rejeitada, mesmo que não houvesse necessidade de 
se buscar financiamento para fazer frente à necessidade de aumento do capital de giro.
Curso Técnico em Agronegócio
18
d
Comentário do autor
Em finanças, os números disponíveis devem ser o principal caminho para a 
tomada de decisão, no entanto, o mundo "fora da porteira" também fala, só 
que em uma linguagem específica. Entender esses "recados" e criar valor ao 
empreendimento poderá levar a diferenciação no agronegócio.
Mais adiante, vamos utilizar este mesmo exemplo para calcular a rentabilidade real de 
dois sistemas de produção de milho, confrontando os resultados encontrados com as 
oportunidades oferecidas no mercado financeiro e ainda estabelecer o ponto de equilíbrio, a 
TIR (taxa interna de retorno) e o VPL (valor presente líquido) dos dois sistemas de produção.
Para fins de análise financeira, seja de uma nova proposta ou de uma atividade corrente no 
agronegócio, você precisará trabalhar com um tipo de demonstrativo que facilita a comparação 
entre as receitas e as despesas para fins de avaliação: o “fluxo de caixa”.
c
Leitura complementar
Aprofunde-se nesse assunto acessando os textos disponíveis na Biblioteca do 
AVA sobre: 
• “Custos, um desafio para a gestão no agronegócio”; 
• “Análise da utilização de ferramentas contábeis e gerenciais de controle 
financeiro no ramo do agronegócio”; 
• “Viabilidade econômico-financeira da implantação de um sistema de 
armazenagem de grãos”.
3. Valor do dinheiro no tempo
O ponto central de qualquer empreendimento que vise lucro deverá ser a remuneração de 
seu capital, isto é, o retorno de toda a soma em dinheiro investida ou disponibilizada para o 
empreendimento ou o agronegócio. 
Finanças aplicadas ao agronegócio
19
Fonte: Shutterstock.
O empreendimento no agronegócio, em linhas gerais, necessitará de capital para compra 
de terras, animais, máquinas, equipamentos etc. Na gestão das fi nanças, os investimentos 
direcionados para aquisição desses itens deverão ser tratados como investimentos ou 
imobilizações fi nanceiras de médio e longo prazo. Já o capital disponibilizado para aquisição 
dos insumos (custeio da atividade) para determinado sistema de produção no agronegócio 
deverá ter outro tipo de tratamento, pois se trata de imobilização fi nanceira de curto prazo.
Imobilizações fi nanceiras 
de médio e longo prazo
Investimentos em bens e serviços que deverão ser usados 
em vários ciclos produtivos, tendo um tempo de vida de 
utilização de vários anos, no qual o horizonte de anos poderá 
ser determinado para cada bem.
Imobilizações fi nanceiras 
de curto prazo
Investimentos em bens e serviços que deverão ser usados em 
apenas um ciclo produtivo, também chamado de custeio da 
atividade no agronegócio. Conforme a utilização, poderá ser 
defi nido como custeio pecuário ou custeio agrícola.
Sobre o capital imobilizado em terras, você verá esse assunto quando estudar o custo de 
produção, já que este item poderá ter diferentes visões sobre a forma e que tipo de retorno 
que esse capital poderá proporcionar ao empreendimento no agronegócio.
Esses são os capitais ou os montantes de dinheiro que podem ser investidos no agronegócio. 
A análise do valor do dinheiro no tempo tem como premissa procurar avaliar o rendimento 
que será obtido frente ao valor desse dinheiro. Podemos avaliar ainda um valor já apurado 
em relação ao que foi utilizado no negócio.
Curso Técnico em Agronegócio
20
Para avaliar um empreendimento que ainda será realizado, é necessário saber se a rentabilidade 
oferecida pelo projeto conseguirá superar o valor do dinheiro a ser investido, caso ele fosse 
aplicado em alternativa produtiva ou no mercado fi nanceiro (aplicação fi nanceira).
A análise de um empreendimento já realizado também poderá levar em consideração o valor 
do dinheiro no tempo, pois o rendimento obtido no empreendimento poderia ser comparado, 
por exemplo, com o rendimento desse mesmo dinheiro, caso ele tivesse sido aplicado no 
mercado fi nanceiro, verifi cando qual foi o melhor resultado fi nanceiro alcançado. 
 
Projeto A Projeto B
Mercado
Financeiro
Legenda: O dinheiro tem dois tipos de valor: o seu poder de compra e o quanto ele poderá render em mais dinheiro.
Fonte: Shutterstock.
Na Unidade Curricular de Matemática Básica e Financeira, você viu que um dos frutos da 
relação do dinheiro no tempo é o juro. O rendimento do dinheiro é feito pelos juros que 
ele pode gerar. Portanto, como os juros são calculados pelo tempo de uso do dinheiro, eles 
podem ser dimensionados na forma diária, mensal ou anual.
Vale lembrar que eles podem ter dois tipos de cálculos: juros simples ou juros compostos.
Juros simples
Nos juros simples, aplica-se determinada taxa de juros sobre o montante de dinheiro, obtendo 
o valor fi nal. Por exemplo:
Um capital de R$ 1.000,00 à taxa de juros de 1% ao mês durante seis meses (período). Cálculo 
dos juros = R$ 1.000,00 x 1% (0,01) x 6 meses = R$ 60,00 de juros. Em que R$ 1.000,00 é o 
principal (p) e os R$ 60 são os juros (j). Montante ou valor fi nal = R$ 1.060,00.
Finanças aplicadas ao agronegócio
21
O mesmo cálculo poderá ser feito pela seguinte fórmula: 
M = p + (p X j X t)
Em que:
M = montante ou valor final
P = principal = R$ 1.000,00
j = taxa de juros no período = 1% = 1/100 = 0,01
t = período = 6 meses
R$ 1.060,00 = R$ 1.000,00 + (R$ 1.000,00 x 0,01 x 6)
Juros compostos
Nos juros compostos, aplica-se determinada taxa de juros a cada período. Sobre o novo 
valor obtido será aplicada a mesma taxa de juros repetindo a operação até o fim do prazo 
pactuado. Por exemplo:
Capital de R$ 1.000,00 à taxa de juros de 1% ao mês durante seis meses. 
1. Cálculo dos juros 1º mês = R$ 1.000,00 x 1% (0,01) = R$ 10,00 de juros. Em que R$ 
1.000,00 é o principal e os R$ 10 são os juros do primeiro mês. Valor total ao final do 
1º mês = R$ 1.010,00. 
2. Cálculo dos juros 2º mês = R$ 1.010,00 x 1% (0,01) = R$ 10,10 de juros. Valor total ao 
final do 2º mês = R$ 1.020,10. 
3. Cálculo dos juros 3º mês = R$ 1.020,10 x 1% (0,01) = R$ 10,20 de juros. Valor total ao 
final do 3º mês = R$ 1.030,30. 
4. Cálculo dos juros 4º mês = R$ 1.030,30 x 1% (0,01) = R$ 10,30 de juros. Valor total ao 
final de 4º mês = R$ 1.040,60. 
5. Cálculo dos juros 5º mês = R$ 1.040,60 x 1% (0,01) = R$ 10,40 de juros. Valor total ao 
final do 5º mês = R$ 1.051,00. 
6. Cálculo dos juros 6º mês = R$ 1.051,00 x 1% (0,01) = R$ 10,51 de juros. Valor total ao 
final do 6º mês = R$ 1.061,52.
Curso Técnico em Agronegócio
22
O mesmo cálculo poderá ser feito pela seguinte fórmula:
M = p x (1 + i)t
Em que:
M = montante ou valor final
p = principal = R$ 1.000,00
i = taxa de juros = 1% = 0,01
t = tempo = 6 (meses)
R$ 1.061,52 = R$ 1.000,00 x (1 + 0,01)6
O mercado financeiro trabalha com juros compostos. As taxas de juros podem ser pactuadas 
em valores diários, mensais ou anuais. De qualquer maneira, elas deverão ser sempre 
anualizadas (transformadas em “ao ano”) para se ter melhor noção do real valor dos juros. 
Vale ressaltar, conforme demonstrado no exemplo, que nas mesmas condições de taxa de 
juros e de tempo, juros compostos elevam o valor final frente à aplicação de juros simples 
sobre o mesmo valor inicial. Observe o comparativo no gráfico a seguir.
 
170
M (R$)
n (mês)
150
160
140
130
120
110100
0 6 12 18 24 30 36
Juro
s sim
ples
 1%/
mêsJ
uro
s co
mp
ost
os 
1%
/m
ês
42 48
Legenda: Comparação juros simples x juros compostos.
Como o valor do dinheiro varia no tempo, o gestor de finanças no agronegócio deverá estar 
sempre avaliando o “valor futuro” ou o “valor presente” dos investimentos que serão ou já 
foram realizados.
Finanças aplicadas ao agronegócio
23
Valor futuro (VF)
É o valor que determinado capital valerá em um período esperado sob determinada taxa de 
juros, que também pode ser chamado de VF. O valor futuro é exatamente a aplicação dos juros 
compostos sobre um investimento, com taxa de juros e período determinado. Ou seja, utilizando 
o exemplo anterior, o VF para R$ 1.000,00 em seis meses a 1% ao mês é igual a R$ 1.061,52.
VF = p X (1 + i) t >> VF = R$ 1.061,52
Em que:
VF = valor futuro
P = principal = R$ 1.000,00
j = taxa de juros no período = 1% = 0,01
t = período = 6 meses
Valor presente ou valor atual (VP)
É o valor que determinado capital, para ser recebido em data futura, valeria hoje, também 
chamado de VP. Em outras palavras, é quando precisa investir agora para chegar em certo 
valor. Ele segue o mesmo princípio dos juros compostos, funcionando do fim para o começo. 
Assim, utilizando o exemplo anterior, o VP para R$ 1.061,52 em seis meses a 1 % ao mês é 
igual a R$ 1.000,00. 
VP = p / (1 + i) t → VP = R$ 1.000,00
Em que:
VP = valor presente ou valor atual
p = principal = R$ 1.061,52
j = taxa de juros no período = 1% = 0,01
t = período = 6 meses
'
Dica
Para facilitar o cálculo dos juros compostos, valor futuro e valor presente, você 
pode utilizar uma calculadora financeira ou softwares de planilhas eletrônicas 
como o Excel. Para o gestor do agronegócio o ideal é ter o mínimo domínio sobre 
planilha, pois ela servirá para um grande número de cálculos e organização dos 
diversos números que envolvem o empreendimento agropecuário. Revise as 
unidades de Informática Básica e Matemática Financeira, caso necessário.
Curso Técnico em Agronegócio
24
Para entender melhor a dinâmica dos valores presente e futuro, veja o esquema a seguir.
R$ 1.000,00 R$ 1.061,52
Va
lo
r 
Pr
es
en
te
Valor descontado
Valor composto
Va
lo
r 
Fu
tu
ro
Primeiro
mês
R$ 1.010,00 R$ 1.020,10 R$ 1.030,30 R$ 1.040,60 R$ 1.051,00
Segundo
mês
Terceiro
mês
Quarto
mês
Quinto
mês
Sexto
mês
 Valor descontado
No cálculo do VP, costuma-se chamar a taxa de juros a ser aplicada como taxa de desconto, 
passando a nomear o valor encontrado após a aplicação da fórmula como valor descontado. 
No cálculo do VF, a taxa de juros a ser aplicada pode ser chamada de taxa de composição, 
que após a aplicação da fórmula recebe a nomenclatura de valor composto.
A plena compreensão do valor do dinheiro no tempo, seja para levar valores para o futuro 
(VF) ou trazer valores do futuro para o presente (VP), será fundamental para as mais diversas 
análises de rentabilidades que o empreendimento no agronegócio possa disponibilizar, no 
sentido de facilitar a tomada de decisões.
Nas avaliações financeiras relacionadas aos VF e VP, assim como o cálculo de juros composto 
sobre determinado capital, não serão contabilizados os valores da inflação da moeda, 
somente a taxa de juros deverá ser avaliada. Valores inflacionários têm baixa previsibilidade 
em seus reais níveis e acontecem sempre para o futuro. Em previsões orçamentárias, existe 
a possibilidade de estabelecimento de valores alocados como reserva para suprir possíveis 
necessidades de aumento de capital de giro provocado por problemas inflacionários.
4. Risco e retorno
Em princípio, todas as resoluções financeiras acontecem em condições de incerteza, visto 
que são decisões tomadas hoje, mas que dizem respeito a eventos que ocorrerão no futuro. 
Por isso, é necessário que o gestor financeiro do agronegócio tenha alguma noção do risco e 
retorno (GITMAN, 2010). 
Finanças aplicadas ao agronegócio
25
Risco pode ser definido como a chance de perda financeira, 
decorrente de problemas de várias ordens em um empreendimento. 
O retorno obtido em uma atividade deverá ser sempre mensurado 
em porcentual, tendo como base o capital investido. Retorno não 
deve ser mensurado de forma monetária.
Os retornos obtidos no passado, sejam eles positivos ou negativos, não deverão servir como 
parâmetro de garantia que serão repetidos. Novos ciclos em novos momentos econômicos 
podem reverter o quadro de resultados financeiros das atividades no agronegócio. Cada tipo 
de negócio pode apresentar um risco diferente, de acordo com sua natureza. 
Em geral, quando o país está com a economia em bom nível de estabilidade, adquirir papéis 
dos governos, como letra do tesouro nacional ou similares, deverá representar a menor 
possibilidade de exposição ao risco de um capital. Quando bem conduzido, o rendimento do 
capital empregado poderá acompanhar a taxa Selic, que é a taxa de juros da economia. Existe 
ainda a caderneta de poupança, que apresenta garantias governamentais até determinado 
teto, sendo considerada de baixo risco, fácil operação e com rendimento financeiro que nem 
sempre supera os índices inflacionários, como é o caso da poupança brasileira. 
Por outro lado, há também a possibilidade de investir no chamado mercado de capitais ou 
bolsa de valores, que normalmente apresentam grande exposição ao risco, mas, no entanto, 
podem gerar altíssima rentabilidade para o capital. De alguma forma, o risco poderá estar 
ligado ao retorno. A princípio, atividades de maiores riscos deverão proporcionar maiores 
retornos ou devido ao maior risco, maior prejuízo.
Fonte: Shutterstock.
Curso Técnico em Agronegócio
26
O mercado financeiro e suas possibilidades de investimentos devem sempre ser utilizados 
como referência ao gestor do agronegócio para avaliar as rentabilidades alcançadas nos 
empreendimentos ou para comparar a rentabilidade prometida em novos projetos dentro do 
agronegócio.
Pensando nos riscos, inicialmente, existem três distintos para o agronegócio. O primeiro 
deles é o financeiro, que poderá acontecer de várias formas, como a falta de recurso para 
dar continuidade a determinado projeto para compra de parte dos insumos, equipamentos, 
pagamentos diversos etc. O risco financeiro também poderá ocorrer pela não obtenção de 
crédito rural para atendimento do projeto pretendido, seja por não cumprimento de ordem 
documental por parte do empreendedor ou até por falta de recursos financeiros junto ao 
banco para o crédito rural. Portanto, é crucial ter a fonte de financiamento bem resolvida, 
independentemente de ela ser bancária, originada de aporte de capital próprio ou de 
investidores. Esse tipo risco deve ser sempre administrado para não existir.
O
Informação extra
Para o risco de quebra de safra ou outros tipos de problemas relacionados à 
produção financiada pelo crédito rural, nas situações de sinistros1 previstas pelo 
Banco Central do Brasil (Bacen) existe a possibilidade, em determinados casos, 
da contratação do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária, o Proagro, 
seguro agrícola com modalidade específica, que tem a finalidade de segurar a 
dívida junto ao agente financeiro. Você verá esse assunto quando tratarmos de 
crédito rural.
O segundo risco seria o chamado risco técnico. Ele envolve todas as possibilidades como 
fenômenos da natureza (chuva, seca, calor, frio etc.) ou está diretamente ligado ao processo 
produtivo, como doenças, pragas, manejos inadequados, uso de técnicas duvidosas, uso de 
tecnologia com despesas superiores às possibilidades de retorno, etc. Produtores experientes 
e com bom assessoramento técnico conseguem manter boa parte desses riscos sob controle. 
O terceiro tipo seria o risco de preço, ou seja, se, no momentoda comercialização da produção, 
os preços praticados no mercado não atingirem os valores remuneradores pode ser que o 
produtor não supere as despesas do desenvolvimento da atividade. Esse é um risco real e que 
apresenta dificuldades operacionais para se ter melhor domínio. Para determinados produtos 
existe a possibilidade da utilização do chamado “mercado futuro”, ferramenta operada pela bolsa 
de valores que realiza o “travamento” de preços de certos produtos. Você verá esse assunto em 
detalhes no Tema 3: Financiamentos e outras operações financeiras no agronegócio.
1. Sinistro: no caso, quebra parcial ou total da safra financiada.
Finanças aplicadas ao agronegócio
27
c
Leitura complementar
Quer saber mais sobre o valor do dinheiro no tempo e como isso afeta o 
agronegócio? Na biblioteca do AVA, você encontra os seguintes textos: 
• “O valor do dinheiro no tempo”; 
• “Custos de produção, expectativas de retorno e risco na cultura da uva”; 
• “Gestão de riscos do agronegócio no contexto cooperativista”; 
• “Escala hierárquica de risco das atividades agrícolas e pecuárias”.
Além do mercado futuro, há outras possibilidades para amenizar o risco de preço. Uma delas é 
a venda antecipada junto às agroindústrias ou processadores. É possível ainda o fornecimento 
de determinados insumos por parte desses compradores, que passariam a ser chamados de 
parceiros. Assim, eles auxiliam os produtores e garantem o fornecimento de matéria-prima 
para suas empresas, sejam elas transformadoras ou não. 
As negociações que visam garantir matérias-primas para os processadores, junto aos 
produtores, são baseadas em títulos do agronegócio operados pelos agentes financeiros e 
registrados juntos a BM&Bovespa, assunto que você verá mais adiante. 
Essas negociações, fora do mercado de títulos do agronegócio, que envolvem a chamada 
“fidelização” na venda da produção via fornecimento de insumos, necessitam de bom estudo 
sobre as relações de finanças envolvidas em todo o negócio. É preciso conhecer bem as 
relações de troca entre valor de insumo e valor de produto e as produtividades mínimas e 
seguras que poderão ser alcançadas para, então, fazer frente ao valor do dinheiro no tempo, 
trazendo sobra financeira ao produtor em níveis satisfatórios, possibilitando o retorno para a 
atividade em um próximo ciclo produtivo.
Outra forma de amenizar o risco de preço é a diversificação de atividades. Essa estratégia 
se baseia na possibilidade de que uma atividade pode não apresentar preços satisfatórios 
em relação à outra, ou outras atividades podem amenizar os investimentos que não tiveram 
retorno satisfatório. Essa alternativa, contudo, não é muito fácil de ser aplicada, pois requer 
mais capital e organização, já que o desenvolvimento de atividades concomitantes necessita 
de atendimento a todas as suas necessidades, além de bom nível de especialização no sentido 
de obtenção de produtividades superiores às médias em todas as atividades desenvolvidas 
em paralelo. 
Com base no que já viu até aqui, podemos concluir que existem diferentes situações 
dependendo do nível de risco e de retorno. Um empreendimento com risco baixo e retorno 
alto é altamente atraente, enquanto que riscos altos e um retorno baixo devem ser evitados. 
Curso Técnico em Agronegócio
28
 
Baixo
Altamente
atraente
Ba
ix
oR
ET
O
RN
O
RISCO
Médio
M
éd
io
Alto
Al
to
Evitar a
todo custo
Os gestores de sistemas de produção em agronegócios devem, de forma constante, trabalhar 
mecanismos e ferramentas, que visem amenizar os vários tipos de riscos da atividade. Uma 
boa ferramenta de gestão é o estudo e montagem de orçamentos.
5. Orçamentos
Orçamento é um plano financeiro estratégico que compreende a previsão de receitas e 
despesas futuras na administração de determinado exercício ou período de tempo. Mesmo 
que rotineiras, as operações de um sistema de produção no agronegócio devem ser 
precedidas de um orçamento, ou seja, da montagem de uma planilha estipulando as ações, 
os insumos e os valores que serão necessários para o desenvolvimento da atividade. Com 
base no orçamento, o gestor poderá viabilizar as fontes de financiamento para a realização 
das rotinas operacionais ou de um novo projeto. 
 
Fonte: Shutterstock.
Finanças aplicadas ao agronegócio
29
No conceito de fluxo de caixa, você viu que a saída de dinheiro ou o uso de dinheiro para 
pagamentos de construções, aquisições de máquinas e equipamentos, insumos de produção, 
mão de obra etc. tem que ter uma origem. Essa origem é chamada de fonte de financiamento. 
As fontes de financiamento podem ser empréstimos bancários, reaplicação dos saldos 
obtidos pelo empreendimento ou nova injeção de capital próprio, o chamado aporte de 
capital. É importante demonstrar na planilha de orçamento a origem do dinheiro para realizar 
cada atividade programada. 
Antes de elaborar um orçamento, você precisa definir quais atividades serão desenvolvidas. 
Elas podem ser voltadas para um novo projeto ou para continuidade de projetos em andamento 
(ampliações ou retrações, redirecionamento operacional etc.).
Os planos orçamentários podem apresentar diversas possibilidades, considerando as 
peculiaridades do tipo de agronegócio que está sendo desenvolvido, podendo incluir ainda 
determinados fatores exclusivos da região ou mesmo da propriedade em que o empreendimento 
está sendo desenvolvido. Por isso, os orçamentos também devem ser precedidos pelos 
projetos desenvolvidos pela área técnica, já que a maior parte da necessidade de dinheiro 
deverá ter sido planejada pela área, por exemplo: os assuntos ligados a construções e/ou a 
aquisições novas, à definição das exigências técnicas do sistema de produção, às quantidades 
de insumos necessárias de acordo com as projeções realizadas pelo setor técnico etc. O 
importante é que seja feita uma previsão das necessidades e despesas com a maior fidelidade 
possível, a fim de diminuir possíveis impactos de riscos.
d
Comentário do autor
Empresas de maior porte podem ter um setor exclusivamente para definições 
técnicas. No entanto, essa não é a realidade da maioria dos empreendimentos 
no agronegócio. Nesse caso, é indicado que o gestor procure uma 
consultoria técnica para tomar decisões mais seguras, procurando diminuir 
riscos e incertezas. Pode-se contar com empresas particulares, entidades 
governamentais (municipal, estadual e federal), setores técnicos de cooperativas 
e sindicatos da categoria, assim como técnicos autônomos que realizam estudos 
técnicos prévios para embasar os orçamentos no agronegócio.
Com base no que você já viu até aqui, podemos dizer, em linhas gerais, que antes de elaborar 
um orçamento o gestor deve definir:
• As fontes de financiamento – de onde virá o dinheiro?
• As atividades a serem desenvolvidas – o que produzir e como?
• As particularidades técnicas da atividade – do que a atividade necessita? 
O plano orçamentário é uma importante ferramenta de gestão 
do empreendimento no agronegócio, tanto na pequena quanto 
na grande iniciativa. Com ele, o gestor pode diminuir a exposição 
a riscos.
Curso Técnico em Agronegócio
30
A confecção de orçamento poderá ter estrutura bem simples, listando os objetivos de 
despesas e seus valores. Esse mesmo orçamento poderá ganhar mais informações ao 
estabelecer o momento de utilização dessas despesas, podendo ser distribuídos ao longo do 
ano. Poderá citar também fontes e necessidades de recursos de financiamentos, assim como 
a programação de receitas, passando a ganhar o formato de um plano orçamentário anual. 
Confira um exemplo, a seguir.
Exemplo de plano orçamentário anual – Fazenda Alvorada
Atividades/Meses Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul
Manutenção de pastagens - - - - - - -
Concentrados 11.000 11.000 11.000 11.000 11.000 11.000 11.000
Aduboquímico - - - - - - -
Calcário - - - - - - 8.000
Mão de obra + impostos sociais 14.500 14.500 14.500 14.500 14.500 14.500 14.500
Total mês/anual 25.500 25.500 25.500 25.500 25.500 25.500 33.500
Atividades/Meses Ago Set Out Nov Dez Total/item
Manutenção de pastagens - 19.000 19.000 19.000 - 57.000
Concentrados 11.000 11.000 11.000 11.000 11.000 121.000
Adubo químico 14.500 - - - - 14.500
Calcário - - - - - 8.000
Mão de obra + impostos sociais 14.500 14.500 14.500 14.500 29.000 159.500
Total mês/anual 40.000 44.500 44.500 44.500 40.000 360.000
Com essa estrutura, o gestor das finanças do empreendimento consegue ter uma visão geral 
do sistema de produção em relação às necessidades de capitais e às suas fontes, buscando 
minimizar algumas das possibilidades de risco.
A partir desse orçamento simples, é possível fazer o acompanhamento do que foi programado 
e realizado. Você pode colocar um valor em porcentagem nas etapas já cumpridas e a cumprir. 
Com essa estrutura e outras informações que considerar importante, o orçamento ganhará a 
forma de um cronograma orçamentário. 
Quando realizado em planilhas eletrônicas, tipo Excel ou similar, o cronograma orçamentário 
se torna uma importante ferramenta de gestão, facilitando simulações de preços e despesas, 
acertos de rumos (aumento da exigência de capital) e tudo mais que poderá variar ao longo 
do ciclo produtivo. Ao estabelecer os prazos de utilização de insumos, facilita-se a melhor 
administração dos estoques e seus custos, evitando o aumento de despesas devido à 
possibilidade de ociosidade de matéria-prima.
Finanças aplicadas ao agronegócio
31
Fonte: Shutterstock
Uma planilha bem detalhada consegue determinar o orçamento de 1 ha, de qualquer que 
seja a cultura a ser implantada. A partir dessa base, multiplica-se o valor pela área total a 
ser plantada. Todavia, é preciso considerar que o valor para cada 1 ha poderá variar dentro 
da mesma propriedade, já que existem mudanças no tipo de solo, topografia e até mesmo 
distâncias, influenciando na logística interna. Esta deverá ser a base não só para fazer as 
aquisições ou programações de aquisições de insumos junto aos fornecedores, como também 
para estabelecer os volumes das necessidades operacionais durante o desenvolvimento da 
cultura, assim como nas fases de colheita e comercialização. 
c
Leitura complementar
Para saber mais sobre orçamento, acesse a biblioteca do AVA e confira os seguintes 
textos: 
• “A utilização do orçamento como ferramenta de apoio a decisão”; 
• “Estratégias de gestão: orçamento no agronegócio”; 
• “Uma contribuição à melhoria do processo orçamentário”.
Uma das grandes vantagens dos orçamentos é que eles auxiliam nas negociações junto aos 
fornecedores. Por exemplo, pode-se negociar os volumes a serem utilizados, os prazos de 
entrega (que a princípio deverão estar próximos a utilização), a logística do frete (que poderá 
considerar o local de entrega e a fonte original que são as fábricas) e assim por diante. O 
objetivo é a constante busca da redução de despesas sem deixar de atender as necessidades 
operacionais do sistema de produção. 
Curso Técnico em Agronegócio
32
Os valores, os volumes e os prazos estabelecidos nos orçamentos 
deverão ter flexibilidade para atenuar as possíveis ocorrências 
de fatos inesperados, sempre no sentido de também tentar 
administrar os riscos.
Os orçamentos em pecuária também devem ser desenvolvidos como ferramenta de gestão. 
Apesar de se tratar de um processo contínuo de produção, as necessidades de reposições 
ou reformas sempre existirão. Nesse caso, o objetivo é a manutenção em níveis satisfatórios 
do sistema de produção. Maiores taxas de ocupação por animais (UA/ha) visam ao ganho 
em escala – mais animais pastando na mesma área ajudam a diminuir custos operacionais. 
Para tanto, um programa de manutenção de pastagens com sua devida orçamentação deverá 
servir de base para tomada de decisão.
UA
Unidade animal, representada por 450 kg de peso vivo.
 
Fonte: Shutterstock.
Reforma e manutenção de pastagens representam significativas inversões financeiras para os 
pecuaristas. Normalmente, devem ser feitas em etapas e nos momentos do ano em que os 
aspectos climáticos sejam favoráveis. Sem calor e chuva o desenvolvimento das pastagens pode 
apresentar complicações na produção de forragem. Os orçamentos destinados à reforma e à 
manutenção deverão ter forte base técnica. Análises de solos, tipos de forrageiras existentes e 
suas exigências nutricionais para atendimento de determinada carga animal (UA/ha) projetada 
demandam especificidades que terão forte influência nos valores dos orçamentos. Observe a 
seguir um exemplo de plano orçamentário anual para pecuária.
Finanças aplicadas ao agronegócio
33
Exemplo de plano orçamentário anual – Fazenda Alvorada (Pecuária)
MESES JANEIRO FEVEREIRO JANEIRO FEVEREIRO
Atividades Volumes Orçado Realizado Orçado Orçado Orçado Realizado Orçado Realizado
Manutenção 
pastagens 45 ha 19.000 19.000
Concentrados 132 t 11.000 11.000 11.000 11.000 11.000
Adubo químico 7 t
Calcário 53 t
Mão de obra + 
imp. sociais
7 func. 14.500 14.500 14.500 29.000 14.500
Total mês/
anual
25.500 25.500 44.500 59.000 25.500
RECEIRA PROJETADA
Tourinhos 60 cab 80.000 70.000
Novilhas 104 cab 60.000 60.000 60.000
Total receita 
mês/anual
80.000 130.000 60.000 60.000
TOTAL ITEM
Atividades Orçado Realizado
Manutenção pastagens 57.000
Concentrados 121.000
Adubo químico 14.500
Calcário 8.000
Mão de obra + imp. sociais 159.500
Total mês/anual 341.000
RECEIRA PROJETADA
Tourinhos 150.000
Novilhas 250.000
Total receita mês/anual 400.000
 
Os orçamentos destinados às pastagens servem para projetar a relação custo-benefício diante 
dos tempos e pesos esperados aos bovinos no momento da comercialização, com base na 
carga animal planejada. Riscos maiores poderão ocorrer devido ao fator preço, pois no caso 
da arroba do boi gordo há a possibilidade de se negociar os chamados contratos futuros, com 
"travamento" de parte dos preços esperados no momento da comercialização dos animais, 
objetivando amenizar o risco preço do empreendimento pecuário.
Travemaneto de preço
Operação denominada de contrato futuro realizada pela BM&FBovespa, com a finalidade de “travar” 
determinado preço na época de comercialização dos produtos, no caso, bovinos de corte.
Curso Técnico em Agronegócio
34
Os orçamentos também são importantes para os pecuaristas leiteiros, já que a 
operacionalização dos sistemas de produção exige a constante aquisição de ração 
concentrada, além de outros insumos correntes na atividade. Poderá exigir, ainda, o 
preparo de alimentação para ensilagem ou outro tipo de conservação, como fenação. 
A alimentação do bovino leiteiro representa a maior parte dos custos de produção, pois, 
envolvendo ou não a utilização de pastagens, é certo que haverá alimentação suplementar. 
Portanto, é preciso capital de forma pontual no preparo dos alimentos forrageiros para 
conservação e de forma corrente nas constantes aquisições de rações concentradas, minerais, 
medicamentos, suplementos operativos de apoio ao fluxo de ordenha e pagamento de mão 
de obra e suas obrigações sociais. 
 
Fonte: Shutterstock.
A receita gerada pela atividade leiteira normalmente é obtida mensalmente, aliviando 
as pressões sobre o caixa do empreendimento. No entanto, negociações antecipadas 
de determinados insumos para entrega futura poderão criar um diferencial nos preços. 
Por isso, indica-se a confecção do plano orçamentário anual da atividade leiteira, a fim de 
facilitar ao gestor do empreendimento a visualização de volumes necessários que poderão 
vir a ser financiados por operações de crédito rural. Ao gestor caberá analisar as taxas de 
juros, as carências e os prazos parao pagamento desses empréstimos, quando deverão 
ser confrontados com as vantagens que possam existir de uma negociação antecipada com 
fornecedores. 
Seja na pecuária ou agricultura, as compras antecipadas com base 
nos planos orçamentários devem exigir bom nível de precisão nas 
projeções dos volumes dos insumos a serem utilizados. Excessos 
criarão a chamada ociosidade dos estoques e pesados custos 
financeiros.
Finanças aplicadas ao agronegócio
35
O não atendimento das necessidades deverá criar problemas de continuidade, podendo 
elevar os custos de produção devido a novas bases de preço das mesmas aquisições por 
causa de volumes menores e da possível incidência de fretes com valores desproporcionais. 
Para fechar esse subtópico sobre orçamento, confira a seguir um exemplo de planilha 
orçamentária.
Orçamento 
de caixa
MARÇO
1 2 3 4 5 6 ... 26 27 28 29 30 31 Total do mês
Entradas
Arrendamento
Cereais/Arroz
Suinocultura
Prestação de serviços
Empréstimos bancários
1. Total de entradas
 
Entradas
Fornecedores em atraso
Fornecedores
Cheques pré-datados
SICREDI (empréstimos 
futuros)
A802248047 VENC 
30/03/2016
A802366600 VENC 
30/03/2016
Custeio Banco do Brasil
Empréstimo longo prazo
Investimentos/Máquinas
Impostos parcelados
Despesas com pessoal
Encargos sociais
Mão de obra temporária
Fretes/Serv. de transporte
Óleo diesel
 
Combustíveis e 
lubrificantes
Consertos de veículos e 
máquinas
Alimentação
Energia elétrica
Outros
Segurança
Dedetizações
Curso Técnico em Agronegócio
36
Equipamentos e acessórios
Material de limpeza
Plano de saúde
Impostos atrasados/parcel.
Telefone/Internet
Celulares
Aluguéis
Cartórios
Honorários contábeis
Material de escritório
Empréstimo consignado
Consórcios
Correção monetária e 
juros contr.
Despesas bancárias
IOF
2. Total de saídas
3 - Diferença do período (1-2)
4 - Saldo inicial de caixa 
5 - Saldo final de caixa (3-4)
O
Informação extra
No caso de compra antecipada, é preciso atentar para a logística, principalmente, 
no caso de rações concentradas. Esses alimentos são fortes atrativos de 
ratos e algumas outras pragas que acabam por contaminar os alimentos 
e, consequentemente, os animais do sistema de produção. A possibilidade 
da transmissão de leptospirose por roedores é comum em armazéns sem 
o devido preparo para receber grandes quantidades de matéria-prima ou 
ração concentrada. Vale o alerta, pois essa doença poderá exigir a extinção do 
rebanho. O melhor será o estabelecimento de armazéns adequados e, quando 
for possível, a negociação de entrega parcelada.
Tópico 2: Estrutura do capital no agronegócio
O gestor do agronegócio deverá ter informação bem estruturada de como se apresenta a 
distribuição do capital no agronegócio. A visão não é muito diferente de qualquer outra 
atividade econômica, mas, sem dúvida, por envolver questões fortemente relacionadas às 
forças da natureza, vale a pena buscar novos olhares sobre esse assunto.
Capital
Lembre-se de que, quando falamos de capital, estamos falando da soma de todo dinheiro 
(em todas suas formas) utilizado no empreendimento – o ativo.
Finanças aplicadas ao agronegócio
37
O capital ou dinheiro no agronegócio sempre tomará alguma forma operativa. Para entender 
melhor, vamos fazer uma analogia com a água, que pode estar em qualquer um de seus estados 
físicos (sólido, líquido ou gasoso), mas será sempre água. Independentemente do seu estado 
físico (ou tipo de capital), cabe ao gestor no agronegócio trabalhar para que entre mais água 
(dinheiro) no sistema e que os vazamentos (pagamentos etc.) que deverão acontecer sejam 
menores do que as entradas. A boa gestão do capital no sistema de produção é que deverá 
determinar as diferenças entre as entradas e as saídas financeiras, criando rentabilidade ao 
empreendimento.
Capital
OPERAÇÃO
LUCRATIVA
$$
$
Capital
OPERAÇÃO
EM PREJUÍZO
$$
$
Capital
OPERAÇÃO
SEM LUCRO
$
$
O capital no sistema de produção do agronegócio deverá estar distribuído basicamente 
em duas formas: capital imobilizado e capital de giro. O capital imobilizado poderá estar 
difundido em outras duas formas: capital imobilizado fixo e capital imobilizado em semifixos.
Capital imobilizado fixo
A quantidade de dinheiro que foi disponibilizado para 
comprar terras, construir currais, galpões de produção, 
cercas, sistema de drenagem, saleiros, estradas, as chamadas 
benfeitorias fixas. Algumas pessoas consideram as pastagens 
como investimentos fixos e outras como semifixos, aqui 
trataremos como capital imobilizado fixo.
Capital imobilizado 
semifixo
A quantidade de dinheiro que foi disponibilizada para 
aquisição de equipamentos e máquinas, como tratores, 
colheitadeiras, beneficiadores, arados, grades, ordenhadeiras, 
ensiladeiras, picadeiras etc. Os animais do sistema de 
produção, no caso de matrizes e reprodutores, também são 
denominados de imobilizado semifixo. Animais de engorda 
não são considerados investimentos semifixos, apesar de 
serem um imobilizado semifixo.
Curso Técnico em Agronegócio
38
Capital de giro
A quantidade de dinheiro que estaria em constante 
transformação. Como papel moeda (dinheiro propriamente 
dito), parte desse dinheiro é transformada em insumos de 
produção (calcário, adubo, defensivos, insumos para ração, 
medicamentos etc.) e outra parte em serviços como mão de 
obra e outros possíveis compromissos voltados ao sistema 
de produção. Em seguida, o capital de giro vira produto (grão, 
carne, leite etc.), e, no agronegócio, cada tipo de atividade 
tem ciclo de produção diferente: pecuária leiteira e avicultura 
de postura em produção diária; pecuária de corte em ciclo 
anual ou conforme programação; pequenos animais (aves 
e suínos) e olericultura conforme programação; grãos e 
agricultura perene em safras. O último momento é quando 
esses produtos voltam a ser papel moeda, que, no caso, seria 
o resultado da comercialização da produção, dando início a 
um novo ciclo de capital de giro.
O QUE É CAPITAL DE GIRO?
Dinheiro
Matéria-
prima
Produto
acabado
Contas a
receber
A forma em que está distribuído o capital no agronegócio é fundamental para as diversas 
tomadas de decisões sobre a condução do empreendimento, assim como as decisões sobre 
incrementos ou a adoção de novos projetos. As decisões de como imobilizar capital, seja ele de 
giro ou fixo, deverão ser o passo inicial para o sucesso da atividade, esteja ela em andamento 
ou um novo projeto.
1. O capital imobilizado fixo ou de longo prazo
O ponto central do agronegócio, quando falamos de capitais imobilizados, é a questão da 
terra. Comprar ou arrendar? A terra tem duas visões bem claras: seu valor imobiliário ou o 
seu valor como base produtiva para a agropecuária. Ela, normalmente, tem preço alto em 
qualquer parte do mundo. Esses preços poderão ser ditados pelo que existe ao redor ou 
por sua capacidade de produzir no agronegócio. Os dois fatos podem, de forma conjunta ou 
separada, influenciar o valor.
Finanças aplicadas ao agronegócio
39
Arrendamento
Operação por meio da qual um fator de produção (como a terra) é cedido pelo seu proprietário 
para que outro o explore durante um período de tempo definido e mediante determinada 
remuneração.
Por exemplo, se uma região é forte produtora de grãos devido às condições naturais 
favoráveis, a facilitação criada estabelece vantagem competitiva para a atividade principal 
e, como consequência, a valorização da terra. Nesse mesmo caso, poderiam ser incluídos os 
mais diversos tipos de pecuárias como tipos de agriculturas.
Vantagem competitiva
Pode ser entendida como uma vantagem que uma empresa ou um empreendimentotem em 
relação aos seus concorrentes.
Legenda: Qual é o valor da terra? 
Fonte: Shutterstock.
Muito dinheiro imobilizado em terras poderá inviabilizar o empreendimento. Esta afirmativa 
poderá ser verdade ou não, dependendo de como o gestor do agronegócio vai estabelecer o 
valor da terra em seu custo de produção. 
Entre variadas visões sobre o custo da terra em um sistema de produção, podemos considerar 
que a terra é um bem valioso, que por si só representa grande reserva de valor. Quanto 
mais favorável for, mais condições de valorização terá, seja por questões imobiliárias ou por 
questões direcionadas às qualidades produtivas – a liquidez e o valor comercial no momento 
da venda serão maiores. 
A mesma linha de pensamento poderá ser utilizada para terras sem qualidades imobiliárias e/
ou produtivas. Elas têm menor liquidez e menor valor comercial no momento da venda, como 
Curso Técnico em Agronegócio
40
deve ter sido no momento da compra. Portanto, imobilizar capital em terras de baixa aptidão 
eleva os custos de produção. O contrário também deverá ser verdade, ou seja, imobilizar 
capital em terras de ótima aptidão deverá baixar os custos de produção. Mais adiante, vamos 
estabelecer como usar o valor da terra para avaliar o custo de produção.
O arrendamento de terras é um tipo de solução competitiva, pois evita a imobilização de 
capital em terras, porém cria despesa obrigatória de aluguel. Nesse caso, não existe a criação 
de reserva de valor em terras e não é possível fazer uma capitalização significativa com a 
venda delas, caso paralisem as atividades.
c
Leitura complementar
Aprofunde seus conhecimentos sobre estrutura de capitais. Na biblioteca do AVA, 
você encontra os seguintes textos: 
• “Determinantes da estrutura de capital das maiores corporações brasileiras no 
agronegócio”; 
• “Fatores determinantes da estrutura de capital no agronegócio - o caso das 
empresas brasileiras”; 
• “Como decidem os executivos financeiros sobre estrutura de capital em 
cooperativas agropecuárias”.
As imobilizações financeiras em investimentos fixos, como instalações voltadas para o sistema 
de produção e demais benfeitorias, devem merecer atenção especial, já que o gestor estará 
transformando dinheiro em bens sem liquidez. As instalações que não cumprirem o seu 
melhor papel no sistema de produção se tornarão os chamados "capitais irrecuperáveis" – 
dinheiro jogado no lixo. Esses itens aparecem no custo de produção, devido às depreciações 
exigidas para formação desse custo, sem gerar qualquer tipo de resultados ou receitas.
Portanto, os projetos de instalações devem ser feitos por profissionais que realmente 
conheçam a atividade fim, que consigam atender as necessidades reais de interação entre o 
uso de instalações e a atividade de produção, seja ela animal ou vegetal. É muito comum, ainda, 
a repetição ou a cópia de instalações que já existem, sem avaliar a sua real funcionalidade 
produtiva e operacional.
Os valores utilizados em benfeitorias normalmente são significativos, 
visto que necessitam de manutenção para seu pleno funcionamento. 
Por isso, os valores devem ser depreciados ao longo dos anos, pesando 
nos custos de produção.
2. O capital imobilizado semifixo ou de médio prazo
A imobilização de capital em equipamentos também deve ser muito bem analisada pelo 
gestor. Determinados equipamentos com uso pontual poderão ser alugados, evitando 
imobilização de capitais e demais custos de operação e manutenção. Para isso, recomenda-
se fazer estudos sobre o tempo de uso de certos equipamentos em horas durante o ano, 
verificando a disponibilidade de alugá-los na região. Essa opção não é tão fácil para o gestor 
Finanças aplicadas ao agronegócio
41
do agronegócio em regiões onde a atividade fim não esteja disseminada. Mas deverá ser 
sempre objeto de estudo, inclusive, caso decida pela compra, pois é possível disponibilizar o 
equipamento para aluguel a terceiros.
 
