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Aula 03 - Prof. Renan Araújo Responsab. de P.J. pela prática de Atos Ilícitos p/ AFC/CGU - Prevenção da Corrupção e Ouvidoria Professores: Aline Santiago, Claudenir Brito, Equipe Gabriel Borges, Gabriel Borges, Renan Araujo, Ricardo Schettini Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 78 AULA 03: PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO DIREITO PROCESSUAL PENAL. EFEITOS DA SENTENÇA PENAL NA ESFERA ADMINISTRATIVA. POSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DA PROVA PRODUZIDA NO PROCESSO PENAL EM ÂMBITO ADMINISTRATIVO. SUMÁRIO PÁGINA Apresentação e Cronograma 01 I - Introdução 05 II - Ne procedat iudex ex officio 06 III - Devido Processo Legal 08 IV - Da Presunção de Inocência 13 V - Vedação às provas ilícitas 17 VI - Obrigatoriedade de motivação das decisões 19 VII ± Publicidade 21 VIII - Isonomia Processual ou par conditio 23 IX - Duplo Grau de Jurisdição 24 X - Do Juiz Natural e do Promotor Natural 25 XI ± Outras disposições constitucionais relevantes 23 XII ± Repercussão da sentença criminal na esfera administrativa. Prova emprestada criminal no processo administrativo. 30 Lista das questões 38 Questões comentadas 51 Gabarito 78 Olá, meus amigos! Na aula de hoje vamos estudar um tema importante, que são os princípios do processo penal. Veremos, ainda, os efeitos da sentença penal na esfera administrativa e a possibilidade de utilização da chamada ³prova emprestada´. Bons estudos! Prof. Renan Araujo 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 78 I ± INTRODUÇÃO O estudo de qualquer ramo do Direito, atualmente, se inicia necessariamente com o estudo das disposições constitucionais a ele referentes. Não é possível estudar Direito do Trabalho sem estudar os arts. 6° e 7°, por exemplo, ou estudar Direito Civil sem antes analisar o art. 5°, XXII. Esse movimento contemporâneo chamado Constitucionalização do Direito nos leva a isso. Todo o ordenamento jurídico está impregnado pela Constituição. Alguns de vocês talvez ainda não saibam, mas a Constituição é uma lei (assim como as demais), porém, uma lei de hierarquia superior a WRGDV� DV� RXWUDV�� $� &RQVWLWXLomR� )HGHUDO� QmR� p� XPD� PHUD� ³&DUWD� GH� UHFRPHQGDo}HV´�� PDV� XPD� OHL�� HP� VHX� VHQWLGR� PDLV� HVWULWR�� TXH� SUHYr� regras e princípios dotados de alto valor normativo (Eles estabelecem deveres de conduta, não apenas recomendações). Assim, no que se refere ao Direito Processual Penal não é diferente. Existem inúmeros dispositivos da Constituição Federal que se destinam à aplicação nesse ramo do Direito que vamos estudar. Mas porque isso, professor? Isso acontece porque o Poder Constituinte Originário (Aquele que elabora a Constituição) entende que algumas questões são de extrema relevância, e devem ser tratadas na Lei Máxima (Que é a Constituição), não deixando esse regramento ao legislador ordinário (Poder Legislativo). Desta maneira, ao elevar certas regras e princípios à Constituição, o Poder Constituinte deu a eles uma hierarquia mais elevada, de forma a garantir que o legislador infraconstitucional não venha a suprimi-los. Feita esta breve introdução, vamos passar à análise específica das disposições constitucionais aplicáveis ao Processo Penal. 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 78 II ± 35,1&Ë3,2�'2�³1(�352CEDAT IUDEX EX OFFIC,2´�28�'$� INICIATIVA DAS PARTES OU DA INÉRCIA Alguns doutrinadores não consideram este um princípio do processo penal com base constitucional. Entretanto, é melhor pecarmos pelo excesso e estudarmos este também, pois há fatores que podem ser considerados para caracterizá-lo como um princípio de base constitucional. Este princípio diz que o Juiz não pode dar início ao processo penal, pois isto implicaria em violação da sua imparcialidade, já que, ao dar início ao processo, o Juiz já dá sinais de que irá condenar o réu. Antigamente, antes do advento da Constituição, havia o chamado procedimento judicialiforme, no qual o Juiz iniciava, de ofício (sem provocação), o processo penal das contravenções penais. Com o advento da nova Constituição esse procedimento não foi recepcionado (não tem mais vigência, pois contraria a nova Constituição). Um dos dispositivos constitucionais que dá base a esse entendimento é o art. 129, I da Constituição Federal: Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; Percebam que a Constituição estabelece como sendo privativa do MP a promoção da ação penal pública. Assim, diz-se que R�03�p�R�³WLWXODU� GD�DomR�SHQDO�S~EOLFD´� Mas e a ação penal privada, professor? Mais à frente vocês verão que a ação penal privada é de titularidade do ofendido. Assim, o Juiz já não poderia a ela dar início por sua própria natureza, já que a lei 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 78 considera que, nesses casos, o interesse do ofendido em processar ou não o infrator se sobrepõe ao interesse do Estado na persecução penal. Este princípio é o alicerce máximo daquilo que se chama de sistema acusatório, que é o sistema adotado pelo nosso processo penal. No sistema acusatório existe uma figura que acusa e outra figura que julga, diferentemente do sistema inquisitivo, no qual acusador e julgador se confundem na mesma pessoa, o que gera parcialidade do julgador, ofendendo inúmeros outros princípios. Entretanto, este princípio não impede que o Juiz determine a realização de diligências que entender necessárias para elucidar questão relevante para o deslinde do processo. Isso porque no Processo Penal, diferentemente do que ocorre no Processo Civil, vigora o princípio da verdade real ou material, não da verdade formal. Assim, no processo penal não há presunção de veracidade das alegações da acusação em caso de ausência de manifestação em contrário pelo réu, pois o interesse público pela busca da efetiva verdade impede isto. III ± PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL (DUE PROCESS OF LAW) Esse princípio é o que se pode chamar de base principal do Direito Processual brasileiro, pois todos os outros, de uma forma ou de outra, encontram nele seu fundamento. Este princípio está previsto no art. 5°, LIV da CRFB/88, nos seguintes termos: LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 78 Assim, a Constituição estabelece que ninguém poderá sofrer privação de sua liberdade ou de seus bens sem que haja um processo prévio, em que lhe seja assegurada toda a sorte de instrumentos de defesa. Desta maneira,especificamente no processo penal, esse princípio norteia algumas regras, como o Direito que o acusado possui de ser ouvido pessoalmente (Sim, o interrogatório é um direito do réu), a fim de expor sua versão dos fatos, bem como o direito que o acusado possui de arrolar testemunhas, contradizer todas as provas e argumentos da acusação etc. Todos eles tiram seu fundamento do Princípio do Devido Processo Legal. A obediência ao rito previsto na Lei Processual (seja o rito ordinário ou outro), bem como às demais regras estabelecidas para o processo é que se chama de Devido Processo Legal em sentido formal. Entretanto, existe outra vertente deste princípio, denominada Devido Processo Legal em sentido material. Nessa última acepção, entende-se que o Devido Processo Legal só é efetivamente respeitado quando o Estado age de maneira razoável, proporcional e adequada na tutela dos interesses da sociedade e do acusado. Nesse