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MODERNIDADE LÍQUIDA 
Modernidade líquida (2000), onde o sociólogo retrata que, em oposição à modernidade sólida temos a modernidade líquida, que é leve, fluida e dinâmica. A título de comparação, o sólido, via de regra, mantémse em sua forma com facilidade, já o líquido está propenso a mudar e adaptar-se devido à sua flexibilidade. “A vida líquida é uma vida precária, vivida em condições de incerteza constante” (BAUMAN, 2005b, p. 8). 
Desta forma, a sociedade líquida é flexível, maleável, fluida e, frente a isso, tem a capacidade de moldar-se de acordo com as infinitas estruturas já existentes ou que poderão vir a existir. Os líquidos, diferentemente dos sólidos, não mantêm sua forma com facilidade [...] Enquanto os sólidos têm dimensões especiais claras, mas neutralizam o impacto e, portanto, diminuem a significação do tempo (resistem efetivamente a seu fluxo ou o tornam irrelevante), os fluidos não se atêm muito a qualquer forma e estão constantemente prontos (e propensos) a mudá-la (BAUMAN, 2005a, p. 8). Em termos de sociedade, esta foi transformada pelo mercado. Ou seja, na sociedade líquida tudo foi reduzido a mercadoria e tem valor de mercado. Inclusive valores da vida, tido como importantes, passam a ter valor na esfera econômica.
A violenta destruição da vida e da propriedade inerente à guerra, o esforço e o alarme contínuos resultantes de um estado de perigo constante, vão compelir as nações mais vinculadas à liberdade a recorrerem, para seu repouso e segurança, a instituições cuja tendência é destruir seus direitos civis e políticos. Para serem mais seguras, elas acabam se dispondo a correr o risco de serem menos livres. Agora essa profecia está se tornando realidade. Uma vez investido sobre o mundo humano, o medo adquire um ímpeto e uma lógica de desenvolvimento próprio e precisa de poucos cuidados e praticamente nenhum investimento adicional para crescer e se espalhar - irrefreavelmente. Nas palavras de David L. Altheide, o principal não é o medo do perigo, mas aquilo no qual esse medo pode se desdobrar o que ele se torna. A vida social se altera quando as pessoas vivem atrás de muros, contratam seguranças, dirigem veículos blindados, portam porretes e revólveres, e frequentam aulas de artes marciais. O problema é que essas atividades reafirmam e ajudam a produzir o senso de desordem que nossas ações buscam evitar. Os medos nos estimulam a assumir uma ação defensiva. Quando isso ocorre, a ação defensiva confere proximidade e tangibilidade ao medo. São nossas respostas que reclassificam as premonições sombrias como realidade diária, dando corpo à palavra. O medo agora se estabeleceu, saturando nossas rotinas cotidianas; praticamente não precisa de outros estímulos exteriores, já que as ações que estimula, dia após dia, fornecem toda a motivação e toda a energia de que ele necessita para se reproduzir. Entre os mecanismos que buscam aproximar-se do modelo de sonhos do moto-perpétuo, a autorreprodução do emaranhado do medo e das ações inspiradas por esse sentimento está perto de reclamar uma posição de destaque. É como se os nossos medos tivessem ganhado a capacidade de se autoperpetuar e se autofortalecer; como se tivessem adquirido um ímpeto próprio - e pudessem continuar crescendo com base unicamente nos seus próprios recursos. 
[...] FONTE: BAUMAN, Zygmunt. Tempos Líquidos. Trad. de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007, p.15.
Podemos dizer que a modernidade líquida é a época atual em que vivemos. É o conjunto de relações e instituições, além de sua lógica de operações, que se impõe e que dá base para a contemporaneidade. É uma época de liquidez, de fluidez, de volatilidade, de incerteza e insegurança. É nesta época que toda a fixidez e todos os referenciais morais da época anterior, denominada pelo autor como modernidade sólida, são retirados de palco para dar espaço à lógica do agora, do consumo, do gozo e da artificialidade.
Antes de Bauman criar o conceito de modernidade líquida, já Marx e Engels caracterizavam a modernidade como o processo histórico que derretia todas as instituições de outras épocas, como a família, a comunidade tradicional (culturalmente peculiar e fechada para forasteiros) e a religião (vide a secularização dos Estados-nação no século XX).O objetivo do derretimento proposto pela modernidade era questionar cada ponto da vida, descartando a irracionalidade e a falta de justificativa plausível que cada objeto de crítica continha, mas mantendo ou realocando no projeto racional e iluminista suas características ainda aproveitáveis.
A destruição da modernidade, portanto, era criativa, na medida em que desenraizava o velho e o enraizava no novo, o colocando em outra gama de relações. É este o mote de Zygmunt Bauman para entender que a configuração atual da modernidade é qualitativamente diferente daquela descrita acima e vigente até a década de 60 (que é tomada como marco simbólico da mudança de época que trataremos aqui). A modernidade líquida, nos dirá Bauman, é o momento em que os referenciais que possibilitavam o desenraizamento e reenraizamento do velho no novo são liquefeitos e, assim, perdidos.
Fragoso complementa, “Na modernidade líquida os indivíduos não possuem mais padrões de referência, nem códigos sociais e culturais que lhes possibilitassem, ao mesmo tempo, construir sua vida e se inserir dentro das condições de classe e cidadão. Chega-se no entender de Bauman a era da comparabilidade universal, onde os indivíduos não possuem mais lugares pré-estabelecidos no mundo onde por sua própria conta e risco para se inserir numa sociedade cada vez mais seletiva econômica e socialmente”.
Niilismo
Niilismo é uma doutrina filosófica que indica um pessimismo e ceticismo extremos perante qualquer situação ou realidade possível. Consiste na negaçãode todos os princípios religiosos, políticos e sociais.
Este conceito teve origem na palavra em latim nihil, que significa "nada". O seu sentido original foi alcançado graças a Friedrich Heinrich Jacobi e Jean Paul. Este conceito foi abordado mais tarde por Nietzsche, que o descreveu como falta de convicção em que se encontra o ser humano após a desvalorização de qualquer crença. Essa desvalorização acaba por culminar na consciência do absurdo e do nada.
O niilismo representa uma atitude crítica em relação às convenções sociais, e o termo aparece pela primeira vez na obra de Turguêniev "Pais e Filhos". Nesta obra literária, um personagem afirma: "Um niilista é um homem que não se curva ante qualquer autoridade; nem aceita nenhum princípio sem exame, qualquer que seja o respeito que esse princípio envolva".
Na Rússia, se aplicou o termo "niilista" ao movimento revolucionário durante a segunda metade do reinado de Alexandre II. Os primeiros niilistas, seguidores das ideias de Pisarev, exigiram que a realização do progresso social só fosse possível a partir de uma reconstrução científica da sociedade.
Desde 1870, alguns seguidores do niilismo adotaram formas de protesto mais radicais, com uma mentalidade coincidente com o movimento anarquista. Apesar disso, nem todos os niilistas faziam parte de grupos revolucionários, ao contrário do que muitas pessoas afirmavam.
Niilismo moral, ético, existencial, político e negativo
O niilismo moral (ou niilismo ético) consiste em um ponto de vista em que nenhuma ação pode ser considera moral ou imoral.
O niilismo existencial significa que a existência do ser humano não tem qualquer sentido ou finalidade e por isso o homem não deve procurar um sentido e um propósito para a sua existência.
O niilismo político tem como fundamento que a destruição de todas as forças políticas, religiosas e sociais, são essenciais para um futuro melhor.
O niilismo negativo, que deu origem a todos os outros, consiste na negação do mundo perceptível aos sentidos, para buscar um mundo ideal, um paraíso. Teve origem graças ao platonismo e Cristianismo.

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