Legenda: Alugar ou comprar? Equipamentos com pouco uso podem ser alugados. 
Fonte: Shutterstock
A organização de produtores em cooperativas sempre deverá ser bem vista, pois abre a 
possibilidade da criação de patrulhas mecanizadas de uso comum, sistemas de armazenagem 
de grãos compartilhados e outras possibilidades que possam ser organizadas em grupos. A 
cooperativa é sempre uma boa opção de redução de custos, desde que sob gestão competente 
e honesta.
Determinadas atividades no agronegócio apresentam imobilizações significativas em 
equipamentos e com pouco uso diário, como é o caso das salas de ordenha mecanizadas. 
Como costumam ser utilizadas apenas em dois momentos do dia, sob o ponto de vista da 
logística interna, há grande ociosidade, carregando os custos de produção e sem grandes 
possibilidades de resolução desse gargalo, pois elas são fundamentais na atividade leiteira. 
Os animais que compõem os sistemas de produções, como plantéis de matrizes e 
reprodutores, também devem ser localizados como investimentos semifixos. Portanto, 
precisam ter seus respectivos valores de mercado depreciados para fins de composição 
do custo de produção da atividade. Entre esses animais estão: reprodutores e matrizes 
bovinas, bubalinas, suínas, caprinas, ovinas, matrizes de aves de corte, aves de postura, 
codornas de postura e todas as demais espécies que vierem a compor o plantel reprodutivo 
de um sistema de produção.
3. Capital de giro ou capital de curto prazo
O capital de giro no agronegócio é composto pela disponibilidade financeira líquida (dinheiro 
em mãos ou bancos), estoque de insumos e produtos acabados. Recebem esse nome devido à 
rotatividade dentro do empreendimento e devem merecer total atenção, pois a má administração 
do capital de giro do empreendimento poderá levar à deficiência de caixa (dinheiro). 
Curso Técnico em Agronegócio
42
Os prazos descasados entre recebimento e pagamentos, os prazos de 
recebimentos sem considerar do valor do dinheiro no tempo, a não 
consideração do custo do capital próprio ou de terceiros nas negocia-
ções de compra e venda, os preços não remuneradores em relação 
ao custo de produção, entre outros são fatores que levam o negócio 
agropecuário a se tornar insustentáveis pelo aspecto financeiro.
Mesmo com eficiência técnica no sistema de produção, negociações que desrespeitem a 
relação custo de produção x preço do produto e/ou o valor do dinheiro no tempo tendem a 
reduzir a disponibilidade de capital de giro para o empreendimento. Esses seriam os chamados 
vazamentos financeiros comentados anteriormente, levando à deficiência operacional com 
diminuição do tamanho produtivo, já que houve transferência ou perda de capital de giro 
para terceiros.
A busca de soluções para recompor o capital de giro com capitais de terceiros, como 
empréstimos, deverá passar por novos crivos de análise financeira para ver se a oferta 
financeira e seu custo poderão ser interessantes ao empreendimento.
d
Comentário do autor
Em resumo, o capital fixo tem longo prazo de maturação (ponto ideal para 
utilização), o capital semifixo tem médio prazo de maturação e o capital de giro 
tem maturação em cada um de seus ciclos produtivos. Cada um deles precisa 
de um tratamento diferenciado por parte do gestor do agronegócio, seja na sua 
utilização ou na busca de financiamentos que, conjugados com o capital próprio, 
deverão auxiliar a operacionalidade do sistema de produção.
ESTRUTURA DE CAPITAL
Capital fixo
Capital semifixo
Capital de giro
SISTEMA
DE PRODUÇÃO
FONTE
DE CAPITAL
Empréstimo longo prazo
Empréstimo curto prazo
Capital próprio
Mais à frente, deixaremos de denominar o tipo de organização dos capitais empregados ao 
empreendimento no agronegócio como investimento fixo, investimento semifixo e capital de 
giro, passando a chamá-los de ativo do empreendimento ou empresa. Damesma forma, o que 
neste tema estamos chamando de “fonte de capital” como capital próprio e capital de terceiros 
(financiamentos de longo e curto prazo), passaremos a denominar de passivo do empreendimento 
ou empresa, onde deverão ser agregadas outras formas de caracterização de fonte de capital. A 
Finanças aplicadas ao agronegócio
43
relação entre ativo e passivo, que deverá ser de igualdade em termos de valores monetários, 
será chamado de balanço patrimonial do empreendimento ou da empresa.
4. Fluxo de caixa
O fluxo de caixa é um demonstrativo financeiro que permite visualizar as receitas e as despesas 
do que já aconteceu ou as previstas em um novo projeto, permitindo a análise financeira e 
os seus desdobramentos. Para que o gestor financeiro no agronegócio conheça a situação 
econômica do empreendimento ou da empresa, será necessária a leitura e a interpretação do 
balanço patrimonial. 
Perceba que muitos dos conceitos que estamos vendo você já conhece de unidades curriculares 
anteriores, como contabilidade rural. A atividade de finanças no agronegócio, realmente, tem 
relacionamento com a contabilidade, no entanto, essas áreas podem, de alguma forma, serem 
operadas separadamente. Enquanto as finanças servem para fazer a gestão do agronegócio, 
a contabilidade deverá atender as necessidades escriturais ou a escrituração contábil do 
empreendimento agropecuário. As duas atividades são complementares e se utilizam das 
mesmas informações básicas. 
Finanças Contabilidade
As finanças têm compromisso primordial 
com o chamado regime de administração do 
caixa, ou seja, o dinheiro que entra e sai, os 
compromissos a pagar e a receber, a gestão 
financeira dos projetos, os orçamentos e as 
suas viabilidades.
A contabilidade está mais comprometida 
com a documentação escritural, os tributos, 
o cumprimento das diversas leis tributárias, 
trabalhistas e ambientais, o relacionamento 
com a fiscalização em todos os níveis 
relacionados à legalidade operacional do 
empreendimento agropecuário.
No agronegócio de pequeno porte, de alguma forma, o gestor trabalha com maior intensidade 
a parte de finanças e, em algumas situações mais simples, consegue atender algumas 
necessidades da contabilidade. O agronegócio de pequeno porte, de maneira geral, contrata 
escritórios de contabilidade para manter a parte escritural legal do empreendimento sob a 
legislação do momento. Empreendimentos de maior porte costumam estabelecer setores 
de contabilidade. Em alguns casos, setores da área jurídica também se fazem presentes na 
administração desses empreendimentos.
Decisões estratégicas e/ou operacionais devem ser tomadas com base nos pareceres 
dos três setores: financeiro, contábil e jurídico. O objetivo é tomar decisões empresariais 
com mais segurança em relação à disponibilidade financeira e à expectativa de retorno 
dos investimentos, ao atendimento das necessidades tributárias nas esferas municipais, 
estaduais e federais e, por último, aos aspectos legais relacionados aos mais diversos 
campos, com destaque para os aspectos trabalhistas e ambientais.
As finanças no agronegócio devem ter ênfase no fluxo de caixa, uma ferramenta que controla 
a movimentação financeira, as entradas e saídas de dinheiro em um período determinado de 
uma empresa ou negócio. Você também poderá encontrar o termo na língua inglesa cash flow, 
muito usual no meio empresarial. Observe a seguir um exemplo de fluxo de caixa.
Curso Técnico em Agronegócio
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1º ano 2º ano 3º ano
Entradas
Tourinhos 150.000,00 180.000,00 211.000,00 
Novilhas 260.000,00 295.000,00 336.000,00 
Total - entradas 410.000,00 475.000,00 547.000,00 
Saídas 
Investimentos 
Custeio 360.000,00 385.000,00 425.000,00 
Total - saídas 360.000,00 385.000,00 425.000,00 
Saldo operacional 50.000,00 90.000,00 122.000,00 
Imposto de renda (IR) 7.500,00 13.500,00 18.300,00 
Lucro 42.500,00 76.500,00 103.700,00 
Fonte: Elaborado pelo autor
O exemplo anterior caracteriza o fluxo de caixa em um empreendimento de bovinocultura, 
apresentado de forma bem simples, demonstrando o quadro de “entradas” (as vendas ou 
receitas). Podem ser caracterizados também como entradas os financiamentos, o aporte de 
capital do proprietário ou sócios e qualquer outro tipo de receita ou entrada de dinheiro no 
empreendimento. 
No quadro de “saídas”, estão as saídas de dinheiro do empreendimento para realizar qualquer 
tipo de pagamento, tanto para o custeio da atividade quanto para novos investimentos 
(formação de pastagens, construção de currais, galpões, drenagem etc.). 
'
Dica
Custeio são as despesas necessárias para pagamento de um ciclo da atividade. 
Em culturas de curta duração, o custeio vai do preparo do solo à colheita 
(milho, soja, olerícolas etc.). Em culturas perenes (fruticultura, seringueira etc.) e 
pecuárias (bovinos de corte e de leite, suínos etc.), o custeio deverá representar 
as despesas anuais.
Especificamente no caso da avicultura de corte, o custeio representa todas as despesas do 
ciclo produtivo da atividade, que poderá ser em torno de 42 dias. Na avicultura de postura, 
ele poderá ter um ciclo maior que 12 meses, já que entre o recebimento do pintinho de um 
dia até o descarte da galinha em final de postura transcorrem aproximadamente 16 meses. 
A diferença entre o somatório das “entradas” e o somatório das “saídas” 
ainda não será chamado de lucro, mas sim de “saldo operacional”. So-
mente após o pagamento do imposto sobre a renda anual é que o valor 
resultante poderá ser chamado de lucro. O imposto de renda (IR) se paga 
sobre o saldo operacional, se for negativo não existirá IR.
O valor de IR demonstrado no exemplo é fictício. As alíquotas de IR aplicadas ao agronegócio 
variam pelo tipo de tributação, pelo limite de faturamento bruto anual etc., cabendo ao 
Finanças aplicadas ao agronegócio
45
profissional de contabilidade o melhor enquadramento de apuração do imposto, seja o 
produtor rural pessoa física ou jurídica.
j
Atividade prática
Na biblioteca do AVA, você encontra um arquivo do Excel com um modelo 
de fluxo de caixa. Aproveite para explorar os campos e suas implicações nas 
diferentes planilhas. O nome do arquivo é “Fluxo de caixa em planilha excel.xlsx”.
O fluxo de caixa poderá ser uma poderosa ferramenta, sob o olhar de gestores que procuram 
se aprofundar nas informações subliminares que existem nos números de despesas e receitas 
de um empreendimento rural.
Mais adiante, voltaremos ao fluxo de caixa para fazer a análise financeira de um projeto 
(planejamento de novos investimentos ou inovações nos sistemas de produção que necessitem 
mais dinheiro) e a avaliação financeira de uma atividade ao final de seu ciclo produtivo.
c
Leitura complementar
Na biblioteca do AVA, você encontra:
• “Proposta da implantação de modelo de fluxo de caixa”.
• “Controle financeiro em propriedades rurais - estudo de casos”.
5. Livro-caixa
Livro-caixa (ou simplesmente caixa) é uma ferramenta para fazer a administração do capital de 
giro líquido, que poderá estar disponível em moeda, em mãos do tesoureiro ou administrador 
e/ou bancos. Veja a seguir um exemplo de estrutura de caixa diário que pode ser elaborado 
em uma planilha eletrônica.
MOVIMENTO DE CAIXA
Data Descrição Detalhes Entrada Saída Saldo
Saldo anterior:
Total do mês:
Saldo final:
Capital de giro líquido
Dinheiro com real disponibilidade para realizar os pagamentos dos compromissos assumidos 
dentro de seus prazos.
Curso Técnico em Agronegócio
46
A administração do livro-caixa é uma operação bem simples de ser executada. Nele são 
anotados diariamente todos os eventos que venham a ocorrer relacionados a entradas 
(vendas) e saídas financeiras (despesas), podendoser incluídas as promessas de pagamentos, 
como cheques e outros recebíveis, assim como pagamentos futuros. Esses recebíveis e 
compromissos de pagamento deverão ter a sua descrição detalhada no livro-caixa em seu 
período de fechamento (diário, semanal ou mensal). No entanto, só deverão ser demonstrados 
quando estiverem efetivamente creditados ou debitados.
A utilização dos valores dos cálculos de depreciação de animais de reprodução, construções, 
máquinas e equipamentos para fins de apuração de imposto de renda deverá ser feita pelo 
balanço contábil da empresa. No livro-caixa, não deverão ser lançados valores de depreciações, 
pois se trata de um valor contábil e não financeiro, portanto, não fazendo parte do capital de 
giro da empresa. 
Lançar mão das depreciações calculadas para fins de apuração tributária é uma 
prerrogativa legal da empresa rural e não do produtor rural. A receita federal brasileira 
tem regulamentação específica para os limites e bens que podem sofrer depreciações 
para fins de apuração tributária, cabendo ao profissional de contabilidade escriturar os 
valores contábeis permitidos pela legislação tributária brasileira, regulada e normatizada 
pela Receita Federal. 
Em tempo, as depreciações calculadas sobre bens como equipamentos, máquinas, construções 
e animais de reprodução deverão ser utilizadas para fins de cálculo de custo de produção 
tanto pelo produtor rural pessoa jurídica (empresa) quanto pelo produtor rural pessoa física. 
Ao realizar o cálculo do seu custo de produção, o produtor rural pode inserir a depreciação 
da terra em sua planilha, chamando de “custo da terra”. Isso não é obrigatório, apenas cria 
outra visão financeira e econômica do cálculo do custo de produção. Mais adiante, você verá 
um tópico específico sobre o custo de produção na agropecuária, no qual abordaremos 
detalhadamente o assunto “custo da terra”. 
As informações para preenchimento do livro-caixa da Receita Federal poderão ser obtidas a 
partir do livro-caixa diário do empreendimento. Não há nenhuma ilegalidade operacional na 
utilização do livro-caixa próprio. A preocupação por parte dos produtores deverá ser a melhor 
organização do movimento do dinheiro em seu negócio. 
Finanças aplicadas ao agronegócio
47
 Fonte: Shutterstock.
6. Balanço patrimonial 
Conforme o porte da empresa do agronegócio e o tipo de regime tributário em que ela está 
inserida, poderá existir a obrigatoriedade da apresentação do balanço patrimonial, tanto para 
autoridades fiscais quanto para bancos e outros players do agronegócio. Já os produtores 
rurais pessoas físicas não são obrigados a apresentar o balanço patrimonial de seus 
empreendimentos às autoridades fiscais do estado brasileiro.
Cabe ao profissional contador a elaboração do balanço patrimonial da empresa. Ao gestor 
financeiro cabe a interpretação do balanço para então tomar decisões sobre os caminhos a 
serem seguidos pela empresa.
Apesar da não obrigatoriedade desse documento para a grande maioria dos empreendimentos 
no agronegócio, o gestor financeiro desse setor pode utilizar os conceitos econômicos 
envolvidos nesse demonstrativo com o objetivo de fazer algumas análises paralelas junto 
aos empreendimentos em que estiver participando. Entender a diferença entre o que é o 
econômico e o que é o financeiro poderá ajudar em algumas decisões, passando a melhorar 
ou a criar valor ao agronegócio sob o seu olhar.
É comum no meio rural conhecermos produtores que estejam em uma boa situação econômica 
e ao mesmo tempo em péssima situação financeira. Quando encontramos um produtor como 
o Sr. Fabrício, que tem uma propriedade rural com bom valor no mercado imobiliário, mas no 
empreendimento que desenvolve lhe sobra pouco ou, às vezes, nenhum dinheiro, estaremos 
diante de um quadro de boa situação econômica e péssima situação financeira. O mesmo se 
aplica ao produtor Gabriel, um pecuarista com bom patrimônio em animais, mas com baixa 
produtividade, levando seus custos de produção a se tornarem altos demais e o mesmo não 
obtém lucratividade. Como não pode se desfazer dos animais por ser seu único meio de vida, 
ele segue caminhando no sentido do "empobrecimento", apesar de ter uma boa posição 
patrimonial ou econômica. Um rebanho tem representação patrimonial e faz parte dos ativos 
do empreendimento, mesmo não sendo terras ou benfeitorias, como construções etc.
Curso Técnico em Agronegócio
48
Nesses dois casos, se fosse feito o balanço patrimonial de cada empreendimento ficaria bem 
claro, não só o tipo de problema dessas “empresas”, mas também o tamanho financeiro do 
problema. O ideal seria que esses fazendeiros tivessem conservado os valores patrimoniais 
de suas terras e animais e, com a presença de sobra de dinheiro, reinvestissem nas suas 
atividades para prover suas contas pessoais.
Como você já estudou o Balanço Patrimonial na Unidade Curricular de Contabilidade Rural, 
vamos aproveitar para reforçar as informações básicas que compõem esse documento. O 
demonstrativo denominado de balanço patrimonial basicamente é composto por duas 
colunas, ativo e passivo. 
Ativo Passivo
Na coluna do ativo estão localizados os valores 
referentes aos patrimônios, como terras, animais, 
máquinas, equipamentos, capital de giro e tudo 
mais que compõe o conjunto de elementos – 
bens fixos ou não, para o funcionamento da 
atividade desenvolvida.
Na coluna do passivo estarão localizados os 
valores que possibilitaram as diversas aquisições 
que passaram a compor a coluna do ativo. 
Valores e suas origens, que podem ser de capital 
próprio (aporte de capital), financiamentos, 
obrigações a pagar como duplicatas ou outros 
tipos de dívida com fornecedores e governo, 
ou seja, dívidas reconhecidas e ainda não 
pagas cujos valores estarão, de alguma forma, 
financiando o ativo da empresa.
A diferença entre o ativo e o passivo deverá compor um terceiro quadro que precisará estar 
localizado na coluna do passivo, que se chama patrimônio líquido e representará a sobra financeira 
que poderá ser revertida em novos investimentos no empreendimento ou ser convertido como 
lucro para o proprietário. Grandes empresas com ações no mercado financeiro ou não retiram do 
patrimônio líquido os dividendos e as bonificações para seus acionistas.
Dividendo e bonificações
Dividendos correspondem à parcela do lucro apurado por uma sociedade anônima, distribuída 
aos acionistas por ocasião do encerramento do exercício social. Já as bonificações são 
pagamentos feitos por uma empresa a seus acionistas, em espécie ou em ações.
Em todos os casos, os valores do balanço patrimonial devem apresentar uma igualdade: 
ativo = passivo + patrimônio líquido, visto que os valores disponibilizados pelo passivo são os 
possibilitaram a formação do ativo.
Confira essa relação no exemplo simplificado a seguir.
Finanças aplicadas ao agronegócio
49
P+PLA
Balanço patrimonial
Ativo Passivo
Bens + direitos = R$ 100
Obrigações c/ terceiros R$ 80
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Obrigações com o proprietário R$ 20
TOTAL ATIVO R$ 100 TOTAL PASSIVO R$ 100
Se fossemos montar um balanço patrimonial dos produtores rurais que utilizamos como 
exemplo anteriormente, Fabrício e Gabriel, certamente o patrimônio líquido dos dois 
fazendeiros seria zero ou bem próximo a zero, já que eles não obtêm lucro em suas atividades. 
j
Atividades práticas
Gostaria de ver na prática um balanço patrimonial? Na biblioteca do AVA, 
você encontra as demonstrações financeiras do ano de 2014 de duas grandes 
empresas do agronegócio brasileiro, com atuação “dentro da porteira”:
• Demonstrações financeiras Renar Maçãs S.A. 
• Demonstrações financeiras LSC Agrícola.
Curso Técnico em Agronegócio
50
Empresas com ações no mercado financeiro, além da obrigação da realização do balanço 
patrimonial,devido ao lançamento de ações no mercado financeiro, também são obrigadas 
a disponibilizar uma quantidade enorme de informações sobre seus resultados e obrigações, 
com o objetivo de ser transparente junto aos investidores. Podendo ainda usar o canal de 
divulgação eletrônica (website) para demonstrar seus projetos e produtos, atraindo novos 
acionistas ou investidores.
Apesar da complexidade desses documentos, procure identificar os ativos, os passivos e o 
patrimônio líquido das empresas e tente alguns cálculos no exemplo fictício demonstrado a seguir.
Balanço patrimonial – Fazenda Alvorada – 2014
ATIVO PASSIVO
Terras 408.190,00 Aporte 500.000,00
Rebanho 213.450,00 Contas a receber 45.780,00 
Máquinas 86.700,00 Financiamento 150.000,00 
Capital de giro 84.000,00 
 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Lucro 96.560,00 
TOTAL 792.340,00 TOTAL 792.340,00 
O patrimônio total da Fazenda Alvorada é de R$ 792.340,00. R$ 408.190,00 ou 51,5% do 
patrimônio total está imobilizado em terras, capital imobilizado de baixa liquidez ou de 
demorada realização (venda). 10,9% do patrimônio tem média liquidez, e se trata de máquinas 
e equipamentos que podem ter aceitação no mercado de usados. 37,5% do patrimônio têm 
altíssima liquidez, pois o capital de giro está circulando e à disposição e a comercialização de 
animais, que, no caso de bovinos, funciona quase como moeda corrente. Como é comum 
na atividade pecuária desenvolvida em terras próprias, como é o caso da fictícia Fazenda 
Alvorada, boa parte do patrimônio está imobilizada em terras.
A Fazenda Alvorada tem financiamento de R$ 150.000,00, equivalente a 18,9% do patrimônio 
total. Estes 18,9% são chamados de grau de “alavancagem”, que é dinheiro de terceiros 
(financiamentos) na operação da empresa ou empreendimento. Em uma análise superficial, esse 
grau de endividamento não deve apresentar perigo ao empreendimento. Para confirmar essa 
análise, será necessário conhecer a taxa de juros e o prazo total para pagamento dessa dívida. 
Os valores, os volumes e os prazos estabelecidos nos orçamentos 
deverão ter flexibilidade para atenuar as possíveis ocorrências 
de fatos inesperados, sempre no sentido de também tentar 
administrar os riscos.
Finanças aplicadas ao agronegócio
51
Altas taxas de juros e/ou prazos curtos demais para pagamento de finan-
ciamentos voltados a investimentos (aquisições de equipamentos, for-
mação de pastagens, construções de instalações etc.) podem prejudicar 
de forma radical a rentabilidade do empreendimento, podendo inviabi-
lizá-lo. O financiamento de curto prazo para o agronegócio deverá ser 
voltado apenas para custeio das atividades, e devidamente atrelado sua 
liquidação aos resultados das vendas.
Normalmente, balanços patrimoniais de empresas são acompanhados de notas explicativas, 
indicando os detalhes sobre as informações que podem ser relevantes para quem estiver 
analisando o documento. 
Note que 5,7% (R$ 45.780,00) é o porcentual de contas a receber em relação ao patrimônio total 
do empreendimento, o famoso “pendura”. É um valor próximo da metade do capital de giro, não 
indicando sinais de possíveis problemas futuros. O ideal seria não existir esse passivo. Por último, 
pode ser visualizado o lucro obtido no ano de 2014, que foi de R$ 96.560,00. Este valor significa um 
retorno de 12,2% do patrimônio total, o que em épocas de inflação baixa pode ser considerado 
um ótimo retorno. O patrimônio total se manteve valorizado e em operação durante 2014, se 
comparado com o ano de 2013 e havendo crescimento no patrimônio total de um ano para o outro 
ficará demonstrado que o empreendimento tem boa administração e apresenta rentabilidade. 
Os planos do gestor financeiro para 2015 deverão buscar o aumento da rentabilidade líquida, 
visando ao crescimento e à estabilidade operacional ao sistema de produção. 
Para o proprietário a rentabilidade deverá ser aferida em relação ao capital próprio (aporte) 
que foi investido no empreendimento, que no ano de 2014 representou 19,3%. Isso porque 
havia aporte ou investimento de R$ 500.000,00 e o lucro líquido foi de R$ 96.560,00. 
d
Comentário do autor
A análise do balanço patrimonial de um empreendimento pode apresentar 
algumas divergências entre especialistas em determinados itens observados, 
devido à subjetividade de algumas informações. No entanto, informações como 
o grau de endividamento ou grau de alavancagem, assim como a rentabilidade 
obtida e visualizada no patrimônio líquido, sendo imediatamente comparada 
com o capital próprio e o ativo do total, são análises objetivas e de comum 
acordo a qualquer pessoa que venha a analisar um balanço patrimonial.
Construir o balanço patrimonial para melhor domínio e conhecimento do empreendimento 
no agronegócio poderá ser o diferencial para tomada de decisões, mesmo não tendo qualquer 
tipo de obrigação legal para essa iniciativa. 
Tópico 3: Administração dos estoques no agronegócio
Francischini e Gurgel (2004) consideraram que estoques são materiais e suprimentos que uma 
empresa ou um empreendimento utilizam para a produção de seus produtos. Nos estoques, 
muitas vezes, é possível encontrar insumos, suprimentos, componentes ou produtos acabados. 
Curso Técnico em Agronegócio
52
Dependendo do tipo de negócio, é crucial que o empreendimento mantenha seus estoques 
abastecidos, por isso, a área de estoques deverá ser um local de grande atenção, visto que é 
onde estará concentrada boa parte do capital do empreendimento.
 
Fonte: Shutterstock.
No agronegócio “dentro da porteira”, a administração de estoques apresenta situações 
diferenciadas, necessitando de formas adequadas para lidar caso a caso. Deve-se ter 
preocupação constante com a carga financeira que qualquer estoque carrega. O custo de 
estocagem de qualquer que seja o material, insumo ou produto, gera, no mínimo, custos 
financeiros equivalentes aos juros que poderiam ser pagos se esse mesmo valor estivesse 
investido no mercado financeiro. Quanto esse capital parado no estoque poderia estar 
rendendo? Esta preocupação é comum em qualquer setor comercial no mundo atual, em 
economias estabilizadas com baixos índices inflacionários, diante da formação desnecessária 
de estoques que passam a concentrar capitais, pois diminui a velocidade de circulação do 
dinheiro no empreendimento. 
Os problemas estruturais e sistêmicos sejam eles relacionados às estradas, às ferrovias, 
aos portos, aos armazéns governamentais, aos altos custos de frete etc. devem ser sempre 
considerados. Cabe ao gestor do agronegócio minimizar os custos da "logística interna".
c
Leitura complementar
Existem diversas teorias sobre a melhor forma de lidar com os estoques, sejam eles de 
insumos ou produtos. Há processos modernos, técnicas administrativas, assim como 
softwares que visam aumentar a velocidade dos ciclos de estoque. Acesse a biblioteca 
do AVA e saiba mais: 
• “Gestão de estoques” (apresentação de slides); 
• “A gestão de estoques e suas implicações para a competitividade empresarial”;
• “A gestão de estoques e suas implicações”; 
• "Evidenciação e análise gerencial de custos no reconhecimento da receita durante 
a maturação dos estoques".
Finanças aplicadas ao agronegócio
53
1. O estoque insumo, o estoque produto e a logística dentro da propriedade
Na Unidade Curricular de Gestão da Produção e Logística você pôde perceber como essa 
atividade é essencial para o agronegócio. Contudo, em boa parte dos empreendimentos 
voltados à produção agropecuária ainda existe pouca preocupação com a administração de 
estoques, incluindo problemas graves de logística interna com os vários tipos de insumos e 
em certos casos de produtos, sejam eles para agricultura ou pecuária.
A falta de local adequado para armazenar determinados insumos, como adubos e corretivos,é um problema porque eles normalmente são higroscópicos (absorvem a umidade do solo 
do ar), acabando por se deteriorarem, perdendo boa parte de sua capacidade original. Não é 
porque eles serão utilizados em curto tempo que não compensa o armazenamento adequado.
Como grande parte dos insumos da agricultura são comercializados a granel, em situações 
em que a mecanização permitir, eles podem ser acondicionados em embalagens tipo bigbag, 
que melhoram a conservação. 
 Fonte: Shutterstock
Note que um problema de logística ao longo do tempo vai afetar o custo de produção, não 
só pela perda física de parte do insumo, mas também pela diminuição de sua qualidade. 
Esses fatos também podem acontecer com qualquer outro tipo de insumo quando mal 
armazenados. No caso de sobras, quando inevitável, o problema é ainda maior, pois acabam 
por se perder em quase sua totalidade devido ao armazenamento inadequado.
Existem vários casos de equipamentos que, após o uso, ficam jogados no tempo, não sofrem 
manutenção de armazenamento e quando precisam ser utilizados novamente não estão 
funcionando. Esse fato também eleva o custo de produção e é tratado como um descaso de 
logística interna.
Curso Técnico em Agronegócio
54
Não importa o tamanho do empreendimento, se não houver 
organização para todo tipo de estoque, o sistema de produção 
sempre será afetado, seja pelo aumento dos custos operacionais, 
seja pela perda da qualidade de determinado insumo, que com 
sua capacidade de gerar menor resposta, também deverá afetar 
o custo de produção.
Os demais fatores que podem aumentar o custo de produção, pensando na logística, são a falta 
de local adequado para armazenamento de supersafras e a falta de regulagem e manutenção 
em colheitadeiras, ordenhas mecânicas ou qualquer outra ferramenta ligada à produção. 
A pecuária, em especial, costuma apresentar outros tipos de problemas relacionados aos 
estoques de insumos, já que seus produtos têm processos de comercialização atrelados à 
manutenção da qualidade do produto, sejam eles os bovinos, suínos ou aves. A produção 
leiteira, por exemplo, pela Instrução Normativa nº 62/2011 do Ministério da Agricultura, 
Pecuária e Abastecimento (MAPA), já tornou a coleta do leite brasileiro quase 100% a granel, 
retirando os antigos e os problemáticos latões de leite do sistema.
Gestores de explorações intensivas de aves e suínos, com grande volume de animais percebem 
com facilidade os grandes problemas que podem ser gerados quando a administração de seus 
estoques e logística do sistema de alimentação não são operadas adequadamente. Problemas 
sanitários, como contaminações das mais diversas ordens, seja por roedores ou pássaros ou 
por insumos armazenados com teores de umidade inadequados, podem levar a situações de 
grande prejuízo nesses sistemas de produção via alimentos contaminados.
 