sentido, o devido processo legal não estará sendo respeitado se o acusado ficar preso provisoriamente por 10 anos, aguardando julgamento. Sim, pois a prisão provisória possui natureza cautelar, não é cumprimento de pena. Desta maneira, o acusado não está ali pagando pelo que fez, pois ainda não foi julgado. Embora a lei não diga que há um prazo para o julgamento, essa demora do Judiciário aliada à prisão provisória do acusado, por tanto tempo, acaba por violar o devido processo legal, pois não é razoável manter preso por 10 anos alguém que sequer foi condenado. O princípio do Devido Processo Legal tem como corolários os postulados da Ampla Defesa e do Contraditório, ambos também previstos na Constituição Federal, em seu art. 5°, LV: 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 78 LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Nesse diapasão, vamos analisar os Princípios do Contraditório e da Ampla Defesa em um tópico próprio. Veremos, posteriormente, o regramento constitucional da prisão. a) Dos postulados do contraditório e da ampla defesa O princípio do Contraditório estabelece que os litigantes em geral e, no nosso caso, os acusados, tem assegurado o direito de contradizer os argumentos trazidos pela parte contrária e as provas por ela produzidas. Isso, como disse, é uma decorrência lógica do devido processo legal, pois não se pode admitir que um processo no qual o acusado não pode se manifestar seja válido. Entretanto, este princípio sofre limitações, notadamente quando a decisão a ser tomada pelo Juiz não possa esperar a manifestação do acusado ou a ciência do acusado pode implicar a frustração da decisão. EXEMPLO: Imagine que o MP ajuíza ação penal em face de José, requerendo seja decretada sua prisão preventiva, com base na ocorrência de uma das circunstâncias previstas no art. 312 do CPP. O Juiz, ao receber a denúncia, verificando estarem presentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, a decretará sem ouvir o acusado, pois aguardar a manifestação deste acerca da prisão preventiva pode acarretar na frustração desta (fuga do acusado). 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 78 CUIDADO! No inquérito policial não há contraditório, pois ainda não se pode falar em ³DFXVDGR´�� PDV� DSHQDV� HP� ³LQYHVWLJDGR´� RX� ³LQGLFLDGR´�� O Inquérito Policial não visa à condenação do infrator, mas apenas à colheita de informações acerca da autoria e da materialidade do delito para subsidiar eventual ação penal pelo MP. Assim, como no IP ninguém está sendo acusado, não há contraditório. Exceção feita ao Inquérito para expulsão de estrangeiro, pois neste há acusado e culmina numa punição, nos termos do art. 70, da lei 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro). Já o postulado da ampla defesa prevê que não basta dar ao acusado ciência das manifestações da acusação e facultar-lhe se manifestar, se não lhe forem dados instrumentos para isso. Ampla Defesa e Contraditório caminham juntas (até por isso estão no mesmo inciso da Constituição), e retiram seu fundamento no Devido Processo Legal. Entre os instrumentos para o exercício da defesa estão a previsão legal de recursos em face das decisões judiciais, direito à produção de provas, bem como a obrigação de que o Estado forneça assistência jurídica integral e gratuita, primordialmente através da Defensoria Pública. Vejamos: LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; Portanto, ao acusado que não possuir meios de pagar um advogado, deve ser garantida a defesa por um Defensor Público, ou, em não havendo sede da Defensoria Pública na comarca, ser nomeado um 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 78 defensor dativo (advogado particular pago pelos cofres públicos), a fim de que lhe seja prestada defesa técnica. Além da defesa técnica, realizada por profissional habilitado (advogado particular ou Defensor Público), há também a autodefesa, que é realizada pelo próprio réu, especialmente quando do seu interrogatório, oportunidade na qual pode, ele mesmo, defender-se pessoalmente, sem a intermediação de procurador. Assim, se o Juiz recusar-se a interrogar o réu, por exemplo, estará violando o princípio da ampla defesa, por estar impedindo o réu de exercer sua autodefesa. Ao contrário da defesa técnica, que não pode faltar no processo criminal, sob pena de nulidade absoluta, o réu pode recusar-se a exercer a autodefesa, ficando em silêncio, por exemplo, pois o direito ao silêncio é um direito expressamente previsto ao réu. Este princípio não impede, porém, que o acusado sofra as consequências de sua inércia em relação aos atos processuais (não- interposição de recursos, ausência injustificada de audiências, etc.). Entretanto, o princípio da ampla defesa se manifesta mais explicitamente quando o réu, embora citado, deixe de apresentar Resposta à Acusação. Nesse caso, dada a importância da peça de defesa, deverá o Juiz encaminhar os autos à Defensoria Pública, para que atue na qualidade de curador do acusado, ou, em não havendo Defensoria no local, nomear defensor dativo para que patrocine a defesa do acusado. b) Direitos constitucionais do preso A CRFB/88 estabelece alguns regramentos em relação à prisão, desde sua inadmissibilidade em alguns casos, até os direitos do preso. Vejamos: Art. 5º (...) 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 78 LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; (Regulamento). (...) LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridadejudiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; Assim, podemos dizer que a prisão é: x VEDADA ± Quando for admitida a liberdade provisória, com ou sem fiança. Ou seja, caso não estejam presentes os requisitos para a decretação da prisão preventiva, deverá ser concedida liberdade provisória. x ADMITIDA ± Por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente ou em flagrante delito, bem como em caso de transgressão militar ou crime propriamente militar. Com relação aos direitos do preso, podemos assim enumerá-los: x Ter a prisão relaxada, quando ilegal. x Caso possua identificação civil, não ser criminalmente identificado (salvo nas hipóteses legais). 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 78 x Comunicação de sua prisão e do local onde se encontra ao Juiz e à sua família (ou à pessoa que indicar). x Ser informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado. x Identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial. IV ± PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU DA NÃO CULPABILIDADE A Presunção de inocência é o maior pilar de um Estado Democrático de Direito, pois, segundo este princípio, nenhuma pessoa pode ser considerada culpada (e sofrer as consequências disto) antes do trânsito em julgado se sentença penal condenatória. Nos termos do art. 5°, LVII da CRFB/88: LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; O que é trânsito em julgado de sentença penal condenatória? É a situação na qual a sentença proferida no processo criminal, condenando o réu, não pode mais ser modificada através de recurso. Assim, enquanto não houver uma sentença criminal condenatória irrecorrível, o acusado não pode ser considerado culpado e, portanto, não pode sofrer as consequências da condenação. Desse princípio decorre que o ônus (obrigação) da prova cabe ao acusador (MP ou ofendido, conforme o caso). O réu é, desde o começo, inocente, até que o acusador prove sua culpa. 