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Princípios do Processo Penal e Efeitos da Sentença Penal

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Aula 03 - Prof. Renan Araújo
Responsab. de P.J. pela prática de Atos Ilícitos p/ AFC/CGU - Prevenção da Corrupção
e Ouvidoria
Professores: Aline Santiago, Claudenir Brito, Equipe Gabriel Borges, Gabriel Borges, Renan
Araujo, Ricardo Schettini
Direito Penal ʹ CGU (2015) 
Analista de Finanças e Controle - Correição 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 
 
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AULA 03: PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO DIREITO 
PROCESSUAL PENAL. EFEITOS DA SENTENÇA 
PENAL NA ESFERA ADMINISTRATIVA. 
POSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DA PROVA 
PRODUZIDA NO PROCESSO PENAL EM 
ÂMBITO ADMINISTRATIVO. 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
 Apresentação e Cronograma 01 
I - Introdução 05 
II - Ne procedat iudex ex officio 06 
III - Devido Processo Legal 08 
IV - Da Presunção de Inocência 13 
V - Vedação às provas ilícitas 17 
VI - Obrigatoriedade de motivação das decisões 19 
VII ± Publicidade 21 
VIII - Isonomia Processual ou par conditio 23 
IX - Duplo Grau de Jurisdição 24 
X - Do Juiz Natural e do Promotor Natural 25 
XI ± Outras disposições constitucionais relevantes 23 
XII ± Repercussão da sentença criminal na esfera 
administrativa. Prova emprestada criminal no 
processo administrativo. 
30 
Lista das questões 38 
Questões comentadas 51 
Gabarito 78 
 
Olá, meus amigos! 
 
Na aula de hoje vamos estudar um tema importante, que são os 
princípios do processo penal. Veremos, ainda, os efeitos da 
sentença penal na esfera administrativa e a possibilidade de 
utilização da chamada ³prova emprestada´. 
Bons estudos! 
Prof. Renan Araujo 
 
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Direito Penal ʹ CGU (2015) 
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Teoria e exercícios comentados 
Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 
 
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I ± INTRODUÇÃO 
 
O estudo de qualquer ramo do Direito, atualmente, se inicia 
necessariamente com o estudo das disposições constitucionais a ele 
referentes. Não é possível estudar Direito do Trabalho sem estudar os 
arts. 6° e 7°, por exemplo, ou estudar Direito Civil sem antes analisar o 
art. 5°, XXII. 
Esse movimento contemporâneo chamado Constitucionalização do 
Direito nos leva a isso. Todo o ordenamento jurídico está impregnado 
pela Constituição. 
Alguns de vocês talvez ainda não saibam, mas a Constituição é uma 
lei (assim como as demais), porém, uma lei de hierarquia superior a 
WRGDV� DV� RXWUDV�� $� &RQVWLWXLomR� )HGHUDO� QmR� p� XPD� PHUD� ³&DUWD� GH�
UHFRPHQGDo}HV´�� PDV� XPD� OHL�� HP� VHX� VHQWLGR� PDLV� HVWULWR�� TXH� SUHYr�
regras e princípios dotados de alto valor normativo (Eles estabelecem 
deveres de conduta, não apenas recomendações). 
Assim, no que se refere ao Direito Processual Penal não é diferente. 
Existem inúmeros dispositivos da Constituição Federal que se destinam à 
aplicação nesse ramo do Direito que vamos estudar. 
Mas porque isso, professor? Isso acontece porque o Poder 
Constituinte Originário (Aquele que elabora a Constituição) entende que 
algumas questões são de extrema relevância, e devem ser tratadas na Lei 
Máxima (Que é a Constituição), não deixando esse regramento ao 
legislador ordinário (Poder Legislativo). Desta maneira, ao elevar certas 
regras e princípios à Constituição, o Poder Constituinte deu a eles uma 
hierarquia mais elevada, de forma a garantir que o legislador 
infraconstitucional não venha a suprimi-los. 
Feita esta breve introdução, vamos passar à análise específica das 
disposições constitucionais aplicáveis ao Processo Penal. 
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II ± 35,1&Ë3,2�'2�³1(�352CEDAT IUDEX EX OFFIC,2´�28�'$�
INICIATIVA DAS PARTES OU DA INÉRCIA 
 
Alguns doutrinadores não consideram este um princípio do processo 
penal com base constitucional. Entretanto, é melhor pecarmos pelo 
excesso e estudarmos este também, pois há fatores que podem ser 
considerados para caracterizá-lo como um princípio de base 
constitucional. 
Este princípio diz que o Juiz não pode dar início ao processo penal, 
pois isto implicaria em violação da sua imparcialidade, já que, ao dar 
início ao processo, o Juiz já dá sinais de que irá condenar o réu. 
Antigamente, antes do advento da Constituição, havia o chamado 
procedimento judicialiforme, no qual o Juiz iniciava, de ofício (sem 
provocação), o processo penal das contravenções penais. 
Com o advento da nova Constituição esse procedimento não foi 
recepcionado (não tem mais vigência, pois contraria a nova Constituição). 
Um dos dispositivos constitucionais que dá base a esse entendimento é o 
art. 129, I da Constituição Federal: 
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
 
Percebam que a Constituição estabelece como sendo privativa do MP 
a promoção da ação penal pública. Assim, diz-se que R�03�p�R�³WLWXODU�
GD�DomR�SHQDO�S~EOLFD´� 
Mas e a ação penal privada, professor? Mais à frente vocês verão 
que a ação penal privada é de titularidade do ofendido. Assim, o Juiz já 
não poderia a ela dar início por sua própria natureza, já que a lei 
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considera que, nesses casos, o interesse do ofendido em processar ou não 
o infrator se sobrepõe ao interesse do Estado na persecução penal. 
Este princípio é o alicerce máximo daquilo que se chama de sistema 
acusatório, que é o sistema adotado pelo nosso processo penal. No 
sistema acusatório existe uma figura que acusa e outra figura que julga, 
diferentemente do sistema inquisitivo, no qual acusador e julgador se 
confundem na mesma pessoa, o que gera parcialidade do julgador, 
ofendendo inúmeros outros princípios. 
Entretanto, este princípio não impede que o Juiz determine a 
realização de diligências que entender necessárias para elucidar 
questão relevante para o deslinde do processo. Isso porque no 
Processo Penal, diferentemente do que ocorre no Processo Civil, vigora o 
princípio da verdade real ou material, não da verdade formal. Assim, 
no processo penal não há presunção de veracidade das alegações da 
acusação em caso de ausência de manifestação em contrário pelo réu, 
pois o interesse público pela busca da efetiva verdade impede isto. 
 
III ± PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL (DUE PROCESS OF 
LAW) 
 
 
Esse princípio é o que se pode chamar de base principal do Direito 
Processual brasileiro, pois todos os outros, de uma forma ou de outra, 
encontram nele seu fundamento. Este princípio está previsto no art. 5°, 
LIV da CRFB/88, nos seguintes termos: 
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido 
processo legal; 
 