Legenda: O armazenamento inadequado de ração, por exemplo, apresenta inúmeros riscos e custos significativos no 
processo produtivo. 
Fonte: Shutterstock.
Finanças aplicadas ao agronegócio
55
Para solucionar esses problemas, deve-se investir em intensa mecanização de todo o processo 
produtivo de rações concentradas, já que representam a base da alimentação desses animais, 
podendo significar mais de 80% do custo de produção em suínos e aves. Mesmo assim, o 
desperdício poderá ser notado nesses tipos de granjas. Equipamentos desregulados ou 
mesmo quebrados podem desperdiçar gramas, perdem desde a área de recepção de granéis, 
moagem, mistura, ensaque ou embarque em transportadores até silos pré-alimentadores e 
sua distribuição automática ou manual nos diversos tipos de comedouros. Ao final de um ano, 
as pequenas perdas poderão gerar toneladas de alimentos desperdiçados por má gestão da 
logística interna.
Problemas relacionados à baixa produtividade em produção animal, no caso, índices 
zootécnicos abaixo do que seria alcançável, também acabam por elevar estoques de animais 
e, consequentemente, o aumento do custo de produção. O índice de natalidade consegue 
informar ao gestor a formação de estoque desnecessário de animais em um rebanho. 
Índices zootécnicos e de natalidade
Índices zootécnicos são o conjunto de índices obtidos a partir do desempenho produtivo de 
animais em um sistema de produção. Já o índice de natalidade é o percentual obtido a partir do 
total de fêmeas paridas em relação ao total de fêmeas em reprodução.
Um dos grandes problemas dos sistemas de produção no agronegócio é não conseguir 
mensurar essas perdas por desperdício ou qualquer outro processo mal elaborado durante 
a operacionalidade produtiva. Em geral, detalhes operacionais que venham a afetar o 
desempenho financeiro do empreendimento só costumam ser percebidos no balanço final. Por 
isso, a gestão de finanças no agronegócio deve estar fortemente vinculada com as estratégias 
utilizadas no sistema de produção, de maneira a impedir que as falhas operacionais venham a 
pressionar de forma desproporcional os custos de produção. Gerir finanças com competência, 
sem um sistema produtivo competitivo, poderá impedir a obtenção de lucratividade.
2. O estoque silencioso e o seu custo
Como antigamente não havia dinheiro, a quantidade de bovinos passava a significar riqueza. 
A palavra pecuária vem do latim pecus, significando cabeça de gado, que também originou 
a palavra "pecúnia" que é igual a riqueza. Apesar de todo avanço, ainda persiste no campo 
esse conceito de que o fato de ter um grande número de bovinos representa algum tipo de 
riqueza. Mas nem sempre é assim.
Poucos produtores conseguem perceber que ter animais em um rebanho sem estar 
desempenhado sua função produtiva, estando ociosos, elevam os custos de produção. Eles 
disputam o mesmo local de pastagens com outros animais em ciclo de produção normal, 
têm necessidades básicas em comum com animais produtivos causando despesas sem gerar 
resultados. O pior de tudo é, por causa da sua ocupação na disputa por alimentação, esses 
animais acabam por piorar o desempenho dos que estão em ciclo normal. Animais ociosos 
funcionam como estoque mal administrado, só geram despesas aumentando o custo de 
produção. E tudo começa com as matrizes.
Curso Técnico em Agronegócio
56
A atividade pecuária, por exemplo, não consegue atingir índices de 100% de natalidade, mas a 
gestão deve trabalhar entre os 70 a 80% de resultados reprodutivos, caso contrário, poderá ter 
problemas com a rentabilidade do sistema. Ainda assim, os números médios da pecuária brasileira, 
seja corte ou leite, oscilam entre 50% e 60% de natalidade, existindo os casos de pecuaristas que 
operam suas atividades dentro dos limites satisfatórios para esse importante índice.
Uma base fixa de matrizes bovinas disponíveis para reprodução que não alcance entre 70% e 
80% de matrizes paridas (sejam elas para a pecuária de corte ou leite) merece atenção, pois 
deixará animais ociosos sem produzir nada (leite e/ou bezerros), ocupando espaço, mão de 
obra, medicamentos e alimentação. 
Fonte: Shutterstock.
O índice de natalidade pode ser considerado o mais importante em um rebanho. O alcance 
de melhores resultados deverá ser obtido com a utilização adequada da alimentação dos 
animais e a gestão sistemática do processo reprodutivo via administração e monitoramento 
das informações de cobertura e parição, monitorando os ciclos dentro dos prazos técnicos. 
Técnicas reprodutivas como inseminação artificial (IA), inseminação artificial em tempo fixo 
(IATF) ou transferência de embriões podem melhorar esse índice, mas não conseguem resolver 
o problema do rebanho, cabendo ao gestor entender todo o processo, buscando diminuir o 
forte impacto financeiro gerado por índices de natalidades pouco competitivos.
Veja na tabela a seguir os índices de natalidade indicados.
Matrizes do rebanho – 100 cabeças
Índice de 
natalidade
Matrizesem 
produção
Matrizes ociosas Metas
80% 80 cab 20 cab ideal
75% 75 cab 25 cab bom
70% 70 cab 30 cab mínimo
65% 65 cab 35 cab evitar
60% 60 cab 40 cab evitar
50% 50 cab 50 cab evitar
Fonte: Elaborado pelo autor.
Finanças aplicadas ao agronegócio
57
c
Leitura complementar
Falamos da relação de ociosidade de matrizes frente ao índice de natalidade para 
dar ênfase às questões de estoque e logística. Contudo, ociosidade não é um índice 
discutido na área de zootecnia ou produção animal. Veja mais nos textos disponíveis 
da biblioteca AVA: 
• “Avaliação de estoque em pecuária de corte”; 
• “Combatendo o desperdício de ração”; 
• “A abordagem enxuta aplicada ao agronegócio”.
O tempo de engorda de bovinos também pode gerar estoque ocioso. Quanto maior o 
tempo para os animais atingirem o peso comercial, maior deverá ser o estoque de animais 
em crescimento para atender as vendas anuais. A atividade de bovinocultura de corte que 
realiza todas as etapas (como cria, recria e engorda) carrega grande número de animais em 
todas suas categorias de produção, imobilizando valores expressivos de capital em animais. A 
situação piora quando se soma o índice de natalidade baixo com o tempo de engorda longo. 
Para entender melhor, acompanhe o seguinte exemplo. Imagine um rebanho de pecuária e corte 
com 100 matrizes, realizando cria, recria e engorda dos animais. Procurou-se variar o índice de 
natalidade entre 50% e 80% e o tempo de abate dos animais entre três e cinco anos para todas 
variações de natalidade. Também foi aplicado índice de mortalidade do nascimento até o abate. A 
consideração é que independentemente do tempo de abate o peso dos animais comercializados 
tem que ser semelhante. O importante é medir o quanto de ocupação física a mais o sistema de 
exploração estará suportando, o que chamaremos de estoque a mais ou ocioso.
Matrizes do rebanho – Pecuária de corte – 100 cabeças
TEMPO DE ABATE ESTOQUE / TEMPO DE ABATE
Índice de 
natalidade
Matrizes 
em 
produção 
cabeças
Matrizes 
ociosas
Masc./
Fem. até 
1 ano 
(cabeças)
Masc./
Fem. até 
2 anos 
(cabeças)
Masc./
Fem. até 
3 anos 
(cabeças)
Masc./
Fem. até 
4 anos 
(cabeças)
Masc./
Fem. até 
5 anos 
(cabeças)
Rebanho 
abate 
3 anos 
(cabeças)
Rebanho 
abate 
4 anos 
(cabeças)
Rebanho 
abate 
5 anos 
(cabeças)
80% 80 20 80 77 76 75 74 333 408 482
75% 75 25 75 72 71 70 69 318 388 457
70% 70 30 70 67 66 65 64 303 368 432
65% 65 35 65 62 61 60 59 288 348 407
60% 60 40 60 57 56 55 54 273 328 382
50% 50 50 50 47 46 45 44 243 288 332
Fonte: Elaborado pelo autor.
Para compor a totalidade de animais dos supostos rebanhos, foram somados os animais de 
todas as categorias: matrizes em produção, ociosas, todos machos e fêmeas até seu limite 
previsto de tempo de engorda que foram de três, quatro e cinco anos.
O cálculo dessa ociosidade levará em consideração que um sistema de produção com bom 
nível tecnológico conseguiria colocar o bovino com peso comercial no mercado ao final do 
Curso Técnico em Agronegócio
58
terceiro ano. Portanto, a composição do rebanho total para fins de comparação será a soma 
de todas as categorias de animais até o terceiro ano, nos diversos índices de natalidade, 
considerando que este deveria ser o número máximo de cabeças necessárias para obter a 
produção desejada anual. O cálculo pressupõe que todos os animais que estiverem presentes 
acima desse teto serão estoque a mais ou estoque ocioso. Para fins de complementação 
dos animais ociosos, somaram-se também as matrizes consideradas ociosas pelos diversos 
índices de natalidade. O quadro resultante dessa análise é:
Índice de natalidade Ociosidade para abate 4 anos Ociosidade para abate 5 anos
80% 29% 50%
75% 30% 51%
70% 31% 52%
65% 33% 53%
60% 34% 54%
50% 39% 57%
Fonte: Elaborado pelo autor.
Destas informações, podemos concluir que em uma análise teórica, um rebanho em pecuária de 
corte que realize as fases de cria, recria e engorda de bovinos, que tenha o índice de natalidade 
de 50% e envie seus animais para o abate ao quinto ano, teria 57% de animais a mais do que 
precisaria para obter a mesma produção em termos de cabeças vendidas anualmente, com o 
agravante de só conseguir desmobilizar o capital empatado nos animais de engorda dois anos 
(abate com cinco anos) após do que poderia conseguir (abate aos três anos). A análise pode seguir 
com os mesmos princípios, apenas variando o tempo de abate e o índice de natalidade, nos quais 
outros índices de ociosidade de rebanho poderão ser visualizados. 
c
Leitura complementar
Saiba mais lendo o texto “O reconhecimento do custo de estoque de bezerros nascidos 
no setor agropecuário”, disponível na biblioteca do AVA.
Qual será o impacto financeiro de se carregar mais da metade de todo o rebanho de forma 
ociosa para ter a mesma produção de outro sistema que opera de maneira mais "enxuta"? 
Ocupação de terra, despesas de pastagens, medicamentos, mão de obra, maior tempo empate 
de capital etc. – estes seriam alguns dos itens utilizados desnecessariamente para obter a 
mesma produção comparados a um sistema com maior controle e tecnologia.
Outro índice importante que resulta de uma boa gestão no agronegócio da pecuária de corte é 
a taxa de desfrute, também chamada de taxa de abate. No exemplo a seguir, pode se notar as 
variações que acontecem com esse índice, quando se confronta o tempo de abate e a natalidade.
Taxa de desfrute
Relação entre o total de cabeças de um rebanho e a quantidade 
de animais enviados anualmente para o abate.
Finanças aplicadas ao agronegócio
59
Taxa de desfrute para rebanho hipotético de pecuária de corte
Índice de natalidade
Taxa de desfrute 
abate 3 anos
Taxa de desfrute 
abate 4 anos
Taxa de desfrute 
abate 5 anos
80% 22,8% 18,4% 15,4%
75% 22,3% 18,0% 15,1%
70% 21,8% 17,7% 14,8%
65% 21,2% 17,2% 14,5%
60% 20,5% 16,8% 14,1%
50% 18,9% 15,6% 13,3%
Fonte: Elaborado pelo autor.
Encerramento do tema
No início deste tema, abordamos a forma jurídica em que deve ser constituído o 
empreendimento no agronegócio. Procuramos esclarecer os prós e os contras entre a 
atividade produtiva a ser explorada por um produtor rural pessoa física ou jurídica. A partir 
dessas informações, espera-se que você consiga definir a opção jurídica que apresenta melhor 
adequação ao empreendimento. Discorremos também sobre o capital, a sua estrutura, o seu 
valor no tempo, a sua organização e as diversas formas e disponibilidades que o mesmo 
apresenta no empreendimento no agronegócio. O objetivo é que você possa tomar as mais 
diversas decisões administrativas com base no valor do dinheiro. 
Atividade de aprendizagem
1. Considerando os motivos para que um empreendedor opte entre ser produtor rural 
pessoa física e produtor rural pessoa jurídica, escolha, entre as alternativas seguintes, qual 
é a correta.
a) Para o empreendimento no agronegócio prosperar, é fundamental a existência de 
organização em todas as direções, mas somente a constituição de uma empresa 
agropecuária vai possibilitar essa alternativa.
b) A determinação da opção do empreendimento no agronegócio ser organizado em forma 
de pessoa física ou jurídica vai depender, fundamentalmente, do porte ou tamanho da 
atividade perante a avaliação muito bem fundamentada na relação custo-benefício.
c) A escolha é muito simples, a maioria dos empreendimentos no agronegócio é feita 
como produtor rural pessoa física, como apresenta maior simplicidade operacional, 
não há dúvidas, essa deverá ser a opção. 
d) A escolha é muito simples, se o empreendimento no agronegócio tem pretensão de 
ganhar maior porte, a opção correta será criar imediatamente uma empresa.
e) A escolha vai depender do tipo de atividade desenvolvida.
Curso Técnico em Agronegócio60
2. Considerando a utilização das finanças para tomada de decisão sobre uma nova iniciativa, 
dentro da mesma atividade, com base na análise financeira, leia as alternativas a seguir e 
marque a correta. 
a) A obtenção de financiamento para fins de aumento de capital de giro para uma nova 
iniciativa ou incremento de uma iniciativa existente eleva as possibilidades de sucesso 
na atividade.
b) Um novo sistema de plantio no qual a produtividade possa aumentar em 25% e as 
despesas em 31,1% será sempre inviável.
c) O aumento das despesas acessórias referentes ao maior volume esperado de produção 
da colheita e comercialização perdem a importância diante da maior quantidade de 
produtos para venda e o consequente aumento do faturamento.
d) Podemos considerar que os termos “antes, dentro e fora” da porteira visam configurar de 
forma descontraída a visão sistêmica e conjugada da cadeia produtiva e seus processos 
produtivos, transformadores e comerciais. 
e) Toda nova iniciativa que buscar aumentar a produção e a produtividade deverá ser 
implantada.
3) Com relação ao valor do dinheiro no tempo, valor presente, valor futuro, risco e retorno, 
leia as afirmativas seguintes e indique a correta.
a) Os valores utilizados no empreendimento do agronegócio, basicamente, estão divididos 
nas despesas de custeio e de investimento. As despesas de custeio por ter ciclo rápido 
não necessitam ser avaliadas pelos princípios que utilizam o valor do dinheiro no tempo.
b) Os parâmetros de avaliação do valor do dinheiro no tempo não devem ser utilizados em 
operações correntes, devendo ser apenas utilizados em projetos novos, visando apurar 
a rentabilidade desses novos empreendimentos.
c) As aplicações financeiras disponíveis no mercado poderão ser utilizadas como 
balizadoras no tocante às rentabilidades oferecidas para tomada de decisão sobre 
novos projetos.
d) O mercado financeiro procura utilizar como base de cálculo de financiamentos a 
metodologia de juros simples.
e) No cálculo de juros compostos de determinado capital se utiliza o número de períodos 
para realizar a incidência da taxa de juros pactuada.
4. Em relação aos orçamentos nos empreendimentos do agronegócio, assinale a alternativa 
correta.
Finanças aplicadas ao agronegócio
61
a) O orçamento é um projeto no sentido de oferecer suporte ao gestor para tomada de 
decisão relacionada a novos projetos.
b) O plano orçamentário para um novo ciclo deve apresentar informações diferentes de 
um orçamento tradicional para o agronegócio.
c) No agronegócio, o plano orçamentário serve como uma importante ferramenta de 
gestão, no entanto, ela apresenta a impossibilidade de realizar simulações relacionadas 
a alguns fatores de risco para a atividade.
d) A utilização de um bem elaborado plano orçamentário vai possibilitar o conhecimento 
dos volumes financeiros perfeitamente adequados ao empreendimento, oferecendo 
boa base de dados para embasar uma proposta de crédito agrícola.
e) O orçamento das atividades correntes do empreendimento no agronegócio deverá 
ser a única base de decisões para realização de compras antecipadas dos insumos 
necessárias para a atividade agropecuária analisada.
5. A distribuição do capital é um assunto que merece o foco do produtor/gestor de um 
empreendimento no agronegócio. Com base nisso, qual das alternativas a seguir é correta?
a) O capital ou o dinheiro no empreendimento voltado ao agronegócio tem sua distribuição 
semelhante a qualquer outro tipo de empreendimento.
b) Não há diferenças significativas entre os chamados capitais imobilizados em 
investimentos fixos e semifixos.
c) Os rebanhos de forma geral devem ser caracterizados como capital imobilizado 
semifixos. 
d) A principal função do gestor de finanças no agronegócio deverá ser buscar o equilíbrio 
adequado das formas de utilização dos capitais no empreendimento, deixando as 
fontes de financiamento em plano secundário, já que a busca de lucratividade deverá 
ser administrada no sistema de produção.
e) A agricultura denominada de perene, ou seja, de longa duração, deverá ter 
enquadramento na fase de crescimento como capital de giro e na fase de produção 
como capital imobilizado em semifixo.
6. O fluxo de caixa é muito importante para organização e controle da situação financeira de 
um empreendimento. Entre as afirmativas seguintes, qual é a correta?
a) O fluxo de caixa do empreendimento no agronegócio é uma importante ferramenta 
gerencial para o profissional de contabilidade, mas para gestão financeira ele não 
apresenta muita utilidade.
b) Os financiamentos bancários obtidos para um novo projeto dentro de um empreendimento 
que esteja em operação não devem ser demonstrados no fluxo de caixa.
c) O gestor do empreendimento no agronegócio não deverá considerar o resultado da 
subtração entre receitas e despesas como lucro.
Curso Técnico em Agronegócio
62
d) O livro-caixa poderá substituir o fluxo de caixa do empreendimento, facilitando as 
operações de contabilidade do empreendimento pecuário.
e) O cálculo das depreciações pouco importa para o produtor rural pessoa física, já que 
ele não poderá abater esses valores de seu saldo operacional para fins de redução de 
imposto de renda anual.
7. Considerando o que você aprendeu sobre balanço patrimonial (BP) de um empreendimento 
no agronegócio e o entendimento do que é financeiro e o que é econômico na distribuição 
do capital nesse tipo de atividade, acesse o arquivo "Balanço patrimonial - Fazenda Campo 
Largo", de uma propriedade fictícia, e faça uma breve análise da situação econômica e 
financeira dessa empresa no ano de 2013.
Bal Balanços patrimoniais em 31 de dezembro de 2013 e de 2012 - Em milhares de reais
Ativo Nota explicativa 2013 2012
Circulante
Caixa e bancos 5 11 61
Aplicações financeiras 6 52
Contas a receber de clientes 7 4.631 4.975
Estoques 8 1.998 1.772
Impostos a recuperar 9 146 137
Adiantamento a fornecedores 10 810 1.271
Despesas antecipadas 128 50
Demais contas a receber 2 5
Total do ativo circulante 7.726 8.323
Não circulante
Depósitos judiciais 60 60
partes relacionadas (Contas correntes) 11 106.771 119.203
Outros investimentos 5 2
IRPJ e CSLL Diferidos 14 3.924 1.660
Imobilizados 12 1.621 2.065
Ativo biológico 13 505 13.404
Total do ativo não circulante 112.886 136.394
TOTAL DO ATIVO 120.612 144.717
Passivo e patrimônio líquido Nota explicativa 2013 2012
Circulante
Fornecedores 15 10.290 3.982
Empréstimos e financiamentos 16 2.206 2.764
Debentures emitidas 16 24.999 25.387
Salários e encargos sociais 1.319 1.053
Impostos e contribuições a recolher 826 171
Adiantamento de clientes 18 2.641 8.619
Demais contas a pagar 36 45
Total do passivo circulante 42.317 42.021
Não circulante
Fornecedores 15 12
Adiantamento de clientes 18 7.029 3.704
Empréstimos e financiamento 16 26.006 24.257
Finanças aplicadas ao agronegócio
63
Debentures emitidas 16 65.058 76.161
IRPJ e CSLL Diferidos 14 70 2.616
Total do passivo circulante 98.175 106.738
Patrimonio líquido
Capital social 19 3.684 3.684
Reserva de capital 19 72 72
Prejuízos acumulados 23.636 7.798
19.880 4.042
Total do passivo e patrimônio líquido 120.612 144.717
Depois de descrever a sua análise, indique, entre as alternativas a seguir, qual é a correta.
a) A partir do BP demonstrado, pode-se considerar que o empreendimento está em 
péssima situação econômica, pois em seus ativos só possuem aproximadamente 51,5% 
do total do patrimônio do empreendimento imobilizados em terras.
b) A partir do BP demonstrado, pode-se considerar que o empreendimento está em boa 
situação financeira, pois em seus ativos só possuem aproximadamente 51,5% do total 
do patrimônio do empreendimento imobilizados em terras.
c) O BP demonstra em seu passivo a existência de uma dívida bancária no valor de R$ 
150.000,00 (18,9% do patrimôniototal). Caso esse valor não existisse, o patrimônio 
líquido dessa empresa seria maior. 
d) O mais importante para um empreendimento no agronegócio é ter sua posição 
econômica em níveis de equilíbrio com sua posição financeira.
8. Pensando nas questões sobre estoque e logística interna no agronegócio, leia as alternativas 
seguintes e marque a correta.
a) A presença de bovinos na propriedade, por si só, representa uma boa reserva de valor 
devido à sua alta liquidez no mercado, dessa forma, sua capacidade produtiva poderá 
ficar relevada a segundo plano.
b) As falhas relacionadas à logística interna são difíceis de serem percebidas com relação 
à sua influência no aumento do custo de produção. Por isso, devem ser monitoradas e 
corrigidas, imediatamente, para evitar sua recorrência.
c) A chamada ociosidade relacionada à carga animal (UA) em um sistema de produção 
pecuária é fácil de ser mensurada, pois independe de modelos de controles e gestão de 
rebanhos operados diariamente.
d) A gestão financeira agressiva do empreendimento no agronegócio poderá ser capaz de 
criar valor para o modelo exploratório, de formas a superar as demais deficiências.
e) Só cabe a aplicação de medidas organizacionais relacionadas aos estoques de insumos 
de produção, suplementos de apoio e produtos finais, em sistemas de produção de 
certo porte, devido às despesas envolvidas nesses procedimentos.
A gestão fi nanceira do 
empreendimento do 
agronegócio
02
Finanças aplicadas ao agronegócio
65
Tema 2: A gestão financeira do 
empreendimento do agronegócio
Neste tema, vamos rever e aprofundar os conceitos estudados na Unidade Curricular Gestão de 
Custos. Para isso, você vai acompanhar alguns casos que servirão como exemplo, analisando 
também outras possibilidades no desenvolvimento de ferramentas para obter e controlar o 
custo de produção.
'
Dica
Na Unidade Curricular 13 - Gestão de Custos, você estudou os conceitos básicos 
dessa área, os fatores que interferem nos processos de gestão e a análise do 
gerenciamento dos custos de uma propriedade rural. Se necessário, retome a 
leitura da apostila dessa unidade para reforçar seus estudos.
É importante lembrar que essas ferramentas devem ser baseadas nas especificidades 
do empreendimento e do negócio e atender as individualidades e preferências do gestor 
financeiro, sempre respeitando os critérios básicos da administração e da contabilidade.
`
Objetivos de aprendizagem
Com seu empenho, ao final deste tema, você será capaz de: 
• Reconhecer e aplicar as principais ferramentas administrativas e financeiras 
que devem ser utilizadas no agronegócio para a etapa dentro da porteira. 
• Compreender o custo de produção como ferramenta estratégica para o 
agronegócio. 
• Aplicar métodos de apuração do custo de produção. Interpretar e traçar novas 
estratégias operacionais para o ciclo com o uso do custo de produção dinâmico. 
• Entender os mecanismos de avaliação e referência, que possibilitam 
compreender a viabilidade e rentabilidade do negócio. 
• Avaliar os resultados projetados ou alcançados pelo empreendimento.
Curso Técnico em Agronegócio
66
Dedique-se ao estudo da apostila e aproveite as videoaulas, o AVA e as diversas publicações 
disponíveis na biblioteca do AVA. Lembre-se de que a tutoria a distância também está disponível 
para você tirar dúvidas e auxiliá-lo no aprofundamento dos assuntos. Bons estudos!
Tópico 1: Custo de produção
A definição clássica diz que custo de produção é o somatório de todas as despesas realizadas para 
se obter um bem ou um serviço; ou, ainda, que são os gastos realizados pelo empreendimento na 
aquisição dos fatores fixos e variáveis que foram utilizados no processo produtivo.
Bem
Em economia, um bem é tudo o que tem utilidade, podendo satisfazer uma necessidade.
Há diversas metodologias de formação de preço com base no custo, para remunerar (cobrir) 
todos os fatores produtivos - matérias-primas, serviços, tributos e capitais. Para se obter o 
preço de comercialização, os gestores financeiros utilizam uma planilha de custo de produção. 
O custo de produção no agronegócio serve para balizar as operações no sistema de produção, 
buscando os valores de custos unitários dos diversos produtos com o máximo de fidelidade 
em relação à realidade de retorno financeiro diante dos preços praticados pelo mercado. Veja, 
no gráfico a seguir, um exemplo da composição do curso de produção do leite.
Custo de produção do leite na visão do custo dinâmico
Alimentação 50%
Mão de obra 30%
Outros 20%
Pastagens
ou silagens
 60%
Outros 10%
Concentrados 30%
Fonte: Projeto Geroleite Rastrear (2004).
Finanças aplicadas ao agronegócio
67
O gestor financeiro no agronegócio deverá ter cuidado para não fazer uma planilha de custo 
de produção semelhante a um orçamento. Ao contrário do custo de produção, no orçamento 
o valor encontrado não aponta quanto custa, mas sim quanto deveria custar. 
Isso pode acontecer, por exemplo, se o gestor resolver que deve agregar a remuneração de 
vários fatores ao custo de produção, aqueles envolvidos em todos os tipos de capitais do 
processo produtivo.
O
Informação extra
O setor industrial tem como característica fundamental a transformação da 
matéria-prima em produtos. Inicialmente, o setor industrial ganhou força, teve 
seu apogeu comercial e depois foi economicamente superado pelo terceiro setor, 
de serviços, mas sem perder sua importância na economia dos países.
Altos e baixos na área econômica acontecem em qualquer país, e esses momentos podem levar os 
setores produtivos a ter prejuízos, de forma conjunta ou alternada. Normalmente, a demonstração 
desses prejuízos acaba sendo levada aos governos, e, para isso, a planilha de custo de produção é 
o documento base para o início das discussões entre os setores e o governo.
Esses fatos ocorreram no Brasil, principalmente na época em que o governo achava que 
congelar preços seria a solução para neutralizar a inflação. As empresas utilizavam as planilhas 
de custo de produção na esperança de ter seus preços congelados. Embora elas estivessem 
repletas de valores economicamente justificáveis, tinham a representação estratégica de 
buscar segurança financeira aos setores reivindicantes. Imagine: você comprava um insumo 
em determinada época, mas meses depois ele já estava muito mais caro. 
No agronegócio, os empreendedores não fizeram diferente: montaram suas planilhas de custo 
de produção sob os mesmos princípios da indústria, procurando buscar segurança financeira 
dos preços que seriam pagos a determinados setores produtivos do agronegócio. 
Assim, esses modelos vêm sendo repetidos por vários técnicos no agronegócio ao montarem 
seus custos de produção. Na maioria das vezes, isso ocorre porque há o entendimento de que 
deve existir uma teoria a ser seguida e que quebrá-la levará a erros nos valores encontrados 
como custo unitário de produção.
No entanto, a agropecuária é diferente do setor industrial. Utilizar as 
mesmas teorias de contabilidade para realizar o custo de produção po-
derá gerar expectativas jamais alcançáveis, pois o setor não suporta cer-
tas cargas de despesas que, no setor industrial, são consideradas obriga-
tórias para encontrar o custo de produção real.
A saída, então, é usar valores intermediários, que podem levar o custo de produção de 
determinado produto a até três resultados:
Curso Técnico em Agronegócio
68
Custo operacional efetivo (COE)
Custo com base nas despesas desembolsadas.
Portanto:
COE = 
Despesas de custeio
Total da produção
Custo operacional total (COT)
Soma às despesas desembolsadas os diversos tipos de depreciações (investimentos fixos e 
semifixos, podendo incluir também a mão de obra do proprietário).
Portanto:
COT = 
Despesas de custeio + depreciações
Totalda produção
Custo total (CT)
Soma ao COT a remuneração de todos os capitais envolvidos na operação, inclusive o custo da 
terra.
Portanto:
CT = 
COT+ juros sobre o capital investido
Total da produção
Mas em qual desses custos o gestor deve se basear para determinar se a atividade apresenta 
lucratividade ou não? Essa é uma decisão que ele mesmo deve tomar considerando a realidade 
do setor em que o empreendimento atua. Por isso, você vai ver, neste tema, exemplos de 
planilha de custos simples, fáceis de serem inseridas na rotina operacional e baseadas no caixa. 
A partir desses exemplos, você poderá encontrar os caminhos para realizar contabilidade de 
custos gerenciais.
A planilha de custos de produção é uma importante ferramenta 
administrativa que possibilita tomadas de decisões melhores e mais 
seguras, auxiliando na busca pelo aumento da competitividade 
do empreendimento. É, portanto, uma ferramenta estratégica 
interna.
Finanças aplicadas ao agronegócio
69
Diferentes fatores influenciam no custo de produção e podem fazer com que ele aumente 
ou diminua, o que causa também a variação do lucro. Geralmente, ações internas do 
empreendimento, como otimizar as atividades operacionais, são boas práticas que ajudam a 
reduzir o custo de produção.
Custos
diretos com
maniquinário
+ pessoal
Custos
diretos com
insumos
Custos
indiretos
Custos de produção
Os preços praticados pelos diversos tipos de compradores, de maneira geral, navegam ao 
sabor do mercado, ou seja, a lei da oferta e da procura somada às oscilações econômicas 
do país. Os problemas de preços são fortemente sentidos pelos produtores nos chamados 
momentos de baixa, normalmente gerados por superoferta ou outra variável mais complexa. 
Quem
manda é o
mercado
Se o seu
custo é alto
ou baixo
Preço de
mercado
Esta parece ser uma verdade para os
setores “antes” e “depois da porteira”
Determinado por
empresas altamente
eficientes
Pouco ou nada
importa para o
comprador
Curso Técnico em Agronegócio
70
As agroindústrias necessitam das matérias-primas produzidas pelo agronegócio para manter 
suas plantas industriais funcionando. Essa mesma teoria também indica que os preços 
médios anuais praticados por elas devem manter a sobrevivência dos produtores. Caso 
contrário, haverá escassez e os preços das matérias-primas subiriam, elevando os custos da 
agroindústria, o que levaria a dificuldades de repasse adiante na cadeia produtiva. 
Se os preços médios praticados proporcionam a manutenção operativa da maioria dos 
produtores rurais, os produtores que obtiverem maiores produtividades baseadas no custo 
de produção (R$/unidade de produto), e não na área de produção, nem em algum outro índice 
técnico, terão melhores condições de obter real rentabilidade em sua atividade.
d
Comentário do autor
Recomenda-se que os gestores do agronegócio tenham total atenção na 
produtividade que pode ser alcançada. Com exceção dos produtores de grãos e 
outras culturas de alto desempenho, assim como os suinocultores e avicultores 
que dispõem de alta tecnologia, a grande maioria dos produtores rurais 
apresenta baixa produtividade. E baixa produtividade carrega um custo alto de 
produção.
É importante que o gestor de finanças do empreendimento no agronegócio tenha liberdade 
para desenvolver suas próprias ferramentas e estabelecer metodologias simples e objetivas 
para obter o custo de produção por unidade de produto. Confrontando essas ferramentas e 
o livro-caixa, ele poderá avaliar constantemente o aspecto financeiro do empreendimento e, 
assim, evitar erros administrativos que podem reduzir o lucro e causar prejuízos.
1. Organização dos fatores de despesas
Em economia, o custo de produção é definido como a expressão monetária do consumo ou 
desgaste de fatores necessários à produção de um bem ou serviço. Assim, o conceito de custo 
está ligado ao gasto de insumos e bens usados para produzir o produto final.
A contabilidade procura criar uma definição um pouco mais prática, classificando o custo de 
produção como resultado da observação de três fatores: os custos fixos, os custos variáveis e 
o horizonte de análise (tempo de maturação do objeto de produção). 
Finanças aplicadas ao agronegócio
71
Legenda: Se o preço do seu produto é definido pelo mercado, obrigatoriamente você precisa ter domínio do custo de produção 
para ser competitivo.
Fonte: Shutterstock.
Custos fixos
Custos fixos são as despesas necessárias para produção de um bem ou serviço que, a princípio, 
não deveriam variar em relação ao volume desse bem ou serviço. Por exemplo, utilizando 
a mão de obra de dois funcionários, um pecuarista leiteiro poderia produzir 300 litros de 
leite por dia. Porém, esse mesmo pecuarista, usando a mesma quantidade de funcionários, 
conseguiria produzir 500 litros de leite por dia. Com isso, as despesas de mão de obra poderão 
ser encaradas como um custo fixo, já que, produzindo 300 ou 500 litros de leite por dia, as 
despesas de mão de obra seriam as mesmas. Portanto, nesse exemplo, a incidência do item 
mão de obra na planilha de custo de produção teria maior peso na produção de 300 litros 
dia – afinal, gastar o mesmo para produzir apenas 300 litros acaba saindo mais caro, não é?
Continuando o exemplo da pecuária leiteira, imagine que esse produtor pretenda triplicar 
sua produção, saindo de 300 para 900 litros de leite por dia, e que dois funcionários não 
mais dariam conta de todos os trabalhos necessários para esse aumento de produção, sendo 
necessária a contratação de mais um funcionário. Nesse momento de análise, o item mão de 
obra passaria a poder ser considerado como um custo variável, já que haveria relação entre 
o volume de produção e a necessidade de mais funcionários para obtenção da produção 
pretendida. Aumento de produção = mais funcionários.
Curso Técnico em Agronegócio
72
Fonte: Shutterstock
Analisando esse caso da pecuária leiteira, a mão de obra pode ser vista como um custo 
fixo dentro do máximo de produção que a atividade conseguiria ter com dois funcionários. 
Não explorar o máximo rendimento da mão de obra disponível no sistema de produção 
representaria aumento do custo de produção devido à relação entre o custo fixo (mão de 
obra) e a produção obtida. 
d
Comentário do autor
No momento do dimensionamento ou da projeção de produção, a mão de obra 
deverá ser vista como uma despesa ou custo variável com forte influência de 
competitividade no custo de produção de qualquer produto do agronegócio.
Para saber quais são os custos fixos, deve-se relacionar as despesas obrigatórias, 
independentemente do nível de produção do sistema. Por exemplo, depreciações de 
investimentos fixos (currais, galpões, cercas, demais instalações) e semifixos (tratores, 
arados, grades, colheitadeiras, ordenhas mecânicas, equipamentos de irrigação, matrizes 
e reprodutores etc.), alguns impostos e tributos, assim como qualquer outra despesa que 
esteja inserida no sistema de produção e necessite de mais de um ciclo produtivo para ser 
amortizada ou paga. 
Finanças aplicadas ao agronegócio
73
c
Leitura complementar
Acesse a biblioteca do AVA e saiba mais sobre custos. Lá você encontra os textos: 
• “Gestão estratégica de custos na tomada de decisão”; 
• “Análise dos sistemas de custeio por absorção e variável”; 
• “Análise de custos na pecuária leiteira: estudos de casos”.
Custos variáveis
Custos variáveis são as despesas necessárias para produção de um bem ou serviço que variam 
em relação ao volume desse bem ou serviço, ou seja, as despesas necessárias para concluir 
um ciclo produtivo do objeto de produção. 
Pode-se considerar como despesas variáveis do empreendimento no agronegócio os seguintes 
itens: adubos, corretivos de solo, defensivos, medicamentos, rações e suas matérias-primas,mão de obra dentro do nível produtivo, energias, embalagens sem retorno, fretes etc. Esses 
itens poderão variar quando o volume produzido variar.
No caso de determinados tipos de produção vegetal, como na cafeicultura, exige-se mão 
de obra para os diversos tratos culturais que são feitos ao longo do ano. No momento da 
colheita, passa a exigir mais mão de obra, a chamada mão de obra temporária, em quantidade 
relacionada ao volume de produção esperado. Como prática, a remuneração dessa mão de 
obra é relacionada às sacas de café colhidas, tendo forte caracterização como custo variável; 
enquanto a mão de obra relacionada aos tratos culturais poderia ter caracterização como 
custo fixo. 
Essa mesma visão se aplica à fruticultura, à produção de madeira, cana-de-açúcar, borracha, 
produção de lã, mel e demais produções oriundas das chamadas culturas perenes e suas 
safras. Vale ressaltar que a contratação de mão de obra temporária poderá ocorrer 
independentemente do nível de mecanização de colheitas.
Para entender a relação entre custo variável e fixo, basta compará-los com a quantidade 
produzida: o variável aumenta com a produção.
Custo fixo
Custo variável
Quantidade
Curso Técnico em Agronegócio
74
Horizonte de análise
Para efeito de apuração dos custos de produção, o horizonte de análise deverá considerar o 
curto e o longo prazo. No curto prazo, o custo de produção deverá considerar as despesas 
ou custos fixos e as despesas ou custos variáveis no somatório das despesas totais. No longo 
prazo, contudo, o custo de produção terá de considerar todas as despesas como totalmente 
variáveis. 
Para compreender melhor, vamos usar como exemplo uma cultura de eucalipto para lenha 
ou carvão. Considerando uma cultura de duração média de 14 anos, com dois cortes, ao 
sétimo e ao décimo quarto ano:
• para fins de análise de custo de produção, o corte de sete anos consideraria as despesas 
de tratos culturais e despesas anexas ocorridas nesse período; 
• as despesas de mudas e implantação da cultura poderiam ser inseridas como depreciações 
com horizonte de 14 anos ou rateadas com os dois cortes; 
• como a planta se manteria em produção até o final do segundo e último cortes, para fins 
de análise do custo de produção, entrariam as despesas de tratos culturais do período e 
as despesas de plantio e implantação da cultura na forma escolhida pelo gestor financeiro; 
• assim, a análise do custo de produção do primeiro corte poderia ser chamada de horizonte 
de curto prazo; e a análise do segundo e último cortes, de análise de longo prazo.
A fruticultura, por sua vez, apresenta dificuldades na análise do custo de produção devido a 
sua longevidade produtiva e a melhor forma de amortizar as despesas de implantação. Por 
exemplo, a macadâmia é uma planta que poderá se manter produtiva por mais de cem anos. 
As pastagens também apresentam dificuldades na apuração de seus custos, em razão da 
possibilidade de um longo horizonte produtivo.
Resumindo, o horizonte de curto prazo analisa um ciclo produtivo, en-
quanto o horizonte de longo prazo analisa determinado período de ci-
clos produtivos em culturas perenes ou o ciclo produtivo de culturas de 
maturação de mais de um ano, tendo produções intermediárias ou não, 
como o caso da cultura do eucalipto.
Custos diretos e indiretos
Os custos também podem ser classificados como diretos e indiretos. 
Custos diretos
São aqueles facilmente identificados na produção de um 
bem ou serviço. Por exemplo, as despesas de adubo para 
determinado plantio ou a quantidade de ração concentrada 
utilizada na engorda de um lote de animais.
Finanças aplicadas ao agronegócio
75
Custos indiretos
Participam parcialmente na produção de um bem ou serviço. 
Por exemplo, a energia elétrica que é utilizada pelo sistema 
de produção, também é usada na sede da propriedade 
ou nas residências de funcionários que participam parte 
do tempo na agricultura e parte do tempo na pecuária da 
mesma propriedade. Pode-se chamar também de custos 
indiretos as depreciações, tema que será abordado mais 
adiante.
2. Fatores que devem compor o custo de produção no agronegócio
O custo de produção terá de ser pautado pela objetividade e simplicidade operacional. O gestor 
financeiro do agronegócio, a princípio, não deverá ter compromissos com a contabilidade 
formal do empreendimento ou empresa rural. A realização da contabilidade oficial ou formal 
para atendimento na integralidade da legislação contábil brasileira terá de ficar a cargo 
de um profissional da contabilidade. Ao gestor financeiro no agronegócio, deverá caber a 
observância do cumprimento irrestrito da aplicação da legislação tributária brasileira, não 
devendo permitir o uso de qualquer subterfúgio no sentido de sonegar as reais informações 
financeiras do sistema de produção, o chamado “caixa dois”.
CUSTOS
DIRETOS
INDIRETOS
FIXOS
VARIÁVEIS
Legenda: Componentes dos custos de produção
d
Comentário do autor
O agronegócio necessita de conhecimentos específicos sobre o comportamento 
da produção, as peculiaridades, as questões fisiológicas das plantas e dos 
animais, o regime climático etc. Detalhes que a Receita Federal brasileira 
desconhece, pois faltam técnicos do setor produtivo que possam melhorar 
o “meio de campo” entre o fisco e a produção no agronegócio. A legislação 
tributária para o agronegócio não é adequada, mas é a que existe e deve ser 
cumprida. Definir os custos em sistemas de produção que envolvam a natureza 
como insumo principal exige um novo olhar por parte do gestor no agronegócio.
Curso Técnico em Agronegócio
76
Em linhas gerais, no empreendimento do agronegócio devem existir três mecanismos de 
administração financeira: contabilidade oficial, livro-caixa e custo de produção. 
• A contabilidade oficial terá de seguir a legislação tributária. 
• O livro-caixa deverá transcrever, diariamente, a realidade financeira do empreendimento 
(recebimentos, pagamentos, contas a pagar e receber, saldo de caixa e/ou bancos) e 
representar a realidade financeira da operacionalidade do sistema de produção. 
• O custo de produção terá de ser a principal ferramenta de gestão financeira do 
empreendimento, simples e objetivo, devendo disponibilizar informações rápidas e buscar 
a máxima aproximação com a realidade do livro-caixa. 
Custo de produção jamais deverá ser comparado a orçamento 
de custos, visto que não representa o quanto deveria custar, 
mas sim o quanto está custando ou custou.
3. Depreciações
No caso da contabilidade de custos, a depreciação deve representar determinado valor a 
ser inserido na planilha de custo de produção, com a finalidade de, ao longo de certo tempo, 
realizar a amortização dos capitais investidos na aquisição ou obtenção desse bem.
Legenda: Você reserva um valor para manutenção e troca dos equipamentos? 
Fonte: Shutterstock.
Finanças aplicadas ao agronegócio
77
Objetivamente existem três formas de lidar com a aplicação prática das depreciações:
1
Sob as regras tributárias vigentes, é possível criar despesas contábeis basea-
das nos valores calculados sobre os ativos utilizados no sistema de produção. 
O objetivo é a diminuição do chamado saldo operacional (saldo antes do 
imposto de renda) visando à diminuição do pagamento do imposto de renda 
anual. Mas atenção! Essa "vantagem" só é aplicável para a empresa rural, e 
não ao produtor rural pessoa física.
2
No desenvolvimento de um novo projeto, o valor residual obtido pela 
aplicação das teorias de depreciação servirá para avaliação total do 
empreendimento. Isso quando exigida a imobilização de investimen-
tos fixos e semifixos e quando examinada ao longo de um horizonte 
que tenha início, meio e fim. Valor residual é o valor de um ativo que 
sofre depreciação ao final de sua vida útil.
3 A forma mais importantepara os custos de produção é a aplicação dos valo-res depreciados, relativos aos investimentos fixos e semifixos utilizados no sistema de produção, como despesas (custos indiretos) na planilha do custo 
de produção de um determinado produto. 
O objetivo do cálculo de depreciação é incluir nos custos, de forma parcelada, os investimentos 
(valores de aquisição) realizados para o desenvolvimento da atividade, e os bens adquiridos 
(máquinas, equipamentos, instalações, matrizes etc.) serão usados em vários ciclos produtivos, 
não podendo ser amortizados de uma única vez. 
As depreciações têm por objetivo, além de pagar ao longo do tempo o bem utilizado, criar 
capacidade financeira para reposição quando do final de sua vida produtiva.
Na contabilidade oficial da empresa rural, é permitido aplicar a depreciação sobre os bens 
fixos (currais, instalações produtivas, galpões, casas de colonos voltadas ao sistema de 
produção, cercas etc.) e os bens semifixos (máquinas, equipamentos, matrizes e reprodutores, 
as chamadas culturas perenes etc.). 
Na contabilidade oficial, não existirá cálculo de depreciação para a terra 
porque a terra não deprecia, não perde valor, não precisa de reposição. 
A única possibilidade legal de utilizar as depreciações em terra estará re-
lacionada à mineração, em que a terra propriamente dita é o produto, 
portanto sofre exaustão patrimonial.
Curso Técnico em Agronegócio
78 c
Leitura complementar
Na biblioteca do AVA, você encontra o texto “Tratamento contábil de ativos biológicos 
e produtos agrícolas”. Leia e saiba mais!
O que determina a contabilidade para o correto cálculo da depreciação de um bem
O valor a ser depreciado será igual ao valor de aquisição do bem ou a soma de valores gastos 
para construir esse bem. Deverá ser previsto pelo gestor o tempo de vida útil desse bem, 
mensurado em anos. Ao final da vida útil, terá de ser previsto também o valor residual, ou 
seja, o valor que teoricamente seria obtido na venda desse bem ao final de sua vida útil. 
Normalmente, o valor residual está na faixa de 10% do valor de aquisição. Do valor de aquisição, 
deverá ser subtraído o valor residual. O resultado encontrado terá de ser dividido pelo número 
de anos que foi previsto como a vida útil desse bem. O valor encontrado será utilizado como 
uma despesa indireta na planilha do custo de produção, no caso, o valor anual. Esse valor 
poderá ser divido por doze meses e, então, será encontrado o valor mensal, podendo ser 
desdobrado para quinzenal, semanal ou diário da depreciação do bem analisado. Será preciso 
fazer um cálculo separado para cada bem fixo e semifixo que estiver participando do sistema 
de produção, visto que cada bem tem determinado valor e vida útil diferente entre eles.
A fórmula a seguir está de acordo com os princípios da contabilidade. O problema é como aplicá-
la de forma prática para a determinação do custo em sistema de produção no agronegócio.
Valor de
aquisição
Vida
útil
-
=
Valor
residual
Valor a ser
depreciado =
R$ 1/anoR$ 10 - R$ 9
9 anos
Normalmente são vários equipamentos e máquinas que funcionam há muitos anos, 
construções que podem ser antigas etc., levando a grandes dificuldades para os cálculos. A 
cada novo ciclo produtivo, essa formula deverá ser reavaliada. No caso de novas aquisições 
fixas e da pecuária, os descartes anuais de matrizes e reprodutores com as devidas reposições 
levam a uma nova avaliação do conjunto de fórmulas. Por isso, é importante ter um banco 
de dados dinâmico para as constantes reavaliações das depreciações que deverão constar no 
custo de produção.
Proposta simplificada para o cálculo das depreciações
Na contabilidade gerencial, o cálculo da depreciação segue alguns princípios de arbitragem 
de valores e tempos feitos pelo gestor, diferente do cálculo permitido pelo fisco que seguem 
regras legais.
Finanças aplicadas ao agronegócio
79
O cálculo mais prático e simples para o agronegócio é a avaliação sumária de todos os valores 
imobilizados em investimentos fixos e semifixos usados pelo sistema de produção. Ao valor 
resultante deverá ser aplicado um porcentual que satisfaça o(s) proprietário(s) ou o gestor 
financeiro do empreendimento. O valor do porcentual a ser utilizado poderá representar o 
tempo exigido de retorno dessa soma de dinheiro investido. Pode-se usar o chamado custo 
de oportunidade desse capital como base de depreciação para o cálculo. Veja, a seguir, a 
fórmula simplificada da depreciação.
Soma dos valores
imobilizados em
investimentos
fixos e semifixos
x =Porcentualarbitrado
Valor a ser
depreciado
R$ 1/anoR$ 10 x 10% =
No exemplo, evitou-se o cálculo da depreciação para cada item imobilizado, realizando 
orçamento sumário dos valores imobilizados – que deverão ter como pressuposto o possível 
preço de venda no momento da realização do orçamento. 
Caso haja novas aquisições ou vendas de algum bem, eles terão de ser incluídos ou excluídos 
do valor total. No caso de matrizes e reprodutores, os valores a serem utilizados deverão ser 
os de aquisição ou os de mercado, no caso da reposição de matrizes oriundas do próprio 
rebanho.
Se o percentual previsto em 10% ao ano teve como objetivo esgotar o tempo de uso dos 
bens, ele deverá ser de dez anos (10% ao ano = 100% em dez anos). Caso a opção seja pelo 
custo de oportunidade do capital, a remuneração dos capitais imobilizados seria calculada 
com rendimentos de 10% a.a. (10% representa o valor previsto pelo gestor financeiro para 
remuneração anual do capital). Vale lembrar que 10% também poderão representar 0,83% ao 
mês, ou 0,027% ao dia. Cabe ao gestor escolher qual método utilizará em sua planilha.
4. Os fatores do custo de produção que podem gerar polêmicas
O custo da terra na planilha de custo de produção
Se a decisão do gestor financeiro no agronegócio for a colocação do custo da terra na planilha 
de custo de produção, vale relembrar que este será classificado como custo indireto e fixo. 
Os princípios da contabilidade estabelecem que todos os bens fixos e semifixos envolvidos no 
sistema de produção devam participar, dentro de suas proporcionalidades e classificações, 
como despesas na planilha de custo de produção de determinado bem. Esse princípio é 
adotado com certa tranquilidade operacional para os setores “antes” e “depois da porteira”, 
pois não têm a terra como base interativa de suas produções – na maioria dos casos, a terra 
representa a base física para as operações. A localização territorial dessa base física poderá 
ser um diferencial para alguns setores, devido à fluidez operacional e/ou comercial ou, em 
outros casos, em que a localização física tenha algum outro tipo de diferencial competitivo. 
Curso Técnico em Agronegócio
80
Legenda: Quanto custa a terra? 
Fonte: Shutterstock.
Os empreendimentos que utilizam a terra apenas como base operacional ou física normalmente 
não apresentam problemas em colocar o valor imobilizado dessa base operacional (terra) em 
suas planilhas de custos gerenciais. A representação desses valores é sempre proporcional aos 
negócios desenvolvidos nesses setores, que têm preços e expectativas comerciais bem diferentes 
do agronegócio, pois operam de forma mais ágil e apresentam maturação técnica, financeira e 
econômica em níveis jamais comparáveis aos agronegócios.
O
Informação extra
Existem empreendimentos no chamado primeiro setor que se utilizam da terra, 
como a mineração, e recebem um tratamento específico pelo fisco. A terra de 
mineração opera em condições totalmente diferenciadas do agronegócio, pois o 
valor da terra a ser minerada e seu alto valor patrimonial é usado no sentido de não 
vir a inviabilizar contabilmente a atividade, permitindo a depreciação da “terra”.
Empreendimentos do terceiro setor, por exemplo, carregam grandes valores patrimoniais. 
Nessa situação, o fiscotambém possibilita tratamento diferenciado para não haver 
inviabilidade contábil. É o caso de empresas de transporte aéreo: o valor de um único avião, 
se aplicado no mercado financeiro, poderá gerar mais resultados para o seu proprietário do 
que os lucros que possam ser auferidos por esse avião. Por isso há um incentivo fiscal, uma 
vez que as empresas possuem centenas de aviões. 
A sociedade encontrou uma forma de viabilizar essas importantes empresas: o fisco permite 
que elas tenham um patrimônio mínimo e operem seus equipamentos em sistema no qual 
não se compra efetivamente esses equipamentos caros. Eles são alugados, e essas despesas 
contabilizadas como qualquer outra. Esse sistema é conhecido como leasing (uma espécie de 
aluguel ou arrendamento com opção de compra). Navios podem ter financiamentos de órgãos 
Finanças aplicadas ao agronegócio
81
governamentais que duram o mesmo que a sua vida útil, com juros baixos e longos prazos. Ao 
final da operação financeira, o equipamento vai para o ferro velho e o valor patrimonial que 
vai se formando ao longo da vida útil com base no pagamento do financiamento também vai 
sofrendo depreciação. Duas despesas são criadas ao mesmo tempo para fins de diminuição 
de saldo operacional.
Objetivamente o valor da terra no agronegócio representa o ativo de maior imobilização 
financeira. Utilizar mecanismos no sentido de imputar o valor da terra como despesa indireta 
na planilha de custo de produção no agronegócio será decisão do gestor financeiro. Não haverá 
diminuição da qualidade e veracidade do custo encontrado se colocar ou não o valor da terra 
na planilha, pois, em quase todos os casos, ao se colocar o valor real da terra na planilha e 
aplicar o custo de oportunidade real sobre esse valor, não deverá haver atividade agropecuária 
que consiga suplantar os ganhos prometidos pelo chamado custo de oportunidade. Esse fato 
é de percepção mundial, guardadas as devidas proporções.
Aproveitar ou não o diferencial e a vantagem competitiva da terra para o agronegócio? 
Para entender melhor o peso da terra como vantagem competitiva para o agronegócio, 
observe o comparativo entre as chamadas “terra boa” e “terra ruim” no quadro a seguir.
Terra boa Terra ruim
Mais cara Mais barata
Topografia, solos, água e clima favoráveis. 
Poderá vir acompanhada, ainda, de 
condições altamente favoráveis nos aspectos 
operacionais e comerciais na região de 
sua localização, indicativos também de 
boa liquidez (resguardados os momentos 
econômicos do país).
Topografia, solos, água, clima e regionalismos 
desfavoráveis deixam terra a mais barata e 
com baixa liquidez. 
Teoricamente, produzir na terra boa é mais 
fácil, visto que as condições naturais são 
favoráveis, indicando custo de produção mais 
baixo.
Na terra ruim, em princípio, os custos seriam 
mais altos, devido ao uso de mais insumos e 
às produtividades diminuídas pelas condições 
naturais inadequadas.
Ao se colocar o valor da terra no custo de 
produção, nos produtos oriundos da terra boa 
o valor do custo da terra seria mais alto.
Nos produtos oriundos da terra ruim, o valor 
do custo da terra seria mais baixo.
Os produtos produzidos na terra boa teriam 
menos exigências em insumos (menos 
despesas) e produtividade maior devido as 
boas condições da natureza.
Os produtos produzidos na terra ruim teriam 
mais exigências de insumos (mais despesas) e 
produtividade menor devido às más condições 
da natureza.
Com base nessa análise mais teórica, os custos dos produtos produzidos nos dois tipos de 
terras seriam idênticos no plano contábil. Isso porque, apesar de ser mais fácil produzir na 
Curso Técnico em Agronegócio
82
terra boa, ela é mais cara. Por outro lado, o preço da terra barata pode compensar os gastos 
maiores com a produção.
Já no plano gerencial, os produtos da terra cara teriam custos mais baixos. Isso porque o 
que importa para gestão financeira no agronegócio é o plano gerencial, a gestão de caixa, a 
manutenção da capacidade operacional e a maximização dos lucros. Na visão gerencial a 
terra boa é uma vantagem competitiva, e não reserva de valor patrimonial que tem de 
ser remunerada. 
O agronegócio é caracterizado por ter custo alto de entrada e de saída; e na saída, caso 
aconteça, o valor da terra automaticamente deverá compensar o alto custo de entrada. A 
única forma de não ter alto custo de entrada na questão da terra é a opção da exploração com 
base em arrendamento de terras, evitando alta imobilização nesse tipo de ativo. Porém, o 
valor do aluguel terá de compor o custo de produção e não haverá ganho patrimonial durante 
o período, se for o caso, ao final das operações.
Remuneração dos capitais imobilizados no sistema de produção
Você viu que, na formação do ativo de um empreendimento no agronegócio, é necessário 
imobilizar capitais. Em linhas gerais, esses capitais estarão distribuídos entre os bens 
classificados como fixos e semifixos, assim como em capital de giro.
Há diversas formas de remunerar esses capitais. Alguns modelos utilizados em planilhas 
de custo de produção procuram remunerá-los aplicando sobre eles o chamado custo de 
oportunidade. Há planilhas que só remuneram o custo da terra, outras remuneram os ativos 
fixos e semifixos, bem como o capital de giro, havendo também casos apenas da remuneração 
do capital de giro. 
Ao aplicar algum índice de remuneração sobre os capitais usados pelo sistema de produção, 
seja de que forma for, o custo de produção estará sendo onerado (gerando gastos excessivos) 
com despesa financeira contábil. Desse modo, na prática, o produtor rural não realizará ou 
realizou essa despesa, no entanto o modelo de custo determina que o produto deverá ser 
capaz de pagar o custo de oportunidade desses capitais. 
Quando as planilhas de custo de produção apresentam excessivas despesas contábeis, elas 
passam a ter forma de orçamento, ou seja, o resultado deixa de representar o quanto custou, 
passando a representar o quanto deve custar, perdendo o cunho gerencial. O gestor se 
atentará apenas ao custo de produção e só reconhecerá a existência de lucratividade se o 
preço de comercialização suplantar o “custo orçamentado”.
d
Comentário do autor
Seria, então, errado aplicar a planilha de custos com esses princípios? Errado 
não é, pois o gestor decidirá a forma que lhe convier para tomar suas decisões. 
Mas, como você já aprendeu, a confecção de custos de produção em um sistema 
produtivo tem finalidade estratégica: serve para tomada de decisões financeiras 
sobre o empreendimento, não estando sob as regras da contabilidade. 
O resultado encontrado interessa apenas ao gestor financeiro.
Finanças aplicadas ao agronegócio
83
A decisão de desenvolver planilhas de custo com cara de “custo orçamentado” não deve 
ser utilizada pelos gestores financeiros no agronegócio, pois cria cenários com aspectos de 
irrealidade operacional. A modelagem do chamado “custo orçamentado” pretende remunerar 
o empreendimento de forma duplicada: a atividade tem de apresentar resultados satisfatórios 
em seu objetivo principal e, ainda, pagar juros sobre os capitais empregados para produção.
Fonte: Shutterstock.
Cabe ressaltar que a utilização de financiamentos bancários – como o crédito rural para a 
aquisição de bens fixos, semifixos e capital de giro –, não deve entrar no custo de produção, 
já que os diversos ativos formados a partir desse crédito entraram na forma de elementos 
de despesas, seja pela via direta ou indireta, como as depreciações na planilha de custo de 
produção. 
As despesas de juros e outras referentes ao crédito bancário devem entrar no custo de 
produção. Obtido o saldo operacional do empreendimento, a disponibilidade financeira 
primeiramente será usada para cumprir compromissos de financiamentos de crédito rural. A 
sobra financeira que venha aexistir será submetida ao imposto de renda, gerando o lucro e a 
rentabilidade real da atividade. 
c
Leitura complementar
Você já deve ter percebido que a biblioteca do AVA está repleta de materiais 
interessantes para complementar os seus estudos. Aproveite e saiba mais 
consultando os textos:
• “Análise dos custos de produção de citros em uma pequena propriedade no 
RS”; 
• “Avaliação do custo de produção de arroz em pequenas propriedades rurais 
no RS”; 
• “Gestão de custos no agronegócio: um estudo de caso em uma propriedade rural”; 
• “Gestão de custos na suinocultura”; 
• “Gestão de custos aplicada ao agronegócio: culturas temporárias”; 
• “Custo de oportunidade”; “Análise econômica em gado de corte”.
Curso Técnico em Agronegócio
84
Remuneração do(s) proprietário(s)
Objetivamente, podemos começar este item com uma afirmativa: o dono só vê dinheiro se 
sobrar! Planilhas de custo de produção podem colocar, entre seus fatores de despesas, a 
remuneração do(s) proprietário(s), seja empreendimento pessoa física ou jurídica. 
Outra vez esse fator estará representando valor contábil, pois o proprietário só terá acesso 
a qualquer tipo de remuneração se houver sobra ou lucro, diferentemente dos funcionários, 
que são contratados para trabalhar no sistema de produção – já que, independentemente de 
haver sobra financeira ou não, seus salários e compromissos deverão ser cumpridos sob a 
forma legal.
Não importa se o agronegócio desenvolvido é de grande porte ou familiar, pois até mesmo na 
agricultura familiar a remuneração do proprietário será o lucro, mesmo este sendo o único 
trabalhador da atividade. Essa é a visão do custo gerencial. No chamado “custo orçamentado”, 
o gestor passa a imputar valores salariais ao(s) proprietário(s). Prevê-se um valor de um salário 
mensal e coloca-se na planilha, passando a ser um valor onerador. 
Apesar de o possível envolvimento laboral ou administrativo do 
proprietário no sistema de produção ter valor financeiro, na visão 
do custo gerencial esse valor só existirá se houver sobra.
As despesas necessárias para que o proprietário possa usar sua força de trabalho no sistema de 
produção (como alimentação, transportes etc.) devem entrar na planilha, mas a remuneração 
salarial ficará a cargo do que gestor financeiro decidir. 
d
Comentário do autor
No que se refere à definição do valor do “salário do proprietário”, alguns 
proprietários entendem que seu salário deveria ter um valor determinado 
e maior do que o de uma pessoa que fosse contratada para fazer o mesmo 
trabalho. No entanto, o recomendado é que o dono realmente “só veja dinheiro 
se sobrar”. Houve lucro? Tudo bem, você pode tirar a sua parte.
Novamente cabe reforçar que, se o gestor financeiro optar por construir a planilha de custo 
de produção com viés voltado ao que se passou a chamar de “custo orçamentado” (com a 
utilização dos itens descritos como os mais polêmicos em sua forma contábil), os resultados a 
serem encontrados devem assumir posições intermediárias, com o uso do custo operacional 
efetivo (COE), do custo operacional total (COT) e do custo total (CT), formando perfil mais 
contábil do que gerencial. A opção será do gestor.
Finanças aplicadas ao agronegócio
85
c
Leitura complementar
Busque na biblioteca do AVA os seguintes textos e leia-os:
• “Custo de produção: uma importante ferramenta gerencial na atividade 
leiteira”; 
• “O custo de produção agrícola na visão da Conab”; 
• “Custos: sistema de custos de produção agrícola”
5. Os fatores do custo de produção que não geram polêmicas
Insumos utilizados durante o ciclo produtivo
Seja qual for a atividade do agronegócio, a planilha do custo de produção deverá conter os 
diversos insumos utilizados durante o ciclo produtivo. Para tanto precisará ser desenvolvida 
uma metodologia para cumprir essa trabalhosa rotina, em que o tipo de insumo, as quantidades 
e o preço de aquisição terão de ser cuidadosamente anotados. Veja na tabela a seguir um 
exemplo de insumos de mensuração direta.
Insumo Quantidade R$\Unid. R$ 
Mão de obra + Leis sociais 4 1.200 57.600,00
Pastagens 60 ha 386,6 23.196,00
Concentrado 160 t 1.350 216.000,00
Sal mineral 1,8 t 2.350 4.230,00
Fonte: Elaborado pelo autor
Cabe destacar que, quanto aos insumos existentes em estoque e aos insumos empregados, o 
custo de produção deverá trabalhar somente com os insumos efetivamente utilizados e seus 
preços de compra. O estoque e seus custos não deverão constar nessa planilha, já que não 
foram usados no processo produtivo. 
A boa ou a má gestão das despesas financeiras geradas pelos estoques apresentarão seus bons ou 
maus resultados no livro-caixa. Poderá ocorrer o caso de determinado produtor que tenha custos 
baixos apresentar baixa ou nenhuma rentabilidade na atividade devido à má gestão financeira do 
empreendimento, seja na gestão do estoque e/ou nas contas a pagar ou receber.
Para os pecuaristas que utilizam como insumo alguns alimentos para os animais produzidos 
na propriedade (como silagem, feno, banco de leguminosas, capim picado, cana etc.), poderá 
ser mais difícil estabelecer os valores a serem usados na planilha de custo de produção. O 
gestor financeiro tem duas alternativas para obter o valor a ser utilizado para esses alimentos. 
A primeira alternativa, e a mais complicada, é desenvolver uma nova planilha de custo de 
produção para cada alimento de produção própria. Nessa opção, cada alimento produzido 
deverá ter todas as suas etapas devidamente contabilizadas, realizar a colheita e, com o 
resultado da produção, encontrar o custo por tonelada de alimento produzido. O gestor 
teria de trabalhar com os chamados “centros de custos” e as devidas proporcionalidades das 
Curso Técnico em Agronegócio
86
despesas em comum que forem geradas pelos denominados custos indiretos, somados às 
despesas diretas e às despesas variáveis. Esse tipo de trabalho cria melhor aproximação com 
a realidade no custo do preparo do alimento nas individualidades de cada propriedade e 
nos sistemas de produção, no entanto sua prática é complicada devido à utilização de rotina 
sobre rotina. Como grande parte das propriedades rurais tem dificuldade na manutenção das 
rotinas de anotações, sistemas como esses provavelmente terão problemas operacionais.
Exemplo de centro de custos
Custo anual
de máquinas e
equipamentos
Custo da
silagem de
milho
Custo da
cana-de-
açúcar
Custo da
silagem de
capim
Custo das
pastagens
Custo
anual de
produção
de leite
Custo da
fêmea de
reposição e
instalações
Custo anual
de mão de obra
Custo anual
de instalações
A outra alternativa para os gestores obterem os preços dos vários alimentos que possam ser 
produzidos na propriedade seria o uso dos preços correntes no mercado para esses alimentos. 
A visão é simplista e clara: se o alimento tem determinado preço no mercado, o produtor 
poderia vender ou comprar esse insumo alimentar, portanto o preço de mercado, e não o de 
custo, é que deverá compor a planilha do custo de produção do produto principal. Pode-se 
usar essa perspectiva mais simples também na produção agrícola. Caso se empregue algum 
tipo de insumo na produção do produto principal, pode-se considerar o seu valor de mercado. 
Por outro lado, se for utilizado algum insumo produzido na propriedade que o mercado não 
comercializa, então o gestor terá de desenvolver uma planilha própria de custo desse insumo, 
podendo até criar algum tipo de referencial de valores para uso em novos ciclos produtivos 
para o produto principal.
Finanças aplicadas ao agronegócio
87
Legenda: Insumos produzidos na propriedade podem ter o seu custo baseado no valor de mercado ou então calculados à parte 
Fonte: Shutterstock.
Vale ressaltar que o conceito de custo de produção no agronegócio, deve ser estratégico.Não é 
obrigatório que ele esteja atrelado às regras estabelecidas pela contabilidade. O custo deverá ser 
sempre o resultado da soma das despesas diretas e indiretas, sejam elas fixas e/ou variáveis, soma 
essa que deverá ser dividida pela produção obtida. O livro-caixa terá, ao longo do ciclo produtivo, 
de ratificar ou não os princípios adotados pelo gestor no tipo e na forma de planilha de custo 
adotada. Resumindo, do ponto de vista estratégico, o custo não tem a ver com a contabilidade, 
mas é uma ferramenta para tomada de decisões pelos gestores do agronegócio.
As despesas de mão de obra
Você já estudou sobre a imputação de remuneração ou salários aos proprietários (pró-labore), 
independentemente de seu porte. Agora, verá os valores disponibilizados para pagamentos 
de funcionários e o cumprimento das obrigações de pagamentos que incidem sobre as 
chamadas leis sociais. 
As despesas geradas pelas leis sociais ou obrigações trabalhistas envolvem diversos valores 
que são efetivamente realizados em diferentes momentos. Entre eles estão pagamentos como 
previdência social, FGTS, vale-transporte e vale-alimentação, creche, férias, 13o salário, descanso 
semanal remunerado, indenizações etc. Cada porte e tipo de empreendimento ou empresa 
poderá apresentar diferenciações nas despesas referentes às leis sociais. O gasto com salários 
pode variar de 60% a 120%, ou até mais, sobre os valores efetivamente pagos como salários; ou 
seja, alguém com salário de R$ 1.000,00 na verdade pode custar mais de R$ 1.600,00.
Fonte: Shutterstock.
Existem, ainda, despesas relativas ao pagamento do profissional da contabilidade, visto que 
não é tão simples entender e cumprir com o pagamento de todas essas obrigações. A despesa 
Curso Técnico em Agronegócio
88
referente ao pagamento da prestação de serviço do contador deverá ser colocada como 
despesa administrativa, já que este profissional terá de, também, auxiliar no cumprimento de 
outras obrigações legais do empreendimento ou empresa. 
Se a metodologia adotada pelo gestor do agronegócio estiver baseada no horizonte temporal 
do ano civil (de janeiro a dezembro), deverão ocorrer praticamente todas as despesas 
referentes às chamadas leis sociais. Então bastará manter as anotações de despesas que se 
derem dentro de cada momento, somá-las e obter, no mês de janeiro do ano seguinte, o valor 
total que foi gasto com o cumprimento do pagamento das leis sociais. Este valor é somado 
aos salários efetivamente pagos aos funcionários e, então, ter-se-á o total de despesas com o 
item mão de obra.
O problema de usar essa metodologia para obtenção do denomina-
do custo estratégico é que alguns ciclos produtivos não ocorrem ao 
longo de todo um ano civil (de janeiro a dezembro). Então como men-
surar as despesas de mão de obra somadas às leis sociais em ativida-
des de ciclos menores que doze meses?
Caso a atividade desenvolvida tenha mais de um ciclo anual ou ciclos curtos, podendo até 
ser mensais, a utilização das despesas ocorridas apenas no mês poderá acarretar distorções, 
pois existem meses em que as despesas referentes às chamadas leis sociais terão maior 
ocorrência, como férias, indenizações e pagamento de 13o salário. Isso pode provocar um 
aumento desproporcional no custo de produção, já que o item mão de obra no agronegócio 
costuma ter valores significativos na planilha de custo de produção.
O gestor do agronegócio pode lançar mão de dois métodos para inserir os custos das leis 
sociais nos custos de produção, independentemente da passagem de um ano civil. 
O primeiro é o estabelecimento de um percentual médio sobre os valores efetivamente pagos 
como salários. Em números gerais, as leis sociais sobrecarregam em média o equivalente a 
80% sobre os valores pagos como remuneração aos funcionários de um sistema de produção, 
ou seja, para cada R$ 1.000,00 pagos de salários, em média, deverá ocorrer despesa 
equivalente a R$ 800,00 para cumprimento das obrigações sociais. Portanto, na planilha de 
custo de produção, o gestor deverá onerar em 80% os valores que foram pagos em salários, 
possibilitando, dessa maneira, o cálculo do custo da mão de obra em ciclos produtivos que 
tenham seus horizontes menores que um ano civil.
d
Comentário do autor
Nos exemplos que serão mostrados sobre custo de produção, esse percentual de 
80% como despesas referentes às obrigações trabalhistas ou leis sociais sempre 
será utilizado.
No segundo método, as despesas referentes aos pagamentos das obrigações trabalhistas 
deverão ter também a utilização de determinado percentual sobre os valores pagos como 
salários. No entanto, ele será baseado nas experiências ou nos valores efetivamente gastos 
Finanças aplicadas ao agronegócio
89
com o cumprimento das obrigações trabalhistas em anos anteriores. O gestor deverá fazer 
um levantamento em seu livro-caixa do ano anterior, destacar todos os valores que foram 
gastos para pagamentos das obrigações trabalhistas e confrontar com os valores totais pagos 
em salários. A relação percentual encontrada é que terá de ser usada como referência para o 
cálculo em porcentual do pagamento das obrigações trabalhistas no ano seguinte. 
Cada empreendimento ou empresa poderá ter caso específico, seja por 
seu porte, seja pelas características de tipos de benefícios que podem ser 
utilizados além dos obrigatórios. Dessa forma, o percentual empregado 
deverá apresentar grande aproximação com a realidade de cada caso.
6. O fator do custo de produção de difícil mensuração: pastagens
O cálculo do custo de produção das pastagens apresenta extrema dificuldade. A utilização de 
pastagens como base alimentar de rebanhos bovinos como principal insumo da produção 
apresenta complicação para ser avaliada no custo de produção de seus respectivos produtos, 
como carne e/ou leite. Pastagens são culturas que podem ou não ter despesas de implantação, 
mas obrigatoriamente apresentam despesas de manutenção e, se bem manejadas, podem 
durar dezenas de anos. Como calcular seus custos então?
Fonte: Shutterstock.
Em linhas gerais, a pastagem artificial ou cultivada tem determinada rotina para sua 
implantação. Dentro da normalidade, as despesas referentes ao preparo de solo, correção 
de acidez, adubação e plantio acontecem na primavera ou no início da estação com calor e 
chuvas. No livro-caixa, essas despesas ficam locadas e devidamente finalizadas no ano civil 
do plantio. No ano seguinte, seguem as despesas de tratos culturais, caso haja, e as primeiras 
Curso Técnico em Agronegócio
90
utilizações dessas pastagens, dependendo do caso, já podendo ocorrer as primeiras adubações 
de cobertura.
No terceiro ano o sistema entra em uso normal, com as práticas de manejo que forem julgadas 
mais adequadas para a proposta de criação (podendo variar de acordo com a carga animal 
a ser empregada por hectare). Quanto maior a carga animal, maior a exigência de manejo 
adequado e maiores as adubações de reposição da fertilidade do solo para maior produção 
de forragem. Procura-se obter o chamado ganho de escala, mais bovinos por hectare ou mais 
unidades animais (UAs) por hectare. 
A questão é se esse seria um pasto mais caro do que um pasto cuja carga animal fosse menor, 
com pouca ou nenhuma reposição da fertilidade do solo, tendo como consequência um menor 
ganho de escala. Nesse caso, pode-se pensar que há uma proporcionalidade: gasta-se mais 
em adubação com mais animais por área/gasta-se menos em adubação com menos animais 
por área. Assim, o custo da forragem produzida na pastagem seria o mesmo. 
Outras questões ainda podem passar pelo processo decisório do gestor, por exemplo:
• As despesas de implantação ficariam perdidas no ano de sua implantação? 
• As despesas com as pastagens se limitariam apenas ao uso de fertilizantes e outros 
manejos de controle de pragas? 
• As pastagens que, apesarde serem artificiais e terem despesas de plantio, o gestor 
entender que não deve adubar por considerar satisfatória a resposta de produção que 
está sendo obtida teria, então, custo zero? 
• No Brasil as pastagens naturais representam cerca de 45% do total de todas as pastagens 
do país. Essas pastagens naturais que não tiveram despesas de plantio, mas que podem 
ou não necessitar algum tipo de manejo, não teriam custos?
Os diversos autores que publicaram trabalhos científicos sobre pastagens como itens de 
despesas nos últimos 30 anos se utilizaram dos seguintes recursos para criar essas despesas: 
depreciação do valor da terra, valor de arrendamento da terra, percentual do valor 
do produto, percentual do valor da terra ou despesas correntes realizadas com as 
pastagens no período. Existem casos em que essas modalidades de avaliação das despesas 
com pastagens se sobrepõem. 
d
Comentário do autor
O uso desses métodos ocorre devido às dificuldades de se avaliar as várias 
possibilidades que as pastagens podem apresentar. O gestor no agronegócio 
deverá avaliar qual método será utilizado em seu sistema de custos, procurando 
a aproximação com a realidade de cada caso.
As pastagens vistas como insumo
Finanças aplicadas ao agronegócio
91
Você verá agora um novo método para o cálculo das despesas referentes às pastagens. O 
objetivo é transformar a forragem pastejada em um insumo alimentar como qualquer outro; 
a diferença será que, em vez de o alimento ser fornecido em comedouros, os animais terão 
de ir às pastagens para obtê-lo.
O primeiro pressuposto é de que a forragem produzida em pastagens deverá ter sempre o 
mesmo custo (OLIVEIRA, 2012). A princípio não tem cabimento uma pastagem ser mais cara 
do que outra. Determinada pastagem poderá gerar mais despesas do que outra e ter, como 
contrapartida, a possibilidade de aumentar o número de animais por área, criando o chamado 
ganho de escala. Esse pressuposto determina que o valor ou o custo da forragem produzida 
em pastagem deverá ser sempre o mesmo, seja a pastagem artificial ou natural.
Projeção teórica do comportamento do custo da pastagem diante da adubação
PA
ST
A
G
EN
S
D
ES
PE
SA
S
ADUBAÇÃO
Área de rentabilidade de pastagem
Despesas com adubação
Suporte pastagens
Ganho de escala
Produção de forragem da pastagem
Custo da pastagem
Ponto limite
Fonte: Elaborado pelo autor.
O passo seguinte é a determinação do valor da tonelada de forragem produzida em uma 
pastagem. Na biblioteca do AVA você encontra uma planilha com orçamento para formação 
e manutenção de cinco tipos de pastagens. Para atualização dos valores, será necessário 
colocar os valores correntes para a hora da máquina, a diária da mão de obra, o valor médio 
da tonelada do adubo químico composto e o valor médio para o quilo da semente de capim.
j
Atividades práticas
Acesse a planilha “Custo da forragem.xlsx” e explore as possibilidades de 
cálculos.
Curso Técnico em Agronegócio
92
A outra forma para obtenção do valor a ser utilizado para a tonelada da forragem produzida 
em pastagem é bem mais simples. O valor que poderá ser usado será o equivalente a 10% do 
valor comercial da silagem de milho; ou seja, se a tonelada de silagem de milho estiver sendo 
comercializada por R$ 150,00, o valor da tonelada da forragem produzida em pastagem deverá 
ser R$ 15,00. O gestor poderá escolher entre um método com maior fundamentação teórica, 
como o disponibilizado na planilha de cálculo, ou utilizar essa metodologia simplificada.
Sob esse ponto de vista, transforma-se a forragem produzida nas pastagens em um produto. 
A partir da obtenção do valor ou preço de uma tonelada, agora é preciso determinar a 
metodologia para calcular o consumo desse produto pelos animais em pastagens. Com esse 
consumo determinado, ter-se-á a quantidade de forragem consumida em pastagem (em 
toneladas) para ser colocada na planilha de custo de produção de carne ou de leite no item 
“pastagem”.
As pastagens vistas como insumo: predição de consumo de pastagens por bovinos e sua 
mensuração financeira
Os estudiosos da nutrição animal já determinaram, há muitos anos, que ruminantes bovinos 
podem consumir até 10% de seu peso vivo em alimentos verdes em 24 horas. Para fins de 
cálculo de organização e planejamento em pecuária bovina, utiliza-se como padrão de medida 
a unidade animal (UA). Uma UA equivale a 450 kg de peso vivo. 
Os bovinos são organizados em categorias que podem ser estipuladas pela idade e também 
pela fase produtiva. Cada categoria de bovino foi padronizada pelo sistema de unidades 
animais com determinado valor em UAs. São elas:
Bovinos machos e fêmeas de 1 dia a 12 meses de idade, bezerros(as) 0,25 UA
Bovinos machos e fêmeas de 13 a 24 meses 0,50 UA
Bovinos machos e fêmeas de 25 a 36 meses 0,75 UA
Bovinos machos e fêmeas de 37 a 48 meses 1,00 UA
Vacas não gestantes 1,00 UA
Reprodutores 1,25 UA
Fonte: Elaborado pelo autor
Com base nesse padrão e de posse da composição física do rebanho, seja ele de corte ou leite, 
bastará multiplicar o número de cabeças existentes em cada categoria pelo padrão de UA da 
respectiva categoria. O valor encontrado terá de ser o total de UAs que o rebanho aferido 
representa no momento do cálculo. O total em UAs multiplicado por 450 kg (valor padrão de 
uma UA) resultará na carga animal presumida total do rebanho em quilos ou toneladas.
Se o rebanho só ficar em pastagens, poderá ser assumido que 10% do peso total obtido pelo 
cálculo de UAs foram de consumo de pastagens. Para conhecer, então, a despesa diária em 
Finanças aplicadas ao agronegócio
93
pastagem desse rebanho analisado, bastará multiplicar o valor encontrado em quilos ou 
toneladas pelo valor do insumo pastagem, descrito anteriormente.
x x x
-
==
Rebanho
em UAs
0,45 t.
valor de 1 UA
30,5 dias
(média anual de
dias de um mês)
10%
(máx. consumo
fisiológico)
x
Despesa
mensal de
pastagens
R$ t. de
pastagem
Consumo
presumido de
pastagem
mensal
T. de
alimentos
fornecidos aos
comedouros
 Fonte: Elaborado pelo autor.
Alimentos que forem oferecidos aos bovinos em comedouros (como sal mineral, sal mineral 
proteinado, concentrado, silagens etc.) deverão ter os pesos devidamente subtraídos do 
volume final presumido de consumo de forragens nas pastagens.
'
Dica
Essa metodologia já é utilizada há mais de 15 anos em trabalhos de 
monitoramento junto a cooperativas leiteiras, laticínios e produtores 
independentes de carne e leite. A mesma metodologia poderá ser empregada na 
ovinocultura, seja de corte ou leite. Em caprinocultura de corte ou leite, também 
poderá ser usada, e o que deverá mudar é o valor em porcentual a ser aplicado 
sobre o peso em UAs encontrado para o rebanho caprino, que irá de 10% para 
15% devido às características fisiológicas da espécie caprina.
O gestor financeiro no agronegócio poderá escolher o melhor método para a obtenção dos 
valores a serem imputados nas despesas de pastagens em uma planilha de custo de produção 
em bovino. É importante ter sempre em mente a alta representação que as pastagens têm na 
produção pecuária, procurando evitar as subavaliações dessas despesas. 
A aplicação dessa metodologia ao longo de 15 anos demonstrou, 
de forma resumida, que as pastagens representam em média 
30% das despesas em pecuária leiteira não confinada de média 
performance e 60% das despesas em pecuária de corte em 
modelagem t radicional.
Sistemas de controles em pecuária que apresentem a possibilidade de fazer custo de 
produção poderão utilizar a metodologia da predição de consumo de pastagens em pecuária 
de forma automática. O cadastramento inicial do rebanho, acompanhado do movimento de 
nascimentos, mortes, descartes e vendas, deverá manter a quantidade de UAs do rebanho 
CursoTécnico em Agronegócio
94
sempre atualizada, possibilitando melhor precisão no cálculo dessa despesa na planilha de 
custo de produção.
Como a modelagem proposta utiliza a forragem da pastagem como insumo, as anotações das 
despesas realizadas para fins de implantação e/ou manutenção das pastagens não entram na 
planilha de custos. Essas despesas farão parte apenas do livro-caixa. Vale lembra que o custo 
de produção é estratégico, e não contábil. 
c
Leitura complementar
Leia o texto “Uma nova forma do cálculo do custo de produção na utilização de 
pastagens”, disponível na biblioteca do AVA.
7. Planilhas de custo de produção de pecuária de leite, corte, soja e milho: mo-
delagem simplificada e tradicional
As planilhas que se seguem apresentam os cálculos de custo de produção baseados na mesma 
propriedade fictícia denominada Fazenda Rio Novo. A Fazenda Rio Novo possui 100 ha, e suas 
terras foram avaliadas em R$ 400.000,00. Foram simulados quatro tipos de atividades. Para 
todos, os valores das benfeitorias foram iguais (R$ 120.000,00), assim como o chamado custo 
de oportunidade, que foi definido em 12% ao ano. 
Houve variação no valor dos equipamentos apenas para a opção de pecuária de corte. 
Também ocorreu variação nas áreas de pastagens que, no leite, foi de 60 ha e, no corte, de 75 
ha. Para o plantio de grãos, as áreas usadas somam 70 ha em sistema de rotação de culturas 
na mesma propriedade com milho e soja. Vale reforçar que todos os valores são fictícios e não 
pretendem demonstrar o custo de produção das atividades, mas sim duas metodologias que 
foram denominadas de: simplificada (A) e tradicional (B).
Fazenda Rio Novo
Pecuária de leite
• Área da propriedade – 100 ha
• Valor das construções e demais benfeitorias fixas – R$ 120.000,00
• Custo de oportunidade – 12% a.a.
• Natalidade – 75% / prod. 20 L/vaca/dia / 75 vacas lactação / 305 dias lact.
• Rebanho – 100 vacas/ 1 reprodutor/ 12 novilhas/ 15 bezerras = 104 UAs
• Valor da terra – R$ 400.000,00
• Valor equipamentos – R$ 110.000,00
• Valor da vaca – R$3.500,00 / reprodutor R$ 2.500,00
Finanças aplicadas ao agronegócio
95
MODELAGEM SIMPLIFICADA – A
Insumo Quant. R$/unid. R$
Mão de obra + Leis sociais 4 1.200 57.600,00
Pastagens 60 ha 386,6 23.196,00
Concentrado 160 t 1.350 216.000,00
Sal mineral 1,8 t 2.350 4.230,00
Outros 1 1 18.061,56
Depreciações (fixos e semifixos) 12% 582.500 69.900,00
Total despesas anuais 388.987,56
Custo de produção do litro de leite 0,85
Produção anual de leite/litros 457.500
MODELAGEM TRADICIONAL – B
Insumo Quant. R$/unid. R$
Mão de obra + Leis sociais 4 1.200 57.600,00
Pastagens 60 ha 386,6 23.196,00
Concentrado 160 t 1.350 216.000,00
Sal mineral 1,8 t 2.350 4.230,00
Outros 1 1 18.061,56
Total despesas operacionais anuais 319.087,56
Custo operacional do litro de leite – CO 0,70
Depreciações (fixos e semifixos) 12% 582.500 69.900,00
Mão de obra proprietário 12 ms 2.500 30.000,00
Total despesas operacionais totais 418.987,56
Custo operacional total do litro de leite – COT 0,92
Remuneração dos capitais* 12% 1.301.588 156.190,51
Total despesas 575.178,07
Custo total do litro de leite – CT 1,26
* Terra + equipamentos + benfeitorias + rebanho matriz + custeio
Seguindo o princípio do custo de produção estratégico, a modelagem A estabelece o que pode 
ser considerado como a mínima remuneração que o produto deveria receber como valor para 
uma unidade, nesse caso o litro de leite. A modelagem A considerou as efetivas despesas de 
Curso Técnico em Agronegócio
96
custeio ou diretas e as depreciações feitas pela modelagem simplificada utilizando a taxa de 
12% a.a. sobre a avaliação de todos os investimentos fixos e semifixos, no caso: equipamentos, 
benfeitorias, matrizes e reprodutores.
A modelagem B considerou os princípios da planilha de custos tradicional, obtendo três valores 
de custos diferentes, chamados de: custo operacional (CO), em que são avaliadas apenas as 
efetivas despesas de custeio ou despesas diretas; custo operacional total (COT), em que são 
avaliadas as despesas de custeio (CO) somadas às depreciações e os valores imputados para 
a mão de obra do proprietário; e custo total (CT), que soma ao CO e ao COT as remunerações 
de todos os capitais imobilizados, inclusive o valor da terra, sendo denominado de custo total 
de produção. Veja essas duas modelagens aplicadas na pecuária de corte.
Fazenda Rio Novo
Pecuária de corte
• Área da propriedade – 100 ha
• Valor da terra – R$ 400.000,00
• Valor equipamentos – R$ 70.000,00
• Valor das construções e demais benfeitorias fixas – R$ 120.000,00
• Custo de oportunidade – 12% a.a.
• Rebanho: 100 vacas/2 reprod./32 f-32 m.2a3anos/33 f-33 m.2a3anos/ 35 - 35bza(o)s 
= 201 UAs
• Natalidade – 70% / abate 36 ms com 540 kg
• Valor da vaca – R$2.500,00 / reprodutor R$ 3.500,00
 