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 78 Em razão dele existe, ainda, o princípio do in dubio pro reo ou favor rei, segundo o qual, durante o processo (inclusive na sentença), havendo dúvidas acerca da culpa ou não do acusado, deverá o Juiz decidir em favor deste, pois sua culpa não foi cabalmente comprovada. Resumindo, para vocês gravarem: O Processo Penal é um jogo no qual o acusado e o acusador tentam marcar pontos a seu favor, a fim de comprovarem suas teses. Só que o empate dá o título ao acusado! - CUIDADO: Existem hipóteses em que o Juiz não decidirá de acordo com princípio do in dubio pro reo, mas pelo princípio do in dubio pro societate. Por exemplo, nas decisões de recebimento de denúncia ou queixa e na decisão de pronúncia, no processo de competência do Júri, o Juiz decide contrariamente ao réu (recebe a denúncia ou queixa no primeiro caso, e pronuncia o réu no segundo) com base apenas em indícios de autoria e prova da materialidade. Ou seja, nesses casos, mesmo o Juiz tendo dúvidas quanto à culpabilidade do réu, deverá decidir contrariamente a ele, e em favor da sociedade, pois destas decisões não há consequências para o réu, permitindo-se, apenas, que seja iniciado o processo ou a fase processual, na qual serão produzidas as provas necessárias à elucidação dos fatos. Desta maneira, sendo este um princípio de ordem Constitucional, deve a legislação infraconstitucional (especialmente o CPP) respeitá-lo, sob pena de violação à Constituição. Portanto, uma lei que dissesse, por exemplo, que o cumprimento de pena se daria a partir da sentença em primeira instância seria inconstitucional, pois a Constituição afirma que o acusado ainda não é considerado culpado nessa hipótese. CUIDADO, GALERA! A existência de prisões provisórias (prisões decretadas no curso do processo) não ofende a presunção de inocência, pois nesse caso 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 78 não se trata de uma prisão como cumprimento de pena, mas sim de uma prisão cautelar, ou seja, para garantir que o processo penal seja devidamente instruído ou eventual sentença condenatória seja cumprida. Por exemplo: Se o réu está dando sinais de que vai fugir (tirou passaporte recentemente), e o Juiz decreta sua prisão preventiva, o faz não por considerá-lo culpado, mas para garantir que, caso seja condenado, cumpra a pena. Vocês verão mais sobre isso na aula sobre Prisão e Liberdade Provisória! - Vou transcrever para vocês agora alguns pontos que são polêmicos e a respectiva posição dos Tribunais Superiores: x Processos criminais em curso e inquéritos policiais em face do acusado podem ser considerados maus antecedentes? Segundo o STJ não, pois em nenhum deles o acusado foi condenado de maneira irrecorrível, logo, não pode ser considerado culpado nem sofrer qualquer consequência em relação a eles; x Regressão de regime de cumprimento da pena ± O STJ e o STF entendem que NÃO HÁ NECESSIDADE DE CONDENAÇÃO PENAL TRANSITADA EM JULGADO para que o preso sofra a regressão do regime de cumprimento de pena mais brando para o mais severo (do semiaberto para o fechado, por exemplo). Nesses casos, basta que o preso tenha cometido crime doloso, ou falta grave, para que haja a 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 78 regressão, nos termos do art. 118, I da Lei 7.210/84 (Lei de Execuções Penais), não havendo necessidade, sequer, de que tenha havido condenação criminal ou administrativa. A Jurisprudência entende que esse artigo da LEP não ofende a Constituição; x Revogação do benefício da suspensão condicional do processo em razão do cometimento de crime ± Prevê a Lei 9.099/95 que em determinados crimes, de menor potencial ofensivo, pode ser o processo criminal suspenso por determinado, devendo o réu cumprir algumas obrigações durante este prazo (dentre elas, não cometer novo crime), findo o qual estará extinta sua punibilidade. Nesse caso, o STF e o STJ entendemque, descoberta a prática de crime pelo acusado beneficiado com a suspensão do processo, este benefício deve ser revogado, por ter sido descumprida uma das condições, não havendo necessidade de trânsito em julgado da sentença condenatória do crime novo. Vamos resumir estas posições jurisprudenciais neste quadro: TEMA POSIÇÃO DOS TRIBUNAIS Processos criminais em curso e inquéritos policiais em face do acusado podem ser considerados maus antecedentes? Segundo o STJ não, pois em nenhum deles o acusado foi condenado de maneira irrecorrível, logo, não pode ser considerado culpado nem sofrer qualquer consequência em relação a eles; Regressão de regime de O STJ e o STF entendem que NÃO 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 78 cumprimento da pena pode ser realizada antes do trânsito em julgado? HÁ NECESSIDADE DE CONDENAÇÃO PENAL TRANSITADA EM JULGADO para que o preso sofra a regressão do regime de cumprimento de pena mais brando para o mais severo (do semiaberto para o fechado, por exemplo). Revogação do benefício da suspensão condicional do processo em razão do cometimento de crime deve ser realizada após o trânsito em julgado? O STF e o STJ entendem que, descoberta a prática de crime pelo acusado beneficiado com a suspensão do processo, este benefício deve ser revogado, por ter sido descumprida uma das condições, não havendo necessidade de trânsito em julgado da sentença condenatória do crime novo. V ± PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DAS PROVAS OBTIDAS POR MEIOS ILÍCITOS No nosso sistema processual penal vige o princípio do livre convencimento motivado do Juiz, ou seja, o Juiz não está obrigado a decidir conforme determinada prova (confissão, por exemplo), podendo decidir da forma que entender, desde que fundamente sua decisão em alguma das provas produzidas nos autos do processo. Antigamente vigorava o sistema da prova tarifada, na qual as provas WLQKDP� ³SHVRV´� GLIHUHQWHV�� VHQGR� D� FRQILVVmR� FRQVLGHUDGD� D� ³UDLQKD� GDV� 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 78 SURYDV´��RX�VHMD��FRQIHVVDQGR�R�UpX��R�-XL]�GHYHULD�FRQGHQi-lo. Hoje não é assim. Para isso, às partes é conferido o direito de produzir as provas que entendam necessárias para convencer o Juiz a acatar sua tese. Entretanto, esse direito probatório não é ilimitado, encontrando limites nos direitos fundamentais previstos na Constituição. Essa limitação encontra-se no art. 5°, LVI da Constituição. Vejamos: LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; Vejam que a Constituição é clara ao dizer que não se admitem no processo as provas que tenham sido obtidas por meios ilícitos. Mas o que seriam meios ilícitos? Seriam todos aqueles meios em que para a obtenção da prova tenha que ser violado um direito fundamental de alguém. POR EXEMPLO: Imagine que Joana, que processa José por calúnia, invada sua residência para obter documentos que comprovam a culpa de José no crime. Ora, embora os documentos comprovem a culpa de José, pelo modo como foram obtidos, não poderão ser utilizados no processo, pois decorrem de violação ao direito fundamental à inviolabilidade da residência, previsto no art. 5°, XI da Constituição: XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; ATENÇÃO, MEU POVO! A Jurisprudência e Doutrina dominantes admitem a utilização de provas ilícitas quando esta for a única forma de se obter a absolvição do réu. Por exemplo: 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 78 Imaginem que no exemplo dado lá atrás, José que invadisse a casa de Joana, atrás do único documento que pode provar sua inocência. Nesse caso, os Tribunais admitem a utilização da prova obtida por meio ilícito, pelo princípio da proporcionalidade, pois, embora tenha sido violado o direito fundamental à inviolabilidade do domicílio de Joana, estava em jogo, também, o direito fundamental à liberdade de José. VI ± PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS Este princípio está previsto no art. 93, IX da Constituição: Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: (...) IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; Como vocês podem ver, é a própria Constituição quem determina que os atos decisórios proferidos pelo Juiz sejam fundamentados. Desta maneira, pode-se elevar esse princípio (motivação das decisões judiciais) à categoria de princípio constitucional, por ter merecido a atenção da Lei Máxima. 