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Assim, a Constituição estabelece que ninguém poderá sofrer privação 
de sua liberdade ou de seus bens sem que haja um processo prévio, em 
que lhe seja assegurada toda a sorte de instrumentos de defesa. 
Desta maneira,especificamente no processo penal, esse princípio 
norteia algumas regras, como o Direito que o acusado possui de ser 
ouvido pessoalmente (Sim, o interrogatório é um direito do réu), a fim de 
expor sua versão dos fatos, bem como o direito que o acusado possui de 
arrolar testemunhas, contradizer todas as provas e argumentos da 
acusação etc. Todos eles tiram seu fundamento do Princípio do Devido 
Processo Legal. 
A obediência ao rito previsto na Lei Processual (seja o rito ordinário 
ou outro), bem como às demais regras estabelecidas para o processo é 
que se chama de Devido Processo Legal em sentido formal. 
Entretanto, existe outra vertente deste princípio, denominada Devido 
Processo Legal em sentido material. Nessa última acepção, entende-se 
que o Devido Processo Legal só é efetivamente respeitado quando o 
Estado age de maneira razoável, proporcional e adequada na 
tutela dos interesses da sociedade e do acusado. 
Nesse sentido, o devido processo legal não estará sendo respeitado 
se o acusado ficar preso provisoriamente por 10 anos, aguardando 
julgamento. Sim, pois a prisão provisória possui natureza cautelar, não é 
cumprimento de pena. Desta maneira, o acusado não está ali pagando 
pelo que fez, pois ainda não foi julgado. Embora a lei não diga que há um 
prazo para o julgamento, essa demora do Judiciário aliada à prisão 
provisória do acusado, por tanto tempo, acaba por violar o devido 
processo legal, pois não é razoável manter preso por 10 anos alguém que 
sequer foi condenado. 
O princípio do Devido Processo Legal tem como corolários os 
postulados da Ampla Defesa e do Contraditório, ambos também previstos 
na Constituição Federal, em seu art. 5°, LV: 
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LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em 
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e 
recursos a ela inerentes; 
 
Nesse diapasão, vamos analisar os Princípios do Contraditório e da 
Ampla Defesa em um tópico próprio. Veremos, posteriormente, o 
regramento constitucional da prisão. 
 
a) Dos postulados do contraditório e da ampla defesa 
 
O princípio do Contraditório estabelece que os litigantes em geral e, 
no nosso caso, os acusados, tem assegurado o direito de contradizer os 
argumentos trazidos pela parte contrária e as provas por ela produzidas. 
Isso, como disse, é uma decorrência lógica do devido processo legal, pois 
não se pode admitir que um processo no qual o acusado não pode se 
manifestar seja válido. 
Entretanto, este princípio sofre limitações, notadamente quando a 
decisão a ser tomada pelo Juiz não possa esperar a manifestação 
do acusado ou a ciência do acusado pode implicar a frustração da 
decisão. 
EXEMPLO: Imagine que o MP ajuíza ação penal em face de José, 
requerendo seja decretada sua prisão preventiva, com base na ocorrência 
de uma das circunstâncias previstas no art. 312 do CPP. O Juiz, ao 
receber a denúncia, verificando estarem presentes os requisitos que 
autorizam a decretação da prisão preventiva, a decretará sem ouvir o 
acusado, pois aguardar a manifestação deste acerca da prisão preventiva 
pode acarretar na frustração desta (fuga do acusado). 
 
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CUIDADO! No inquérito policial não há 
contraditório, pois ainda não se pode falar em 
³DFXVDGR´�� PDV� DSHQDV� HP� ³LQYHVWLJDGR´� RX�
³LQGLFLDGR´�� O Inquérito Policial não visa à 
condenação do infrator, mas apenas à colheita 
de informações acerca da autoria e da 
materialidade do delito para subsidiar 
eventual ação penal pelo MP. Assim, como 
no IP ninguém está sendo acusado, não há 
contraditório. Exceção feita ao Inquérito para 
expulsão de estrangeiro, pois neste há acusado 
e culmina numa punição, nos termos do art. 
70, da lei 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro). 
 
Já o postulado da ampla defesa prevê que não basta dar ao acusado 
ciência das manifestações da acusação e facultar-lhe se manifestar, se 
não lhe forem dados instrumentos para isso. Ampla Defesa e 
Contraditório caminham juntas (até por isso estão no mesmo inciso da 
Constituição), e retiram seu fundamento no Devido Processo Legal. 
Entre os instrumentos para o exercício da defesa estão a previsão 
legal de recursos em face das decisões judiciais, direito à produção de 
provas, bem como a obrigação de que o Estado forneça assistência 
jurídica integral e gratuita, primordialmente através da Defensoria 
Pública. Vejamos: 
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que 
comprovarem insuficiência de recursos; 
 
Portanto, ao acusado que não possuir meios de pagar um advogado, 
deve ser garantida a defesa por um Defensor Público, ou, em não 
havendo sede da Defensoria Pública na comarca, ser nomeado um 
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defensor dativo (advogado particular pago pelos cofres públicos), a fim de 
que lhe seja prestada defesa técnica. 
Além da defesa técnica, realizada por profissional habilitado 
(advogado particular ou Defensor Público), há também a autodefesa, 
que é realizada pelo próprio réu, especialmente quando do seu 
interrogatório, oportunidade na qual pode, ele mesmo, defender-se 
pessoalmente, sem a intermediação de procurador. Assim, se o Juiz 
recusar-se a interrogar o réu, por exemplo, estará violando o princípio da 
ampla defesa, por estar impedindo o réu de exercer sua autodefesa. 
Ao contrário da defesa técnica, que não pode faltar no processo 
criminal, sob pena de nulidade absoluta, o réu pode recusar-se a 
exercer a autodefesa, ficando em silêncio, por exemplo, pois o direito 
ao silêncio é um direito expressamente previsto ao réu. 
Este princípio não impede, porém, que o acusado sofra as 
consequências de sua inércia em relação aos atos processuais (não-
interposição de recursos, ausência injustificada de audiências, etc.). 
Entretanto, o princípio da ampla defesa se manifesta mais explicitamente 
quando o réu, embora citado, deixe de apresentar Resposta à Acusação. 
Nesse caso, dada a importância da peça de defesa, deverá o Juiz 
encaminhar os autos à Defensoria Pública, para que atue na qualidade de 
curador do acusado, ou, em não havendo Defensoria no local, nomear 
defensor dativo para que patrocine a defesa do acusado. 
 
b) Direitos constitucionais do preso 
 
A CRFB/88 estabelece alguns regramentos em relação à prisão, 
desde sua inadmissibilidade em alguns casos, até os direitos do preso. 
Vejamos: 
Art. 5º (...) 
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LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, 
salvo nas hipóteses previstas em lei; (Regulamento). 
(...) 
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e 
fundamentada de autoridadejudiciária competente, salvo nos casos de 
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; 
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão 
comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à 
pessoa por ele indicada; 
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de 
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de 
advogado; 
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou 
por seu interrogatório policial; 
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; 
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a 
liberdade provisória, com ou sem fiança; 
 
Assim, podemos dizer que a prisão é: 
x VEDADA ± Quando for admitida a liberdade provisória, com ou 
sem fiança. Ou seja, caso não estejam presentes os requisitos 
para a decretação da prisão preventiva, deverá ser concedida 
liberdade provisória. 
x ADMITIDA ± Por ordem escrita e fundamentada da autoridade 
judiciária competente ou em flagrante delito, bem como em 
caso de transgressão militar ou crime propriamente militar. 
 
Com relação aos direitos do preso, podemos assim enumerá-los: 
x Ter a prisão relaxada, quando ilegal. 
x Caso possua identificação civil, não ser criminalmente 
identificado (salvo nas hipóteses legais). 
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x Comunicação de sua prisão e do local onde se encontra ao 
Juiz e à sua família (ou à pessoa que indicar). 
x Ser informado de seus direitos, entre os quais o de 
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da 
família e de advogado. 
x Identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu 
interrogatório policial. 
 
