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Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR.

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Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR.
Keyla Sabrina Moreira (keysmor@gmail.com)[1: ¹.² Graduanda do curso de Direito do Instituto Federal do Paraná – Campus Palmas.]
Bruna Galvez Peruzzo [2: Professora orientadora, atualmente é docente de Direito Público do Instituto Federal do Paraná, Campus Palmas (bruna.peruzzo@ifpr.edu.br).]
Introdução
O presente trabalho se propõe a abordar o Imposto Sobre Propriedade Territorial Rural (ITR), estudado na disciplina de Direito Tributário, mas que também se comunica com o Direito Agrário, a qual com a consulta bibliográfica de renomados doutrinadores jurídicos, pretende explanar sua caracterização e aplicação, e aspectos gerais do referido imposto. 
Aspectos Gerais
Para adentrar no tema, anteriormente é de suma importância tecer algumas considerações sobre a relação jurídica-tributária presente no ordenamento brasileiro. Conforme preconiza o art. 3º do Código Tributário Nacional, o tributo: “é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. Ou seja, não se trata de sanção a determinado ato, e sim atividade administrativa que visa arrecadar recursos em busca do interesse público.
 Importante ressaltar, nessa conceituação, o princípio da pecunia non olet, ou seja, o dinheiro não tem cheiro, pois o ato ilícito em si mesmo não deve ser tributado mas o provento dele sim. Por fim, constitui atividade vinculada uma vez que pelo princípio da indisponibilidade do interesse público não pode o administrador abrir mão do que não lhe pertence e obrigatória sob pena de responsabilidade funcional de acordo com art. 142, parágrafo único do CTN e somente mediante previsão em lei.
Cabe evidenciar os elementos principais dessa relação jurídica que se constrói através do tributo, a uma hipótese de incidência qual seja uma ficção que relaciona um fato ou um ato à previsão legal, antecedente ao fato gerador, a obrigação tributária é dividida em principal e acessória conceituada pelo art. 113 do CTN quais são: 
§1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.
§2º A obrigação acessória decorrente da legislação, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente a penalidade pecuniária. 
E o fato gerador, presente após a hipótese de incidência e antes da obrigação tributária, é o liame entre o ato ou fato praticado pelo contribuinte que gera uma obrigação de pagar determinado tributo ao Fisco, o qual somente a lei pode estabelecer, assim como a obrigação tributária, de acordo com art. 97, inciso III do CTN.
Outrossim, fazem parte da relação jurídico-tributária o sujeito ativo e o sujeito passivo são, respectivamente, conceituadas no art. 119 do CTN como a pessoa jurídica de direito público titular da competência para exigir seu cumprimento, art. 121 do CTN é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e será contribuinte quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador e será responsável quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. 
Comumente, em nossa sociedade muitas pessoas insistem em afirmar que toda e qualquer prestações dadas ao Estado é imposto, contudo cabe alertar que essa é apenas uma espécie do gênero tributo o qual de acordo com o art.5º do CTN é composto por impostos, taxas e contribuições de melhoria assim é notório que o Código adotou a teoria da tripartida e assim prevendo apenas essas três espécies, contudo é importante notar que o mesmo é anterior a Constituição Federal que trouxe mais duas espécies de tributos, não excluindo as do CTN, no art. 145, 148 e 149, no primeiro apenas foi tratado os que já haviam na legislação infraconstitucional, no segundo trouxe os empréstimos compulsórios e no último artigo as contribuições especiais, sendo assim a CF/88 adotou a teoria Pentapartida o que já foi, inclusive, reconhecido pelo STF. 
Considerando o exposto, o imposto é conceituado no art. 16 do CTN como o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte, ou seja, trata-se de uma espécie de tributo não contraprestacional, bastando que o sujeito passivo pratique determinado ato previsto em lei como fato gerador para que haja a obrigação tributária, não há quaisquer atuações do Estado para que gere tal obrigação. 