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 78 Portanto, quando o Juiz indefere uma prova requerida, ou prolata a sentença, deve fundamentar seu ato, dizendo em que fundamento se baseia para indeferir a prova ou para tomar a decisão que tomou na sentença (condenando ou absolvendo). Esse princípio decorre da lógica do sistema jurídico pátrio, em que a transparência deve vigorar. Assim, a parte (seja o acusado ou o acusador) saberá exatamente o que se baseou o Juiz para proferir aquela decisão e, assim, poder examinar se o Magistrado agiu dentro da legalidade. Aliás, esse princípio guarda estrita relação com o princípio da Ampla Defesa, eis que a ausência de fundamentação ou a fundamentação deficiente de uma decisão dificulta e por vezes impede a sua impugnação, já que a parte prejudicada não tem elementos para combatê-lo, já que não sabe seus fundamentos. Alguns pontos controvertidos merecem destaque: x A decisão de recebimento da denúncia ou queixa, apesar de possuir forte carga decisória, não precisa ser fundamentada, nos termos do CPP (STF entende que isso não fere a Constituição); x A fundamentação referida é constitucional ± Fundamentação referida é aquela na qual um órgão do Judiciário se remete às razões expostas por outro órgão do Judiciário (Ex.: O Tribunal, ao julgar a apelação, mantendo a sentença, pode fundamentar sua decisão referindo-se aos argumentos expostos na sentença de primeira instância, sem necessidade de reproduzi-los no corpo do Acórdão). O STF entende que essa prática não viola o art. 93, IX da CRFB/88. Além disso, o STF já decidiu quenão viola a Constituição sentença na qual o magistrado, no relatório, apenas se remete ao relatório feito pelo MP em suas alegações finais; 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 78 x As decisões proferidas pelo Tribunal do Júri não são fundamentadas, pois os julgadores (jurados) não tem conhecimento técnico, proferindo seu voto conforme sua percepção de Justiça indicar. VII ± PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE Este princípio estabelece que os atos processuais e as decisões judiciais serão públicas, ou seja, de acesso livre a qualquer do povo. Essa é a regra prevista no art. 93, IX da CRFB/88: Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: (...) IX- todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; Percebam que a Constituição determina que os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, mas entende-VH�³MXOJDPHQWRV´� como qualquer ato processual. Entretanto, essa publicidade NÃO É ABSOLUTA, podendo sofrer restrição, quando a intimidade das partes ou interesse público exigir. A isso se chama de publicidade restrita. De fato, em alguns casos, a intimidade do ofendido deve ser preservada. Imaginem uma ação penal pelo crime de estupro. É natural que a vítima peça que o processo corra em segredo de Justiça, para evitar a exposição do fato, que, por si só, já lhe traz transtornos suficientes. 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 78 Ainda, pode ser decretada a tramitação em segredo de Justiça quando houver interesse público que o justifique. Essa possibilidade de restrição está prevista, ainda, no art. 5°, LX da CRFB/88: LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; Ressalto a vocês que essa publicidade pode ser restringida apenas às partes e seus procuradores, ou somente a estes. O que isso significa? Que alguns atos podem não ser públicos nem mesmo para a outra parte! Sim! Imaginem que, numa audiência, a ofendida pelo crime de estupro não queira dar seu depoimento na presença do acusado. Nada mais natural. Assim, o Juiz poderá mandar que este se retire da sala, permanecendo, porém, o seu advogado. Aos procuradores das partes (advogado, membro do MP, etc.) nunca se pode negar publicidade dos atos processuais! Gravem isso! Essa impossibilidade de restrição da publicidade aos procuradores das partes é decorrência natural do princípio do contraditório e da ampla defesa, pois são os procuradores quem exercem a defesa técnica, não podendo ser privados do acesso a nenhum ato do processo, sob pena de nulidade. Por fim, vale registrar que no Tribunal do Júri (que tem regras muito específicas) o voto dos jurados é sigiloso, por expressa previsão constitucional, caracterizando-se em mais uma exceção ao princípio. Nos termos do art. 5° , XVIII da Constituição: XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 78 d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; Assim, nesse caso, não há publicidade do voto proferido pelo jurado, mas a sessão secreta onde ocorre o julgamento pelos jurados (depósito dos votos na urna) é acessível aos procuradores. VIII ± PRINCÍPIO DA ISONOMIA PROCESSUAL ou PAR CONDITIO O princípio da isonomia processual decorre do princípio da isonomia, genericamente considerado, segundo o qual as pessoas são iguais perante a lei, sendo vedadas práticas discriminatórias. Está previsto no art. 5° da Constituição: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: No campo processual este princípio também irradia seus efeitos, devendo a lei processual tratar ambas as partes de maneira igualitária, conferindo-lhes os mesmos direitos e deveres. Por exemplo: Os prazos recursais devem ser os mesmos para acusação e defesa, o tempo para sustentação oral nas sessões de julgamento também devem ser idênticos, etc. Entretanto, é possível que a lei estabeleça algumas situações aparentemente anti-isonômicas, a fim de equilibrar as forças dentro do processo. Explico: Quando a lei estabelece que a Defensoria Pública possui prazo em dobro para recorrer, não está ferindo o princípio da isonomia, mas está apenas corrigindo uma situação de desequilíbrio. Isso porque a Defensoria Pública é uma Instituição absolutamente assoberbada, que 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 78 não pode escolher se vai ou não patrocinar uma demanda. Caso o assistido se enquadre como hipossuficiente, a Defensoria Pública deve atuar. Um escritório de advocacia pode, por exemplo, se recusar a patrocinar uma defesa alegando estar muito atarefado. CUIDADO! Como o MP possui prazo em dobro para recorrer no processo civil, muito se discutiu a respeito da aplicação de tal prerrogativa no processo penal, até mesmo em razão do fato de a DP possuir prazo em dobro. Contudo, o STJ firmou entendimento no sentido de que tal prerrogativa não se aplica ao MP no processo penal: 2. O prazo em dobro para recorrer previsto no art. 188 do Código de Processo Civil, quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público, não se aplica ao feitos de natureza penal, como o presente, onde a prerrogativa é assegurada exclusivamente à Defensoria Pública. 