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INCUBADORA RN CRIATIVO A RELAÇÃO ENTRE ESTADO, ARTISTA E MERCADO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS
GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS
FELIPE FERRER CORREIA DE ARAÚJO
INCUBADORA RN CRIATIVO: A RELAÇÃO ENTRE ESTADO, ARTISTA E MERCADO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
NATAL
2016
FELIPE FERRER CORREIA DE ARAÚJO
INCUBADORA RN CRIATIVO: A RELAÇÃO ENTRE ESTADO, ARTISTA E MERCADO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
Trabalho de conclusão de curso apresentada ao curso superior de Bacharelado em Gestão de Políticas Públicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em cumprimento de exigências legais como requisito parcial à obtenção do Título de Bacharel em Gestão de Políticas Públicas.
ORIENTADOR: Prof. Dr. Fernando Manuel Rocha da Cruz.
FELIPE FERRER CORREIA DE ARAÚJO
INCUBADORA RN CRIATIVO: A RELAÇÃO ENTRE ESTADO, ARTISTA E MERCADO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
Trabalho de conclusão de curso apresentada ao curso superior de Bacharelado em Gestão de Políticas Públicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em cumprimento de exigências legais como requisito parcial à obtenção do Título de Bacharel em Gestão de Políticas Públicas.
Aprovado em: 16 de Dezembro de 2016.
BANCA EXAMINADORA:
Prof. Dr. Fernando Manuel Rocha da Cruz (DPP/CCHLA/UFRN/Presidente)
 Msc. Valéria de Fátima Chaves de Araújo(DPP/CCHLA/UFRN/Membro da Banca)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes – CCHLA
	Araújo, Felipe Ferrer Correia de. 
 Incubadora RN criativo: a relação entre estado, artista e mercado no Estado do Rio Grande do Norte / Felipe Ferrer Correia de Araújo. - 2016. 
 37f.: il. 
 Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Curso Gestão de Políticas Públicas. 
 Orientador: Prof. Dr. Fernando Manuel Rocha da Cruz. 
 1. Economia - Rio Grande do Norte. 2. Economia criativa. 3. Políticas públicas. I. Cruz, Fernando Manuel Rocha da. II. Título. 
RN/UF/BS-CCHLA CDU 33(813.2)
	
	
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por me conceder dia após dia estar vivo e abençoar a minha vida para que eu possa seguir os caminhos trilhados por ele.
Aos meus pais Jaquevânia Araújo Ferrer e Fernando Ferrer Correia da Silva, pelo amor, carinho e que durante toda a minha vida me incentivaram ao estudo, ao meu irmão, que sempre estiveram ao meu lado durante minha graduação, e a toda minha família.
Aos todos os meus amigos, que estão ao meu lado desde sempre, me dando força e incentivando, e também a todas aquelas amizades que fiz durante o curso, e que permanecerão pra sempre em minha memória.
Agradecer imensamente ao meu orientador Fernando Cruz, que me incentivou nas escolhas relacionadas a este TCC com muita sabedoria, e que me ajudou durante toda a graduação, participando da minha trajetória acadêmica.
A todos, o meu muito obrigado.
RESUMO
Neste trabalho procuramos analisar a Incubadora RN Criativo e sua relação com o Estado, artista e mercado no estado do Rio Grande do Norte, a partir da perspectiva das políticas públicas de fomento da economia criativa, as quais resultam da relação entre a cultura, economia e gestão. A economia criativa foi institucionalizada no Brasil em 2012 com a criação da Secretaria de Economia Criativa, no âmbito federal. É objetivo da pesquisa debater as ações do RN Criativo a partir dos Planos de Políticas Públicas de fomento da Economia Criativa; apresentar seus resultados alcançados no Rio Grande do Norte durante seu primeiro ano após sua reativação em agosto de 2015 e conhecer as percepções dos profissionais de setores criativos potiguares sobre o papel da Incubadora para seus empreendimentos culturais. A metodologia utilizada no trabalho foi à qualitativa, utilizando o recurso de entrevistas. Dentre as atividades realizadas, destaca-se a relação de formalização e de qualificação dos artistas locais a partir das ações do RN Criativo.
Palavras-Chave: Cultura. Economia Criativa. Incubadora. Políticas Públicas.
ABSTRACT
In this work we seek to analyze the Incubadora RN Criativa and its relation with the State, in the market of the state of Rio Grande do Norte, from the perspective of the public policies to foment the creative economy, Management. The creative economy was institutionalized in Brazil in 2012 with the creation of the Secretariat of Creative Economy, at the federal level. Objective of the research to discuss as actions of the Creative RN from the Plans of Public Policies to foster the Creative Economy; To present its results achieved in Rio Grande do Norte during its first year after its reactivation in August of 2015 and to know how the professionals of creative sectors perceptions about the role of the Incubator for their cultural enterprises. 
The methodology used in the study was qualitative, using the interviews feature. Among the activities carried out, a relation of formalization and qualification of the local artists stands out, based on the actions of the Creative RN.
Keywords: Culture. Creative economy. Incubator. Public policy.
LISTA DE FIGURAS E TABELAS
Tabela 1: Comparação das categorias culturais e setores criativos (SEC e UNCTAD)...................................................................................................................18
Figura 1: Indústrias Criativas......................................................................................17
Figura 2: Localização de Natal no Rio Grande do Norte............................................24
Figura 3: Localização de Natal no Rio Grande do Norte............................................24
Figura 4: As Incubadoras Brasil Criativo....................................................................28
Figura 5: Casa da Cultura Popular de Macaíba.........................................................31
Figura 6: Palestra sobre Planejamento Estratégico para Negócios Culturais............32
Lista de Siglas
IBGE		Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
FJA		Fundação José Augusto
SEC		Secretaria Economia Criativa 
UNCTAD	Conferência das Nações Unidas Sobre Comércio de Desenvolvimento
RN		Rio Grande do Norte
FUNCARTE	Fundação Cultural Capitania das Artes 
	
INTRODUÇÃO
Neste trabalho procuramos analisar a Incubadora RN Criativo e sua relação com o Estado, artista e mercado no estado do Rio Grande do Norte, a partir da perspectiva das políticas públicas de fomento da economia criativa, as quais resultam da relação entre a cultura, economia e gestão. A economia criativa foi institucionalizada no Brasil em 2012 com a criação da Secretaria de Economia Criativa, no âmbito federal. 