MODELAGEM SIMPLIFICADA – A
Insumo Quant. R$/unid. R$
Mão de obra + Leis sociais 2 1.200 28.800,00
Pastagens 75 ha 659,7 49.476,00
Sal mineral proteinado 7,2 t 1.150 8.280,00
Sal mineral 2,9 t 1.850 5.365,00
Outros 1 1 5.515,26
Depreciações (fixos e semifixos) 12% 447.000 53.640,00
Total despesas anuais 151.076,26
Custo de produção de 1 arroba 119,90
Produção anual de arrobas (machos/fêmeas) 1.260
Finanças aplicadas ao agronegócio
97
MODELAGEM TRADICIONAL – B
Insumo Quant. R$/unid. R$
Mão de obra + Leis sociais 2 1.200 28.800,00
Pastagens 75 ha 659,7 49.477,50
Concentrado 7,2 t 1.150 8.280,00
Sal mineral 2,9 t 1.850 5.365,00
Outros 1 1 5.515,35
Total despesas operacionais anuais 97.437,85
Custo operacional de 1 arroba – CO 77,33
Depreciações (fixos e semifixos) 12% 447.000 53.640,00
Mão de obra proprietário 12 ms 2.500 30.000,00
Total despesas operacionais totais 181.077,85
Custo operacional total de 1 arroba – COT 143,71
Remuneração dos capitais* 12% 944.438 113.332,54
Total despesas 294.410,39
Custo total de 1 arroba – CT 233,66
* Terra + equipamentos + benfeitorias + rebanho matriz + custeio
A modelagem simplificada (A), de forma bem clara, demonstra que os fatores de custos em que 
entram as despesas operacionais ou diretas (custeio) e as depreciações dos imobilizados fixos 
e semifixos devem representar os fatores imprescindíveis que precisam ser remunerados, 
sem os quais o empreendimento, obrigatoriamente, terá de operar no prejuízo. Apesar de 
os valores estabelecidos como depreciação efetivamente não terem sido desembolsados 
durante a avaliação, será fundamental a manutenção desses valores para possibilitar a futura 
reposição dos bens semifixos que fazem parte do sistema de produção. 
Ficará a cargo do gestor financeiro qual método utilizar para tomar decisões. Ele pode 
entender que o custo de produção no agronegócio deve remunerar tantos fatores chamados 
de “não caixa” ou não, sem perder de vista que o conhecimento do custo de produção sempre 
deverá ter função estratégica, voltado à tomada de decisão sobre o empreendimento. A real 
existência de rentabilidade na atividade será determinada pelas sobras financeiras que serão 
apuradas no horizonte do ano civil pelo livro-caixa.
As modelagens A e B também foram exemplificadas para produção de grãos na propriedade 
fictícia Fazenda Rio Novo. Nesse exemplo para a agricultura, foi analisada a utilização da 
propriedade durante doze meses, nos quais a infraestrutura foi usada nas duas culturas em 
rotação. O item “mão de obra contratada” foi contabilizado com utilização de seis meses para 
cada cultura, assim como as depreciações, com aplicação do valor do denominado custo de 
oportunidade em 6% para cada cultura. Confira os dados nas tabelas a seguir.
Curso Técnico em Agronegócio
98
Fazenda Rio Novo
Produção de grãos - soja
• Área da propriedade – 100 ha
• Valor da terra – R$ 400.000,00• Valor equipamentos – R$ 110.000,00
• Valor das construções e demais benfeitorias fixas – R$ 120.000,00
• Custo de oportunidade – 12% a.a.
• Plantio de soja e milho safrinha
• Área de produção – 70 ha
• Produção soja – 54 sc/ha
• Produção milho – 130 sc/ha
 