3. Embargos de declaração rejeitados. (EDcl no AgRg no RMS 36.050/PI, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 22/10/2013, DJe 05/11/2013) IX ± PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO Este princípio estabelece que as decisões judiciais devem estar sujeitas à revisão por outro órgão do Judiciário. Embora não esteja expresso na Constituição, grande parte dos doutrinadores o aceita como um princípio de índole constitucional, fundamentando sua tese nas regras de competência dos Tribunais estabelecidas na Constituição, o que deixaria implícito que toda decisão judicial deva estar sujeita a recurso, via de regra. Entretanto, mesmo aqueles que consideram ser este um princípio de índole constitucional entendem que háexceções, que são os casos de 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 78 competência originária do STF, ações nas quais não cabe recurso da decisão de mérito (óbvio, pois o STF é a Corte Suprema do Brasil). Assim, essa exceção não anularia o fato de que se trata de um princípio constitucional, apenas não lhe permite ser absoluto. O princípio da ampla defesa também é bastante citado como o fundamento da tese de que se trata de um princípio constitucional, pois a possibilidade de revisão da decisão judicial é circunstância necessária para que se garanta o respeito à ampla defesa, que restaria violada caso não se pudesse impugnar determinada decisão judicial. Este princípio norteia a legislação processual penal infraconstitucional, como por exemplo, pela inexigibilidade de preparo no recurso (preparo é o valor cobrado da parte para que interponha um recurso), bem como pela recente inovação legislativa que aboliu a previsão do art. 595 do CPP, que determinava que o réu devesse se recolher à prisão para apelar. Assim, entendeu-se, acertadamente, que o direito ao duplo grau de jurisdição e à ampla defesa não podem estar condicionados à prisão do réu. X ± PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL E DO PROMOTOR NATURAL A Constituição estabelece em seu art. 5°, LIII que: LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; Assim, desse dispositivo constitucional podemos extrair os Princípios do Juiz Natural e do Promotor Natural. O princípio do Juiz Natural estabelece que toda pessoa tem direito de ser julgada por um órgão do Poder Judiciário brasileiro, devidamente investido na função jurisdicional, cuja competência fora previamente 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 78 definida. Assim, está vedada a formação de Tribunal ou Juízo de exceção, que são aqueles criados especificamente para o julgamento de um determinado caso. Isso não é tolerado no Brasil! Porém, vocês não devem confundir Juízo ou Tribunal de exceção com varas especializadas. As varas especializadas são criadas para otimizar o trabalho do Judiciário, e sua competência é definida abstratamente, e não em razão de um fato isolado. O que este princípio impede é a PDQLSXODomR�GDV�³UHJUDV�GR�MRJR´�SDUD�VH� ³HVFROKHU´�R�-XL]�TXH�LUi�MXOJDU�D�FDXVD� Assim, proposta a ação penal, ela será distribuída para um dos Juízes com competência para julgá-la. Por exemplo: Se na comarca existem cinco varas criminais, a ação será distribuída por sorteio a uma dessas varas, não podendo o Promotor escolher o Juiz de sua preferência. Já o princípio do Promotor Natural estabelece que toda pessoa tem direito de ser acusada pela autoridade competente. Assim, é vedada a designação pelo Procurador-Geral de Justiça de um Promotor para atuar especificamente num determinado caso. Isso seria simplesmente um acusador de exceção, alguém que não estava previamente definido como o Promotor (ou um dos Promotores) que poderia receber o caso, mas alguém que foi definido como o acusador de um réu após a prática do fato, cuja finalidade é fazer com que o acusado seja processado por alguém que possui determinada característica. EXEMPLO: Imagine que José é amigo do Procurador-Geral de Justiça do estado do Ceará. José vem a cometer um crime, cuja atribuição para acusá-lo é de um dos 10 Promotores Criminais da Comarca de Fortaleza. Entretanto, receoso de ser condenado, José conversa com seu amigo, o 3*-��TXH�GHVLJQD�XP�3URPRWRU�GH�VXD�³FRQILDQoD´�SDUD�DWXDU�QR�caso, a fim de que José não seja processado ou, então, seja requerida uma pena branda. O contrário também é verdadeiro. Sendo José inimigo do PGJ, este poderia, querendo se vingar, indicar um Promotor mais rigoroso 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 78 para atuar em seu caso. Estas práticas são vedadas pelo Princípio do Promotor Natural. Entretanto, a definição de atribuições especializadas (Promotor para crimes ambientais, crimes contra a ordem financeira, etc.) não viola este princípio, pois não se está estabelecendo uma atribuição casuística, apenas para determinado caso, mas uma atribuição abstrata, que se aplicará a todo e qualquer caso semelhante. XI ± OUTRAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS RELEVANTES Vamos sintetizar, neste tópico algumas disposições constitucionais relativas ao Direito Processual Penal que, embora relevantes, não podem ser consideradas princípios. a) Direitos constitucionais do preso A CRFB/88 prevê uma série direitos que são assegurados ao preso. Vejamos: Art. 5º (...) LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 78 LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; (...) LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; Vejam que temos uma série de direitos assegurados ao preso. Tenho um quadrinho abaixo que pode facilitar a compreensão: GARANTIAS CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AO PRESO ADMISSIBILIDADE DA PRISÃO DEPOIS DE EFETUADA A PRISÃO PARA EVITAR A PRISÃO x Flagrante delito (sem necessidade de ordem judicial) x Por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei x Comunicação da prisão e do local em que se encontra o preso IMEDIATAMENTE ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. x Informação ao preso sobre seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado. x Identificação dos responsáveis pela x Liberdade provisória (quando presentes os requisitos) x Habeas corpus, no caso de ilegalidade ou abuso de poder 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícioscomentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 78 prisão e/ou interrogatório policial. x Relaxamento da prisão que seja ilegal x Direito de ser colocado em liberdade, se estiverem presentes os requisitos para concessão da liberdade provisória. b) Tribunal do Júri A Constituição Federal reconhece a instituição do Júri, e estabelece algumas regrinhas. Vejamos: Art. 5º (...) XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; Sem maiores considerações a respeito deste tema, apenas ressaltando que o STF entende que em havendo choque entre a competência do Júri e uma competência de foro por prerrogativa de função prevista na Constituição, prevalece a última. EXEMPLO: José, Deputado Federal, pratica crime doloso contra a vida 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 