O Rio Grande do Norte assumiu um papel estratégico na divulgação do conceito de Economia Criativa, através da incubadora RN Criativo. Esta procura integrar desenvolvimento, inclusão social e uso de saberes e fazeres tradicionais. A Incubadora RN Criativo tem por objetivo dar suporte aos Pontos de Cultura, às Casas de Cultura Popular e aos artistas do Rio Grande do Norte que tenham interesse em divulgar as suas atividades, se profissionalizar e se tornarem empreendedores.
A nossa pesquisa procura compreender a relevância para a Incubadora RN Criativo perante a Academia e a sociedade. Trazer para o meio acadêmico a magnitude que é a participação no processo cultural que estimula a criatividade e o desenvolvimento pessoal, e promove a inclusão social. Por meio do RN Criativo, nós acadêmicos podemos atuar ativamente no processo de inclusão da sociedade às políticas públicas culturais do Rio Grande do Norte. Podemos ser um multiplicador de cultura,trazer à tona a identidade cultural do RN e contribuir para a profissionalização dos setores culturais e criativos. 
A sociedade poderá apoderar-se culturalmente das várias ações e atividades do RN Criativo, ligadas diretamente com as políticas culturais e artistas do RN. Com a incubadora, a sociedade potiguar ganha uma instituição capaz de ajudar e melhorar as ações culturais e os produtores culturais a fim de criar uma identidade da cultura potiguar, fazendo com que os artistas sejam reconhecidos e que o RN ganhe mais pontos de cultura. 
No RN, as políticas públicas de promoção à cultura aos poucos vêm sendo concentradas nos artistas locais, e o RN Criativo tem grande importância para o treinamento que a incubadora proporciona aos produtores culturais, os quais podem estar acessando os editais que as prefeituras disponibilizam, criando renda e tornando-os conhecidos regionalmente, a fim de se tornarem independentes de ações exclusivamente do governo, sendo um dos principais princípios da Economia Criativa.
Acreditamos que a política pública de criação do RN Criativo foi uma grande estratégia econômica e cultural para o Rio Grande do Norte, sendo uma saída para as crises econômicas a partir da inovação artística. O nosso estado tem um grande potencial cultural, e criar uma identidade local, para tal, o RN Criativo é fundamental no sucesso da cultural potiguar, é o intermediário do estado com os artistas. 
A partir do RN Criativo, pudemos acompanhar a reestruturação de alguns prédios históricos do bairro da ribeira (Solar João Galvão; Capitania das Artes), um dos principais polos da cultura potiguar, e conhecer vários artistas que buscam o seu sucesso profissional.
O objetivo geral da pesquisa é debater as ações do RN Criativo a partir dos Planos de Políticas Públicas de fomento da Economia Criativa e conhecer as percepções dos profissionais de setores criativos potiguares sobre o papel da mesma. Os objetivos específicos são apresentar seus resultados alcançados no Rio Grande do Norte durante seu primeiro ano após sua reativação em agosto de 2015; comparar as ações e objetivos do RN Criativo com as Políticas Públicas de fomento da Economia Criativa e identificar a partir dos artistas potiguares as ações positivas e negativas da Incubadora RN Criativo aos artistas locais. 
A metodologia utilizada no trabalho é qualitativa, recorrendo à técnica de pesquisa a partir de entrevistas. A pesquisa qualitativa é caracterizada pelo aprofundamento da compreensão de um grupo social, sem fixar-se na quantificação dos dados, e sim em sua qualidade. 
As principais características da pesquisa qualitativa são: objetivação do fenômeno; hierarquização das ações de descrever, compreender, explicar, precisão das relações entre o global e o local em determinado fenômeno; observância das diferenças entre o mundo social e o mundo natural; respeito ao caráter interativo entre os objetivos buscados pelos investigadores, suas orientações teóricas e seus dados empíricos; busca de resultados os mais fidedignos possíveis; oposição ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências (CERVO, 2002, p.66).
Os principais limites e riscos da pesquisa qualitativa são: excessiva confiança no investigado como instrumento de coleta de dados; risco de que a reflexão exaustiva acerca das notas de campo possa representar uma tentativa de dar conta da totalidade do objeto estudado, além de controlar a influência do observador sobre o objeto de estudo; falta de detalhes sobre os processos através dos quais as conclusões foram alcançadas; falta de observância de aspectos diferentes sob enfoques diferentes; certeza do próprio pesquisador com relação a seus dados; sensação de dominar profundamente seu objeto de estudo; envolvimento do pesquisador na situação pesquisada, ou com os sujeitos pesquisados (CERVO, 2002, p. 75).
A realização da pesquisa terá o recorte territorial em Natal, principalmente no local de trabalho dos artistas.