MODELAGEM SIMPLIFICADA – A
Insumo Quant. R$/unid. R$
Mão de obra + Leis sociais (6 meses) 3 func. 1.200 21.600,00
Sementes/Fertilizantes 70 ha 730 51.095,80
Defensivos 70 ha 609 42.647,50
Operações com máquinas 70 ha 67 4.665,50
Outras despesas 70 ha 374 26.182,80
Depreciações (fixos e semifixos) 6% 230.000 13.800,00
Total despesas anuais 159.991,60
Custo de produção da saca de SOJA 42,33
Produção de SOJA / sacas / hectare 54
MODELAGEM TRADICIONAL B - SOJA
Insumo Quant. R$/unid. R$
Mão de obra + Leis sociais (6 meses) 3 func. 1.200 21.600,00
Sementes/Fertilizantes 70 ha 730 51.095,80
Defensivos 70 ha 609 42.647,50
Operações com máquinas 70 ha 67 4.665,50
Finanças aplicadas ao agronegócio
99
Outras despesas 70 ha 374 26.182,80
Total despesas operacionais anuais 146.191,60
Custo operacional da saca de soja – CO 38,68
Depreciações (fixos e semifixos) 6% 230.000 13.800,00
Mão de obra proprietário 6 ms 2.500 15.000,00
Total despesas operacionais totais 174.991,60
Custo operacional total da saca de soja – COT 46,29
Remuneração dos capitais* 6% 776.192 46.571,50
Total despesas 221.563,10
Custo total da saca de soja – CT 58,61
*Terra+equipamentos+benfeitorias+custeio
Fazenda Rio Novo
Produção de grãos - milho
MODELAGEM SIMPLIFICADA A – MILHO
Insumo Quant. R$/unid. R$
Mão de obra + Leis sociais (6 meses) 3 func. 1.200 21.600,00
Sementes/Fertilizantes 70 ha 893 62.512,80
Defensivos 70 ha 328 22.986,60
Operações com máquinas 70 ha 59 4.130,00
Outras despesas 70 ha 572 40.037,90
Depreciações (fixos e semifixos) 6% 230.000 13.800,00
Total despesas anuais 165.067,30
Custo de produção da saca de milho 18,14
Produção de milho/sacas/hectare 130
MODELAGEM TRADICIONAL B – MILHO
Insumo Quant. R$/unid. R$
Mão de obra + Leis sociais (6 meses) 3 func. 1.200 21.600,00
Sementes/Fertilizantes 70 ha 893 62.512,80
Defensivos 70 ha 328 22.986,60
Operações com máquinas 70 ha 59 4.130,00
Curso Técnico em Agronegócio
100
Outras despesas 70 ha 572 40.037,90
Total despesas operacionais anuais 151.267,30
Custo operacional da saca de milho – CO 16,62
Depreciações (fixos e semifixos) 6% 230.000 13.800,00
Mão de obra proprietário 6 ms 2.500 15.000,00
Total despesas operacionais totais 180.067,30
Custo operacional da saca de milho – COT 19,79
Remuneração dos capitais* 6% 781.267 46.876,04
Total despesas 226.943,34
Custo total da saca de MILHO – CT 24,94
*Terra+equipamentos+benfeitorias+custeio
Apesar de os ciclos das duas culturas não ocuparem plenamente os doze meses do ano, no 
caso analisado, as culturas é que terão de pagar essas despesas fixas, sendo escolhido o rateio 
de 50% para cada cultura. Com relação ao pagamento dos custos fixos, seja na modelagem 
A ou B, cada caso poderá ter outras possibilidades. Por exemplo, mais culturas poderão ser 
rateadas sob os critérios que gestor entender como os mais adequados. 
d
Comentário do autor
O empreendimento no agronegócio apresenta riscos técnicos, climáticos, de 
preços e de gestão. As ferramentas administrativas podem ajudar a ver melhor 
o cenário produtivo e as possíveis influências dos riscos.
8. Planilhas de custo de produção: a modelagem denominada custo dinâmico
O custo de produção só será obtido no momento em que toda a produção esperada com 
o uso das despesas diretas e indiretas for obtida, ou seja, ao calcular determinada despesa 
que, necessariamente, deverá ser dividida pelo volume de produção para obtenção do custo 
unitário do produto avaliado. 
O problema é que, no momento da obtenção do custo por unidade de produto, nada mais 
poderá ser feito no sentido de buscar melhorar o desempenho desse custo encontrado, pois 
será uma situação do passado. A experiência obtida deverá servir para as próximas produções. 
O objetivo da modelagem de custo de produção denominada de custo dinâmico (OLIVEIRA, 
2012) é poder influenciar na gestão dos custos durante a operação produtiva, isto é, buscar 
obter a visualização parcial durante o processo e fazer a gestão no intuito de melhorar as 
performances voltadas ao encontro de custos sempre competitivos.
Finanças aplicadas ao agronegócio
101
O
Informação extra
Normalmente, no agronegócio, poderão existir as atividades denominadas de 
safristas, assim como as atividades de produção contínua. Mesmo estas últimas 
poderão apresentar maiores produções em determinados momentos do ano. 
Aspectos fisiológicos das plantas e dos animais, aliados às variações climáticas, 
podem influenciar as diferenças de produções ao longo do ano.
O ciclo completo de produção da atividade agropecuária continuada ocorre ao longo de doze 
meses, que, passando pelas quatro estações climáticas do ano, deverá expor todo o seu 
potencial produtivo e econômico. Mesmo as atividades em sistema de confinamento total 
estarão sendo influenciadas em seus resultados econômicos devido às variações dos preços 
dos insumos alimentares ocasionados em momentos de safra e entressafra.
Para tentar influenciar o custo de produção durante o processo pro-
dutivo, a modelagem de custo dinâmico buscará diminuir os prazos de 
avaliação do custo unitário do produto em análise, desconfigurando a 
passagem do ano civil como a única forma de obtenção do custo de pro-
dução no agronegócio, para sistemas de produção continuado.
A modelagem do custo dinâmico deverá pontuar as despesas e produções ocorridas no 
mês e imediatamente confrontá-las com a média dos últimos doze meses para os casos 
de pecuária de leite, ovinocultura de leite, caprinocultura de leite, suinocultura, avicultura 
de corte e postura. Para a pecuária de corte, ovinocultura de corte e as culturas perenes 
(como a fruticultura, a cafeicultura etc.), a modelagem terá de fazer o acúmulo das despesas e 
produções dos últimos doze meses, pontuando o custo de produção mês a mês. 
O objetivo, nos casos de produções mensais, é ter um ciclo anual fechado todo mês e, para o 
caso das produções safristas, o acúmulo dos últimos doze meses, fechando também um ciclo 
anual a cada mês.
c
Leitura complementar
Saiba mais sobre custo dinâmico lendo o texto “Custo de produção em pecuária de 
corte na visão do custo dinâmico”, disponível na biblioteca do AVA.
Destaca-se que produções de ciclo curto executadas apenas em determinado momento 
do ano, a princípio, não deverão se enquadrar na modelagem do custo dinâmico. Salvo os 
casos das propriedades que fazem agricultura de ciclos curtos de forma continuada, seja na 
continuação ou na troca de culturas, já que, para tanto, toda a infraestrutura (ou o que se 
pode chamar de custos fixos) permanecerá sendo utilizada ao longo do ciclo de doze meses.
A modelagem de custo de produção dinâmico claramente descaracteriza o ano civil (de janeiro 
a dezembro), procurando finalizar os últimos doze meses ao final de cada mês de análise e 
confrontando imediatamente os resultados obtidos no mês com a média dos últimos doze 
Curso Técnico em Agronegócio
102
meses – isso para produção contínua de um mesmo produto. Para produção safrista, a 
modelagem faz o acúmulo dos últimos doze meses, seja das despesas, seja das produções 
obtidas, gerando posicionamento anual do custo do produto de forma mensal. 
Para facilitar a compreensão dessa modelagem em atividades pecuárias e agrícolas, 
acompanhe os exemplos. Os itens analisados estão simplificados para facilitar os exemplos, 
mas você poderá estabelecer quantos e quais itens participantes do custo de produção de sua 
atividade deverão ser demonstrados no modelo dinâmico(C).
Vamos tomar como base a Fazenda Rio Novo, com a mesma área e os principais valores 
utilizados nos exemplos anteriores. Houve variações nos valores de equipamentos devido ao 
tipo de atividade. Os princípios de cálculos são semelhantes aos das planilhas anteriores dos 
chamados custos simplificados (modelagem A) e custos tradicionais (modelagem B).
Fazenda Rio Novo
Pecuária de leite
• Área da propriedade - 100 ha
• Valor da terra - R$ 400.000,00
• Valor equipamentos: R$ 110.000,00
• Valor das construções e demais benfeitorias fixas - R$120.000,00
• Rebanho - 100 vacas/ 1 reprodutor/ 12 novilhas/ 15 bezerras = 104 UAs
• Custo de oportunidade - 12% a.a.
• Valor da vaca - R$3.500,00 / Reprodutor R$2.500,00
• Natalidade - 75% / Prod. 20 lts/vaca/dia / 75 vacas lactação / 305 dias lact.
MODELAGEM –C – CUSTO DINÂMICO – LEITE
 Média dos últimos 12 meses Situação do mês atual
Insumo Quant. R$/unid. R$ % Quant.
R$/
unid.
R$ %
Mão de obra + L. sociais 4 1.200 4.800,00 14,7% 4 1.250 5.000,00 14,9%
Pastagens 60 ha 35,7 2.140,80 6,6% 60 ha 35,7 2.142,00 6,4%
Concentrado 13,33 t 1.350 17.995,50 55,1% 12,6 1.480 18.648,00 55,7%
Sal mineral 0,15 t 2.350 352,50 1,1% 0,13 t 2.380 309,40 0,9%
Outros 1 1 1.517,33 4,6% 1 1 1.565,96 4,7%
Depreciações (fixos e 
semifixos)
1% 582.500 5.825,00 17,9% 1% 582.500 5.825,00 17,4%
Finanças aplicadas ao agronegócio
103
Total despesas mensais Média últimos 12 ms >> 32.631,13    Mês atual >> 33.490,36
Custo mensal do litro de leite Média últimos 12 ms >> 0,86    Mês atual >> 0,89
Produção mensal de leite/L Média últimos 12ms >> 38.125    Mês atual >> 37.653 
 
Fazenda Rio Novo
Pecuária de corte
• Área da propriedade – 100 ha
• Valor da terra –R$ 400.000,00
• Valor equipamentos – R$ 70.000,00
• Valor das construções e demais benfeitorias fixas – R$ 120.000,00
• Rebanho – 100 vacas/2 reprod./32 f-32 m.2a3anos/33 f-33 m.2a3anos/35-35bza-bzos 
= 201 UAs
• Custo de oportunidade – 12% a.a.
• Valor da vaca – R$2.5000,00 / reprodutor R$ 3.500,00
• Natalidade – 70% / abate 36 ms com 540 kg 
 
