Buscar

MEDICINA LEGAL UFES

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

AMANDA S, DIEGO, GUSTAVO E MONIQUE
Universidade Federal do Espírito Santo
Resumos de Aulas Teóricas
Professora Kátia 
MEDICINA LEGAL, ÉTICA MÉDICA E PSICOLOGIA FORENSE
Gustavo Ribeiro Lima
Colaboradores: Amanda Salomão, Diego Escocard e Monique Fortes
Resumo de Medicina Legal – Primeira Aula 
TANATOLOGIA
A tanatologia é o capítulo da Medicina Legal que estuda a morte e as suas consequências jurídicas. Sendo a MORTE definida como a cessação de todos os fenômenos vitais de modo definitivo, total e permanente (Irreversível), que na medicina é comprovado pela morte encefálica. No entanto, há casos em que este fenômeno é reversível como, por exemplo, em uma parada cardiorrespiratória. 
Em caso de morte o cadáver pode ser enviado a dois serviços: SVO ou DML.
1) SVO – Serviço de Verificação de Óbito 
Verifica o óbito e emite a causa da morte
Deve encaminhá-lo os casos de morte natural sem diagnóstico. Os casos diagnosticados possuem emissão de Declaração de Óbito (DO) na instituição de internação (hospital), não sendo necessário o seu encaminhamento ao SVO. 
Neste serviço trabalham médicos da Secretaria Estadual de Saúde, e não necessariamente peritos forenses. 
Existe aqui no ES, apenas em Vitória. 
Para realização da necropsia é necessário a autorização da família. 
Nos casos em que há falecimento de jovens em domicílio, que não possuem doença prévia, comumente são encaminhados ao SVO. Porém, como não possuem evidências de morte natural ou externa, este serviço encaminha ao DML, posto que esse não necessita da autorização da família para realização da necropsia. 
É um dos serviços autorizados a emitir a DO.
2) DML – Departamento Médico-Legal
Verifica o óbito e emite a causa da morte
Deve encaminha-lo os casos de morte que possuem implicação jurídica, ou seja, mortes de causas externas. 
Neste serviço trabalham médicos peritos com vínculo a Policia Civil
Aqui no ES temos DML em Colatina, Linhares, Cachoeiro de Itapemirim e Vitória
Todo cadáver admitido no DML é submetido à necropsia, não dependendo da autorização da família. Pois o cadáver resultado de morte externa, por lei, pertence ao DML
Em casos de morte hospitalar em que a causa primária é externa e a família não aceita a necropsia, é indicado ao médico (mesmo que saiba o diagnóstico da morte), que se negue a emitir a DO e encaminhe o corpo ao DML. 
É um dos serviços autorizados a emitir a DO.
Existem algumas mortes naturais que possuem nexo causal a causas externas:
Senhor de idade sofre queda no banheiro com fratura de fêmur, é atendido em um hospital e durante a internação apresenta tromboembolia gordurosa que evolui a óbito apesar da causa primária dar morte ser uma tromboembolia gordurosa, esta possui relação com a queda sofrida em casa logo, encaminha-se ao DML Em caso de seguro de vida, a família receberá o valor referente a uma morte por causa externa e não por morte natural. 
Paciente vítima de acidente automobilístico com trauma cervical grave, resultando em paraplegia, e que mesmo depois de alguns anos, devido à imobilização em leito adquire uma infecção que evolui para sepse e depois óbito enviar ao DML morte por causa externa e este provavelmente terá direito ao Seguro DPVAT. 
Indivíduos mortos, mas com pendências com a justiça, mesmo que por causa natural, deve ser enviado ao DML para averiguação. 
Nos casos em que há morte por broncoaspiração em ambiente hospitalar, tem-se esta como morte natural e o serviço hospitalar emite a DO. Em contrapartida, casos de broncoaspiração em ambiente domiciliar, a causa da morte é tida como externa e o corpo encaminhado ao DML. 
O médico possui FÉ PÚBLICA e pode se portar ao serviço, e comunicar uma morte externa domiciliar e emitir a DO no DML (ex.: quando um de seus familiares falece em casa). O médico inclusive pode ser contratado para verificar a morte em domicílio, emitir a DO, recebendo pelos serviços prestados (muito raro hoje em dia). 
 3) Aspectos Jurídicos da Morte
Morte Natural = patológica e etária.
Morte Violenta = suicídio, homicídio ou acidente.
Morte Suspeita = sem evidências ou imprevista ou simuladamente acontecida.
Morte Agônica (previsível e esperada) = culmina da evolução de uma doença ou de um grave estado pós-traumático, sempre dentro do prognóstico do médico. 
Morte Súbita (inesperada ou imprevista) = a pessoa morta apresentava boa saúde, mas, na maioria dos casos, já era portadora de qualquer doença potencialmente fatal e inesperadamente falece. 
4) Tanatognose 
É o diagnostico da morte
Momento da morte
Parada cardiorrespiratória irreversível 
Morte cerebral ou encefálica
Lei nº 8489/94 – lei dos transplantes e retiradas de órgãos para fins terapêuticos ou científicos. 
Lei nº 9434/97 – art. 4º: caracterização do doador presumido
Lei nº 10.211/01 – Altera a Lei nº 9434/97 e condiciona a retirada de órgãos à autorização do cônjuge ou parente de maior idade na sucessória reta ou colateral. 
 
5) Artigo 162 do Código Penal 
A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo o que declararão nos autos. 
6) Cronotanatognose
É o diagnóstico do tempo da morte (também chamado de realidade da morte) pela observação das evidências ou dos sinais abióticos ou não vitais positivos: 
Sinais recentes ou imediatos 
Sinais mediatos ou consecutivos 
Sinais tardios ou transformativos 
Destrutivos 
Conservativos 
A) Sinais Recentes ou Imediatos 
Aspecto do corpo: fácies hipocrática (cadavérica)
Perda da consciência 
Perda da sensibilidade
Imobilidade – perda do tônus muscular
Arreflexia – relaxamento dos esfíncteres (dilatador das pupilas, abertura dos olhos, queda do maxilar inferior, eliminação de fezes e urina)
Parada cardíaca (da circulação)
Parada respiratória – cessação da respiração (prova da vela, prova do espelho) 
Silêncio de aparelhos
Eletrocardiograma
Eletroencefalograma – cassação de atividade cerebral
Fenômenos oculares 
Opacificação do cristalino
Pálpebras semicerradas
Midríase 
Mancha na esclerótica (Sinal de Sommer e Larcher)
B) Sinais Mediatos ou Consecutivos 
Desidratação 
Cutânea e do globo ocular 
Diminuição do volume com consequente “crescimento”/evidenciamento de unhas e pêlos
Decréscimo de massa (peso)
Pergaminhamento da pele
Dessecamento das mucosas dos lábios 
Resfriamento do corpo 
Lento nas 3 primeiras horas (0,5ºC/hora)
Rápido nas 6 horas seguintes (1ºC ou +/hora)
Nas ultimas horas volta a ser lento
Se o ambiente estiver quente, em lugar do resfriamento, poderá se dar o aquecimento do cadáver, já que a sua temperatura tende a se igualar a do ambiente. 
Rigidez cadavérica
A partir da terceira hora 
Inicia-se pela pálpebra e maxilar inferior, seguindo-se a nuca e membros superiores e, por último, inferiores
Pode durar de 1 a 2 dias para depois desaparecer na mesma ordem em que apareceu 
Espasmo cadavérico (morte violenta)
Livores ou Hipóstases (depósitos ou sedimento de matéria orgânica) 
Nas áreas de decúbito, respeitando as áreas de contato, pressão ou dobras (vísceras ou cutâneos) 
Inicio: imediato. Evidente: 2 a 3 horas. Fixação: 6 a 8 horas. 
Mancha verde abdominal
Sinal de início de putrefação, evidente 16 a 18 horas e decorrente de ação microbiana. 
Mais precoce nos idosos, fetos e afogados (no tórax) 
FENÔMENOS ABIÓTICOS CONSECUTIVOS
Livor mortis ou machas de hipóstases ou livor cadavérico 
Algor mortis ou esfriamento cadavérico 
Rigor mortis ou rigidez cadavérica 
LAR – livor, algor e rigor TRÍADE DA MORTE
C) Sinais Tardios Destrutivos 
Autólise = é a destruição do corpo pela liquefação ácida, intra e extracelular
Putrefação = é o sinal mais comum e apresenta 4 fases:
Cromática: tonalidade escurecida da pele (20 h) com cheiro característico (transformação da hemoglobina). O cadáver adquire tonalidade verde enegrecida, que lhe é conferida, entre 20 e 24h após óbito, pela sulfemetahemoglobina (resultante da combinação
do hidrogênio sulfurado com hemoglobina). A atividade bacteriana de natureza putrefativa no ceco desenvolve o gás sulfídrico. O enxofre combina com a hemoglobina para formar um pigmento verde, a sulfemoglobina. 
Gasosa (expansiva): 2º ao 8º dia.
Aumento do volume do corpo – Efisema cutâneo
Circulação Póstuma de Brouardel – desenhos produzidos pelos vasos sanguíneos subcutâneos preenchidos por sulfahemoglobina e hematina
Flictenas (pequena pústula em forma de vesícula)
Eliminação de gases 
Aspecto gigantesco e deformado (posição de lutador)
Coliquativo: dissolução pútrida com liquefação de vísceras e dos tecidos moles. Desidratação e enrugamento (2 a 3 meses).
Esqueletização: pela ação da fauna e do meio ambiente com destruição dos tecidos, restando apenas esqueleto, cabelos e dentes (3anos). 
FAUNA CADAVÉRICA
Quando o cadáver permanece insepulto e abandonado sobre o solo por razoável tempo, nele se instalam pequenos animais (principalmente insetos) denominados como fauna cadavérica. Existe uma certa ordem de instalação destes animais: 
Moscas comuns 
Moscas verdes 
Coleópteros, lepidópteros, etc. 
O estudo da fauna cadavérica pode ser importante para a cronotanatognose, pois o aparecimento de determinados insetos está relacionado ao tempo de morte.
Maceração = em ambientes úmidos e quentes 
Destruição em meio líquido 
Comum em fetos e nos afogados com formação de bolhas de conteúdo líquido e pardacento 
Observa-se no cadáver o destacamento de amplos retalhos e de tegumentos cutâneos
O corpo perde a consistência inicial, o ventre se achata e os ossos se livram dos tecidos, ficando como se estivessem soltos. 