A pesquisa será realizada a partir da aplicação de entrevistas semiestruturadas. Como pontos fortes (vantagens) da entrevista como técnica de recolha de dados: boa para medir atitudes e outros conteúdos de interesse que poderiam passar despercebida técnicas de recolha de dados mais abstratas e menos personalizadas; permite a exploração e a colocação de questões adicionais complementares (para clarificação ou confirmação), por parte de quem entrevista; pode fornecer informação aprofundada e de pormenor; pode fornecer informação sobre os significados internos e maneiras de pensar dos inquiridos; a entrevista utilizando questões do tipo fechado e de resposta direta permite a obtenção de informação exata necessária ao investigador; a entrevista por telefone e por e-mail é particularmente adequada quando o prazo disponível impõe grandes restrições de tempo; fiabilidade e validade moderadamente elevadas para guiãos de entrevista bem construídos e testados; pode ser utilizada em amostras probabilísticas; normalmente obtém elevadas taxas de adesão, em termos de respondentes; útil em exploração (abordagem indutiva) ou confirmação (abordagem dedutiva) (JOHNSON; CHRISTENSEN, 2013, p. 45).
Os pontos fracos ou vulnerabilidades (desvantagens) da entrevista como técnica de recolha de dados são, por seu lado: a entrevista presencial tem maiores custos financeiros e maior dispêndio de tempo associado; efeitos reativos, já que os entrevistados podem acabar por revelar apenas aquilo que é socialmente desejável/correto; podem ocorrer enviesamentos provocados por quem investiga, como, por exemplo, os decorrentes de entrevistadores com pouca aptidão para entrevistar; os entrevistados podem não se recordar de informação importante/relevante e evidenciar falta de auto percepção; a percepção da garantia do anonimato da entrevista, por parte dos entrevistados, pode ser baixa; a análise dos dados pode ser demorada, particularmente naqueles relativos a questões de resposta aberta; a medição exige validação (JOHNSON; CHRISTENSEN, 2013, p. 60)
No capítulo teórico deste trabalho, iremos trabalhar toda a parte teórica e instrumental das políticas públicas de fomento de Economia Criativa, conhecendo seus objetivos e ações; e contextualizar a relação da Economia Criativa com a Incubadora RN Criativo. 
No capítulo empírico iremos apresentar os dados colhidos em campo a partir das entrevistas identificando a relação do RN Criativo com os setores criativos existentes na cidade e o seu papel na economia e no desenvolvimento cultural e social. 
INCUBADORA RN CRIATIVO E ECONOMIA CRIATIVA
As organizações criativas são capazes de potencializar um espaço de fomento à criatividade, a partir do profissional e suas referências identitárias. As especificidades da organização, de seus componentes e sua relação com o meio (cidade; cultura; humano) traz uma carga de valorização dos indivíduos e ambientes criativos. Nessa perspectiva, são oferecidas condições para os indivíduos se expressarem e desenvolverem a sua criatividade a partir de suas características identitárias e não apenas seus produtos e processos inovadores.
No presente capítulo, iremos partir da conceitualização da Economia Criativa, Ambiente Criativo e políticas públicas, e em seguida trataremos da questão das Incubadoras de Economia Criativa. 
Economia Criativa
A partir dos processos históricos da humanidade, a criatividade e a inovação vêm caracterizando diferentes gerações, assim como o surgimento da Economia Criativa vem marcar a relação entre cultura e economia. 
Segundo Florida (2011, p. 59-63), há quatro momentos de transição envolvendo criatividade e inovação ao longo da história. São eles: o surgimento da agricultura organizada “[...] novas estruturas de classes e relações de poder; novas profissões despontaram e prosperaram, contribuindo para mais um período de transformação e desenvolvimento”; a ascensão de um sistema moderno de comércio e especialização onde “As cidades se tornaram centros de especialização e diversificada intenção– polos de criatividade”; o surgimento do capitalismo industrial “Vestimenta, ferramentas, armas e cada vez mais artigos passaram a ser produzidos em massa. E o corolário da produção em massa foram o marketing e a distribuição em massa” e a ascensão da era organizacional “Em sua busca pela sistematização de tudo, as grandes corporações viram os benefícios de sistematizar o processo de inovação”.
Florida (2011) trouxe esses quatro momentos da história para exemplificar a relação direta da criatividade com os processos econômicos, o que nos permite compreender o que é hoje o contexto da Economia Criativa.
	A Conferência das Nações Unidas para o Comércio Internacional e o Desenvolvimento (UNCTAD) propôs definir o conceito de Economia Criativa como:
A interface entre criatividade, cultura, economia e tecnologia, expressa na capacidade de criar e fazer circular capital intelectual com o potencial de gerar renda, empregos e exportações, junto com a promoção da inclusão social, a diversidade cultural e o desenvolvimento humano. (UNCTAD, 2008, p. 10).
Nesse documento da UNCTAD (2008) também se faz menção às indústrias criativas que produzem bens e serviços a partir da criatividade. Assim, são indústrias criativas, aquelas que têm em conta:
[...] ciclos de criação, produção e distribuição de bens e serviços que usam criatividade e capital intelectual como principais insumos. Eles compreendem um conjunto de atividades baseadas no conhecimento que produzem bens tangíveis e serviços intelectuais ou artísticos intangíveis com conteúdo criativo, valor econômico e objetivos de mercado. As Indústrias Criativas constituem um campo vasto e heterogêneo, lidando coma a interação de várias atividades criativas (UNCTAD, 2008, p. 4).
Os setores que compõem a Economia Criativa foram estruturados a partir do estudo da UNCTAD (2008) em quatro categorias culturais – Mídia, Patrimônio Cultural, Artes e Criações Funcionais. A figura 1 abaixo apresenta diferentes indústrias criativas e suas inter-relações entre setores, obtendo assim uma relação multidisciplinar da Economia Criativa. 
Figura 1: Indústrias Criativas 
Fonte: Duisenberg (2008).