Portanto, imposto é gênero que tem diversas espécies presentes tanto no CTN, como na CF/88, exemplos:
Imposto sobre Importação, Imposto sobre a Exportação, Imposto sobre Renda, Imposto sobre Produtos Industrializados, Imposto sobre Operações Financeiras, Imposto sobre Grandes Fortunas, Imposto Extraordinário Guerra, Imposto sobre Transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos, Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de mercadorias sobre Prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, Imposto sobre transmissão inter vivos, a qualquer título por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição, Imposto sobre serviços de qualquer natureza, Imposto sobre Grandes Fortunas, Imposto sobre Propriedade de veículos automotores, Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana, e por fim Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural. 
Conceito e previsão legal
Nosso objeto de estudo deste trabalho tem como nomen juris: Imposto sobre Propriedade Territorial Rural (ITR), está disciplinado nos artigos 29 a 31, do CTN e art. 153, VI, da CF, lei n° 9.393/96 e Decreto n°.4.382/2002, e também 
tem previsão no art. 48 e seguintes da Lei n. 4.504/1964 (Estatuto da Terra).
Nos ensinamentos do professor Eduardo Sabbag:
É considerado um importante instrumento de política agrária, nessa medida, de combate aos latifúndios improdutivos, fomentando, assim, a reforma agrária e a consequente redistribuição de terras no país. O que se quer com tal exação não são “proprietários”, mas “proprietários assíduos e produtivos, em prol da nação!”.[1: Sabbag, Eduardo. Manual de direito tributário-3.ed.p1041]
Observa-se que a lei de regência traz como fim a Reforma Agrária, mas não a conceitua, o que fica a cargo do Estatuto da Terra (Lei n. 4.504/1964) consoante ao art. 1, §1º, em que reforma agrária: 
É um conjunto de medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime da sua posse e uso, a fim de atender os princípios da justiça social e ao aumento de produtividade.
Assim, pode-se assegurar que este é um tributo que tem por objeto fazer a cobrança de determinado valor daqueles beneficiários de propriedade localizadas em território não-urbano e preenchedores dos requisitos do fato gerador que lhe compete.
Para sua conceituação importante destacar que o ITR é diferente do IPTU (Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana), visto que este primeiro recai sobre a propriedade rural, enquanto o IPTU tributa imóveis urbanos, como ensina Antônio Augusto Dias Jr.: 
o imposto federal incide apenas sobre o imóvel por natureza, sem que se considere eventuais acessões físicas, ao contrário do IPTU, que, como o próprio texto constitucional indica, ao mencionar o adjetivo "predial", recai sobre as edificações e construções incorporadas ao solo pelo homem.[2: DIAS Jr., Antônio Augusto. 	Impostos Federais para concursos / Série Direito Tributário para concursos. – Bahia: Ed. JusPODIVM, 2015. p. 161.]
Sobre o assunto, Hugo De Brito Machado delimita o que se entende por "imóvel por natureza", descrito na lei:
Para os efeitos do imposto sobre a propriedade territorial rural importa saber o que seja imóvel pornatureza. Como tal se entende, repita-se, "o solo com a sua superfície, os acessórios e adjacências naturais, compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo”.[3: MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário, 19. ed., São Paulo: Malheiros, 2001, p. 295.]
Competência
É o sexto imposto de competência federal, como aponta Alexandre Mazza. Nos termos do art. 153, VI, da CF, têm-se: [4: MAZZA, Alexandre. Manual de direito tributário / Alexandre Mazza. – São Paulo: Saraiva, 2015, edição ePub, cap. 9. doc.7. parágrafo 1. ISBN 978850261719-3.]
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
VI - propriedade territorial rural; 
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput: 
I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas; 
II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel; 
III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal.
Segundo disciplina a lei n° 9.393/1996, considera-se imóvel rural a área contínua, formada de uma ou mais parcelas de terras, localizada na zona rural do município.