D) Sinais Tardios Conservativos
Mumificação = processo pelo qual qualquer cadáver cujos tecidos moles, em vez de se decomporem pela putrefação, endurecem pela dessecação. 
Natural: desidratação e secamento do corpo e da pele provocados pela ventilação, pela alta temperatura do solo ou local de sepultamento. 
Artificial: requer processo especializado – formolização e embalsamamento. 
Calcificação = petrificação ou calcificação: ocorre nos fetos mortos e retidos na cavidade uterina (litopédios = criança de pedra)
Corificação = fenômeno muito raro: cadáveres inumados em urnas metálicas (zinco) têm o corpo preservado da decomposição pela inibição dos fatores transformativos. 
Congelação = um cadáver submetido a baixíssima temperatura e por tempo prolongado pode se conservar integralmente por muito tempo. 
7) Homicídio 
Art. 121. Matar Alguém: ...
Homicídio Qualificado 
Par.2. Se o homicídio é cometido: 
III – com o emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum. 
8) Laudo cadavérico 
Quesitos do laudo cadavérico 
Houve morte
Qual a causa da morte
Qual o instrumento ou meio que causou a morte 
Se foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou tortura por meio insidioso ou cruel (resposta especificada). 
9) Doação de Órgãos e Cadáver 
Após morte cerebral
Tem que haver circulação/respiração por meio de aparelhos, exceto para retirada de rins (30 min), córneas e ossos (6h). 
Quem autoriza e firma em documento?
É proibida a comercialização de órgãos e tecidos humanos 
Doador vivo: rim, parte do fígado, medula óssea. 
Podem ser doados: pulmões, coração, fígado, rins, pâncreas, córneas, pele, válvulas cardíacas, veia safena, ossos, etc. 
Cadáveres de morte externa 
Pode doar órgãos 
Não pode ser doado para Instituição de Ensino
Cremação só com liberação judicial, após inquérito do DML. 
Cadáveres não reconhecidos no SVO são encaminhados ao DML, que podem seguir dois destinos: sepultamento ou doação para Instituição de Ensino. Porém há regras para doação:
O cadáver tem que estar a três meses sem reconhecimento 
Toda a coleta de material para analise forense deve ter sido feita
Registro por foto
Na instituição deve ficar um ano formolizado sem poder ser usado (um prazo em que a família pode procurar) 
10) Destino do Cadáver 
Inumação com ou sem necropsia 
Imersão 
CONSIDERAÇÕES 
Alguns corpos podem estar em áreas de declive, causando a drenagem de sangue para regiões mais declinadas, o que acarreta maior putrefação destas áreas. Em casos de asfixia o aporte sanguíneo é maior na região da cabeça, que possui estágio de putrefação mais avançado que o resto do corpo. 
Em mulheres, é obrigatória a abertura do útero na necropsia 
Em casos de asfixia é obrigatória a coleta de material do leito subungueal, pois a vitima para se defender muitas das vezes usa as unhas, conseguindo coletar material biológico do assassino. 
A fase gasosa da putrefação é a de maior odor. 
Se houver essas lesões no cadáver, provavelmente foram provocadas em vida 
Sinais de vitalização
Dor, calor e rubor
Equimose, hematoma, trombo em vaso 
Aspiração de corpo estranho (fuligem, carvão, etc)
Bolha de queimadura (região epidérmica avermelhada após retirada da bolha, líquido amarelado. Diferente do flictena, que o rompimento da bolha produz apenas fedor) 
Fratura de base de crânio = retirar dura-máter para identificar possíveis coágulos. 
Resumo de Medicina Legal – Segunda Aula
Declaração de Óbita (DO)
A Declaração de Óbito é o documento-base do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM/MS). É composta de três vias auto-copiativas, pré-enumeradas sequencialmente, fornecida pelo Ministério da Saúde e distribuída pelas Secretarias Estaduais e Municipais de saúde conforme fluxo padronizado para todo o país.
É necessário ter ciência de algumas coisas sobre a DO:
Não é de exclusividade de preenchimento médico 
Em localidades em que não há médico, a DO pode ser preenchida por duas pessoas idôneas da comunidade, indicadas por alguma autoridade judicial e lavrada em cartório. 
A DO pode ser solicitada por um médico na Secretaria de Saúde municipal, caso não haja serviço de verificação de óbito no município. 
A Secretaria Estadual de Saúde é quem distribui os lotes de DO para as secretarias municipais, serviços de saúde e instituições de verificação de óbito, todas devidamente apresentando número de série. 
DO de determinadas instituições de internação, só podem ser assinadas por médicos do serviço. 
Para que servem os dados de óbitos 
Além da sua função legal, os dados de óbitos são utilizados para conhecer a situação de saúde da população e gerar ações visando a sua melhoria. Para tanto, devem ser fidedignos e refletir a realidade. As estatísticas de mortalidade são produzidas com base na DO emitida pelo médico.
O papel do médico 
O médico tem responsabilidade ética e jurídica pelo preenchimento e pela assinatura da DO, assim como pelas informações registradas em todos os campos deste documento. Deve, portanto, revisar o documento antes de assiná-lo.
O que o médico deve fazer
Preencher os dados de identificação com base em um documento da pessoa falecida. Na ausência de documento, caberá à autoridade policial proceder o reconhecimento do cadáver.
Registrar os dados na DO, sempre, com letra legível e sem abreviações ou rasuras.
Registrar as causas da morte, obedecendo ao disposto nas regras internacionais, anotando, preferencialmente, apenas um diagnóstico por linha e o tempo aproximado entre o início da doença e a morte.
Revisar se todos os campos estão preenchidos corretamente antes de assinar.
OBS: Caso ocorra o óbito em uma cidade que não tenha SVO/DML e que não haja possibilidade de transferir o corpo para uma localidade que os tenha, o médico que se responsabilizar pela emissão da DO, deve preencher a causa morte como INDETERMINADA. 
Em caso de morte domiciliar o médico contratado para verificação do óbito NÃO deverá cobrar pela emissão do óbito, mas pode cobrar a consulta domiciliar. 
O que o médico não deve fazer
Assinar a DO em branco.
Preencher a DO sem, pessoalmente, examinar o corpo e constatar a morte.
Utilizar termos vagos para o registro das causas de morte, como parada cardíaca, parada cardiorrespiratória
ou falência de múltiplos órgãos.
Cobrar pela emissão da DO.
Nota: O ato médico de examinar e constatar o óbito poderá ser cobrado desde que se trate de paciente particular a quem não vinha prestando assistência.
Em que situação deve-se emitir a DO
Em todos os óbitos (natural ou violento).
Quando a criança nascer viva e morrer logo após o nascimento, independentemente da duração da gestação, do peso do recém-nascido e do tempo que tenha permanecido vivo.
No óbito fetal, se a gestação teve duração igual ou superior a 20 semanas, ou o feto com peso igual ou superior a 500 gramas, ou estatura igual ou superior a 25 centímetros.
Em que situação não emitir a DO
No óbito fetal, com gestação de menos de 20 semanas, ou feto com peso menor que 500 gramas, ou estatura menor que 25 centímetros.
Nota: A legislação atualmente existente permite que, na prática, a emissão da DO seja facultativa para os casos em que a família queira realizar o sepultamento do produto de concepção.
Peças anatômicas amputadas - Para peças anatômicas retiradas por ato cirúrgico ou de membros amputados. Nesses casos, o médico elaborará um relatório em papel timbrado do hospital descrevendo o procedimento realizado. Esse documento será levado ao cemitério, caso o destino da peça venha a ser o sepultamento.
OBS: Em caso de aborto domiciliar a mulher deverá ser encaminhada imediatamente a um serviço hospitalar e se necessário, de lá, encaminhada ao DML para verificar se o aborto foi espontâneo ou provocado. 
OBS: Em localidades do interior e sem DML, em casos de morte por causas externas, comumente uma autoridade policial ou judicial delega a um médico a função de perito legista eventual (ad hoc) de acordo com os seus interesses pessoais, de forma a conduzir a investigação e obter os resultados desejados. 
Preenchimento da DO
A DO é composta por nove blocos de informações de preenchimento obrigatório, a saber:
I. É a parte da DO preenchida exclusivamente pelo Cartório de Registro Civil.
II. Identificação do falecido: o médico deve dar especial atenção a esse bloco, dada a importância jurídica do documento.
III. Residência: endereço habitual.
IV. Local de ocorrência do óbito.
V. Específico para óbitos fetais e de menores de um ano: são dados extremamente importantes para estudos da saúde materno-infantil.
VI. Condições e causas do óbito: destacam-se os diagnósticos que levaram à morte, ou contribuíram para a mesma, ou estiveram presentes no momento do óbito. Dar especial atenção a óbitos de mulheres em idade fértil ao preencher os campos respectivos, visando estudos sobre mortalidade materna.
VII. Os dados do médico que assinou a DO são importantes e devem ser preenchidos de maneira legível, pois trata-se de documento oficial, cujo responsável é o médico. Para elucidação de dúvidas sobre informações prestadas, o médico poderá ser contatado pelos órgãos competentes.
VIII. Causas externas: os campos deverão ser preenchidos sempre que se tratar de morte decorrente de lesões causadas por homicídios, suicídios, acidentes ou mortes suspeitas.
IX. A ser utilizado em localidade onde não exista médico, quando, então, o registro oficial do óbito será feito por duas testemunhas.
Bloco I - Cartório
Este bloco se destina a colher informações sobre o cartório do registro civil onde foi registrado o falecimento. O preenchimento deste bloco é de exclusividade do Oficial do Registro Civil.
- Campo 1 – Cartório: colocar o nome do cartório.
Código: o código referente ao cartório será preenchido pelo setor responsável pelo processamento.
- Campo 2 – Registro: anotar o número que foi dado ao registro.
- Campo 3 – Data: anotar a data em que foi efetuado o registro.
O ano deve conter quatro algarismos.
- Campo 4 – Município: colocar o nome do município onde se localiza o cartório.
- Campo 5 – UF: colocar a sigla da unidade da federação onde se localiza o cartório.
- Campo 6 – Cemitério: colocar o nome do cemitério onde será feito o sepultamento.
Bloco II – Identificação
Este bloco se destina a colher informações gerais sobre a identidade do falecido e dos pais, em caso de óbito fetal ou de menor de um ano.