A Secretaria da Economia Criativa (SEC) definiu a economia criativa como “o ciclo de criação, produção, distribuição/ circulação/ difusão e consumo/ fruição de bens e serviços oriundos dos setores criativos, caracterizados pela prevalência de sua dimensão simbólica” (Brasil, 2012, p. 23). Na sua base encontram-se os setores criativos que se constituem como os empreendimentos que atuam na área da Economia Criativa. Desse modo, os setores criativos são “todos aqueles cujas atividades produtivas têm como processo principal um ato criativo gerador de valor simbólico, elemento central da formação do preço, e que resulta em produção de riqueza cultural e econômica” (Brasil, 2012, p. 26).
Por seu lado, o Plano da SEC identificou cinco categorias culturais: Patrimônio, Expressões Culturais, Artes de espetáculo, Audiovisual/do livro, da leitura e da literatura e Criações culturais e funcionais. Na categoria cultural Patrimônio encontramos os setores criativos: património material, arquivos, museus e patrimônio imaterial. Em Expressões Culturais estão incluídos os setores criativos: artesanato, culturas populares, culturas indígenas, culturas afro-brasileiras, artes visuais e arte digital. Em Artes de Espetáculo identificamos os setores criativos: dança, música, circo, teatro. Na categoria Audiovisual/ do Livro, da Leitura e da Literatura, distinguimos os setores criativos: cinema e vídeo, publicações e mídias impressas. Por último, em Criações Culturais e Funcionais encontram-se os setores criativos: moda, design e arquitetura. (Brasil, 2012, p. 30).
A SEC tem por missão formular, implementar e monitorar políticas públicas para o desenvolvimento local e regional, priorizando o apoio e o desenvolvimento aos profissionais e micro e pequenos empreendimentos criativos. A Economia Criativa Brasileira se constitui e é reforçada pela interseção dos seus princípios norteadores: a inclusão social, sustentabilidade, inovação e diversidade cultural (Brasil, 2012, p. 33). 
Miguez (2007) propõe como conceito de economia criativa o “conjunto distinto de atividades assentadas na criatividade, no talento ou na habilidade individual, cujos produtos incorporam propriedade intelectual”. (MIGUEZ, 2007, p. 96-97) Para Caiado (2011, p. 15), a economia criativa é “o ciclo que engloba a criação, produção e distribuição de produtos e serviços que usam a criatividade, o ativo intelectual e o conhecimento como principais recursos produtivos”.
Trazemos também a definição de Economia Criativa de Cruz (2014, p.33) que considera o seguinte:
Propomos que a economia criativa seja definida pelas atividades econômicas que têm objeto a cultura e a arte, ou que englobam elementos culturais ou artísticos de modo a alterar o valor do bem ou serviço prestado. Deste modo, compreendemos o ciclo econômico de criação, produção, distribuição, difusão, consumo, fruição de bens e serviços que têm por objeto a arte e a cultura ou que incorporam elementos culturais ou artísticos. Afastamos desta concepção as atividades culturais e artísticas que não têm intuito econômico. O elemento simbólico e intangível são elementos que importam às atividades econômicas e que quando incorporados nestas, lhes altera o valor econômico. Trata-se por um lado da profissionalização de atividades culturais e artísticas, assim como o reconhecimento do valor econômico dos elementos culturais e artísticos incorporados em outras atividades econômicas como a gastronomia, a arquitetura ou os games (CRUZ, 2014) , p. 33.
	As definições de Economia Criativa apresentadas acima pela SEC, Miguez e Caiado trazem como elemento principal a criatividade. Mostrando os aspectos do ciclo de criação, produção, distribuição e serviços. Todos que se utilizam desse ciclo usam a criatividade, o ativo intelectual e o conhecimento como principais recursos produtivos. Já em conformidade com Cruz (2014), há uma construção a partir da economia da cultura. As atividades econômicas que têm como objetivo a cultura e a arte, ou que apresentam elementos culturais ou artísticos para se alterar o valor do bem ou serviço prestado, é o que define a Economia Criativa.
1.2 Secretaria da Economia Criativa (Brasil)
A partir da produção da UNESCO e a diversidade cultural do Brasil, em 2012, durante o governo da Presidente Dilma Rousseff, por meio do Ministério da Cultura foi criada a Secretaria de Economia Criativa - pelo Decreto 7743, de 1º de junho de 2012. A Secretaria da Economia Criativa (SEC) tinha como missão conduzir a formulação, a implementação e o monitoramento de políticas públicas para o desenvolvimento local e regional, priorizando o apoio e fomento aos profissionais, bem como as micro e pequenos empreendimentos criativos brasileiros (BRASIL, 2012). 
Ana de Holanda, então Ministra da Cultura na época da criação da secretaria, comentava: 
“A Secretaria da Economia Criativa” (SEC) simboliza, a partir deste Plano, o desafio do Ministério da Cultura de liderar a formulação, implementação e monitoramento de políticas públicas para um novo desenvolvimento fundado na inclusão social, na sustentabilidade, na inovação e, especialmente, na diversidade cultural brasileira. Por outro lado, ao planejarmos, através da SEC, um “Brasil Criativo”, queremos acentuar o compromisso do Plano Nacional de Cultura com o Plano Brasil sem Miséria, através da inclusão produtiva, e com o Plano Brasil Maior, na busca da competitividade e da inovação dos empreendimentos criativos brasileiros. (BRASIL, 2012, p. 39).
	Os princípios norteadores da Economia Criativa, de acordo com a SEC são:
Diversidade Cultural: a Economia Criativa Brasileira deve se constituir numa dinâmica de valorização, proteção e promoção da diversidade das expressões culturais nacionais como forma de garantir a sua originalidade, a sua força e seu potencial de crescimento. (BRASIL, 2012, p. 34).
Sustentabilidade:é importante definir qual tipo de desenvolvimento se deseja, quais as bases desse desenvolvimento e como ele pode ser construído de modo a garantir uma sustentabilidade social, cultural, ambiental e econômica em condições semelhantes de escolha para as gerações futuras. (BRASIL, 2012, p. 34).