O Município onde o imóvel rural se encontrar pode optar por exercer as funções de cobrar e fiscalizar, conforme dispõe à União ao delegar tais funções (153, §4º, inciso III), entretanto tal escolha não deve implicar na redução do tributo ou qualquer forma de renúncia fiscal (redação dada pela E. Constitucional nº 42, de 19.12.2003), ou na perda da competência da União.
Para corroborar com o assunto, no mesmo sentido aponta Eduardo Sabbag:
“O imposto, que já foi de competência dos “Estados” (Constituição Federal de 1946) e dos “Municípios” (EC n. 5/61), hoje é de competência da União e está disciplinado na Lei n. 9.393/96, regulamentada pelo Decreto n. 4.382/2002”.[5: SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário / Eduardo Sabbag – 7. ed. – São Paulo: Saraiva, 2015, edição ePub, cap. 32, doc. 1, parágrafo 1.]
Zona Rural
A Lei n. 5.868/72, em seu art. 6º, trazia a definição de zona rural como “aquela que se destina à exploração agrícola, pecuária, extrativa vegetal ou agroindustrial e que tiver área superior a um hectare”. No entanto, este dispositivo foi declarado inconstitucional por meio da Resolução n. 313/83, do Senado Federal, em que orienta buscar o conceito de zona rural, por meio da definição de “zona urbana”, contida no art. 32, § 1º, do CTN. 
Como se sabe, a zona urbana é aquela definida em área escolhida por lei municipal. Eduardo Sabbag simplifica o tema explanando: 
Assim, definir-se-á zona urbana pelo critério prevalecente da localização, indicando-se que zona rural há de ser fixada por exclusão. Em primeiro lugar, averigua-se a natureza de zona urbana; parte-se, após, por exclusão, ao conceito de zona rural.[6: SABBAG, 2015, edição ePub, cap. 32, doc. 1.3.2.]
Acentua-se a importância da conceituação de imóvel rural para determinar a incidência do imposto, chamado doutrinariamente como critério espacial, uma vez que o ordenamento jurídico brasileiro adota a teoria da destinação, ou seja, será imóvel rural aquele que for destinado à exploração agrícola, pecuária ou agro-industrial, pouco importando a localização do mesmo conforme art. 4º do Estatuto da terra. Contudo, tanto a lei de regência quanto o CTN adotam a teoria da localização, ou seja, se estiver fora do da área urbana do Município será rural, conforme os ditames do art. 29, in fine, do CTN e art. 1º, § 2º da lei n. 9.393/1996. Ou seja, a teoria da localização define imóvel rural por exclusão, uma vez que todos aqueles que não forem imóveis urbanos enquadrados no art. 32, caput in fine, § 1º do CTN, serão considerados rurais:
Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município.
§ 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público:
        I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;
        II - abastecimento de água;
        III - sistema de esgotos sanitários;
        IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;
        V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado. (grifo nosso)
Porém, atualmente, tal entendimento encontra-se ultrapassado uma vez que a jurisprudência tem entendido que a teoria da localização quando utilizada isoladamente não é suficiente para caracterizar a incidência do Imposto em tela, nesse caminho os julgados tem demonstrado que a teoria da destinação tem prevalecido sobre a teoria da localização. Portanto, uma vez comprovado pelo sujeito passivo que se trata de imóvel destinado à exploração agrícola, pecuária ou agro-industrial mesmo que dentro de área urbana incidirá o ITR. A título de exemplo, segue o julgado: 
TRIBUTÁRIO. IMÓVEL NA ÁREA URBANA. DESTINAÇÃO RURAL. IPTU. NÃO-INCIDÊNCIA. ART. 15 DO DL 57/1966. RECURSO REPETITIVO. ART. 543-C DO CPC. 1. Não incide IPTU, mas ITR, sobre imóvel localizado na área urbana do Município, desde que comprovadamente utilizado em exploração extrativa, vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial (art. 15 do DL 57/1966). 2. Recurso Especial provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ. (grifo nosso).[7: STJ - REsp: 1112646 SP 2009/0051088-6, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento: 26/08/2009, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: --> DJe 28/08/2009RDDT vol. 171 p. 195RT vol. 889 p. 248.]