IV ± PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU DA NÃO 
CULPABILIDADE 
 
A Presunção de inocência é o maior pilar de um Estado Democrático 
de Direito, pois, segundo este princípio, nenhuma pessoa pode ser 
considerada culpada (e sofrer as consequências disto) antes do trânsito 
em julgado se sentença penal condenatória. Nos termos do art. 5°, LVII 
da CRFB/88: 
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de 
sentença penal condenatória; 
 
O que é trânsito em julgado de sentença penal condenatória? 
É a situação na qual a sentença proferida no processo criminal, 
condenando o réu, não pode mais ser modificada através de recurso. 
Assim, enquanto não houver uma sentença criminal condenatória 
irrecorrível, o acusado não pode ser considerado culpado e, portanto, 
não pode sofrer as consequências da condenação. 
Desse princípio decorre que o ônus (obrigação) da prova cabe ao 
acusador (MP ou ofendido, conforme o caso). O réu é, desde o começo, 
inocente, até que o acusador prove sua culpa. 
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Em razão dele existe, ainda, o princípio do in dubio pro reo ou 
favor rei, segundo o qual, durante o processo (inclusive na sentença), 
havendo dúvidas acerca da culpa ou não do acusado, deverá o Juiz decidir 
em favor deste, pois sua culpa não foi cabalmente comprovada. 
Resumindo, para vocês gravarem: O Processo Penal é um jogo no 
qual o acusado e o acusador tentam marcar pontos a seu favor, a fim de 
comprovarem suas teses. Só que o empate dá o título ao acusado! - 
CUIDADO: Existem hipóteses em que o Juiz não decidirá de 
acordo com princípio do in dubio pro reo, mas pelo princípio do in 
dubio pro societate. Por exemplo, nas decisões de recebimento de 
denúncia ou queixa e na decisão de pronúncia, no processo de 
competência do Júri, o Juiz decide contrariamente ao réu (recebe a 
denúncia ou queixa no primeiro caso, e pronuncia o réu no segundo) com 
base apenas em indícios de autoria e prova da materialidade. Ou seja, 
nesses casos, mesmo o Juiz tendo dúvidas quanto à culpabilidade do réu, 
deverá decidir contrariamente a ele, e em favor da sociedade, pois destas 
decisões não há consequências para o réu, permitindo-se, apenas, que 
seja iniciado o processo ou a fase processual, na qual serão produzidas as 
provas necessárias à elucidação dos fatos. 
Desta maneira, sendo este um princípio de ordem Constitucional, 
deve a legislação infraconstitucional (especialmente o CPP) respeitá-lo, 
sob pena de violação à Constituição. Portanto, uma lei que dissesse, por 
exemplo, que o cumprimento de pena se daria a partir da sentença em 
primeira instância seria inconstitucional, pois a Constituição afirma que o 
acusado ainda não é considerado culpado nessa hipótese. 
 
 
CUIDADO, GALERA! A existência de 
prisões provisórias (prisões decretadas 
no curso do processo) não ofende a 
presunção de inocência, pois nesse caso 
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não se trata de uma prisão como 
cumprimento de pena, mas sim de uma 
prisão cautelar, ou seja, para garantir que o 
processo penal seja devidamente instruído ou 
eventual sentença condenatória seja 
cumprida. Por exemplo: Se o réu está dando 
sinais de que vai fugir (tirou passaporte 
recentemente), e o Juiz decreta sua prisão 
preventiva, o faz não por considerá-lo 
culpado, mas para garantir que, caso seja 
condenado, cumpra a pena. Vocês verão mais 
sobre isso na aula sobre Prisão e Liberdade 
Provisória! - 
 
Vou transcrever para vocês agora alguns pontos que são polêmicos e 
a respectiva posição dos Tribunais Superiores: 
 
x Processos criminais em curso e inquéritos policiais em 
face do acusado podem ser considerados maus 
antecedentes? Segundo o STJ não, pois em nenhum deles o 
acusado foi condenado de maneira irrecorrível, logo, não pode 
ser considerado culpado nem sofrer qualquer consequência em 
relação a eles; 
x Regressão de regime de cumprimento da pena ± O STJ e 
o STF entendem que NÃO HÁ NECESSIDADE DE 
CONDENAÇÃO PENAL TRANSITADA EM JULGADO para que 
o preso sofra a regressão do regime de cumprimento de pena 
mais brando para o mais severo (do semiaberto para o 
fechado, por exemplo). Nesses casos, basta que o preso tenha 
cometido crime doloso, ou falta grave, para que haja a 
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regressão, nos termos do art. 118, I da Lei 7.210/84 (Lei de 
Execuções Penais), não havendo necessidade, sequer, de que 
tenha havido condenação criminal ou administrativa. A 
Jurisprudência entende que esse artigo da LEP não ofende a 
Constituição; 
x Revogação do benefício da suspensão condicional do 
processo em razão do cometimento de crime ± Prevê a Lei 
9.099/95 que em determinados crimes, de menor potencial 
ofensivo, pode ser o processo criminal suspenso por 
determinado, devendo o réu cumprir algumas obrigações 
durante este prazo (dentre elas, não cometer novo crime), 
findo o qual estará extinta sua punibilidade. Nesse caso, o STF 
e o STJ entendemque, descoberta a prática de crime pelo 
acusado beneficiado com a suspensão do processo, este 
benefício deve ser revogado, por ter sido descumprida uma das 
condições, não havendo necessidade de trânsito em julgado da 
sentença condenatória do crime novo. 
Vamos resumir estas posições jurisprudenciais neste quadro: 
 
TEMA POSIÇÃO DOS TRIBUNAIS 
Processos criminais em curso e 
inquéritos policiais em face do 
acusado podem ser 
considerados maus 
antecedentes? 
Segundo o STJ não, pois em 
nenhum deles o acusado foi 
condenado de maneira irrecorrível, 
logo, não pode ser considerado 
culpado nem sofrer qualquer 
consequência em relação a eles; 
Regressão de regime de O STJ e o STF entendem que NÃO 
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cumprimento da pena pode ser 
realizada antes do trânsito em 
julgado? 
HÁ NECESSIDADE DE 
CONDENAÇÃO PENAL 
TRANSITADA EM JULGADO para 
que o preso sofra a regressão do 
regime de cumprimento de pena 
mais brando para o mais severo 
(do semiaberto para o fechado, por 
exemplo). 
Revogação do benefício da 
suspensão condicional do 
processo em razão do 
cometimento de crime deve ser 
realizada após o trânsito em 
julgado? 
O STF e o STJ entendem que, 
descoberta a prática de crime pelo 
acusado beneficiado com a 
suspensão do processo, este 
benefício deve ser revogado, por 
ter sido descumprida uma das 
condições, não havendo 
necessidade de trânsito em 
julgado da sentença 
condenatória do crime novo. 
 
 
V ± PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DAS PROVAS OBTIDAS POR MEIOS 
ILÍCITOS 
 
No nosso sistema processual penal vige o princípio do livre 
convencimento motivado do Juiz, ou seja, o Juiz não está obrigado a 
decidir conforme determinada prova (confissão, por exemplo), podendo 
decidir da forma que entender, desde que fundamente sua decisão em 
alguma das provas produzidas nos autos do processo. 
Antigamente vigorava o sistema da prova tarifada, na qual as provas 
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SURYDV´��RX�VHMD��FRQIHVVDQGR�R�UpX��R�-XL]�GHYHULD�FRQGHQi-lo. Hoje não 
é assim. 
Para isso, às partes é conferido o direito de produzir as provas que 
entendam necessárias para convencer o Juiz a acatar sua tese. 
Entretanto, esse direito probatório não é ilimitado, encontrando limites 
nos direitos fundamentais previstos na Constituição. Essa limitação 
encontra-se no art. 5°, LVI da Constituição. Vejamos: 
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; 
 
Vejam que a Constituição é clara ao dizer que não se admitem no 
processo as provas que tenham sido obtidas por meios ilícitos. Mas o que 
seriam meios ilícitos? Seriam todos aqueles meios em que para a 
obtenção da prova tenha que ser violado um direito fundamental de 
alguém. POR EXEMPLO: 
Imagine que Joana, que processa José por calúnia, invada sua 
residência para obter documentos que comprovam a culpa de José no 
crime. Ora, embora os documentos comprovem a culpa de José, pelo 
modo como foram obtidos, não poderão ser utilizados no processo, pois 
decorrem de violação ao direito fundamental à inviolabilidade da 
residência, previsto no art. 5°, XI da Constituição: 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar 
sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou 
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação 
judicial; 
 
 
ATENÇÃO, MEU POVO! A Jurisprudência 
e Doutrina dominantes admitem a 
utilização de provas ilícitas quando 
esta for a única forma de se obter a 
absolvição do réu. Por exemplo: 
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Imaginem que no exemplo dado lá atrás, 
José que invadisse a casa de Joana, atrás 
do único documento que pode provar sua 
inocência. Nesse caso, os Tribunais 
admitem a utilização da prova obtida por 
meio ilícito, pelo princípio da 
proporcionalidade, pois, embora tenha sido 
violado o direito fundamental à 
inviolabilidade do domicílio de Joana, 
estava em jogo, também, o direito 
fundamental à liberdade de José. 
 
