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Émile Durkheim/Principais Conceitos Sociólogo francês, natural de Épinal, herdeiro do positivismo. Partindo da afirmação de que "os fatos sociais devem ser tratados como coisas", forneceu uma definição do normal e do patológico aplicado a cada sociedade. O normal seria aquilo que é ao mesmo tempo obrigatório para o indivíduo e superior a ele, o que significa que a sociedade e a consciência coletiva são entidades morais, antes mesmo de terem uma existência tangível. Essa preponderância da sociedade sobre o indivíduo deve permitir a realização desse, desde que consiga integrar-se a essa estrutura. Para que reine certo consenso nessa sociedade, deve-se favorecer o aparecimento de uma solidariedade entre seus membros. Uma vez que a solidariedade varia segundo o grau de modernidade da sociedade, a norma moral tende a tornar-se norma jurídica, pois é preciso definir, numa sociedade moderna, regras de cooperação e troca de serviços entre os que participam do trabalho coletivo (preponderância progressiva da solidariedade orgânica). A sociologia se fortaleceu graças a Durkheim e seus seguidores. Suas obras principais são: Da Divisão Social do Trabalho (1893); Regras do Método Sociológico (1894); O Suicídio (1897); As Formas Elementares de Vida Religiosa(1912). Fundou também a revista L'Anné Sociologique, que afirmou a preeminência durkheiniana no mundo inteiro Método Sociológico "A primeira e mais básica regra é considerar os fatos sociais como coisas [...]" Depois de explicar o que é um fato social, Durkheim introduziu regras para seu estudo. A primeira e mais importante é tratar os fatos sociais como coisas. De fato, o estudo da realidade social como um objeto não tem a intenção de trazer uma pureza material, mas sim dar uma forma concreta para evitar um deslize em uma sociologia espontânea e subjetiva. Precisamos primeiro definir o objetivo social para dar legitimidade ao seu estudo, para distingui-lo da idéia. Para estabelecer a nova disciplina da sociologia, Durkheim manifesta a sua vontade de instalar uma metodologia específica para garantir sua especificidade científica. "De fato, uma forma de fazer ciência é a ousadia, mas com método" (a partir da divisão do trabalho social). Um ponto importante do estudo sociológico é a objetividade do sociólogo: A observação deve ser o mais impessoal possível, livrar-se de preconceitos para evitar a distorção perceptiva. É por isso que o método se baseia na comparação: O fato social será considerado em relação a outros fatos sociais. Assim, o estudo dos fatos sociais é feito objetivamente, e independentemente do estudo psicológico dos indivíduos(atores). Realismo Social de Durkheim Uma parte importante, e muitas vezes incompreendida, do método sociológico de Durkheim é o seu realismo social, ou a ideia de que a sociedade é uma entidade objetivamente real que existe independente dos indivíduos autônomos e específicos. Esta posição introduziu importantes elementos ontológicos e epistemológicos em sua teoria da sociedade. Ao declarar isso, podemos dizer que o realismo social de Durkheim tenta combinar diferentes escolas filosóficas, como o realismo com o nominalismo, o empirismo ou com o idealismo. Sociologia do Conhecimento Durkheim, Friedrich Nietzsche e Karl Marx podem ser considerados os primeiros filósofos a desconstruir o modelo do ego cartesiano que conceitua o indivíduo racional em estado puro e absolutamente autônomo, de forma desligada de influências externas que podem obscurecer a sua lógica e julgamento. Para ele, o ambiente social do indivíduo definitivamente influencia a sua percepção do mundo. Classificação do conhecimento e filosofia da ciência Durkheim disse, em essência, que a religião é a fonte de todo o conhecimento humano. Isso pode parecer estranho à ciência moderna, que acredita ser independente de qualquer influência religiosa. Mas é, de fato, através da religião que a lógica e os conceitos necessários para o pensamento científico tomaram forma e foram desenvolvidos. Com tal teoria do conhecimento, Durkheim se mostra como um relativista cultural. Ele argumenta que cada cultura tem uma rede de lógica e conceitos de auto-referencial que criam verdades que são legítimos, ainda que não baseadas na realidade do mundo físico. Em oposição a este tipo de verdade, Durkheim defende racionalismo científico e a ideia de que há uma verdade que não é dependente de contextos culturais e que expressa a realidade "em si”. Essa visão é principalmente desenvolvida em seu pragmatismo. Durkheim e a Escola Sociológica A) GENERALIDADES Sociologia – ciência análoga às da natureza cujos métodos, embora próprios, deveriam ser semelhantes ao das demais ciências empíricas. Obra principal: As Regras do Método Sociológico (1895) 1º) Devemos afastar sistematicamente todas as idéias pré-concebidas ao se estudar um fato social 2º) Nunca devemos limitar nosso universo de pesquisa a grupos de fenômenos previamente definidos e com características exteriores comuns 3º) Os fatos sociais devem ser explorados de acordo com os seus aspectos gerais e comuns, evitando suas manifestações individuais 4º) Para explicar um fenômeno social devemos separar dois estudos: o da sua causa e o da sua função 5º) A pesquisa da causa que determina o fato social deve ser feita entre os fatos sociais anteriores e nunca entre os estados de consciência individual 6º) Devemos buscar a origem primeira de todo processo social de alguma importância na constituição do meio social interno 7º) Um fato social complexo deve ser explicado seguindo o seu desenvolvimento integral através de todas as espécies sociais Segundo Durkheim o fato social é uma "coisa" objetiva, independente do investigador, dos seus desejos, idéias, valores, interesses, crenças ou concepção de mundo. Essa idéia é contrária ao Psicologismo de Tarde e contra o biologismo da Escola organicista. Os fenômenos sociais refletem a estrutura do grupo social que os produz (idéia da Sociologia Moderna) Características do fato social: constrangimentocoaçãogeneralidadeexterioridadeconsciência coletiva – diversa da individual e com modo próprio de atuar, pensar e sentir Como se reconhece um fato social? Pelo poder de coerção que exerce ou que pode exercer sobre os indivíduos, identificado pelas sansões ou resistências a alguma atitude individual contrária. O fato social existe independente dos indivíduos e tem objetividade e generalidade.O fato social é externo às consciências individuais.