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85 TRANSDISCIPLINARIDADE JURÍDICA O CRIME DE PEDOFILIA e sua repercussão extrapenal

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Pró-Reitoria de Graduação 
Curso de Direito 
Trabalho de Conclusão de Curso 
TRANSDISCIPLINARIDADE JURÍDICA: O CRIME DE PEDOFILIA 
E SUA REPERCUSSÃO EXTRAPENAL 
Autora: Edilene do Carmo Santos 
Orientador: Prof. Esp. Tágory Figueiredo Martins Costa 
Brasília - DF 
2010 
 
 
 
EDILENE DO CARMO SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRANSDISCIPLINARIDADE JURÍDICA: O CRIME DE PEDOFILIA E SUA 
REPERCUSSÃO EXTRAPENAL 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho apresentado ao curso de 
graduação em Direito da Universidade 
Católica de Brasília, como requisito para 
obtenção do Título de Bacharel em Direito. 
Orientador: Prof. Esp. Tágory Figueiredo 
Martins Costa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brasília 
2010 
 
 
Monografia de autoria de Edilene do Carmo Santos, intitulada “Transdisciplinaridade 
jurídica: o crime de pedofilia e sua repercussão extrapenal”, apresentada como requisito 
parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito da Universidade Católica de 
Brasília, em ___de____________2010, defendida e aprovada pela banca examinadora 
abaixo assinada: 
 
 
 
 
 
 
_________________________________________________________ 
Presidente. Prof. Esp. Tágory Figueiredo Martins Costa 
Orientador 
 
 
 
___________________________________________ 
Integrante: Prof. Dr. 
 
 
 
___________________________________________ 
Integrante: Prof. Dr. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brasília 
2010 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho, primeiro a Deus, pois 
sem ele eu nem sequer teria iniciado toda 
esta batalha. À minha família, em especial à 
minha filha, pois vem dela minha força para 
resistir às provações. Aos amigos que me 
apoiaram nos momentos mais difíceis. 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado luz e sabedoria para vencer os 
obstáculos e chegar ao final deste trabalho. Agradeço especialmente ao meu 
orientador, Professor Tágory que soube me entender, direcionar e me acolher na hora 
mais difícil. Aos amigos Fabrício, Leiliane e Taísa pelo incentivo e pela contribuição, por 
que sem isso eu não teria conseguido. A meus pais que me inspiraram e me fizeram 
acreditar que era possível mesmo nos momentos que pensava em desistir. Ao meu 
marido, companheiro de todos os momentos e aos meus filhos pois vem deles a força 
pra conquistar meus objetivos. A todos os professores do curso que souberam 
transmitir o conhecimento para alçar novos vôos. Aos colegas de turma com os quais 
cursei algumas disciplinas, e, especialmente aos do décimo semestre por 
compartilharmos as nossas vivencias, experiências e aprendizados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A melhor maneira de tornar as crianças boas 
é torná-las felizes” 
 
Oscar Wilde 
RESUMO 
 
 
SANTOS, Edilene do Carmo. Crime de Pedofilia: Transdisciplinaridade jurídica: o crime 
de pedofilia e sua repercussão extrapenal. 2010. 85f. Trabalho de Conclusão de Curso 
(Graduação em Direto - Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2010. 
 
 
Esta monografia busca fazer uma avaliação acerca das questões que envolvem o crime 
de pedofilia na Legislação Brasileira e os motivos da falta de tipificação no Código 
Penal. Será demonstrado resultados dos julgamentos que se relacionam ao crime, 
enfatizando a psicologia e a psiquiatria que estudam a pedofilia sob a ótica social e 
mental. O estudo levou em consideração para realização do trabalho o que traz o 
Estatuto da Criança e do Adolescente, o Código Civil, a Constituição e os Direitos 
Humanos nas questões da penalização do indivíduo portador da Pedofilia. Também 
estudaremos o crime de pedofilia no mundo e as medidas de proteção que os Estados 
estrangeiros introduziram em suas respectivas legislações para combater a prática. 
 
 
Palavras-chave: Pedofilia. Doença. Legislação . Condenação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
SANTOS, Edilene Carmo. Crime of pedophilia: Transdisciplinarity legal: the crime of 
pedophilia and its impact extrapenal. 2010. 85f. End of Course Work (Graduate Direct - 
Catholic University of Brasilia, Brasilia, 2010. 
 
 
This monograph seeks to make an assessment about the issues surrounding the crime 
of pedophilia in Brazilian legislation and the reasons for the lack of typing in the Criminal 
Code. It will be demonstrated results of trials that relate to crime, emphasizing the 
psychology and psychiatry who study child abuse under a social and mental health. The 
study took into account when carrying out the work which brings the Statute for Children 
and Adolescents, the Civil Code, the Constitution and Human Rights on issues of 
criminalization of the individual with Pedophilia. We will also study the crime of 
pedophilia in the world and the security measures that foreign States have introduced in 
their respective laws to combat the practice. 
 
 
Keywords: Pedophilia. Disease. Legislation. Condemnation. 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11 
CAPÍTULO 1 - A PEDOFILIA E SEUS ASPECTOS RELEVANTES ............................ 14 
1.1. CONCEITO DE PEDOFILIA .................................................................................... 14 
1.2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PEDOFILIA .............................................................. 16 
1.3. A PEDOFILIA NA VISÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE ................................ 18 
1.3.1. O Diagnóstico ..................................................................................................... 19 
1.3.1. As Causas e o Tratamento ................................................................................ 20 
1.3.3 O Posicionamento dos Psicólogos.................................................................... 24 
1.4. O CRIME DE PEDOFILIA NO DIREITO COMPARADO ......................................... 27 
1.5. O CRIME DE PEDOFILIA NO BRASIL ................................................................... 29 
1.6. A OMISSÃO LEGISLATIVA .................................................................................... 33 
1.7. A LEGISLAÇÃO APLICADA NO DIREITO BRASILEIRO ....................................... 34 
1.7.1. Crime Comum ou Hediondo .............................................................................. 36 
1.8. AS PENAS APLICÁVEIS AO CASO ....................................................................... 36 
1.9. A CONDENAÇÃO E A EXECUÇÃO DA PENA ....................................................... 38 
1.10. A SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA – ASPECTOS RELEVANTES ............. 39 
1.10.1. Circunstâncias Atenuantes e Agravantes ...................................................... 39 
1.10.2. Outros Aspectos Considerados pelo Magistrado ......................................... 42 
1.10.3. O Regime de Cumprimento da Pena............................................................... 43 
1.10.4. A Possibilidade de Tratamento Médico .......................................................... 44 
1.10.5. Outras Penalidades Aplicáveis ....................................................................... 45 
1.10.6. Medidas Sócio-Educativas .............................................................................. 46 
1.10.7. Liberdade Condicional ..................................................................................... 46 
1.10.8 O cumprimento da Pena - Reintegração à Sociedade.................................... 48 
CAPÍTULO2 - A POSSIBILIDADE DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E 
MATERIAIS PELA PRÁTICA DA PEDOFILIA .............................................................. 50 
2.1. A CONDENAÇÃO PENAL E OS EFEITOS CÍVEIS ................................................ 50 
2.1.1. Vítima que não Possui Parentesco com o Condenado ................................... 51 
2.1.1.1. A indenização por Dano Moral .......................................................................... 52 
2.1.2. Vítima que Possui Parentesco com o Condenado .......................................... 53 
2.1.2.1. A Possibilidade de Indenização por Dano Moral ............................................... 54 
2.1.2.2. A Possibilidade de Indenização por Dano Material ...................................... 55 
CAPITULO 3 – TRANSDICIPLINARIDADE JURÍDICA E OS REFLEXOS DA PRÁTICA 
DE PEDOFILIA EM OUTRAS ÁREAS DO DIREITO .................................................... 56 
3.1. O REFLEXO DA CONDENAÇÃO NO DIREITO DE FAMÍLIA ................................. 56 
3.1.1 O Exercício do Poder Familiar ........................................................................... 56 
3.1.2. A Administração dos Bens do Menor ............................................................... 57 
3.1.3. A Suspensão e Extinção do Poder Familiar ..................................................... 58 
3.1.4. A perda do poder familiar por ato judicial – art.1638 do CC. .......................... 58 
3.1.5. A Possibilidade de Convivência Familiar Após o Cumprimento da Pena ..... 60 
3.2. REFLEXOS NO EXERCÍCIO DA TUTELA .............................................................. 61 
3.3. REFLEXOS NA ADOÇÃO DE MENORES .............................................................. 62 
3.3. CAUSAS PARA ANULAÇÃO DO CASAMENTO - APLICAÇÃO DO ART.1.557 DO 
CC .................................................................................................................................. 65 
3.3.1. Causas para Dissolução do Casamento - Aplicação do art. 1.572 do CC ..... 67 
3.4. REFLEXOS NO DIREITO DAS SUCESSÕES ........................................................ 68 
3.5. A PEDOFILIA SOB UM ENFOQUE CONSTITUCIONAL ........................................ 70 
3.6. REFLEXOS DA PEDOFILIA SOB A ÓTICA DOS DIREITOS HUMANOS .............. 74 
3.7. NO DIREITO INTERNACIONAL ............................................................................. 75 
CONCLUSÃO ................................................................................................................ 78 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 81 
 