Ademais, na mesma linha de pensamento das teorias considera-se imóvel rural e assim capaz de dar efeito a fato gerador de ITR a área contínua, formada de uma ou mais parcelas de terras, localizada na zona rural do município e aquele imóvel que pertencer a mais de um município deve ser enquadrado naquele que se encontre a sede do imóvel, e se não houver será onde se localize a maior parte dele conforme art. 1º §§ 2º e 3º da lei de regência, e também deve preponderar a teoria da destinação conforme orientação jurisprudencial atual. 
Pontua-se que conforme o art. 1º §1º da mesma lei também recai o ITR sobre imóvel declarado de interesse social para fins de reforma agrária, enquanto não transferida a propriedade, exceto se houver imissão prévia na posse, casos de desapropriação especial rural. Por fim, cabe ressaltar que o professor Eduardo Sabbag instrui que o fato gerador apenas incidirá sobre imóvel por natureza e não por acessão física, diferentemente do Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana (IPTU), o professor diferencia com base no art. 79, primeira parte, do Código Civil:
“imóvel rural por natureza é o solo nu e seus agregados da própria natureza (vegetação, árvores etc.), sem considerar o cultivo ou construções, compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo. Por sua vez, o imóvel por acessão física representa tudo que se une ou adere ao imóvel por acessão, como o caso de formação de ilhas, de aluvião, de avulsão, de abandono, de álveo, de construção e edificação.”[8: Sabbag, Eduardo. Manual de direito tributário-3.ed.p1043.]
É um imposto sujeito aos princípios da anterioridade, da noventena e da legalidade, ou seja, só pode ser exigido no exercício financeiro seguinte ao que haja sido publicada a lei que majorou ou instituiu-o, deve aguardar 90 dias da data que haja sido publicada uma lei aumentando ou instituindo, e deve ser instituído por lei, tem caráter extrafiscal uma vez que não tem como finalidade apenas a arrecadação fiscalmas sim também a busca pela justiça social e a reforma agrária por meio da tributação. 
Como leciona Eduardo Sabbag: “Em virtude de sua nítida função extrafiscal, o ITR sempre foi imposto vocacionado a se revestir da condição de veículo auxiliar do disciplinamento estatal da propriedade rural”.[9: Sabbag, Eduardo. Manual de direito tributário-3.ed.p1041]
É compulsório pois o Fisco age coercitivamente, decorrente do seu poder de império, ao cobrar determinado tributo não sendo relevante a vontade da outra parte e deve ser cobrado em moeda corrente (dinheiro) mas excepcionalmente é admitido o pagamento mediante bens imóveis (art. 156, inciso XI do CTN). 
Fato Gerador
O fato gerador do ITR foi conceituado por todos os dispositivos infraconstitucionais supracitados igualmente, exceto o Estatuto da terra. Assim, o art. 1 da lei n. 9.393/1996 afirma que se tem o fato gerador com a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município, o que remete ao critério espacial. Dessa forma, o mesmo artigo explicita que a incidência será anual, em 1º de janeiro de cada ano, pouco importando, portanto, se o imóvel sofrerá quaisquer mudanças no decorrer do ano, chamado doutrinariamente como critério temporal. 
Sujeitos 
Diante do exposto, é compreensível que o sujeito ativo da relação tributária do ITR é o Fisco, cabe somente pontuar que será competência da Procuradoria da Fazenda Nacional propor execução fiscal para cobrança de crédito de tal tributo, conforme a súmula n. 139 do STJ. O sujeito passivo foi conceituado pelos legisladores infraconstitucionais como o proprietário de imóvel rural, o titular de seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título, de acordo com art. 5º da lei n. 9.393/1996 e com mesma redação art. 31 do CTN. 