MODELAGEM C – CUSTO DINÂMICO – CORTE
 Média dos últimos 12 meses Situação do mês atual
Insumo Quant. R$/unid. R$ % Quant. R$/unid. R$ %
Mão de obra + Leis sociais 2 1.200 28.800,00 19,1% 2 1.250 2.500,00 19,8%
Pastagens 75 ha 659,7 49.477,50 32,7% 75 ha 55,2 4.137,75 32,8%
Sal mineral proteinado 7,2 t 1.150 8.280,00 5,5% 0,6 t 1.165 699,00 5,5%
Sal mineral 2,9 t 1.850 5.365,00 3,6% 0,14 t 1.850 259,00 2,1%
Outros 1 1 5.515,35 3,7% 1 1 531,70 4,2%
Depreciações (fixos e 
semifixos) 12% 447.000 53.640,00 35,5% 1% 447.000 4.470,00 35,5%
Total despesas Acumulado nos últimos 12 ms >> 151.077,85   Mês atual >> 12.597,45
Custo de 1 arroba Últimos 12 ms >> 119,90   
Produção acumulada de arrobas* Últimos 12ms >> 1.260    Mês atual >> 85
*Produção acumulada comercializada nos últimos 12 meses
Curso Técnico em Agronegócio
104
O custo da produção e das despesas pode ser visualizado mensalmente, sem perder o 
horizonte dos doze meses, período em que acontecem as interações entre as variações 
climáticas e fisiológicas entre os animais, as plantas e suas influências no contexto econômico 
e financeiro do empreendimento, independentemente do ano civil. 
Fazenda Rio Novo
Café Arábica
• Área da propriedade – 100 ha
• Valor da terra – R$ 400.000,00
• Valor equipamentos – R$ 260.000,00
• Valor das construções e demais benfeitorias fixas – R$ 120.000,00
• 60 ha – 4.000 pés/ha
• Custo de implantação lavoura – R$ 440.427,00
• Custo de oportunidade – 12% a.a.
• Custo de implantação até a primeira colheita – R$ 612.603,00
• Produtividade – 40 sacas/ha
MODELAGEM C – CUSTO DINÂMICO – CAFÉ
 Após 24 meses de 
implantação
Acumulado nos últimos 12 meses Situação do mês atual
Insumo Quant. R$/unid. R$ % Quant. R$/unid. R$ %
Mão de obra + 
L.sociais (fixos)
6 1.200 86.400,00 12,3% 6 1.200 7.200,00 21,4%
Mão de obra - colheita 30 8.301 249.030,00 35,4% 0,00 0,0%
Insumos diversos 60ha 3.599 215.940,00 30,7% 0,00 0,0%
Outros 1 1 33.082,20 4,7% 1 1 16.541,10 49,1%
Depreciações (fixos e 
semifixos)
12% 992.603 119.112,36 16,9% 1% 992.603 9.926,03 29,5%
Total despesas Acumulado nos últimos 12 ms >> 703.564,56   Mês atual >> 33.667,13 
Custo de 1 saca de café Últimos 12 ms >> 293,15   
Produção acumulada de sacas Média 12ms >> 2.400   Mês atual >>
Finanças aplicadas ao agronegócio
105
O objetivo é que você conheça os três conceitos de modelagem de custo de produção. Caberá 
ao gestor financeiro do agronegócio estabelecer sua própria modelagem, podendo optar por 
uma das três sugestões ou desenvolver modelos que façam a interação entre os modelos 
sugeridos. O importante é compreender que custo de produção sempre deverá ser uma 
ferramenta para fins estratégicos, não tendo compromissos com as regras legais ou teóricas 
da contabilidade, e que a melhor confirmação de que a opção operacional das estratégias 
escolhidas pelo gestor financeiro será os resultados que o livro-caixa terá de demonstrar.
Tópico 2: Avaliação da rentabilidade do empreendimento no agro-
negócio
Imagine o seguinte cenário: como técnico em agronegócio, você é contratado por um médio 
produtor rural, dono de uma propriedade que produz leite de cabra, para auxiliá-lo a otimizar 
as atividades do ciclo produtivo. O objetivo é diminuir trabalhos que onerem os custos de 
produção e, com isso, a margem de lucro aumente. 
Depois de calcular os custos de produção e analisar os processos produtivos, incluindo as 
atividades de cada profissional, você percebe que é preciso medir a rentabilidade atual do 
investimento feito no negócio para saber como aumentar os ganhos!
Fonte: Shutterstock
Para isso, você deverá encontrar a medida de rentabilidade, que também é conhecida 
como custo de oportunidade. Mas do que se está falando exatamente? Trata-se de uma 
medida para auxiliar a busca por bons resultados. Isso porque, no caso de projetos futuros, 
é com base no custo de oportunidade que os empreendedores conseguem empregar seus 
capitais de modo a obter um resultado melhor que o custo de oportunidade registrado. 
Também é uma medida para avaliar o ciclo produtivo em andamento ou os finalizados, 
bastando comparar a medida de rentabilidade com os resultados alcançados no momento.
É importante lembrar que os resultados encontrados como medida de rentabilidade do capital 
investido no empreendimento devem ser sempre comparados a uma medida de rentabilidade 
estabelecida pelos donos do capital.
Curso Técnico em Agronegócio
106
d
Comentário do autor
Quer ver um exemplo de como isso influencia os resultados financeiros da 
produção? No Tópico 1 do Tema 1, quando você estudou sobre o custo de 
produção, viu que os gestores adeptos da modelagem tradicional podem 
exigir que o sistema de produção analisado também remunere o custo de 
oportunidade para todos os capitais empregados na atividade. 
Nesse caso, a atividade tem de ser financeiramente positiva e, ainda, remunerar 
os capitais que foram aplicados na alternativa oferecida pelo custo de 
oportunidade. E, como você também viu, usar essa modelagem não é certo nem 
errado, mas uma escolha que fica a cargo do gestor. Contudo, é importante 
compreender que tais escolhas podem influenciar os resultados financeiros.
Neste tópico, você vai compreender como calcular os resultados financeiros oferecidos pelo 
projeto no futuro. Confrontando esses números com o volume de capital a ser disponibilizado 
pelos empreendedores, você encontrará a medida de rentabilidade, que baseará a tomada de 
decisão de realizar ou não o empreendimento. 
Portanto, quando utilizada na fase de planejamentode projetos futuros, a medida de 
rentabilidade auxilia o gestor a verificar a viabilidade do projeto. E, quando comparada ao 
resultado do ciclo produtivo concluído, será obtida a rentabilidade alcançada diante do capital 
que foi investido.
A função social da terra é mundialmente reconhecida, mas, se o 
produtor rural não tiver rentabilidade, como será cumprido esse 
compromisso?
1. Características próprias do agronegócio
Independentemente da potencialidade dos empreendimentos no agronegócio, o lado “dentro 
da porteira” tem características próprias, como os volumes de capitais imobilizados em terras, 
animais e também plantas (no caso das culturas perenes).
Ao se analisar o projeto de determinada atividade, deve-se ter o valor do desembolso inicial 
de capital, que inclui, por exemplo, a aquisição de terras e de animais, as despesas para 
implantação de uma cultura perene, a compra de equipamentos, as benfeitorias, além do 
capital de giro. 
Definido um período de tempo – também denominado horizonte de tempo – de maturação 
do empreendimento, o confronto entre as despesas de custeio, juntamente com as devidas 
depreciações, e as receitas geradas vai indicar os resultados anuais. 
Finanças aplicadas ao agronegócio
107
Fonte: Shutterstock
Ao final do horizonte planejado, ficarão estabelecidos os valores residuais para os 
investimentos semifixos (equipamentos, benfeitorias e animais), que, se somados ao valor da 
terra, resultarão na viabilidade do empreendimento proposto.
Horizonte do projeto
1º ano
DESPESAS
RECEITAS
2º ano
DESPESAS
RECEITAS
3º ano
DESPESAS
RECEITAS
4º ano
DESPESAS
RECEITAS
5º ano
DESPESAS
RECEITAS
Va
lo
r 
Re
si
du
al
In
ve
st
im
en
to
6º ano
Legenda: Visão conceitual do ciclo de investimento
Fonte: Elaborado pelo autor.
Vale destacar que a terra não sofrerá depreciação, os animais ainda terão valor de mercado e, 
no caso de projeto com plantas perenes, estas já deverão ter chegado ao seu limite produtivo. 
Portanto, apesar de seguir de forma correta os princípios da contabilidade, essa análise não 
traduz da melhor forma os empreendimentos no agronegócio. 
O fato de ser obrigatória a renovação planejada do que se pode chamar de “parque fabril” 
no agronegócio, que seriam as plantas e os animais, aliada à capacidade infinita de produção 
Curso Técnico em Agronegócio
108
da terra – desde que manejada modo sustentável para manter saudáveis seus aspectos 
físicos e químicos –, leva os profissionais que lidam diretamente com sistemas de produção 
no agronegócio a repensar os modelos de avaliação dos reais resultados alcançados pela 
atividade. 
O fator natureza é forte demais nos resultados, e os modelos de avaliação financeira 
geralmente não conseguem monetizar o potencial que ela possui quando aliada ao trabalho 
equilibrado – a denominada sustentabilidade na produção de alimentos. 
Monetizar
Transformar algo ou alguma coisa em resultado financeiro.
Nesse sentido, pode-se dizer que a matriz BCG, por exemplo, não se aplica porteira adentro. 
Mas há outras formas de gerir as finanças de um empreendimento rural que são mais voltadas 
para as atividades de dentro da porteira. O conteúdo que você está estudando nesta unidade 
curricular é exemplo disso. 
Matriz BCG
A matriz BCG é uma análise gráfica relacionada à gestão de marcas e produtos, sendo 
relacionada ao marketing. Leva esse nome porque foi desenvolvida pela empresa americana 
Boston Consulting Group.
Uma parte que deve ser indispensavelmente gerida é o estoque. Sem o estoque não é 
possível produzir, no entanto ele também traz grandes custos para a produção se não for 
bem adquirido e utilizado o mais breve possível. Esse fato, somado aos efeitos constantes da 
natureza nos resultados esperados, deve criar um olhar diferenciado para a análise financeira 
do empreendimento no agronegócio, em que cada gestor poderá ter sua própria visão, um 
princípio também defendido por Ghemawat (2000).
c
Leitura complementar
Você sabia que o estoque é um investimento? Geralmente, ele representa uma 
grande parcela dos investimentos totais do empreendimento. E, como todo 
investimento, o estoque tem um custo de financiamento. Saiba mais sobre 
como analisar investimentos no arquivo “Análise de investimento”, disponível na 
biblioteca do AVA.
2. A análise financeira do empreendimento no agronegócio
Para fins de facilitação da análise financeira, é preciso compreender dois tipos de mecanismos 
de avaliação do desempenho financeiro do empreendimento no agronegócio: 
1. Avaliadores – estabelecem índices e valores monetários para confrontação. Entre esses 
mecanismos, tem-se a taxa interna de retorno (TIR) e o valor presente líquido (VPL).
Finanças aplicadas ao agronegócio
109
2. Referenciadores – estabelecem padrões físicos e/ou monetários de comparação. Entre 
eles, estão a relação custo-benefício, o payback descontado e o ponto de equilíbrio (break 
even point).
Fonte: Shutterstock
3. Mecanismos avaliadores: TIR e VPL
A TIR e o VPL são mecanismos que trabalham com a noção do valor do dinheiro no tempo. 
O objetivo, ao trabalhar com eles, é avaliar o fluxo de caixa de um projeto, confrontando 
o investimento inicial com os resultados líquidos obtidos periodicamente. Esses avaliadores 
também serão usados para analisar os resultados alcançados em empreendimento que tenha 
terminado seu ciclo.
A fórmula financeira é baseada no princípio de apuração do valor presente. Para tanto, tem 
como referência a taxa de juros considerada pelo avaliador como justa para a realização da 
análise. Conheça-a um pouco melhor!
Taxa interna de retorno (TIR)
Com a aplicação desse mecanismo de avaliação financeira sobre um fluxo de caixa, será 
determinada a taxa de rentabilidade anual prevista para um projeto em dado horizonte 
de tempo. A TIR também informa a máxima taxa de juros que certo projeto suportaria para o 
custo financeiro do capital que foi utilizado neste.
Para isso, basta aplicar o mecanismo sobre o fluxo de caixa, realizando a soma do investimento 
inicial (que será um valor negativo, pois é uma saída) com as receitas líquidas anuais projetadas 
para determinado tempo, considerando o valor presente a certa taxa de juros. O resultado 
disso deve ser igual a zero. Acompanhe a fórmula a seguir.
Curso Técnico em Agronegócio
110
⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼
⎲
⎳
FC��
�₌ (1 + TIR) �
= 0soma
- investimento inicial + receitas
horizonte de tempo
resultado1
Olhando por cima, pode até parecer complicado, não é? Mas, hoje em dia, com o auxílio da 
tecnologia, é possível fazer esse cálculo de forma simplificada e automática. Para isso, no 
subtópico a seguir, será mostrado como calcular a TIR usando uma planilha do programa 
Microsoft Excel®. 
Lembre-se: embora se possa utilizar a tecnologia para calcular a TIR, e 
também o VPL, entender a lógica das fórmulas também é importante 
para compreender o resultado e como esse mecanismo pode auxiliar o 
gestor do empreendimento rural.
Valor presente líquido (VPL)
O valor presente líquido indica se o projeto vai ter resultado positivo ou negativo, em 
determinado horizonte de tempo, para os capitais nele investidos. Assim, se comparar os 
VPLs de diferentes projetos, pode-se compreender também qual deles vai proporcionar um 
lucro maior.
A fórmula do VPL é a soma do investimento inicial (número negativo) com todas as receitas 
líquidas anuais projetadas, trazidas para o momento da análise pela fórmula do valor presente 
a determinada taxa de juros. Acompanhe a fórmula seguinte.
⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼
⎲
⎳
FC��
�₌ (1 + i) �
soma
fluxo de caixa
horizonte de tempo0
Assim como a TIR, o VPL também pode ser facilmente encontrado com o uso de uma planilha 
do Excel®. Ficou curioso para ver como funciona? Então, siga em frente comos estudos, pois 
esse é o assunto do próximo item!
Finanças aplicadas ao agronegócio
111
Uso da TIR e do VPL para análise financeira de projetos
Lembra-se da Fazenda Rio Novo, uma propriedade fictícia dedicada à bovinocultura de leite 
que se usou para demonstrar as modelagens de custos de produção, neste mesmo tema? 
Agora, será estabelecido o fluxo de caixa da Fazenda Rio Novo projetado para seis anos. Aqui 
se considera que o sistema de produção está estabilizado e não há variações de produção. 
Veja alguns dados da propriedade e do projeto de pecuária de leite.
Fazenda Rio Novo
Área da propriedade - 
100 ha
Valor da terra 
R$ 400.000,00
Valor equipamentos 
R$ 110.000,00
Pecuária de leite Valor das construções e demais benfeitoria 
fixas - R$ 120.000,00
Custo de 
oportunidade 
12% a.a.
Rebanho - 100 vacas/ 1 reprodutor/ 12 novilhas/ 
15 bezerras = 104
Natalidade - 75% / Prod. 20 lts/vaca/dia 75 
vacas lactação / 305 dias lact
Valor da vaca - R$ 3.5000,00 / Reprodutor R$ 
2.500,00
Receitas esperadas 
Leite - 475.500 lts x R$ 1,14/l - R$ 542.070,00
Bezerro/as = 56 cabeças x R$250,00 /cab - R$ 
14.000,00
Vacas descartes = 9 cabeças x R$1.500,00/cab 
R$ 13.500,00
Despesas anuais/ custeio = R$ 375.787,56
Valor total dos investimentos - R$ 982.500,00*
Legenda: Projeto de pecuária de leite da Fazenda Rio Novo
A análise levará em conta todos os capitais investidos para implantação da atividade e as 
despesas de custeio. O valor do investimento total será correspondente ao valor da terra, dos 
equipamentos, das benfeitorias, dos animais e da necessidade de complemento financeiro do 
custeio, já que, nesse caso, a atividade começou sua produção normal gerando receitas já no 
primeiro ano. 
As despesas de custeio desconsideraram o valor calculado para as depreciações, pois essa 
é uma despesa contábil, e não financeira. Os valores relacionados ao custeio que aparecem 
no fluxo de caixa foram retirados da modelagem de custo de produção simplificado para a 
pecuária de leite. 
`
Atenção
As análises de rentabilidade realizadas pela TIR e VPL devem ser feitas 
efetivamente pelo chamado regime de caixa, evitando a inserção de valores 
contábeis, como os juros sobre capitais próprios e a remuneração do 
proprietário. A prioridade deverá estar voltada para a confrontação dos 
desembolsos que realmente deverão acontecer ou aconteceram.
Para começar, precisamos do fluxo de caixa do projeto da propriedade fictícia Fazenda Rio 
Novo para fazer o cálculo da TIR. A fim de facilitar, o gestor financeiro da propriedade já utiliza 
o Excel® para manter o fluxo de caixa de cada projeto. Veja como ficou.
Curso Técnico em Agronegócio
112
Fluxo de caixa - Fazenda Rio novo - Leite
RECEITAS/
DESPESAS
1º ano 2º ano 3º ano 4º anos 5º anos 6º anos 7º anos
Entradas
Leite 542.070 542.070 542.070 542.070 542.070 542.070 542.070
Bezerros 14.000 14.000 14.000 14.000 14.000 14.000 14.000
Descarte 13.500 13.500 13.500 13.500 13.500 13.500 13.500
Aporte de 
capital 732.017
TOTAL 
ENTRADAS 1.301,587 569.570 569.570 569.570 569.570 569.570 569.570
Saídas
Investimentos 982.500
Custeio 319.087 319.087 319.087 319.087 319.087 319.087 319.087
TOTAL DE 
SAÍDAS 1.301.587 319.087 319.087 319.087 319.087 319.087 319.087
SALDO 
OPERACIONAL 0 250.483 250.483 250.483 250.483 250.483 250.483
Lucro 0 250.483 250.483 250.483 250.483 250.483 250.483
732.017
Legenda: Fluxo de caixa do projeto de pecuária de leite da Fazenda Rio Novo
A partir disso, pode-se preparar o fluxo de caixa para fazer o cálculo no Excel®. Nessa etapa, 
coloca-se em uma célula, em nova linha, o valor de aporte de capital (valor do investimento 
inicial desembolsado pelos empreendedores) como um número negativo. Em seguida, 
repete-se o fluxo de caixa que foi gerado pela análise financeira ao lado do valor de aporte. 
Acompanhe na imagem. 
LUCRO 0,00 250.483
732.017
250.483 250.483 250.483 250.483
-732.017 0,00 250.483 250.483 250.483 250.483 250.483
Legenda: Preparo do fluxo de caixa para cálculo no Excel®
Finanças aplicadas ao agronegócio
113
Considerando tudo isso, que tal ver como calcular? Tendo o fl uxo de caixa gerado pela análise 
fi nanceira em uma planilha do Excel®, seleciona-se uma célula vazia e depois utiliza-se as 
funções fi nanceiras do programa. Para isso, deve-se usar a funcionalidade “Inserir funções”, 
localizada na aba “Fórmulas”.
Clicando em “Inserir função”, será aberta uma nova janela. Nela, é preciso procurar a fórmula TIR. 
Para isso, digita-se “TIR” no campo “Procure por uma função” ou, em “Ou selecione uma categoria”, 
seleciona-se a opção “Financeira” e arrasta-se a barra de rolagem até achar a fórmula.
Em “Selecione uma função”, clica-se sobre a opção “TIR” e, em seguida, em “OK”. Mais uma vez 
será aberta uma nova janela.
Curso Técnico em Agronegócio
114
Agora, no campo “Taxa”, precisa-se inserir o nome da primeira e da última célula do intervalo em 
que constam os valores do fl uxo de caixa a serem considerados. Então, informa-se a célula com 
o primeiro valor, que é o de aporte, e a célula com o último valor, separadas por dois-pontos (:).
Repare que, ao lado do campo, já aparecem os valores de todas as células e, na linha abaixo 
dos campos, o resultado em decimais.
Agora, clica-se em “OK” e pronto! Já se tem o valor fi nal da TIR, arredondado e em percentual, 
para esse fl uxo de caixa.
Finanças aplicadas ao agronegócio
115
Veja que a TIR para o projeto de pecuária de leite da Fazenda Rio Novo, em horizonte de seis 
anos, foi de 15%. Isso signifi ca que o aporte de capital proposto ao empreendedor no valor de 
R$ 732.017,00 para esse projeto deverá gerar uma rentabilidade equivalente a 15% de juros 
ao ano, superando o custo de oportunidade, que é 12% ao ano.
Para analisar o ciclo total do investimento em horizonte de seis anos, o valor residual dos 
investimentos será acrescentado à receita líquida do sexto ano. Nesse caso, a TIR apresentaria 
uma rentabilidade de 25,4% ao ano. Duplicando a proposta do custo de oportunidade, no 
entanto, essa rentabilidade só seria alcançada se o empreendedor vendesse suas terras e 
demais imobilizados, ou seja, ele precisaria sair do mercado. 
Portanto, o resultado de 15% ao ano, ao fi nal do sexto ano, 
deverá ser o mais importante para a decisão por parte do 
empreendedor sobre executar ou não o projeto, pois é o tempo 
mínimo para que ele comece a ter um retorno acima do custo 
de oportunidade se tudo correr bem.
Execute o cálculo da TIR para os anos anteriores. Você verá que a TIR do projeto para o 
horizonte de cinco anos é de 9,5%; para quatro anos, de 0,9%; para três anos, de -14,1%; e, 
para dois anos, de -41,5%. Elevando o horizonte para acima de seis anos, a TIR passa a ter um 
valor superior.
Por fi m, deve-se considerar, ainda, o valor residual, isto é, o valor dos ativos que sofrem 
depreciação ao fi nal de suas vidas úteis. Por exemplo, suponha que um equipamento tem 
vida útil de cinco anos e foi adquirido por R$ 30.000,00. Aplicando uma taxa de depreciação 
Curso Técnico em Agronegócio
116
de 10% ao ano, se a empresa vender esse equipamento no quarto ano, seu valor residual será 
de R$ 18.000,00 e o valor depreciado de R$ 12.000,00.
Para fi ns do cálculo do valor residual, foram considerados o valor da terra original (R$ 
400.000,00); o valor residual dos equipamentos e das benfeitorias em 10% do valor original 
(R$ 23.000,00); e o valor original das matrizes e do reprodutor (R$ 352.500), já que a categoria 
animal teria substituição anual de 10% (descartes) para manter os animais sempre produtivos 
e com valor comercial. 
Desse modo, na última coluna do fluxo usado na análise da TIR, o valor passa de R$ 250.483,00 
para R$ 1.025.983,00, que é o resultado de:
R$ 400.000,00 (terra) + R$ 23.000,00(10% de benfeitorias/equipamentos) + R$ 352.500,00 
(matrizes e reprodutor) + R$ 250.483,00 (lucro do sexto ano) = R$ 1.025.983,00
c
Leitura complementar
Para aprender a calcular a TIR manualmente, acesse a biblioteca e confi ra o texto 
“Método manual para cálculo da taxa interna de retorno”.
Valor presente líquido (VPL)
Para calcular o VPL, continua-se utilizando o fl uxo de caixa do projeto de leite da Fazenda Rio 
Novo. Aliás, o cálculo do VPL usa o mesmo fl uxo de caixa que foi empregado para o cálculo da 
TIR. E, assim como para a TIR, no cálculo do VPL o valor de investimento inicial será negativo. A 
diferença é que aqui será considerada a taxa de juros do custo de oportunidade. Veja como é!
Os primeiros passos são os mesmos realizados para a TIR. Para começar, seleciona-se uma 
célula vazia do Excel® e depois clica-se novamente na opção “Inserir Função”, na aba “Fórmulas”. 
Feito isso, a janela para selecionar a fórmula será aberta. Nela, deve-se buscar e selecionar a 
fórmula VPL.
Finanças aplicadas ao agronegócio
117
Agora, no campo “Taxa”, insere-se a taxa de juros do custo de oportunidade, que é de 12%. 
Para inserir a taxa, é necessário que esteja em formato decimal, por isso, divide-se 12 por 100, 
chegando-se a 0,12.
Feito isso, no campo “Valor 1”, insere-se as células que compõem o intervalo com valores do 
fl uxo de caixa e clica-se em “OK”.
Veja que o VPL encontrado para o fl uxo de caixa do projeto da Fazenda Rio Novo foi de R$ 66.227,77.
Curso Técnico em Agronegócio
118
É importante que o valor encontrado seja superior a zero. Isso indica que o investimento 
inicial terá retorno, logo, demonstra a viabilidade em investir no empreendimento.
Assim, para o exemplo, vê-se que o investimento inicial em horizonte de seis anos terá retorno 
positivo, mostrando que o empreendimento proposto é viável. 
Mas e se fosse feita comparação com outro projeto? Nesse caso, a análise do VPL também 
informaria qual dos projetos deixaria maior sobra de dinheiro ao final do horizonte analisado. 
Isso vale também para análise comparativa entre variantes dentro do mesmo projeto.
Até aqui, tratou-se dos cálculos de TIR e VPL para projetos que estão sendo planejados, mas, 
como você já sabe, também se pode utilizar esses mecanismos para analisar projetos que já 
tenham finalizado suas atividades produtivas. Siga em frente para ver como funciona!
Uso da TIR e do VPL para análise financeira de atividades que tenham fechados seus 
ciclos produtivos
Para compreender o cálculo da TIR e VPL de atividades que já tenham finalizado seu ciclo 
produtivo, como é o caso da produção contínua (em que consideramos 12 meses) e da 
produção safrista (período entre o início e a comercialização da produção), continuar-se-á a 
utilizar a propriedade fictícia Fazenda Rio Novo. 
Serão feitos os cálculos de TIR e VPL da bovinocultura de leite como uma atividade de ciclo 
contínuo e a produção de soja como ciclo safrista. Acompanhe!
O cálculo da TIR para um ciclo da bovinocultura de leite da Fazenda Rio Novo é bem simples. 
Basta inserir na fórmula do Excel®, as células com o somatório das despesas de custeio anual 
(que será um número negativo) e com a receita bruta total anual. Para o cálculo do VPL, deverá 
ser usado o mesmo procedimento, mas inserindo o custo de oportunidade. 
'
Dica
Aproveite para revisar o passo a passo e exercitar o cálculo da TIR e do VPL 
conforme viu no subtópico anterior.
São utilizados como despesas os valores demonstrados nas planilhas de custo de produção, 
analisando os dois modelos de custo: o simplificado (modelo A) e o tradicional com suas 
variações (modelo B). As receitas consideraram a venda de leite e animais, conforme apontado 
na tabela de pressupostos para essa atividade, que geraram o fluxo de caixa. E para o VPL 
também se continua considerando o custo de oportunidade de 12%. Veja os resultados!
Modelagem A Modelagem B
CT CO COT CT
Despesas -R$ 375.787,56 -R$ 319.087,56 -R$ 405.787,56 -R$ 514.347,50
Receitas R$ 569.570,00 R$ 569.570,00 R$ 569.570,00 R$ 569.570,00
TIR 52% 78% 40% 11%
VLP R$ 118.533,11 R$ 169.158,11 R$ 91.747,40 - R$ 5.181,12
Legenda: Resultados de TIR e VPL para projeto ciclo contínuo (produção de leite) finalizado
Finanças aplicadas ao agronegócio
119
Repare que, sob a ótica da modelagem A, o projeto apresentou rentabilidade. E, na modelagem 
B, que exigiu a inserção do pagamento de todos os capitais envolvidos na produção, inclusive 
a terra, não apresentou rentabilidade.
Observe agora a análise de uma cultura safrista da Fazenda Rio Novo, que é a produção de 
soja. Para isso, considera-se um ciclo completo com seis meses, que abrange desde o plantio 
até a comercialização total da produção. 
O custo de oportunidade também será de 12% ao ano, mas, como serão analisados seis meses, 
isto é, meio ano, a taxa de juros utilizada também será a metade - 6% ao ano. E o preço da saca 
de soja usado para os cálculos é de R$ 61,00.
Modelagem A Modelagem B
CT CO COT CT
Despesas -R$ 159.991,60 -R$ 146.191,60 -R$ 174.991,60 -R$ 221.131,10
Receitas R$ 230.580,00 R$ 230.580,00 R$ 230.580,00 R$ 230.580,00
TIR 44% 58% 32% 11%
VLP R$ 54.279,91 R$ 67.298,78 R$ 40.128,96 - R$ 3.398,86
Legenda: Resultados de TIR e VPL para projeto safrista (produção de soja) finalizado
Agora as análises apresentam o horizonte de seis meses, tempo que foi determinado para o 
completo ciclo da safra de soja. Como você pode ver, a modelagem A apresenta resultados 
positivos, mostrando que o projeto era viável e foi rentável. Já na modelagem B, o custo total 
não demonstrou viabilidade, pois o resultado da TIR ficou abaixo do custo de oportunidade de 
6% e apresentou VPL negativo.
Em casos de análises de projetos com culturas safristas, tanto a 
TIR como o VPL sempre representarão o horizonte determinado 
pelo ciclo total da safra.
Lembre-se de que as análises de TIR e VPL devem priorizar o confronto de rentabilidade dos 
capitais efetivamente utilizados para o sistema de produção. A depreciação empregada no 
custo de produção também terá de ser considerada na análise, pois se trata da reposição de 
capital que já foi desembolsado, necessitando ser avaliado quanto à sua efetiva rentabilidade.
c
Leitura complementar
Saiba mais sobre as controvérsias do uso da TIR e do VPL para comparar resultados de 
projetos. Acesse o texto “Análise de investimentos: controvérsias na utilização da TIR 
e VPL na comparação de projetos”, disponível na biblioteca.
Curso Técnico em Agronegócio
120
4. Mecanismos referenciadores: relação benefício-custo
A chamada relação benefício-custo, ou relação B/C, tem a finalidade de informar, dentro do 
horizonte de análise do empreendimento, quanto que cada unidade monetária - neste caso, 
R$ 1,00 - criará de valor também em unidades monetárias. 
O cálculo da relação B/C é muito simples: pega-se o VPL do projeto, divide-se pelo valor do 
investimento inicial e soma-se 1 ao resultado. Veja na fórmula:
⎲
⎳ FC�
�
�₌
(1 + i) �
P0
B/C = +1
investimento inicial
VPL0
⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼
Como exemplo, será usado o quadro de análise de TIR e VPL para o ciclo de doze meses do 
projeto de bovinocultura de leite da Fazenda Rio Novo sob a ótica da modelagem A para 
analisar a relação B/C desse mesmo projeto, considerando o horizonte de doze meses. 
Então, pega-se o valor do VPL, que é R$ 118.533,00, e divide-se por R$ 375,787,00, que é a 
despesa relativa ao aporte de capital. Depois, soma-se 1 ao resultado encontrado.
Assim, tem-se:
⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼B/C = +1 = 1,32118.533,00
375.787,00
Com mais essa informação, o quadro de análise financeira dos mecanismos de avaliação que 
utilizam índices e valores monetários, no caso do ciclo produtivo do projeto leiteiro da Fazenda 
Rio Novo, fica da seguinte forma: 
Modelagem A Modelagem B
CT CO COT CT
Despesas-R$ 375.787,56 -R$ 319.087,56 -R$ 405.787,56 -R$ 514.347,50
Receitas R$ 569.570,00 R$ 569.570,00 R$ 569.570,00 R$ 569.570,00
TIR 52% 78% 40% 11%
VLP R$ 118.533,11 R$ 169.158,11 R$ 91.747,40 - R$ 5.181,12
B/C 1: 1,32 1,53 1,23 0,99
Finanças aplicadas ao agronegócio
121
E, para o ciclo produtivo de soja de seis meses, tem-se:
Modelagem A Modelagem B
CT CO COT CT
Despesas -R$ 159.991,60 -R$ 146.11,60 -R$ 174.991,60 -R$ 221.131,10
Receitas R$ 230.580,00 R$ 230.580,00 R$ 230.580,00 R$ 230.580,00
TIR 44% 58% 32% 11%
VLP R$ 54.279,91 R$ 67.298,78 R$ 40.128,96 - R$ 3.398,86
B/C 1: 1,34 1,46 1,23 0,98
Como você pode ver, as análises foram baseadas nos modelos de custo de produção 
exemplificados anteriormente - a modelagem A (simplificada) e a modelagem B (tradicional). 
No caso da modelagem B, foram analisados os resultados de custos de produção nas visões 
do CO, COT e CT; na modelagem A, analisou-se a visão do CT.
Na modelagem B o projeto não apresentou resultado satisfatório, ou seja, o preço pago pelo 
produto não conseguiu cobrir todos os itens considerados pela modelagem em um de seus 
patamares de análise. 
Caberá ao gestor determinar qual modelo de custo utilizar a fim de formar uma base para 
tomada de decisão. Vale ressaltar, ainda, a existência da modelagem C, de custo dinâmico, 
com os mesmos princípios da modelagem A, mas que possibilita a visão mensal das despesas 
e dos custos.
c
Leitura complementar
Saiba mais sobre a aplicação da análise B/C em empresas florestais acessando o texto 
“Análise benefício-custo: instrumento de auxílio para tomada de decisões na empresa 
florestal”, disponível na biblioteca.
5. Mecanismos referenciadores: payback descontado e break even point 
(ponto de equilíbrio)
Os mecanismos referenciadores, como o break even point (ponto de equilíbrio) e payback 
descontado, só devem ser utilizados para estabelecer padrões físicos ou monetários de 
comparação entre projetos, pois, ao contrário da TIR e do VPL, oferecem pouco efeito 
conclusivo para análises financeiras de ciclos produtivos como os que você viu anteriormente. 
Conheça agora cada um deles!
Break even point (ponto de equilíbrio)
O break even point mede quantas unidades de produto será necessário produzir para pagar 
as despesas de custeio. Portanto, indica quando a empresa vai conseguir igualar receitas e 
despesas, possibilitando reduzir riscos de prejuízo. 
Curso Técnico em Agronegócio
122
O cálculo se baseia na divisão do valor do custeio dividido pelo preço pago pela unidade de 
produto:
⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼ = x unidades/períodocusteio
preço da unidade
Por exemplo, imagine uma propriedade fictícia em que é produzido leite de cabra. Com um 
plantel de 184 animais, a média anual de cabras lactantes é de 92, e cada cabra produz cerca 
de 2,7 litros/dia, o que dá uma produção de mais de 89 mil litros/ano. 
Para manter essa produção, todas as despesas resultam no custeio de R$ 84.875,20. Cada 
litro de leite é vendido por R$ 2,50. Qual seria o break even point para esse projeto?
Para encontrar essa resposta, basta dividir 84.875,20 por 2,50, obtendo-se o valor de 33.950 litros/
ano. Portanto, essa é a quantidade de litros de leite que a propriedade deve vender para atingir 
o ponto de equilíbrio, zerando as despesas do ano para o projeto de produção de leite de cabra.
Payback descontado
O payback descontado é uma análise que considera o tempo que será necessário para que o 
empreendedor tenha o seu investimento inicial de volta. 
Finanças aplicadas ao agronegócio
123
O
Informação extra
O payback sem desconto não informa corretamente o tempo necessário para que 
o empreendedor obtenha o retorno total do capital a ser imobilizado no projeto, 
pois não considera o valor do dinheiro no tempo. Dessa forma, é importante 
evitar o uso do payback sem desconto, pois com ele o tempo projetado de 
retorno do capital será menor que a expectativa projetada com base no custo de 
oportunidade oferecida para o capital.
O cálculo será baseado no VPL das receitas anuais, promovendo o desconto das receitas 
projetadas no futuro, em que são feitas as subtrações referentes ao investimento inicial, e 
contabilizando o tempo em meses ou anos que serão necessários para o empreendedor ter 
de volta o capital imobilizado no agronegócio.
Desconto
Em finanças, o desconto é a atualização por determinada taxa de juros (por exemplo, o custo de 
oportunidade) de um valor para o dia da análise.
Portanto, para realizar o cálculo, será preciso achar o VPL e somar com o aporte de capital. Em 
seguida, divide-se esse resultado pelo tempo, em meses, necessário para o empreendedor ter 
de volta o capital imobilizado no agronegócio. E, por fim, divide-se o valor do aporte de capital 
pelo resultado da divisão anterior.
⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼ = número de mesesinvestimento inicial
(VPL+investimento)÷horizonte de tempo
Para facilitar a compreensão, a seguir você vai acompanhar um exemplo de cálculo desse 
mecanismo em um projeto de agronegócio.
A análise financeira de projetos no agronegócio
Considere o resumo da análise financeira do projeto de café da propriedade fictícia Fazenda 
Rio Novo que contempla os diversos investimentos da fazenda, assim como as entradas e 
saídas do projeto para um horizonte de tempo de seis anos (72 meses).
Agora, serão utilizados os mesmos conceitos para fazer a análise financeira do projeto de café 
da propriedade fictícia Fazenda Rio Novo, com os pressupostos dos diversos investimentos e 
outras informações. 
Curso Técnico em Agronegócio
124
Fazenda Rio Novo
Área da propriedade 
100 ha
Valor da terra 
R$ 400.000,00 Valor equipamentos 
R$ 260.000,00
Café arábica Valor das construções e demais benfeitoria 
fixas - R$ 120.000,00
60 ha - 400 pés/ha
Custo de 
oportunidade 
12% a.a.
Custo de implantação até a primeira colheita 
R$ 612.603,00
Produtividade 
40 sacas/ha
1. colheita 6 sc/100 pés* / 2. colheita 8 sc/1000 pés* / 3. colheita em diante 
10 sc/ 1000 pés*
Preço/saca 
R$ 480,00
* Variação das despesas de colheita em função do aumento de volume de produção
Considere o resumo da análise financeira do projeto de café da propriedade fictícia Fazenda 
Rio Novo que contempla os diversos investimentos da fazenda, assim como as entradas e 
saídas do projeto para um horizonte de tempo de sete anos. 
Fluxo de caixa - Fazenda Rio novo - Café
Receitas/
despesas
1º ano 2º ano 3º ano 4º anos 5º anos 6º anos 7º anos
Entradas
Café 691.200 921.600 1.152.000 1.152.000 1.152.000 1.152.000 1.152.000
Aporte de 
capital 1.272.981
Total de 
entradas 1.964.181 921.600 1.152.000 1.152.000 1.152.000 1.152.000 1.152.000
Saídas
Investimentos 1.392.603
Custeio 571.578 651.573 703.564 703.564 703.564 703.564 703.564
Total de saídas 1.964,181 651.573 703.564 703.564 703.564 703.564 703.564
Saldo 
operacional 0,00 270.027 448.436 448.436 448.436 448.436 448.436
Lucro 0,00 270.027 448.436 448.436 448.436 448.436 448.436
Análises para o horizonte de 7 anos
TIR 16,4%
VPL R$ 206.210,61
B/C 1: 1,16
Payback descontado 72 meses
Breack even point 1.411 sacas/anos
Finanças aplicadas ao agronegócio
125
Veja que o aporte de capital, no primeiro ano, foi de R$ 1.272.981,00. O VPL é R$ 206.210,61. 
E o período deve ser referente aos sete anos, portanto, são 72 meses. Agora, aplica-se esses 
dados na fórmula e, em seguida, realiza-se os cálculos.
Primeiro, faz-se a soma do VPL e do aporte de capital. Isso dá R$1.497.191,61. Agora, é preciso 
dividir esse valor pelo número de meses em que o empreendimento deve ter o aporte de 
capital retornado, que é 84. Assim, chega-se ao valor de R$ 17.609,42. Por fim, basta dividir o 
valor do aporte por esse resultado que acabou de ser encontrado. O resultado dessa divisão 
é72,2. Portanto, o payback descontado informa que o aporte de capital deverá retornar 
após 72 meses de projeto. E então, ficou mais fácil compreender como funcionam o payback 
descontado e o ponto de equilíbrio?
d
Comentário do autor
Relembre o resumo da análise financeira do projeto de bovinocultura de leite da 
Fazenda Rio Novo, bem como as análises e os pressupostos para a atividade e a 
propriedade demonstrados anteriormente.
Os resultados encontrados para a análise financeira do projeto de pecuária 
leiteira proposto para a Fazenda Rio Novo dizem que a TIR de 15% indica que 
o aporte de capital (R$ 732.017,00) necessário para a implantação do projeto 
deverá, ao longo de seis anos, ter rendimento anual de 15%, superando o custo 
de oportunidade para esse capital, que foi de 12% ao ano. 
O VPL encontrado (R$ 66.227,77) informa que, em princípio, o aporte de capital 
deverá ter resultado positivo, e ainda terá uma sobra financeira líquida ao final 
do horizonte do projeto. Já a relação B/C mostra que haverá retorno de R$ 1,09 
para cada R$ 1,00 investido. O payback descontado informa que o aporte de 
capital deverá retornar no 66º mês do projeto, e o break even mostra que, para 
pagar as despesas médias de custeio, o projeto deverá possibilitar a produção 
mínima de 279.901 litros de leite por ano.
No início desta apostila, no Tópico 1 (“Introdução à administração financeira no agronegócio”), 
do Tema 1, você viu um exemplo de análise de rentabilidade para a utilização de uma nova 
variedade de milho. Analisou-se 1 hectare pelo método benefício-custo, lembra-se? 
Com as informações passadas até aqui, você pode complementar a análise financeira daquele 
exemplo. No quadro a seguir você encontra os resultados, que podem confirmar as suas 
conclusões. 
Curso Técnico em Agronegócio
126
TIR 16,4% 17%
VPL R$ 206.210,61 R$ 117,13
B/C 1: 1: 1,16 1,15
Breakeven sacas 65 86
Legenda: Complemento da análise financeira do exemplo do Tópico 1 (“Introdução à administração financeira no agronegócio”) 
do Tema 1
Nessa análise não cabe o payback descontado. A análise final deverá comparar a TIR encontrada 
para os dois sistemas de produção de milho e a oportunidade de aplicação financeira no mercado 
de capitais. Caso o empreendedor tenha rentabilidade para o capital proposto superior às 
informadas à TIR em horizonte de seis meses, caberá a ele a decisão entre plantar o milho ou ir 
para o mercado financeiro, depois de analisados todos os riscos envolvidos nas alternativas.
c
Leitura complementar
Na biblioteca você encontrará dois textos para se aprofundar nos estudos sobre o 
break even point e os tipos de payback. Acesse “Break even point na atividade rural” e 
“Payback simples e descontado” para saber mais.
Encerramento do tema
Neste segundo tema da Unidade Curricular Finanças Aplicadas ao Agronegócio, você 
acompanhou as questões relacionadas à gestão financeira do empreendimento no 
agronegócio, com ênfase ao custo de produção.
Você pôde ver que os preços praticados para os produtos do agronegócio navegam nas leis 
de mercado livre, o que torna necessário aos gestores financeiros criar o entendimento da 
baixa influência que a produção no agronegócio, por si só, poderá ter na formação de preços. 
Assim, resta aos gestores ter uma forte e persistente gestão sobre os custos de produção, 
procurando avaliar a relação benefício-custo como ferramenta básica. 
Além disso, você estudou também os mecanismos avaliadores da viabilidade e da 
rentabilidade para projetos agropecuários futuros, em andamento ou finalizados - a TIR e o 
VPL. E compreendeu os mecanismos referenciadores - o payback descontado e o break even 
point (ponto de equilíbrio) - que estabelecem padrões físicos e/ou monetários de comparação.
Lembre-se de que o gestor financeiro no agronegócio deve ter liberdade para escolher as 
ferramentas financeiras que deverão auxiliar nas diversas tomadas de decisões.
Finanças aplicadas ao agronegócio
127
Atividade de aprendizagem
1. Com relação ao que você viu sobre o custo de produção relacionado às classificações das 
despesas, leia as alternativas a seguir e marque a correta.
a) A contabilidade apresenta a visão do custo de produção com alguns conceitos diferentes 
da visão da economia.
b) As despesas de mão de obra no empreendimento do agronegócio são consideradas 
como um custo fixo.
c) As despesas de mão de obra no empreendimento do agronegócio do café são 
consideradas como custos variáveis.
d) O horizonte de tempo para análise de custo de determinado empreendimento no 
agronegócio deverá ser sempre referente a um ciclo completo da atividade.
e) Os custos indiretos e diretos não têm qualquer relação com os chamados custos fixos 
e custo variáveis. 
2. Quanto aos fatores do custo de produção e algumas polêmicas sobre suas utilizações na 
planilha de custo, assinale a afirmativa correta a seguir.
a) A realização do custo de produção em empreendimento do agronegócio deverá seguir 
as regras da contabilidade, a fim de oferecer subsídios para a documentação contábil 
do empreendimento junto aos órgãos governamentais.
b) Os valores de depreciação da terra só podem ser utilizados pelo produtor rural pessoa 
jurídica.
c) No agronegócio as características naturais que se apresentem desfavoráveis para 
o desenvolvimento de determinada atividade podem ser suplantadas pelo uso da 
tecnologia, que poderão ser compensadas pelos resultados financeiros que deverão 
ser obtidos.
d) O termo “custo orçamentado” não existe no mundo da contabilidade, apenas foi 
empregado com a finalidade de destacar o excesso de utilização de fatores de despesas, 
na planilha de custo de produção, chamados de indiretos e de fundamentação contábil.
e) A inclusão da remuneração do proprietário nas planilhas de custo de produção só 
deverá ocorrer na agricultura familiar.
3. Considerando o que você estudou sobre os fatores que compõem os custos de produção, 
fatores de custos sem polêmicas e fatores de difícil mensuração em suas utilizações na 
planilha de custo, leia as alternativas a seguir e marque a incorreta.
Curso Técnico em Agronegócio
128
a) O gestor financeiro no agronegócio poderá, para fins do valor de insumos produzidos 
na propriedade, usar os valores de mercado praticados na região ou, em caso de não 
existir mercado regional para determinado insumo, utilizar os valores de outras regiões.
b) O gestor financeiro no agronegócio poderá, para fins do valor de insumos produzidos 
na propriedade, usar, visando ao preço desses insumos, planilha própria de custo de 
produção do próprio insumo, modelo que se pode chamar de centro de custos.
c) As despesas de mão de obra e seus encargos sociais devem ser contabilizadas nas 
planilhas de custos de produção, imediatamente nos meses de ocorrência das referidas 
despesas. 
d) Os gestores financeiros podem optar pela utilização de planilhas de custos de produção, 
seja na modelagem A, B ou C, e até utilizar uma mescla das três, desde que isso seja 
favorável para seu controle e para a tomada de decisões.
e) A modelagem de planilha de custo de produção denominada de custo dinâmico 
(modelagem C), no caso dos exemplos dados na apostila, apresenta pouca diferenciação 
em seus princípios de contabilização de despesas e também o custo unitário de 
produção.
4. Seja qual for a atividade do agronegócio, a planilha do custo de produção deverá conter os 
diversos insumos utilizados durante o ciclo produtivo. Para isso, o gestor financeiro deverá 
desenvolver uma forma de controle dessa rotina. Com relação ao que você estudou sobre 
o assunto, assinale a afirmativa correta.
a) O tipo de insumo, as quantidades e os preços de aquisição deverão ser cuidadosamente 
anotados.
b) O estoque e seus custos também terão de constar na planilha, embora ainda nãotenha 
sido usado no processo produtivo.
c) A má gestão das despesas financeiras geradas pelos estoques não influencia nos 
resultados no livro-caixa.
d) Pecuaristas que produzem alguns alimentos para os animais na propriedade só têm 
uma alternativa para o controle dos custos desses insumos, que é trabalhar com centro 
de custos.
e) O custo de produção no agronegócio deve, obrigatoriamente, estar atrelado às regras 
estabelecidas pela contabilidade.
5. Com relação ao que você estudou sobre as avaliações de rentabilidade do empreendimento 
no agronegócio, leia as alternativas a seguir e marque a incorreta.
a) Rentabilidade financeira é igual para qualquer tipo de empreendimento, e o agronegócio 
não se difere dos demais.
Finanças aplicadas ao agronegócio
129
b) A TIR em um projeto, além de informar a rentabilidade proposta pelo empreendimento, 
também informa a máxima taxa de juros que o capital solicitado para o desenvolvimento 
desse mesmo projeto poderá suportar.
c) O VPL que se aproxima de zero informa que o empreendimento deverá pagar apenas 
as despesas operacionais.
d) O payback sem desconto deve ser evitado pelo gestor, pois não trabalha com o valor do 
dinheiro no tempo.
e) O chamado break even point, ou ponto de equilíbrio, poderá servir de ferramenta 
gerencial quando do uso do custo de produção denominado de dinâmico (modelagem 
C) pelo gestor financeiro como avaliador de ciclos contínuos de produção.
Financiamentos e outras 
operações fi nanceiras no 
agronegócio
03
operações fi nanceiras no 
Finanças aplicadas ao agronegócio
131
Tema 3: Financiamentos e outras 
operações financeiras no agronegócio
Quando o ser humano aprendeu a cultivar o próprio alimento, deixou de ser nômade. Com 
isso, passou, também, a domesticar animais e a habitar locais que, aos poucos, foram se 
tornando cidades. Portanto, podemos dizer que a agricultura e a pecuária foram a base para 
a construção de civilizações e a evolução da humanidade. Hoje, é difícil imaginar o mundo sem 
as atividades rurais, que produzem o alimento para abastecer nossos lares.
No entanto, cultivar plantas e criar animais envolve riscos que são difíceis de evitar. Mudanças 
climáticas, doenças e pragas inerentes à produção agrícola fazem com que o produtor rural 
tenha de conviver com frequentes quedas na produção, que diminuem a oferta de alimentos 
no mercado.
 