	
- Campo 7 – Tipo de Óbito: colocar um x na quadrícula correspondente ao tipo de óbito, se fetal ou não.
- Campo 8 – Óbito: destina-se a colher informações sobre o momento temporal de ocorrência do evento.
Data: anotar a data em que ocorreu o óbito. O ano deverá conter quatro algarismos.
Hora: anotar a hora em que ocorreu o óbito. Este dado é de importância para o cartório.
- Campo 9 – RIC: este campo foi criado prevendo a utilização do registro de identificação civil, número único para cada cidadão, de acordo com a Lei nº 9.454, de 07/04/1997 (3). Deve-se passar um traço neste campo nos estados onde o RIC não tiver ainda sido implantado.
- Campo 10 – Naturalidade: colocar o nome do município de onde era natural o falecido, com a sigla da respectiva unidade da federação. Em caso de desconhecimento do município, colocar a sigla do estado. Em caso de estrangeiros, anotar o país de origem. Se a naturalidade não for conhecida, colocar um traço (-).
- Campo 11 – Nome do Falecido: anotar o nome completo do falecido.
- Campo 12 – Nome do Pai: anotar o nome completo do pai do falecido, principalmente em caso de óbito fetal ou de menor de um ano de idade.
- Campo 13 – Nome da Mãe: anotar o nome completo da mãe do falecido, principalmente em caso de óbito fetal ou de menor de um ano de idade.
- Campo 14 - Data de Nascimento: anotar a data de nascimento do falecido. O ano deverá conter quatro algarismos.
- Campo 15 – Idade: Colocar a idade do falecido, como a seguir:
Anos Completos: colocar a idade do falecido em anos completos, quando for igual ou maior que um ano, ou quando a idade presumida estiver dentro destes limites;
Menores de um ano: quando a idade do falecido for menor que um ano, este campo deverá ser preenchido do seguinte modo:
até um ano: colocar o número de meses completos de vida, se a criança tiver morrido com mais de um mês e menos de doze meses;
até um mês: colocar o número de dias de vida, no caso em que a criança tenha morrido com mais de um dia e menos de trinta dias;
até um dia: colocar o número de horas de vida, se a criança tiver morrido com mais de uma hora e menos de vinte e quatro horas;
até uma hora: colocar, se possível, o número de minutos de vida, se a criança tiver morrido com menos de sessenta minutos
- Campo 16 – Sexo: assinalar com um x a quadrícula correspondente ao tipo de sexo: M se masculino, F se feminino e I se ignorado, que só deverá ser preenchido em casos especiais, quando for de todo impossível o conhecimento do sexo. 
- Campo 17 - Raça/Cor: assinalar a quadrícula correspondente com um x. Lembrar que esta variável não admite a alternativa Ignorada. Em caso de o óbito ser de indígena, marcar a quadrícula 5 e anotar à parte a etnia correspondente. Esta variável não se aplica a óbito fetal.
- Campo 18 – Estado Civil: assinalar com um x a quadrícula correspondente ao estado civil do falecido. Não deve ser preenchida em caso de óbito fetal.
- Campo 19 – Escolaridade: este campo não deve ser preenchido em caso de óbito fetal. A quadrícula correspondente ao grau de escolaridade do falecido deverá ser assinalada com um x, lembrando que este campo se refere ao número de anos de estudos concluídos com aprovação:
Nenhuma: não sabe ler e escrever;
de um a três anos: curso de alfabetização de adultos, primário ou elementar, primeiro grau ou fundamental;
de quatro a sete anos: primário ou elementar, primeiro grau, ginásio, fundamental ou médio primeiro ciclo;
de oito a 11 anos: primeiro grau ou fundamental, ginasial ou médio primeiro ciclo, segundo grau, colegial ou médio segundo ciclo;
12 e mais: segundo grau, colegial ou médio segundo ciclo e superior;
9. Ignorado: se não houver como saber a escolaridade.
- Campo 20 - Ocupação Habitual e Ramo de Atividade: este campo não deve ser preenchido para óbitos fetais nem para crianças com menos
de cinco anos de idade. Ocupação habitual é o tipo de trabalho que o falecido desenvolveu na maior parte de sua vida produtiva. A informação deve ser detalhada, de modo a permitir uma boa classificação. Não preencher com ocupações vagas, como vendedor, operário, etc, mas com o complemento da ocupação: vendedor de automóveis, operário têxtil, etc. 
No caso de o falecido ser aposentado, deve ser colocada a ocupaçãohabitual anterior. Anotar estudante se o falecido, por ocasião do óbito, apenas estudava e não desenvolvia nenhuma atividade regularmente remunerada. 
O código correspondente à ocupação será preenchido no setor responsável pelo processamento dos dados.
Bloco III – Residência
Este bloco foi desmembrado do Bloco Identificação dos modelos anteriores, por questões operacionais, embora esta variável faça parte do conjunto de identificação do falecido.
- Campo 21 – Logradouro: anotar o endereço completo, com número e complemento. O código correspondente será preenchido no setor responsável pelo processamento dos dados.
- Campo 22 – CEP: este campo se refere ao Código de Endereçamento Postal, conforme consta do Guia Postal Brasileiro, editado pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.
- Campo 23 - Bairro/Distrito: anotar o bairro ou distrito do logradouro. O código correspondente será preenchido pelo setor responsável pelo processamento dos dados.
- Campo 24 - Município de Residência: colocar o nome do município onde residia habitualmente o falecido. Em caso de óbito fetal, considerar o município de residência da mãe. O código correspondente será preenchido no setor responsável pelo processamento dos dados, utilizando o padrão do IBGE.
- Campo 25 – UF: anotar a sigla da unidade da federação correspondente.
Bloco IV – Ocorrência
Este bloco foi desmembrado do Bloco de Identificação, dos modelos anteriores. Destina-se a colher informações sobre o local (área física e não geográfica) onde ocorreu o óbito.
- Campo 26 - Local de Ocorrência do Óbito: É indispensável assinalar com um x a quadrícula correspondente:
1 - Hospital: se o óbito ocorreu em um estabelecimento de saúde que tem por finalidade básica prestar assistência médica, em regime de internação, possuindo leitos e instalações apropriadas com assistência médica permanente de pelo menos um médico (4).
2 - Outros Estabelecimentos de Saúde: se o óbito ocorreu em outros estabelecimentos que prestam atenção à saúde coletiva ou individual, que não sejam hospitais, como, por exemplo, postos e centros de saúde;
3 - Domicílio: se o óbito ocorreu em um domicílio;
4 - Via Pública: se o óbito ocorreu em uma via pública;
5 - Outros: se o óbito não ocorreu em um estabelecimento de saúde, nem em domicílio ou em via pública;
9 - Ignorado: se não houver como saber onde ocorreu o óbito.
- Campo 27 – Estabelecimento: este campo se refere ao nome do estabelecimento de saúde onde ocorreu o óbito, devendo ser preenchido apenas quando a informação prestada no campo 26 (local de ocorrência) tiver sido a alternativa 1- Hospital ou 2 - Outros Estabelecimentos de Saúde.
O código para o estabelecimento será preenchido pelo setor responsável pelo processamento dos dados, segundo o respectivo cadastro.
- Campo 28 - Endereço da Ocorrência: preencher com o endereço completo. Este campo deverá ser preenchido quando o óbito tiver ocorrido fora de um estabelecimento de saúde ou da residência do falecido, principalmente quando a informação prestada no campo 26 (Local de Ocorrência) tiver sido a alternativa 4 - Via Pública ou 5 - Outros.
- Campo 29 – CEP: este campo se refere ao Código de Endereçamento Postal, conforme consta do Guia Postal Brasileiro, editado pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.
- Campo 30 - Bairro/Distrito: anotar o bairro ou distrito do logradouro. 
O código correspondente será preenchido no setor responsável pelo processamento dos dados.
- Campo 31 - Município de Ocorrência: colocar o nome do município onde ocorreu o óbito.
O código corresponde ao do IBGE e será colocado no setor responsável pelo processamento dos dados.
- Campo 32 – UF: anotar a sigla do estado correspondente ao município onde ocorreu o óbito.
Bloco V - Óbito Fetal ou Menor de um Ano
Este bloco se destina a colher informações sobre a mãe, no que se refere à idade, grau de escolaridade, ocupação, gestação, tipo de parto e peso do filho ao nascer. Deve ser obrigatoriamente preenchido em casos de óbito fetal ou óbito em menor de um ano.
1) Informações sobre a mãe
- Campo 33 – Idade: colocar a idade da mãe, em anos.
- Campo 34 – Escolaridade: a quadrícula correspondente ao grau de escolaridade da mãe deverá ser assinalada com um x, lembrando que este campo se refere ao número de anos de estudos concluídos com aprovação:
1 - Nenhuma: não sabe ler e escrever;
2 - de um a três anos: curso de alfabetização de adultos, primário ou elementar, primeiro grau ou fundamental;
3 - de quatro a sete anos: primário ou elementar, primeiro grau, fundamental, ginásio ou médio primeiro ciclo;
4 - de oito a 11 anos: primeiro grau, fundamental, ginasial ou médio primeiro ciclo, segundo grau, colegial ou médio segundo ciclo;
5 - 12 e mais: segundo grau, colegial ou médio segundo ciclo e superior;
9 - Ignorado: se não houver como saber a escolaridade.
- Campo 35 - Ocupação e Ramo de Atividade da Mãe: este campo se refere ao tipo de trabalho desenvolvido pela mãe. A informação deve ser detalhada de modo a permitir uma boa classificação.
No caso de a mãe ser aposentada, deve ser colocada a ocupação habitual anterior. Anotar estudante, se a mãe apenas estudar, sem desenvolver nenhuma atividade remunerada.
O código correspondente à ocupação será preenchido no setor responsável pelo processamento dos dados.
- Campo 36 - Número de Filhos Tidos: destina-se a informações sobre o número de filhos tidos, quer vivos, quer mortos, inclusive abortamentos. Esta variável deverá ser preenchida com dois algarismos para cada tipo. Se não houver informação a respeito, colocar 99. Lembrar que esta variável inclui o nascido morto a que se referir a Declaração.
- Campo 37 - Duração da Gestação: assinalar com um x a quadrícula correspondente à duração da gestação, expressa em semanas.
- Campo 38 - Tipo de Gravidez: assinalar com um x a quadrícula correspondente ao tipo de gravidez. Cada alternativa se refere ao número de conceptos para cada tipo, isto é, um feto, dois,
três ou mais.