Já a doutrina do Desembargador e professor Leandro Paulsen afirma que não poderia ter o legislador infraconstitucional ter abrangido o conceito e que apenas o proprietário seria o legitimo a ser sujeito passivo, assim preleciona: 
...toda a prática em sentido contrário e mesmo a letra do art. 29 do CTN, o legislador só poderia indicar como contribuinte	 o proprietário, e não o titular de outros direitos reais menos densos e que não	revelam riqueza na condição de proprietário,	ainda	que seus titulares exerçam prerrogativas típicas do proprietário.	Nesses casos, sempre serão prerrogativas parciais ou temporárias como no direito de superfície, nas servidões, no usufruto, no uso e no direito do promitente comprador, previstos no art.1.225, II	a VII,	do Código Civil (Lei n.10.406/02). [10: Paulsen, Leandro. Curso de direito tributário	 completo – 8.ed. –São Paulo: Saraiva, 2017, p.326.]
O responsável tributário foi conceituado especificamente para o determinado tributo apenas na lei e no decreto que a regulamenta, ambas com mesma redação consoante ao art.5º da lei de regência responsável pelo crédito tributário o sucessor, a qualquer título, nos termos dos arts. 128 a 133 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Sistema Tributário Nacional).
Destaca-se que em condições habituais com a União exercendo todas as funções, 50% da arrecadação irá para o Munícipio, caso o mesmo opte por exercer tal delegação ativa e ficará com 100% da arrecadação do referido imposto, conforme preconiza o art. 148, inciso II da CF/88. E nos casos de haver alguma demanda judicial, o Município será o legitimado para integrar o polo passivo ou ativo sozinho, e sendo assim a demanda poderá ser ajuizada na Justiça Estadual, vara cível ou fazenda pública onde houver.[11: SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário-3.ed.p1049.][3: ]
Imunidades
No que diz respeito às imunidades tributárias é considerável destacar que estas estão presentes na Lei Fundamental e que estão pautadas em princípios célebres como a função social da propriedade presente no art. 5°, inciso XXIII do referido diploma.
 O art. 153, § 4º, inciso II da CF/88 c/c Art. 2º da lei n. 9.393/1996 estabelecem que não haverá incidência do ITR nas pequenas glebas, desde que quem as explore não possua outro imóvel, trata-se de dispositivo que pretende dar função social as propriedades, coibindo propriedades sem utilização em demasia no “monopólio” de um só proprietário, ou seja, pretende tal dispositivo que é preferível ter uma pequena propriedade bem utilizada, do que inúmeras mal utilizadas. 
Nesse sentindo, o professor e procurador do Ministério Público de Contas do Estado de Pernambuco Ricardo Alexandre instrui e exemplifica: 
A regra imunizante, bastante justa, excluiu injustamente do benefício os proprietários de mais de um imóvel (só são imunes os proprietários que não possuam outro imóvel) cuja soma das áreas seja inferior à pequena gleba. Assim, se uma pessoa "X' possui um único imóvel em Goiás ·com área de 30 hectares, estará livre do ITR, pois Seu imóvel se enquadra no conceito de pequena gleba. Já a pessoa "B'', que possua dois imóveis na mesma região, cada um com 10 hectares, não é imune, pois apesar de se encontrar em situação patrimonial inferior à de "R', o fato de possuir mais de um imóvel impede a incidência da regra imunizante”.[12: Alexandre, Ricardo. Direito tributário I Ricardo Alexandre - 11. ed. 2017, pg 682]
E, por fim, coube ao parágrafo único do art.2º do diploma infraconstitucional definir que pequenas glebas são os imóveis com área igual ou inferior a:
I - 100 ha, se localizado em município compreendido na Amazônia Ocidental ou no Pantanal mato-grossense e sul-mato-grossense;
II - 50 ha, se localizado em município compreendido no Polígono das Secas ou na Amazônia Oriental;
III - 30 ha, se localizado em qualquer outro município.