Inovação: o conceito de inovação está essencialmente imbricado ao conceito de economia criativa, pois o processo de inovar envolve elementos importantes para o seu desenvolvimento. A inovação exige conhecimento, a identificação e o reconhecimento de oportunidades, a escolha por melhores opções, a capacidade de empreender e assumir riscos, um olhar crítico e um pensamento estratégico que permitam a realização de objetivos e propósitos. (BRASIL, 2012, p. 34).
Inclusão Social: A efetividade dessas políticas passa pela implementação de projetos que criem ambientes favoráveis ao desenvolvimento desta economia e que promovam a inclusão produtiva da população. O acesso a bens e serviços criativos também emerge como premissa para a cidadania. Uma população que não tem acesso ao consumo e fruição cultural é amputada na sua dimensão simbólica. Nesse sentido, inclusão social significa, preponderantemente, direito de escolha e direito de acesso aos bens e serviços criativos brasileiros. (BRASIL, 2012, p. 35).
	A partir da criação da SEC, em 2012, subordinada ao Ministério da Cultura, com a aprovação do seu plano, políticas, diretrizes e ações para o quadriénio 2011-2014. O Plano da SEC confirmou a distinção entre indústrias criativas e indústrias culturais, uma vez que pretendeu incluir nas suas políticas de fomento da Economia Criativa, entre outros, os setores ligados às Novas Mídias, à indústria de conteúdos, ao Design, à Arquitetura, em vez de limitar sua ação aos setores tipicamente culturais (música, dança, teatro, ópera, circo, pintura, fotografia, cinema). De igual modo, preferiu o termo “setores criativos” em detrimento de “indústrias criativas” (Brasil, 2012).
	A seguir, descrevemos alguns dos objetivos da Secretaria da Economia Criativa, alinhados às diretrizes da Estratégia do Plano Nacional de Cultura:
Capacitação e assistência ao trabalhador da cultura (trabalhador criativo)
 	• Promover a educação para as competências criativas através da qualificação de profissionais capacitados para a criação e gestão de empreendimentos criativos; 
• Gerar conhecimento e disseminar informação sobre economia criativa;
Estímulo ao desenvolvimento da Economia da Cultura (Economia Criativa)
• Conduzir e dar suporte na elaboração de políticas públicas para a potencialização e o desenvolvimento da economia criativa brasileira; 
• Articular e conduzir o processo de mapeamento da economia criativa do Brasil com o objetivo de identificar vocações e oportunidades de desenvolvimento local e regional; 
• Fomentar a identificação, a criação e o desenvolvimento de polos criativos com o objetivo de gerar e potencializar novos empreendimentos, trabalho e renda no campo dos setores criativos;
• Promover a articulação e o fortalecimento dos micro e pequenos empreendimentos criativos;
• Apoiar a alavancagem da exportação de produtos criativos; 
• Apoiar a maior circulação e distribuição de bens e serviços criativos; 
• Desconcentrar regionalmente a distribuição de recursos destinados a empreendimentos criativos, promovendo um maior acesso a linhas de financiamento (incluindo o microcrédito); • Ampliar a produção, distribuição/difusão e consumo/fruição de produtos e serviços da economia criativa;
Turismo Cultural
• Promover o desenvolvimento Intersetorial para a Economia Criativa.
Regulação Econômica (Marcos Legais) 
• Efetivar mecanismos direcionados à consolidação institucional de instrumentos regulatórios (direitos intelectuais, direitos trabalhistas, direitos previdenciários, direitos tributários, direitos administrativos e constitucionais).
Em 2015, a Secretaria de Economia Criativa foi extinta, o que prejudicou no prosseguimento de seus objetivos e a valorização dos setores culturais que são cada vez mais o futuro econômico em termos de lazer, ócio criativo, comunicação, cultura e entretenimento. Com o intuito de evidenciar o caráter profissional desse setor e o potencial econômico contido nele. Porém em período de crise, o Brasil precariamente decidiu cortar gastos nos setores culturais e sociais. 
Estamos deixando de incentivar um setor econômico com grande crescimento mundial e uma alternativa em meio às crises cíclicas. Com o fim da secretaria, os setores culturais sofreram com a redução de políticas públicas específicas e orçamentos reduzidos para seus projetos. 
Vimos neste capítulo toda base teórica e referencial da Economia Criativa, a partir de diferentes definições. Estruturamos a relação entre as categorias culturais (Patrimônio, Expressões Culturais, Artes de espetáculo, Audiovisual/do livro, da leitura e da literatura e Criações culturais e funcionais) e seus respectivos setores criativos que definem a UNCTAD e a SEC que podem ser identificados na tabela 1.
NATAL E A INCUBADORA RN CRIATIVO
O capítulo inicia-se com uma introdução sócio-demográfica de Natal e uma caracterização cultural do estado do Rio Grande do Norte (por ausência de dados relativo ao município de Natal). Em seguida, será apresentada a estrutura da Incubadora RN Criativo e como foi a sua criação a partir do projeto Rede Incubadora Brasil Criativo do Ministério da Cultura. Por fim mostra-se os resultados alcançados pela Incubadora. No final, apresenta-se os resultados obtidos, através de entrevistas semi-estruturadas com artistas que fizeram parte de alguma ação da Incubadora sobre a relação da Incubadora com os artistas locais e as principais dificuldades que a Incubadora possui no ponto de vista dos artistas.
Caracterização sócio-demográfica e cultural de Natal
O município de Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte, Região Nordeste do país. Pertence à Mesorregião do Leste Potiguar e à Microrregião de Natal, ocupando uma área de aproximadamente 167 km².