 11 
INTRODUÇÃO 
 
 
O tema a ser desenvolvido nesta pesquisa refere-se aos aspectos da 
condenação penal bem como seus reflexos na esfera cível, e ainda uma análise da 
legislação em relação à necessidade de se cominar, de forma expressa em lei, o crime 
de pedofilia. 
Procurando tratar de forma acautelada a discussão acerca do ordenamento 
jurídico que envolve a Condenação Penal do indivíduo Pedófilo na Esfera Cível, pois 
enquanto os atos cometidos pelos pedófilos são considerados Crimes, os profissionais 
de saúde, tais como médicos, psicólogos e psiquiatras procuram responder dentro de 
seus respectivos conhecimentos e estudos as explicações para este fenômeno. 
O objetivo desta monografia é estudar os aspectos da Condenação Penal na 
Esfera Civil, bem como as conseqüências advindas da condenação do indivíduo que 
comete crimes de pedofilia, e após pagar a sua pena, ainda seria penalizado dentro 
outros ramos do direito civil. 
Deste modo, esta monografia se justifica pela importância de se conhecer, por 
meio de uma forma abrangente, os principais aspectos civis relacionados à pedofilia, 
seus relatos históricos, a visão da psicologia, da medicina, os tipos de penas aplicadas 
aos pedófilos. Os estudos para identificar um indivíduo pedófilo e a linguagem jurídica 
brasileira sobre o assunto. 
O tema está sob o manto do Direito Penal, que determina e regula os crimes 
praticados contra a criança e o adolescente, bem como adentra em questões que são 
regidas pelo Direito Civil e ainda, uma leitura dos dispositipos de repressão ao 
desrespeito do Estatuto da Criança e do Adolescente, e ainda, uma abordagem ao 
Código Civil e suas aplicabilidades em razão do tema em prol de um entendimento dos 
reflexos relacionados ao direito privado. 
Diversos Parlamentares tem se envolvido com a causa e a busca por proteção 
integral das crianças e ainda estudam meios de evitar que ainda mais crianças sejam 
vítimas de pedófilos, tidos pela medicina como portadores de patologia. O Senador 
Magno Malta do Espírito Santo foi relator da CPI da Pedofilia e ainda conta com o apoio 
 12 
do também Senador Marcelo Crivela. Estes, buscam a possibilidade de aplicação de 
castração química, tal medida, é foco de grandes discussões. 
O problema da pesquisa está em demonstrar a importância de se conhecer, por 
meio de uma forma abrangente, os principais aspectos civis relacionados à pedofilia, 
seus relatos históricos, a visão da psicologia, da medicina, os tipos de penas aplicadas 
aos pedófilos. Os estudos para identificar um indivíduo pedófilo e a linguagem jurídica 
brasileira sobre o assunto. 
O trabalho se justifica na escassa quantidade de material de pesquisa que 
estude o crime de pedofilia de forma transdisciplinar. Muito se fala em Direito Penal mas 
pouco ou nada quando o tema toca outros ramos do Direito. 
Dessa forma podemos chegar ao problema que é a necessidade de definição da 
imputabilidade do indivíduo pedófilo, bem como as punições civis a que este será 
submetido, como a anulação de casamento, a restrição, ou pelo menos, uma maior 
dificuldade em se cadastrar para a adoção e chegando a ser cogitada a possibilidade 
de ser excluído do rol de herdeiros legítimos. 
Evidente é a precisão de uma rápida normatização dos entendimentos, tendo em 
vista que a instabilidade legal pode colocar em risco a segurança jurídica e ainda, 
podem trazer danos que firam ferozmente a dignidade e a integridade física humana. 
Após uma leitura dos princípios norteadores e da conceituação de pedofilia, teremos o 
entendimento da condenação penal na esfera cível em relação ao pedófilo. 
A pesquisa será desenvolvida de modo a dividi-la em três capítulos. No primeiro 
capítulo irá se buscar o conceito de pedofilia, assim como a evolução histórica e o 
posicionamento dos profissionais de saúde. Será apresentado também o tipo de pena 
que é lhe é imposta, uma vez analisado na sentença de condenação os aspectos 
médicos e psicológicos do indivíduo. Também será colocado neste primeiro capítulo o 
Direito Comparado, verificando como em alguns países do mundo trata a questão 
dentro de suas realidades. 
No segundo capítulo, será abordado os reflexos que a Condenação Penal 
provoca na vida do indivíduo após o cumprimento da pena. Tratar-se-á dos direitos da 
vítima dentro da legislação brasileira: No Código Civil e no Estatuto da Criança e do 
Adolescente e quais os reflexos nos direitos civis do ex-condenado. 
 13 
No terceiro capítulo será apresentado os reflexos da condenação no Direito de 
Família, especificamente dentro do artigo 1.557 e 1.572 ambos do Código Civil. Será 
exposta a situação sob a ótica dos Direitos Humanos e o posicionamento da Doutrina 
diante do fenômeno da pedofilia. 
Como já explanado, o objetivo desta monografia é demonstrar os aspectos da 
condenação penal na esfera cível do ex-condenado, e o devido embasamento jurídico 
para que criminosos comuns não se aproveitem da “omissão” do tratamento jurídico 
para esta prática e os verdadeiramente pedófilos possam arcar com suas 
responsabilidadesna sociedade civil mesmo depois de cumprirem suas penas, já que 
para estes a prisão não afasta o caráter patológico do problema. 
De um modo geral e longe de se pretender esgotar o assunto, este tema é de 
muita relevância para a Academia, considerando-se que até então não há na legislação 
brasileira uma posição a esse respeito. 
A obra do Jorge Trindade e Ricardo Breier, PEDOFILIA-Aspectos Penais e 
Psicológicos influenciaram de maneira esclarecedora o desenvolvimento desta 
monografia, haja vista a escassez de assunto em outras doutrinas. 
Para o desenvolvimento da pesquisa, serão utilizadas obras clássicas do Direito 
Civil, Direito Penal, Estatuto da Criança e do Adolescente. Será trazido à baila, ainda, o 
posicionamento de autores renomados como Jorge Trindade, que demonstra seu 
conhecimento ao dissertar sobre a Pedofilia. 
Por intermédio de um método interpretativo das leis e levando-se em conta a sua 
real aplicação, pretendemos demonstrar a real necessidade de se alcançarem os 
objetivos propostos, não obstante a supremacia do bem comum da sociedade, que é a 
segurança física e jurídica das nossas crianças, bem como a aplicabilidade legal dos 
dispositivos punitivos aos criminosos praticantes da pedofilia. 
 14 
CAPÍTULO 1 - A PEDOFILIA E SEUS ASPECTOS RELEVANTES 
 
 
1.1. CONCEITO DE PEDOFILIA 
 
 
De acordo com o Dicionário Aurélio1, “Pedofilia e a atração sexual de um adulto 
por criança”. Para Guimarães2, pedofilia é a perversão sexual na qual a atração sexual 
de um indivíduo adulto está dirigida primariamente para crianças pré-púberes ou não. 
Taborda, Chalub e Abdalla Filho3, explicam que de acordo com o Manual 
diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, da American Psychiatric Association 4ª 
edição revisada (DSM-IV-TR)4, a pedofilia é considerada dentro das parafilias, que 
consiste em fantasias, anseios sexuais ou comportamentos recorrentes, intensos e 
sexualmente excitantes. 
No conceito médico de Vanrell5, ele aduz que pedofilia trata-se de parafilia 
geralmente observada em indivíduos de sexo masculino, mas que, eventualmente, 
também se observa em mulheres. As crianças, indistintamente de sexo masculino ou 
feminino, constituem o objeto do erotismo mórbido. 
Considerando a Décima revisão da Classificação Internacional de Doenças e de 
Problemas Relacionados à Saúde (CID-10)6 da OMS, a pedofilia é um distúrbio 
psiquiátrico, classificando-se como Transtorno da preferência sexual, conforme descrito 
no código F65.4 que descreve a pedofilia como sendo a “preferência sexual por 
crianças, quer se trate de meninos, meninas ou de crianças de um ou do outro sexo, 
geralmente pré-púberes ou no início da puberdade”. 
_____________ 
1
 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: O dicionário da língua 
portuguesa. 3ª Ed. Totalmente revista e ampliada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999, p.1116. 
2
 GUIMARÃES, Deocleciano Torrieri, (Coord). Dicionário compacto jurídico. 14. ed. São Paulo, SP: 
Rideel, 2010, p.179 
3
 TABORDA, José G. V.; CHALUB, Miguel; ABDALLA-FILHO, Elias (Colab). Psiquiatria forense. Porto 
Alegre: Artmed, 2004, p.298. 
4
 FRANCES, Allen. Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais. Lisboa: 
Clemepsi editores, 2002. 
5
 VARELL, Jorge Paulete. Sexologia. Forense. 2 ed.Leme: J.H. Mizuno, 2008, p.142. 
6
 CÓDIGO INTERNACIONAL DE DOENÇAS. CID.10. OMS-ONU disponível em 
<http://virtualpsy.locaweb.com.br/cid.php>. Acesso em 23 ago. 2010. 
 15 
Vanrell7 ainda acrescenta que o simples projeto sexual envolvendo crianças, 
independentemente da realização do ato sexual, já caracteriza a pedofilia. 
Spizzirri8 considera a pedofilia um tema controverso. Para ele, pedofillia seria o 
ato daquele indivíduo que tem atração sexual exclusivamente por crianças. Alguns 
autores classificam esse tipo como “permanente”. Também há aqueles que apresentam 
esses sintomas quando estão diante de situações estressantes, sendo considerados do 
tipo “regressivo”. Bem como aqueles que molestam crianças sem fins estritamente 
sexuais. 
Etimologicamente, o termo pedofilia significa amor às crianças. Contudo, 
depreende-se do artigo 2º do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) a definição da 
idade da criança e do adolescente, já os artigos 240 e 241-E, trazem os crimes de 
conotação sexual praticados contra eles. Assim vejamos: 
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos 
de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de 
idade. 
Entretanto, o uso do termo pedofilia para descrever práticas criminosas contra 
crianças menores de 18 anos é visto como errado por muitos autores da área da 
psicologia, principalmente sobretudo quando os indivíduos são identificados sob um 
ponto de vista clínico, uma vez que a maioria dos crimes envolvendo atos sexuais 
contra crianças são realizados por indivíduos que não são clinicamente pedófilas. 
Vanrell9 assevera que, “não é necessário ocorrer relações sexuais para haver pedofilia”. 
Trindade e Breier10 asseveram que a pedofilia não é uma predileção “honesta e 
verdadeira” pela criança, mas uma maneira incomum de abuso sexual de crianças, que 
apresentam um vasto cenário de atividades, que vai desde um ato individual até as 
máfias de pedofilia dedicadas ao tráfico. 
_____________ 
7
 CID10, op.cit., 2010, p.143. 
8
 SPIZZIRR, Giancarlo. Pedofilia: considerações atuais. Diagn Tratamento. 2010. Disponível em: 
<http://www.apm.org.br/fechado/d_tratamento/RDTv15n1a1148.pdf.>. Acesso em: 23 ago. 2010 
9
 VANRELL, Ibid., 2008, p. 143. 
10
 TRINDADE, Jorge; BREIER, Ricardo Ferreira. Pedofilia: aspectos psicológicos e penais. São Paulo: 
Editora do Advogado, 2010, p. 22. 
 16 
Alguns estudiosos, como Rezende e Amaral11, consideram a pedofilia como uma 
psicopatologia, perversão sexual compulsiva e obsessiva. 
 