Outra imunidade tributária está presente no art. 184 §5º da CF/88 que apesar de apresentar a palavra “isenção” é pacífico entendimento de se tratar de verdadeira imunidade. Esse dispositivo imuniza de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária, dessa forma o art.1º, §1º da lei n. 9.393/1996 que incidirá o ITR sobre o imóvel declarado de interesse social para fins de reforma agrária, enquanto não transferida a propriedade, exceto se houver imissão prévia na posse c/c art. 2º § 1º do Decreto que a regulamenta, o ITR incide sobre a propriedade rural declarada de utilidade ou necessidade pública, ou interesse social, inclusive para fins de reforma agrária:
I - até a data da perda da posse pela imissão prévia do Poder Público na posse;
II - até a data da perda do direito de propriedade pela transferência ou pela incorporação do imóvel ao patrimônio do Poder Público.
Ou seja, trata-se da desapropriação especial rural na qual a União desapropria propriedade que não esteja cumprindo sua função social para destinar à reforma agrária, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até 20 anos, a partir do segundo ano de sua emissão e cuja utilização será definida em lei (art.184 CF/88). Portanto, o proprietário fica sujeito a incidência do ITR até as referidas datas a partir das quais a propriedade passa a ser do Poder Público. 
Ainda sobre imunidades, o Decreto n. 4.382/02 em seu art. 3º reafirma as imunidades já destacadas acima e elenca as chamadas imunidades genéricas pois são limitações ao poder de tributar de todos os entes federativos presentes no art. 150, inciso VI da Carta Fundamental de 88 c/c súmula 724 do STF que dispõe que mesmo alugado a terceiros permanece a imunidade: 
I - a pequena gleba rural, desde que o seu proprietário a explore só ou com sua família, e não possua outro imóvel (Constituição Federal - CF, art. 153, § 4º; Lei nº 9.393, de 1996, arts. 2º e 4º);
II - os imóveis rurais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (CF, art. 150, inciso VI, alínea "a");
III - os imóveis rurais de autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, desde que vinculados às suas finalidades essenciais ou às delasdecorrentes (CF, art. 150, inciso VI, alínea "a" e § 2º);
IV - os imóveis rurais de instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, relacionados às suas finalidades essenciais (CF, art. 150, inciso VI, alínea "c" e § 4º).
Isenções
Diferentemente das imunidades, as isenções estão presentes em dispositivos infraconstitucionais, somente podem ser previstas por lei específica, ou seja, aquela que traga apenas a isenção, seus requisitos e especifique condições para sua concessão, qual o tributo que isenta, e o prazo de duração, é uma espécie de exclusão do crédito tributário, e, por conseguinte inibem o lançamento do mesmo, são apenas possíveis em relação aos tributos por isso não se incluem as multas e nem as obrigações acessórias. 
E salvo disposição em contrário não são extensivas às taxas e contribuições de melhoria uma vez que se tratam de tributos contraprestacionais e aos tributos que não foram criados até a data da sua concessão. Estão previstas no art. 175, inciso I e art. 176 a 179 do CTN. 
As isenções sobre o ITR estão elencadas no art. 3º da lei regente ao mesmo e art. 4º da que a regulamenta, igualmente:
I - o imóvel rural compreendido em programa oficial de reforma agrária, caracterizado pelas autoridades competentes como assentamento, que, cumulativamente, atenda aos seguintes requisitos:
a) seja explorado por associação ou cooperativa de produção;
b) a fração ideal por família assentada não ultrapasse os limites estabelecidos no artigo anterior;
c) o assentado não possua outro imóvel.