VI ± PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA MOTIVAÇÃO DAS 
DECISÕES JUDICIAIS 
 
Este princípio está previsto no art. 93, IX da Constituição: 
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá 
sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: 
(...) 
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e 
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar 
a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, 
ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à 
intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à 
informação; 
 
Como vocês podem ver, é a própria Constituição quem determina 
que os atos decisórios proferidos pelo Juiz sejam fundamentados. Desta 
maneira, pode-se elevar esse princípio (motivação das decisões judiciais) 
à categoria de princípio constitucional, por ter merecido a atenção da Lei 
Máxima. 
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Portanto, quando o Juiz indefere uma prova requerida, ou prolata a 
sentença, deve fundamentar seu ato, dizendo em que fundamento se 
baseia para indeferir a prova ou para tomar a decisão que tomou na 
sentença (condenando ou absolvendo). 
Esse princípio decorre da lógica do sistema jurídico pátrio, em que a 
transparência deve vigorar. Assim, a parte (seja o acusado ou o 
acusador) saberá exatamente o que se baseou o Juiz para proferir aquela 
decisão e, assim, poder examinar se o Magistrado agiu dentro da 
legalidade. 
Aliás, esse princípio guarda estrita relação com o princípio da 
Ampla Defesa, eis que a ausência de fundamentação ou a 
fundamentação deficiente de uma decisão dificulta e por vezes impede a 
sua impugnação, já que a parte prejudicada não tem elementos para 
combatê-lo, já que não sabe seus fundamentos. 
Alguns pontos controvertidos merecem destaque: 
x A decisão de recebimento da denúncia ou queixa, apesar 
de possuir forte carga decisória, não precisa ser 
fundamentada, nos termos do CPP (STF entende que isso não 
fere a Constituição); 
x A fundamentação referida é constitucional ± 
Fundamentação referida é aquela na qual um órgão do 
Judiciário se remete às razões expostas por outro órgão do 
Judiciário (Ex.: O Tribunal, ao julgar a apelação, mantendo a 
sentença, pode fundamentar sua decisão referindo-se aos 
argumentos expostos na sentença de primeira instância, sem 
necessidade de reproduzi-los no corpo do Acórdão). O STF 
entende que essa prática não viola o art. 93, IX da CRFB/88. 
Além disso, o STF já decidiu quenão viola a Constituição 
sentença na qual o magistrado, no relatório, apenas se remete 
ao relatório feito pelo MP em suas alegações finais; 
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x As decisões proferidas pelo Tribunal do Júri não são 
fundamentadas, pois os julgadores (jurados) não tem 
conhecimento técnico, proferindo seu voto conforme sua 
percepção de Justiça indicar. 
 
VII ± PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE 
 
 
Este princípio estabelece que os atos processuais e as decisões 
judiciais serão públicas, ou seja, de acesso livre a qualquer do povo. Essa 
é a regra prevista no art. 93, IX da CRFB/88: 
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá 
sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: 
(...) 
IX- todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e 
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei 
limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus 
advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito 
à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à 
informação; 
 
Percebam que a Constituição determina que os julgamentos dos 
órgãos do Poder Judiciário serão públicos, mas entende-VH�³MXOJDPHQWRV´�
como qualquer ato processual. 
Entretanto, essa publicidade NÃO É ABSOLUTA, podendo sofrer 
restrição, quando a intimidade das partes ou interesse público exigir. A 
isso se chama de publicidade restrita. 
De fato, em alguns casos, a intimidade do ofendido deve ser 
preservada. Imaginem uma ação penal pelo crime de estupro. É natural 
que a vítima peça que o processo corra em segredo de Justiça, para evitar 
a exposição do fato, que, por si só, já lhe traz transtornos suficientes. 
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Ainda, pode ser decretada a tramitação em segredo de Justiça quando 
houver interesse público que o justifique. 
Essa possibilidade de restrição está prevista, ainda, no art. 5°, LX da 
CRFB/88: 
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a 
defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; 
 
Ressalto a vocês que essa publicidade pode ser restringida apenas às 
partes e seus procuradores, ou somente a estes. O que isso significa? 
Que alguns atos podem não ser públicos nem mesmo para a outra parte! 
Sim! Imaginem que, numa audiência, a ofendida pelo crime de estupro 
não queira dar seu depoimento na presença do acusado. Nada mais 
natural. Assim, o Juiz poderá mandar que este se retire da sala, 
permanecendo, porém, o seu advogado. Aos procuradores das partes 
(advogado, membro do MP, etc.) nunca se pode negar publicidade 
dos atos processuais! Gravem isso! 
Essa impossibilidade de restrição da publicidade aos procuradores 
das partes é decorrência natural do princípio do contraditório e da ampla 
defesa, pois são os procuradores quem exercem a defesa técnica, não 
podendo ser privados do acesso a nenhum ato do processo, sob pena de 
nulidade. 
Por fim, vale registrar que no Tribunal do Júri (que tem regras muito 
específicas) o voto dos jurados é sigiloso, por expressa previsão 
constitucional, caracterizando-se em mais uma exceção ao princípio. Nos 
termos do art. 5° , XVIII da Constituição: 
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a 
lei, assegurados: 
a) a plenitude de defesa; 
b) o sigilo das votações; 
c) a soberania dos veredictos; 
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d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; 
 
Assim, nesse caso, não há publicidade do voto proferido pelo jurado, 
mas a sessão secreta onde ocorre o julgamento pelos jurados (depósito 
dos votos na urna) é acessível aos procuradores. 
 
VIII ± PRINCÍPIO DA ISONOMIA PROCESSUAL ou PAR CONDITIO 
 
O princípio da isonomia processual decorre do princípio da isonomia, 
genericamente considerado, segundo o qual as pessoas são iguais 
perante a lei, sendo vedadas práticas discriminatórias. Está previsto no 
art. 5° da Constituição: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
 
No campo processual este princípio também irradia seus efeitos, 
devendo a lei processual tratar ambas as partes de maneira igualitária, 
conferindo-lhes os mesmos direitos e deveres. Por exemplo: Os prazos 
recursais devem ser os mesmos para acusação e defesa, o tempo para 
sustentação oral nas sessões de julgamento também devem ser idênticos, 
etc. 
Entretanto, é possível que a lei estabeleça algumas situações 
aparentemente anti-isonômicas, a fim de equilibrar as forças dentro do 
processo. 
Explico: Quando a lei estabelece que a Defensoria Pública possui prazo 
em dobro para recorrer, não está ferindo o princípio da isonomia, mas 
está apenas corrigindo uma situação de desequilíbrio. Isso porque a 
Defensoria Pública é uma Instituição absolutamente assoberbada, que 
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não pode escolher se vai ou não patrocinar uma demanda. Caso o 
assistido se enquadre como hipossuficiente, a Defensoria Pública deve 
atuar. Um escritório de advocacia pode, por exemplo, se recusar a 
patrocinar uma defesa alegando estar muito atarefado. 
 