78 em face de Mariana. Neste caso, há um aparente conflito entre a competência prevista par ao Júri (crime doloso contra a vida) e a competência do STF (crime praticado por deputado federal). Neste caso, o STF entende que prevalece a competência por prerrogativa de função, sendo competente, portanto, o próprio STF. c) Menoridade Penal A Constituição prevê, ainda, que os menores de 18 anos são inimputáveis. Vejamos: Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial. Isso quer dizer que eles não respondem penalmente, estando sujeitos às normas do ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. d) Disposições referentes à execução penal A Constituição traz, ainda, algumas disposições referentes à execução da pena privativa de liberdade, de forma a garantir, também ao condenado, condições de cumprimento da pena que preservem sua dignidade: Art. 5º (...) XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação; 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 78 Vale ressaltar que o inciso XLVIII é uma espécie de materialização do princípio da individualização da pena, pois busca uma execução da pena mais racional, evitando-se que presos de perfis distintos venham a cumprir pena juntos. e) Outras disposições constitucionais referentes ao processo penal A Constituição nos traz, ainda, algumas outras disposições relevantes. Vejamos: Art. 5º (...) XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996) (...) LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; (...) LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; (Regulamento). LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal; (...) LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença; Vamos tecer breves considerações: x INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA (inciso XII) ± Atualmente está regulamentada pela Lei 9.296/96. Constitucionalmente só 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 78 se admite para instrução processual penal ou investigação FULPLQDO�� VHPSUH� SRU� RUGHP� -8',&,$/� �&KDPDGD� ³FOiXVXOD�GH� 5(6(59$�'(�-85,6',d2´�� x PROVAS ILÍCITAS (inciso LVI) ± Tais provas são vedadas no processo penal (e em qualquer processo), estando regulamentadas no CPP (art. 157), que veda, inclusive as provas que sejam derivadas das ilícitas. A Doutrina, contudo, vem admitindo a utilização destas provas quando for a ÚNICA maneira de provar a inocência do acusado. x VEDAÇÃO À IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL (inciso LVIII) ± A identificação criminal (registro datiloscópico, fotografia em sede policial, e outros registros biométricos, etc.) é meio deveras vexatório, não sendo admitido para aquele que for civilmente identificado, bem como nos demais casos previstos em Lei (Para esta aula não nos aprofundaremos no tema). x AÇÃO PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA (inciso LIX) ± Trata-se de uma modalidade de ação penal pela qual o ofendido oferecer a queixa (ação penal privada) em crime de ação pública (No qual não caberia ação privada) em razão da inércia do MP. Está regulamentada no CPP, em seu art. 29 e seguintes. x INDENIZAÇÃO AO CONDENADO POR ERRO E AO QUE CUMPRIR PENA ALÉM DO PRAZO (inciso LXXV) ± Com relação a este inciso, apenas uma observação: O preso provisório não tem direito à indenização caso, posteriormente, seja considerado inocente. Isto porque a prisão provisória tem natureza cautelar, e não se fundamenta na culpa do indiciado/acusado. Assim, a posterior sentença absolutória não representa assunção, pelo Estado, de um ³HUUR´�DQWHULRU� 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 78 XII ± EFEITOS DA SENTENÇA PENAL NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. POSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DE PROVA EMPRESTADA DO PROCESSO PENAL EM ÂMBITO ADMINISTRATIVO. 1. Efeitos da sentença na esfera administrativa A sentença penal condenatória possui efeitos penais e extrapenais. Os efeitos penais são aqueles que refletem na esfera penal (óbvio, não?). Os efeitos penais podem ser primários ou secundários. O efeito penal primário é a PENA, ou seja, a imposição de pena criminal, eis que este é o objetivo básico e principal da condenação. Os efeitos penais podem ser, ainda, secundários. São efeitos penais secundários aqueles que, embora produzam efeitos na esfera jurídico- PENAL do indivíduo condenado, esses efeitos refletem em OUTRA RELAÇÃO JURÍDICO-PENAL. EXEMPLO: Reincidência. A sentença penal condenatória possui como efeito penal SECUNDÁRIO, gerar reincidência (e todas as suas consequências) caso o condenado seja novamente condenado dentro de um prazo previsto em lei. Trata-se de um efeito que, sem dúvida, atinge a esfera penal do indivíduo, mas NÃO NO PROCESSO EM QUE FOI PROFERIDA A SENTENÇA, mas em outro processo. Outro efeito penal secundário é a inscrição do nome do réu no rol dos culpados (após o trânsito em julgado, sempre).40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 78 Os efeitos extrapenais, por sua vez, são assim chamados por afetarem diversas outras áreas do Direito (civil, administrativo, etc.). Por sua vez, dividem-se em genéricos e específicos. São estes efeitos (extrapenais) que nos interessam. Os efeitos genéricos são aqueles que incidem sobre toda e qualquer condenação, estando previstos no art. 91 do CP, sendo apenas dois: Obrigação de reparar o dano e confisco: Art. 91 - São efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso. Os efeitos genéricos são automáticos, ou seja, independem de ser expressamente declarados pelo Juiz na sentença. EXEMPLO: Se o Juiz condena alguém por roubo, o dever de reparar o dano causado ocorrerá independentemente de constar na sentença esse efeito, pois é decorrência natural e automática da sentença. Já os efeitos específicos são aqueles que recaem apenas sobre condenações relativas a determinados crimes, e não a todos os crimes em geral. Estão previstos no art. 92 do CP, sendo: Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 78 I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Tais efeitos, por sua vez, NÃO SÃO AUTOMÁTICOS, devendo constar na sentença condenatória, sob pena de não ocorrerem. Isto está previsto no § único do art. 92 do CP: Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Assim, podemos verificar que dentre os efeitos da condenação está a perda do cargo, emprego, função ou mandato, e é este efeito da condenação que nos interessa no momento. 1.1. Perda do cargo, função pública ou mandato eletivo Está previsto no art. 92, I do CP: Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 78 I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) Como já disse a vocês, estes não são efeitos automáticos, devendo estar expressos na sentença. EXEMPLO: se um funcionário público é condenado à pena privativa de liberdade de 03 anos, pelo crime de peculato, a perda do cargo público não decorre automaticamente da sentença condenatória, devendo o Juiz se manifestar expressamente neste sentido. Na primeira hipótese (alínea a), o agente comete o crime contra a administração pública, valendo-se da sua condição de funcionário público (crime funcional). Nesse caso, a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo ocorrerá se for aplicada pena privativa de liberdade igual ou superior a um ano. Na segunda hipótese, trata-se de perda de cargo, função pública ou mandato eletivo em razão da prática de qualquer crime, desde que a pena privativa de liberdade por tempo superior a quatro anos. CUIDADO! A pena deve ser superior a quatro anos, e não DE QUATRO ANOS. Mas, a sentença penal produz somente este efeito na esfera administrativa? A resposta é negativa. A sentença penal poderá, também, repercutir em eventual processo administrativo disciplinar. 