Esclarecedor reafirmar o exemplo do professor e procurador Ricardo Alexandre ao prelecionar sobre as imunidades, o mesmo se posicionou com opinião sobre ser injusta a regra de imunidade apenas para quem possui um único imóvel rural: 
Já a pessoa "B'', que possua dois imóveis na mesma região, cada um com 10 hectares, não é imune, pois apesar de se encontrar em situação patrimonial inferior à de "R', o fato de possuir mais de um imóvel impede a incidência da regra imunizante. A injustiça foi sanada pela mesma Lei 9.393/1996, que conferiu isenção para os proprietários que possuam imóveis em tal situação.[13: Alexandre, Ricardo. Direito tributário I Ricardo Alexandre - 11. ed. 2017, pg 682.]
O professor acima citado se referia ao seguinte dispositivo:
II - o conjunto de imóveis rurais de um mesmo proprietário, cuja área total observe os limites fixados no parágrafo único do artigo anterior, desde que, cumulativamente, o proprietário:
a) o explore só ou com sua família, admitida ajuda eventual de terceiros;
b) não possua imóvel urbano. (grifo nosso)
Portanto, é possível que o proprietário que detenha mais de um imóvel rural, apesar de não ser imune, poderá ser isento do imposto sobre a propriedade rural. Por fim, a lei que orienta tal imposto foi complementada pela Lei nº 13.043/2014 que incluiu o art. 3º-A, incluindo as comunidades quilombolas nas regras de isenção: 
Os imóveis rurais oficialmente reconhecidos como áreas ocupadas por remanescentes de comunidades de quilombos que estejam sob a ocupação direta e sejam explorados, individual ou coletivamente, pelos membros destas comunidades são isentos do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR.   
Alíquotas/Progressividade
Como o imposto sobre a propriedade territorial rural é considerado um importante instrumento no combate aos latifúndios improdutivos, a Lei n. 9.393, de 19.12.1996, estabeleceu alíquotas progressivas em função da área do imóvel e do grau de sua utilização. As alíquotas com previsão de progressividade extrafiscal variam de 0,03 a 20% (art. 34 do Decreto n° 4.382/2002), e são “aplicáveis de forma inversamente proporcional ao grau de utilização de cada imóvel.”. Elas também são proporcionais, e como observa Eduardo Sabbag: [14: MAZZA, 2015, edição ePub, cap. 9. doc.7.7.]
No concernente à progressividade do ITR, repise­se que tal gravame deve conter alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas, pois é imposto com finalidade regulatória da economia.[15: SABBAG, 2015, edição ePub, cap. 32, doc. 1.5.]
Base de cálculo
Conforme ensina Alexandre Mazza, a base de cálculo do ITR será o valor da da terra nua tributável (VTNT), assim considerada a área total e o seu grau de utilização (art. 11 da Lei n. 9.393/96). Trata-se, portanto, do valor fundiário. Se o imóvel estiver parcelado ou dividido por logradouros, há interessante regramento estabelecido pelo art. 9º do Decreto n. 4.382/2002:[16: MAZZA, 2015, edição ePub, cap. 9. doc.7.6.]
Para efeito de determinação da base de cálculo do ITR, considera-se imóvel rural a área contínua, formada de uma ou mais parcelas de terras, localizada na zona rural do município, ainda que, em relação a alguma parte do imóvel, o sujeito passivo detenha apenas a posse.
Parágrafo único. Considera-se área contínua a área total do prédio rústico, mesmo que fisicamente dividida por ruas, estradas, rodovias, ferrovias, ou por canais ou cursos de água.
	Porém, exclui-se do cálculo às áreas de preservação permanente, de reserva legal, de reserva particular do patrimônio natural e de servidão florestal, entre outras, dispostas no art. 10 do Decreto 	n° 4.382/2002.
Lançamento
Historicamente o ITR era constituído pela modalidade de lançamento por declaração, nos termos do art. 6º da Lei 8.847/94: “Art. 6º O lançamento do ITR será efetuado de ofício, podendo, alternativamente, serem utilizadas as modalidades com base em declaração ou por homologação”. 
Entretanto, a partir da Lei nº 9.393/96, a modalidade de lançamento do ITR passou a ser por homologação, na forma do art. 150 do CTN:
Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.
Assim, a inovação da legislação fez as adequações necessárias para refletir a alteração nos procedimentos de apuração, retificação e contestação do VTN, recordando que esse valor, no procedimento anterior, era fixado pelo Fisco, e, agora, passa a ser atribuído pelo contribuinte, conforme dispõe o art. 8º, da Lei nº 9.393/1996:
Art. 8º O contribuinte do ITR entregará, obrigatoriamente, em cada ano, o Documento de Informação e Apuração do ITR - DIAT, correspondente a cada imóvel, observadas data e condições fixadas pela Secretaria da Receita Federal.
§ 1º O contribuinte declarará, no DIAT, o Valor da Terra Nua - VTN correspondente ao imóvel.
§ 2º O VTN refletirá o preço de mercado de terras, apurado em 1º de janeiro do ano a que se referir o DIAT, e será considerado autoavaliação da terra nua a preço de mercado.[17: DOMINGO, Luiz Roberto. O ITR e o lançamento de ofício com base no SIPT. Livro do XII Congresso Nacional de Estudos Tributários: Direito Tributário e os novos horizontes do processo. Macedo. Alberto [et al.], São Paulo: Noeses, 2015.]
Desta maneira, é sabido que cada modalidade de lançamento contempla suas próprias peculiaridades, em especial o lançamento por homologação, haja vista que não há participação do Fisco na atividade de apuração do imposto, conforme expressamente prevê o art. 150 do CTN, o qual foi supracitado.
Considerações Finais
O objetivo deste trabalho foi realizar um estudo abrangente em torno do ITR (Imposto sobre propriedade Territorial Rural), onde num primeiro momento, abordou-se sobre os aspectos gerais do tributo, e a caracterização como imposto. Em seguida, analisou-se à competência, os sujeitos/contribuintes, previsão legal, abrangência do conceito de zona rural, às imunidades e isenções, o fato gerador, base de cálculo, alíquotas, e a modalidade de lançamento.
O que prevalece como sendo finalidade do ITR, atualmente, é a sua característica de extrafiscalidade, ou seja, é utilizado como uma ferramenta de ajuda estatal ("regulamento) da própria propriedade rural, enfatizandoque se faz, (como anteriormente visto), pela União que, por vez, é competente para tal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RICARDO, Alexandre. Direito tributário I Ricardo Alexandre - 11. ed. 2017, pg 682.
DIAS Jr., Antônio Augusto. Impostos Federais para concursos / Série Direito Tributário para concursos. – Bahia: Ed. JusPODIVM, 2015. p. 161.
DOMINGO, Luiz Roberto. O ITR e o lançamento de ofício com base no SIPT. Livro do XII Congresso Nacional de Estudos Tributários: Direito Tributário e os novos horizontes do processo. Macedo. Alberto [et al.], São Paulo: Noeses, 2015. Disponível em <http://www.institutoidea.net.br/o-itr-e-o-lancamento-de-oficio-com-base-no-sipt/>.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário, 19. ed., São Paulo: Malheiros, 2001, p. 295.
MAZZA, Alexandre. Manual de direito tributário / Alexandre Mazza. – São Paulo: Saraiva, 2015, edição ePub, cap. 9. doc.7. parágrafo 1. ISBN 978850261719-3.
Paulsen, Leandro. Curso de direito tributário	 completo – 8.ed. –São Paulo: Saraiva, 2017, p.326.
SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário / Eduardo Sabbag – 7. ed. – São Paulo: Saraiva, 2015, edição ePub, cap. 32, doc. 1, parágrafo 1.
SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário-3.ed.p1041.

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