CUIDADO! Como o MP possui prazo em dobro para recorrer no processo 
civil, muito se discutiu a respeito da aplicação de tal prerrogativa no 
processo penal, até mesmo em razão do fato de a DP possuir prazo em 
dobro. Contudo, o STJ firmou entendimento no sentido de que tal 
prerrogativa não se aplica ao MP no processo penal: 
2. O prazo em dobro para recorrer previsto no art. 188 do Código de 
Processo Civil, quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério 
Público, não se aplica ao feitos de natureza penal, como o presente, 
onde a prerrogativa é assegurada exclusivamente à Defensoria 
Pública. 
3. Embargos de declaração rejeitados. 
(EDcl no AgRg no RMS 36.050/PI, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA 
TURMA, julgado em 22/10/2013, DJe 05/11/2013) 
 
IX ± PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO 
 
Este princípio estabelece que as decisões judiciais devem estar 
sujeitas à revisão por outro órgão do Judiciário. Embora não esteja 
expresso na Constituição, grande parte dos doutrinadores o aceita 
como um princípio de índole constitucional, fundamentando sua tese nas 
regras de competência dos Tribunais estabelecidas na Constituição, o que 
deixaria implícito que toda decisão judicial deva estar sujeita a recurso, 
via de regra. 
Entretanto, mesmo aqueles que consideram ser este um princípio de 
índole constitucional entendem que háexceções, que são os casos de 
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competência originária do STF, ações nas quais não cabe recurso da 
decisão de mérito (óbvio, pois o STF é a Corte Suprema do Brasil). Assim, 
essa exceção não anularia o fato de que se trata de um princípio 
constitucional, apenas não lhe permite ser absoluto. 
O princípio da ampla defesa também é bastante citado como o 
fundamento da tese de que se trata de um princípio constitucional, pois a 
possibilidade de revisão da decisão judicial é circunstância necessária 
para que se garanta o respeito à ampla defesa, que restaria violada caso 
não se pudesse impugnar determinada decisão judicial. 
Este princípio norteia a legislação processual penal 
infraconstitucional, como por exemplo, pela inexigibilidade de preparo 
no recurso (preparo é o valor cobrado da parte para que interponha um 
recurso), bem como pela recente inovação legislativa que aboliu a 
previsão do art. 595 do CPP, que determinava que o réu devesse se 
recolher à prisão para apelar. Assim, entendeu-se, acertadamente, que o 
direito ao duplo grau de jurisdição e à ampla defesa não podem estar 
condicionados à prisão do réu. 
 
X ± PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL E DO PROMOTOR NATURAL 
 
A Constituição estabelece em seu art. 5°, LIII que: 
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade 
competente; 
 
Assim, desse dispositivo constitucional podemos extrair os Princípios 
do Juiz Natural e do Promotor Natural. 
O princípio do Juiz Natural estabelece que toda pessoa tem direito de 
ser julgada por um órgão do Poder Judiciário brasileiro, devidamente 
investido na função jurisdicional, cuja competência fora previamente 
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definida. Assim, está vedada a formação de Tribunal ou Juízo de exceção, 
que são aqueles criados especificamente para o julgamento de um 
determinado caso. Isso não é tolerado no Brasil! 
Porém, vocês não devem confundir Juízo ou Tribunal de 
exceção com varas especializadas. As varas especializadas são 
criadas para otimizar o trabalho do Judiciário, e sua competência 
é definida abstratamente, e não em razão de um fato isolado. O 
que este princípio impede é a PDQLSXODomR�GDV�³UHJUDV�GR�MRJR´�SDUD�VH�
³HVFROKHU´�R�-XL]�TXH�LUi�MXOJDU�D�FDXVD� 
Assim, proposta a ação penal, ela será distribuída para um dos Juízes 
com competência para julgá-la. Por exemplo: Se na comarca existem 
cinco varas criminais, a ação será distribuída por sorteio a uma dessas 
varas, não podendo o Promotor escolher o Juiz de sua preferência. 
Já o princípio do Promotor Natural estabelece que toda pessoa tem 
direito de ser acusada pela autoridade competente. Assim, é vedada a 
designação pelo Procurador-Geral de Justiça de um Promotor para atuar 
especificamente num determinado caso. Isso seria simplesmente um 
acusador de exceção, alguém que não estava previamente definido como 
o Promotor (ou um dos Promotores) que poderia receber o caso, mas 
alguém que foi definido como o acusador de um réu após a prática do 
fato, cuja finalidade é fazer com que o acusado seja processado por 
alguém que possui determinada característica. 
EXEMPLO: Imagine que José é amigo do Procurador-Geral de Justiça do 
estado do Ceará. José vem a cometer um crime, cuja atribuição para 
acusá-lo é de um dos 10 Promotores Criminais da Comarca de Fortaleza. 
Entretanto, receoso de ser condenado, José conversa com seu amigo, o 
3*-��TXH�GHVLJQD�XP�3URPRWRU�GH�VXD�³FRQILDQoD´�SDUD�DWXDU�QR�caso, a 
fim de que José não seja processado ou, então, seja requerida uma pena 
branda. O contrário também é verdadeiro. Sendo José inimigo do PGJ, 
este poderia, querendo se vingar, indicar um Promotor mais rigoroso 
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para atuar em seu caso. Estas práticas são vedadas pelo Princípio do 
Promotor Natural. 
 
Entretanto, a definição de atribuições especializadas (Promotor para 
crimes ambientais, crimes contra a ordem financeira, etc.) não viola este 
princípio, pois não se está estabelecendo uma atribuição casuística, 
apenas para determinado caso, mas uma atribuição abstrata, que se 
aplicará a todo e qualquer caso semelhante. 
 
XI ± OUTRAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS RELEVANTES 
 
Vamos sintetizar, neste tópico algumas disposições constitucionais 
relativas ao Direito Processual Penal que, embora relevantes, não podem 
ser consideradas princípios. 
 
a) Direitos constitucionais do preso 
 
A CRFB/88 prevê uma série direitos que são assegurados ao preso. 
Vejamos: 
Art. 5º (...) 
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e 
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de 
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; 
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão 
comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à 
pessoa por ele indicada; 
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de 
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de 
advogado; 
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou 
por seu interrogatório policial; 
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LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; 
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a 
liberdade provisória, com ou sem fiança; 
(...) 
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar 
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por 
ilegalidade ou abuso de poder; 
 
Vejam que temos uma série de direitos assegurados ao preso. Tenho 
um quadrinho abaixo que pode facilitar a compreensão: 
 
GARANTIAS CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AO PRESO 
ADMISSIBILIDADE 
DA PRISÃO 
DEPOIS DE EFETUADA A 
PRISÃO 
PARA EVITAR A 
PRISÃO 
x Flagrante delito 
(sem necessidade de 
ordem judicial) 
x Por ordem escrita e 
fundamentada de 
autoridade 
judiciária 
competente, salvo 
nos casos de 
transgressão militar 
ou crime 
propriamente militar, 
definidos em lei 
x Comunicação da 
prisão e do local em 
que se encontra o preso 
IMEDIATAMENTE ao 
juiz competente e à 
família do preso ou à 
pessoa por ele indicada. 
x Informação ao preso 
sobre seus direitos, 
entre os quais o de 
permanecer calado, 
sendo-lhe assegurada a 
assistência da família e 
de advogado. 
x Identificação dos 
responsáveis pela 
x Liberdade 
provisória 
(quando 
presentes os 
requisitos) 
x Habeas corpus, 
no caso de 
ilegalidade ou 
abuso de poder 
 
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prisão e/ou 
interrogatório policial. 
x Relaxamento da 
prisão que seja ilegal 
x Direito de ser colocado 
em liberdade, se 
estiverem presentes os 
requisitos para 
concessão da liberdade 
provisória. 
 
b) Tribunal do Júri 
 
A Constituição Federal reconhece a instituição do Júri, e estabelece 
algumas regrinhas. Vejamos: 
Art. 5º (...) 
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a 
lei, assegurados: 
a) a plenitude de defesa; 
b) o sigilo das votações; 
c) a soberania dos veredictos; 
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; 
Sem maiores considerações a respeito deste tema, apenas 
ressaltando que o STF entende que em havendo choque entre a 
competência do Júri e uma competência de foro por prerrogativa de 
função prevista na Constituição, prevalece a última. 
 