Figuras 2 e 3: Localização de Natal no Rio Grande do Norte
 Figura 2 Figura 3 
Fonte: GOOGLE MAPS (2016)
Fonte: GOOGLE MAPS (2016)
Fundada em 1599, às margens do Rio Potengi, a cidade é conhecida mundialmente e conta com importantes monumentos, parques e museus e pontos turísticos. 
De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2015, a população estimada do município é de 869.954 mil habitantes, e o Rio Grande do Norte cerca de 3,409 milhões (1 de julho de 2014).
A respeito do setor cultural de Natal/RN, o responsável é a Fundação Cultural Capitania das Artes (FUNCARTE). Dentre as principais atividades cultural do RN, se destacam o artesanato que é uma das principais formas de expressão cultural do RN. Teatros, contando com seis espaços teatrais. Museus, aonde se destaca o museu Câmara Cascudo. Diferentes espaços culturais. Culinária, com diferentes pratos típicos e a música havendo uma grande diversidade musical, aonde se destaca o forró.
	A partir da pesquisa “Cultura em Números: anuário de estatísticas culturais”, de 2009, pudemos analisar dados estatísticos referente à oferta de cultura nos municípios do RN, como por exemplo: 
Cinema: o RN possui 16 salas de cinema; 7,78% dos municípios realizaram festivais ou mostras de cinemas.
Vídeo: 2,99% dos municípios realizaram festivais ou mostras de vídeo; 0% dos municípios possuem escolas, oficinas ou concursos de vídeo.
Música: 24,55% dos municípios realizaram festivais ou mostras de música; 22,16% dos municípios possuem escolas, oficinas ou cursos de música.
Teatro: o RN possui 16 teatros; 22,75% dos municípios realizaram festivais/mostras de teatro.
Dança: 31,74% dos municípios realizaram festivais ou mostras de dança; 16,77% dos municípios possuem escolas, oficinas ou cursos de dança.
Circo: 1,20% dos municípios possuem escolas, oficinas ou cursos de circo; 1,80% dos municípios possuem gruposartísticos de circo.
Artes: 11,38% dos municípios possuem escolas, oficinas ou cursos de artes plásticas; 10,78% dos municípios possuem grupos artísticos de artes plásticas e artes visuais.
Design e Moda: 6,59% dos municípios realizaram feiras de modas.
Fotografia: 1,20% dos municípios possuem escolas, oficinas ou cursos de fotografia; 23,95% dos municípios realizaram exposições de fotografia.
Patrimônio: possuem 14 bens tombados; 16,17% dos municípios realizaram exposições de acervo histórico.
Museus: o RN possui 52 museus cadastrados.
Cultura Popular: 71,26% dos municípios realizaram festivais ou mostras de manifestação tradicional popular; 66,47% dos municípios possuem grupos artísticos de manifestação tradicional popular.
Biblioteca Pública: possuem 181 bibliotecas públicas; 94,61% dos municípios possuem bibliotecas públicas implantadas.
Livraria: 4,19% dos municípios realizaram feiras de livros; 9,58% dos municípios possuem livrarias. 
Atividades artesanais na Região Nordeste: Bordado 75,01%; Barro 34,08%; Madeira 30,51%; Material reciclável 13,66%.
Meios de Comunicação: 22,75% dos municípios possuem jornais impressos locais; 49,10% dos municípios possuem rádios comunitárias.
	A partir desses dados podemos identificar que a cultura do RN está mais concentrada na música, dança, teatro, na cultura popular e em artesanatos, são estes que possuem melhor aproveitamento nos municípios do Rio Grande do Norte. 
	Com a pesquisa “Cultura em Números: anuário de estatísticas culturais” também pudemos identificar dados referentes às políticas culturais, por exemplo: 2,30% dos recursos do RN são destinados à cultura; 1,20% do RN possui o Fundo Municipal de Cultura; 41,92% do RN possuem políticas municipais de cultura; 2,40% do RN possuem legislação municipal de fomento à cultura. 
Com os dados expostos acima, é alarmante a precariedade dos recursos e fomento da cultura nos municípios do Rio Grande do Norte, só nos mostram a necessidade de um órgão (RN Criativo) que pudessem ajudar os produtores culturais, visto que muitos municípios não se dá o devido valor para a sua cultura popular.
Rede Incubadoras Brasil Criativo e Incubadora RN Criativo
As incubadoras de Economia Criativa no Brasil fazem parte da “Rede Incubadoras Brasil Criativo” instituído a partir do Ministério da Cultura, no Plano da Secretaria da Economia Criativa - Políticas, diretrizes e ações 2011 a 2014. 
As Incubadoras Brasil Criativo são centros de inovação, formação, empreendedorismo, fomento e promoção da Economia Criativa. São espaços de convívio e interação multisetorial entre os empreendedores culturais e instituições que reúne governos, universidades, bancos, sistema S e sociedade civil.
As incubadoras ofertam aos produtores culturais cursos e consultorias, assessoria contábil, planejamento estratégico, jurídica, elaboração de projetos e captação de recursos, etc. Tais ações fazem com que os produtores culturais possam acessar os editais públicos e privados de cultura da sua região e não somente isto, também ter independência financeira e não depender exclusivamente de editais públicos. 
Figura 4: As Incubadoras Brasil Criativo.
Fonte: Brasil Criativo (2016)
O Programa Brasil Criativo conta com investimento de R$ 40 milhões (2014) e tem como princípios norteadores a diversidade cultural e inclusão social. 
O Programa Brasil Criativo através de suas ações de fomento a empreendimentos criativo propôs a abertura de editais de fomento ao desenvolvimento de tecnologias de inovação para a produção e difusão de conteúdos relacionados às atividades dos setores criativos; Edital de fomento e apoio financeiro à infraestrutura de produção, difusão, circulação e distribuição de bens e serviços de empreendimentos dos setores criativos; Edital de fomento à criação e o fortalecimento de iniciativas associativas constituídas por profissionais dos setores criativos; e o Edital de formação em modelos de gestão e práticas associativas e cooperadas voltado para profissionais e empreendimentos criativos. 