- Campo 39 - Tipo de Parto: o tipo de parto deverá ser informado com a colocação de um x na quadrícula correspondente. A alternativa “Vaginal” inclui todos os partos por via baixa, incluindo
fórceps e vácuo-extrator.
- Campo 40 - Morte em Relação ao Parto: assinalar com um x a quadrícula correspondente ao óbito em relação ao parto, isto é, se ocorreu antes, durante ou depois. 
- Campo 41 - Peso ao Nascer: anotar o peso em gramas (quatro algarismos).
- Campo 42 - Número da Declaração de Nascido Vivo: anotar o número da Declaração de Nascido Vivo (DN).
Bloco VI – Condições e Causas do Óbito
Este bloco se destina a qualificar as condições e causas que provocaram o óbito. Contempla o modelo internacional de Atestado de Óbito adotado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), desde 1948. O preenchimento deste bloco é de responsabilidade exclusiva do médico e deverá ser preenchido para qualquer tipo de óbito, fetal ou não fetal.
1) Óbitos em Mulheres
Os campos 43 e 44 devem ser preenchidos somente para os casos de óbitos em mulheres na idade considerada fértil, adotada a faixa de 10 a 54 anos.
Campo 43 - A Morte ocorreu durante a Gravidez, Parto ou
Aborto?: neste campo, informar com um x, na quadrícula correspondente, se o óbito ocorreu durante a gravidez, parto ou aborto.
A resposta Sim se aplica tanto à gravidez quanto ao parto ou aborto.
- Campo 44 - A Morte ocorreu durante o Puerpério?: assinalar com um x a quadrícula correspondente, do seguinte modo:
1 - Sim, até 42 dias: se o óbito ocorreu durante os primeiros 42 dias do puerpério;
2 - Sim, de 43
dias a um ano: se o óbito ocorreu entre o 43º e o 365º dia do puerpério;
3 - Não: se a morte não teve relação com os períodos acima;
9 - Ignorado: se a informação não puder ser conseguida.
Campo 45 - Recebeu Assistência Médica durante a Doença
que ocasionou a Morte?: assinalar com um x a quadrícula correspondente à alternativa escolhida. Este campo deve ser preenchido com cuidado: a resposta Sim significa que o falecido, durante a doença que ocasionou a morte, teve uma assistência médica todo o tempo; a resposta Não significa que o falecido não teve assistência médica continuada, talvez tendo apenas por ocasião do óbito.
2) Diagnóstico confirmado por:
Este campo se destina a colher informações subsidiárias ao diagnóstico, para uma melhor confirmação do mesmo. Marcar com um x a quadrícula correspondente à resposta, em cada um dos três campos abaixo (46, 47 e 48):
- Campo 46 - Exame Complementar?:
- Campo 47 - Cirurgia?:
- Campo 48 - Necrópsia?:
- Campo 49 - Causas da Morte: o correto preenchimento deste campo fornece valiosa informação para a construção do perfil epidemiológico da população para as três instâncias: federal, estadual e municipal. 
A causa básica é definida como a doença ou lesão que iniciou a cadeia de acontecimentos patológicos que conduziram diretamente à morte, ou as circunstâncias do acidente ou violência que produziram a lesão fatal.
As causas da morte são preenchidas pelo médico e posteriormente recebem um código segundo a CID-10(6). As áreas sombreadas em frente a cada alínea não devem ser preenchidas pelo médico, mas por técnicos do setor de processamento de dados, mais especificamente pelos codificadores. Não
devem ser incluídos sintomas e causas terminais, como insuficiência cardíaca ou insuficiência respiratória.
Parte I:
Tradicionalmente, as estatísticas de mortalidade segundo causas de morte são produzidas atribuindo-se ao óbito uma só causa, chamada causa básica, definida anteriormente. A causa básica, em vista de recomendação internacional, tem que ser declarada na última linha da parte I, enquanto que as causas consequenciais, caso haja, deverão ser declaradas nas linhas anteriores. É fundamental que, na última linha, o médico declare corretamente a causa básica, para que se tenha dados confiáveis e comparáveis sobre mortalidade segundo a causa básica ou primária, de forma a permitir que se trace o perfil epidemiológico da população. Nos casos de óbitos fetais, não se deve anotar o termo “natimorto”, mas sim a causa ou causas do óbito fetal.
Parte II:
Nesta parte deve ser registrada qualquer doença ou lesão que, a juízo médico, tenha influído desfavoravelmente, contribuindo assim para a morte, não estando relacionada com o estado patológico que conduziu diretamente ao óbito. As causas registradas nesta parte são denominadas causas contribuintes.
Tempo aproximado entre o início da doença e a morte: este espaço deverá sempre ser preenchido. O que se pretende é estabelecer o tempo aproximado entre o início do processo mórbido e a morte, embora isto nem sempre seja possível, como nos casos de doenças crônicas ou degenerativas. Quando este tempo não puder ser estabelecido, anotar Ignorado.
OBS: Nem sempre haverá preenchimento total das lacunas das condições e causas do óbito, podendo assim, algumas permanecerem em branco. Exemplo: 
Paciente tinha febre tifoide e apresentou perfuração intestinal, falecendo em consequência de peritonite. Neste caso, a causa básica é febre tifoide e as complicações, ou causas consequenciais, são a perfuração intestinal e a peritonite. Esta última é chamada consequencial terminal ou simplesmente causa terminal. O atestado deverá ser preenchido da seguinte maneira:
Bloco VII – Médico
Este bloco se destina a colher informações básicas sobre o médico que assina a Declaração de Óbito (DO).
- Campo 50 - Nome do médico: anotar o nome completo do médico, que assina (Campo 55) a Declaração de Óbito (DO).
- Campo 51 – CRM: anotar o número de inscrição do médico atestante no Conselho Regional de Medicina da unidade da federação.
- Campo 52 - O médico que assina atendeu ao falecido?: este campo se refere à condição do médico atestante e deve ser preenchido com um x na quadrícula apropriada, considerando se o seguinte:
1. Sim: quando o médico que assina a Declaração tiver efetivamente atendido ao paciente durante a doença que ocasionou o óbito, ou à mãe, em caso de óbito fetal;
2. Substituto: quando o médico que assina a DO for plantonista, residente, chefe de equipe, etc. que não tenha acompanhado o falecido durante a doença, mas apenas por ocasião da morte;
3. I M L: quando o médico que assina a DO pertencer ao Instituto Médico-Legal;
4. S V O: quando o médico que assina a DO pertencer ao Serviço de Verificação de Óbitos;
5. Outros: quando o médico que assina a DO não atendeu ao falecido durante a doença ou por ocasião da morte, ou à mãe, em caso de óbito fetal, ou os casos que não estão enquadrados nas categorias anteriores.
- Campo 53 - Meio de Contato: neste campo deverá ser anotado o meio mais fácil de se entrar em contato com o médico que assinou a Declaração de Óbito, tal como telefone, fac-símile, email ou outro qualquer.
- Campo 54 - Data do Atestado: colocar a data em que o atestado foi assinado, com o ano com quatro algarismos.
- Campo 55 - Assinatura: espaço destinado à assinatura do médico atestante.
Bloco VIII - Causas Externas
1) Prováveis Circunstâncias de Morte não natural (informações de caráter estritamente epidemiológico)
Este bloco se refere às causas externas de óbito (nos modelos anteriores era o Bloco VI). As informações relativas às mortes violentas e acidentais (não naturais) são de grande importância epidemiológica e são um complemento ao Bloco VI - Condições e Causas do Óbito. Correspondem ao Capítulo XX da CID-10 - Causas Externas de Morbidade e de Mortalidade (6).
- Campo 56 – Tipo: assinalar com um x a quadrícula correspondente ao tipo de morte violenta ou a circunstância em que se deu a morte não natural. As alternativas são: Acidente, Suicídio, Homicídio, Outros e Ignorado, que, no Capítulo XX da CID-10(6), são classificados do seguinte modo:
1. Acidentes: V01 a X59;
2. Suicídios: denominados “Lesões autoprovocadas voluntariamente” - X60 a X84;
3. Homicídios: denominados simplesmente “Agressões” - X85 a Y09;
4. Outros: abrange o restante do Capítulo XX, cujos diagnósticos não se enquadram em nenhum dos anteriores.
- Campo 57 - Acidente de Trabalho: assinalar com um x a quadrícula correspondente à alternativa, quando o evento que desencadeou o óbito estiver relacionado ao processo de trabalho.
- Campo 58 - Fonte da Informação: este campo fornece informações complementares para as mortes ocasionadas por causas externas. Assinalar com um x a quadrícula correspondente à alternativa escolhida.
- Campo 59 - Descrição Sumária do Evento, Incluindo o Tipo de Local de Ocorrência: deverá ser feita uma descrição sucinta, sem perder a clareza, do tipo de lesão e as prováveis circunstâncias
que a motivaram, bem como o tipo do local (via pública, residência, etc.).
- Campo 60 - Se a Ocorrência for em Via Pública, Anotar o Endereço: colocar o nome do logradouro onde ocorreu a violência ou acidente que produziu a lesão fatal.
Bloco IX – Localidade sem Médico
Este bloco deverá ser preenchido no caso de óbitos ocorridos em localidades onde não exista médico. Neste caso, seu preenchimento ficará a cargo do Cartório de Registro Civil, segundo o prescrito na Lei do Registro Civil, conforme citado abaixo:
Art. 77 – Nenhum sepultamento será feito sem certidão do Oficial de Registro do lugar do falecimento, extraída após a lavratura do assento de óbito, em vista do atestado de médico, se houver no lugar, ou, em caso contrário, de duas pessoas qualificadas que tenham presenciado ou verificado a morte.
- Campo 61 – Declarante: deverá conter o nome completo do declarante e sua assinatura.
- Campo 62 – Testemunhas: cada uma das testemunhas deverá assinar
numa das linhas, sendo conveniente a colocação do número de um documento de identidade (RG, CPF, etc.).
Resumo de Medicina Legal – Terceira Aula
ABORTO
Os crimes relacionados ao aborto estão previstos no Código Penal nos Art. 124 a 128.
Considera-se aborto, em Medicina Legal, a interrupção de gravidez, por morte do concepto em qualquer época da gestação, antes do parto. 
Para se caracterizar o aborto é necessário e suficiente que se comprove a morte do concepto ainda dentro do corpo da gestante. 