 
1.2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PEDOFILIA 
 
 
Embora os níveis de reprovação atualmente sejam altos, a existência desse 
comportamento como uma atitude comum e aceitável foi bem tolerável no passado. 
Taborda, Chalub e Abdalla FIlho12 lecionam que a atração de adultos por 
crianças é tão antiga quanto à própria história da humanidade. 
Psicólogos como Naura Liane de Oliveira Aded13 explica que esta prática era 
Cultivada com requinte na antiguidade, que o imperador Romano Tibério, um dos 
Césares da Antiguidade, tinha inclinações sexuais que incluíam crianças como objeto 
de prazer. 
Carvalho14, em seu artigo sobre a história da pedofilia, esclarece que na 
antiguidade Grega e Romana estava habituada aos relatos de estupros cometidos 
contra meninas, e que por isso, raramente elas possuíam o hímen intacto. Lá, o uso de 
menores para a satisfação sexual de adultos foi um costume tolerado e até bem zelado. 
Relata também que na China, castrar meninos para vendê-los a ricos pederastas foi um 
comércio legítimo durante milênios, que no mundo islâmico, a rígida moral que ordena 
as relações entre homens e mulheres, foi não raro, compensada pela tolerância para 
com a pedofilia homossexual. E que em alguns países isso durou até pelo menos o 
começo do século XX, fazendo da Argélia, por exemplo, um jardim das delícias para os 
viajantes depravados. 
_____________ 
11
 REZENDE, Rayana Vichieti; AMARAL, Sérgio Tibiriçá. Pedofilia: uma fantasia de poder sobre a 
inocência. Disponível em: <http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/ETIC /article/viewFile 
/2052/2127>. Acesso em: 8 set. 2010. 
12
 TABORDA; CHALUB; ABDALLA FILHO, 2004, p. 297. 
13
 ADED, Naura Liane de Oliveira (et. al.). Abuso sexual em crianças e adolescentes. Revisão em 
100 anos de literatura Rev. Psiq. Clín. 33(4); 2006, p. 204-213. 
14
 CARVALHO, Olavo de. Cem anos de pedofilia. 2002. Disponível em: 
<http://www.olavodecarvalho.org/semana/04272002globo.htm>. Acesso em: 23 ago. 2010. 
 17 
Vieira e Santos15 escrevem em seu artigo que, no Egito Antigo, as crianças eram 
submetidas aos caprichos sexuais dos poderosos faraós e na sociedade romana, o 
pater famílias possuía a pátria potestas, poder quase absoluto sobre os que dele 
dependiam. Assim, responsabilizava-se pela iniciação sexual dos filius. A prática do 
sexo entre o parter famílias e o filius estavam inteiramente fora do controle do Estado. 
Contudo, nos tempos atuais noticiários do mundo inteiro dão conta de casos de 
pedofilia, sobretudo dentro das igrejas, vejamos alguns exemplos. 
No site de notícias Euronewst, de 23 de abril de 2004, destaca a manchete da 
autoria de Antonio Provolo: 
“Quando eu tinha 11 anos, começaram as relações… no dormitório, na casa de 
banho… Muitas vezes éramos sodomizados na casa de banho. Durou quatro 
anos… E diziam-nos: „Não digas nada‟…”, conta Gianni Bisoli, uma das vítimas. 
“Só peço que estes padres sejam afastados. Só peço justiça”, diz Dario Laiti, 
que também foi vítima de abusos sexuais.”
16
. 
No mesmo site de notícias do referido jornal, em mesma manchete, Provolo 
destaca ainda: “Padre alemão próximo ao Papa é suspenso por casos de pedofilia. 
Bélgica: ex-bispo pedófilo se aposenta, Papa pode se reunir com vítimas de pedofilia no 
Reino Unido. Computadores com material pornográfico serão periciados”.17 
Já no caderno Internacional de notícias do jornal brasileiro Diário do Grande ABC 
de 13 de setembro de 2010, destaca: 
Igreja católica belga, abalada por um escândalo de pedofilia sem precedentes, 
comprometeu-se esta segunda-feira a dar mais atenção às vítimas, após a 
publicação de um relatório com mais de uma centena de testemunhos de abuso 
sexual de menores nos últimos 50 anos, que o papa Bento XVI disse terem lhe 
causado dor. 
Existe também a internet, pois com o aparecimento da rede mundial de 
computadores, a pedofilia criminosa achou nela uma excelente oportunidade de 
abordar suas vítimas de forma anônima e atingir seu intento hediondo de abusar das 
crianças. Porém, vale ressaltar que já existem técnicas eficientes de localizar os mais 
_____________ 
15
 SANTOS, Tereza Rodrigues; SANTOS, Thiago Barbosa. Revista Consulex, p.12, n.242, ano xl, 15 
fev.2007. 
16
 PROVOLO, Antonio. Testemunhas das vítimas de padres pedófilos. Euronews. Edição de 23 abr. 
2010. Disponível em: <http://pt.euronews.net/2010/04/23/testemunhos-das-vitimas-dos-padres-
pedofilos/>. Acesso em 20 out. 2010. 
17
 PROVOLO, Antonio. Padre próximo ao Papa é suspenso por envolvimento em pedofilia. 
Euronews. Edição de 23 abr. 2010. Disponível em: <http://pt.euronews.net/2010/04/23/Padreproximo 
aoPapaesuspensoporenvolvimentoempedofilia/>. Acesso em 20 out. 2010. 
 18 
espertos criminosos virtuais, o que de certa maneira torna este anonimato da internet, 
relativo. 
 
 
1.3. A PEDOFILIA NA VISÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE 
 
 
Considerada uma parafilia, tipo de transtorno sexual. Para o psiquiatra GJ 
Balloni18, a Psiquiatria Forense se interessa, apenas, pela figura grave, que para se 
caracterizar exige os seguintes requisitos: 
(...) Caráter opressor, com perda de liberdade de opções e alternativas. O 
parafílico não consegue deixar de atuar dessa maneira. Caráter rígido, 
significando que a excitação sexual só se consegue em determinadas situações 
e circunstâncias estabelecidas pelo padrão da conduta parafílica. Caráter 
impulsivo, que se reflete na necessidade imperiosa de repetição da experiência. 
Assim Vanrell19, segundo seus ensinamentos, descreve: 
(...) O pedófilo é um tipo de indivíduo que teme o relacionamento sexual com 
pessoas adultas, por se sentir inferiorizado diante delas, quer por imaturidade 
psicossocial, quer pelo desgaste de suas energias que não lhe permitem 
realizar atos sexuais como na juventude ou lhe acarretam freqüentes “falhas” na 
obtenção do orgasmo, pela perda de seus atrativos físicos em conseqüência da 
idade. 
O referido autor discorre na mesma obra que num artigo publicado no Journal of 
Psychiatry Research (EUA), pesquisadores dizem que os pedófilos estudados 
apresentavam quantidade menor da chamada “massa branca”, massa responsável para 
ligar internamente partes diferentes do cérebro envolvidas na excitação sexual. 
E ainda completa que pesquisadores descobriram que ao serem estimuladas 
eroticamente, algumas regiões do cérebro dos pedófilos indicavam menos sinais de 
atividades que a de outros indivíduos voluntários. Discorre também que outros estudos 
também nos Estados Unidos confirmaram que o cérebro dos pedófilos realmente era 
diferente. Mas esses dados não significam que os pedófilos não deveriam ser 
_____________ 
18
 BALLONI, G.J. Disponível em: <http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=20>. 
Acesso em 03 nov. 2010. 
19
 VANRELL, op. cit., 2008, p.144 
 19 
considerados responsáveis criminalmente por seus atos, isto é, que fossem 
inimputáveis. Pois, pesquisas como essas ainda não são conclusivas. 
Comentando o assunto em seu artigo, José Wilson Furtado20, afirma que a 
análise médico-legal dos delitos sexuais, assim como em todos os outros tipos de 
delito, procura relacionar o tipo ação com a personalidade do delinqüente e, como 
sempre, avaliar se, por ocasião do delito, o delinqüente tinha plena capacidade de 
compreensão do ato, bem como de auto determinar-se. 
 