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 78 No caso de sentença absolutória, ela impedirá a responsabilização administrativa do servidor, desde que a absolvição tenha ocorrido por uma destas razões: x Reconhecimento da inexistência do fato x Reconhecimento de que o acusado (servidor) não praticou o fato Nestes dois casos a absolvição impedirá a responsabilização administrativa, nos termos do art. 126 da Lie 8.112/90: Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria. A condenação, por sua vez, como se viu, sempre irá repercutir administrativamente, impondo a responsabilização administrativa do condenado criminalmente. 2. Utilização, no processo administrativo, de prova produzida no processo penal A prova produzida no processo penal que posteriormente é utilizada no processo administrativo é chamada de ³prova emprestada´. A prova emprestada é aquela que, tendo sido produzida em um processo, vem a ser apresentada (documentalmente, é claro) em outro processo, de forma a também neste produzir os seus efeitos. A Doutrina e a Jurisprudência, entretanto, exigem que a prova emprestada tenha sido produzida em processo que envolveu as mesmas partes (identidade de partes) e tenha sido submetida ao contraditório. Presentes ambos os requisitos, a prova emprestada terá o 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 78 mesmo valor das demais provas. Ausente qualquer dos requisitos, será considerada como mero indício, tendo o valor de prova não-plena. Contudo, em relaçãoà utilização desta prova no processo administrativo, não se exige a chamada ³identidade de partes´, pois as partes do processo criminal não serão necessariamente as mesmas do processo administrativo. A maior celeuma doutrinária residiu sobre a possibilidade de utilização de interceptações telefônicas como prova emprestada, já que a interceptação telefônica só é admitida para ALGUNS crimes, de maneira que defendeu-se que, se não era possível para todos os crimes, com muito mais razão não poderia ser usada em meros processos administrativos. Embora as interceptações telefônicas só possam ser autorizadas nos casos expressamente previstos, o STF admite que a prova obtida através de uma interceptação lícita (que obedeceu aos requisitos OHJDLV�� SRVVD� VHU� XWLOL]DGD� FRPR� ³SURYD� HPSUHVWDGD´� HP� RXWURV� processos criminais ou até mesmo procedimentos administrativos disciplinares instaurados em face dos mesmos investigados OU DE OUTROS. Vejamos a seguinte decisão do STF, galera: Ementa: HABEAS CORPUS. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO. DESDOBRAMENTO DAS INVESTIGAÇÕES. IDENTIFICAÇÃO, NO CURSO DAS DILIGÊNCIAS, DE POLICIAL MILITAR COMO SUPOSTO AUTOR DO DELITO APURADO. DESLOCAMENTO DA PERSECUÇÃO PARA A JUSTIÇA MILITAR. VALIDADE DA INTERCEPTAÇÃO DEFERIDA PELO JUÍZO ESTADUAL COMUM. ORDEM DENEGADA. 1. Não é ilícita a prova obtida mediante interceptação telefônica autorizada por Juízo competente. O posterior reconhecimento da incompetência do Juízo que deferiu a diligência não implica, necessariamente, a invalidação da prova legalmente produzida. A QmR�VHU�TXH�³R�PRWLYR�GD�LQFRPSHWrQFLD�GHFODUDGD�>IRVVH@�FRQWHPSRUkQHR�GD� GHFLVmR� MXGLFLDO� GH� TXH� VH� FXLGD´� �+&� �������� GD� UHODWRULD� GR� PLQLVWUR� Sepúlveda Pertence). 2. Não há por que impedir que o resultado das diligências encetadas por autoridade judiciária até então competente seja utilizado para auxiliar nas apurações que se destinam a cumprir um poder- 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 78 dever que decola diretamente da Constituição Federal (incisos XXXIX, LIII e LIV do art. 5º, inciso I do art. 129 e art. 144 da CF). Isso, é claro, com as ressalvas da jurisprudência do STF quanto aos limites da chamada prova emprestada 3. Os elementos informativos de uma investigação criminal, ou as provas colhidas no bojo de instrução processual penal, desde que obtidos mediante interceptação telefônica devidamente autorizada por Juízo competente, admitem compartilhamento para fins de instruir procedimento criminal ou mesmo procedimento administrativo disciplinar contra os investigados. Possibilidade jurisprudencial que foi ampliada, na Segunda Questão de Ordem no Inquérito 2.424 (da relatoria do ministro Cezar Peluso), para também autorizar o uso dessas mesmas informações contra outros agentes. 4. Habeas corpus denegado. (HC 102293, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Segunda Turma, julgado em 24/05/2011, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-239 DIVULG 16-12-2011 PUBLIC 19-12-2011) Mais: Se a decisão que determinou a interceptação foi legal, a prova produzida na diligência pode ser utilizada para instruir PAD, ainda que em relação a fatos diversos daqueles que deram causa à interceptação. Esse foi o entendimento firmado pelo STF (Inq. 2424) e pelo STJ: ³������ ��� É de ser reconhecida a legalidade da utilização da interceptação telefônica produzida na ação penal nos autos do processo administrativo disciplinar, ainda que instaurado (a) para apuração de ilícitos administrativos diversos dos delitos objeto do processo criminal; e (b) contra a mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais a prova foi colhida, ou contra outros servidores cujo suposto ilícito tenha vindo à tona em face da interceptação telefônica. 4. Embargos de declaraomR�UHMHLWDGRV�´(EDcl no MS 13.099/DF, Rel. Ministra LAURITA VAZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 25/04/2012, DJe 09/05/2012) Verifica-se, assim, em resumo: x A possibilidade de utilização da prova emprestada no processo administrativo 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 78 x A possibilidade de utilização das interceptações telefônicas como prova emprestada no processo administrativo x A possibilidade de utilização deste tipo de prova (interceptação telefônica) mesmo em relação a fatos ou pessoas diversas daquelas que figuravam no processo criminal que deu azo à interceptação. EXEMPLO: Imagine que o Juiz determine, a pedido do MP, a interceptação das comunicações telefônicas de José, servidor público acusado da prática do delito de peculato. No decorrer das investigações descobre-se, por meio das interceptações, que além do peculato praticado por José, foram praticados os delitos de prevaricação e concussão pelo servidor Marcelo, e de condescendência criminosa pelo servidor Ricardo. Neste caso, será possível utilizar esta prova para instruir eventual processo administrativo disciplinar em face de Ricardo e de Marcelo, já que estas condutas, além de criminosas, também são infrações administrativas. Bons estudos! Prof. Renan Araujo 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 78 QUESTÕES PARA PRATICAR 01 - (TJ-SC ± 2009 ± TJ-SC ± ANALISTA JURÍDICO) Segundo De Plácido e Silva, os ³SULQFtSLRV� MXUtGLFRV�� VHP� G~YLGD�� significam os pontos básicos, que servem de ponto de partida ou de HOHPHQWRV� YLWDLV� GR� SUySULR� 'LUHLWR�� ,QGLFDP� R� DOLFHUFH� GR� 'LUHLWR�´� (Vocabulário Jurídico. 