Para fins de Direito pena, considera-se aborto a interrupção do processo de gestação ocorrida entre a concepção e o início do parto, decorrente de uma conduta humana dolosa, e que provoca a morte do nascituro. 
1) “Que aspectos ou momentos da vida estão validamente protegidos pelo direito, e em que medida?”
O início de tudo
A definição sobre o começo da vida humana varia conforme convicções morais, religiosas, científicas, filosóficas, jurídicas. Abaixo, confira as principais etapas do desenvolvimento do ser humano e as várias crenças sobre o início da vida. 
Fecundação católicos e protestantes acreditam que a vida começa na fecundação. 
Nidação parte dos geneticistas e fisiologistas acreditam que a vida começa na nidação, pois é a partir dessa etapa que o embrião tem condições reais de se desenvolver. 
2 semanas a maioria dos neurocientistas acredita que a vida começa com a formação do cérebro. A opinião é partilhada por juristas brasileiros. Como uma pessoa morre quando seu cérebro para de funciona, esses juristas entendem que a vida, por analogia, só passa a existir quando o cérebro inicia sua formação. 
8 a 16 semanas para o Islamismo, a vida começa na 16ª semana, que é quando o ser humano adquire uma alma. 
27 semanas para uma corrente de neurocientistas, o começo das sensações é que indicariam o início da vida. 
Nascimento os filósofos estóicos da Grécia antiga entendiam que a vida humana começa no parto. 
O Direito Brasileiro protege a vida humana com a mesma intensidade em suas várias etapas de desenvolvimento ou há gradações? 
2) Conceitos 
Conceito da Obstetrícia
Conceito Médico-legal
Questões éticas 
Questões Religiosas. 
3) Métodos Abortivos 
A) Químicos = comumente realizado por meio da ingesta de medicação ervas, medicação abortiva (Citotec – MISOPROSTOL), medicação intrautero. 
B) Mecânico = compressão abdominal com roupas apertadas (que muitas vezes acaba por impedir o crescimento adequado do feto), que inicialmente tinha a intenção de esconder a gestação, mas acaba por causar o aborto ou malformação do feto. 
4) Tipos de Aborto
A) Aborto Criminoso
Art 124 = provocar aborto em si mesmo ou consentir que outrem lhe provoque. Pena detenção de um a três anos.
Art 125 = provocar aborto sem o consentimento da gestante. Pena reclusão de três a dez anos. 
Art 126 = provocar aborto com o consentimento da gestante. Pena reclusão de 1 a 4 anos. 
Parágrafo Único: aplica-se a pena do artigo anterior se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. 
Art 127 = refere-se ao aumento das penas se houver lesão corporal grave ou sobreviver a morte da gestante. 
Art 128 = não se pune o aborto praticado por médico:
2 – Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou quando incapaz, de seu representante legal. 
B) Aborto Terapêutico 
Muitas vezes é realizado para salvar a vida da mãe. 
C) Aborto Sentimental
D) Aborto Eugênico
Maior exemplo são os casos de anencefalia e malformações incompatíveis com a vida.
5) Perícia
A) Exame Ginecológico
Laboratorial
Ultrassonográfico
Relatório Médico 
B) Exame de Mamas
Aréola vascularização presença de colostro
C) Exame de Abdome
Presença de pigmentação (linha alba)
Volume
D) Genitália externa
Coloração congestão 
Lesões 
Resíduos de substâncias químicas
E) Exame interno 
Especular 
Lesões, aspecto das mucosas, colo uterino, secreções, sangramento, substâncias químicas. 
Coleta de material. 
2. Toque Vaginal
Volume uterino
Consistência e permeabilidade do colo uterino
Dor 
Palpação de anexos
OBS: Na perícia de um aborto, deve-se fazer a perícia do feto e o da mãe. Tendo a finalidade de provar a gestação e recente e o aborto recente. 
6) Infanticídio
Art 123 – CPB = Matar sob influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após. Pena detenção de 2 a 6 anos. 
É a morte do recém-nascido provocada pela própria mãe, sob estado de transtorno mental, decorrente do trabalho de parto ou puerpério (estado puerperal). Para se admitir o infanticídio, é indispensável que o recém-nascido seja morto pela própria mãe. Para se tipificar o infanticídio é indispensável, em tese, a comprovação do nascimento com vida.
Docimásia Hidrostática de Galeno
Pelo Art. 2º do CC “A personalidade civil da pessoa só começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. 
A docimasia hidrostática de Galeno é utilizada para comprovar o nascimento com vida (pulmão colocado em vasilha com água, se flutuar existiu respiração = vida). 
A positividade das docimasias de Galeno depende, essencialmente de respiração do feto, ao nascer. 
Perícia deve determinar: 
Estado psíquico da mãe 
Parto pregresso recente
Causas Jurídicas de morte I – Acidentes 
Traumas sobre o ventre da mãe 
Asfixias 
DPP
Cordão umbilical 
Compressão do canal do parto 
Quedas
Hemorragia do cordão umbilical 
OBS: O infanticídio é qualquer morte da criança em período puerperal ocasionada pela mãe efeito hormonal do estado puerperal até 21 dias após nascimento. 
Estes casos ocorrem comumente devido ao medo sentido pela mãe de ter a criança, de não conseguir cuidar. Assim, quando a criança nasce, a mãe manifesta pavor e rejeição a criança, devido as alterações dos níveis hormonais. Depois alguns meses a mãe estabelece seu estado psíquico normal. 
Em caso de nascidos mortos não é necessário avaliar as lesões, pois não caracteriza o infanticídio, a criança precisa ter nascido. Se morreu após o nascimento, devem ser analisadas as lesões presentes. 
Em caso de asfixia, não conseguimos saber se a criança estava viva ou morta, neste caso é indicado a Docimasia Hidrostática de Galena.
Resumo de Medicina Legal – Quarta Aula
SEXOLOGIA FORENSE
A Sexologia Forense estuda todos os casos no âmbito sexual, que possuem aplicação jurídica. 
1) Estupro x Atentado Violento ao Pudor
Anteriormente o Estupro, Atentado Violento ao Pudor e Atos Libidinosos eram enquadrados em artigos diferentes, tendo cada um uma penalidade específica. Hoje, todos os três são considerados CRIMES SEXUAIS e enquadrados no Art. 213 como ESTUPRO. 
Antes, eram definidos como: 
Estupro qualquer ato sexual não consentido COM a ocorrência de PENETRAÇÂO PÊNIS-VAGINA. 
Atentado Violento ao Pudor qualquer atentado sexual SEM a ocorrência de PENETRAÇÃO PÊNIS-VAGINA, abrangendo os casos de coito anal, relação homossexual, etc. 
Atos Libidinosos qualquer atentado diferente de penetração pênis-vagina e atentado violento o pudor. Ex: mordida, lambida, carícias, etc. 
A definição atual esclarece que QUALQUER envolvimento sexual descrito abaixo, caracteriza-se como ESTUPRO: 
Sem consentimento
Com menores de 14 anos (independente do sexo)
Alienado
Débil mental 
Sob o efeito de substâncias químicas. 
É da competência exclusiva da Medicina Legal, a prova da:
Violência
Conjunção Carnal
e/ou de ato libidinoso
2) Quesitos do Laudo de Conjunção Carnal
Se a paciente é virgem
Se há vestígios de desvirginamento recente
Se há outro vestígio de conjunção carnal recente
Se há vestígio de violência e no caso afirmativo, qual o meio empregado (a lesão corporal grave qualifica o crime de estupro)
Se da violência
restou para vítima incapacidade para as ocupações habituais mais de 30 dias ou perigo de vida ou debilidade permanente ou perda ou inutilização de membro, sentido ou função ou incapacidade permanente para o trabalho ou enfermidade incurável ou deformidade permanente ou aceleração de parto ou aborto (resposta especificada)
Se a vitima é alienada ou débil mental
Se houver outra causa diversa da idade menor de 14 anos, alienação ou debilidade mental, que a possibilite de oferecer resistência. 
OBS: No laudo de conjunção carnal deve conter, se presente, a descrição de sinais de vitalidade sexual, que são sugestivos de estupro da vítima em vida, o que diferencia a pena de um abuso realizado em um indivíduo morto; descrição de equimoses, que são sugestivas de trauma direto. A conjunção carnal é definida exclusivamente pela penetração PÊNIS-VAGINA.
3) Estupro 
Constranger alguém mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso Pena = reclusão de 6 a 10 anos. 
1º se da conduta resultar lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 anos ou maior de14 anos Pena = reclusão de 8 a 12 anos. 
2º se a conduta resultar em morte Pena = reclusão de 12 a 30 anos. 
Aumento da Pena
Casos em que o crime for praticado em concurso de duas ou mais pessoas.
O agente exercia autoridade sobre a vítima (seja por vínculos familiares, afetivos ou civis).
Se do crime resultar gravidez.
Se o agente transmite a vitima doença sexualmente transmissível. 
PAVIVIS – Programa de Atendimento as Vítimas de Violência Sexual
Profilaxia de DST’s não virais e AIDS
Apoio de Equipe Médica 
Administração da pílula do dia seguinte 
Apoio psicológico
Recepção e encaminhamento feito por assistentes sociais 
Parecer Técnico da Equipe
Aborto não punível
Atendimento psicoterápico e agressores menores de 18 anos
CONSIDERAÇÔES
A presença de DST de transmissão exclusivamente sexual nos faz confirmar a ocorrência do estupro. As outras DST’s fazem com que consideremos o caso como fortemente suspeito de ESTUPRO. 
A) Estupro de Vulnerável
Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos, enfermidade ou deficiência mental, não tem o discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. 
3º se da conduta resultar lesão corporal de natureza grave Pena = reclusão de 10 a 20 anos. 
B) Violência
Concurso de força física e de emprego de meios capazes de privar ou perturbar o entendimento da vitima impossibilitando-a de reagir ou de se defender.
Violência Efetiva
FÍSICA = a lei exige que o agressor tenha agido de forma violenta, anulando ou enfraquecendo a oposição (resistência física) da vítima. 
PSIQUICA = o agente conduz a vítima a uma forma de não resistência por inibição ou enfraquecimento das faculdades mentais:
Embriaguez completa 
Anestesia
Estados hipnóticos
Drogas Alucinógenas (“Boa noite Cinderela”)
Violência Presumida 
Ocorre em três situações: 
Menor de 14 anos 
Vítima alienada ou débil mental e o agente conhecia esta circunstância
Qualquer causa que impeça a vítima de reagir
4) Conjunção Carnal 
Também chamada de: cópula, coito, “imissio pênis”.