Fonte: Shutterstock
Então, se é difícil, e por vezes até impossível, controlar certos riscos que podem comprometer 
os resultados da produção rural, como garanti-la? Ao longo deste tema, você verá que os 
Curso Técnico em Agronegócio
132
riscos e o esforço do produtor rural são reconhecidos pela sociedade e pelo governo, que 
edita normas e desenvolve programas para apoiar e manter as atividades rurais do país. Você 
também conhecerá os instrumentos de crédito rural e verá como ter acesso aos programas 
de fi nanciamento que o compõem. Além disso, conhecerá um pouco sobre o mercado futuro 
e o de opções, cujas negociações são feitas por meio da bolsa de valores, que podem ser boas 
alternativas para fi nanciar o ciclo produtivo.
Tópico 1: Crédito rural
O Sistema Nacional de Crédito Rural (SNRC) é um dos quatro grandes sistemas utilizados pelo 
Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED), criado em 1968 a fi m de aumentar a produção e 
a produtividade das atividades agropecuárias.
Podemos entender que o crédito rural é o principal instrumento de fi nanciamento no 
agronegócio brasileiro, embora existam outros mecanismos fi nanceiros que, de alguma 
forma e em algum momento, também possam ser acionados para fi nanciar a produção 
agropecuária brasileira. 
Em 1965, houve a primeira resolução do Conselho Monetário Nacional para tornar obrigatória 
a aplicação de 10% dos depósitos à vista em operações de crédito rural. Esse direcionamento 
obrigatório de verba fi cou conhecido como exigibilidade.
Podemos entender a exigibilidade como a porcentagem do total 
dos depósitos feitos à vista nos bancos que deverá ser aplicada, 
obrigatoriamente, no crédito rural.
A cada ano, os níveis de exigibilidade - ou seja, quanto dos depósitos à vista recebidos pelos 
bancos deverá ser aplicado em crédito rural - são alterados de acordo com a política de 
incentivo do governo e a disponibilidade fi nanceira para a agropecuária para o ano-safra, que 
ocorre a partir de julho do ano corrente até junho do ano seguinte.
Fonte: Shutterstock.
Finanças aplicadas ao agronegócio
133
Os recursos saídos da exigibilidade são chamados de recursos obrigatórios (RO) e recursos 
controlados (RC). Eles só podem ser utilizados com taxas de juros delimitadas no plano safra 
corrente e, normalmente, com algum nível de subsídio. Os bancos também podem gerar recursos 
de outras fontes para aplicar em crédito rural com taxas de juros que podem ser diferentes das 
taxas delimitadas pelo ano safra. Essas fontes são chamadas de recursos livres (RL).
Para o gestor financeiro do agronegócio, a informação fundamental para aderir ao crédito 
rural é a taxa de juros praticada nas operações. Além disso, deverá ser garantido o encaixe 
do contrato de financiamento, independentemente da modalidade, como contrato de crédito 
rural. Desse modo, ele ficará sob as condições estabelecidas pelo SNCR, e as nuances próprias 
das atividades rurais deverão ser respeitadas pelas partes, garantindo maior segurança ao 
tomador do crédito.
'
Dica
O assunto “crédito rural” também foi abordado na Unidade Curricular 10 - 
Políticas Públicas para o Agronegócio. Lembra-se? Se sentir necessidade, retome 
a apostila dessa unidade curricular para recordar o conteúdo.
O governo federal e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) destinam os 
recursos para o crédito rural por meio do Plano Agrícola e Pecuário (PAP). O Plano de 2015/2016, 
por exemplo, garante mais de 180 bilhões de reais a serem destinados especialmente para 
o custeio e a comercialização das safras. Além disso, também aposta no crescimento dos 
médios produtores rurais, destinando 18,9 bilhões para o Programa Nacional de Apoio ao 
Médio Produtor Rural (Pronamp) (MAPA, 2015).
Quer ver um exemplo? Acompanhe, nos quadros a seguir, os dados resumidos do PAP 
2015/2016 para as operações de custeio e investimento nos setores de agricultura e pecuária.
PAP 2015/2016 – CUSTEIO AGRICULTURA E PECUÁRIA
PROGRAMA LIMITE PRODUTOR PRAZO TAXA DE JUROS
Pronamp R$ 710.000,00 2 anos 7,75%
Estocagem de álcool Não há 0,8 ano TJLP* + 2,7%
Demais produtores R$ 1.200.000,00 2 anos 8,75%
*Taxa de juros de longo prazo
Fonte: Mapa (2015).
PAP 2015/2016 – INVESTIMENTO ‒ AGRICULTURA E PECUÁRIA
PROGRAMA LIMITE PRODUTOR PRAZO TAXA DE JUROS
Moderfrota/PSI rural Não há 10 anos De 7% a 9,5%
Pronamp R$ 385.000,00 12 anos 8,75%
Moderinfra R$ 2.000.000,00 12 anos 8,75%
Programa ABC R$ 2.000.000,00 15 anos De 7,5% a 8%
Inovagro R$ 1.000.000,00 10 anos 7,5%
PCA – Armazém Não há 15 anos 8,75%
PSI – Cerealista Não há 15 anos De 9% a 10%
Curso Técnico em Agronegócio
134
Moderagro R$ 800.000,00 10 anos 8,75%
Prodecoop R$ 100.000,00 12 anos 8,75%
ProcapAgro
Integ. cotaspartes R$ 50.000,00 6 anos 7,5%
Capital de giro
De R$ 20.000 a R$ 
60.000,00
0,6 ano De 8,75% a 10,5%
Prorenova Não há 1,8 anos TJPL* + 2,7%
*Taxa de juros de longo prazo
Fonte: Mapa (2015).
O PAP é um instrumento para garantir que os investimentos sejam estratégicos. Assim, o 
Brasil consegue aumentar a sua produção e também a qualidade dos alimentos ofertados, o 
que dá mais competitividade ao agronegócio brasileiro.
1. Os agentes financeiros do crédito rural no Brasil
Segundo o Manual de Credito Rural (MCR) de 2015, compõem o SNCR as seguintes entidades: 
Banco Central do Brasil (Bacen), Banco do Brasil, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste, 
Banco Nacional de DesenvolvimentoEconômico e Social (BNDES), Caixa Econômica Federal 
(CEF), bancos privados e estaduais, cooperativas de crédito rural, órgãos oficiais de fomento 
e extensão agropecuária, assim como empresas e técnicos particulares de assistência técnica 
para a agropecuária. 
No SNCR, essas entidades se dividem em órgãos básicos e órgãos vinculados. Os básicos são 
o Bacen, o Banco do Brasil, o Banco da Amazônia e o Banco do Nordeste. Já, entre os órgãos 
vinculados, está, segundo a Lei no 4.504/1964, o BNDES. 
Há, ainda, os vinculados auxiliares, que incluem agências de fomento, bancos estaduais, 
inclusive de desenvolvimento, bancos privados, CEF, cooperativas autorizadas a operar em 
crédito rural e sociedades de crédito, financiamento e investimento, e, como órgãos vinculados 
incorporados, há as instituições integrantes do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo 
(SBPE) (BACEN, 2015).
A entrada de outras entidades também pode ser permitida pelo Conselho Monetário Nacional. 
Já o controle do SNCR é responsabilidade do Bacen. Assim, qualquer instituição financeira que 
queira atuar como agente financeiro de crédito rural deverá ser autorizada pelo Banco Central.
Os agentes financeiros são as partes responsáveis por captar os 
depósitos e operar o crédito rural; por isso, também são chamados 
de “operadores financeiros do crédito rural”, tendo como obrigação 
cumprir a exigibilidade. Para isso, podem repassar os valores a 
outros agentes financeiros ou para o Banco Central.
Já os beneficiários de crédito rural, isto é, as pessoas que podem utilizá-lo, são os produtores 
rurais e os pescadores que atuam como pessoas físicas ou jurídicas, as cooperativas de 
Finanças aplicadas ao agronegócio
135
produtores e os prestadores de serviços voltados à produção e à tecnologia de sementes ou 
mudas certificadas, à inseminação artificial, à topografia de lavouras, às atividades florestais e 
à patrulha mecanizada para agropecuária.
FONTES
Recursos obrigatórios
BNDES
Fundos constitucionais
Recursos livres
Funcafé
AGENTES FINANCEIROS
Bancos públicos
Bancos privados
Cooperativas de crédito
BENEFICIÁRIOS
Produtos rurais
pessoas físicas
Empresas rurais
Cooperativas de
produtores rurais
Fonte: Adaptado de Sistema FAEP (2015)
Além desses, o MCR (BACEN, 2015) dispõe que também podem ser beneficiárias as pessoas 
físicas ou jurídicas que exerçam as seguintes operações:
• atividades florestais;
• medição de lavouras;
• pesquisa ou produção de sêmen e embriões;
• prestação de serviço de inseminação artificial animal;
• prestação de serviços mecanizados para agropecuária, incluindo a proteção do solo do 
imóvel rural; 
• pesquisa ou produção de mudas ou sementes fiscalizadas ou certificadas.
Isso porque essas atividades são ligadas ao setor e também são muito importantes para que 
o agronegócio avance. 
`
Atenção
Observe que a obtenção do crédito rural não é permitida para os sindicatos 
rurais, os estrangeiros residentes no exterior e para o parceiro do 
empreendimento, caso o contrato de parceria limite o acesso de uma das partes 
ao financiamento.
Curso Técnico em Agronegócio
136 Para receber o crédito rural, são exigidas a revisão cadastral da pessoa física ou da empresa, 
os documentos da terra e o comprovante da inscrição da propriedade a ser beneficiada no 
Cadastro Ambiental Rural (CAR). Ao entregar esses documentos ao agente financeiro, também 
deverá ser apresentado um orçamento e um plano simples ou um projeto completo sobre os 
objetivos da utilização do crédito rural. 
Esse plano deve ser elaborado por um técnico com formação na área de Agronomia ou 
Ciências Agrárias ou por empresas de projetos agropecuários devidamente credenciados aos 
agentes financeiros.
No subtópico a seguir, você verá mais sobre a elaboração do plano simples e do projeto 
completo para obter o crédito rural. Fique atento e acompanhe as informações.
2. Formatos de projetos para a obtenção do crédito rural
Para obter o crédito rural, o produtor proponente deverá buscar um técnico autônomo ou empresas 
de projetos agropecuários, devidamente credenciados aos agentes financeiros, para elaborar um 
plano simples ou um projeto completo, a ser entregue junto com os demais documentos exigidos 
para solicitar o crédito rural. Mas como esse plano ou projeto deve ser feito?
Em linhas gerais, a composição mínima do plano simples e dos projetos de crédito rural deverá 
demonstrar ao agente financeiro as seguintes informações:
• identificação do proponente;
• identificação da propriedade rural;
• objetivos da proposta;
• orçamento;
• formatação técnica do fluxo produtivo proposto (forma, índices, produções etc.);
• fluxo financeiro da atividade com as respectivas amortizações do empréstimo pretendido; 
• descrição e avaliação das garantias.
c
Leitura complementar
Para saber mais sobre os agentes financeiros e os detalhes necessários para fazer 
o plano simples ou o projeto completo, você pode acessar o MCR, disponibilizado 
pelo Bacen no link <http://www3.bcb.gov.br/mcr>. Ao acessar o MCR, você poderá 
baixar os trechos em arquivo para imprimir.
Finanças aplicadas ao agronegócio
137
Essas são as exigências dispostas no MCR e cobradas pela maioria dos agentes financeiros, 
porém é possível que existam particularidades de cada agente.
A CEF, por exemplo, opera o crédito rural diretamente aos produtores rurais e, por isso, utiliza 
modelos de projetos próprios, que são feitos em planilhas de Excel® e apresentam uma série 
de limitações operacionais impostas.
Apesar disso, a CEF também admite que o técnico apresente sua proposta em forma de 
projeto completo, desde que a atividade de produção sugerida não se enquadre na forma 
apresentada pelas planilhas. Esse é o caso da produção de animais para a comercialização de 
raças e do cultivo de produto agrícola com ponto técnico para comercialização diferente do 
tradicional. 
Por exemplo, a mandioca-farinha é uma atividade com prazo e preço de comercialização 
diferentes da mandioca de mesa. Assim, se o cultivo de mandioca-farinha não se enquadrar 
na forma da planilha da CEF, o técnico poderá apresentar um projeto completo nos moldes 
do MCR para solicitar o crédito rural.
A assistência técnica prestada pelos elaboradores dos planos ou projetos é obrigatória em 
casos específicos ou de comum acordo entre o técnico e o proponente. Portanto, cabe ao 
produtor decidir se deseja contratar os serviços de assistência técnica, a menos que o agente 
financeiro exija. As despesas de elaboração de projeto e assistência técnica também são 
financiáveis pelo crédito rural.
A assessoria de técnicos para elaborar projetos de crédito rural é 
muito importante para se pensar sobre as tecnologias de produção 
que serão utilizadas nos sistemas de produção e, principalmente, 
pelo assessoramento nas questões relacionadas à operação de 
crédito rural e em todos os desdobramentos que possam acontecer.
Essa assistência facilita a interlocução entre os produtores e os agentes financeiros, dando 
mais segurança para ambas as partes.
`
Atenção
O técnico que dará a assistência deve ser um profissional registrado em um dos 
seguintes Conselhos Regionais: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura 
e Agronomia (Crea), Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) ou 
Conselho Regional de Biologia (CRB).
É importante saber, também, que as operações de crédito rural estão sujeitas a fiscalizações 
do agente financeiro de acordo com seu cronograma interno e, em casos excepcionais, pelo 
Bacen. Além disso, também podem ser realizadas fiscalizações por sensoriamento remoto, 
como imagens de satélite.
Curso Técnico em Agronegócio
138
3. As operações de crédito rural para o agronegócio
O crédito rural funciona por meio de operações que têm comoobjetivo viabilizar o custeio, o 
investimento e a comercialização da produção rural. 
As operações de custeio destinam-se a cobrir despesas de ciclos 
produtivos que tenham a duração média dos ciclos de produção, 
podendo chegar a até dois anos. A forma de pagamento deverá estar 
atrelada ao processo comercial do produto financiado. O crédito pode 
ser pago em prestações mensais, seus múltiplos ou liquidação total ao 
final da comercialização.
As operações de investimento destinam-se à aquisição de bens e 
serviços que serão utilizados ao longo de vários ciclos produtivos. 
Elas poderão ter carência de pagamentos de acordo com a resposta 
produtiva provocada pelo uso dos bens e serviços incorporados ao 
sistema de produção. Assim, o pagamento pode ser prolongado por até 
15 anos, conforme os retornos financeiros alcançados.
As operações de comercialização destinam-se a cobrir despesas da 
fase de colheita ou para emissão de títulos lastreados com produtos 
agropecuários entregues em cooperativas ou agroindústrias.
Títulos lastreados
Nas operações do mercado financeiro, lastros são os títulos dados em garantia de uma operação 
de mercado aberto, que é uma técnica de intervenção do Bacen no mercado monetário por meio 
da compra e da venda de títulos (ECONOMIANET, 2016). 
Nesse caso, trata-se de títulos que dão a garantia de entrega dos produtos 
agropecuários em cooperativas ou agroindústria.
As operações podem ocorrer conforme os programas de crédito rural. Podese dizer que eles 
sejam de três tipos, em que se encaixam contratos, fundos e programas específicos. São eles:
Programas gerais
• Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor (Pronamp).
• Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé).
• Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
• Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro).
Finanças aplicadas ao agronegócio
139
Programas especiais
• Fundo de terra e da reforma agrária.
• Programa de recuperação da lavoura cacaueira baiana.
• Programa de cooperação nipo-brasileira para o desenvolvimento dos cerrados.
Programas com recursos do BNDES
• Programa de capitalização de cooperativas agropecuárias (ProcapAgro).
• Programa de incentivo à irrigação e à armazenagem (Moderinfra).
• Programa de modernização da frota de tratores agrícolas e implementos associados e 
colheitadeiras (Moderfrota).
• Programa de desenvolvimento cooperativo para agregação de valor à produção 
agropecuária (Prodecoop).
• Programa para redução de emissão de gases de efeito estufa na agricultura (Programa ABC).
• Financiamentos passíveis de subvenção econômica pela União.
• Programa de incentivo à inovação tecnológica na produção agropecuária (Inovagro).
• Programa de construção e ampliação de armazéns (PCA).
• Programa de apoio à renovação e à implantação de novos canaviais.
'
Dica
A Unidade Curricular 10 - Políticas Públicas para o Agronegócio descreve os 
programas de crédito rural com mais detalhes. Retome a leitura da apostila 
dessa unidade para relembrar o assunto.
Além desses programas, existe ainda um instrumento especial de política agrícola que é 
o contrato de opção de compra e venda. Esse instrumento é regulado pelo Bacen e pela 
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e é operado pela Bolsa de Valores, Mercadorias e 
Futuros de São Paulo (BM&FBovespa). Você verá mais sobre ele no Subtópico 2 – A lógica 
operacional dos contratos futuros e do contrato de opções agrícolas, do Tópico 2 – Contrato 
futuro e de opções agrícolas, deste tema.
Também existe a possibilidade de negociação para outros tipos de recebíveis que são praticados 
com taxa de juros de crédito rural, como a nota promissória rural e a duplicata rural.
Curso Técnico em Agronegócio
140
O
Informação extra
Segundo o Bacen (2015), tanto a nota promissória rural como a duplicata rural 
são títulos de crédito utilizados nas vendas a prazo de bens de natureza agrícola, 
extrativa ou pastoril quando essas vendas são feitas diretamente pelo produtor 
rural ou pela cooperativa de que ele participa. 
A nota promissória rural pode ser utilizada, por exemplo, quando a cooperativa 
entrega bens de produção ou de consumo aos seus cooperados. O devedor 
costuma ser uma pessoa física. 
Já a duplicata rural, uma vez emitida pelo vendedor, obriga-o a entregá-la 
ao comprador, que a devolverá depois de assiná-la. Nesse caso, o devedor 
geralmente é uma pessoa jurídica.
Os produtores rurais devem estar bastante atentos à documentação necessária para as 
operações de crédito rural. Cada vez mais, os agentes fi nanceiros aumentam as exigências 
para conceder o crédito, muitas vezes forçados pelas constantes alterações na prevenção do 
risco de crédito aliadas às mudanças das legislações municipal, estadual e federal. 
É necessário estar preparado para atender às questões relacionadas à regularização da 
propriedade ou de contratos de arrendamentos, às declarações de renda passadas relativas 
à atividade agropecuária e às pretensões de novos créditos. 
Atualmente, a regularidade das propriedades está diretamente 
relacionada o Cadastro Ambiental Rural (CAR), uma ferramenta 
importante para os agentes fi nanceiros e para o planejamento da 
utilização sustentável dos recursos da propriedade. 
`
Atenção
Para ter acesso ao crédito rural, o proprietário deve ter o comprovante 
da inscrição de sua propriedade no CAR conforme as exigências do Novo 
Código Florestal Brasileiro, o que inclui fazer o levantamento topográfi co da 
propriedade.
Agora que você já viu quais são as operações e os programas de crédito rural, conheça alguns 
detalhes sobre o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), um importante 
programa para quem exerce atividades rurais e um instrumento de política pública que é 
essencial para manter a atividade agropecuária no país.
Finanças aplicadas ao agronegócio
141
4. Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro)
As produções agropecuárias dependem de fatores externos sobre os quais, muitas vezes, os 
produtores têm pouco controle. É o caso do clima, da temperatura e das pragas e doenças 
que atingem plantações e rebanhos, causando perdas e prejuízo. Não é raro acontecerem, 
por exemplo, fenômenos climáticos que prolonguem os períodos de seca ou de chuva. 
Pensando nisso, o governo desenvolveu o Proagro, que tem como objetivos (BACEN, 2015):
• isentar o produtor rural que recebe empréstimo de custeio de pagar suas dívidas caso haja 
perda de receita causada por chuva em demasia, geada, granizo, seca, variação excessiva 
de temperatura, ventos fortes, ventos frios, doenças e pragas sem método difundido de 
combate, controle ou profilaxia tecnicamente e economicamente viáveis;
• indenizar os recursos do produtor rural que são utilizados no custeio;
• promover o uso de tecnologia.
Portanto, o Proagro cobre a parcela de financiamento e, também, a parcela de recursos 
próprios utilizados para a implantação da cultura de produção. Porém, não cobre os lucros 
cessantes, isto é, aquilo que o produtor rural deixou de lucrar devido a um dano ocorrido.
O Proagro visa a atender pequenos e médios produtores 
rurais. Tanto produtores como cooperativas rurais podem ser 
beneficiários, e o programa é válido também para o produtor 
rural em atividade que não esteja sendo financiada.
Há alguns fatores que não são cobertos pelo Proagro, como: 
• incêndio;
• erosão;
• plantio fora de época ou em momento impróprio;
• práticas inadequadas de controle de pragas e doenças;
• deficiências nutricionais;
• tecnologia inadequada;
• cancro da haste;
• nematoide de cisto na lavoura da soja;
• gripe aviária; 
• mal da vaca louca.
Mas como os operadores do crédito rural saberão qual é o caso e se ele pode ser encaixado ou 
não no programa? Para queo produtor tenha o amparo do Proagro, um técnico credenciado 
Curso Técnico em Agronegócio
142
deverá avaliar o tamanho do dano ocorrido no sistema de produção e fazer um laudo. Somente 
depois disso o produtor rural poderá solicitar o crédito do Proagro no agente financeiro.
Nesse momento, é essencial que o produtor tenha pleno conhecimento de todas as obrigações 
a serem cumpridas e dos limites para a aplicação do dinheiro das indenizações. 
Por exemplo, no caso de danos inferiores a 100% da probabilidade de ter todo o resultado 
produção, o valor obtido pela venda da produção remanescente servirá para amortizar a 
dívida de crédito rural ou diminuirá o valor a ser pago pelo agente do Proagro para atividades 
não financiadas. 
O programa terá custo mínimo de 2% e máximo de 6% sobre o valor orçado para a implantação 
da cultura, e todas as despesas realizadas deverão ser comprovadas por notas fiscais ou 
outros documentos compatíveis.
A atenção às regras vale para todos os programas e linhas de crédito. Por-
tanto, quando pensar em solicitar, procure se informar sobre o melhor. Você 
pode buscar informações no MCR ou no próprio agente financeiro.
Caso o agente financeiro negue o pedido do produtor rural para obter a cobertura do Proagro, 
este poderá recorrer à Comissão Especial de Recursos (CER) ligada ao Mapa.
5. Cédula de Produto Rural e demais títulos do agronegócio: o financiamento 
privado da agropecuária
Os títulos do agronegócio têm como objetivo viabilizar o financiamento do setor agropecuário 
com recursos privados. 
Hoje, há cinco títulos do agronegócio, que são: 
• Cédula do Produto Rural (CPR);
• Certificado de Depósito Agropecuário/Warrant Agropecuário (CDA/WA);
• Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA);
• Letra de Crédito do Agronegócio (LCA); 
• Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA).
Warrant
Título emitido por armazém encarregado da guarda e da 
conservação de mercadoria, passível de negociação.
Conheça um pouco de cada um deles, com ênfase na CPR, pois ela é a mais acessível à 
produção no agronegócio. Fique atento às informações!
Finanças aplicadas ao agronegócio
143
Cédula do Produto Rural (CPR)
A CPR, criada em 1994 pela Lei no 8.929, é um título de crédito lastreado em garantia real que 
pode ser emitido tanto pelo produtor rural como por uma cooperativa de crédito. Entenda 
melhor o que isso significa! 
Esse é um título para uma venda a termo, ou seja, uma venda que será concluída no futuro. 
O produtor, ou a cooperativa de crédito, emite a CPR para comercializar seus produtos e 
recebe o valor por eles antecipadamente, ficando obrigado a fazer o que se costuma chamar 
de pagamento em produto, ou em valor financeiro, dependendo do tipo de CPR.
Existem dois tipos de CPR: a física e a financeira. Veja.
CPR física CPR financeira
Deve ser utilizada quando o interesse das 
partes é o pagamento em mercadoria. 
O produtor e emitente da CPR vende o 
produto e recebe o dinheiro quando o título 
é formalizado. Depois, fica obrigado a de 
entregar uma determinada quantidade de 
produto em uma data futura, conforme o ciclo 
de produção e o acordo firmado.
É semelhante à CPR física, porém o resgate 
é em dinheiro. Nesse caso, o interesse 
do produtor é manter a mercadoria para 
comercialização posterior. Então, esse tipo 
de CPR serve como lastro, ou garantia, de 
financiamento. 
Para corrigir a desvalorização da moeda, 
fica estabelecido um indexador (ou índice 
de reajuste) para o montante financeiro 
disponibilizado pelo comprador, garantindo 
que, no momento do vencimento da CPR, ele 
receberá o valor emprestado com a correção 
financeira.
No caso da CPR financeira, não há incidência de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) 
nem obrigação de declarar em Imposto de Renda (IR).
Então, por exemplo, o produtor, ou sua cooperativa, pode emitir uma CPR para antecipar 
recursos e, assim, poder adquirir insumos para o desenvolvimento da sua atividade rural. 
d
Comentário do autor
A CPR pode ser considerada uma evolução nas relações de troca entre os 
fornecedores de insumos, como pode acontecer nas cooperativas, que 
antecipam mercadorias a produtores para depois ter o pagamento em produto, 
criando uma forma de financiamento diferente das fontes de crédito rural. 
As CPRs são operacionalizadas por agentes financeiros, e os títulos são registrados na 
BM&FBovespa. Além disso, elas podem servir de lastro para as Letras de Crédito do Agronegócio 
(LCA), que você conhecerá mais à frente. 
Curso Técnico em Agronegócio
144
c
Leitura complementar
Complemente seus estudos sobre a CPR acessando a biblioteca do curso. 
Lá, você encontrará um texto sobre esse título que servirá como captação de 
recursos ou insumos para a produção rural.
Certificado de Depósito Agropecuário (CDA)
Também chamado de Warrant Agropecuário (WA), esse título de crédito representa a promessa 
de entrega de produtos agropecuários, seus derivados, subprodutos e resíduos de valor 
econômico, emitidos por armazenadores devidamente credenciados para tal.
Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA)
Esse é um título de crédito de livre negociação e com promessa de pagamento em dinheiro. 
Trata-se de um recebível garantido por negócios entre produtores, cooperativas e terceiros, 
inclusive financiamentos ou empréstimos relacionados à produção, à comercialização ou à 
industrialização de produtos relacionados ao agronegócio. 
Os CDCAs podem ser emitidos por cooperativas de produtores rurais ou outras pessoas 
jurídicas que trabalhem com beneficiamento e comercialização de máquinas e equipamentos 
agropecuários.
Letra de Crédito do Agronegócio (LCA)
Trata-se de um título de crédito de livre negociação e com promessa de pagamento em 
dinheiro que pode ser emitido por instituições financeiras públicas e privadas.
Em geral, é um título de renda fixa oferecido por agentes financeiros e que é isento de IOF e 
imposto de renda (IR) para os investidores.
 Títulos de renda fixa
São títulos que pagam, conforme juros definidos na aplicação ou no resgate, uma remuneração 
em períodos definidos. Ao comprar um título, pode-se dizer que o investidor empresta o dinheiro 
ao emissor. Os juros cobrados por emprestar esse dinheiro são a remuneração do investidor.
Assim como os CDCAs, trata-se de um recebível lastreado por negócios entre produtores, 
cooperativas e terceiros, inclusive financiamentos ou empréstimos relacionados à produção, 
à comercialização ou à industrialização de produtos relacionados ao agronegócio. 
Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA)
O CRA é também um título de crédito de livre negociação e com promessa de pagamento 
em dinheiro. Trata-se de recebível lastreado por negócios entre produtores, cooperativas e 
terceiros, inclusive financiamentos ou empréstimos relacionados à produção, à comercialização 
ou à industrialização de produtos relacionados ao agronegócio.
Finanças aplicadas ao agronegócio
145
Esse título pode ser emitido por empresas securitizadoras de direitos creditórios do 
agronegócio, que colocam os CRAs no mercado financeiro e de capitais.
6. Endividamento do crédito rural: como prevenir
O crédito rural tem características diferenciadas em relação ao crédito convencional. Você 
sabe ou imagina o motivo? Isso ocorre porque é uma operação financeira voltada para a 
produção de alimentos e atividades que envolvem riscos relacionados à natureza, sobre os 
quais é difícil, e às vezes até impossível, ter controle. 
Clima, doenças, pragas e preços praticados muito abaixo do razoável podem levar o produtor 
a não conseguir cumprir com suas obrigações de pagamentos aos bancos. 
A sociedade, o governo e os agentes financeiros reconhecem as dificuldades que envolvem a 
produção no campo, por isso a legislação voltadaao crédito rural procura criar possibilidades de 
renegociações de dívidas que podem ser geradas por essas operações toda vez que os fatores que 
fogem do controle do produtor rural trazem prejuízo para o resultado da produção financiada. 
'
Dica
No capítulo 18 do MCR, estão disponíveis todas as renegociações autorizadas 
pelo governo dentro das mais diversas regiões e atividades. Você pode consultá-
lo pelo link <http://www3.bcb.gov.br/mcr>, na pasta “MCR Normas”.
O Manual de Crédito Rural descreve, entre suas instruções, que o crédito destinado à produção 
agropecuária deve ser sempre oportuno, suficiente e adequado. Assim, cria responsabilidade 
para todas as partes envolvidas na operação (produtores rurais, bancos e técnicos). 
Os vários problemas que podem ocorrer e que venham a dificultar ou impossibilitar o 
pagamento de dívidas de crédito rural geralmente recebem tratamento especial por parte dos 
governos, que passam a criar normas relacionadas aos problemas ocorridos. Desse modo, 
desenvolvem-se possibilidades de renegociações e ampliações dos prazos de pagamento, 
podendo chegar a securitizar dívidas em alguns casos extremos. 
Securitizar
Transformar as dívidas em títulos negociáveis no mercado.
No entanto, podem existir alguns problemas não relacionados a fatores de difícil controle, 
mas que também são capazes de provocar atrasos nos pagamentos pactuados, criando 
endividamento para o produtor rural. Por exemplo, problemas de ordem técnica devido às 
especificidades de cada atividade realizada na propriedade ou de comercialização local. 
Curso Técnico em Agronegócio
146
Fonte: Shutterstock.
Por isso, a orientação é a de que o crédito rural só seja adquirido para uma finalidade 
produtiva em que o produtor rural tenha experiência técnica e comercial ou, pelo menos, 
esteja devidamente orientado por técnicos com responsabilidade e experiência comprovadas 
na cultura a fim de minimizar os problemas técnicos e comerciais da atividade. 
É muito importante estar bem orientado para conseguir antecipar a comunicação, ao agente 
financeiro, de problemas que possam dificultar o cumprimento do cronograma de pagamentos. 
Essa comunicação deverá ser sempre feita com o laudo do técnico responsável pelo projeto, 
mas podem ser solicitadas vistorias antecipadas por parte dos bancos para a comprovação 
dos fatos. 
Com base nos laudos e nas vistorias, os bancos deverão reprogramar o cronograma de 
pagamentos de forma a adequar os valores a serem pagos com a realidade produtiva a fim 
de evitar a inadimplência.
Inadimplência
Não pagamento na data de vencimento de um compromisso financeiro.
Há casos, também, em que o agente financeiro oferece ao produtor o crédito em outras linhas 
de financiamento que não o crédito rural a fim de liquidar parcelas em atraso. Essa opção deve 
ser evitada, pois o produtor sairá da faixa do crédito rural para o crédito comercial, mas sua 
fonte de receita será de origem rural, que, como você já viu, é sujeita a certas adversidades.
Finanças aplicadas ao agronegócio
147
Tópico 2: Contrato futuro e de opções agrícolas
Neste último tópico, você irá rever alguns pontos de um assunto muito importante para as 
negociações no agronegócio: o contrato futuro e o contrato de opções agrícolas.
Antes de começar esse assunto, é preciso relembrar um conceito essencial: commodities 
agrícolas. Você já estudou um pouco sobre isso na Unidade Curricular de Economia Rural, 
lembra-se? Agora, resgate essa definição aqui.
Commodities é o plural de commodity, que, em inglês, significa “mercadoria”. 
Para o mercado, é a mercadoria produzida em larga escala, com caracterís-
ticas físicas homogêneas e destinada ao comércio externo, geralmente em 
estado mais básico.
É, portanto, uma mercadoria em seu estado bruto e que tem uma semelhança constante em 
seu conteúdo ou constituição. São exemplos o petróleo, o minério de ferro, o café e a soja.
As commodities são divididas em quatro categorias: minerais, financeiras, ambientais e 
agrícolas. Para o mercado futuro do agronegócio, as commodities que interessam são as 
agrícolas, que estão comentadas mais adiante, conforme descrito pela BM&FBovespa. 
Mercado futuro é um mercado em que se negociam compromissos de compra e venda que só 
serão efetivados em um momento futuro. Nele, são realizadas operações feitas por contratos 
que estabelecem o compromisso de que, em uma data futura e a um preço ali determinado, o 
comprador se obrigará a comprar e o vendedor se obrigará a vender o produto que é objeto 
desse contrato. 
Portanto, as negociações de contratos futuros também podem ser chamadas de operações 
de garantia de preço, e essa garantia pode valer tanto para produtores como para as 
agroindústrias.
Além desse tipo de operação, há também as conhecidas como negociações de mercado a 
termo. Mercado a termo é o mercado em que são negociados todos os tipos de contratos de 
compra ou venda com prazo e valor predefinidos - os contratos a termo.
As operações desses mercados só são possíveis por meio de uma entidade que possa 
aproximar as partes interessadas. No caso do Brasil, essa entidade é a BM&FBovespa, que é a 
bolsa de valores oficial do país.
Essa entidade tem a função de registrar as negociações e fazer as compensações financeiras e a 
liquidação dos contratos, posicionando-se como garantidora das operações. Estas são realizadas 
por corretoras de valores e bancos credenciados à BM&FBovespa, e todos são regulados e 
fiscalizados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que é uma entidade do governo.
Curso Técnico em Agronegócio
148
Corretores
Bancos
Governo FederalBM&F
Bovespa
Comissão de
Valores Mobiliários
Além da existência dessa entidade garantidora, outro fator fundamental para que as 
operações a termo aconteçam é a existência de um mercado livre na formação dos preços 
das commodities - que são as mercadorias em que se baseiam os contratos. E, ainda, para 
executar a operação, o gestor fi nanceiro do agronegócio deve optar por um dos seguintes 
tipos de contrato: contrato futuro ou contrato de opções. 
Mas talvez você esteja se perguntando: “Por que optar por esse tipo de negociação no 
agronegócio?”. O objetivo do produtor rural, ou do gestor fi nanceiro do empreendimento 
rural, ao escolher esse tipo de negociação é garantir um determinado preço para seu produto 
no momento da comercialização.
Essa é uma estratégia chamada de travamento de preço - ou, em inglês, hedge -, garantindo 
uma proteção contra oscilações inesperadas nos preços.
`
Atenção
Açúcar cristal, boi-gordo, café arábica, etanol, milho e soja são as commodities 
aceitas pela BM&FBovespa e que podem ser objeto de um contrato a termo. 
Portanto, apenas essas poderão ser objeto de um contrato a termo e ter seus 
preços travados no momento de suas comercializações.
No caso do mercado futuro para as commodities agrícolas, não é obrigatória a existência física 
do produto negociado no momento da liquidação do contrato, ou seja, no seu encerramento. 
Porém, é essencial que ocorra o pagamento do montante fi nanceiro estabelecido para que as 
partes consigam realizar o que foi acordado em contrato, isto é, a manutenção do preço do 
produto tanto para o comprador como para o vendedor. 
Finanças aplicadas ao agronegócio
149
'
Dica
Apesar da aparente semelhança com a CPR física, estamos falando de uma 
negociação a termo diferente. A CPR é exclusivamente uma venda a termo 
e, como vimos no Subtópico 5 – Cédula de Produto Rural e demais títulos do 
agronegócio: o financiamento privado da agropecuária, do tópico anterior, não 
exige a existência física do produto no momento da emissão do título, mas a sua 
entrega é obrigatória no momento do resgate.
Os contratos, independentemente de serem futuros ou de opção, poderão ser negociados em 
seu vencimento ouem momentos anteriores, e as partes poderão decidir por trocar a posição 
de seus contratos a qualquer momento.
A operação é bem simples e funcional: uma vez tomada a decisão pelo travamento de preços, 
o produtor rural, ou o gestor financeiro, deve solicitar o procedimento para uma corretora de 
contratos credenciada à BM&FBovespa. Em seguida, a corretora de contratos que atende ao 
empreendimento deve dar continuidade, conforme mostra o esquema a seguir.
Produtor procura 
uma corretora da 
BM&FBovespa
1
Corretora faz
o cadastro do
produtor
2
Produtor faz o 
depósito em 
conta corrente
3
Liquidação
do contrato
6
Autorização da 
compra ou venda
5
Decisão sobre o 
valor e o prazo
do contrato
4
Legenda: Fluxo operacional para a realização de compra ou venda de contratos futuros
1. Contratos de commodities agrícolas disponíveis na BM&FBovespa com liqui-
dação financeira
Como você viu na introdução deste tema, o açúcar cristal, o boi-gordo, o café arábica, o etanol, 
o milho e a soja são as mercadorias que podem ser objeto de um contrato a termo. 
Para cada contrato, existe uma padronização com relação ao seu tamanho e à qualidade de 
cada uma dessas commodities, como mostra o quadro a seguir.
Curso Técnico em Agronegócio
150
Objeto de negociação Tamanho do contrato
Açúcar
Açúcar cristal especial, com mínimo de 
99,7° de polarização, máximo de 0,08% 
de umidade, máximo de 150 de cor 
ICUMSA, máximo de 0,07% de cinzas.
508 sacas de 50 kg líquidos ou 25,4 t
Boi-gordo
Bovinos machos, com 16 arrobas líquidas 
ou mais de carcaça e idade máxima de 42 
meses.
330 arrobas líquidas (1 arroba = 15 kg)
Café arábica
Café cru, em grão, de produção brasileira, 
Coffea arabica, tipo 4-25 (4/5) ou melhor, 
bebida dura ou melhor.
100 sacas de 60 kg líquidos
Café cru, em grão, de produção brasileira, 
Coffea arabica, tipo 6-25 (6/7) ou melhor, 
bebida dura ou melhor.
100 sacas de 60 kg líquidos
Etanol
Etanol anidro carburante, conforme 
as especificações técnicas da Agência 
Nacional de Petróleo (ANP).
30 m³ ou 30.000 L a 20 °C
Etanol hidratado combustível, segundo 
as especificações da Agência Nacional de 
Petróleo (ANP).
30 m³ equivalentes a 30.000 L
Milho
Mercado interno
Milho em grão a granel, amarelo, de 
odor e aspectos normais, em bom 
estado de conservação, livre de bagas de 
mamona, bem como de outras sementes 
prejudiciais e de insetos vivos, duro ou 
semiduro, proveniente da última safra 
e de produção brasileira, em condições 
adequadas de comercialização e próprio 
para consumo animal; e com (a) até 
14% de umidade; (b) máximo de 1% 
de impurezas na peneira de 3 mm; (c) 
máximo de 6% de grãos ardidos ou 
brotados e livres de grãos mofados; (d) 
máximo de 12% de grãos quebrados, 
partidos ou chochos. 
450 sacas de 60 kg líquidos cada, correspondentes a 
27 t de milho em grão a granel.
Finanças aplicadas ao agronegócio
151
Mercado externo
Se a região-base for uma localidade 
portuária, o objeto de negociação 
atenderá às especificações: milho em 
grão a granel, amarelo, da última safra e 
de produção brasileira, livre de insetos 
vivos, com (a) até 14,5% de umidade; (b) 
até 1,5% de impurezas na peneira de 4,76 
mm; (c) até 3% de grãos quebrados; (d) 
até 20 ppb de aflatoxina; (e) até 5% de 
grãos danificados, sendo no máximo 1% 
de ardidos e/ou germinados; e (f) livre 
de sementes venenosas, mas com uma 
tolerância máxima de 0,10% de mamona 
e cascas de mamona.
450 sacas de 60 kg líquidos cada, correspondentes a 
27 t de milho em grão a granel.
Milho em grão a granel, com odor e aspectos 
normais, duro ou semiduro, amarelo, da 
última safra, com máximo de 14%.
450 sacas de 60 kg líquidos cada, correspondentes a 
27 t de milho em grão a granel
Soja
Soja em grão a granel tipo exportação, 
com os seguintes limites máximos: 14% 
de umidade; 1% de matérias estranhas 
e impurezas; 30% de quebrados; 8% 
de esverdeados; 8% de avariados 
(queimados, ardidos, mofados, 
fermentados, germinados, danificados, 
imaturos e chochos), dos quais se 
permitem até 6% de grãos mofados, até 
4% de grãos ardidos e queimados, sendo 
que este último não pode ultrapassar 1%; 
e 18,5% de conteúdo de óleo.
450 sacas de 60 kg ou 27 t
O Contrato Futuro Míni de Soja (mini-
Sized Soybean Futures) do CME Group
450 sacas de 60 kg ou 27 t
Fonte: BM&FBovespa (2016).
Portanto, como já explicado, esses são os únicos produtos que podem ter seus preços travados 
por contratos a termo, e eles devem seguir o padrão de qualidade exigido.
c
Leitura complementar
Para ver alguns detalhes sobre os contratos futuros de commodities e especificações 
por eles exigidas, acesse a biblioteca do curso. Lá, você encontrará dois exemplos: 
“Contrato Futuro Boi-Gordo” e “Contrato Futuro Milho”.
Curso Técnico em Agronegócio
152
2. A lógica operacional dos contratos futuros e do contrato de opções agrícolas
Para entendermos melhor como funciona o contrato futuro, vamos imaginar uma propriedade 
fictícia chamada Fazenda Rio da Prata, em que são cultivados milho e soja. Agora, suponha que 
o gestor financeiro, junto com os proprietários da fazenda, tenha decidido pelo travamento 
de preço do milho.
Fonte: Shutterstock.
Tomada essa decisão pelo hedge, ele lança a solicitação ao corretor, que atende ao 
empreendimento. Suponha que ele solicite a venda de determinado número de contratos 
de milho para 15 de agosto com valor de R$ 38,00 por saca. A partir daí, o corretor procura 
por contratos de oferta de compra de milho para a data solicitada, com tamanho e valores 
próximos aos da solicitação de venda que recebeu.
Com a operação de acordo com o pedido de seu cliente, o corretor solicita que o vendedor 
e o comprador depositem a margem de garantia na conta-corrente operacional da 
BM&FBovespa. O valor dessa margem pode variar por tipo de produto – para o milho, fica 
entre 5% e 6% do valor total do contrato.
Até a data de vencimento do contrato, o vendedor deverá realizar depósitos para compensar 
altas no preço, e o comprador deverá depositar para compensar as baixas de preço. Os 
valores depositados como margem de segurança deverão sofrer correção monetária durante 
o período de depósito. O objetivo disso é que o preço contratado seja garantido ao final do 
contrato.
Quando chegar a data de vencimento do contrato, a BM&FBovespa deverá fazer a sua 
liquidação, concluindo a operação, com o preço de mercado do milho para o dia do vencimento, 
e as partes estarão com suas margens de segurança depositadas. 
A partir disso, é possível entender melhor como funciona a liquidação financeira. Para tanto, 
veja três cenários que consideram o caso apresentado. 
Finanças aplicadas ao agronegócio
153
Data: 15 de agosto 
Valor da saca de milho: R$33,00
$
O gestor financeiro da Fazenda Rio da Prata, vendedor, propôs-se a vender a saca de milho 
por R$ 38,00, e o comprador se propôs a comprar a saca de milho a R$ 38,00. Nesse caso, a 
BM&FBovespa passa, do comprador para o vendedor, R$ 5,00 por saca. A venda vai para o 
mercado e é feita por R$ 33,00/saca, mas, com os R$ 5,00/saca que recebeu do contrato, o 
vendedor garante os R$ 38,00 que queria. O comprador vai ao mercado e paga os R$ 33,00 
pela saca de milho, mas, com os R$ 5,00/saca que depositou por causa da diminuição do 
preço, pagou o valor de R$ 38,00 por saca, como tinha sido sua proposta de compra. 
A sobra existente no fundo garantidor, ou margem de segurança, deverá pagar as despesas 
administrativas, e o restante retornará para as partes contratantes. 
Data: 15 de agosto 
Valor da saca de milho: R$38,00
O vendedor e o comprador vão ao mercado e negociam o milho a R$ 38,00 a saca, conforme 
a proposta inicial de ambos.
Assim como no cenário anterior, a sobra do fundo garantidordeverá pagar as despesas 
administrativas do contrato e retornar aos clientes.
Data: 15 de agosto 
Valor da saca de milho: R$43,00
$
O gestor financeiro da Fazenda Rio Prata, vendedor, retornará R$ 5,00 por saca ao comprador 
por meio dos ajustes feitos ao longo do tempo. Como a proposta do vendedor era conseguir 
R$ 38,00 por saca, ele irá ao mercado e venderá por R$ 43,00 por saca, mas, por ter pagado 
R$  5,00/saca para ajustar a margem, garantiu o preço de R$  38,00. O comprador vai ao 
mercado e paga R$ 43,00 por saca, mas, como ele recebeu os R$ 5,00/saca pelo ajuste de 
margem, também garante a compra pelo preço de R$ 38,00. 
Curso Técnico em Agronegócio
154
Veja que, nos três cenários, o preço acordado no contrato é mantido. As partes conseguiram 
travar o preço do milho para a data contratada em R$ 38,00 a saca, evitando possíveis transtornos 
caso viessem a existir grandes oscilações no preço de mercado. Esse mesmo princípio é utilizado 
para os demais produtos comercializados em contratos a termo na BM&FBovespa. 
Esses contratos podem ser negociados a qualquer momento antes 
da data de liquidação, buscando melhores posições de preços 
futuros para as partes.
Geralmente, atuam no mercado de contratos futuros os produtores, as agroindústrias e os 
especuladores - estes os principais responsáveis pelo aquecimento desse mercado.
É importante atentar que o gestor financeiro no agronegócio deverá operar com limites de 
volume para a negociação futura de sua produção traçando uma estratégia. Ele poderá, por 
exemplo, fazer o travamento para garantir o ponto de equilíbrio (breakeven point) da atividade. 
Outra estratégia é tirar proveito de oscilações de alta que possam ocorrer sem, no entanto, 
colocar em risco a receita operacional do empreendimento. 
d
Comentário do autor
O indicado é que seja feito o travamento de um volume de produção que alcance 
o ponto de equilíbrio do sistema de produção. Assim, o produtor rural garante o 
pagamento das despesas realizadas e, a partir daí, outras negociações irão gerar 
o lucro do empreendimento rural. 
Contrato de opção de compra ou de venda de produtos agrícolas
O contrato de opção de compra ou de venda difere bastante do contrato futuro. Trata-se de um 
contrato em que uma das partes compra ou vende o direito de optar pelo preço estabelecido 
no acordo.
No vencimento do contrato, o comprador do direito paga à outra parte a diferença entre o 
valor do contrato e o valor de mercado para exercer o seu direito e garantir o valor acordado.
Finanças aplicadas ao agronegócio
155
Fonte: Shutterstock.
Para facilitar a compreensão, veja mais um exemplo! Suponha, agora, que o gestor financeiro 
da Fazenda Rio da Prata lance a solicitação ao seu corretor para que ele venda um determinado 
número de contratos de opção de soja para o dia 20 de outubro ao valor de R$ 48,00 por saca. 
O corretor procurará por contratos de ofertas de opção de compra de soja para a data 
solicitada com tamanho e valores próximos ao pedido que recebeu. Se a operação estiver 
de acordo com a solicitação do cliente, o corretor deverá pedir ao comprador do contrato de 