Referente à formação para competências criativas, o Programa propôs de forma alinhada com o eixo inclusão produtiva do Plano Brasil sem Miséria, o MinC, por meio da SEC, promover cursos de capacitação para jovens e adultos de populações urbanas inseridas no mapa da pobreza, a partir de atividades criativas e vocações locais; Edital voltado para concessão de bolsas de residências profissionais em gestão de empreendimentos criativos nos âmbitos nacional e internacional; Edital de formação em gestão de empreendimentos e negócios voltados para profissionais atuantes nos setores criativos; Edital voltado para a formação em gestão de carreiras de profissionais autônomos dos setores criativos; e Edital de formação de profissionais técnicos de suporte a empreendimentos criativos.
A Incubadora RN Criativo é um projeto da Secretaria de Economia Criativa do Ministério da Cultura em parceria com Governo do Estado do Rio Grande do Norte, através da Secretaria Extraordinária de Cultura do RN e Fundação José Augusto (FJA). Inicialmente o RN Criativo foi inaugurado em maio de 2014, porém devido à falta de verbas não se desenvolveu ações concretas e acabou sendo fechada. Porém em agosto de 2015, foi reinaugurada e posto em prática todas as suas ações e projetos, com algumas dificuldades financeiras, porém sempre desenvolvendo cursos e consultorias para toda a população. 
O RN Criativo presta atendimento e assessoria aos agentes e empreendedores criativos, ofertando serviços que englobam formações, capacitações, consultorias e assessorias técnicas, voltadas para a qualificação da gestão de projetos, produtos e negócios de micro e pequenos empreendimentos criativos.
Tendo como missão a de fortalecer e consolidar a rede de empreendedores e agentes criativos do Estado do Rio Grande do Norte por meio da Economia Criativa, fomentando ações que permitam a inovação, inclusão social, sustentabilidade e diversidade cultural.
O RN Criativo Economia a partir da sua reinauguração em 25 de agosto de 2015 realizou 64 capacitações, sendo 42 em Natal e 22 no interior, inúmeros atendimentos, consultorias e assessorias a projetos, empreendimentos e a artistas do Rio Grande do Norte. Foram 1.903 alunos que se inscreveram nas atividades formativas, sendo 1.511 em Natal e 392 no interior do Estado. Podemos citar algumas ações como: Oficina Despertando a sensibilidade de novos técnicos para Iluminação Cênica, Cenografia e Sonorização; Projetos audiovisuais; Apontamentos sobre vÍdeoarte; oficina de roteiro para História em Quadrinho; “A produção em Dança"; E por fim uma das principais ações realizadas pelo RN Criativo é a “Semana Criativa” aonde o foco é o empreendedorismo no segmento cultural e o desenvolvimento de habilidades criativas para gestão de negócios na área, através de diversas ações em um município específico do Rio Grande do Norte.[1: Dados obtidos através da página de uma rede social da Incubadora RN Criativo]
Impressões sobre a Incubadora RN Criativo
 	
Para responder as dúvidas que restaram acerca do funcionamento, eficácia, eficiência, etc da Incubadora RN Criativo, foram realizadas 3 (três) entrevistas semi-estruturadas, sendo duas entrevistas direcionadas à artistas que participaram de eventos e ações propostas pelo RN Criativo e por fim uma entrevista à um gestor ligado ao RN Criativo.
	Primeiramente realizamos uma entrevista semi-estruturada com o artista denominado João, que através da sua arte, a audiovisual, pôde nos contar um pouco da sua relação como artista para com a Incubadora. 
	Tal artista frequenta a Casa de Cultura Popular Nair de Andrade Mesquita de Macaíba, realizando suas atividades e intervenções audiovisuais. 
Figura 5: Casa de Cultura Popular de Macaíba
Fonte: Casa da Cultura Popular de Macaíba (2016).
	Referente às perguntas realizadas aos artistas, João, em suas experiências com o RN Criativo mostrou-se satisfeito com as ações que são realizadas pela Incubadora aos artistaslocais do Rio Grande do Norte. 
	Questionado sobre as principais dificuldades que ele pôde identificar sobre o RN Criativo, ele comentou que seria a sua estrutura organizacional sobre as abrangências de suas ações pelo Estado, e a dificuldades da sua divulgação. O artista comentou que por muitas ações realizadas pela Incubadora serem na sede Solar João Galvão, em Natal, fica inviável para muitos artistas, o que fazem com que ele só participe de alguma ação que sejam propostas em suas cidades. Outro ponto sobre as dificuldades da Incubadora foi a da certeza que devido da falta de estruturação do Estado sobre o RN Criativo, referente aos seus indícios frequentes do fim da Incubadora por falta de recursos. 
	Questionado sobre o que poderia ser feito para melhoras tais situações descritas por ele, o artista, comentou que seria necessário o empenho do Estado em dar autonomia e incentivo financeiro para que a Incubadora pudesse sair da sua sede para fazer suas ações em outras cidades com maior frequente. Também comentou que muitas cidades são movidas por seus artistas e eventos culturais. Por exemplo, Natal, sendo uma cidade turística deveria ter maiores incentivos aos seus artistas locais. Por fim comentou que o RN Criativo veio preencher uma lacuna mesmo que não por completo, entre o Estado e os artistas, pois muitos artistas locais não possuem muitas das vezes capacidade técnica de expandir suas atividades e não saberiam por onde começar, e a Incubadora preenche esse espaço com todas as suas ações.
	Referente à segunda entrevista foi realizada ao artesão Carlos, que em algumas ocasiões pôde comparecer às ações do RN Criativo que foram realizados da Sede Solar João Galvão.