É a relação entre homem e mulher, caracterizada pela penetração do pênis na vagina, com ou sem ejaculação (“imissio seminis”). 
5) Atos Libidinosos 
A) Cópulas Ectópicas – Fora da vagina
Cópula anal
Cópula retal – sodomia
Cópula vulvar (cópula vestibular ou “ad introitum”)
Cópula oral ou felação 
Cópula entre as coxas
B) Atos Orais 
Felação
Cunilíngua (sexo oral na genitália feminina)
Beijos e sucções nas mamas, coxas ou outras regiões de conotação sexual. 
C) Atos Manuais 
Masturbação 
Manipulações eróticas de todos os tipos
6) Exame Físico a Ectoscopia 
Desarmada 
Colposcopia 
Os meios auxiliares, na ectoscopia continuarão a ser os mesmos: 
Lâmpada de Woods (identificação de sêmen) 
Corantes suaves (azul de toluidina 1% - identificação de lesões)
A) Ectoscopia das áreas lesionais 
Observando: 
Lesões de imobilização ou sujeição
Lesões de silenciamento ou homicídio
Lesões de deslocamento
B) Sequência do Exame Clínico
Penteado os pelos pubianos da vítima, com coleta do material em envelope rotulado
Colheita do material de regiões cutâneas que mostraram fluorescência positiva
Tipagem sanguínea da vítima 
Identificação do perfil de DNA da vítima 
Colheita de sangue para realizar exames sorológicos para DST
Colheita de material vaginal/anal para:
Pesquisa de espermatozoides
Pesquisa de fosfatase ácida
Pesquisa de proteína prostática p30
Pesquisa de células epidérmicas masculinas
Pesquisa de esporos vegetais (preservativos feitos com produtos vegetais)
Pesquisa de silicones 
Identificação de DNA
Coleta de urina para teste de gravidez
C) Exame do hímen 
Caracterizando:
Forma
Equimoses
Escoriações
Roturas completas 
Roturas incompletas 
Esgarçamentos 
Lacerações
Topografia das lesões himenais descritas como se fossem a hora de um relógio (em 12h, 6h, 7h, etc).
No exame o hímen pode estar:
Integro
Com rotura completa
Com rotura incompleta
Com agenesia (ausência congênita)
Complacente 
Reduzido à carúnculas mitriformes (ocorre em mulheres que pariram)
Entalhe congênito
Cicatrização de hímens rotos:
Rotura de data recente (até cerca de 20 dias)
Rotura antiga ou cicatrizada (ocorreu há mais de 20 dias)
Hímen Complacente:
Permite a conjunção carnal sem se romper
10% dos hímens são complacentes
Conceito relativo, pois depende da relação espessura do pênis e largura da vagina
D) Coleta de outros materiais:
Líquido Vaginal 
Espermatozoides
Cromatina masculina
Fosfatase ácida (qualitativa e quantitativa)
DNA
PSA
FOSFATASE ÁCIDA = é uma enzima normalmente presente em alguns órgãos, tecidos e secreções em teor normal. O líquido seminal contém grandes teores de fosfatase ácida. O achado de altos teores de fosfatase ácida na vagina é indicativo de sêmen (ejaculação) e, por conseguinte, de conjunção carnal (penetração vaginal). 
TESTE PROTEÍNA P30 (PSA) = é uma glicoproteína produzida pela próstata e idêntica ao PSA – Antígeno Prostático Específico (marcador de câncer de próstata), cuja presença no sêmen independe de haver ou não espermatozoides. Sua verificação no fluido vaginal é teste de certeza quanto à presença de sêmen na amostra estudada (ejaculação). 
OBS: Pode ocorrer estupro sem que tenha havido ejaculação (sem sêmen) ou o sêmen encontrado na vítima pode ser oriundo de penetração consensual anterior. 
Quando há ausência de rásgades e, mesmo assim, a vítima reitera suas queixas o médico legista tem quatro recursos simples ao seu alcance: 
A Ecografia Endo-Retal (EER) isolado
A Ecografia Endo-Retal (EER) em conjunto com a Eco-endoscopia Retal
A Mamometria Retal 
A estimulação do nervo pudendo 
OBSERVAÇÔES 
O estupro em crianças, comumente apresenta como lesão, escoriações em joelhos, pois devido à agitação são frequentemente posicionados em decúbito ventral para imobilização. 
Temos como provas do sexo anal:
Rásgades
Lesão anal por sodomia
Lesão corada por azul de toluidina
Hipotonia anal (mucosa exposta abuso recorrente)
Em casos de hímen complacente, deve-se procurar: 
Esporos vegetais
Espermatozoides
Dosagem de PSA 
Quando a vítima é posicionada em decúbito dorsal (barriga para cima) as lesões costumam ser na parte inferior da vagina (lesão em 6h). Em posicionamento da vítima “de quatro” as lesões apresentam-se na parte superior da vagina (lesão em 12h).
A “Quedas a cavaleiro” não possuem conotação sexual, apesar de apresentarem lesões em genitália feminina. 
Resumo de Medicina Legal – Quinta Aula
PARAFILIA
Não são todas as parafilias que possuem implicação jurídica. E mesmo os casos em que há implicação legal, não torna o indivíduo inimputável, pois ele sabe o que faz, estando orientado
no tempo e espaço. Logo, responderá criminalmente por isso. 
A) Transtornos da sexualidade
Distúrbios qualitativos e quantitativos do instinto sexual chamados de parafilias. Podem ser sintomas de:
Perturbação psíquica 
Fatores orgânicos glandulares 
Simplesmente questão de preferência sexual
As parafilias mais comuns com implicação jurídica são:
Sadismo (sadomasoquismo)
Lesões corporais
Homicídio
Estupro
Pedofilia Estupro
Necrofilia
Vilipêndio a cadáver (art. 212 CP)
Violação de sepultura (art. 210 CP)
Homicídio
Exibicionismo e Frotteurismo ato obsceno
Fetichismo Furto
Voyeurismo ou Mixoscopia Violação de privacidade e intimidade (art. 5º, Inc. X CF)
1 - Erotismo
Tendência abusiva dos atos sexuais
SATIRISMO Homens
NINFOMANIA Mulheres
2 - Autoerotismo
Coito sem parceiro, apenas na contemplação ou na presença da pessoa amada (Coito Psíquico de Hammond).
3 - Erotomania
Forma mórbida de erotismo no qual o indivíduo é levado por uma ideia fixa de amor e tudo nele gira em torno dessa paixão, que domina e avassala todos os seus instantes.
4 - Frotteurismo
É um desvio da sexualidade em que os indivíduos se aproveitam de aglomerações em transportes públicos ou em outros locais de aglomeração com o objetivo de esfregar ou encostar seus órgãos genitais, principalmente em mulheres, sem que a outra pessoa ou identifique suas intenções.
5 - Exibicionismo 
São indivíduos levados pela obsessão impulsiva de mostrar seus órgãos genitais, sem convite para a cópula, apenas por um estranho prazer incontrolável. 
6 - Narcisismo 
É a admiração pelo próprio corpo ou o culto exagerado da própria personalidade e cuja excitação sexual tem como preferência o próprio corpo. 
7 - Mixoscopia 
É um transtorno da preferência sexual que se caracteriza pelo prazer erótico desesperado em certos indivíduos em presenciar o coito de terceiros. Na França são chamados de Voyeurs. 
8 - Fetichismo 
Amor por uma determinada parte do corpo ou por objetos pertencentes à pessoa amada. 
9 - Lubricidade Senil
Manifestação sexual exagerada, em determinadas idades, sendo sempre sinal de perturbações patológicas, como demência senil ou paralisia geral progressiva. Costuma surgir em pessoas cuja longa existência foi honesta e correta. 
10 - Pluralismo
Também chamado de Troilismo ou “ménage a trois”. Consiste na prática sexual em que participam três ou mais pessoas. No Brasil é chamado de suruba. 
11 - Swapping 
Prática heterossexual que se realiza entre integrantes de dois ou mais casais. Conhecido como troca de casais. 
12 - Gerontofilia
Também chamada crono-inversão. Consiste na atração de indivíduos jovens por pessoas de excessiva idade. 
13 - Cromo-inversão
Seria a propensão erótica de certos indivíduos por outros de cor diferente. Torna-se grave quando se torna obsessivo e compulsivo. 
14 - Etno-inversão
É uma variante da anterior, sendo a manifestação erótica por pessoas de raças diferentes. 
15 - Riparofilia
Manifesta-se pela atração de certos indivíduos por pessoas desasseadas, sujas, de baixa condição social e higiênica. Mais comum no homem. 
16 - Dolismo
Termo vem de “DOLL” (boneca). É a atração que o indivíduo tem por bonecas e manequins, olhando ou exibindo-as, chegando a ter relações com ela. 
17 - Donjuanismo
Personalidade que se manifesta compulsivamente às conquistas amorosas, sempre de maneira ruidosa e exibicionista. 
18 - Travestismo
Ocorre em indivíduos heterossexuais que se sentem impelidos a vestir-se com roupas do sexo oposto, fato este que lhe rende gratificação sexual. 
19 - Urolagnia
Consiste na excitação de ver alguém no ato da micção ou apenas em ouvir o ruído da urina ou ainda urinando sobre a parceira ou esta sobre o parceiro. 
20 - Coprofilia
É a perversão em que o ato sexual se prende ao ato da defecação ou ao contato das próprias fezes. Observar o ato de defecar causa excitação à estas pessoas. 
21 - Clismafilia 
Preferência sexual pelo prazer obtido pelo indivíduo que introduz ou faz introduzir grande quantidade de água ou líquidos no reto, sob a forma de enema ou lavagem. 
22 - Coprolalia
Consiste na necessidade de alguns indivíduos em proferir ou ouvir de alguém palavras obscenas a fim de excitá-los. Podem ser ditas antes ou depois do coito no intuito de alcançarem o orgasmo. 
23 - Edipismo
É a tendência ao incesto, isto é, o impulso do ato sexual com parentes próximos. 
 
24 - Bestialismo
Chamado também de zoofilismo, é a satisfação sexual com animais domésticos. 
25 - Onanismo 
É o impulso obsessivo à excitação dos órgãos sexuais, comum na puberdade. É a masturbação, atribuindo o nome de Onan, personagem bíblico que nada tinha a ver com a masturbação. 