opção o valor pactuado. Digamos, neste caso, que esse valor seja de R$ 10,00 por saca. 
O valor total de R$ 10,00 multiplicado pelo número de sacas de soja será depositado pelo 
comprador na conta transitória da BM&FBovespa. Esse valor deverá variar ao longo do tempo 
de acordo com as altas ou baixas do preço da soja para que, apenas na data do vencimento 
do contrato, em 20 de outubro, ocorra a efetivação do pagamento. 
Portanto, o vendedor, que é a Fazenda Rio da Prata, receberá R$ 10,00 por saca de soja do 
contrato para dar o direito ao comprador (por exemplo, uma agroindústria) de pagar R$ 48,00 
pela saca de soja no dia 20 de outubro.
Repare que esse exemplo é de um contrato de opção de venda de soja e que o direito de 
optar será sempre de quem compra, pois é o comprador que paga pelo direito. 
Agora, entenda como funciona a liquidação do contrato de opção. Assim como demonstrado 
no contrato futuro, continue com o exemplo e veja outros três cenários de liquidação financeira 
do contrato. Acompanhe com atenção.
Curso Técnico em Agronegócio
156 Data: 20 de outubro
Valor da saca de milho: R$33,00
$
O comprador do contrato pagou R$ 10,00 por saca, e sua expectativa era de travar o preço 
da saca de soja na data do vencimento em R$  48,00 por saca. Na liquidação financeira, o 
comprador não deverá exercer o seu direito de compra, devendo ir ao mercado e comprar o 
produto a R$ 33,00 por saca. 
Data: 20 de outubro
Valor da saca de milho: R$48,00
Como o preço na data do vencimento ficou igual ao preço do contrato, ou seja, R$ 48,00 por 
saca de soja, ninguém precisará fazer a opção de compra ou venda, pois não haverá lucro 
nem prejuízo na liquidação do contrato. Os ajustes de margem teriam sido zerados.
Data: 20 de outubro
Valor da saca de milho: R$53,00
$
Com o preço da soja, o vendedor já deverá ter feito depósitos na conta transitória para ajustar 
a margem de segurança de R$ 10,00, pois o preço variou contra ele. O comprador do contrato, 
ao contrário, não necessitou fazer depósitos para ajuste da margem, porque o contrato variou 
a seu favor. Assim, no vencimento do contrato, o vendedor ficaria com o prejuízo de R$ 10,00 
por saca, e o comprador teria lucro nesse mesmo valor.
Perceba que este é um tipo de contrato de alto risco, por isso o gestor finan-
ceiro deve avaliar muito bem se vai utilizar ou não esse instrumento.
Cabe considerar que cada empreendedor no agronegócio tem um ponto de vista próprio 
sobre o que é risco, portanto a decisão final sobre a forma de exposição comercial será 
baseada conforme as características do empreendimento e a visão do seu gestor.
Finanças aplicadas ao agronegócio
157
c
Leitura complementar
Para conhecer as especificações dos contratos de opção de compra e de venda, 
acesse a biblioteca do curso. Lá, você poderá ver mais detalhes nos arquivos 
“Contrato de opção de milho – venda” e “Contrato de opção de milho – compra”.
Encerramento do tema
No terceiro e último tema desta unidade curricular, você conheceu as formas de financiamento 
público e privado para a produção no agronegócio e compreendeu a importância do crédito 
rural. Viu que os montantes destinados ao crédito rural são lançados anualmente pelo 
governo, dentro do chamado “ano safra”, por meio do Plano Agrícola e Pecuário (PAP). Também 
conheceu as características, as possibilidades e as formas para a obtenção do crédito rural. 
Outro assunto importante deste tema são os contratos que possibilitam o travamento 
de preços, ou hedge, para determinados produtos do agronegócio - as commodities. Esses 
instrumentos, quando bem utilizados, podem trazer segurança e bons níveis de estabilidade 
financeira para empreendimentos no setor. 
Assim, você pôde ver as possibilidades de financiamentos para o agronegócio, seja ele público 
ou privado, e compreender como funcionam os mecanismos de hedge para determinados 
produtos e como se dão a compra e a venda pela bolsa de valores. 
Atividade de aprendizagem
1. Considerando o que você estudou sobre as possibilidades de financiamentos e as demais 
operações financeiras para o agronegócio, leia as afirmativas a seguir e marque a correta.
a) O crédito rural é o principal instrumento de financiamento para os empreendedores 
no agronegócio, no entanto empreendimentos de grande porte devem procurar outras 
fontes de financiamento.
b) Todo agente financeiro que consta no SNCR é obrigado a cumprir a exigibilidade para o 
crédito rural, realizando o repasse do dinheiro sempre exclusivamente aos produtores 
e às empresas rurais. 
c) O contrato futuro é uma garantia de que os participantes conseguirão manter os preços 
de seus produtos no momento da compra ou davenda.
d) A CPR é, sem dúvida, a melhor alternativa entre as operações de custeio do crédito 
rural.
e) O contrato de opção é uma alternativa de travamento de preços que tem alto risco, por 
isso sua utilização deve ser evitada no agronegócio.
Curso Técnico em Agronegócio
158
2. O crédito rural é o principal instrumento de financiamento no agronegócio brasileiro, 
embora existam outros mecanismos que, de alguma forma, também possam ser acionados 
para financiar a produção rural. Considerando o que você estudou sobre o crédito rural, 
leia as alternativas a seguir e assinale a correta.
a) As operações de custeio, seja ele agrícola ou pecuário, têm a finalidade de financiar 
todos os insumos necessários para a atividade a ser desenvolvida.
b) As operações de investimento, seja ele agrícola ou pecuário, têm a finalidade de financiar 
todos os insumos necessários para o funcionamento da atividade ao longo de vários 
ciclos, exceto as despesas de custeio.
c) O programa de crédito rural que incentiva a agricultura de baixo carbono é o Moderfrota.
d) O Proagro cobre qualquer tipo de problema que venha a ocorrer na atividade agrícola 
ou pecuária.
e) A CPR substitui as operações de crédito rural que têm a exigibilidade como fonte.
3. Considerando o que você estudou sobre financiamento para o agronegócio, leia as 
afirmativas a seguir e assinale a correta.
a) O crédito rural é o principal instrumento de financiamento para os empreendedores no 
agronegócio, no entanto empreendimentos de maior volume devem procurar outras 
fontes de financiamento.
b) Alguns agentes financeiros do SNCR não são obrigados a cumprir a exigibilidade para o 
crédito rural.
c) A CPR financeira não é uma boa alternativa para custear a produção rural.
d) O Proagro é um seguro do financiamento agrícola e não faz o ressarcimento dos 
chamados lucros cessantes.
e) O SNCR prevê os problemas que podem ocorrer com o empreendimento financiado, 
evitando que o empreendedor do agronegócio assuma dívidas de crédito rural.
4. Mercado a termo é o mercado em que são negociados todos os tipos de contratos de 
compra ou venda com prazo e valor predefinidos. Trata-se de um mercado específico para 
negociar commodities e que tem as negociações feitas por meio da BM&FBovespa. Sobre 
isso, leia as alternativas a seguir e marque a correta.
a) O leite bovino é uma commodity da BM&FBovespa, portanto pode ser negociada no 
mercado a termo.
b) As operações no mercado a termo podem ocorrer livremente entre as partes 
interessadas.
Finanças aplicadas ao agronegócio
159
c) O mercado a termo opera, preferencialmente, com a liquidação física das mercadorias 
negociadas.
d) O contrato de opções apresenta menos riscos que o contrato futuro.
e) O contrato futuro é uma operação de garantia de preço, seja para o produtor rural, seja 
para a agroindústria.
5. Para executar a operação no mercado futuro, o gestor financeiro do agronegócio deve 
optar por um dos seguintes tipos de contrato: contrato futuro ou contrato de opções. 
Considerando o que você estudou sobre esses contratos, leia as afirmativas a seguir e 
assinale a correta.
a) O contrato futuro é uma garantia de que os participantes conseguirão manter os preços 
de seus produtos no momento da compra ou da venda.
b) O contrato de opção é uma alternativa de travamento de preços de alto risco, por isso 
deve ser evitado.
c) O contrato futuro pode ser realizado com qualquer tipo de produto agrícola que conste 
do plano de safra anual.
d) O contrato de opção agrícola tem maior opção de produtos para fins de travamento de 
preço que o contrato futuro.
e) O contrato futuro, para ter melhor performance, deverá ser realizado com base na 
totalidade de produção esperada pelo empreendimento.
Encerramento da Unidade Curricular
Nesta unidade curricular, você compreendeu as relações entre os diversos aspectos e 
possibilidades do mundo financeiro e a produção no agronegócio! Em linhas gerais, estudou 
três grandes temas, que abordaram, sequencialmente: a administração financeira, a gestão 
do dinheiro e o financiamento da produção. 
Ao longo do estudo, você pôde aproximar a teoria de Finanças Aplicadas ao Agronegócio com 
a realidade da produção agropecuária brasileira. Lembre-se de que a teoria que você estudou 
aqui, quando aliada à prática, é de grande importância para os produtores rurais melhorarem 
seus resultados e desenvolverem suas propriedades, garantindo a sustentabilidade do 
negócio. Como técnico em agronegócio, você também terá responsabilidade por essa evolução 
da propriedade e poderá buscar bons resultados financeiros se baseando na utilização de 
boas técnicas produtivas, sempre respeitando a natureza e as pessoas. 
Curso Técnico em Agronegócio
160
Espera-se que esta unidade curricular tenha sido de bom proveito e que você consiga não 
só praticar as várias teorias que viu aqui, mas também, e principalmente, que você possa 
melhorar e incrementar a gestão financeira no agronegócio.
Gabarito
Tema 1
Questão 1: B.
a) Alternativa incorreta. A organização operacional em um empreendimento no agronegócio 
independe da constituição jurídica da iniciativa. Trabalhar de forma organizada é uma 
decisão dos gestores.
b) Alternativa correta. A constituição de uma empresa para exploração do empreendimento 
no agronegócio deverá demandar mais despesas operacionais para fazer frente a 
determinadas exigências funcionais, portanto, as vantagens financeiras oriundas dessa 
opção deverão estar bem definidas pelos gestores.
c) Alternativa incorreta. Apesar de ser uma afirmativa correta, a opção entre a constituição 
jurídica do empreendimento no agronegócio deverá ser mais discutida entre os gestores.
d) Alternativa incorreta. Várias as informações a se discutir sobre a decisão de se tornar 
uma empresa. Os tipos de atividades desenvolvidas no agronegócio poderão exigir 
operacionalidade administrativa própria, onde a formação de uma empresa seja mais 
interessante para seu proprietário ou não. O fato de a pretensão do empreendimento 
atingir no futuro maior porte não deverá ser motivo de decisão. A escolha deverá ser 
baseada em estudo bem fundamentado na relação custo-benefício, em que todos os 
fatores deverão ser considerados, como os tributários, os administrativos, os técnicos, os 
comerciais e também os fatores da vida profissional e comercial do proprietário.
e) Alternativa incorreta. O tipo de atividade não interfere na forma jurídica da exploração 
produtiva no agronegócio.
Questão 2: D.
a) Alternativa incorreta. O risco técnico no desenvolvimento da cultura, assim como o risco 
de preço no momento da comercialização, existirá independentemente da existência de 
financiamento. O risco financeiro do financiamento deverá existir se as taxas de juros e 
os prazos de pagamentos não estiverem de acordo com as possibilidades operacionais da 
natureza da cultura financiada. O ideal será a utilização, quando de sua disponibilidade, do 
seguro de Proagro, atrelada à comercialização de parte da produção esperada no mercado 
futuro.
b) Alternativa incorreta. Apesar de um novo sistema produtivo apresentar produtividade 
em porcentual menor do porcentual das despesas, isto por si só não deverá representar 
inviabilidade, e dependerá principalmente pelo valor do preço do produto no momento da 
comercialização deste.
Finanças aplicadas ao agronegócio
161
c) Alternativa incorreta. Apesar do aumento da produção e as despesas serem acessórias a 
esse aumento, haverá necessidade de aumento de capital de giro para fazer frente a mais 
despesas de colheita e comercialização, que após as vendas deverá ser reposto ao capital 
operacional do empreendimento.
d) Alternativa correta. Esta visão, frequentemente apresentada de forma descontraída pelas 
expressões “antes, dentro e depois” da porteira, tem forte representaçãonão só para os 
participantes do sistema, mas como também para toda a sociedade, facilitando a visão de 
cadeia agroalimentar, criando valor aos três setores e demonstrando a real importância 
para o setor. O “dentro da porteira”, pode ser considerado como o de mais alta fragilidade 
com necessidade constante de atenção de todos os atores participantes, devido às 
peculiaridades inerentes à produção de alimentos em sua primeira fase, sujeito aos riscos 
relacionados à natureza.
e) Alternativa incorreta. Para que o empreendimento no agronegócio venha a desenvolver 
uma nova iniciativa, desde que haja viabilidade técnica, a mesma só deverá ser desenvolvida 
depois de realizadas as análises financeiras de viabilidade e de riscos.
Questão 3: C.
a) Alternativa incorreta. Todos os valores envolvidos no empreendimento devem sofrer 
avaliações relacionadas ao valor do dinheiro no tempo, seja de custeio ou de investimento, 
independentemente se o ciclo é curto ou longo, se os investimentos são de médio ou 
longo prazo. As análises que visam verificar o valor do dinheiro no tempo deverão ser 
sempre realizadas.
b) Alternativa incorreta. As operações correntes deverão ter sempre um momento de suas 
avaliações de retornos alcançados. Para fins de cálculos de rentabilidade obtida as análises 
que avaliam o valor do dinheiro no tempo deverão ser utilizadas. Os projetos, ou seja, 
as ideias que estão sendo estudadas para serem implantadas também devem merecer 
total atenção sobre o aspecto da rentabilidade e, consequentemente, seus riscos. Para 
fins de análise de rentabilidade será obrigatória a utilização das avaliações que levem em 
consideração o valor do dinheiro no tempo.
c) Alternativa correta. Essa deverá ser a forma básica de comparação dos resultados de 
rentabilidade que venham a ser encontrados em projetos em andamento e também 
em novos projetos. Não havendo impedimento para que as análises de rentabilidade 
encontradas também possam ser comparadas com rentabilidades alcançadas em outros 
projetos, mas a referência deverá ser sempre o mercado financeiro.
d) Alternativa incorreta. O mercado financeiro utiliza de forma quase que obrigatória a 
metodologia de juros compostos, podendo ter periodicidade diária ou mensal, acabando 
por elevar em alguns pontos a taxa de juros real praticada nas operações de crédito.
e) Alternativa incorreta. O risco deverá ser sempre real, no entanto, o gestor no agronegócio 
deverá administrar da melhor forma possível todos os instrumentos possíveis para 
amenizar os riscos, a fim de obter retornos em patamares mais seguros.
Curso Técnico em Agronegócio
162
Questão 4: D.
a) Alternativa incorreta. O orçamento compõe o projeto, sendo uma importante ferramenta 
para o gestor avaliar os retornos que poderão ser alcançados como forma de remuneração 
dos capitais próprios investidos no empreendimento. Com orçamento definido e os valores 
necessários para desenvolver o novo projeto, acompanhado das projeções de receitas, o 
gestor poderá avaliar a viabilidade de desenvolver o novo projeto proposto.
b) Alternativa incorreta. O plano orçamentário nada mais é do que um orçamento com 
detalhamento de mais informações. A decisão de melhorar a apresentação do orçamento 
não deverá provocar alterações nos valores orçados, mas sim oferecer melhor visualização 
e abrir possibilidades para que o orçamento se torne uma ferramenta mais amigável, 
ajudando a tomada de decisão, sem alterar os fundamentos financeiros das projeções.
c) Alternativa incorreta. Um bom plano orçamentário feito em planilha eletrônica, com criação 
de possibilidades de alterar determinadas informações, poderá se tornar um simulador e 
dependerá da criatividade e domínio operacional da planilha eletrônica de quem estiver 
construindo o orçamento. Portanto, os orçamentos ou planos orçamentários não são 
simuladores, mas poderão se tornar. 
d) Alternativa correta. A base da formação de uma proposta de crédito rural deverá ser o 
orçamento da atividade a ser financiada e o seu enquadramento nas regras do financiamento 
pretendido. A proposta de crédito rural baseada no orçamento do negócio agropecuário 
deverá atender as necessidades do empreendimento de forma mais adequada. 
e) Alternativa incorreta. O orçamento deverá oferecer os volumes necessários de insumos 
para que o gestor tome conhecimento da real necessidade. A partir daí, a negociação deverá 
ocorrer baseada nos descontos que possam acontecer devido à compra antecipada, ao 
custo e à origem do dinheiro para realizar a compra antecipada, verificando a existência 
de vantagem ou não, como também a questão de logística relacionada ao armazenamento 
de volumes maiores ou entrega parcelada. Portanto, várias decisões devem ser tomadas a 
partir da construção do orçamento, mas não com base exclusivamente dele.
Questão 5: A.
a) Alternativa correta. Os usos do capital nos empreendimentos, sejam de qualquer 
natureza, são semelhantes, recebendo a mesma nomenclatura. O agronegócio apresenta 
diferenciações por interagir com a natureza nas atividades desenvolvidas, podendo os 
empreendimentos, na mesma atividade, apresentarem diferenciais com expressivos por 
causa das peculiaridades de cada propriedade e região de exploração. Mesmo atividades 
em sistemas de confinamento deverão ter diferenciação devido aos variados aspectos 
regionais, como clima, solos, disponibilidade de água etc. Influências na velocidade de 
movimento do capital de giro e de respostas e a utilização de alguns usos de capital 
semifixos poderão ser sentidos nas mensurações de resultados do empreendimento.
b) Alternativa incorreta. A diferenciação existe e precisa ser bem administrada pelo gestor 
financeiro. A utilização de depreciações de acordo com as expectativas de retornos e 
volumes de capital imobilizados devem se diferenciar entre os capitais fixos e semifixos por 
Finanças aplicadas ao agronegócio
163
causa dos prazos de maturação. Também, deve-se estar atento aos financiamentos, que 
precisam partir da premissa dos tempos de retorno para a programação dos pagamentos 
aos agentes financeiros. Isto é, os capitais imobilizados em fixos e semifixos têm diferentes 
exigências de retorno para a atividade.
c) Alternativa incorreta. Os reprodutores e as matrizes nas mais diversas atividades é que devem 
ser considerados como capital imobilizado semifixo. Esses animais normalmente devem 
permanecer na atividade por mais de um ciclo produtivo, não exigindo o retorno dos capitais 
imobilizados nesses itens dentro de um mesmo ciclo. Os animais em produção, como bovinos 
em engorda e fêmeas em crescimento para fins de reposição de matrizes (reposição de 
descartes), enquanto não forem localizadas como matrizes, deverão ser consideradas capital 
de giro, já que poderão não ser utilizadas para o fim reprodutivo, mas podem ser vendidas 
como fêmeas para corte. Os produtos finais, ou o resultado da atividade, são considerados 
como capital de giro. As fêmeas, quando forem selecionadas para compor o rebanho de 
matrizes, devido à reposição de animais descartados ou por mortalidade ocorrida nessa 
categoria, passarão a ser contabilizadas como capital imobilizado semifixo, devendo então ter 
a atenção adequada exigida na gestão dos capitais semifixos. 
d) Alternativa incorreta. O empreendimento só existe porque há fonte de capital para seu 
financiamento (recursos próprios e de terceiros). Estas mesmas fontes devem compor com 
equilíbrio e competitividade a soma de capital necessária, capital este adequado e com 
custos compatíveis com a atividade desenvolvida. A relação entre custo do capital (no caso 
de empréstimos) e prazos de pagamentos podem levar a inviabilizar o empreendimento. 
A busca de lucratividade via operacionalidade do sistema de produção será fundamental 
e obrigatória na gestão do empreendimento no agronegócio, mas, sem o apoio adequadona melhor gestão da fonte de capital, o negócio poderá operar sob intenso risco, portanto, 
o gestor no agronegócio deverá ter atenção constante sobre a fonte de capital do 
empreendimento.
e) Alternativa incorreta. A chamada agricultura perene, ou seja, atividade de produção 
agrícola em que as plantas produzem ao longo de vários períodos, deverá ter tratamento 
diferente da produção de matrizes em animais. Nessa cultura, todas as despesas, de 
sementes até iniciar a produção, deverão compor o chamado capital imobilizado semifixo. 
Diferente dos animais, durante o crescimento até a maturação dessas plantas, ou seja, 
até começar efetivamente a produzir, não haverá possibilidade de comercialização. Em 
princípio, não há possibilidade de ser um produto antes de começar a produzir (a não ser 
que se trate de um produtor de mudas). Portanto, a organização ou a localização do capital 
investido até o início da produção seria como imobilizado semifixo. Iniciada a produção, as 
despesas referentes à manutenção das plantas, no sentido de garantir os melhores níveis 
de produção, passariam então ao enquadramento de capital de giro. A comercialização dos 
produtos originados dessa cultura deverá cobrir as despesas de capital de giro (custeio) 
com a amortização da depreciação das despesas de implantação da cultura. No caso da 
produção de madeira, apesar de ciclo longo, a cultura deverá carregar todas as despesas 
até o ponto de comercialização, momento em que poderá ser obtido o custo de produção 
do metro cúbico da madeira. Procedimento financeiro semelhante é encontrado nas 
culturas de ciclo curto.
Curso Técnico em Agronegócio
164
Questão 6: C.
a) Alternativa incorreta. O fluxo de caixa é uma importante ferramenta para o gestor financeiro 
do empreendimento, pois por meio dele será possível realizar os cálculos de desempenho 
financeiro de um empreendimento em curso, como também avaliar a viabilidade 
econômico-financeira de um novo projeto. O profissional de contabilidade deverá ter sua 
melhor atuação na organização das contas e demais documentos contábeis, devendo ter 
também boa atuação nas informações de receitas e despesas utilizadas no fluxo de caixa.
b) Alternativa incorreta. Todo tipo de entrada financeira deverá ser descrito no fluxo de 
caixa. Os financiamentos bancários, seja para qualquer finalidade, sempre deverão 
constar desse demonstrativo, inclusive, podendo ter breve descrição sobre sua finalidade. 
No caso do agronegócio, poderia ser para financiar o custeio (agrícola ou pecuário) da 
atividade (amortização média em torno de 12 meses) ou investimento (agrícola ou 
pecuário) da atividade (amortização com prazo superior a 12 meses). As amortizações dos 
financiamentos, assim como os juros, também deverão ser mencionadas, diferenciando o 
que é pagamento de juros e do principal (valor de face do financiamento).
c) Alternativa correta. A apuração do lucro da atividade só deverá ocorrer após o cálculo do 
imposto de renda (IR) anual a ser pago pelo empreendimento. O resultado da subtração 
entre receitas e despesas se chama saldo operacional e não lucro, que ficará sujeito à 
apuração do pagamento anual do imposto sobre a renda obtida pelo empreendimento.
d) Alternativa incorreta. Fluxo de caixa é uma coisa e livro-caixa é outra. O fluxo de caixa 
avalia a relação de receitas e despesas ao longo dos períodos em que se desenvolve o 
empreendimento no agronegócio. O livro-caixa apenas registra as entradas e saídas de 
dinheiro, serve para fornecer informações ao fluxo de caixa, mas não possibilita realizar 
avaliações sobre rentabilidade do empreendimento, como também não consegue 
substituir os livros de contabilidade. Livro-caixa é o diário financeiro do empreendimento.
e) Alternativa incorreta. Qualquer que seja a constituição jurídica do produtor rural, monitorar 
o custo de produção é fundamental para tomar algumas decisões perante aos preços 
pagos pelos seus produtos. Sem cálculo dos valores das depreciações dos bens moveis e 
imóveis que participam do sistema de produção, o cálculo do custo de produção deverá 
ficar prejudicado, informando resultado de valor que poderá efetivamente não estar sendo 
remunerado para o produtor. Os valores de depreciação dos bens que fazem parte do 
sistema de produção deverão compor a planilha de custo. Produtores mais organizados e 
que consigam obter lucro em suas atividades, conhecedores da necessidade da reposição 
e manutenção de seus bens de produção, poderão realizar reserva uma financeira 
objetivando atender futuras substituições de tais bens, cumprindo ao “pé da letra” a função 
da formação desse valor.
Questão 7: B.
A sua análise poderá ser superficial, visto que não tem acesso às notas explicativas. A 
princípio, nota-se queda no valor dos ativos do ano de 2012 para 2013 em 16,6%. O ativo com 
maior queda foi o biológico, com pouco mais de 96% de diminuição. Como se trata de uma 
empresa agropecuária, em princípio, a base produtiva seriam os ativos biológicos (pecuária ou 
Finanças aplicadas ao agronegócio
165
agricultura). Com essa queda, a empresa aparenta uma diminuição brusca de sua capacidade 
produtiva, podendo também ter optado por alguma diminuição estratégica de produção. No 
entanto, como não temos acesso às notas explicativas, fica a visão de redução da produção no 
ano de 2013. O capital de giro estava baixo em 2012 e piorou em 2013, ficando pouco menos de 
0,2% do ativo circulante. Na coluna de passivos, apresenta alavancagem de capital de giro em 
valores insignificantes, podendo demonstrar dificuldades em conseguir dinheiro em bancos. 
Em contrapartida, apresenta a emissão em debêntures de quase 60% de seu passivo circulante 
– normalmente se trata de um título empréstimo junto a terceiros em melhores condições do 
que empréstimos bancários. Apresenta empréstimos de longo prazo em pouco mais de 20% 
de seu passivo total e emissão de debêntures de longo prazo próximo a 54%, apresentando 
grande grau de alavancagem com peso maior em debêntures. O prejuízo realizado no ano de 
2013 foi em valores equivalentes a 16% do ativo total. A conclusão simplista determina que a 
empresa esteja em rota de finalizar suas operações, mas nada impede de que a emissão da 
maioria, ou mesmo da totalidade de debêntures, seja direcionada para os próprios acionistas 
e eles aguardem um melhor momento para voltar a crescer as operações. 
a) Alternativa incorreta. Em uma análise superficial do BP, ficou demonstrado que 51,5% do 
patrimônio total do empreendimento estão locados em terras, sendo elas a base operacional 
do sistema de produção da fazenda. Portanto, a afirmativa não apresenta fundamentação. 
O patrimônio em terras demonstrado não apresenta qualquer tipo de passivo, trabalhista, 
fundiário ou ambiental, podendo dar suporte de garantias em operações de crédito rural 
de longo prazo, não demonstrando fragilidade patrimonial.
b) Alternativa correta. Níveis altos de ativos imobilizados em terras são comuns no 
agronegócio, que, normalmente, fazem parte de atividades voltadas à pecuária. Nesse 
caso, essa observação não seria determinante para demonstrar uma boa situação 
financeira, pois os valores imobilizados em terras podem ganhar relevância expressiva 
devido à valorização dela, e o empreendimento ter bom desempenho financeiro. No BP, os 
níveis de imobilização em terras (51,5%) acabam por demonstrar equilíbrio na distribuição 
dos ativos, que apresentam liquidez imediata em 37,5% de seus ativos (rebanho + capital 
de giro) ajudando a caracterizar a boa situação financeira da empresa.
c) Alternativa incorreta. Se não existisse o financiamento descrito no passivo, esse mesmo 
valor deveria ser coberto por alguma outra fonte, a fim de manter a igualdade entre o 
ativo e o passivo. Se essa diferença estivesse sendo preenchida por mais contas a pagar, 
certamente, a empresa estaria enfrentando problemasfinanceiros, pois seu capital de giro 
poderia estar sendo afetado. Se essa diferença estivesse sendo preenchida por dívidas 
assumidas e ainda não pagas, mais uma vez, a empresa poderia estar sobre uma "bomba 
relógio", necessitando de análise muito detalhada para conhecer o perfil dessas dívidas. 
Se essa diferença estivesse sendo preenchida pelo capital próprio (aporte de capital) do 
proprietário a rentabilidade sobre o capital próprio deveria cair significativamente, dos 
atuais 19,3% ao ano para 14,8% ao ano, aproximando-se da taxa de juros interbancários 
praticada (taxa Selic) no Brasil, que no mês de agosto de 2015 foi de 14,5% ao ano. Isso 
indicaria que se o capital próprio estivesse aplicado em algum título do governo federal, 
ele estaria rendendo próximo da rentabilidade oferecida pelo sistema de produção nessa 
última condição. Recordando que a rentabilidade apresentada como patrimônio líquido já 
teria pago o imposto de renda, enquanto a aplicação financeira deveria pagar em torno de 
15% da rentabilidade obtida em IR.
Curso Técnico em Agronegócio
166
d) Alternativa incorreta. O importante no empreendimento no agronegócio deve ser a 
apresentação de lucratividade. Efetivamente, a relação entre os níveis econômicos e 
financeiros em um empreendimento não devem ser balizadores de rentabilidade. Cada 
tipo de empreendimento deverá exigir volumes diferenciados entre o financeiro e o 
econômico. Empreendimentos desenvolvidos em terras arrendadas podem apresentar 
menor demonstração de acúmulo econômico e alta rentabilidade. Empreendimentos 
desenvolvidos em terras próprias com demonstração de maior acúmulo econômico 
também podem apresentar alta rentabilidade. As mesmas afirmativas anteriores poderão 
ser confirmadas com apresentação de prejuízo.
Questão 8: B.
a) Alternativa incorreta. A presença de bovinos em um sistema de produção tem que estar 
relacionada a alguma fase do processo produtivo, ou seja, compondo a etapa programada 
de determinado rebanho. Se for uma fêmea que deverá virar matriz, precisará estar em 
processo de engorda para entrar em reprodução o mais rápido possível. Se for uma 
matriz, sua situação reprodutiva tem que estar bem definida, ou está gestante ou está se 
preparando para ser cruzada e se for um macho deverá estar em processo de engorda 
e por aí vai. Animais sem destino competitivo definido em um sistema de produção são 
geradores de despesas, com baixa possibilidade de se obter rentabilidade adequada no 
momento de sua venda, apenas deverá representar uma forma de imobilizar capital pouco 
competitiva.
b) Alternativa correta. Pequenas falhas operacionais relativas à logística interna costumam 
ser relevadas devido à continuidade das operações rotineiras, acabando por se tornar 
reincidentes e prejudicando um melhor e mais econômico fluxo operacional. Essas falhas 
acabam por pressionar os custos de produção, aumentando as despesas de forma pouco 
perceptível e acabando por diminuir as sobras financeiras. O importante será que as 
falhas relacionadas à logística interna sejam corrigidas imediatamente ou então entrem 
em programação de correção onde os gestores monitorem os resultados.
c) Alternativa incorreta. A chamada ociosidade no rebanho necessita de sistema de 
monitoramento, com identificação individual dos animais e acompanhamento de seus 
momentos produtivos. O ideal deverá ser a utilização de sistema informatizado de 
controle e monitoramento de rebanhos, com ênfase na obtenção de índices de natalidade 
e desempenho produtivo dos animais, monitorando em regime mensal, evitando sistemas 
que deixem passar um ciclo produtivo, no caso de bovinos 12 meses, para informar o que 
aconteceu, pois já terá passado a maioria dos problemas, prejudicando atitudes corretivas 
por parte dos gestores.
d) Alternativa incorreta. A gestão financeira deverá criar valor ao processo produtivo, facilitar 
decisões, acertar rumos, administrar melhor o fluxo de capitais dentro do sistema de 
produção etc., mas conseguir reverter um sistema de produção que opere com baixa 
competitividade técnica deverá ser muito difícil. Superar situações com procedimentos 
tecnológicos que não visem à busca constante de performances superiores por parte da 
planta produtiva do sistema de produção não poderá ser uma ação isolada do gestor 
financeiro do agronegócio. 
Finanças aplicadas ao agronegócio
167
e) Alternativa incorreta. Não importa o porte da atividade no agronegócio, princípios 
organizacionais relacionados à melhor administração de estoques e logística interna têm 
que ser utilizados por todos, possibilitando redução dos custos de produção e melhoria 
na qualidade dos produtos. Todas as pessoas que operem um sistema de produção no 
agronegócio, seja ele familiar ou empresarial, devem ter os princípios de organização, 
racionalização, higiene e preservação do meio ambiente como atitudes rotineiras. 
Ressaltando o grande problema do momento, que é o uso racional e inteligente da 
água, que ao ser mal utilizada poderá ser considerada como um grande desperdício e 
fato gerador de despesas ou de desequilíbrio ambiental desnecessário. Atenção e ação 
imediata de todas as pessoas envolvidas no processo acabam por viabilizar a execução 
dos princípios de qualidade com menores ou até mesmo insignificantes despesas voltadas 
às ações corretivas. 
Tema 2
Questão 1: A
a) Alternativa correta. A contabilidade estabelece visão prática sobre a importância e aplicação 
de ferramenta de obtenção de custo de produção. Já a economia tem uma visão relativa 
às questões de trocas entre as finanças e os diversos materiais, estabelecendo níveis 
conceituais de importância. 
b) Alternativa incorreta. Quando observadas dentro de determinado patamar produtivo real, 
a visão de mão de obra como custo fixo teria colocação adequada. Quando as despesas de 
mão de obra passam a dimensionar o patamar produtivo ideal do sistema de produção, 
essas despesas podem ser vistas como variáveis. 
c) Alternativa incorreta. Como a produção da cafeicultura opera durante todo o ano, parte das 
despesas de mão de obra deverão ser consideradas como despesas fixas e as despesas de 
mão de obra no momento da colheita terão de ser consideradas como variáveis. Portanto, 
para culturas desse tipo, as despesas de mão de obra são em parte fixas e em parte 
variáveis.
d) Alternativa incorreta. Nas culturas de ciclo curto, o horizonte de tempo para análise do custo 
de produção deverá ser o tempo total entre o início da atividade até a comercialização da 
produção. As culturas perenes ou atividades pecuárias em que matrizes e reprodutores 
permaneçam por vários ciclos ou safras, o custo de produção precisará ter horizonte 
dentro do ciclo produtivo. 
e) Alternativa incorreta. Custos indiretos e diretos podem estar embutidos entre os custos 
fixos e os custos variados. A classificação e diferenciação dos chamados custos indiretos e 
diretos se dão pela dupla ou mais utilização de uma mesma fonte de despesas por outras 
atividades produtivas ou não. Já a classificação e diferenciação entre os custos fixos e 
variados ocorrem pelo uso das despesas ser relacionado ou não ao aumento da produção. 
Curso Técnico em Agronegócio
168
Questão 2: D
a) Alternativa incorreta. Na visão gerencial voltada para a administração do caixa, o uso 
da ferramenta custo de produção como produto para tomada de decisões financeiras 
não deverá ter ligação com a contabilidade oficial do empreendimento. A contabilidade 
oficial poderá oferecer algumas informações para a formação do custo gerencial. Em 
determinados casos a contabilidade oficial terá de desenvolver suas próprias planilhas de 
custo de produção de produtos a fim de compor a contabilidade de estoques e demais 
necessidades contábeis do empreendimento, custo esse que deverá ser realizado sob a 
ótica da legislação tributária vigente.b) Alternativa incorreta. Para fins contábeis, a terra no agronegócio nunca deprecia, pois 
é considerada um bem que não se esgota. No caso da afirmativa C, o código tributário 
brasileiro, independentemente da formação jurídica do empreendimento no agronegócio, 
não permite a depreciação da terra para uso contábil na formação de despesas. 
c) Alternativa incorreta. A tecnologia disponível possibilita ao produtor rural suplantar quase 
todas as adversidades da natureza que possam existir para implantação e desenvolvimento 
do empreendimento no agronegócio; o problema deverá ser a relação custo-benefício. 
O agronegócio tem de apresentar a melhor rentabilidade quando as condições naturais 
lhe são favoráveis, ou seja, paga-se muito caro para brigar com a natureza. Portanto 
os resultados financeiros de um empreendimento no agronegócio que se utilizou de 
recursos financeiros substanciais para enfrentar as adversidades da natureza poderão 
não apresentar viabilidade econômica. 
d) Alternativa correta. O objetivo da criação desse termo foi dar ênfase às planilhas de custos 
de produção, que se parecem mais com orçamento do que com custo, ou seja, quanto 
deveria custar o bem, e não quanto custou. 
e) Alternativa incorreta. Apesar de a decisão de incluir a remuneração do proprietário na 
planilha de custo de produção ser facultativa, não há limitação sobre a inclusão dessa 
despesa sobre o tamanho e a classificação do tipo de produtor, o critério de utilização ou 
não ficará a cargo do gestor financeiro.
Questão 3: C
a) Alternativa correta. Trata-se de uma maneira simples e direta de se obter os valores para 
os insumos produzidos na propriedade, considerando o valor de mercado do insumo 
produzido, que tem grande aproximação com seu custo de produção. 
b) Alternativa correta. Esta é a forma ideal para a formação dos custos para os insumos 
produzidos na propriedade, como silagem, feno, banco de forragens variadas, etc. 
Finanças aplicadas ao agronegócio
169
c) Alternativa incorreta. A alternativa C, para ser correta, deveria vir acompanhada da 
informação de que o custo de produção será obtido ao final do ano civil; dessa forma, 
não haverá impacto nos custos de produção nos meses de maior incidência das despesas 
trabalhistas, como férias, décimo terceiro, indenizações etc. No entanto, se o modelo 
de custo de produção adotado pelo gestor tiver viés de apuração mensal, deverá ser 
adotado outro mecanismo para inclusão das despesas dos direitos trabalhistas, evitando 
o carregamento desses valores nos meses de incidência, com a demonstração do custo do 
produto fora da realidade para a média do ciclo anual. 
d) Alternativa correta. A alternativa D afirma corretamente que o gestor financeiro poderá 
adotar qualquer das três modelagens de custos, assim como a mescla de uma ou de 
todas, o importante é que ele mantenha o controle e possa ter respostas favoráveis para 
a tomada de decisão. 
e) Alternativa correta. A alternativa está correta, pois o modelo de custo dinâmico utiliza 
as mesmas bases de coleta das despesas dos outros modelos apresentados, a grande 
diferença está na apresentação do horizonte dos custos analisados. 
Questão 4: A
a) Alternativa correta. Para o controle efetivo das finanças do empreendimento do agronegócio, 
todos os gastos com insumos, bem como suas quantidades e seus preços de aquisição, 
têm de ser sempre anotados. 
b) Alternativa incorreta. O estoque e seus custos não deverão ser apresentados na planilha, 
já que não foram utilizados no processo produtivo. 
c) Alternativa incorreta. A má gestão das despesas financeiras geradas pelos estoques poderá 
fazer com que o livro-caixa exiba um mau resultado sem que isso seja necessariamente 
verdade. 
d) Alternativa incorreta. Os pecuaristas que produzem alimentos para os animais na 
propriedade podem tratar os custos de produção desses insumos de duas formas: uma 
delas é considerando o preço de mercado dos insumos; e a outra é trabalhando com 
centro de custos, desenvolvendo uma planilha de custo de produção para cada insumo. 
e) Alternativa incorreta. O custo de produção, no ponto de vista das finanças, não precisa estar 
atrelado às regras estabelecidas pela contabilidade, pois é considerado uma ferramenta 
para a tomada de decisões dos gestores do agronegócio.
Questão 5: A
a) Alternativa incorreta. Rentabilidade é rentabilidade, e o empreendimento tem rentabilidade 
ou não, mas o agronegócio apresenta características específicas, o que o diferencia dos 
demais tipos de negócio. A TIR, ao projetar a rentabilidade do projeto, estará ao mesmo 
tempo demonstrando o suporte máximo de juros a serem pagos pelo capital solicitado 
para o desenvolvimento do empreendimento. 
Curso Técnico em Agronegócio
170
b) Alternativa correta. A TIR também é um importante informativo para o gestor financeiro 
quando da decisão de encontrar linhas de financiamento para os empreendimentos 
propostos.
c) Alternativa correta. Desde que a análise financeira do empreendimento considere apenas 
as depreciações dos imobilizados semifixos do empreendimento, como benfeitorias, 
equipamentos e máquinas, animais e plantas. Se o gestor colocar, em sua análise 
financeira, remunerações de capitais, assim como pagamento de salários do proprietário 
na análise do VPL, deverão ocorrer maiores sobras no livro-caixa, apesar de o VPL informar 
que não haverá sobra financeira. O gestor tem total liberdade para trabalhar sua planilha 
de custeio da forma que lhe convier. 
d) Alternativa correta. O payback sem desconto não informa corretamente o tempo necessário 
planejado para que o empreendedor obtenha o retorno total do capital a ser imobilizado 
no projeto, já que não considera o valor do dinheiro no tempo. 
e) Alternativa correta. Ao se projetar os volumes de produções esperados e, com base neles 
e na média de preços desses produtos, o gestor terá o chamado ponto de equilíbrio da 
atividade. Como o custo dinâmico, em sua modelagem, permite o acompanhamento 
mensal das despesas e produções, uma vez determinado o ponto de equilíbrio para a 
atividade, este poderá ser balizador e monitorado pela modelagem do custo dinâmico, 
principalmente para ciclos de produções contínuas, já que tal modelagem opera com 
visualização mensal em confronto com a média ou acúmulo de despesas e produções 
obtidas nos últimos doze meses, superando a visão do ano civil ou ano contábil.
Tema 3
Questão 1: C
O crédito rural é a principal fonte de financiamento para empreendimentos rurais e pode ser 
utilizado por produtores pequenos, médios e grandes. Apesar de todos os agentes financeiros 
que constam no SNCR serem obrigados a cumprir a exigibilidade para o crédito rural, eles 
também podem repassar valores para outros agentes financeiros e ou cooperativas de crédito 
rural. O contrato futuro é uma inteligente estratégia para a garantia de preços no momento 
da comercialização dos produtos, seja por compra ou por venda. A CPR é um importante 
instrumento de obtenção de recursos para custear a atividade agropecuária, no entanto, para 
saber se essa é a melhor opção de custeio, é necessário analisar caso a caso. O contrato de 
opção é uma alternativa de alto risco, mas não precisa ser evitada, apenas feita com certa 
cautela e muito preparo. As melhores possibilidades de altos ganhos estão relacionadas a 
grandes riscos.
Questão 2: B
a) Alternativa incorreta. As operações de custeio têm a finalidade de financiar os insumos 
destinados apenas a um ciclo de produção, seja em atividade agropecuária anual (milho, 
soja, trigo etc.), seja de processo contínuo (fruticultura, pecuária de leite, suinocultura etc.). 
Finanças aplicadas ao agronegócio
171
b) Alternativa correta. As operações de investimento, seja este agrícola ou pecuário, têm a 
finalidade de financiar equipamentos, construções, animais e demais insumosque servirão 
ao longo de vários ciclos produtivos. 
c) Alternativa incorreta. O programa de crédito rural que financia as atividades no agronegócio 
voltadas para a diminuição de carbono na atmosfera é o Programa ABC. 
d) Alternativa incorreta. O Proagro não cobre incêndio, erosão, plantio fora de época ou em 
momento impróprio, práticas inadequadas de controle de pragas e doenças, deficiências 
nutricionais, tecnologia inadequada, cancro da haste, nematoide de cisto na lavoura da 
soja, gripe aviária e mal da vaca louca. 
e) Alternativa incorreta. A CPR não substitui o crédito rural. Ela é um título privado que tem 
a finalidade de captar recursos para serem utilizados no agronegócio com taxas de juros 
livremente negociadas.
Questão 3: D
a) Alternativa incorreta. O crédito rural é a principal fonte de financiamento para todos os 
produtores rurais, independentemente do porte.
b) Alternativa incorreta. Todos os agentes financeiros que constam no SNCR são obrigados a 
cumprir a exigibilidade para o crédito rural.
c) Alternativa incorreta. A CPR, tanto a física como a financeira, são importantes instrumentos 
de obtenção de recursos para custear as atividades rurais.
d) Alternativa correta. O Proagro é um seguro voltado ao financiamento da operação de 
crédito rural que pode, também, segurar a parcela de recursos próprios, mas não cobre os 
lucros cessantes.
e) Alternativa incorreta. Apesar de o SNCR prever algumas situações que possam dificultar 
os pagamentos de dívidas ao crédito rural, a responsabilidade de comunicar possíveis 
problemas e atrasos é do beneficiário.
Questão 4: E
a) Alternativa incorreta. O leite bovino não faz parte dos produtos negociados no mercado a 
termo, pois não faz parte das commodities da BM&FBovespa.
b) Alternativa incorreta. As operações do mercado a termo devem, obrigatoriamente, ocorrer 
por meio da BM&FBovespa, com a regulamentação da CVM.
c) Alternativa incorreta. O mercado prefere a liquidação financeira dos contratos negociados, 
evitando os possíveis transtornos que possam vir a ocorrer na entrega física de mercadorias 
negociadas na BM&FBovespa.
Curso Técnico em Agronegócio
172
d) Alternativa incorreta. O contrato de opções apresenta alto grau de riscos, enquanto o 
contrato futuro garante o travamento do preço contratado.
e) Alternativa correta. O contrato futuro funciona tanto para o comprador como para o 
vendedor, garantindo o preço inicial do produto negociado no contrato.
Questão 5: A
a) Alternativa correta. O contrato futuro é uma inteligente estratégia para a garantia de preços 
no momento da comercialização dos produtos, seja de compra ou de venda.
b) Alternativa incorreta. O contrato de opção é uma alternativa de alto risco, mas também 
apresenta as melhores possibilidades de altos ganhos, por isso o gestor do agronegócio 
deve avaliar cuidadosamente o uso desse contrato.
c) Alternativa incorreta. O objeto do contrato futuro deve ser uma commodity aprovada pela 
BM&FBovespa.
d) Alternativa incorreta. Os produtos que podem ser travados no contrato futuro são os 
mesmos do contrato de opções.
e) Alternativa incorreta. Cada empreendedor deverá destinar o volume de produção esperado 
para fins de travamento de preço. O sucesso ou a melhor performance do contrato futuro 
independe do volume de produção travado. 
Finanças aplicadas ao agronegócio
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Referências 
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