EXEMPLO: José, Deputado Federal, pratica crime doloso contra a vida 
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em face de Mariana. Neste caso, há um aparente conflito entre a 
competência prevista par ao Júri (crime doloso contra a vida) e a 
competência do STF (crime praticado por deputado federal). Neste caso, 
o STF entende que prevalece a competência por prerrogativa de função, 
sendo competente, portanto, o próprio STF. 
 
c) Menoridade Penal 
 
A Constituição prevê, ainda, que os menores de 18 anos são 
inimputáveis. Vejamos: 
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos 
às normas da legislação especial. 
 
Isso quer dizer que eles não respondem penalmente, estando 
sujeitos às normas do ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. 
 
d) Disposições referentes à execução penal 
 
A Constituição traz, ainda, algumas disposições referentes à 
execução da pena privativa de liberdade, de forma a garantir, também ao 
condenado, condições de cumprimento da pena que preservem sua 
dignidade: 
Art. 5º (...) 
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com 
a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; 
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; 
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer 
com seus filhos durante o período de amamentação; 
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Vale ressaltar que o inciso XLVIII é uma espécie de materialização do 
princípio da individualização da pena, pois busca uma execução da pena 
mais racional, evitando-se que presos de perfis distintos venham a 
cumprir pena juntos. 
 
e) Outras disposições constitucionais referentes ao processo 
penal 
 
A Constituição nos traz, ainda, algumas outras disposições 
relevantes. Vejamos: 
Art. 5º (...) 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, 
de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem 
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de 
investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 
1996) 
(...) 
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; 
(...) 
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, 
salvo nas hipóteses previstas em lei; (Regulamento). 
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for 
intentada no prazo legal; 
(...) 
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o 
que ficar preso além do tempo fixado na sentença; 
 
Vamos tecer breves considerações: 
x INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA (inciso XII) ± Atualmente 
está regulamentada pela Lei 9.296/96. Constitucionalmente só 
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se admite para instrução processual penal ou investigação 
FULPLQDO�� VHPSUH� SRU� RUGHP� -8',&,$/� �&KDPDGD� ³FOiXVXOD�GH�
5(6(59$�'(�-85,6',d­2´�� 
x PROVAS ILÍCITAS (inciso LVI) ± Tais provas são vedadas 
no processo penal (e em qualquer processo), estando 
regulamentadas no CPP (art. 157), que veda, inclusive as 
provas que sejam derivadas das ilícitas. A Doutrina, contudo, 
vem admitindo a utilização destas provas quando for a ÚNICA 
maneira de provar a inocência do acusado. 
x VEDAÇÃO À IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL (inciso LVIII) ± 
A identificação criminal (registro datiloscópico, fotografia em 
sede policial, e outros registros biométricos, etc.) é meio 
deveras vexatório, não sendo admitido para aquele que for 
civilmente identificado, bem como nos demais casos previstos 
em Lei (Para esta aula não nos aprofundaremos no tema). 
x AÇÃO PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA (inciso LIX) ± 
Trata-se de uma modalidade de ação penal pela qual o 
ofendido oferecer a queixa (ação penal privada) em crime de 
ação pública (No qual não caberia ação privada) em razão da 
inércia do MP. Está regulamentada no CPP, em seu art. 29 e 
seguintes. 
x INDENIZAÇÃO AO CONDENADO POR ERRO E AO QUE 
CUMPRIR PENA ALÉM DO PRAZO (inciso LXXV) ± Com 
relação a este inciso, apenas uma observação: O preso 
provisório não tem direito à indenização caso, 
posteriormente, seja considerado inocente. Isto porque a 
prisão provisória tem natureza cautelar, e não se fundamenta 
na culpa do indiciado/acusado. Assim, a posterior sentença 
absolutória não representa assunção, pelo Estado, de um 
³HUUR´�DQWHULRU� 
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XII ± EFEITOS DA SENTENÇA PENAL NO ÂMBITO 
ADMINISTRATIVO. POSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DE PROVA 
EMPRESTADA DO PROCESSO PENAL EM ÂMBITO 
ADMINISTRATIVO. 
 
1. Efeitos da sentença na esfera administrativa 
 
A sentença penal condenatória possui efeitos penais e 
extrapenais. 
Os efeitos penais são aqueles que refletem na esfera penal (óbvio, 
não?). Os efeitos penais podem ser primários ou secundários. 
O efeito penal primário é a PENA, ou seja, a imposição de 
pena criminal, eis que este é o objetivo básico e principal da 
condenação. 
Os efeitos penais podem ser, ainda, secundários. São efeitos penais 
secundários aqueles que, embora produzam efeitos na esfera jurídico-
PENAL do indivíduo condenado, esses efeitos refletem em OUTRA 
RELAÇÃO JURÍDICO-PENAL. 
EXEMPLO: Reincidência. A sentença penal condenatória possui como 
efeito penal SECUNDÁRIO, gerar reincidência (e todas as suas 
consequências) caso o condenado seja novamente condenado dentro de 
um prazo previsto em lei. Trata-se de um efeito que, sem dúvida, atinge 
a esfera penal do indivíduo, mas NÃO NO PROCESSO EM QUE FOI 
PROFERIDA A SENTENÇA, mas em outro processo. 
 
Outro efeito penal secundário é a inscrição do nome do réu no rol dos 
culpados (após o trânsito em julgado, sempre).40531388093
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Os efeitos extrapenais, por sua vez, são assim chamados por 
afetarem diversas outras áreas do Direito (civil, administrativo, etc.). Por 
sua vez, dividem-se em genéricos e específicos. São estes efeitos 
(extrapenais) que nos interessam. 
Os efeitos genéricos são aqueles que incidem sobre toda e qualquer 
condenação, estando previstos no art. 91 do CP, sendo apenas dois: 
Obrigação de reparar o dano e confisco: 
Art. 91 - São efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro 
de boa-fé: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, 
alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; 
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito 
auferido pelo agente com a prática do fato criminoso. 
Os efeitos genéricos são automáticos, ou seja, independem de 
ser expressamente declarados pelo Juiz na sentença. 
 
EXEMPLO: Se o Juiz condena alguém por roubo, o dever de reparar o 
dano causado ocorrerá independentemente de constar na sentença esse 
efeito, pois é decorrência natural e automática da sentença. 
 
Já os efeitos específicos são aqueles que recaem apenas sobre 
condenações relativas a determinados crimes, e não a todos os 
crimes em geral. Estão previstos no art. 92 do CP, sendo: 
Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
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I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação dada 
pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a 
um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para 
com a Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 
(quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos 
crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado 
ou curatelado; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a 
prática de crime doloso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Tais efeitos, por sua vez, NÃO SÃO AUTOMÁTICOS, devendo 
constar na sentença condenatória, sob pena de não ocorrerem. Isto está 
previsto no § único do art. 92 do CP: 
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são 
automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Assim, podemos verificar que dentre os efeitos da condenação está 
a perda do cargo, emprego, função ou mandato, e é este efeito da 
condenação que nos interessa no momento. 
 
1.1. Perda do cargo, função pública ou mandato eletivo 
 
Está previsto no art. 92, I do CP: 
Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
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I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação dada pela 
Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a 
um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para 
com a Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 
(quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
Como já disse a vocês, estes não são efeitos automáticos, 
devendo estar expressos na sentença. 
EXEMPLO: se um funcionário público é condenado à pena privativa de 
liberdade de 03 anos, pelo crime de peculato, a perda do cargo público 
não decorre automaticamente da sentença condenatória, devendo o 
Juiz se manifestar expressamente neste sentido. 
 
Na primeira hipótese (alínea a), o agente comete o crime contra a 
administração pública, valendo-se da sua condição de funcionário público 
(crime funcional). Nesse caso, a perda de cargo, função pública ou 
mandato eletivo ocorrerá se for aplicada pena privativa de liberdade igual 
ou superior a um ano. 
Na segunda hipótese, trata-se de perda de cargo, função pública ou 
mandato eletivo em razão da prática de qualquer crime, desde que a 
pena privativa de liberdade por tempo superior a quatro anos. 
CUIDADO! A pena deve ser superior a quatro anos, e não DE QUATRO 
ANOS. 
 
Mas, a sentença penal produz somente este efeito na esfera 
administrativa? A resposta é negativa. A sentença penal poderá, 
também, repercutir em eventual processo administrativo disciplinar. 
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No caso de sentença absolutória, ela impedirá a responsabilização 
administrativa do servidor, desde que a absolvição tenha ocorrido por 
uma destas razões: 
x Reconhecimento da inexistência do fato 
x Reconhecimento de que o acusado (servidor) não 
praticou o fato 
 
Nestes dois casos a absolvição impedirá a responsabilização 
administrativa, nos termos do art. 126 da Lie 8.112/90: 
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no 
caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria. 
 
A condenação, por sua vez, como se viu, sempre irá repercutir 
administrativamente, impondo a responsabilização administrativa do 
condenado criminalmente. 
 
2. Utilização, no processo administrativo, de prova produzida 
no processo penal 
 
A prova produzida no processo penal que posteriormente é utilizada 
no processo administrativo é chamada de ³prova emprestada´. 
A prova emprestada é aquela que, tendo sido produzida em um 
processo, vem a ser apresentada (documentalmente, é claro) em 
outro processo, de forma a também neste produzir os seus 
efeitos. A Doutrina e a Jurisprudência, entretanto, exigem que a prova 
emprestada tenha sido produzida em processo que envolveu as mesmas 
partes (identidade de partes) e tenha sido submetida ao 
contraditório. Presentes ambos os requisitos, a prova emprestada terá o 
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mesmo valor das demais provas. Ausente qualquer dos requisitos, será 
considerada como mero indício, tendo o valor de prova não-plena. 
Contudo, em relaçãoà utilização desta prova no processo 
administrativo, não se exige a chamada ³identidade de partes´, pois as 
partes do processo criminal não serão necessariamente as mesmas do 
processo administrativo. 
A maior celeuma doutrinária residiu sobre a possibilidade de 
utilização de interceptações telefônicas como prova emprestada, já que a 
interceptação telefônica só é admitida para ALGUNS crimes, de maneira 
que defendeu-se que, se não era possível para todos os crimes, com 
muito mais razão não poderia ser usada em meros processos 
administrativos. 
Embora as interceptações telefônicas só possam ser autorizadas 
nos casos expressamente previstos, o STF admite que a prova obtida 
através de uma interceptação lícita (que obedeceu aos requisitos 
OHJDLV�� SRVVD� VHU� XWLOL]DGD� FRPR� ³SURYD� HPSUHVWDGD´� HP� RXWURV�
processos criminais ou até mesmo procedimentos administrativos 
disciplinares instaurados em face dos mesmos investigados OU DE 
OUTROS. Vejamos a seguinte decisão do STF, galera: 
Ementa: HABEAS CORPUS. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. COMPETÊNCIA DO 
JUÍZO. DESDOBRAMENTO DAS INVESTIGAÇÕES. IDENTIFICAÇÃO, NO 
CURSO DAS DILIGÊNCIAS, DE POLICIAL MILITAR COMO SUPOSTO AUTOR 
DO DELITO APURADO. DESLOCAMENTO DA PERSECUÇÃO PARA A JUSTIÇA 
MILITAR. VALIDADE DA INTERCEPTAÇÃO DEFERIDA PELO JUÍZO ESTADUAL 
COMUM. ORDEM DENEGADA. 1. Não é ilícita a prova obtida mediante 
interceptação telefônica autorizada por Juízo competente. O posterior 
reconhecimento da incompetência do Juízo que deferiu a diligência não 
implica, necessariamente, a invalidação da prova legalmente produzida. A 
QmR�VHU�TXH�³R�PRWLYR�GD�LQFRPSHWrQFLD�GHFODUDGD�>IRVVH@�FRQWHPSRUkQHR�GD�
GHFLVmR� MXGLFLDO� GH� TXH� VH� FXLGD´� �+&� �������� GD� UHODWRULD� GR� PLQLVWUR�
Sepúlveda Pertence). 2. Não há por que impedir que o resultado das 
diligências encetadas por autoridade judiciária até então competente seja 
utilizado para auxiliar nas apurações que se destinam a cumprir um poder-
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dever que decola diretamente da Constituição Federal (incisos XXXIX, LIII e 
LIV do art. 5º, inciso I do art. 129 e art. 144 da CF). Isso, é claro, com as 
ressalvas da jurisprudência do STF quanto aos limites da chamada prova 
emprestada 3. Os elementos informativos de uma investigação 
criminal, ou as provas colhidas no bojo de instrução processual penal, 
desde que obtidos mediante interceptação telefônica devidamente 
autorizada por Juízo competente, admitem compartilhamento para 
fins de instruir procedimento criminal ou mesmo procedimento 
administrativo disciplinar contra os investigados. Possibilidade 
jurisprudencial que foi ampliada, na Segunda Questão de Ordem no 
Inquérito 2.424 (da relatoria do ministro Cezar Peluso), para também 
autorizar o uso dessas mesmas informações contra outros agentes. 4. 
Habeas corpus denegado. 
(HC 102293, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Segunda Turma, julgado em 
24/05/2011, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-239 DIVULG 16-12-2011 PUBLIC 
19-12-2011) 
 
Mais: Se a decisão que determinou a interceptação foi legal, a prova 
produzida na diligência pode ser utilizada para instruir PAD, ainda que 
em relação a fatos diversos daqueles que deram causa à 
interceptação. Esse foi o entendimento firmado pelo STF (Inq. 2424) e 
pelo STJ: ³������ ��� É de ser reconhecida a legalidade da utilização da 
interceptação telefônica produzida na ação penal nos autos do processo 
administrativo disciplinar, ainda que instaurado (a) para apuração de ilícitos 
administrativos diversos dos delitos objeto do processo criminal; e (b) contra a 
mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais a prova foi colhida, ou 
contra outros servidores cujo suposto ilícito tenha vindo à tona em face da 
interceptação telefônica. 4. Embargos de declaraomR�UHMHLWDGRV�´(EDcl no MS 13.099/DF, 
Rel. Ministra LAURITA VAZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 25/04/2012, DJe 09/05/2012) 
 
Verifica-se, assim, em resumo: 
 
x A possibilidade de utilização da prova emprestada no processo 
administrativo 
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x A possibilidade de utilização das interceptações telefônicas 
como prova emprestada no processo administrativo 
x A possibilidade de utilização deste tipo de prova 
(interceptação telefônica) mesmo em relação a fatos ou 
pessoas diversas daquelas que figuravam no processo criminal 
que deu azo à interceptação. 
 
EXEMPLO: Imagine que o Juiz determine, a pedido do MP, a 
interceptação das comunicações telefônicas de José, servidor público 
acusado da prática do delito de peculato. No decorrer das investigações 
descobre-se, por meio das interceptações, que além do peculato 
praticado por José, foram praticados os delitos de prevaricação e 
concussão pelo servidor Marcelo, e de condescendência criminosa pelo 
servidor Ricardo. Neste caso, será possível utilizar esta prova para 
instruir eventual processo administrativo disciplinar em face de Ricardo e 
de Marcelo, já que estas condutas, além de criminosas, também são 
infrações administrativas. 
 
Bons estudos! 
Prof. Renan Araujo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 QUESTÕES PARA PRATICAR 
 
 
 
01 - (TJ-SC ± 2009 ± TJ-SC ± ANALISTA JURÍDICO) 
Segundo De Plácido e Silva, os ³SULQFtSLRV� MXUtGLFRV�� VHP� G~YLGD��
significam os pontos básicos, que servem de ponto de partida ou de 
HOHPHQWRV� YLWDLV� GR� SUySULR� 'LUHLWR�� ,QGLFDP� R� DOLFHUFH� GR� 'LUHLWR�´�
(Vocabulário Jurídico. 28 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009. p. 
1091) 
Tendo em mira o trecho acima transcrito, mormente os seus 
conhecimentos sobre a matéria, julgue as proposições a seguir: 
I. Decorre do princípio da presunção de inocência a imputação do ônus da 
prova à acusação. 
II. Em razão do princípio da soberania dos veredictos, não pode o 
Tribunal reformar a decisão, apenas designar um novo júri. 
III. O Juiz deve ser previamente designado previamente, por lei, sendo 
vedado o Tribunal de Exceção, conforme preleciona o princípio do Juiz 
Natural. 
IV. De toda alegação fática ou de direito e das provas apresentadas tem o 
adverso o direito de se manifestar, tendo em vista o que preleciona o 
princípio do contraditório. 
A) Todas as proposições estão corretas. 
B) Todas as proposições estão incorretas. 
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C) As proposições II, III e IV estão corretas. 
D) As proposições I, II e III estão corretas. 
E) As proposições I, III e IV estão corretas. 
 
02 - (CESPE ± 2008 ± TJ-SE ± JUIZ DE DIREITO) 
Os princípios constitucionais aplicáveis ao processo penal incluem 
A) a publicidade. 
B) a verdade real. 
C) a identidade física do juiz. 
D) o favor rei. 
E) a indisponibilidade. 
 
03 - (FCC ± 2011 ± NOSSA CAIXADESENVOLVIMENTO ± 
ADVOGADO) 
A regra que, no processo penal, atribui à acusação, que apresenta a 
imputação em juízo através de denúncia ou de queixa- crime, o ônus da 
prova é decorrência do princípio 
A) do contraditório. 
B) do devido processo legal. 
C) do Promotor natural. 
D) da ampla defesa. 
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E) da presunção de inocência. 
 
04 - (MPE-SP ± 2006 ± MPE-SP ± PROMOTOR DE JUSTIÇA) 
Assinale a afirmação incorreta. 
A) O direito à ampla defesa abrange a autodefesa 
B) A retirada do réu da sala de audiência não precisa ser motivada pelo 
juiz. 
C) O direito de o réu estar presente à produção da prova testemunhal 
decorre do direito à autodefesa. 
D) O direito à autodefesa é renunciável. 
E) A retirada do réu da sala de audiência, quando sua presença ou atitude 
possa prejudicar a verdade do depoimento, não viola o direito à 
autodefesa. 
 
05 - (VUNESP ± 2008 ± DPE-MS ± DEFENSOR PÚBLICO) 
O princípio da publicidade 
A) não tem aplicabilidade no direito processual penal brasileiro, visto que 
não está previsto na Constituição Federal. 
B) é aquele que garante à imprensa acesso a todas as informações 
processuais, em nome do interesse público. 
C) é regra geral no sistema processual do tipo acusatório. 
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D) manifesta-se claramente nos atos praticados durante a feitura do 
inquérito policial, em razão da natureza inquisitiva da referida peça 
informativa. 
 
06 - (FCC ± 2009 ± MPE-SE ± TÉCNICO DO MP ± ÁREA 
ADMINISTRATIVA) 
A condenação de um réu sem defensor viola o princípio 
A) da oficialidade. 
B) da publicidade. 
C) do juiz natural. 
D) da verdade real. 
E) do contraditório. 
 
07 - (FCC ± 2009 ± TJ-AP ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± ÁREA 
JUDICIÁRIA) 
A Constituição Federal NÃO prevê expressamente o princípio 
A) da publicidade. 
B) do duplo grau de jurisdição. 
C) do contraditório. 
D) da presunção da inocência. 
E) do juiz natural. 
 
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08 - (FCC ± 2007 ± MPU ± ANALISTA PROCESSUAL) 
Dispõe o art. 5º, inciso XXXVII da Constituição da República Federativa do 
Brasil que "Não haverá juízo ou Tribunal de exceção; inciso LIII ? 
Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade 
competente". Tais disposições consagram o princípio 
A) da presunção de inocência. 
B) da ampla defesa. 
C) do devido processo legal. 
D) da dignidade. 
E) do juiz natural. 
 
09 - (FGV ± 2008 ± TJ-MS ± JUIZ DE DIREITO) 
Relativamente aos princípios processuais penais, é incorreto afirmar que: 
A) o princípio da presunção de inocência recomenda que em caso de 
dúvida o réu seja absolvido. 
B) o princípio da presunção de inocência recomenda que processos 
criminais em andamento não sejam considerados como maus 
antecedentes para efeito de fixação de pena. 
C) os princípios do contraditório e da ampla defesa recomendam que a 
defesa técnica se manifeste depois da acusação e antes da decisão 
judicial, seja nas alegações finais escritas, seja nas alegações orais. 
D) o princípio do juiz natural não impede a atração por continência nos 
casos em que o co-réu possui foro por prerrogativa de função quando o 
réu deveria ser julgado por um juiz de direito de primeiro grau. 
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E) o princípio da vedação de provas ilícitas não é absoluto, sendo 
admissível que uma prova ilícita seja utilizada quando é a única disponível 
para a acusação e o crime imputado seja considerado hediondo. 
 
10 - (VUNESP ± 2013 ± PC-SP ± INVESTIGADOR) 
Sansão Herculano, brasileiro, médico veterinário, maior de idade, foi 
preso em flagrante delito e levado à Delegacia de Polícia. Segundo o que 
estabelece a Constituição Federal, Sansão tem os seguintes direitos: 
a) a assistência da família e de um advogado, cela especial por ter curso 
superior e uma ligação telefônica para pessoa por ele indicada. 
b) ser criminalmente identificado, mesmo se possuir identificação civil, 
cela especial em razão de ter curso superior e assistência de um 
advogado. 
c) avistar-se pessoalmente com o promotor de justiça, entrar em contato 
com uma pessoa da família ou quem ele indicar e assistência de um 
advogado ou defensor público. 
d) relaxamento imediato de sua prisão se ela foi ilegal, permanecer 
calado e cela especial privativa. 
e) permanecer calado, identificação dos responsáveis por sua prisão e que 
o juiz e sua família sejam imediatamente comunicados sobre sua prisão. 
 
11 - (VUNESP ± 2013 ± PC-SP ± AGENTE) 
Conforme estabelece a Constituição Federal, o preso tem direitos 
expressamente previstos no Texto Maior, sendo um deles o seguinte: 
a) de ser identificado criminalmente, mesmo se já identificado civilmente. 
b) assistência da família. 
c) sala especial se tiver curso superior. 
d) liberdade mediante fiança, independentemente do crime que cometeu. 
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e) avistar-se pessoalmente com o Promotor de Justiça. 
 
12 - (MPE-PR ± 2014 ± MPE-PR ± PROMOTOR) 
É inciso do art. 5º da Constituição Federal, que trata dos direitos e 
garantias fundamentais, com foco no processo penal, exceto: 
a) A prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; 
b) Ninguém será privado de sua liberdade sem decreto da autoridade 
judiciária competente, salvo em flagrante delito; 
c) A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão 
comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à 
pessoa por ele indicada; 
d) Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for 
intentada no prazo legal; 
e) A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a 
defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem. 
 
13 - (IBFC ± 2014 ± PC-RJ ± PAPILOSCOPISTA) 
A CoQVWLWXLomR� )HGHUDO�� QR� FDStWXOR� ³'RV� 'LUHLWRV� H� GDV� JDUDQWLDV�
LQGLYLGXDLV´�UHFRQKHFH�D�LQVWLWXLomR�GR�M~UL�H�DVVHJXUD�H[SUHVVDPHQWH�HP�
seu texto: 
a) A plenitude de defesa. 
b) O sigilo das votações. 
c) A soberania dos vereditos. 
d) A competência para julgamento dos crimes dolosos contra a vida. 
e) O duplo grau de jurisdição. 
 
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14 - (FGV ± 2014 ± TJ-GO ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± APOIO 
JUDICIÁRIO

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