26 - Vampirismo
Satisfação erótica quando na presença de certa quantidade de sangue, ou, em algumas vezes, obtida através de mordeduras na região lateral do pescoço. 
27 - Necrofilia 
Manifesta-se pela obsessão e impulso de praticar atos sexuais com cadáveres. 
28 - Sadismo
Desejo de dor com o sofrimento da pessoa amada, exercido pela crueldade do pervertido, podendo chegar à morte. Também chamado de algolagnia ativa.
29 - Masoquismo
É a busca de prazer sexual pelo sofrimento físico ou moral. Também chamado de algolagnia passiva. 
30 - Pigmalionismo
É o amor desvairado pelas estátuas. Difere muito pouco do dolismo. 
31 - Pedofilia 
Perversão sexual que se manifesta pela predileção erótica por crianças, indo desde os atos obscenos até a prática de atos libidinosos, denotando comprometimento psíquico. (Judicialmente indica-se a castração química).
32 - Homossexualismo Masculino
Também chamado de uranismo ou pederastia. 
33 - Homossexualismo Feminino
Também chamado safismo, lesbianismo ou tribadismo. 
34 - Transexualismo
É um transtorno da identidade sexual, também chamado de Síndrome de Disforia Sexual.
35 - Anafrodisia 
É a diminuição ou deterioração do instinto sexual no homem devido, geralmente, a uma doença nervosa ou glandular. 
36 - Frigidez
Distúrbios do instinto sexual que se caracteriza pela diminuição do apetite sexual da mulher.
37 - Anorgasmia 
Disfunção sexual rara caracterizando-se pela condição de o homem não alcançar o orgasmo. 
OBS: Para Medicina Legal o Homossexualismo não possui implicação jurídica, porém é considerado parafilia porque foge da normalidade.
B) Impotência Sexual 
É a incapacidade de realização do ato sexual necessário à procriação e à preservação da espécie. Não possui implicação jurídica, mas pode ser usado como justificativa para processos de anulação de casamento. 
COEUNDI = Normalmente aplicada a ambos os sexos por defeitos genéricos. 
GENERANDI = típica masculina incapacidade de fertilização (gerar descendência)
CONCIPIENDI = típica feminina incapacidade de concepção (conceber)
1 – Impotências Masculinas
COEUNDI compromete a capacidade de conjugação. Tem como causas: 
Instrumental defeitos do órgão em si, relativos ao volume, tamanho ou ausência do órgão ou presença de tumores. 
Funcional defeitos no funcionamento do órgão (disfunção erétil):
Organofuncional 
Fisiológica: Idade
Fisiopática: disfunções endócrinas
Orgânicas: doenças físicas (lesões nervosas)
Psicofuncional alterações psíquicas - inibição sexual inconsciente. 
CONCIPIENDI ou GENERANDI é a esterilidade, a impossibilidade de procriação. 
PSEUDO-IMPOTÊNCIA (impotência emocional) são fracassos sexuais passageiros motivados pelo nervosismo, desejos prolongados ou timidez excessiva. 
2 – Impotências Femininas
COEUNDI compromete a capacidade de copulação. Tem como causas: 
Instrumental defeitos de genitália externa: malformações, hermafroditismo, infantilismo ou presença de tumores. 
Funcional pela configuração da genitália, torna-se difícil separação entre as causas físicas e as psíquicas, pois ambas se manifestam como parte do desenvolvimento sexual feminino. 
CONCIPIENDI é a esterilidade feminina por incapacidade de conceber ou desenvolver
o feto:
Congênita agenesia de órgãos do aparelho reprodutor ou infantilismo.
Patológicas doenças infecciosas, venéreas, metabólicas, hormonais, obstrutivas, tumorais, inflamações agudas ou crônicas do trato genital ou urinário. 
Fisiológicas impurbedade, menopausa retroversão do útero e dismenorreias. 
Alterações do comportamento sexual:
Acopulia inaptidão para conjugação carnal pela associação de defeito instrumental, associado ao temos da própria relação. 
Coitofobia repugnância sistemática e intransponível ao ato sexual (possíveis causas: cultural, religiosa, educacional, traumas familiares, “Electra”).
Frigidez incapacidade absoluta de responder aos estímulos erógenos ou sexuais para realização do ato sexual ou incapacidade para o orgasmo. 
Vaginismo contratura espástica, involuntária, dolorosa, intensa e duradoura impedindo a penetração ou mesmo aprisionando o pênis em seu interior. 
Dispaurenia sensação dolorosa durante o ato ou na conjunção carnal. 
Resumo de Medicina Legal – Sexta Aula
ASFIXIAS
1) Conceito
É o impedimento da hematose (troca gasosa ao nível da membrana alveolar) devido à alterações: 
da mecânica respiratória 
do meio ambiente
2) Lesões corporais e Necrópsia 
No questionário preenchido durante a necropsia pergunta-se no 3º e 4º quesito:
Se a morte foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou tortura ou por outro meio insidioso ou cruel (resposta especificada). 
3) Classificação das Asfixias
A) Asfixias Puras = manifestadas pela anoxemia e hipercapnéia. 
Asfixia em ambientes por gases irrespiráveis: confinamento, asfixia por outros vícios de ambiente. 
Obstáculo à penetração do ar nas vias aéreas: sufocação direta (oclusão de vias aéreas), sufocação indireta (compressão de tórax, afogamento, soterramento). 
B) Asfixias Completas = manifestadas por:
Constrição das vias respiratórias com anoxemia e excesso de gás carbônico.
Interrupção da circulação cerebral 
Inibição por compressão dos elementos nervosos do pescoço
Pode ser por:
Enforcamento 
Estrangulamento 
Esganadura
(Manifestada pela combinação dos fatores respiratório, circulatório e nervoso). 
C) Asfixias Complexas e Mistas
Constrição passiva do pescoço exercida pelo peso do corpo = enforcamento.
Constrição ativa do pescoço exercida pela força muscular humana = estrangulamento. 
Esganaduras
4) Características Gerais das Asfixias
A) Externas
Cianose da pele e extremidades (cor arroxeada decorrente do acúmulo de gás carbônico no sangue)
Equimose conjuntivais
Cogumelo de escuma ou espuma na boca
Resfriamento lento do corpo
Globo ocular e língua procidentes
B) Internas
Equimoses pleurais (manchas de Tardieu ou Paltauf – são manchas puntiformes avermelhadas)
Congestão visceral 
Fluidez sanguínea 
Edema pulmonar
5) Asfixias por constrição do pescoço
A) Enforcamento 
É a modalidade de asfixia mecânica determinada pela constrição do pescoço por um laço cuja extremidade se acha fixa a um ponto dado, agindo o próprio peso do indivíduo como força viva. 
Laço acionado pelo peso da própria vítima
Natureza jurídica = suicida, homicida, acidental ou execução judicial. 
1- Sinais Externos 
Sulco cervical – Características: 
Oblíquo, de baixo para cima e de diante para trás (raramente transverso e excepcionalmente invertido). 
Interrompido ao nível do nó
Bordas desiguais (superior saliente) 
Face congestionada e cianótica (às vezes pálida)
Petéquias conjuntivas e às vezes na pele 
Livores cadavéricos acima do sulco 
Língua protusa
Livores cadavéricos nas extremidades (Hipóstases)
2- Posições dos informados
3- Sinais Internos
Equimoses do subcutâneo e musculatura cervical 
Sufusões (extravasamentos) adventícias dos grandes vasos cervicais (Sinal de Friedberg)
Roturas musculares no pescoço 
Rotura transversal da íntima da carótida (Sinal de Amussat)
Fraturas de osso Hióide
Fraturas de cartilagens laríngeas 
Rotura de tireóide 
Lesões vertebrais (raras)
Linha Argentina: linha brilhante no fundo do sulco, aderente aos planos subjacentes.
Gerais de asfixia
4- Tipos de Laço
Corda
Cinto
Fios de arame
Lençois 
Gravata 
 
5- Pontos de apoio do laço
Árvore 
Caibros
Telhados 
Janelas
Chuveiros
Portas
6- Tipos de Suspensão 
Completa – sem apoio 
Incompleta – apoiada pelos pés, joelhos, ou outras partes do corpo. 
B) Estrangulamento
É a asfixia mecânica por constrição do pescoço por laço tracionado por qualquer outra força que não seja o próprio peso da vítima 
Natureza jurídica = homicídio, acidente, suicídio e execução judicial. 
C) Esganadura
É a figura contundente constritiva 
Efetivada pelas mãos do oponente 
Joelhos e os pés 
“Gravatas” com os membros (superiores e inferiores)
É a modalidade restritiva ao uso dos segmentos corporais do oponente para efetivação da manobra 
É exclusivamente homicida
Podem ser 
Típicas – uso das mãos 
Atípicas – uso de joelho, braço
D) Sufocação
Sufocação é modalidade de asfixia mecânica produzida pelo impedimento da passagem do ar respirável por meio direto ou indireto de obstrução 
Por meio direto 
Oclusão dos orifícios ou dos condutos respiratórios 
Por meio indireto 
Compressão do tórax
Sufocação posicional
Sufocações podem ser:
Diretas – é a obstrução devida ao impedimento de entrada de ar
Pela boca e/ou narinas 
Vias aéreas superiores (glote)
Indiretas – consiste no bloqueio à expansão torácica extrinsecamente (movimentos respiratórios)
Observa-se nestes casos a denominada Máscara Equimótica de Morestin (pergunta de concurso)
O mecanismo de morte por circulação é por asfixia indireta
E) Gases Inertes
É a asfixia do indivíduo por:
Permanecer em ambientes saturados de gases inertes e pouco tóxicos como 
Butano
Metano
Propano
Ação destes gases como bloqueadores mecânicos da respiração
F) Soterramento 
Ocorre quando o meio gasoso (ar) foi substituído por meio sólido (terra, areia, farinha ou outros)
A natureza jurídica desta asfixia é, na maioria dos casos, acidental, podendo, no entanto, ser criminosa. 
1- Sinais externos 
Lesões contusas pelo impacto do material de soterramento
Resíduos do meio (terra, areia, farinha, etc.)
2- Sinais internos 
Sinais gerais de asfixia
Presença de sólidos nas vias aéreas 
G) Afogamento 
É a modalidade de asfixia, na qual ocorre a troca do meio gasoso por meio líquido, impedindo a troca gasosa necessária à inspiração. 