É social toda maneira de agir, freqüente ou não, fruto de uma coerção exterior.É social tudo o que é geral no espaço de uma sociedade, apresentando existência própria, independente das manifestações individuais.O fato social independe da nossa consciência e da nossa vontade individualmente mas é fruto do homem coletivo, ou seja, é produto de representações coletivas e de crenças, comuns a um determinado grupo em um determinado momento. Durkheim não aceita a idéia de Tarde que diz ser o social formado de processos psíquicos. Durkheim afirma que o social não pertence a nenhum indivíduo mas ao grupo que sofre pressões e sansões sendo obrigado a aceitá-lo.O Social é modelado pela Consciência Coletiva, que é uma realidade social resultante do contato social.Essa consciência difere da consciência individual, pertencendo a todos enquanto integrados e a nenhum em particular. B) DURKHEIM E A LEI DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL Segundo Durkheim o social é governado pela LEI DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL e a evolução social tenderá a extrema divisão do trabalho social. Resultados da divisão do trabalho social: 1) aumento da força produtiva2) aumento da habilidade do trabalho3) permite o rápido desenvolvimento intelectuale material das sociedades4) integra e estrutura a sociedade mantendo a coesão social e tornando seus membros interdependentes5) traz equilíbrio, harmonia e ordem devido a necessidade de união pela semelhança e pela diversidade6) provoca a solidariedade social SOLIDARIEDADE segundo Durkheim: A solidariedade contribui para a integração geral da sociedadeA solidariedade tem natureza moraEmbora algumas formas de solidariedade manifestarem-se apenas nos costumes, ela se materializa no Direito, podendo ser, então, mais facilmente estudada. O Direito e a Solidariedade Mecânica Estão definidos dois tipos de sanções nas regras jurídicas: punitivas – Direito Penalrestitutivas – Direito Civil, Mercantil, Processual, Administrativo e Constitucional Cada um desses códigos, ao definir um crime, estará definindo a solidariedade por ele rompida. O crime é, então, o rompimento de uma solidariedade social. Todo ato criminoso é criminoso porque fere a consciência comum, que determina as formas de solidariedade necessárias ao grupo social. Ou seja: na reprovamos uma coisa porque é crime, mas sim é crime porque a reprovamos. A solidariedade social representada pelo Direito Penal é a mais elementar, espontânea e forte, sendo chamada por Durkheim de Solidariedade Mecânica ou por semelhança. A Solidariedade Mecânica é constituída por um sistema de segmentos homogêneos e semelhantes entre si. Os membros da sociedade em que domina a Solidariedade Mecânica estão unidos por laços de parentesco. O meio natural e necessário a essa sociedade é o meio natal, onde o lugar de cada um é estabelecido pela consangüinidade e a estrutura dessa sociedade é simples. O indivíduo, nessa sociedade, é socializado porque, não tendo individualidade própria, se confunde com seus semelhantes no seio de um mesmo tipo coletivo. A Lei da Divisão do Trabalho Social e a Solidariedade Orgânica A Solidariedade Orgânica é fruto das diferenças sociais, já que são essas diferenças que unem os indivíduos pela necessidade de troca de serviços e pela sua interdependência. Os membros da sociedade onde predomina a Solidariedade Orgânica estão unidos em virtude da divisão do trabalho social. O meio natural e necessário a essa sociedade é o meio profissional, onde o lugar de cada um é estabelecido pela função que desempenha e a estrutura dessa sociedade é complexa. O indivíduo, nessa sociedade é socializado porque, embora tenha sua individualidade profissional, depende dos demais e por conseguinte, da sociedade resultante dessa união. A sociedade que resulta da divisão do trabalho social predomina, embora a de direito seja mantida. C) DURKHEIM E A CONSCIÊNCIA COLETIVA Embora Durkheim já tivesse tocado nesse assunto em duas de suas obras (A divisão do trabalho social -1893 e Regras do Método Sociológico - 1894), foi num trabalho publicado na Revista de Metafísica e de Moral de 1898 que ele se deteve diretamente nesse estudo. Sem confundir a Sociologia com a Psicologia ele investiga as analogias entre as leis sociológicas e as leis psicológicas. Vida coletiva tal qual a vida mental é feita de representações. Essas representações individuais podem ser comparadas com as representações sociais. As representações sociais independem do indivíduo e fazem parte da consciência coletiva. Essa consciência transcende a consciência individual, pela sua superioridade e pela pressão que exerce sobre ela. A consciência coletiva não é uma entidade metafísica fruto de fenômenos sobrenaturais, mas decorre do concurso de vários indivíduos que contribuem, cada um, com uma pequena parcela para o todo. Segundo Durkheim "...em cada uma de nossas consciências há duas consciências: uma, que é conhecida por todo o nosso grupo e que, por isso, não se confunde com a nossa, mas sim com a sociedade que vive e atua em nós; a outra, que reflete somente o que temos de pessoal e de distinto, e que faz de nós um indivíduo. Há aqui duas forças contrárias, uma centrípeta e outra centrífuga, que não podem crescer ao mesmo tempo". Por causa disso que na sociedade o todo não é idêntico à soma de suas partes, mas sim distinto dessas. O grupo pensa, sente e age de modo muito distinto do que fariam seus membros isolados.
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