 
1.3.1. O Diagnóstico 
 
 
Os critérios diagnósticos para identificar a pedofilia – Código F65.4 no indivíduo, 
segundo o DSM-IV-TR21 são analisados da seguinte forma: 
Ao longo de um período mínimo de 6 meses, fantasias sexualmente excitantes 
recorrentes e intensas; impulsos sexuais ou comportamentos envolvendo 
atividade sexual com uma (ou mais de uma) criança pré-púbere (geralmente 
com idade inferior a 13 anos); 
As fantasias, impulsos sexuais ou comportamentos causam sofrimento 
clinicamente significativo, prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou 
em outras áreas importantes da vida do indivíduo; 
O indivíduo tem, no mínimo,16 anos e é pelo menos 5 anos mais velho que a 
criança no critério A. 
Dentro desses critérios do DSM-IV-TR deve-se especificar também se: 
Atração Sexual pelo sexo masculino 
Atração Sexual pelo sexo feminino 
Atração Sexual por Ambos os Sexos 
Limitada ao Incesto 
Especificar tipo: Exclusivo (atração apenas por crianças) 
Não- Exclusivo (por crianças e adultos). 
E por último o critério de diagnóstico DSM-IV-TR, inclui a Nota para a 
codificação, que impõe não incluir um indivíduo no final da adolescência envolvido em 
um relacionamento sexual contínuo com uma criança com 12 ou 13 anos de idade. 
_____________ 
20
 FURTADO, José Wilson. A pedofilia e o Evangelho. Disponível em <http://www.buscalegis. 
ufsc.br/revistas/index .php/buscalegis/article/viewFile/5064/4633>. Acesso em 21 out. 2010. 
21
 DSM-IV-TR, Ibid., 2010. 
 20 
Conforme Pádua22, a pedofilia se insere nos transtornos parafílicos e não exige, 
e usualmente não deveria envolver um ato criminoso, eis que o portador de pedofilia 
pode conservar seus desejos em segredo por toda vida sem nunca compartilhá-los ou 
torná-los atos reais. 
EY, Bernard e Brisset23, explicam que a grande problemática da semiologia do 
Comportamento Sexual é o do diagnóstico do caráter patológico, pois não se podem 
considerar todos os desvios sexuais como doentio. Continuando, ao abordarem em sua 
obra o Comportamento humano no curso da vida cotidiana e das reações anti-sociais, 
explicam que, trata-se de comportamentos que devem ser atenciosamente estudadosem relação ao seu caráter patológico e, comumente, atribuídos ao estudo da 
criminologia. 
Balloni24 ensina que quando o comportamento sexual do indivíduo se baseia de 
maneira a atrapalhar a capacidade de relacionamento entre outros seres humanos fica 
então caracterizada a parafilia, que é a fantasia, o anseios sexual, ou comportamentos 
recorrentes, intensos, e sexualmente excitantes descritos no DSM-IV-TR, 2010. 
 
 
1.3.1. As Causas e o Tratamento 
 
 
Segundo Trindade e Breier25, em todos os fenômenos psicológicos, as 
explicações sobre as causas das parafilias são dadas por correntes ou escolas 
psicológicas. E aduzem que embora as abordagens etiológicas se debrucem sobre 
aspectos multicausais ou multifatoriais em contraposição a modelos que se baseiam em 
uma única e exclusiva causa, eles explicam que, nenhuma linha teórica tem 
_____________ 
22
 SERAFIM, Antonio de Pádua. Pedofilia: da fantasia ao comportamento sexual violento. Núcleo de 
Psiquiatria e Psicologia Forense – NUFOR – Instituto de Psiquiatria – HCFMUSP. Disponível em: 
<http://www.visumconsultoria.com.br/docs/antoniodepaduaserafim.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2010. 
23
 EY, Henri; BERNARD, Paul; BRISSET, Charles. Tratado de psiquiatria. 5 ed. São Paulo: Masson e 
Atheneu, 1966, p. 92. 
24
 BALLONI, op cit., 2010. 
25
 TRINDADE, Jorge; BREIER, Ricardo. Pedofilia: Aspectos psicológicos e penais. 
2. Ed, ver. Atual. De acordo com as leis 11.829/08 e 12.015/09. Porto alegre: Livraria 
do advogado, 2010. 
 21 
apresentado explicações definitivas sobre o tema das parafilias nem sobre o tópico 
especial da pedofilia, mas esclarecem que todas elas têm procurado trazer aportes 
importantes que auxiliam a compreensão desse complicado fenômeno. 
Segundo Marcelo Zaranski26 ainda não se conhece as causas da pedofilia, ele 
explica que até então se acreditava que o ato criminoso dos pedófilos seria por conta 
de abusos sexuais sofridos na infância, contudo, hoje as pesquisas reconhecem que as 
crianças vítimas dos pedófilos não se tornam abusadoras sexuais quando adultas. 
Outras teorias apontam para o fato de que o uso do álcool e drogas são fatores que 
favorecem a pedofilia. 
De acordo com Marsden27 em seu artigo, atribui que a relação entre dependência 
química e transtornos de humor está bem formada na literatura, mas declara que são 
raros os relatos de caso de pacientes pedófilos dependentes químicos, embora 
diferentes estudos demonstrem possível relação do espectro compulsivo entre os dois 
quadros. Acrescenta ainda, que cabe ao terapeuta, durante a entrevista clínica e a 
avaliação de risco, abordar questões sexuais incluídas aos pacientes em tratamento 
para toxicodependência, avaliando possíveis inadequações e desvios com isso 
garantindo a abordagem adequada de todas as comorbidades28. 
Pádua29 também avalia que a passagem da fantasia para a ação pedófila, 
acredita-se, acontece mais frequentemente quando o indivíduo é exposto a situações 
de estresse intenso, situações de intensa pressão psicológica, por exemplo, discussão 
conjugal significante, desemprego, aposentadoria compulsória, etc. 
Ao lado dessas teorias, Wolpe30 ao tratar de Pedofilia Homossexual, relata em 
sua obra o caso de um medido-paciente de 40 anos que tivera durante 10 anos 
atividades sexuais com seus três filhos (13, 9 e 5 anos), descreve que este pedófilo 
_____________ 
26
 ZARANSKI, Marcelo. Causas do transtorno de Pedofilia e suas conseqüências. Disponível em 
<http: //www.webartigos.com/articles/33328/1/Causas-do-Transtorno-de-Pedofilia-e-suas-
Consequencias/pagina1.html>. Acesso em 14 set. 2010 
27
 MARSDEN, Vanessa Fabiane Machado Gomes. Pedofilia, transtorno bipolar e dependência de 
álcool e opioides. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/jbpsiq/v58n2/v58n2a09.pdf>. Acesso em 
30 ago.2010. 
28
 FERREIRA. 2007. COMORBIDADE. “Coexistência de Transtornos ou doenças mentais”. 
29
 SERAFIM, Antonio de Pádua et al. Perfil psicológico e comportamental de agressores sexuais de 
crianças. Rev. psiquiatr. clín. v.36, n.3, São Paulo, 2009. 
30
 WOLPE, Joseph. Prática da terapia comportamental. 2 ed. São Paulo: Brasiliense, [s.d], p.296. 
 22 
tinha vários problemas interpessoais antigos, principalmente com sua esposa por causa 
de impotência sexual branda e episódica com ela. 
Assim Zaranski31 em artigo sobre pedofilia, demonstra que as pesquisas têm 
relatado conexões entre a pedofilia e algumas características psicológicas, como baixa 
auto-estima e baixa habilidade social. Mas acrescenta que até recentemente, 
acreditava-se que a pedofilia fosse causada por essas características. 
Trindade e Breier32 apontam que o entendimento da dinâmica do desvio sexual 
começou em 1905, com a obra Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade e as 
noções de fixação, catexia e escolha objetal com Sigmund Freud33 (1856-1939). 
Estudioso da mente humana desenvolveu a Teoria Psicanalítica, destinado a tratar os 
comportamentos compulsivos e muitas doenças de natureza psicológica supostamente 
sem motivação orgânica. 
Fonseca34 em seu artigo na Revista Veja, ela arrazoa que há também as 
considerações em torno da religião que asseguram que o celibato dos sacerdotes 
católicos também é causa de pedofilia, entretanto, esse não é o entendimento de 
psicólogos e psiquiatras pois, nas palavras de Tomás Plante35 “isso não faz sentido, 
porque se um padre não resiste aos desejos sexuais, pode perfeitamente buscar uma 
pessoa adulta para satisfazê-lo, pois não há nenhuma razão para romper a castidade 
justamente com uma criança.”,alega o referido professor de psicologia da Universidade 
Santa Clara, na Califórnia. 
Em relação ao tratamento da pedofilia, entende-se que tem que haver um 
consenso entre a lei e as áreas da saúde que trata do assunto, muito formas de 
tratamento vem sendo proposta e estudadas, porém ainda se chegou a resultados 
plenamente positivos. 
Trindade e Breier36 discorrem sobre o tratamento da pedofilia explicando que o 
tratamento do transtorno de pedofilia, é uma dificuldade que envolve a própria 
controvérsia da matéria. Para eles o indivíduo pedófilo não tem remorso do seu modo 
_____________ 
31
 ZARANSKI, op. cit., 2010. 
32
 TRINDADE; BREIER, Ibid., p.39. 
33
 FREUD, Sigmund, 1905, p.39 Apud TRINDADE; BREIER, 2010, p. 49. 
34
 FONSECA, Ana Cláudia. Impunes, eles vão matar de novo. Veja, v.43, n.16, p.120-122, abr.2010 
35
 PLANTE, Tomás, 1999, Apud FONSECA, 2010, p.122 
36
 TRINDADE; BREIER, op. cit, 2010, p. 49. 
 23 
de agir, não demonstra que quer mudar, principalmente em relação a tratamentos 
psicológicos, a menos que do seu comportamento resulte prejuízos nas situações 
familiares ou sociais. Assim avaliam que nesse contexto verifica-se que o indivíduo 
pedófilo só sente necessidade de se tratar quando tem problemas perante a lei, o que 
deixa claro que isso é um subterfúgio de autoproteçao. 
Os autores também esclarecem que a pedofilia como já assinalado 
anteriormente constitui um transtorno de preferência, um tipo de distúrbio que exige 
acompanhamento por toda a vida, uma vez que não há remissão total para esse tipo de 
distúrbio. Eles afirmam que isso significa que o custo social e o risco de reincidência 
são elevados. 
Trindade explana que, face ao demasiado insucesso das abordagens 
terapêuticas de cunho psicológico, para as quais os pedófilos apresentam um 
prognóstico reservado, e frente a relativa falha no que tange à reincidência 
crônica,explica que uma das escolhas tem sido a denominada castração. Eles aclaram 
que de um lado, situa-se a castração química ou a castração física, a castração física 
se dá através da extração dos testículos, para impedir a produçãode um hormônio, a 
testosterona, que estimula o desejo sexual. De outro, existe a possibilidade de uma 
castração química, a modificação dos neorotransmissores e a criação de mecanismos 
de obstrução do impulso e do desejo sexual. 
Vale lembrar que qualquer uma dessas duas modalidades enfrenta os obstáculos 
de ordem constitucional e mesmo ética. Nesse sentiido para o Médico Ricardo 
Zpizzirri37 a administração de antidepressivos tricíclicos ou inibidores seletivos da 
recaptação da serotonina (fluoxetina, principalmente) em altas doses é vastamente 
citada na literatura como recurso terapêutico relevante. Acompanhamento 
psicoterapêutico individual e/ou grupal é essencial no acompanhamento dessas 
condições. 
_____________ 
37
 SPIZZIRRI, Giancarlo. Pedofilia considerações Finais, Associação Paulista de Medicina, Disponível 
em: <http://www.apm.org.br/fechado/rdt_materia.aspx?idMateria=10369>. Acesso em 20 out. 2010. 
 24 
A posição da Associação Brasileira de Psiquiatria38 é que a expressão castração 
química não é apropriada, porque traz "o conceito de punição, constrangimento, lesão 
corporal e sofrimento". 
Segundo a referida Associação, o tratamento médico da pedofilia tem várias 
etapas, incluindo a psicoterapia. De acordo com a entidade, "medicações para controle 
do impulso sexual podem ser indicadas", como antidepressivos e remédios que regulam 
a testosterona (hormônio responsável pelas características masculinas e regulação da 
função sexual). 
Ainda de acordo com a referida Associação, o uso desses medicamentos 
dificilmente excede 6 meses e que é reversível. Esclarece também que: 
 "Medicações reguladoras da ação da testosterona são recomendadas para 
menos de 10% do total de pacientes que de fato sofrem da grave doença 
médica conhecida como pedofilia. Os pacientes devem entender o processo 
terapêutico, aceitar o tratamento e ter o apoio de familiares". 
Taborda, Chalub e Abdalla Filho39, completam que grupos de pacientes que 
usaram continuamente drogas antiandrogênicas (que inibem o desejo sexual) 
acompanhadas à psicoterapia têm mostrado menor índice de reincidência, em relação 
àqueles que fazem o tratamento somente de controle, que se recusaram ao uso da 
assim chamada castração química. 
 