Figura 6: Palestra sobre Planejamento Estratégico para Negócios Culturais
Fonte: Incubadora RN Criativo (2016).
	Questionado sobre as a importância do RN Criativo para os artistas locais, Carlos comentou que é essencial haver uma instituição que sempre esteja a sua disposição para em caso de dificuldades de gestão e de capacidade um órgão que pode prestar toda assistência que os artistas precisam. Apesar de todas as dificuldades enfrentadas pela Incubadora.
	Referente os defeitos que o RN Criativo possui, Carlos, comentou que o pior de todos seria a necessidade da expansão das ações da Incubadora, o que é prejudicada pela falta de verba para sua realização, pois é essencial manter os artistas capacitados para o mercado. – Então o que poderia mudar tal situação? Seria necessário envolvimento de todos os órgãos que dessem suporte a realização das ações do RN Criativo. 
	 Por fim foi realizada uma entrevista por escrito ao assessor técnico da Fundação José Augusto, Sanclair Solon de Medeiros, que também foi coordenador de planejamento e monitoramento de projetos do RN Criativo. 
 	Sobre sua função como coordenador de projetos, ele era responsável pela execução do convênio com o Ministério da Cultura. Realizavam todas as articulações de parcerias, atividades pelo estado e prestação de contas da Incubadora. 
	Questionado sobre a importância da Incubadora RN Criativo para o Estado, população e artistas, Sanclair comentou que o RN Criativo além de ser uma nova forma de política cultural, como todo o Programa Brasil Criativo, a Incubadora tem como objetivo fomentar a economia criativa em todo o estado do RN. E para a população e os artistas envolvidos os ganhos são enormes quando são pensados na quantidade de cursos que são ofertados (mais de 50 segundo o gestor) e também pelos atendimentos de orientação que são realizadas pela equipe, desde tirar dúvidas sobre projetos, editais, como montar seu negócio. Ao longo da sua gestão foram atendidas mais de 1.500 pessoas em cursos, capacitação e consultoria individual. 
	E referente às principais dificuldades enfrentadas pela Incubadora, o gestor comentou que são comuns haver dificuldades para projetos que lidam com todo o Estado, como é o RN Criativo. E também à quebra de ritmo que eles são sujeitos a passar devido a entraves burocráticos ou financeiros. 
 	As três entrevistas foram de extrema importância para a afirmação e confirmação dos nossos questionamentos referente à Incubadora RN Criativo. Sabermos se a Incubadora estar sendo eficaz em suas ações e projetos, e identificar os principais problemas que enfrentam para que possam melhorar e melhor servir os artistas e a população. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Rio Grande do Norte assumiu um papel estratégico na divulgação do conceito de Economia Criativa, através da constituição da incubadora RN Criativo. Esta procura integrar desenvolvimento, inclusão social e uso de saberes e fazeres tradicionais. A Incubadora RN Criativo tem por objetivo dar suporte aos Pontos de Cultura, às Casas de Cultura Popular e aos artistas do Rio Grande do Norte que tenham interesse em divulgar as suas atividades, se profissionalizar e se tornarem empreendedores.
A nossa pesquisa procura compreender a relevância para a Incubadora RN Criativo perante a Academia e a sociedade. Trazer para o meio acadêmico a magnitude que é a participação no processo cultural que estimula a criatividade e o desenvolvimento pessoal, e promove a inclusão social. Por meio do RN Criativo, nós acadêmicos podemos atuar ativamente no processo de inclusão da sociedade às políticas públicas culturais do Rio Grande do Norte. Podemos ser um multiplicador de cultura, trazer à tona a identidade cultural do RN e contribuir para a profissionalização dos setores culturais e criativos. 
A sociedade poderá apoderar-se culturalmente das várias ações e atividades do RN Criativo, ligadas diretamente com as políticas culturais e artistas do RN. Com a incubadora, a sociedade potiguar ganha uma instituição capaz de ajudar e melhorar as ações culturais e os produtores culturais a fim de criar uma identidade da cultura potiguar, fazendo com que os artistas sejam reconhecidos e que o RN ganhe mais pontos de cultura. 
No RN, as políticas públicas de promoção à cultura aos poucos vêm sendo concentradas nos artistas locais, e o RN Criativo tem grande importância para o treinamento que a incubadora proporciona aos produtores culturais, os quais podem estar acessando os editais que as prefeituras disponibilizam, criando renda e tornando-os conhecidos regionalmente, a fim de se tornarem independentes de ações exclusivamente do governo, sendo um dos principais princípios da Economia Criativa. O Estado é um dos principais provedores e incentivadores financeiramente aos artistas, que é muito importante, porém é essencial que haja incentivos privados, assim a independência dos artistas tornará mais frequente, sendo o principal sonho desses artistas, sobreviver das suas artes. 
Acredita-se que a política pública de criação do RN Criativo foi uma grande estratégia econômica e cultural para o Rio Grande do Norte, sendo uma saída para as crises econômicas a partir da inovação artística. Crê-se que o estado do RN tenha um papel fundamental e potencial na cultura do estado, e possa contribuir decisivamente para uma identidade local forte. Para tal, é necessário um RN Criativo no sucesso da cultural potiguar, como intermediário entre o estado e os artistas. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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APÊNDICES 
Entrevista ao Gestor
Comente um pouco sobre sua função no RN Criativo.
Qual a importância da Incubadora para o Estado, população e artista? 
Quais são as principais dificuldades para realizar as atividades da Incubadora?
Entrevista aos Artistas
Comente um pouco sobre o sua experiência no RN Criativo.
Quais são as principais dificuldades do RN Criativo?
O que poderia ser feito para melhorar o RN Criativo?
Qual a importância do RN Criativo para os artistas?

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