28 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009. p. 1091) Tendo em mira o trecho acima transcrito, mormente os seus conhecimentos sobre a matéria, julgue as proposições a seguir: I. Decorre do princípio da presunção de inocência a imputação do ônus da prova à acusação. II. Em razão do princípio da soberania dos veredictos, não pode o Tribunal reformar a decisão, apenas designar um novo júri. III. O Juiz deve ser previamente designado previamente, por lei, sendo vedado o Tribunal de Exceção, conforme preleciona o princípio do Juiz Natural. IV. De toda alegação fática ou de direito e das provas apresentadas tem o adverso o direito de se manifestar, tendo em vista o que preleciona o princípio do contraditório. A) Todas as proposições estão corretas. B) Todas as proposições estão incorretas. 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 78 C) As proposições II, III e IV estão corretas. D) As proposições I, II e III estão corretas. E) As proposições I, III e IV estão corretas. 02 - (CESPE ± 2008 ± TJ-SE ± JUIZ DE DIREITO) Os princípios constitucionais aplicáveis ao processo penal incluem A) a publicidade. B) a verdade real. C) a identidade física do juiz. D) o favor rei. E) a indisponibilidade. 03 - (FCC ± 2011 ± NOSSA CAIXADESENVOLVIMENTO ± ADVOGADO) A regra que, no processo penal, atribui à acusação, que apresenta a imputação em juízo através de denúncia ou de queixa- crime, o ônus da prova é decorrência do princípio A) do contraditório. B) do devido processo legal. C) do Promotor natural. D) da ampla defesa. 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 78 E) da presunção de inocência. 04 - (MPE-SP ± 2006 ± MPE-SP ± PROMOTOR DE JUSTIÇA) Assinale a afirmação incorreta. A) O direito à ampla defesa abrange a autodefesa B) A retirada do réu da sala de audiência não precisa ser motivada pelo juiz. C) O direito de o réu estar presente à produção da prova testemunhal decorre do direito à autodefesa. D) O direito à autodefesa é renunciável. E) A retirada do réu da sala de audiência, quando sua presença ou atitude possa prejudicar a verdade do depoimento, não viola o direito à autodefesa. 05 - (VUNESP ± 2008 ± DPE-MS ± DEFENSOR PÚBLICO) O princípio da publicidade A) não tem aplicabilidade no direito processual penal brasileiro, visto que não está previsto na Constituição Federal. B) é aquele que garante à imprensa acesso a todas as informações processuais, em nome do interesse público. C) é regra geral no sistema processual do tipo acusatório. 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 78 D) manifesta-se claramente nos atos praticados durante a feitura do inquérito policial, em razão da natureza inquisitiva da referida peça informativa. 06 - (FCC ± 2009 ± MPE-SE ± TÉCNICO DO MP ± ÁREA ADMINISTRATIVA) A condenação de um réu sem defensor viola o princípio A) da oficialidade. B) da publicidade. C) do juiz natural. D) da verdade real. E) do contraditório. 07 - (FCC ± 2009 ± TJ-AP ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± ÁREA JUDICIÁRIA) A Constituição Federal NÃO prevê expressamente o princípio A) da publicidade. B) do duplo grau de jurisdição. C) do contraditório. D) da presunção da inocência. E) do juiz natural. 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 78 08 - (FCC ± 2007 ± MPU ± ANALISTA PROCESSUAL) Dispõe o art. 5º, inciso XXXVII da Constituição da República Federativa do Brasil que "Não haverá juízo ou Tribunal de exceção; inciso LIII ? Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente". Tais disposições consagram o princípio A) da presunção de inocência. B) da ampla defesa. C) do devido processo legal. D) da dignidade. E) do juiz natural. 09 - (FGV ± 2008 ± TJ-MS ± JUIZ DE DIREITO) Relativamente aos princípios processuais penais, é incorreto afirmar que: A) o princípio da presunção de inocência recomenda que em caso de dúvida o réu seja absolvido. B) o princípio da presunção de inocência recomenda que processos criminais em andamento não sejam considerados como maus antecedentes para efeito de fixação de pena. C) os princípios do contraditório e da ampla defesa recomendam que a defesa técnica se manifeste depois da acusação e antes da decisão judicial, seja nas alegações finais escritas, seja nas alegações orais. D) o princípio do juiz natural não impede a atração por continência nos casos em que o co-réu possui foro por prerrogativa de função quando o réu deveria ser julgado por um juiz de direito de primeiro grau. 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 78 E) o princípio da vedação de provas ilícitas não é absoluto, sendo admissível que uma prova ilícita seja utilizada quando é a única disponível para a acusação e o crime imputado seja considerado hediondo. 10 - (VUNESP ± 2013 ± PC-SP ± INVESTIGADOR) Sansão Herculano, brasileiro, médico veterinário, maior de idade, foi preso em flagrante delito e levado à Delegacia de Polícia. Segundo o que estabelece a Constituição Federal, Sansão tem os seguintes direitos: a) a assistência da família e de um advogado, cela especial por ter curso superior e uma ligação telefônica para pessoa por ele indicada. b) ser criminalmente identificado, mesmo se possuir identificação civil, cela especial em razão de ter curso superior e assistência de um advogado. c) avistar-se pessoalmente com o promotor de justiça, entrar em contato com uma pessoa da família ou quem ele indicar e assistência de um advogado ou defensor público. d) relaxamento imediato de sua prisão se ela foi ilegal, permanecer calado e cela especial privativa. e) permanecer calado, identificação dos responsáveis por sua prisão e que o juiz e sua família sejam imediatamente comunicados sobre sua prisão. 11 - (VUNESP ± 2013 ± PC-SP ± AGENTE) Conforme estabelece a Constituição Federal, o preso tem direitos expressamente previstos no Texto Maior, sendo um deles o seguinte: a) de ser identificado criminalmente, mesmo se já identificado civilmente. b) assistência da família. c) sala especial se tiver curso superior. d) liberdade mediante fiança, independentemente do crime que cometeu. 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 44 de 78 e) avistar-se pessoalmente com o Promotor de Justiça. 12 - (MPE-PR ± 2014 ± MPE-PR ± PROMOTOR) É inciso do art. 5º da Constituição Federal, que trata dos direitos e garantias fundamentais, com foco no processo penal, exceto: a) A prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; b) Ninguém será privado de sua liberdade sem decreto da autoridade judiciária competente, salvo em flagrante delito; c) A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; d) Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal; e) A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem. 13 - (IBFC ± 2014 ± PC-RJ ± PAPILOSCOPISTA) A CoQVWLWXLomR� )HGHUDO�� QR� FDStWXOR� ³'RV� 'LUHLWRV� H� GDV� JDUDQWLDV� LQGLYLGXDLV´�UHFRQKHFH�D�LQVWLWXLomR�GR�M~UL�H�DVVHJXUD�H[SUHVVDPHQWH�HP� seu texto: a) A plenitude de defesa. b) O sigilo das votações. c) A soberania dos vereditos. d) A competência para julgamento dos crimes dolosos contra a vida. e) O duplo grau de jurisdição. 40531388093 Direito Penal ʹ CGU (2015) Analista de Finanças e Controle - Correição Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 45 de 78 14 - (FGV ± 2014 ± TJ-GO ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± APOIO JUDICIÁRIO
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