 
1.3.3 O Posicionamento dos Psicólogos 
 
 
Monteiro Filho40 aclara que o indivíduo pedófilo geralmente, tem baixíssima auto-
estima, imaturidade emocional, e sente necessidade de compensar essas emoções, e 
senti-se superior, dominante, por isso, escolhem crianças e praticam violência 
_____________ 
38
 MALTA, Magno. Castração Química. Instituto Inb. Disponível em: <http://www.institutoinb.com.br 
/noticias /para-presidente-da-cpi-da-pedofilia-magno-malta-a-chamada-castracao-quimica-e-uma-
medida-que-favorece-o-criminoso>. Acesso em 21 out. 2010. 
39
 TABORDA; CHALUB; ABDALLA-FILHO, Ibid., 2004, p.312. 
40
 MONTEIRO FILHO, Lauro. Observando a infância. Disponível em: <http://www.observatorio 
dainfancia.com.br/article.php3?id_article=60>. Acessado em 29 set. 2010. 
 25 
psicológica. Não se relacionam com o adulto, pois teriam de estabelecer uma relação 
de igual para igual, o que é dificultoso para eles. 
Adelma Pimentel41, Especialista em prevenção contra a violência sexual de 
Crianças e Adolescentes, declara que a pedofilia é um desvio da conduta sexual. Mas 
que é importante entender que nem toda violência sexual contra criança pode ser 
classificada como pedofilia. E ressalta que na etimologia do signo, pedófilo era 
considerado quem ama crianças, não um criminoso. 
Cohen42, assim considera: 
(...) Sob o ângulo da psicopatologia forense, podemos considerar o autor do ato 
incestuoso como um indivíduo portador de uma perturbação da saúde mental 
que pode ser psicossocial (anti-social, dissocial, associal, amoral, imatura etc.) 
ou psicossexual (parafilias, como, por exemplo, pedofilia), e nestes casos o 
indivíduo deverá ser considerado semi-imputável. [...] esses indivíduos são 
doentes mentais (com quadros psicóticos orgânicos e outras psicoses), e, 
nessa condição, devem ser considerados 
Para Ferrari43, pode-se pensar nas três causas principais, que leva a pedofilia: 
(...) A primeira refere-se à sexualidade reprimida: crianças que apresentam um 
desenvolvimento afetivo-emocional conturbado, com dificuldade para manifestar 
e expressar seu desenvolvimento sexual, seus questionamentos, curiosidades, 
identificações com figuras de apego. É freqüente o pedófilo se aproximar de 
crianças afetivamente carentes, ou seja, daquelas que respondem a sua 
sedução, mesmo que ele seja um desconhecido: a criança é seduzida por quem 
lhe dedica uma atenção que os pais não lhe dão. 
A segunda causa que leva à pedofilia, encontra-se na pouca idade em que 
crianças, principalmente em países subdesenvolvidos, mergulhados na 
prostituição, trocando escola e as brincadeiras infantis por práticas libidinosas 
que lhes rendem algum dinheiro para sobreviver. A pobreza ocasiona muitas 
vítimas, mas as mais atingidas são as crianças. 
A terceira causa é a mais grave delas, pelo anonimato, pela ausência de 
informação e pelo grau de periculosidade. Está no campo dos desvios de 
personalidade, no proceder de fronteiriços que se apresentam, aparentemente, 
dentro da mais absoluta correção, mantendo em segredo um mundo povoado 
de abominável comportamento (FERRARI, 2004).
44
 
_____________ 
41
 PIMENTEL,Adelma. A Incidência da Sociedade Civil no Processo da Contrução da Política 
Nacional da Criança e do Adolescente. Disponível em 
<http://www.forumdca.org.br/arquivos/documentos/ACF9769.pdf>. Acesso em 30 out. 2010. 
42
 COHEN, Cláudio. O incesto: um desejo. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1993. 
43
 FERRARI, Dalka C. A.; VECINA, Tereza C. C. (Org.). O fim do silêncio na violência familiar: teoria 
e prática. São Paulo, SP: Ágora, 2004, p. 330. 
44
 FERRARI, D. C. A., Pedofilia: uma das faces da violência sexual contra a criança. EDITAL (org.). 
Revista Brasileira de Psicodrama. v.12, n.2. São Paulo, 2004. p. 59-84. 
 26 
Nesse sentido, Bernadete Pequin45, traz o entendimento de Freud46 sobre a 
definição do Princípio do Prazer: 
(...) Todo o comportamento humano é basicamente regido pela necessidade 
urgente de gratificação dos instintos, quer de forma direta, quer alucinatória 
(através de fantasias). De acordo com a primeira formulação freudiana, as 
atividades inconscientes (ou do ID) são completamente dominadas por este 
princípio: a fantasia não se distingue da realidade e, portanto, a satisfação do 
prazer pode ser imediata. (Mas, com o desenvolvimento do ego, a pessoa 
torna-se consciente das exigências da realidade (Princípio de Realidade); e, 
quando se estabelece a instituição moral do SUPER EGO, a pessoa passa a ter 
consciência de satisfações ideais). 
Ainda a autora acima referida pondera que o impulso desejoso continua a existir 
no inconsciente à espreita de oportunidade para se revelar, concebe a formação de um 
substituto do reprimido disfarçado e irreconhecível, para lançar a consciência substituta 
ao qual logo se liga a mesma sensação de desprazer que se julgava evitada pela 
repressão. Esta substituição da idéia reprimida – o sintoma – é protegida contra as 
forças defensivas do ego e em lugar do breve conflito, começa então um sofrimento 
interminável. 
A autora, ainda nesse contexto, cita os ensinamentos de Storr47 : 
(...) um paciente que sofre de um desvio sexual, apenas será capaz de trocá-lo 
por algo melhor quando sua capacidade para um amor adulto for realmente 
intensificada. Sabe-se que fantasias e compulsões sexuais aberrantes podem 
desaparecer de um dia para o outro, quando o homem por elas dominado se 
apaixona. Se capaz de apaixonar-se, no entanto, exige certo grau de 
maturidadeque o desviado não alcançou, e apenas quando está a ponto de 
superar sua tendência aberrante pode relacionar-se emocionalmente com outra 
pessoa, com suficiente segurança para apaixonar-se. 
E que um amor adulto certamente poderá ocorrer, mas apenas em 
circunstâncias que lhe permitam travar relações novas e melhores com outras 
pessoas das quais possa retirar uma convicção íntima de ter algum valor. A 
parte mais importante da tarefa do psicoterapeuta, portanto, é fornecer uma 
base de completa aceitação e segurança emocional com a qual o paciente pode 
amadurecer e da qual ele, finalmente, se possa desligar para estabelecer 
relações mais proveitosas. 
A psicóloga acima aduz que é fácil concluir que não acontece um único fator que 
contribui com a Pedofilia. Do ponto de vista clínico é uma patologia e merece atenção 
por parte do sistema penitenciário, da sociedade e dos profissionais que lidam com ela. 
_____________ 
45
 PEQUIN, Bernadete disponível em <http://www.intra.redepsi.com.br/teste/portal/modules 
/smartsection/item.php?itemid=1068>. Acesso em 30 set. 2010. 
46
 FREUD, 1905, apud., PEQUIN, 2010. 
47
 STORR, 1976, apud., PEQUIN, 2010. 
 27 
Mesmo porque, para a psicóloga, certos pacientes só procuram ajuda psiquiátrica 
quando seus desejos os colocam em conflito com a lei. 
Ressalva ainda que não existe cura para a pedofilia, entretanto, é possível 
controlar os impulsos com o uso de medicamentos e ajudar o indivíduo a entender o 
que ele sente com psicoterapia, estabelecendo um amadurecimento emocional em que 
ele possa constituir novas relações, mais saudável e aceitas socialmente. 
 
 
1.4. O CRIME DE PEDOFILIA NO DIREITO COMPARADO 
 
 
Sobre a preocupação acerca das questões de abuso sexual noutros países, 
Trindade e Breier48, explanam que a primeira manifestação internacional sobre os 
direitos da criança apareceu em Londres, em 1919. Depois em 1920, em Genebra 
(Declaração de Genebra adotada pela Sociedade das Nações, em 1924, que foi a base 
da Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança em 1989). 
Daí, várias Declarações, Resoluções e Manifestos surgiram, como, além da 
Declaração dos Direitos da Criança em 1924 (Declaração de Genebra), surgiram 
também, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, as Resoluções 1.044 (1986) e 
1.065(1987) do Conselho da Europa sobre tráfico e exploração infantil; a Convenção 
dos Direitos da Criança (1989) e a Convenção do Conselho da Europa sobre Proteção 
das Crianças contra a Exploração e Abusos Sexuais. 
Os autores também discorrem que a pedofilia era, em alguns países, aceita ou 
até tolerada. Porém, no decorrer da história, depois de sucessivas aprovações de 
tratados internacionais ora vistos, as legislações foram se modificando, se adequando 
cada vez mais aos tratados que em seu auge preocuparam-se com a obrigação dos 
Estados em fazer obedecer as medidas que protegessem a infância e à adolescência 
do abuso, da ameaça ou ainda da lesão a sua integridade sexual. Eles esclarecem que 
em muitos países, inclusive no Brasil a pornografia infantil é claramente considerada 
crime. 
_____________ 
48
 TRINDADE; BREIER, Ibid., 2010, p. 103. 
 28 
O Advogado Roberto Ramalho49 explana em seu artigo, que a pornografia 
infantil é considerada crime na grande maioria dos países do mundo, principalmente 
nos países europeus, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão e Nova Zelândia, 
esclarece ainda que em alguns países já possuem leis proibindo o uso da Internet para 
recrutar menores com a intenção de realizar o ato sexual, virtual ou não. 
O referido advogado expõe também que no direito internacional moderno o 
abuso sexual, é considerado como mais uma prática do ilícito pedófilo. Ele ainda 
informa discorre que a Interpol no mundo todo, o FBI e a Polícia Federal no Brasil, vem 
combatendo com severidade os crimes de pedofilia, fazendo, inclusive, uma 
averiguação rígida nos sites de relacionamento, entre eles o Orkut, para encontrar e 
prender pessoas que veiculam pela internet fotos de crianças e que possam estar 
envolvidos nesses crimes. 
Ricardo Breier50 avalia que as redes de pedofilia ultrapassam os limites 
territoriais de qualquer legislação penal. E que o meio mais utilizado por estas redes é a 
Internet. Aclara também que imagens divulgadas na rede apresentam crianças em atos 
de plena atividade sexual. 
Importante ressaltar que o ato sexual entre adultos e adolescentes é regulado 
pelas leis de cada país no que se refere à idade de consentimento. Em alguns países a 
permissão para o relacionamento é a partir de uma idade mínima,13 anos na Espanha, 
14 no Brasil, Portugal, Itália, Alemanha e Áustria, 15 na França e Dinamarca, 16 em 
Noruega. 
 
 
 
 
 
_____________ 
49
 RAMALHO, Roberto A Pedofilia no mundo e sua caracterização na legislação brasileira – 1ª 
Parte. <http://www.webartigos.com/articles/25863/1/A-Pedofilia-no-Mundo-e-sua-Caracterizacao-na-
Legislacao-Brasileira--1-Parte/pagina1.html>. Acesso em 7 Nov. 2010 
50
 BREIER, Ricardo, O atuar pedófilo: crime individual ou uma organização criminosa? Disponível 
em <http://www.mp.rs.gov.br/infancia/doutrina/id401.htm>. Acesso em 20 ago. 2010. 
 29 
1.5. O CRIME DE PEDOFILIA NO BRASIL 
 
 
Mello e Fraga51 explanam de maneira sucinta, o Protocolo Facultativo à 
Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança,52 que traz o fundamento jurídico 
para o combate aos delitos ligados à pedofilia, contudo, esta foi melhor aperfeiçoada 
com a ratificação pelos países signatários, em 25 de maio de 2000, o protocolo se 
refere à venda de crianças, à prostituição infantil e à pornografia infantil. O Brasil 
ratificou este protocolo através do Decreto Nº 5.007, de 8 de março de 2004. Ainda 
assim não existe no ordenamento jurídico brasileiro a tipificação do crime de pedofilia, 
as consequências do ato pedófilo é que estão associadas no Código Penal e no 
Estatuto da Criança e do Adolescente a crimes. 
Trindade e Breier53, esclarecem que a Lei 12.015 de 07 de agosto de 2009, veio 
modificar a nomenclatura dos crimes sexuais existentes no Código Penal Brasileiro. 
Que passou de Crimes Contra os Costumes para Crimes Contra a Dignidade Sexual, 
expressão, segundo eles, está em maior conformidade com a Constituição Federal. 
Ainda acrescentam que ao reconhecer a dignidade humana do descrita no seu artigo 
1ª, a nova Lei assegura a liberdade de escolha dos parceiros e da própria relação 
sexual. 
Assim in verbis: 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático 
de Direito e tem como fundamentos: 
[...] 
III - a dignidade da pessoa humana; 
[...] 
_____________ 
51
 MELLO, Cleyson de Moraes. Direitos humanos: Coletânea de legislação. Rio de Janeiro: F. B. M. de 
Barros, 2003. p. 512-513. 
52
 Em 25 de maio de 2000, a Assembléia Geral das Nações Unidas adotou o Protocolo Facultativo para 
a Convenção sobre os Direitos da Criança, que trata da venda de crianças, prostituição e pornografia 
infantis. Até o momento, 105 Estados assinaram-no e 50 ratificaram-no. As primeiras dez ratificações 
tornaram este Protocolo válido desde 18 de janeiro de 2002. 
53
 TRINDADE; BREIER, 2010, p. 108-112. 
 30 
Os autores ainda citam Nucci54 quando este declara, “a nova Lei, ao nominar a 
dignidade sexual como proteção penal, está, igualmente, referindo-se à decência, à 
respeitabilidade, à honra”. Aclaram que além desta lei, há outros previstos nos artigos 
240 ao 241-E do ECA - Estatuto da Criança e Adolescente que abordam de maneira 
bastante inteligente os crimes sexuais contra crianças, assim vejamos: 
Art.240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer 
meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou 
adolescente: 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de 
qualquer modo intermedeia a participação de criança ou adolescente nas cenas 
referidas no caput deste artigo, ou ainda quem com esses contracena. 
§ 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o crime 
I - no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la; 
II - prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade; 
III - prevalecendo-se de relações de parentesco consangüíneo ou afim até o 
terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima 
ou de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu 
consentimento. 
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que 
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou 
adolescente 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa 
§ 1º Incorre na mesma pena quem: 
I - agencia, autoriza, facilita ou, de qualquer modo, intermedeia a participação 
de criança ou adolescente em produção referida neste artigo; 
II - assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, 
cenas ou imagens produzidas na forma do caput deste artigo; 
III - assegura, por qualquer meio, o acesso, na rede mundial de computadores 
ou internet, das fotografias, cenas ou imagens produzidas na forma do caput 
deste artigo. 
§ 2º A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos: 
I - se o agente comete o crime prevalecendo-se do exercício de cargo ou 
função; 
II - se o agente comete o crime com o fim de obter para si ou para outrem 
vantagem patrimonial 
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou 
divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou 
telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo 
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: 
I - assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas 
ou imagens de que trata o caput deste artigo; 
II - assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às 
fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo. 
§ 2º As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1º deste artigo são puníveis 
quando o responsável legal pela prestação do serviço, oficialmente notificado, 
_____________ 
54
 Apud, 2009,p.14 
 31 
deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste 
artigo. 
 Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo 
ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica 
envolvendo criança ou adolescente: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
§ 1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena quantidade 
o material a que se refere o caput deste artigo. 
§ 2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de 
comunicar às autoridades competentes a ocorrência das condutas descritas nos 
arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por: 
I - agente público no exercício de suas funções; 
II - membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas 
finalidades institucionais, o recebimento, o processamento e o encaminhamento 
de notícia dos crimes referidos neste parágrafo; 
III - representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou 
serviço prestado por meio de rede de computadores, até o recebimento do 
material relativo à notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao 
Poder Judiciário. 
§ 3º As pessoas referidas no § 2º deste artigo deverão manter sob sigilo o 
material ilícito referido. 
 Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo 
explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de 
fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, 
disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou 
armazena o material produzido na forma do caput deste artigo. 
 Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de 
comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: 
I - facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo 
explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso; 
II - pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir 
criança a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita. 
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de 
sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer situação que envolva 
criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou 
exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins 
primordialmente sexuais. 
Nesse contexto, Trindade e Breier55, extraem que nos artigos relacionados na lei 
12.015 exige-se que o indivíduo tenha 18 anos e perfeita sanidade mental, entretanto 
esclarecem que aos casos relacionados à pedofilia, há que se orientar pelas definições 
do DSM-IV (Diagnóstico de Transtornos Mentais). Daí o tratamento jurídico penal para 
os casos associados à pedofilia que serão determinados pelos traços psíquicos, os 
quais confirmarão se o pedófilo é ou não um agente inimputável (com total ausência de 
_____________ 
55
TRINDADE e BREIER, Ibidem, 2010, p. 110 
 32 
capacidade de entender que os seus atos são criminosos) ou semi-imputável (com 
capacidade parcial de entender que seus atos são criminosos). 
A prova de sanidade mental é feita por laudo técnico psiquiátrico, prevista no art. 
149 do Código de Processo Penal. Vejamos, 
Art. 149 - Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz 
ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do 
curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este 
submetido a exame médico-legal. 
§ 1º - O exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, mediante 
representação da autoridade policial ao juiz competente. 
§ 2º - O juiz nomeará curador ao acusado, quando determinar o exame, ficando 
suspenso o processo, se já iniciada a ação penal, salvo quanto às diligências 
que possam ser prejudicadas pelo adiamento. 
Dias56 explica que o laudo forense realizado por perito oficial do Estado, é que 
revelará se um agente pedófilo receberá as medidas de segurança por tempo 
indeterminado, no caso, tratamento psiquiátrico (artigo 98 do CP), ou mesmo um 
redução de pena, se este tiver uma redução de sua capacidade no momento do crime, 
conforme art. 26 do CP. 
Dentro dessa linha, no estudo realizado pelos pesquisadores Reifschneider e 
Reis57 sobre pornografia infantil na internet para o governo brasileiro eles discorrem: 
(...) é nos países desenvolvidos que os atos ilícitos encontram suporte 
econômico para se espalhar internacionalmente, especialmente pela pratica de 
turismo sexual e a instituição de associações em rede/quadrilha com o intuito 
de explorar a fragilidade das leis nacionais. A internet, a falta de fronteiras 
físicas e de um espaço jurídico comum – o delito em um país necessariamente 
não o é em outros – permite a expansão da distribuição da pornografia infantil, 
seja como fim em si mesma,seja para a divulgação de outros crimes como, por 
exemplo, o turismo sexual. 
 
 
 
 
 
_____________ 
56
 CORDEIRO, J. C. Dias. Psiquiatria forense: a pessoa como sujeito ético em medicina e em direito. 
2. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2008. 432 p. 
57
 REIS, Alexandre Valle dos; REIFSCHNEIDER, Elisa Dias Becker. Pesquisa sobre pornografia 
infantil na internet país: Brasil. 2004. Disponível em: 
<http://www.iin.oea.org/proy_trafico_ninos_internet/iintpi/pornog.brasil.pdf>. Acesso em: 13 out. 2010. 
 33 
1.6. A OMISSÃO LEGISLATIVA 
 
 
Trindade e Breier58 ponderam que ao se consultar o Código Penal e a Legislação 
Especial brasileira, não se encontram uma norma penal que trace com perfeição técnica 
a pedofilia. O que se irá encontrar são casos de pedofilia incorporados em outros 
crimes de natureza sexual. Antigamente no Brasil, o abuso sexual era classificado 
dentro dos crimes contra os costumes. 
Em sede de interesse legislativo, Elina Rodrigues Pozzebom59, informa que em 
2003 foi criada no Congresso Nacional a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da 
Pedofilia, presidida pelo Senador Magno Malta, informa também que esta CPI foi criada 
justamente para dar maior clareza aos crimes de denotação sexual contra crianças. A 
partir dela foram feitas várias alterações na legislação, inclusive as já mencionadas no 
ECA e Lei 12.015 que modificou substancialmente o Titulo IV da parte especial do 
Código Penal brasileiro 
O psicólogo Roberto Diniz Souza60, aborda que o Brasil é o país do mundo que 
mais hospeda sites de Pedofilia na Internet, além de ser um dos maiores no comércio 
milionário de material pedofílico. E relaciona alguns critérios que para ele, devem ser 
empregados urgentemente: 
Investir mais em pesquisas; 
Atualizar a nossa norma jurídica para a lida com a Pedofilia (a Comissão 
parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado tem sido pródiga nessa luta); 
Mais iniciativas públicas relacionadas ao tema, especialmente em relação às 
vítimas; 
Fazer denúncias e ficar atento a qualquer situação suspeita. 
 
_____________ 
58
 TRINDADE; BREIER, 2010, p. 108 
59
 POZZEBOM, Elina Rodrigues. CPI da pedofilia abre debate sobre o tema e inicia esforço legislativo 
para combate ao crime. Disponível em:http://www.safernet.org.br/site/noticias/cpi-pedofilia-abre-
debate-sobre-tema-inicia-esforco-legislativo-para-combate-ao-crime.acesso em 3 de ago.2010 
60
 SOUZA, Roberto Diniz. SOBRE A PEDOFILIA: Caracterízação, histórico e contexto 
atualhttp://www.webartigos.com/articles/19815/1/Sobre-a-Pedofilia-Caracterizacao-Historico-e-
Contexto-Atual/pagina1.html.acesso em 25 de ago.2010 
 34 
1.7. A LEGISLAÇÃO APLICADA NO DIREITO BRASILEIRO 
 
 
Por não possuir o tipo penal tipificado na legislação brasileira, a pedofilia, vem 
sendo punida com os dispositivos legais enquadrados na Lei 12.015 e em alguns 
artigos do ECA. Juridicamente se enquadra no crime de estupro de vulnerável, art. 217-
A, com pena de oito a quinze anos de reclusão. Assim os próximos tópicos serão 
abordados dentro das respectivas Leis. 
Castiglione61 ao analisar a Lei 11.829/2008 que alterou o Estatuto da Criança e 
do Adolescente, destaca que esta lei deu-se para aprimorar o combate à produção, 
venda e distribuição de pornografia infantil, e também com vistas a criminalizar a 
aquisição e a posse de material pedófilo. Ele argumenta que embora existindo brechas 
que deveriam ter sido dirimidas pelo legislador, a lei ainda assim merece elogios, vez 
que, nos artigos 241-A, 241-B, 241-C, 241-D e 241-E, agregou como crime algumas 
condutas em relação à pedofilia na internet, que estavam até agora à margem da lei, já 
que não eram considerados ilícitos penais. 
O Senador Marcelo Crivela62, apresentou no Senado em maio deste ano, 2010, 
um projeto de lei que altera os dispositivos da legislação penal sobre estupro e atentado 
violento ao pudor, a intenção é diferenciar como antes era, um tipo penal do outro. Pois 
de acordo com as severas mudanças trazidas pela Lei 12.015/2009, os artigos 213 e 
214 do Código Penal foram reunidos em uma só norma incriminadora, o que para o 
autor do projeto, favorece o criminoso, porque antes tinha-se concurso material entre 
estupro e atentado violento ao pudor, resultando, portanto, na soma das penas de cada 
crime. 
_____________ 
61
 CASTIGLIONE, Yuri Giuseppe. Pedofilia, exploração sexual infanto-juvenil e as alterações do 
ECA à luz da realidade brasileira. Disponível em: 
<http://www.promenino.org.br/Ferramentas/DireitosdasCriancaseAdolescentes/tabid/77/ConteudoId/9
1bf3dc3-5355-4a6a-bace-33468bd2add2/Default.aspx>. Acesso em: 13 out. 2010. 
62
 Prevê em tipos penais diversos os crimes de estupro e de atentado violento ao pudor; tipifica 
separadamente o estupro e o atentado violento ao pudor de menores de quatorze anos de idade e/ou 
vítimas de enfermidade ou deficiência 
mental.http://www.senado.gov.br/atividade/materia/detalhes.asp?p_cod_mate=96812.acesso em 29 
de set.2010 
 35 
O Senador ainda destaca um julgado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) do 
Habeas Corpus 125.207-ES, que diante das novas regras penais da Lei 12.015 de 
2009, acabou por diminuir a pena do criminoso que por três vezes abusou sexualmente 
da filha de 10 anos de idade. O criminoso cometeu por três vezes o atentado violento 
ao pudor e ao tentar consumar o estupro não consumou por ter sido impedido por 
terceiro. Na condenação da justiça na 1ª instância no Estado do Espírito Santo, a pena 
foi fixada em 21 anos de reclusão. Entretanto, no STJ ela foi reduzida para 10 anos e 9 
meses, por causa da continuidade delitiva do ato imposta pela referida lei, declara o 
Senador. 
Nesse sentido, o referido Senador destaca em sua argumentação para a 
aprovação do Projeto, que a Procuradoria Geral da Republica propôs perante o 
Supremo Tribunal Federal (STF) uma ADIn 430163- contra a Lei 12.015. O Senador 
declara que, a intenção do projeto é trazer de volta separação dos tipos penais, estupro 
e atentado violento ao pudor, para que se promova a eficácia punitiva da norma, de 
acordo com os fatos, preenchendo a lacuna que, segundo o autor do projeto, nos 
moldes vigentes, só favorece os criminosos. 
Rogério Greco64 explica, de forma sucinta, as principais diferenças entre a antiga 
e a nova redação trazida pela Lei 12.015/09: 
Através desse novo diploma legal, foram fundidas as figuras do estupro e do 
atentado violento ao pudor em um único tipo penal, que recebeu o nome de 
estupro (art. 213). Além disso, foi criado o delito de estupro de vulneráveis (art. 
217-A), encerrando-se a discussão que havia em nossos Tribunais, 
principalmente os Superiores, no que dizia respeito à natureza da presunção de 
violência, quando o delito era praticado contra vítima menor de 14 (catorze) 
anos. Além disso, outros artigos tiveram alteradas suas redações, abrangendo 
hipóteses não previstas anteriormente pelo Código Penal; um outro capítulo 
(VII) foi inserido, prevendo causas de aumento de pena. 
Nos ensinamentos aduzidos pelo autor supra mencionado, o tipo não exige que a 
conduta seja cometida mediante o emprego de violência ou grave ameaça, basta que o 
agente tenha conjunção carnal ou que pratique com a criança ou adolescente qualquer 
outro ato libidinoso. Ele esclarece que a lei desconsidera o consentimento da vítima, 
por não admitir que alguém com menos de catorze anos tenha discernimento para 
_____________ 
63
 PROCURADORIA GERAL DA REPUBLICA. ADIn 4301- contra a Lei 12.015. Disponível em: 
<:http://www.senado.gov.br/sf/senado//>. Acesso em 23/09/2010. 
64
 GRECO, Rogério. Código penal: comentado. 4.ed. Niterói, RJ: Impetus, 2010. 1020 p.64 
 36 
consentirou não a conjunção carnal, portanto, o agente que pratica tal conduta 
tipificada deve responder pelo crime. 
 
 
1.7.1. Crime Comum ou Hediondo 
 
 
A pedofilia, pela Lei 8.072/90, é considerada crime hediondo, o que determina 
rigor absoluto para o acusado desse tipo, que, sem direito a fiança ou liberdade 
provisória, responde ao processo preso em regime fechado e tem de cumprir a pena 
integralmente. Vejamos o que dispõe o art.1º da referida Lei: 
Art. 1
o
 São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no 
Decreto-Lei n
o
 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados 
ou tentados: 
(...) 
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1
o
, 2
o
, 3
o
 e 4
o
); 
Nesse contexto, segundo Vanrell65, na prática e pelas razões expendidas a 
pedofilia, sem ser crime direto, considera-se crime, portanto, plenamente passível de 
detenção. Pondera ainda, que a lei brasileira considera os resultados dos 
comportamentos pedofílicos como crimes hediondos. 
 
 
1.8. AS PENAS APLICÁVEIS AO CASO 
 
 
Nos ensinamentos de Foucault66 a pena é a retribuição à sociedade pelo mal 
causado. De acordo com a nova Lei 12.015/2009, fica evidente a intenção do legislador 
de asseverar as penas dos atos de abuso sexual contra crianças e adolescente, ainda 
que o Estado muitas vezes não considere o aspecto psicológico do agressor da prática 
do crime, vejamos: 
_____________ 
65
 VANRELL, 2008, p. 145. 
66
 FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 31. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006, 96. 
 37 
Estupro de Vulnerável 
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 
14 (catorze) anos 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. 
§ 3º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. 
§ 4º Se da conduta resulta morte: 
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. 
Corrupção de Menores 
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de 
outrem: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. 
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou 
induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de 
satisfazer lascívia própria ou de outrem: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. 
Favorecimento da Prostituição ou Outra Forma de Exploração Sexual de 
Vulnerável 
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de 
exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade 
ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do 
ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. 
§ 1º Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se 
também multa. 
§ 2º Incorre nas mesmas penas: 
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 
18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste 
artigo; 
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem 
as práticas referidas no caput deste artigo. 
§ 3º Na hipótese do inciso II do § 2º, constitui efeito obrigatório da condenação 
a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento.” 
Roberto Carminatti67 leciona que a preocupação é com o fato de que a confusão 
entre as instituições, entendendo assim as jurídicas e as médicas, e também por 
inúmeros acadêmicos, de confundir, ou até de não levar em consideração a grande 
diferença entre os perfis psicológicos do pedófilo e do agressor sexual, possa vir a 
ensejar a imputabilidade destes e a injusta imposição de pena daqueles que sofrem 
efetivamente de pedofilia e então, ao reconhecimento da sua inimputabilidade.Nesse 
sentido, o que não pode acontecer, sob nenhuma hipótese, segundo o autor, é que um 
criminoso comum se esconda sob o perfil da doença chamada pedofilia. 
Nesse entendimento, Duque68 explica que de acordo com o laudo psiquiátrico, se 
verificado que o criminoso era incapaz de entender o caráter ilícito do fato no momento 
que ocorreu (inimputável), a pena não será imposta, daí a imposição de medida de 
_____________ 
67
 COELHO, Gustavo Roberto Carminatti. A prisão perpétua e os pedófilos. Disponível em 
<http://www.lfg.com.br>. Acesso: 16 out. 2010. 
68
 TABORDA; CHALUB; ABDALLA-FILHO, 2004, p.304 
 38 
segurança detentiva, internação em hospital de custódia. A pena poderá também ser 
diminuída de 1/3 a 2/3 se houver perturbação da saúde mental. 
 
 
1.9. A CONDENAÇÃO E A EXECUÇÃO DA PENA 
 
 
Coelho69 explana que no Direito Penal, no que diz respeito à culpabilidade do 
autor do crime, de modo geral, impõe duas possibilidades quando da condenação e 
execução da pena: o agente é imputável ou inimputável, e conforme o caso terá direito 
ao regime jurídico adequado, ou seja, pena para os imputáveis e medidas de segurança 
para os inimputáveis. 
Damásio de Jesus70 nesse contexto leciona que: 
(...)Só é inimputável o sujeito que, em consequência da anomalia mental, não 
possui capacidade de compreender o caráter criminoso do fato ou de 
determinar-se de acordo com essa compreensão. A doença mental, p. ex., por 
si só não é causa de inimputabilidade. É preciso que, em decorrência dela, o 
sujeito não possua capacidade de entendimento ou de autodeterminação. 
O autor ainda explica que, “a expressão doença mental significa: psicoses, 
esquizofrenia, loucura, histeria, paranoia etc”; e com este entendimento ensina que o 
desenvolvimento mental retardado é o caso dos oligofrênicos (idiotas, imbecis e débeis 
mentais). 
Desta maneira, de acordo com Coelho71, é patente a discrepância das penas 
impostas pelo Código Penal, assim como o sistema de execução da Lei 7.210/1984 em 
se tratando de pedofilia. Para o autor a ressocialização não é o caminho, por isso, a 
progressão de regime e a liberdade condicional favoráveis aos pedófilos tem se 
mostrado como verdadeiras sentenças de morte para algumas crianças e adolescentes. 
 
 
_____________ 
69
 Ibidem COELHO,2010 
70
 JESUS, Damásio E. de; GOMES, Luiz Flávio (Coord.). Assédio sexual. São Paulo: Saraiva, 2002. 
P.183 
71
 COELHO,Carminatti 2010. 
 39 
1.10. A SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA – ASPECTOS RELEVANTES 
 
 
O autor acima pondera que casos de pedofilia que se tem tomado conhecimento 
pela mídia, envolvem funcionários públicos, profissionais liberais bem sucedidos, em 
suma, pessoas de notória higidez mental. Desta maneira, o autor esclarece que 
ressalvados os casos claros em que o agente criminoso apresenta debilidade mental, 
os pedófilos se encaixam no perfil das pessoas imputáveis, sujeitos, portanto, a pena e 
todas as garantias dela originárias. 
Para o autor, Fixado este ponto, cabe perquirir se o nosso sistema de penas, 
voltada para a ressocialização do criminoso é capaz de ressocializar um pedófilo. Para 
tanto, faz uma comparação entre os ilícitos. Exemplificando, os crimes de furto, roubo, 
ameaça, lesão corporal, homicídio, estelionato, peculato, dentre outros mais comuns, 
verdadeiramente refletem um desvio de caráter que pode ser corrigido pelo sistema de 
punição visando a ressocialização. E exemplifica: 
(...) Muitas vezes estes crimes notadamente os Contra o patrimônio - estão 
jungidos a uma péssima condição social, o que inclui pobreza e os males dela 
decorrentes: falta de saúde, alcoolismo, ociosidade, fome, violência, 
desesperança etc. Pessoas nestas condições não obterão melhora alguma em 
contato com o mundo carcerário, isso é indiscutível, daí a necessidade de 
despenalização, pois o problema é social. 
E que diferente

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