Na água doce a morte ocorre por fibrilação ventricular devido alterações eletrolíticas do sangue pela entrada de água nos pulmões indo até o coração. 
Na água salgada a morte ocorre por intenso edema dos pulmões uma vez que a água salgada é uma solução mais concentrada que o sangue. 
1 – Sinais Externos
Pele anserina (arrepiada)
Cogumelo de espuma (boca, narinas)
Erosão nos dedos 
Resíduos minerais e/ou vegetais na pele e roupa 
Corpos estranhos sob as unhas 
Maceração epidérmica (palma das mãos e planta dos pés rugosos)
Lesões de pele por “arrastamento” no fundo 
Lesões pós-mortais produzidas por peixes e crustáceos
2- Sinais Internos
Presença de líquido nas vias respiratórias 
Manchas de Paltauf nos pulmões 
Diluição do sangue
Presença de líquidos no sistema digestivo
QUESTÕES DE CONCURSO
1) O cadáver de um “AFOGADO BRANCO” não pode apresentar:
R= cianose.
2) O “AFOGADO BRANCO” se caracteriza por:
R= Não ter sinais de asfixia 
3) O chamado “AFOGADO BRANCO” é aquele que morreu: (questão formulada também no DP 2 e 4/90)
R= Dentro da água, mas não por asfixia
4) Diz-se que a morte teve uma causa biodinâmica:
R= No caso de “AFOGADO BRANCO”
 
Resumo de Medicina Legal – Oitava Aula
Traumatologia II - Lesões de Ação mecânica
Formas de Ação
	FERIDA
	MODO DE PRODUÇÃO
	INSTRUMENTO TÍPICO
	Punctória
	Pressão em um ponto
	Prego, alfinete, agulha, estilete, etc.
Incisa/Cortante
	Deslizante maior que pressão
	Navalha, bisturi, lâminas, estilhaços de vidro, folha de papel, linha de cerol.
	Contusa
	Choque (pode haver ou não deslizamento)
	Martelo, marreta, caibro, cassetete, soco-inglês, bastão, pedra.
As lesões de ação Punctória apresentam caráter PERFURANTE
As lesões Incisas apresentam caráter CORTANTE
As lesões Contusas apresentam caráter CONTUNDENTE
Porém o caráter dessas lesões pode mudar de acordo com a força e forma de aplicação ou até mesmo de como o objeto foi utilizado para provocar a mesma. Exemplos:
Uma pessoa é ferida por um prego se o diâmetro do prego for grande, ela ocasionará além de perfuração, uma lesão por afastamento de tecidos, o que gera uma inflamação local. Assim, a ferida deixa de ser PUNCTÓRIA para ser uma ferida PERFUROCORTANTE. 
Uma lesão ocasionada por uma machado a lâmina do machado é cortante, porém se a lesão for ocasionada pelo cabo do machado, a força empregada é a do próprio peso do objeto. Assim, a lesão deixa de ser CORTANTE e passa a ser CORTOCONTUNDENTE.
Logo, a classificação do tipo de instrumento depende do tipo de ação que ele promove. Os objetos possuem uma classificação, porém podem ocasionar mais de um tipo de ferida. Ex.: O machado é um objeto cortante, porém pode ocasionar feridas cortantes, contundentes e cortocontundentes. 
Outras formas de Ação
Quando estes modos de ação se associam, a lesão passa a ser chamada de mista:
Pérfurocortante (faca, canivete, espada, punhal, estilete, etc.)
Cortocontundente (machado, guilhotina, facão, foice, dentes, ect.)
Pérfurocontundente (projétil de arma de fogo, porta de grade de ferro, ponteira de guarda-chuva, etc.)
Lácerocontundente (acidentes com trem ou automóvel)
1) Lesões Punctórias
Produzidas por instrumentos perfurantes. Embora circulares, podem ser deformadas pelas linhas de força das fibras elásticas e musculares subcutâneas (ferida oval, triangular, em seta, em quadrilátero), seguindo as Leis de Filhos e Langer, que não se cumprem no cadáver mas apenas no vivo.
Leis de Filhós e Langer
As feridas punctórias ou puntiformes sofrem ação das linhas de tração da pele, podendo tomar forma de botoeira, em ponta de seta e pode ter forma quadrilátera de acordo com a confluência de linhas de tração. 
Primeira lei de Filhos: As soluções de continuidade dessas feridas assemelham-se às produzidas por instrumentos de 2 gumes ou tomam a aparência de casa de botão.
Segunda lei de Filhos: Quando essas feridas se mostram numa mesma região onde as linhas de força tenham um só sentido, seu maior eixo tem sempre a mesma direção.
Lei de Langer: Na confluência de regiões de linhas de forças diferentes, a extremidade da lesão toma o aspecto de ponta de seta, triângulo ou quadrilátero. 
 
2) Lesões Cortantes
Atuam por pressão e deslizamento (pressão e deslocamento), com “gume afiado”, atingindo a superfície em ângulos variados, produzindo feridas incisas ou ferimentos incisos ou ferimentos cortantes. 
Exemplos: navalhas, gilete, bisturi lâminas metálicas afiadas, papel, guilhotina, estilhaços de vidros, capim navalha e outros. 
Tipos de lesões cortantes:
Incisa simples – com bordas regulares, fundo liso (sem trabéculas), possui comprimento maior que a profundidade, sendo frequentemente superficial. 
Em bisel – resultado da ação oblíqua de instrumentos cortantes. 
A) Lesões Incisas
São típicas dos instrumentos cortantes. Chama-se incisão apenas quando é cirúrgica. Apresenta-se mais profunda na parte central (corpo), superficializando-se nos extremos (cabeça e cauda, ou cauda de entrada e cauda de saída). A lesão incisa exibe bordas e vertentes regulares que se coaptam perfeitamente. Margens sem escoriações ou equimoses. Fundo sem trabéculas.
B) Lesões Cortantes - Feridas Especiais 
DEGOLA Degola é lesão incisa profunda na porção POSTERIOR do pescoço. A degola corresponde ao corte na região da GOLA da camisa, por isso o nome. Corta-se a garganta do condenado de orelha à orelha – GOLA.
ESGORJAMENTO corta-se a traquéia do condenado. O ferimento dá-se na parte ANTERIOR ou nas partes LATERAIS do pescoço. 
Suicida: descendente, progressivamente superficial com cauda de escoriação.
Homicida: Mesma profundidade, levemente ascendente.
DECAPITAÇÃO É uma agressão incisa na região do pescoço, que SEPARA a cabeça do tronco. Decapitação é incisão completa, na região cervical (pescoço), separando a cabeça do corpo.
ESQUARTEJAMENTO
EVISCERAÇÃO (haraquiri)
LESÕES DE DEFESA Ferimentos corto-contundentes, cortantes ou contundentes com sinais de vitalidade tecidual em mãos e braços. 
OBS: 
Sinal do espelho visto no esgorjamento pelo esguicho de sangue, se não houver este sinal, provavelmente o cadáver foi colocado naquele local. 
Degolamento só ocasiona a morte se houver secção medular. Lesões a níveis mais baixos na cervical acabam causando tetraplegia e não a morte. 
Esgorjamento a morte é ocasionada por aspiração de sangue para traqueia ou por choque hipovolêmico devido a lesão de vasos importantes do pescoço. 
3) Lesões Contusas 
A ação contundente é consequência de:
Compressão que determina esmagamento, mormente quando há uma resistência subjacente;
Contato tangencial, por atrito;
Tração que pode produzir arrancamentos e lacerações. Quando a tração se exerce sobre uma víscera, esta pode ocasionar ruptura do aparelho suspensor da mesma, dos ligamentos e/ou do pedículo vascular, obviamente além das produzidas na própria víscera nas inserções.
Sucção, que determina uma depressão circunscrita.
Explosão que decorre do aumento primário ou secundário da pressão interna.
OBS: A escoriação é uma lesão contusa!
4) Lesões Mistas
A) Lesões Pérfuro-Cortantes
Provocadas pelos instrumentos pérfuro-cortantes com um ou dois gumes (faca, peixeira). Feridas mais profundas do que largas, que têm a maioria dos elementos das lesões incisas (bordos, margens, vertentes, fundo).
Estas lesões podem ser:
Penetrantes (entra em cavidades preexistente: pleural, pericárdica, peritoneal);
Perfurantes (penetram numa parte maciça do corpo, sem saída);
Transfixantes (atravessam um órgão ou uma parte do corpo);
Pode haver modificação da lesão pérfuro-cortante pelo movimento da mão que empunha o instrumento. Ex.: alargamento por inclinação, rotação da mão, etc. 
1 – Borda ou lábio
2 – Vertente
3 – Fundo
B) Corto-contundentes
Possuem um gume que age no primeiro momento e um peso que exerce a ação contundente pelo esmagamento e destruição dos tecidos podendo causar fraturas e até amputações, produzem as chamadas lesões corto-contusas, que são lesões mistas, com algumas das características dos ferimento incisos (efeito de cunha), mas produzido pelo mecanismo das contusas = pressão sem deslizamento. Quando o instrumento, em acréscimo, tem um gume afiado, pode provocar lesões que se assemelham mais com as incisas.
OBS: Empalamento lesão perfurocontundente realizada pela introdução de instrumento em via anal. 
C) Lesões Pérfuro-cortantes
Agem por pressão (perfuram) e contusão. Sendo a mais comum delas a por projétil de arma de fogo (PAF). Podem causar lesão corporal ou morte por homicídio, suicídio ou acidente. Atentar para o número de lesões, localização, direção, lesões de defesa, e no caso de disparo de arma de fogo, observar vestígio de pólvora nas mãos. 
OBS: Analisar com atenção a lesão, para verificar se houve rotação do instrumento. Pois lesões com rotação do instrumento não caracterizam legitima defesa.
D) Lesão Lácero-contusa
É resultado de uma ação que provoca dilacerações teciduais, consequente a ação tangencial do instrumento devido a força de tração ou arrasto do mesmo, as lesões resultantes são semelhantes as corto-contusas sem a nitidez provocada pelo gume daqueles instrumentos. Ex.: dedo na porta do carro. 
Adendos da professora 
1 - Em caso de atendimento de mulheres agredidas não se fecha o laudo no mesmo dia da denúncia, pois não se sabe a gravidade da ferida em longo prazo, se vai ter debilidade, deformidade

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando