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Guia da Medicina Legal - resumo completo

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Prévia do material em texto

1 
Referência: aulas do prof. Álvaro Junior 
Essa primeira parte é cópia de slide, pois estava doente 
na primeira aula, depois é transcrição. 
Perícia médica 
É a aplicação metódica e imparcial dos 
conhecimentos médicos para esclarecer fatos de interesse 
de autoridade legitimada. 
Perito médico 
 Médico que, conforme juízo de autoridade 
legitimada, detém os conhecimentos técnicos e os 
atributos morais necessários para realização de uma 
perícia. 
• Analisa e interpreta fatos utilizando seu 
conhecimento e sua aptidão, com o objetivo de 
esclarecer a verdade à justiça. 
• Funções do perito: nem defende, nem acusa; 
limita-se a verificar o fato e relatá-lo, bem como 
discutir, fundamentar e deduzir. 
• Atuação: planejar cada perícia, coletar impressão 
digital do periciando, partir do simples para o 
complexo, descrever as lesões do segmento 
cefálico para baixo, até a região pedial-plantar, 
limitar-se a verificar, descrever e interpretar com 
base científica, solicitar tantos exames auxiliares 
quanto for necessário, não entrar em conjeturas, 
hipóteses ou especulações, procurar estabelecer 
o nexo de causalidade. Deve ser imparcial, é 
senhor de sua vontade, não pode ser coagido por 
ninguém e, caso sinta-se pressionado, pode 
recusar-se a realizar a perícia. 
• Requisitos para ser perito médico: conclusão do 
curso de medicina, prestação de concurso público 
e aprovação, curso de formação, patrocinado pelo 
Estado. 
Classificação das perícias 
1. Quanto ao objeto do estudo: 
• Pessoas vivas: crime de lesão corporal, verificação 
de virgindade (crime de difamação), avaliação 
mental, embriaguez alcoólica, acidentes de 
trabalho etc. Determina-se identidade, lesões e 
circunstâncias. 
o Exame de conjunção carnal: em crimes 
sexuais, para resguardar os direitos da 
vítima e, principalmente, enquadrar o 
agente responsável. 
o Exame de aborto: exame médico-legal 
com finalidade de definição da 
responsabilidade. 
o Perícia de embriaguez: são requisitadas 
para efeito de processamento judicial, 
nos casos de contravenções penais, para 
definição de responsabilidade. 
o Exame de validez: para verificar se o 
indivíduo tem aptidão para trabalhar. 
• Pessoas mortas: determina identidade, data da 
morte, causa da morte, circunstâncias e causa 
jurídica da morte. 
o Necropsia (= autópsia): “a perícia das 
perícias”. 
o Estudo de restos biológicos encontrados, 
com suspeita de serem humanos. 
o Exumações: a mais árdua e repulsiva das 
perícias médico-legais. 
• Locais e objetos: locais onde foram cometidos 
fatores delituosos, busca de vestígios deixados 
pelo criminoso e pela vítima, obtenção de provas 
incontestáveis, determinação da natureza do 
delito, autoria etc. 
o Os objetos são periciados em busca de: 
impressões digitais, pelos, manchas de 
líquidos orgânicos (saliva, urina, sangue, 
sêmen). 
• Vestes: fibras de tecido sintético ou de algodão no 
cadáver ou apenso a ele. 
Documentos médico-legais 
• Relatório médico-legal: narração escrita e 
minuciosa de todas as operações de uma perícia 
médica determinada por autoridade policial ou 
judiciária. Há o perito relator e o revisor. 
o Auto: quando ditado a um escrivão 
durante o exame. 
o Laudo: redigido depois de terminada a 
perícia. 
Estrutura do laudo pericial 
A. Preâmbulo: é uma espécie de introdução. Contém 
a qualificação da autoridade solicitante e dos 
peritos, o local onde é feito o exame, data e hora 
e tipo de perícia a ser feita. 
 
2 
B. Quesitos: perguntas, com finalidade de 
caracterização de fatos relevantes que deram 
origem aos processos; são padronizados – 
quesitos oficiais, e variam conforme o tipo de 
perícia. 
C. Histórico: contrapartida médico-legal da 
anamnese do exame clínico comum. 
• Importante: a pessoa que vem a exame 
médico-legal está envolvida numa 
ocorrência policial, como vítima ou como 
agressora; é comum que a vítima exagere 
em suas queixas (de modo a tornar maior 
o dano sofrido); o indiciado pode 
dissimular lesões comprometedoras; 
pode haver simulação de doença mental ( 
a fim de substituir a pena por medida de 
segurança). 
D. Descrição: parte importante; não pode ser refeita 
com a mesma riqueza de detalhes, em exame 
ulterior, pela evolução das lesões; deve ser 
minuciosa, rica em detalhes, como, por exemplo, 
forma, proporções, extensões, coloração, 
localização anatômica exata, em caso de feridas, 
descrever bordas, ângulos, fundo etc. O perito 
não deve diagnosticar na descrição. 
E. Discussão: comparação dos dados do histórico 
com os achados do exame objetivo. Quando não 
há contradições aparentes, pode ser 
desnecessária. Pode haver discrepância, por 
exemplo, uma senhora alegava ter sido agredida 
pelo companheiro no dia anterior à realização da 
perícia. No entanto, o perito constatou, ao 
examiná-la, uma equimose periorbitária de 
contornos esverdeados. Sabemos que as 
equimoses mudam de cor ao longo do tempo e 
que a cor esverdeada indica uma evolução de, no 
mínimo, uma semana. Com isso, ficou claro que 
ela estava mentindo quanto à data da agressão. 
F. Conclusão (ões): parte em que o perito assume 
uma postura quanto à ocorrência, ou não, de um 
fato, baseado nas informações do histórico, do 
exame objetivo e do confronto destes. A 
conclusão deve ser concisa, clara, resumida em 
poucas palavras. Ela pode ser afirmativa, negativa 
ou pode haver uma impossibilidade de concluir 
(que não deixa de ser uma conclusão - exemplo, 
hímen complacente no exame de conjunção 
carnal). 
G. Resposta aos quesitos: deve ser sucinta, objetiva 
e não pode permitir uma interpretação duvidosa. 
Parecer médico-legal 
 Em situações, por exemplo, que envolvem 
divergências quanto à interpretação dos achados de uma 
perícia, pode ser solicitado, por qualquer das partes, 
esclarecimento mais aprofundados tecnicamente, de uma 
autoridade no assunto. 
• Preâmbulo, exposição, discussão e conclusão. 
Legislação 
A intervenção dos peritos é regulamentada, no 
foro criminal, pelo: CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
(Decreto-lei número 3.689 de 03 de outubro de 1941), 
modificado pela lei 11.690 de 09 de junho de 2008. 
Perícia médica – Fórum penal 
Quem determina a sua realização? 
 
 
Corpo de delito 
• Conceito: é o conjunto de vestígios materiais 
decorrentes da ação criminosa. 
• Tipos 
o Direto (perícia percipiendi): é o conjunto 
de vestígios materiais decorrentes da 
ação criminosa, como o corpo da pessoa 
ou coisa, instrumentos, utensílios, 
objetos, arma etc., bem como outros 
vestígios. 
o Indireto (perícia deducente): cabível 
apenas quando é impossível o exame 
direto, como no caso de terem 
desaparecido (natureza – tempo), por 
terem sido perdidos (homem – culpa ou 
dolo) ou por estarem inacessíveis 
(natureza). Constitui-se na prova 
testemunhal e documental. 
 
3 
 
Da prova pericial 
 
 
Exame realizado por um só perito 
• Valor probante de tal perícia 
• No mundo da medicina legal, não existem casos 
simples. Tudo é importante. Então, é questionável 
o valor da perícia por um único perito. 
 
 
Prazo para elaborar o laudo 
 
O exame médico legal pericial pode ser feito a 
qualquer dia e a qualquer hora. Podem ser feitos à noite, 
durante a madrugada etc. 
Prazo para realizar a necropsia 
As necropsias, em João Pessoa, são realizadas no 
IML e no SVO. 
• Por morte natural: não são obrigatórias, em SVO, 
por óbitos sem assistência médica, é atribuição do 
médico patologista. Pode ser feito em hospital 
universitário que tenha residência em patologia. 
Precisa da autorização de um familiar. 
o Se o médico não souber a causa da morte, 
ele pode também mandar para o SVO. O 
que não se pode fazer é encaminhar para 
o SVO sem necessidade. 
o Toda necropsia realizada por morte 
natural é feita pelo médico patologista. 
• Por morte violenta: obrigatórias, independem de 
autorização de familiar, nos IMLs,por um médico 
legista. 
o Exemplo: homicídio, suicídio, acidentes e 
morte de causa suspeita. 
o Essas necropsias são obrigatórias por lei. 
o Em suspeita de overdose por drogas, seja 
ela lícita ou ilícita, faz toxicológico. 
O que vai sair do SVO/IML é a declaração de óbito. 
A certidão de óbito preenche no cartório. 
Na pandemia da COVID, as necropsias ficaram 
sendo feitas apenas com dados clínicos e exame externo 
do cadáver. 
 
Se, pelo exame externo, puder atribuir a causa da 
morte, pode-se optar por não abrir o corpo. 
É com 6 horas de óbito que ficam evidentes os 
sinais consecutivos da morte – desidratação cadavérica 
com opacificação da conjuntiva, esfriamento cadavérico 
ou algor mortis (vai ficando frio), rigidez cadavérica ou 
rigor mortis e livor de hipóstase. 
Pode ser feita antes das 6 horas, mas quem vai 
decidir é o médico, se ele achar que já há indicativos de 
morte. Não existe uma legislação para a morte natural. É 
para necrópsia forense. 
No SVO também segue isso, mas existe uma 
indicação, com relação à necrópsia... As necrópsias devem 
 
4 
ser feitas durante o dia. Não é que seja contraindicado à 
noite, mas é uma recomendação, porque a luz artificial 
dificulta a necrópsia. 
 
Deveres de conduta do perito 
• Deveres de informação: informar sobre a perícia a 
ser realizada ao examinando ou a seu 
representante. A perícia só pode ser realizada 
com consentimento livre e esclarecido do 
periciando. 
• Deveres de atualização profissional: participação 
em congressos, conhecimento das técnicas de 
exame e dos meios modernos de diagnóstico. 
• Deveres de abstenção de abusos: deve agir com 
cautela, sem precipitação, insensatez... não se 
exceder em suas medidas. 
• Deveres de vigilância, cuidado e atenção: na 
realização do ato pericial, o perito deve estar 
isento de qualquer tipo de omissão que venha a 
ser caracterizada por inércia, passividade ou 
descaso. 
Objetivo da perícia: esclarecimento da verdade à justiça. 
 
Dos peritos 
 
 
Direitos dos peritos 
• Direito de recusar o encargo: o perito pode 
recusar o encargo, desde que se justifique no 
prazo legal e por motivo legítimo. Por exemplo, 
realização de perícia relativa à matéria sobre a 
qual se considere inabilitado para apreciá-la. 
• Do direito de proteção contra desobediência ou 
desacato: respeito como funcionário público 
contra a desobediência e o desacato. 
• Do direito aos honorários periciais: os peritos 
oficiais não podem cobrar honorários. Os médicos 
não peritos oficiais, quando nomeados pela 
autoridade, devem ser pagos pelo órgão público 
solicitante. 
• Do direito de desempenho livre da função pericial: 
o perito tem direito de agir com toda liberdade e 
independência. Para total liberdade, as perícias 
devem ser realizadas nos órgãos de perícia oficial. 
 
 
5 
-
Estuda as lesões produzidas por violência ao corpo 
humano, sob os seguintes aspectos: etiologia, diagnóstico, 
prognóstico. 
• Objetivo: implicações legais – penais, civis, 
trabalhistas -, em organismos vivos e mortos. 
 
As feridas acima foram produzidas por 
instrumentos diferentes. 
• Tipos de energias causadoras de dano: mecânica, 
física, química, físico-química, bioquímica, 
biodinâmica, mistas. 
Energias de ordem mecânica 
 São aquelas capazes de alterar o estado de 
movimento e de repouso de um corpo. 
 
 
• Meios mecânicos – mecanismo de ação: pressão, 
compressão, descompressão e percussão, tração 
e torção, explosão, deslizamento, contrachoque, 
mista. 
A série contundente inclui uma grande 
quantidade de lesões. 
Classificação – características das lesões 
 
Ação perfurante 
Características: extremidade fina (pontiaguda), 
diâmetro transverso reduzido (fino), predomínio do 
comprimento (longo). Ex.: agulhas compartilhadas por 
usuários de drogas, prego, a ponta do dente de Gabi. 
A ferida produzida é punctiforme – orifício de 
entrada em forma de ponto, estreito e com diâmetro 
menor do que o do meio causador, pela elasticidade dos 
tecidos. O sangramento é raro e pequeno. O trajeto é 
estreito e com profundidade relacionada com 
comprimento do meio e da pressão de penetração. 
 
 A causa jurídica principal é acidental. Pode levar a 
infecções (HIV, hepatite). 
Age através da pressão sobre os tecidos, pressiona 
até o limite da elasticidade dos tecidos e romper. 
Ação cortante 
• Características: presença de gume afiado, que 
atua por deslizamento. Tem como característica 
geral a regularidade. 
o Exemplo: faca, navalha, bisturi. 
• Forma linear, bordas regulares, margens oblíquas 
(vertentes), fundo regular, ausência de contusão 
na periferia, hemorragia abundante, predomínio 
do comprimento sobre a profundidade, presença 
de cauda de escoriação (onde o instrumento 
termina o seu corte, deixando uma parte dos 
tecidos mais superficiais), perfil de corte angular 
ou em bisel. 
 
6 
 
Prestar atenção que os dois ângulos são agudos. 
Por isso tem que ter um gume. 
 
Quadros especiais 
• Esgorjamento: lesão na região anterior do 
pescoço, produzida por instrumentos cortantes, 
tendo causa homicida ou suicida. A característica 
é que se pode ter gravidade, porque pode atingir 
estruturas nobres do pescoço. 
 
• Degola: quando a lesão é posterior. Só permite 
uma possibilidade – homicida. 
 
• Decapitação: separar a cabeça do corpo. 
Instrumentos de maior calibre podem produzir. 
 
• Esquartejamento: dividir o corpo em quartos. 
Pode ser produzida quando um trem passa por 
cima do corpo, lesões produzidas por meio aéreo, 
veículos marítimos e ferroviários. Também pode 
ser contundente e cortico-contundente. 
 
Ação contundente 
• Características: corpo com superfície; onda 
gasosa ou coluna líquida, carro, aviões, o chão; lei 
da ação e reação. 
Os meios contundentes produzem uma ferida 
contusa. Eles não têm gume, e é por isso que a ferida 
contusa não tem regularidade. 
• Forma estrelada, sinuosa ou retilínea, bordas 
irregulares, margens irregulares (vertentes), 
fundo irregular, contusão na periferia, hemorragia 
escassa (pressiona os vasos sanguíneos), pontes 
de tecido íntegro, retração das bordas da ferida. 
 
Na série contundente, há lesões graves, com 
prolapso visceral. 
 
Abaixo, lesões produzidas por esmagamento, 
quando como um veículo passa por cima de alguém. 
 
 
7 
Lesões produzidas por ação contundente 
1. Rubefação: é uma vermelhidão, não tem alteração 
anatopatológica; de duração efêmera (difícil detectar em 
perícia), tem como característica a impressão do meio 
causador. Causada por congestão vascular – mancha 
avermelhada. 
 
2. Escoriação: erosão epidérmica ou abrasão. É o que se 
conhece como “arranhão”. A escoriação típica não 
apresenta comprometimento da derme, não sangra, não 
cicatriza, mas forma crosta serosa (exsudato seroso). 
Desenha a dinâmica do evento. Podem mostrar o desenho 
do meio causador. Regenera. O mecanismo de ação é 
atrição. 
 
3. Equimose: infiltrado hemorrágico nas malhas dos 
tecidos, por rotura de capilares. Internamente, há 
infiltrado hemorrágico. 
• Tipos: sugilação – grão (púrpura), petéquias 
(cabeça de alfinete), equimoma (grandes) 
proporções, víbice (estria). 
• Importância: assinatura do meio. 
As petéquias estão muito presentes nas asfixias, 
porém nem sempre são traumáticas. 
 
Equimose periorbitária: produzida nas violências 
domésticas e familiares. A imagem a seguir mostra uma 
bem recente. 
 
Equimose 
• Espectro equimótico de Legrand du Saulle 
o 1º dia: vermelha; 
o 2º e 3º dia: violácea; 
o 4º ao 6º dia: azul; 
o 7º ao 10º dia: esverdeada; 
o 12º dia: amarelada; 
o 15º dia: desaparece. 
Exceção: petéquias conjuntivais. Não sofrem essa 
evolução, por causa da alta oxigenação do local. 
 
Acima, evolução de, pelo menos, uns 10 dias. 
Víbices 
 
4. Hematoma 
 É uma lesão gerada por acúmulo de sangue, 
formando cavidade. A rotura devasos é maior (vasos de 
maior calibre). Pode ser um hematoma subdural 
(gravidade maior). Em geral, faz relevo na pele. 
 
 
8 
 Uma situação de grande gravidade é quando ele é 
localizado intracerebral – hematoma subdural, por 
exemplo. Pode também ser dentro dos órgãos – 
intraparenquimatoso (hepático, renal). 
5. Bossa sanguínea 
Coleção de sangue sobre superfície óssea, 
fazendo uma saliência conhecida como galo. Também 
ocorre em situações traumáticas. Tem elevação cutânea 
sobre superfície óssea. Costuma ocorrer em recém-
nascidos. 
 
6. Fraturas 
Solução de continuidade óssea, pode ser direta, 
indireta, associadas à compressão. 
7. Encravamento 
Penetração de um meio sólido em qualquer parte 
do corpo; meio de ponta afiada e grande eixo longitudinal. 
Refere-se a grandes taumatismos e em várias partes do 
corpo. Não é comum. 
 
• Empalamento: é uma forma especial de 
encravamento, no qual a penetração do meio 
sólido ocorre pela região perineal ou anal. 
Antigamente, no século XVI, havia punições dessa 
forma. 
 
8. Acidentes por veículo terrestre 
Essas lesões são importantes porque são muito 
frequentes. Os acidentes de tráfego terreste são os 
causadores de maior índice de morte violenta. 
 Uma vítima, quando atropelada, cai e pode rolar 
sobre o próprio eixo, existindo a possibilidade de várias 
lesões, inclusive com formação de: contusão-tatuagem, 
estrias pneumáticas de Simonin (desenho das rodas do 
veículo na pele), lesões de passageiros (tendem a ser mais 
graves, por causa da bancada do veículo) e lesões no 
condutor. 
 Existe uma série de lesões que podem ocorrer. As 
lesões do condutor são produzidas pelo impacto da 
cabeça, geralmente na região frontal. O traumatismo, 
quando há o impacto da cabeça, ocorre com o parabrisa. 
Existe o impacto do tórax no volante, que podem 
apresentar lesões denominadas de ?? traumática. 
 
Acima, estrias pneumáticas. Como o veículo passa 
por cima da vítima, existem outras lesões graves internas, 
como ruptura de vísceras por esmagamento, prolapso 
visceral etc. 
Atropelamento ferroviário 
• Espostejamento (despojos): redução do corpo a 
diversos e irregulares fragmentos. 
 
9. Luxações 
10. Entorses 
11. Roturas de vísceras internas: pode ser esplênica, 
hepática etc. Toda víscera pode romper. 
12, Escavações 
Quadros específicos 
 
9 
• Lesões por explosões: quando existe uma 
explosão, o deslocamento da massa de ar vai 
produzir lesões conhecidas como “Blast injury”. 
Elas podem acontecer no pulmão, com ruptura 
dos capilares alveolares, pode ser auditivo, 
abdominal, cerebral etc. Além de haver lesões 
produzidas por deslocamento da massa gasosa, 
há lesões produzidas por meios arremessados 
contra a vítima. 
• Lesões por martelo: fratura perfurante de 
estracima. Afundamento ósseo, graves e dolosas. 
Não necessariamente é por martelo, pode ser por 
outros instrumentos – coronha de revolver ou 
pistola ou outros objetos mais resistentes. 
• Lesões por achatamento ou esmagamento: 
passagem de veículos sobre o corpo. 
• Lesões por arrancamento: quando existe uma 
tração violenta de um segmento corporal, 
principalmente desprendimento de membros 
inferiores e superiores. Escaupelamento 
traumático é quando é com o couro cabeludo. 
• Lesões por cinto de segurança: o três pontos é o 
mais utilizado. Ainda que o indivíduo esteja 
protegido, não há uma proteção incondicional. 
Pode acontecer hiperflexão e hiperextensão da 
região cervical, com luxação da mandíbula. A 
arcada dentária pode ferir a lingua. São situações 
que acontecem por cinto de segurança. 
• Lesões por atropelamento terrestre, náutico, 
ferroviário 
o Náutico: lesões vutosas, como as 
causadas pela hélice da embarcação, com 
feridas corticocontusas de grande 
gravidade. 
o Ferroviário: escortejamento. 
• Lesões por acidente aéreo: fraturas, secção do 
corpo, escoriações. Pode haver explosão também, 
bem como fragmentação corpórea. A equipe do 
IML se desloca para identificar as vítimas, mais do 
que determinar a causa da morte. 
• Lesões por precipitação: quando um corpo cai de 
uma altura, que pode ser homicídio, suicídio ou 
acidente. Depende de como o corpo cai. 
o Fraturas múltiplas no crânio: caiu de 
cabeça. 
o Lado esquerdo: rotura esplênica. 
o Em pé: fratura de base de crânio. 
o Lado direito: rotura hepática. 
 
 
10 
Ação pérfuro-cortante 
Ex.: faca, pois tem ponta e lâmina. 
Características dos meios pérfuro-cortantes: ponta afiada 
e gume cortante. 
Se a faca atuar com o gume, produz ferida 
cortada, mas ela entrando no corpo com a ponta dela, 
temos uma ferida pérfuro-cortada 
Um ângulo mais arredondado é produzido na 
região onde não há gume, enquanto que ângulos agudos 
são produzidos onde há gume. 
Características 
• Forma de botoeira 
• Ângulos: sendo um deles mais agudo (pelo fume) 
e o outro, arredondado. 
• Bordas afastadas e regulares 
• Causa de escoriação 
• Contusão provocada pelo cabo meio 
• Trajeto (características das dos meios 
perfurantes). 
Ação homicida é comum ser com uma ação 
perfurocortante, devido a múltiplas facadas. 
 
Gravidade das lesões 
As feridas penetrantes são, geralmente, graves, 
por infecções e lesões em órgãos, roturas de vasos 
importantes etc. 
Causa jurídica: homicício é a mais frequente. 
Ação corto-contundente 
 Ex.: foice, enxada, dentes, rodas de um trem. 
Características dos meios: gume, peso ou força. 
Mecanismos de ação são deslizamento e pressão. 
Características da ferida corto-contusa 
• Forma variável a depender do gume 
• Profunda – atinge plano ósseo 
• Não apresenta cauda de escoriação 
• Não apresenta ponte de tecidos íntegros 
Esquartejamento 
 
Ação pérfuro-contundente 
 O grande exemplo é o projétil. São lesões por 
arma de fogo. Pode ser homicídio, suicídio ou acidente. 
 O intrumento tem que ter uma ponta e peso. Não 
têm ponta afiada, mas perfuram e contundem. 
 
Os elementos resultantes do disparo saem pela 
boca do cano. Além do projétil, saem outros elementos 
produzidos pela explosão, que vão produzir lesões. 
Produzido o tiro, escapam, pela boca da arma: o 
projétil ou projéteis, gases superaquecidos, chama, 
fumaça, pólvora incombusta, bucha. Esses cinco últimos 
são denominados de cone de dispersão ou cone de 
explosão. São chamados assim, porque eles saem no 
formato de cone. Esses elementos podem ou não atingir a 
vítima, vai depender da distância em que foi dado o tiro. 
Se for à queima-roupa ou curta distancia, longa distancia 
ou encostado. 
• Munição: contém o estojo (recipiente em que se 
armazena projétil, pólvora), espoleta 
(arrendondado, fica na base da arma de fogo, 
 
11 
queima a pólvora e o projétil sai), projétil, bucha e 
pólvora. 
O projétil também pode passar de raspão, então 
não tem ação perfurante, apenas contundente. 
 
 
Lesões por projéteis de arma de fogo 
Devemos considerar: ferimento de entrada, 
ferimento de saída (pode existir ou não) e trajeto. O 
ferimento de entrada é diferente do de saída, assim como 
o trajeto tem características próprias. 
Ferimento de entrada – pode ser resultante de: 
• Tiro encostado: entra tudo de uma vez, projétil + 
elementos do cone de dispersão. 
• À curta distância ou à queima roupa: fragmentos 
do cone ficam impregnados na roupa. 
• À distância: os elementos do cone de dispersão 
vão se dispesar, vão se perder e não atingir a 
vítima. Só quem atinge a vítima é o projétil, que 
pode produzir três tipos de lesões. 
À distância 
• Efeitos primários 
o Orla de escoriação (ou de contusão): pelo 
arrancamento da epiderme, motivado 
pelo efeito rotatório do projétil; não é 
exclusivo da entrada, pode ocorrer na 
saíde, se a pele for espremida pelo projétil 
contra um anteparo, como um cinto de 
couro, por exemplo. 
o Halo de enxurgo: pela passagem do 
projétil através dos tecidos, limpando 
neles suas impuresas. É, em geral,escuro. 
Exclusivo do orifício de entrada!! 
o Aréola equimótica: zona superficial e 
relativamente difusa, de sufusão 
hemorrágica, pela rotura de pequenos 
vasos localizados nas vizinhanças do 
ferimento. Nem sempre ocorre nem é 
exclusiva do ferimento de entrada. 
Um projétil pode atingir em ângulo de 90 graus, 
formando orifício arredondado, vai até o limite de 
distensibilidade da pele, rompendo e produzindo 
ferimento. Se o ângulo de incidência dele no corpo for 
menor, faz ferimento ovalado. 
• Forma: arredondada (90 graus), ovalar (atinge 
mais inclinado), lesão de raspão é só contundente. 
• Bordas dos tecidos: ficam invertidas, pelo efeito 
do projétil. 
• Efeitos primários presentes (pelo projétil): orla de 
escoriação, hajo de enxugo, aréola equimótica. 
• Efeitos secundários: ausentes. 
 
No ferimento de saída, há eversão tissular, as 
bordas ficam para fora e sangra muito. 
Tiro encostado 
Nos tiros encostados, penetram, no local, tanto o 
projétil quanto os demais elementos do cone de dispersão 
de uma só vez. A lesão é maior e estrelada. 
Queimadura e deposição de material fuliginoso, 
formadores das zonas de disparo a curta distância, aqui 
podem ser vistos subjacentes à pele. 
• Forma: irregular, denteada ou com entalhes (pela 
ação resultante dos gases que descolam e 
dilaceram os tecidos). 
 
12 
• Bordas: podem estar voltadas para fora. 
• Crepitação gasosa da tela subcutânea: na 
redondeza do ferimento, pela infiltração dos 
gases. 
 A pressão nos tecidos é muito grande, formando 
um ferimento de entrada maior. As bordas podem estar 
voltadas para fora. 
 
O halo escuro é chamado de Sinal de Benassi. 
Existe uma superfície óssea por baixo, a impregnação da 
pólvora leva a esse sinal. Os outros elementos de 
dispersão explodem os tecidos de dentro para fora, dando 
essa câmara de mina de Hoffman. 
À curta distância 
 Os efeitos do projétil (aqueles três) + lesões 
produzidas pelos elementos do cone de dispersão. Tendo 
apenas um halo desse já caracteriza tiro dado à curta 
distância. 
• Efeitos primários 
o Orla de escoriação (ou de contusão): pelo 
arrancamento da epiderme, motivado 
pelo efeito rotatório do projétil; não é 
exclusivo da entrada, pode ocorrer na 
saída, se a pele for espremida pelo projétil 
contra um anteparo, como um cinto de 
couro, por exemplo. 
o Halo de enxugo (orla de Chavigny): pela 
passagem do projétil através dos tecidos, 
limpando neles suas impurezas; é, em 
geral, escuro. Exclusivo do orifício de 
entrada!! 
o Aréola equimótica: zona superficial e 
relativamente difusa, de sufusão 
hemorrágica; pela rotura de pequenos 
vasos localizados nas vizinhanças do 
ferimento; nem sempre ocorre, nem é 
exclusiva do orifício de entrada. 
• Efeitos secundários: basta ter um. 
o Halo ou zona de tatuagem: pela 
impregnação dos grãos de pólvora 
incombusta; impregnação na derme, não 
sendo removida por água e sabão. 
o Zona de orla de esfumaçamento: 
formado pelos resíduos finos e 
impalpáveis da pólvora combusta; 
também chamada de zona de falsa 
tatuagem, é removida por água e sabão. 
o Zona de queimadura (=zona de 
chamuscamento): por ação 
superaquecida dos gases que atingem e 
queimam o alvo; nas regiões cobertas por 
pelos, estes ficam crestados, 
quebradiços, entortilhados. 
Por isso é tatuagem, porque se lavar com água e 
sabão, ele não vai sair. A zona ou orla de esfumaçamento 
seria a falsa tatuagem, pois desaparece com água e sabão. 
Esses achados podem estar presentes na roupa do 
cadáver. 
 
Trajeto 
• Definição: é o caminho percorrido pelo projétil no 
interior do corpo; une a entrada ao ponto de 
repouso ou à saída do projétil. 
• Transfixante: uma linha reta ligando a ferida de 
entrada à de saída. 
• Pode terminar em fundo cego ou perder-se 
dentro de uma cavidade. 
• Elementos do trajeto: sangue coagulado, tecidos 
lacerados e infiltrados por sangue, corpos 
estranho (ex.: esquírolas ósseas). 
• Em chuleio: penetra sai, penetra de novo e sai. 
Em vísceras compactas, como fígado, baço e rim, 
a destruição é maior. No pulmão, como é cheio de ar, 
tende a absorver a energia cinética do trajeto e o impacto 
ser menor. O pulmão é mais esponjoso. 
Ferimento de saída 
 
13 
• Forma: irregular, variada – estrelada, em forma de 
fenda etc. Isso porque o projétil já vem com 
menor energia, por exemplo. 
• Bordas: reviradas para fora, evertidas. 
• Mais sangrantes: pela eversão das bordas. 
• Aréola equimótica presente 
• Ausência de: orla de escoriação (embora possa 
ocorrer), halo de enxugo e dos elementos 
decorrentes da decomposição da pólvora. 
Não pode ter halo de enxugo nem elementos 
resultantes do cone de dispersão, porque isso é 
característica do ferimento de entrada. A orla de 
escoriação também, apesar de poder acontecer. 
 
 
 
 
14 
Energias de ordem físico-química 
• Impedem a passagem do ar às vias respiratórias 
• Alteram a composição bioquímica do sangue 
• Levam à asfixia, que altera a função respiratória, 
inibindo a hematose. 
Exemplos: estrangulamento, afogamento, 
enforcamento, esganadura, sufocação, traumatismo 
torácico. 
Asfixia 
Asfixia, do grego, significa “parada de pulso” 
Fisiopatologia: redução do teor de oxigênio 
(hipóxia) + aumento do teor de gás carbônico 
(hipercapnia) no sangue arterial. 
Conceito: conjunto de alterações de respiração, 
geralmente de causa súbita e violenta, que conduzem a 
uma diminuição ou supressão da oferta ou da utilização de 
oxigênio pelos tecidos. 
Modalidades de asfixia 
• Impedimento da circulação do ar 
o Orifícios: sufocação (travesseiro) 
o Tubo: engasgamento (corpo estranho), 
aspiração (vômito). 
• Constricções cervicais 
o Com laço: enforcamento (+ laço, + peso), 
estrangulamento (+ laço, - peso). 
o Sem laço: esganadura (- laço, - peso). 
• Impedimento de incursões respiratórias: 
compressão do tórax. 
• Modificações no ambiente 
o Afogamento: substitui oxigênio por água. 
o Monóxido de carbono: substitui oxigênio 
por monóxido de carbono 
o Confinamento: pouca renovação de ar. 
Pode ser acidental ou não. 
o Soterramento: penetração de material 
sólido nas vias aéreas, como areia e barro. 
Classificação das asfixias (Afrânio Peixoto) 
• Puras 
o Asfixia por gases irrespiráveis: 
confinamento, CO. 
o Obstrução das vias aéreas: sufocação 
direta e indireta. 
o Substituição do meio gasoso em meio 
líquido: afogamento. 
o Substituição do meio gasoso em meio 
sólido: soterramento. 
• Complexas: constrição passiva do pescoço 
exercida pelo peso do corpo (enforcamento); 
constrição ativa do pescoço exercida pela força 
muscular do agente agressor (estrangulamento). 
• Mistas: esganadura 
Sinais gerais de asfixia 
Não há sinais patognomônicos, mas há achados 
comuns. Há sinais que são mais característicos de um tipo 
de asfixia do que de outro. 
1. Sinais externos 
• Manchas de hipóstase: precoces, abundantes e 
escuras. São manchas arroxeadas que surgem no 
corpo após a morte, por ação da gravidade, a 
coluna de sangue vai para a região mais baixa do 
corpo. Pode ser na região anterior ou posterior do 
corpo, depende da posição em que ele está. Aqui, 
elas tendem a acontecer mais precocemente. 
o Afogamento: róseos, porque existe uma 
penetração de líquido generalizada no 
corpo. Essa embebição cadavérica 
provoca diluição das manchas. 
o CO: cor de carmim (vermelho vivo). 
• Cianose e congestão da face e do pescoço: por 
estase mecânica da cava superior, principalmente 
por compressão torácica. 
• Petéquias e púrpuras (equimoses) de pele e 
mucosas: pela queda do sangue pela gravidade 
para as partes mais baixas do corpo e pelo peso 
da coluna de sangue, rompendo capilares; 
favorece quando há decúbito ventral. 
As petéquias podem ser externas ou internas. 
Abaixo, petéquias pleurais ou manchas de Tardieu. 
 
 
15 
 
• Fenômenos cadavéricos: putrefação mais precocee rigidez mais intensa. Se tiver com os braços 
flexionados, não se consegue abaixar. 
• Cogumelo de espuma: bola de finas bolhas de 
espuma que cobrem a boca e as narinas (mais 
comum nos afogados). Parece espuma cheia de 
sabão saindo pela boca, pelo líquido que penetra 
as vias aéreas. 
 
• Projeção da língua e exolftalmia: isso também 
pode ocorrer durante a putrefação. Também 
podem acontecer nas asfixias por constricção 
cervical, como enforcamento. 
2. Sinais internos 
• Petéquias viscerais – manchas de tardieu 
• Sangue escuro (pobre em oxigênio) e líquido 
(causa mal definida) 
• Congestão polivisceral: fígado, mesentério, rins 
etc. 
Impedimento da circulação do ar: sufocar pode ser com 
sacola plástica na cabeça (criança faz muito isso), pode ser 
com travesseiro, com as mãos etc. 
• Sufocação direta 
• Sufocação indireta 
• Mista 
1. Sufocação 
Consiste no impedimento da ventilação alveolar 
por obstrução das vias aéreas e/ou por compressão do 
tórax (indireta; incêndio, intoxicação por monóxido de 
carbono). 
• Causa jurídica: admite o homicídio, o acidente e o 
suicídio. Este último é menos comum. 
Tipos quanto à forma de impedimento da ventilação 
• Direta: decorrente da obstrução das vias aéreas. 
Boca e orifícios nasais, supraglótica e infraglótica. 
Entra os corpos estranhos nas vias aéreas, como 
um pedaço de carne. 
• Indireta: decorrente da compressão do tórax. 
Grandes multidões em pânico, posicional, outros 
meios (acidentes automobilísticos, em que os 
indivíduos ficam presos nas ferragens). 
• Mista: soterramento (desabamento, 
desmoronamento – várias são as possibilidades 
de causa de morte, tem que ver quando se 
considera realmente soterramento, pois nem 
sempre a causa da morte é por soterramento na 
presença do desabamento/desmoronamento). 
1.1 Sufocação direta 
Sinais cadavéricos – sinais gerais de asfixia 
• Por obstrução da boca e dos orifícios nasais 
o Marcas ungueais na face e lesões labiais; 
uso das mãos ou travesseiros (oclusão 
homicida). Ex.: adulto que sufoca uma 
criança, tem que haver diferença de 
força. 
o Em RN, pode haver oclusão acidental, na 
cama. É quando a mãe está dormindo 
com o bebê e se vira por cima dele, 
sufocando-o. 
• Por obstrução das vias aéreas supra e 
infraglóticas: presença de corpos estranhos nas 
vias aéreas. 
1.2 Sufocação indireta 
• Por grandes multidões em pânico: traumatismos 
múltiplos superficiais e profundos. Vai haver 
lesões da série contundente. 
• Posicional: posição que compromete a respiração 
por fadiga muscular. Controverso. 
• Outros meios: traumatismo contuso sobre o tórax 
e abdome e de suas vísceras, em acidentes de 
veículos, por exemplo. 
Asfixias por modificações do meio ambiente: ao invés de 
ar, vai haver outro elemento, como líquido, terra ou 
monóxido de carbono. 
• Confinamento 
• Afogamento 
• Soterramento 
• Monóxido de carbono 
 
16 
Confinamento 
 Permanência em ambientes que não permitem a 
renovação do ar. Pode ser um espaço pequeno, como baú, 
mala, dentro de veículos etc. A causa da morte pode ser 
desidratação também, em casos de indivíduos dentro do 
veículo. 
• Causa jurídica: acidental (maioria), homicídio 
(infantil, por exemplo), suicídio. 
• Redução gradativa do oxigênio e elevação 
gradativa do gás carbônico. 
• Intenso sofrimento: lesões por tentativa de fuga e 
por aerofilia. 
Pode acontecer confinamento também em 
situações de desabamento e desmoronamentos. Não é 
muito comum, mas é principalmente por lesão 
contundente, gerando compressão torácica. 
Afogamento 
Penetração de um meio líquido ou semilíquido nas 
vias respiratórias. 
• Causa jurídica: geralmente acidente (maioria), 
mas admite suicídio (pessoas que se jogam na 
água com uma pedra no pescoço, por exemplo) e 
o homicídio (raro, preciso que o agressor tenha 
pelo menos 2x a força da vítima; pode ser em 
piscina ou banheira). 
Quando o indivíduo cai na água, a morte dele 
pode acontecer antes de haver embebição cadavérica 
(penetração de líquido por todo o corpo). O impacto na 
água causa a morte, com parada cardíaca. Não se sabe 
exatamente o porquê. Esse afogamento não é o típico. 
• Diagnóstico: talvez represente um dos 
diagnósticos mais difíceis, pela ausência de sinais 
patognomônicos ou específicos. É feito pelo 
somatório dos achados necroscópicos. 
Fisiopatologia 
• Fase de apneia voluntária: cai na água, para de 
inspirar e aí, o oxigênio inspirado vai sendo 
consumido. 
• Fase de dispneia involuntária: queda do oxigênio, 
aumenta gás carbônico e isso estimula o centro 
respiratório do bulbo. A inspiração se dará, 
mesmo contra a vontade da vítima. Então, 
ocorrem inspirações profundas e involuntárias, 
com penetração de líquido pelo corpo (começa 
pelas vias aéreas, mas vai preenchendo vários 
locais e órgãos). 
• Fase de exaustão ou hipóxia cerebral: a hipóxia 
cerebral leva o indivíduo à convulsão, 
inconsciência, parada respiratória e circulatória e 
morte. 
Sinais cadavéricos externos 
• Temperatura baixa da pele: pois, na água, o 
equilíbrio térmico é mais rápido. 
• Pele anserina (sinal de bernt): “pele de galinha”, 
pela contração dos mm. eretores dos pelos e 
rigidez cadavérica. 
 
• Retração do mamilo, do saco escrotal e do pênis: 
mesmo significado da pele anserina. 
O pé fica inchado, por causa da embebição 
cadavérica. O descolamento da epiderme é chamado de 
maceração. 
• Livores de hipóstase: precoces, pela fluidez do 
sangue; de coloração vermelha, por causa da 
embebição cadavérica; na cabeça (cabeça de 
negro) e face anterior do tórax (acontece porque 
o corpo na água fica suspenso, e a cabeça 
geralmente fica para baixo). 
• Rigidez cadavérica: mais precoce, pela asfixia. 
• Maceração da epiderme: sobretudo nas mãos – 
mãos de lavadeira, e nos pés, pela maior 
espessura da epiderme; no início, a epiderme é 
mais grossa, enrugada e esbranquiçada e, 
posteriormente, destaca-se, como dedos de luva. 
Pode ocorrer em fetos que morrem dentro da 
cavidade uterina e permanecem dentro do líquido 
amniótico. 
 
• Cogumelo de espuma: os gases da putrefação 
põem para fora a espuma dos brônquios e da 
traqueia. 
 
17 
O cadáver dentro da água pode estar boiando ou 
no fundo. Vai depender da fase do afogamento, se existe 
correnteza ou não. À medida que vai penetrando água no 
corpo, a tendência é que o corpo afunde. Enquanto existe 
gás, a tendência do corpo é flutuar. 
Locais onde é mais provável haver lesão, pela 
posição do corpo dentro da água: 
• Erosão dos dedos e presença de corpos estranhos 
sob as unhas: principalmente quando o corpo é 
levado pela correnteza. 
• Hemorragia petequial de pele e mucosas 
• Mancha verde da putrefação atípica: inicia com 24 
horas de óbito, o cadáver sofre autólise (ruptura 
dos lisossomos e liberação de enzimas que 
provocam digestão celular; acontece no corpo 
morto ou em um órgão, com cerca de 20 horas) e 
putrefação. 
• Lesões pela fauna aquática: pálpebras e lábios, 
sobretudo. 
 
• Lesões cutâneas inespecíficas: lesões por atrito ou 
arrastamento, como escoriações e feridas. 
 Quando se retira um órgão (ex.: vesícula biliar), 
deve-se colocá-lo em um meio contendo formaldeído. O 
objetivo dessa substância é evitar a autólise do tecido. Se 
o órgão não for colocado nesse meio, ele sofre autólise e 
putrefação. No caso do cadáver, esta última começa na 
fossa ilíaca direita, depois de 24 horas. No afogamento, ela 
começa na região superior do corpo. 
 Pela posição do cadáver submerso, com a cabeça 
mais baixa que o tronco (pelo ar dos pulmões e alças 
intestinais), e pelos membros largados, é comum 
encontrar lesões na região frontal, faces anteriores dos 
joelhos, dorso das mãos e regiões dorsais dos pés. 
 
 Com a embebição cadavérica, aumenta a 
densidade e a tendência é o corpo descer. Depois que 
começa a produzir gases na putrefação, o corpo volta a 
flutuar.Sinais cadavéricos internos 
• Vias aéreas: presença de líquidos e corpos 
estranhos. 
• Pulmão: enfisema aquoso, hemorragia petequial 
(manchas de Tardieu) e equimoses subpleurais 
(manchas de Pautaug). Vai haver rotura dos 
septos alveolares, formando essas equimoses. 
Isso só acontece se o indivíduo tiver inspirado 
muito líquido, para que ele, nos espaços 
alveolares, inche e rompa os septos. 
• Tubo digestivo: presença de líquido (sinal de 
Wydler). 
• Crânio: hemorragia temporal e etmoidal (sinal de 
niles e de Vargas Alvarado). 
 
Nas imagens acima, do lado esquerdo, 
hemorragias petequiais, com manchas de tardieu, do lado 
direito, o fígado está apenas congesto. Abaixo, observar 
líquido espumoso na traqueia (lado esquerdo). 
 
Normalmente, os pulmões ficam dentro da 
cavidade torácica. No afogamento, a tendência é que 
ocorra a anteriorização deles, por causa do inchaço. 
Quando corta para o exame interno, vê-se líquido 
espumoso e congestão. 
 
 
18 
Acima, necrópsia fetal mostra grande quantidade 
de líquido espumoso nos pulmões. 
 
Acima, intumescimento do pulmão. Essas lesões 
são chamadas de equimoses subpleurais, pela ruptura dos 
septos alveolares. 
Importante no diagnóstico do afogamento 
O diagnóstico de certeza da morte por 
afogamento é feito pelo somatório dos achados de 
necrópsia, exame do local bem feito e exames 
complementares – alcoolemia, anatomopatológico e 
toxicológico, bem como o uso de bom senso. 
É fundamental saber se um cadáver encontrado 
na água teve morte natural ou violenta, uma vez que ele 
pode ter sido jogado na água para simular afogamento. 
Lembrar que o afogamento típico apresenta sinais devido 
à grande penetração de líquido nos tecidos corpóreos. Em 
presença de estado de putrefação avançada, o diagnóstico 
é mais difícil. 
Soterramento 
 Trata-se de uma asfixia mecânica em que a massa 
gasosa é substituída por substâncias pulverulentas, como 
terra, areia etc. 
• Causa jurídica: acidental (maioria) – em situações 
de desabamento ou desmoronamento. 
Vai haver associação de mecanismos causadores 
de morte – confinamento, compressão direta, lesões 
contundentes, sufocação direta, soterramento 
propriamente dito (quando vai fazer a necrópsia e, além 
dos achados externos de traumatismos múltiplos, 
encontra-se barro dentro das vias aéreas, por exemplo). 
É muito comum haver morte por ação 
contundente. 
Sinais cadavéricos externos 
• Sinais gerais de asfixia 
• Cadáver recoberto por terra ou restos de 
escombros 
• Escoriações e equimoses numerosas 
• Traumatismos múltiplos superficiais e profundos 
(a morte pode ter ocorrido por TCE, rotura de 
vísceras – desabamentos, desmoronamentos). 
Sinais cadavéricos internos 
• Terra, barro e poeira dentro das vias aéreas – alto 
valor diagnóstico de morte por soterramento. 
 
Acima, observar restos de terra na cabeça e lesões 
da série contundente no corpo. Abaixo, ver que há 
escoriações. 
 
Constrições cervicais 
• Esganadura: asfixia usando mãos no pescoço da 
vítima. Não vai haver laço nem ação do peso do 
corpo da vítima. Negativo para laço e peso. 
• Enforcamento: positivo para os dois – laço e peso 
do corpo na vítima. Laço seria lençol, corda, cinto 
de couro etc. É suicídio. 
• Estrangulamento: mãos do agente agressor. 
Esganadura 
Impedimento da ventilação alveolar por 
obstrução por compressão do pescoço pelas mãos do 
agressor. Podem estar presentes os estigmas ungueais 
• Causa jurídica: admite o homicídio. 
Enforcamento 
Constrição do pescoço por um laço ativado pelo 
peso do corpo da vítima. O corpo pode ficar totalmente ou 
parcialmente suspenso. 
• Causa jurídica: suicídio (maioria), homicídio 
(excepcional), acidente (raro). 
Mecanismo da morte: asfixia complexa 
• Obstrução das vias aéreas (mecanismo asfíxico). 
 
19 
• Obstrução dos vasos (mecanismo vascular) 
• Compressão de estruturas nervosas (mecanismo 
nervoso). 
Sinais cadavéricos externos 
• Sinais gerais de asfixia 
• Cabeça fletida para diante, com mento tocando 
no tórax 
• Face branca ou arroxeada, depende do grau de 
obstrução vascular 
• Protusão dos olhos e da língua 
• Presença do sulco cervical: diagnóstico diferencial 
com estrangulamento. Existe quando se retira o 
laço. 
• Manchas de hipóstase na metade inferior do 
corpo, mais intensas nas extremidades dos 
membros. Importante no diagnóstico diferencial 
do estrangulamento, em que se pendura o corpo 
para simular enforcamento. 
No estrangulamento, o local fica desorganizado. É 
uma tendência. 
Sinais cadavéricos internos 
• Pescoço (partes moles): sufusões hemorrágicas. 
• Lesões do aparelho laríngeo: fratura do osso 
hióide, das cartilagens cricoide e tireoide. 
• Lesões vasculares: sinal de Amussat (secção 
transversal da íntima da carótida comum), sinal de 
Friedberd (sufusão hemorrágica da porção 
externa da carótida comum). 
• Roturas musculares: ECM, omo-hioideo. 
• Lesões da coluna vertebral: fraturas das vértebras 
cervicais, roturas dos ligamentos intervertebrais. 
A seguir, observar sinal de congestão facial e sulco 
cervical, respectivamente. O sulco é oblíquo, ascendente 
e apergaminhado. 
 
O laço tende a ficar nas porções mais superiores 
do pescoço. 
Ao encontrar alguém enforcado, o cadáver deve 
ser levado com a corda no pescoço. 
 
 
Acima, sufusões hemorrágicas de partes moles em 
enforcamento. 
Estrangulamento 
Ocorre quando há constrição do pescoço por um 
laço ativado por uma força que não seja a do peso do 
corpo da vítima. 
• Causa jurídica: homicídio (maioria), acidente 
(excepcional – Isadora Duncan), suicídio (pouco 
frequente). 
Mecanismo da morte 
• Obstrução das vias aéreas, dos vasos e de 
estruturas nervosas. 
Sinais cadavéricos externos 
• Sinais gerais de asfixia 
• Protusão dos olhos e da língua 
• Presença de sulco cervical: características 
diferentes. 
• Manchas de hipóstase não estão nas 
extremidades, tendem a estar de acordo com a 
posição do corpo. 
Sinais cadavéricos internos 
• Sufusões hemorrágicas de partes moles do 
pescoço são raras. 
• Lesões carotídeas raríssimas 
• Lesões de cartilagens e osso hióide são 
excepcionais 
Características diferencial do sulco (Bonnet) 
 
20 
 
 
 
 
21 
• Conceito: energias capazes de alterar o estado 
físico dos corpos. 
• Tipos: eletricidade, temperatura, pressão 
atmosférica, radioatividade, luz e som. Vamos nos 
deter nas três primeiras. 
1. Temperatura: frio. 
• Causa jurídica: acidental (mais comum); homicida 
(abandono de recém-nascido) e suicida. 
• Modalidades: ação generalizada (morte por 
hipotermia ou congelamento), ação localizada 
(geladuras, semelhantes a queimaduras). 
Ação generalizada 
• Hipotermia e congelamento. 
• Diagnóstico 
o Sinais específicos: infiltrado hemorrágico 
na mucosa gástrica e flictenas (bolhas). 
o Circunstâncias do evento: 
comemorativos do ambiente. Se alguém 
foi encontrado morto dentro de um 
caminhão frigorífico, isso pode ser 
acidental ou homicida. 
o Fatores individuais: idade (extremos da 
idade são mais sensíveis a variações de 
temperatura), estado mental, alcoolismo. 
Ação localizada 
• Geladuras: classificação em graus. Provoca 
vasoconstrição generalizada, a tendência é que as 
vísceras fiquem pálidas na necrose. 
o 1º grau: palidez ou rubefação local e 
aspecto anserino da pele. 
o 2º grau: eritema e formação de bolhas ou 
flictenas. 
o 3º grau: necrose de tecidos moles. 
o 4º grau: gangrena ou desarticulação. Pés 
de trincheira: gangrena dos pés, pela 
exposição ao frio. 
2. Temperatura: calor 
Em João Pessoa, no alto verão, a ação do calor 
pode matar. 
A ação generalizada e difusa do calor é chamada 
de “termonose”. 
• Insolação: proveniente do calor ambiental, em 
locais abertos, geralmente. Concorrem 
temperatura, raios solares, valor d’água, fadiga, 
fatores intrínsecos ao indivíduo – estado de 
repousoou de atividade, patologias prévias. 
No calor, haverá vasodilatação. Tanto no frio 
quanto no calor, existe aumento da permeabilidade 
vascular, formando bolhas de conteúdo líquido. 
• Intermação: calor ambiental em lugares fechados 
(veículo ao sol), sem a necessária ventilação, 
geralmente, acidental. 
o Diagnóstico: circunstância do evento, 
ausência de outras lesões sugestivas de 
causa mortis, desidratação – perda de 
líquido e eletrólitos. 
Ação localizada do calor (calor direto) 
• Localizada: são as queimaduras por calor direto. 
Geralmente, são acidentais. 
• Classificação de Hoffman 
o Primeiro grau: eritema simples e 
descamação. 
o Segundo grau: flictenas. É a formação de 
bolhas, que podem conter líquido rico em 
proteínas, por aumento da 
permeabilidade vascular – aspecto 
amarelado. 
o Terceiro grau: atinge até o plano 
muscular, com necrose, pela destruição 
da vascularização. Porta de entrada para 
microrganismos. 
o Quarto grau: atinge o plano ósseo. 
▪ Carbonização: parcial ou 
generalizada. 
Carbonização 
• Redução do volume do corpo: pela condensação 
dos tecidos. Corpos adultos carbonizados podem 
chegar a uma estatura de 100 a 120 cm. 
• Cabelos crestados, quebradiços, entortilhados. 
• Pele atingida de coloração enegrecida; pele 
amparada pelas vestes pode permanecer íntegra. 
• Boca aberta, dentes salientes, porque existe 
retração de tecidos. 
• Atitude de boxeador: flexão generalizada do 
corpo, pela desidratação e retração sofridas pelos 
tecidos. 
• Fuligem na árvore respiratória – sinal de Montalti: 
importante saber o nome desse sinal. Ocorre pela 
 
22 
aspiração de material fuliginoso, sinal irrefutável 
de reação vital. A fuligem impregna nas vias 
respiratórias. Indica que a pessoa respirou 
durante o evento. 
• Fraturas, amputações, fendas corporais: 
temperaturas muito elevadas provocam fraturas 
de ossos longos, amputações de extremidades, 
fendas corporais (podendo haver herniações 
teciduais). 
• Presença de carboxiemoglobina: dosada no 
sangue e permite conclusão incontestável de que 
a vítima respirou em ambiente com grande 
concentração de CO2. 
Morte por queimadura 
• Desidratação: pela volumosa perda de líquidos 
corpóreos. 
• Infecções: pela porta de entrada para 
microrganismos. 
• Insuficiência renal: pela necrose tubular. 
• Hemorragia digestória: pelas úlceras de Curling. 
 
A imagem anterior mostra fendas corporais, 
atitude de boxeador, língua e dentes para fora. 
 
Não encontra nenhuma outra causa de morte 
violenta, como projétil de arma de fogo. 
3. Eletricidade 
Tanto causa lesão de forma direta (pela 
eletricidade em si, alterando o funcionamento cardíaco ou 
dos músculos respiratórios, pois a eletricidade aumenta a 
excitabilidade muscular) e de forma indireta (por efeito 
Joule, com a produção de calor e produzindo queimaduras 
elétricas). 
 Temos eletricidade industrial e natural. Elas 
recebem denominações de acordo com a modalidade. 
• Eletricidade natural: raios. Acidental. 
o Fulminação: êxito letal. 
o Fulguração: êxito não letal, causa lesões 
corporais. 
• Eletricidade artificial: doméstica ou industrial 
o Eletroplessão: com ou sem êxito letal. 
Geralmente acidental. 
Eletricidade natural 
1. Êxito letal – fulminação: importante saber as 
circunstâncias que levou o indivíduo à morte. 
• Histórico de tempestade com descargas elétricas. 
• Sinais gerais de asfixia 
• Sinal de Lichtenberg: sinal arboriforme; não se 
sabe o mecanismo exato. 
 
2. Fulguração – êxito não letal 
Pode apresentar o mesmo sinal cutâneo, necrose 
muscular e insuficiência renal. 
• Morte em indivíduos atingidos por raios: inibição 
dos centros nervosos da respiração, fibrilação 
cardíaca, lesões secundárias da série 
contundente, pelo arremesso do corpo, 
carbonização (liberação de calor), sinais gerais de 
asfixia. 
Eletricidade artificial 
1. Eletropressão – êxito letal ou não 
• Marca elétrica de Jellinek – porta de entrada da 
corrente. Parece um calo. 
• Queimadura elétrica 
• Lesões de saída 
• Lesões graves: amputação de membros e secção 
completa do corpo. 
 
23 
• Sinais gerais de asfixia – tetania dos músculos 
respiratórios. 
 
Existe coagulação das proteínas, parece calo, é 
uma lesão parda. 
4. Pressão atmosférica 
Diminuição da pressão atmosférica 
• Causa jurídica: acidentais, quase sempre. 
• Conceito: diminuição da pressão atmosférica, 
com queda da concentração de oxigênio no ar, 
levando a alterações na oferta de oxigênio para os 
tecidos. 
• A ATM normal é de 760 mmHg = 1.036 kg/cm² 
Mal das montanhas: cefaleia, dispneia, fadiga, 
tonturas, síncopes, hipóxia cerebral, paradas cardíaca e 
respiratória e morte. Ocorre pela menor oferta de 
oxigênio aos tecidos, nas altitudes acima de 2500 m. 
Compensada pela poliglobulina das alturas. Acomete, por 
exemplo, alpinistas que não fazem a escalada 
pausadamente. É principalmente de causa acidental. 
Aumento da pressão atmosférica 
• Causa jurídica: acidentais (mais comum, acidente 
de trabalho), homicidas e suicidas (são raros). 
• Conceito: aumento da pressão atmosférica, com 
aumento da concentração de oxigênio, nitrogênio 
e gás carbônico no sangue, levando a alterações 
na oferta de oxigênio para os tecidos. 
Os mergulhadores têm que ter um cuidado 
especial, então eles precisam voltar lentamente para a 
superfície, para não haver embolia gasosa. Esta última 
pode atingir o corpo e causar a morte do indivíduo. 
Modalidades 
• Patologia da compressão: intoxicação pelo 
oxigênio, nitrogênio e gás carbônico. 
• Patologia de descompressão: mal dos caixões. 
o Embolia gasosa 
o Barotrauma pulmonar 
o Barotrauma auditivo 
 
 
24 
• Conceito de agentes químicos: substâncias que 
são capazes de provocar danos ao organismo, seja 
atuando externa ou internamente. 
• Modalidades 
o Cáusticos: atuam externamente. 
o Venenos: atuam internamente. 
1. Cáusticos 
Atuam externamente, levando o tegumento por 
ação: 
• Coagulante: ácidos, que provocam desidratação e 
formação de escaras secas. Ex.: nitrato de prata, 
acetato de cobre e croridrato de zinco. 
• Liquefaciente 
• Álcalis: escaras úmidas. Ex.: soda, potassa e 
amônia. 
A ação é acidental, homicida ou suicida. 
Vitriolagem: quando, dolosamente e com o desejo 
de causar dano estético, o agressor lança, sobre o rosto da 
vítima, substância química lesiva. Abaixo, uso de óleo de 
vitríolo e ácido sulfúrico. 
 
O dano estético será correspondido à lesão 
gravíssima na hora de se classificar as lesões dolosas. 
2. Venenos 
 Atuam internamente, lesando os órgãos. Consiste 
em uma substância que, uma vez introduzida no 
organismo, pode, mesmo em pequenas doses, levar a uma 
deterioração grave da saúde ou até mesmo a morte. É 
difícil definir, pois várias substâncias podem atuar como 
venenos, até alimentos e medicamentos. 
Classificação 
• Quanto ao estado físico: líquido, sólido e gasoso. 
• Quanto à origem: animal, vegetal, mineral e 
sintético. 
• Quanto às funções químicas: ácidos, básicos, sais, 
álcoois etc. 
• Quanto ao uso: doméstico, industrial, agrário etc. 
Fisiopatologia – fases de atuação no organismo. 
• Penetração: via oral, inalatória, gástrica, retal, 
cutânea. A mais usada é a orogastrointestinal. 
• Absorção: processo pelo qual o veneno chega à 
intimidade dos tecidos (as mucosas absorvem 
mais prontamente os tóxicos). 
• Fixação: é a etapa do envenenamento, em que a 
substância tóxica se localiza em certos órgãos, de 
acordo com o seu grau de afinidade. Ex.: cocaína 
na substância branca da medula espinhal. 
Quando existe a penetração por mucosas, a 
absorção é mais rápida. 
Cada substância tem afinidade por determinado 
tecido ou órgão. É por isso que, na necrópsia, é preciso 
analisar vários órgãos e líquidos corpóreos. 
• Transformação: o organismo tenta se defender 
dos efeitos tóxicos dos venenos, facilitando sua 
eliminação.• Distribuição: fase em que o veneno, penetrando 
na circulação, estende-se pelos mais diversos 
tecidos. 
• Eliminação: o veneno é expelido pelo sistema 
urinário e sistema digestivo (vômitos, 
evacuações), por exemplo. 
Fenômenos relacionados 
• Mitridatização (tolerância): fenômeno 
caracterizado pela elevada resistência orgânica 
aos efeitos tóxicos dos venenos, conseguida 
através da ingestão progressiva e repetida da 
substância. 
• Intolerância: exaltada sensibilidade de alguns 
indivíduos a pequenas doses de veneno. 
• Sinergismo: ação potencializadora dos efeitos 
tóxicos de várias substâncias. Por exemplo, álcool 
com benzodiazepínicos leva a uma depressão 
respiratória exacerbada. 
2.1 Carbamatos 
 Conhecidos, popularmente, como “chumbinho”, é 
o Aldicarb (Temik). Tal substância é causadora de morte 
por intoxicação homicida, suicida ou acidental. 
 Na necrópsia, vemos que o conteúdo gástrico 
apresenta inúmeros grânulos prateados e brilhantes, 
misturados com os alimentos. 
 
25 
E se houver ausência de achados significativos na 
necrópsia? Segue para exame toxicológico. 
Critérios diagnósticos 
• Clínico: sinais e sintomas apresentados pela 
vítima; valoriza-se anamnese, dados pessoais, 
antecedentes etc.; na inspeção, vê-se atitude, 
marcha, odores peculiares, sinais 
cutaneomucosos etc. 
• Circunstancial: circunstâncias ligadas ao evento, 
estudo do local da morta, depoimento de 
testemunhas etc. 
• Anatomopatológico: processos degenerativos 
orgânicos decorrentes da ação de certas 
substâncias. 
• Físico-químico (toxicológico): isolar, identificar e 
dosar, no material examinado, as substâncias 
tóxicas suspeitas. 
• Experimental: usa-se o material suspeito em 
animais de laboratório e se verifica a 
sintomatologia que aparece. 
• Critério médico-legal: importante raciocínio, 
levando em conta todos os critérios. Pode fazer 
perinecroscopia, necrópsia e exames 
complementares pertinentes. 
A tendência é que uma necrópsia de uma vítima 
de envenenamento seja pobre em achados. Então, há 
algumas recomendações: 
• Anotar todos os detalhes e características. 
• Tipo de odor que se possa perceber 
• Não abrir estômago e intestinos na cavidade 
abdominal 
• Ligar as extremidades do tubo digestivo 
• Retirar sangue, sempre que possível, das 
cavidades cardíacas 
• Descrever as lesões degenerativas encontradas 
• Coleta de material para pesquisa: frascos de 
plástico para amostras sólidas e frascos de vidro 
para amostras líquidas. 
• Fragmentos viscerais: fígado, cérebro, pulmão, 
rim, conteúdo estomacal. 
• Líquidos corpóreos: sangue, urina, bile etc. 
Necrópsia 
 
Não vai no formol, porque é para análise 
toxicológica. O departamento faz o exame e emite o laudo. 
 
Precisa de exame complementar para fechar 
diagnóstico. 
 
 
26 
-
• Conceito: estudo da morte e do morto. É a parte 
da medicina legal que estuda a morte e o morto, 
e as suas repercussões na esfera jurídico-social. 
Critérios atuais para um diagnóstico de morte 
A morte, pelo menos quando da parada total e 
irreversível das atividades encefálicas, para fins de 
remoção de órgãos e tecidos para transplantes, está 
definida pelo que se chama de morte encefálica. 
Vem substituindo o conceito de morte 
circulatória. 
A tendência atual é dar-se privilégio à avaliação da 
atividade cerebral e ao estado de descerebração 
ultrapassada como indicativo de morte real. 
• Critérios atuais para a morte encefálica (1480 – 
1997) 
o Parâmetros clínicos: valorização do coma 
aperceptivo, ausência de atividade 
motora supraespinhal, apneia. 
o Exames complementares: ausência de 
atividade elétrica cerebral, ausência de 
atividade metabólica cerebral, ausência 
de perfusão sanguínea cerebral. 
o Intervalos mínimos (por faixa etária) 
Antes da putrefação, existe uma outra alteração, 
20 a 24 horas depois da morte, que é a autólise cadavérica. 
Direitos sobre o cadáver 
• Posse do cadáver: inicialmente o cadáver 
pertence ao Estado, depois, à família, que vai dar 
um destino ao corpo. 
O corpo humano é valorizado como reserva de 
órgãos e tecidos, os quais podem ter utilidade em 
transplantes ou para estudo. 
A princípio, o corpo humano é inviolável e 
inalienável. Contudo, as práticas (ex.: necrópsia) não são 
proibidas, em virtude dessa inviolabilidade, e precisam ser 
regulamentadas. 
O cadáver tem um estatuto que lhe é próprio 
baseado pela tradição e piedade (assenta-se, 
essencialmente, sobre os valores afetivos que ele 
representa e não sobre a matéria de que ele se compõe). 
 O cadáver é, essencialmente, objeto de piedade e 
de homenagem. Existe uma tradição de velar o morto. A 
existência material tem uma significação secundária. 
O interesse no material anatômico é para fins: 
didáticos, clínicos, científicos, terapêuticos. 
Juridicamente, o cadáver já não é mais pessoa, é coisa 
(que é posse da família). 
 O cadáver pertence, em sentido estrito, à família. 
De início, a posse cabe ao Estado, para o cumprimento de 
normas específicas e, definitivamente, aos parentes. O 
corpo humano é de natureza extrapatrimonial, ou seja, 
não é bem econômico e não pode ser utilizado para fins 
lucrativos. 
• Direitos do indivíduo: o direito do homem sobre o 
seu cadáver é da mesma natureza que tem sobre 
seu próprio corpo. O homem tem o direito de 
exigir que suas vontades sejam respeitadas e 
executadas após a sua morte (exceto não querer 
necrópsia, em caso de morte violenta, pois é 
obrigatório). 
Portanto, o indivíduo pode ceder seu cadáver a 
uma instituição científica, se essa for sua vontade, pode 
exigir que seja feita a necrópsia de seu cadáver, pedir que 
não se faça a necrópsia – só se isso for compatível com as 
exigências legais (ex.: mortes violentas). 
• Direitos da família: a família pode negar a doação 
de órgãos de seu parente morto (mesmo que essa 
tenha sido sua manifestação quando vivo). A 
necropsia clínica, em casos de morte natural, é 
feita apenas com o consentimento da família. No 
caso de mortes violentas, a necrópsia é 
obrigatória por lei. 
o Regra absoluta: a família jamais poderá 
ceder o cadáver para uma instituição 
científica, se esta não era uma vontade do 
morto. 
• Direitos da sociedade: o corpo representa 
igualmente um valor, para a sociedade. A 
necrópsia tem uma importância social no 
interesse coletivo do progresso científico e na 
determinação da causa jurídica de morte. Assim, 
em alguns países, a necrópsia pode ser realizada 
mesmo sem o consentimento da família, pelo 
interesse indiscutível da ciência em contribuir o 
bem estar coletivo. 
 
27 
Destinos do cadáver 
1. Inumação simples 
 É o mais comum. Após verificação do óbito, faz 
atestado de óbito no cartório (na maioria das vezes, é o 
médico patologista, legista ou clínico), com emissão da 
certidão de óbito. 
 São três vias: uma fica na instituição (hospital, por 
exemplo), outra para a secretaria da saúde e a via amarela 
vai para os familiares. Esses últimos levam para o cartório, 
onde se emite a certidão de óbito. O indivíduo deixa de 
existir civilmente. 
 O cadáver é inumado, em cemitério público ou 
privado, em sepulturas. Antigamente, o padrão era 1,75m 
de profundidade por 0,80m de largura. O sepultamento 
não deve ocorrer antes das 24h nem depois das 36h, a não 
ser por motivos especiais. 
• Antes: em epidemias, conflitos e convulsões 
sociais. 
• Depois: quando se processam meios de conserva. 
2. Inumação com necrópsia 
• Em mortes violentas: obrigatoriedade da 
necropsia disciplinada pela lei processual penal. 
• Em mortes naturais: necrópsia realizada apenas 
com a assinatura do termo de permissão por 
familiares. 
Se chegar um corpo em decomposição no SVO, 
não faz necrópsia, porque não vai conseguir dar 
diagnóstico de nenhuma doença, pois os achados 
macroscópicos e microscópicos já ficam completamente 
alterados. Então, leva parao IML, para descartar causas 
violentas, lá eles fazem mesmo em decomposição. 
3. Imersão 
 Os corpos que faleciam em alto-mar eram 
submersos na água, quando não havia aperfeiçoamento 
dos transportes marítimos. 
4. Destruição 
 Os cadáveres são levados a um edifício de 5 torres, 
para a destruição pelos abutres. Quando reduzidos a 
esqueletos, os ossos eram colocados em um profundo 
poço. Isso ocorria porque a terra, a água e o fogo eram 
considerados sagrados em Bombaim, na Índia. 
5. Cremação 
 O inconveniente é que não se restam resquícios 
para uma possível exumação. A princípio, é contraindicada 
em suspeita de morte violenta. 
 Adotada em países como: Índia, Suíça, Alemanha, 
Canadá, EUA e, principalmente, Inglaterra. 
É permitida para aqueles que manifestaram em 
vida esse desejo, através de instrumento público ou 
particular, após necrópsia ou competente autorização, 
especialmente em casos de morte violenta (parecer do 
CFM). Além disso, também pode ser permitida por 
autoridades sanitárias, em casos de calamidade pública ou 
epidemias. A família pode autorizar, desde que o dito cujo 
não haja feito declaração em contrário. 
• Processo: o cadáver é levado a fornos elétricos 
especiais, cuja temperatura pode variar de 800 a 
1000 graus celsius. Então, ele é transformado em 
cinzas. Essa operação dura de 1 a 2 horas. Por fim, 
as cinzas são colocadas em uma caixa de metal, 
cuja tampa é lacrada e, então, é colocada em uma 
urna de bronze. 
Do ponto de vista médico-legal, a cremação 
apresenta o inconveniente de não poder ser realizada 
numa morte violenta, por não deixar subsídios para uma 
possível exumação cadavérica. A autorização de cremação 
em casos de morte natural ocorre após diagnóstico 
realizado por necrópsia em SVO. Requer que o atestado 
de óbito seja firmado por dois médicos patologistas ou um 
médico legista. 
Peças anatômicas e partes do cadáver 
• Peças anatômicas ou membros amputados em 
cirurgias podem ser: sepultados (não necessitam 
de atestado ou declaração de óbito) ou 
incinerados. Se houverem partes ou parte de 
cadáver (esquartejamento, explosões...) que 
permitam identificação criteriosa, há necessidade 
de atestado de óbito. 
Diagnóstico da realidade da morte 
• Fenômenos: abióticos, avitais ou vitais negativos; 
transformativos. 
1. Abióticos, avitais ou vitais negativos 
• Imediatos: devidos à cessação das funções vitais. 
• Consecutivos: devidos à instalação de fenômenos 
cadavéricos. 
 Esses fenômenos estão exuberantes com 6 horas, 
mas podem aparecer bem antes de 6 horas. 
 
28 
1.1 Imediatos: perda da consciência, perda da 
sensibilidade, abolição da motilidade e do tônus muscular, 
cessação da respiração, cessação da circulação, cessação 
da atividade cerebral. 
Primeiramente, fica flácido, com 6 horas de óbito, 
começa rigidez, mas com a putrefação, fica novamente 
flácido. 
1.2 Consecutivos 
1.2.1 Desidratação cadavérica 
Pela evaporação tegumentar (varia com 
temperatura ambiente, umidade, circulação do ar etc.) e 
se mostra através de: 
• Decréscimo de peso 
• Pergaminhamento da pele: parece couro, deixa 
de ter coloração rosácea e fica pardacenta. 
• Dessecação das mucosas dos lábios 
• Modificação dos globos oculares 
 
Acima, opacificação da córnea, que é um indício 
de desidratação. 
1.2.2 Esfriamento cadavérico 
O esfriamento cadavérico é chamado de algor 
mortis. Ocorre pela falência do sistema termorregulador. 
Quanto mais tecido adiposo, mais resistência ao 
esfriamento. Esse é um parâmetro importante na 
determinação do tempo aproximado da morte. 
1.2.3 Manchas de hipóstase cutâneas 
 Também chamadas de livor mortis, manchas de 
posição ou livores cadavéricos. 
• Mecanismo: pela parada de circulação, o sangue 
vai se acumulando nas partes mais baixas, 
deixando de aparecer, apenas, nas superfícies de 
contato. 
• Início: 2 a 3 horas após o óbito, variam com a 
posição do corpo, fixando-se, apenas com 8 a 12 
horas do óbito. 
Esses livores mudam no afogado, no enforcado 
etc. Se modificar a posição do corpo, os livores também 
mudam de posição, mas depois eles se fixam e não 
mudam mais. 
• Aspecto: coloração purpúria ou violácea, forma de 
placas, embora possam assumir aspecto de 
pontilhado (púrpuras hipostáticas), podendo 
confundir com equimoses. 
As manchas de hipóstase cutâneas não são 
visualizadas em pessoas de cor negra. Além disso, não 
ocorrem em mortes por grandes hemorragias. 
São importantes para diagnóstico da realidade da 
morte, bem como de sua causa (mudança de cor em 
asfixias – vermelho no CO, envenenamento 
metahemoglobinizantes – marrom). Ademais, também 
ajudam a estimar o tempo da morte e fazer o estudo da 
posição em que permaneceu o cadáver após a morte. 
Obs.: no afogado, a embebição cadavérica faz com 
que os livores fiquem mais claros. 
 
Como eles são pós morte, se fizer um corte, o 
sangue está líquido, na equimose, não estará assim. 
 
Acima, observar como o corpo fica pardacento. 
1.2.4 Rigidez cadavérica 
 Também denominada rigor mortis. É resultante da 
supressão de oxigênio celular, diminuição de ATP e 
formação de actomiosina, com acúmulo de ácido lático. 
 
29 
Há um estado de contratura muscular, sendo um 
fenômeno físico-químico. 
 Inicia com 2 a 3 horas após o óbito, na face, 
mandíbula e pescoço, depois membros superiores e, por 
último, membros inferiores. Atinge o máximo com 8 horas 
e desaparece com o início da putrefação (24h). 
• Importância: estimativa do tempo da morte, 
diagnóstico de morte. 
Inicialmente, existe flacidez muscular, depois tem 
rigidez paulatinamente, atinge o máximo com 8h. Após 
24h, há novamente flacidez, com desaparecimento da 
rigidez cadavérica. 
1.2.5 Espasmo cadavérico 
 Trata-se de uma rigidez abrupta, generalizada e 
violenta. Difere da rigidez cadavérica, pois esta se instala 
progressiva. Contudo, o espasmo é um fenômeno 
controverso e raro. 
O diagnóstico da causa da morte estará mais 
evidente, porque esses fenômenos consecutivos estarão 
exuberantes. 
2. Fenômenos transformativos 
• Destrutivos: autólise, putrefação, maceração. 
• Conservadores: mumificação, saponificação, 
calcificação, corificação. 
A mumificação pode ser natural ou artificial. Na 
autólise, já fica ruim para examinar na macro e na 
microscopia. É como enviar uma vesícula em soro 
fisiológico ao invés de formol para a patologia, pois esta 
entra em autólise e fica imprestável para o 
anatomopatológico. Pode comprometer o diagnóstico do 
caso. 
A maceração ocorre quando o cadáver permanece 
em meio líquido, havendo destacamento da epiderme. 
Não é a sequência, é um processo transformativo que 
ocorre em cadáver que permanece em meio líquido – 
afogamento, feto morto dentro do útero. Falaremos 
adiante dos fenômenos conservadores. 
2.1 Fenômenos destrutivos 
2.1.1 Autólise: é um processo de destruição celular 
causada pelas próprias enzimas celulares. Não há 
interferência bacteriana. Com a morte, ocorre acidez 
celular, com diminuição do pH. As células mais afetas são 
as que possuem mais enzimas, como, por exemplo, a 
mucosa gástrica, a mucosa intestinal e o pâncreas. 
Portanto, nesses locais a autólise ocorre mais rápido. 
2.2.2 Putrefação: é longa e tem quatro etapas. Trata-se da 
decomposição fermentativa da matéria orgânica por ação 
de diversos germes aeróbios, anaeróbios e facultativos. 
O início da putrefação é na região do intestino 
(com exceção dos fetos e RN, porque eles ainda não 
apresentam colonização bacteriana nesse órgão). O 
achado inicial é o aparecimento da mancha verde 
abdominal. 
Se já estiver em putrefação, não faz necrópsia no 
SVO, porque os achados estarão destruídos. 
Períodos da marcha da putrefação 
• Cromático ou de coloração 
• Gasoso ou enfisematoso 
• Coliquativo ou de liquefação 
• Esqueletização 
Inicialmente, o corpo fica colorido, mas termina 
ficando enegrecido. Começacom mancha verde, que vai 
tomando o corpo, ficando mais escuro até ficar 
enegrecido. A segunda fase é o inchaço do corpo, por uma 
presença difusa de gases. Na decomposição liquefativa, 
vai haver a transformação da matéria em massa de 
putrilagem – encontra larvas no corpo. A esqueletização 
dura muito tempo, porque os ossos são bem resistentes. 
A. Período cromático ou de coloração 
 Inicia pela mancha verde abdominal, localizada na 
fosse ilíaca direita. Fica nesse local pois é onde se encontra 
o ceco, o qual é a parte mais dilatada e mais livre do 
intestino grosso. Além disso, também é pelo fato de ser o 
segmento no qual se acumula maior quantidade de gases. 
Surge com 20 a 24 horas de óbito. 
 
Nesse caso acima, já tem na fase ilíaca esquerda. 
Há relaxamento de esfíncteres e livores. 
Da mancha verde abdominal, há a difusão por 
todo o abdome, tórax, cabeça e membros. De início, a 
tonalidade é azul esverdeada, depois atinge o verde 
enegrecido. A coloração vai se disseminando pelo corpo. 
 
30 
Vai ficar de uma coloração esverdeada, que vai se 
tornando escura. 
Não é que vai acontecer a fase cromática, e depois 
a gasosa. Esses processos ocorrem de maneira 
concomitante. Tendem a se associar, cromática com 
gasosa, por exemplo. 
Situações especiais 
• Afogados: esse período começa pela parte 
superior do tórax e cabeça, pela posição do 
cadáver submerso. 
• Em fetos: a putrefação se inicia pela parte 
superior do tórax e face, pelo conteúdo intestinal 
estéril. 
B. Período gasoso ou enfisematoso: 48 – 72h, grau 
máximo com 5 a 7 dias. 
 Surgem gases do interior do corpo, os gases da 
putrefação (enfisema putrefativo). Há bolhas na epiderme 
e o cadáver fica com aspecto gigantesco (posição de 
lutador). 
As bolhas na epiderme ficam até, às vezes, com 
conteúdo hemático. Como existe produção de gases, há 
projeção de olhos e da língua, bem como distensão do 
abdome. O diafragma comprime pulmões, há saída de 
líquido, que parece edema pulmonar. 
• Circulação póstuma de Brouardel: os gases fazem 
pressão sobre o sangue, que foge para a periferia. 
Pelo destacamento da epiderme, vê-se o esboço 
do desenho vascular na derme. 
A circulação póstuma de Brouardel é 
característica de que fase da putrefação? Fase 
enfisematosa. 
 
 
Projeção da língua e projeção vascular acima. 
O aumento da pressão abdominal pode levar a: 
prolapso do útero, prolapso do reto, elevação do 
diafragma (compressão pulmonar e saída de líquido 
avermelhado pela boca e narinas, sendo o sangue 
proveniente de ruptura alveolar) e degradação das 
proteínas, com liberação de compostos nitrogenados 
(ptomaínas, odor desagradável). 
 
Abaixo, observar também o destacamento da 
epiderme e bolhas de conteúdo hemático, 
respectivamente. 
 
 
 
31 
A imagem anterior mostra a fase final do período 
cromático, com projeção da língua. Já está na fase de 
gases, com aumento do cadáver. Acontece isso em torno 
de 5 a 7 dias, sendo que a única maneira de evitar é a 
cremação. 
 
C. Coliquativo ou de liquefação 
 Esse período também é chamado de 
deliquescência cadavérica. Consiste na dissolução do 
cadáver, em que o corpo perde sua forma e o esqueleto 
fica recoberto por uma massa de putrilagem. Há um 
grande número de larvas de insetos e pode durar de 1 a 
vários meses. 
 
A arcada dentária, que fica preservada durante 
muito tempo, é muito usada para identificação do 
cadáver. (off: fariam a imagem abaixo?) 
 
D. Esqueletização 
 O corpo se apresenta com os ossos quase livres, 
presos apenas por alguns ligamentos articulares. Esse 
processo dura de 3 a 5 anos. Os ossos resistem por muito 
tempo, porém, pouco a pouco, vão perdendo sua 
estrutura habitual. Tornam-se, assim, cada vez mais 
frágeis e mais leves. 
Os ossos ficam leves até virar pó. Uma exumação 
pode ser feita em qualquer etapa e os achados podem ser 
significativos. 
2.2.3 Maceração 
 É o destacamento de amplos retalhos de 
tegumento cutâneo, que se assemelham a luvas. O 
tegumento fica de tonalidade avermelhada. Ocorre em 
cadáveres mantidos em meio líquido (maceração séptica) 
e nos fetos dentro da cavidade uterina (maceração 
asséptica). 
 
2.2 Fenômenos conservadores 
O corpo que morre em grande altitude, onde há 
neve, vai ficar conservado. Portanto, a marcha da 
putrefação não vai acontecer. 
2.2.1 Mumificação 
 Pode ser produzida por meios natural, artificial e 
misto. 
• Artificial: através do embalsamento; fazia-se no 
Egito Antigo. Hoje em dia, faz para conservar o 
cadáver para fins didáticos ou a pedido da família. 
Quando o corpo vai ser velado por um longo 
período ou se ele vai ser transportado para outro 
estado/país, nesse sentido, faz mumificação. 
• Natural: cadáver exposto ao ar, em clima quente 
e seco. Nesse caso, ocorre desidratação rápida, 
havendo acentuado dessecamento. Assim, ocorre 
impedimento da ação microbiana, responsável 
pela putrefação. 
Esse tipo de embalsamento acontece em situações 
em que há um clima muito quente e seco, como em um 
deserto, porque vai haver rápida desidratação do corpo e 
acentuado dessecamento. 
Fatores que condicionam a mumificação natural 
• Idade: mais comum em RN. 
• Sexo: mais comum nas mulheres. 
 
32 
• Causa da morte: grandes hemorragias, 
desidratação, tratamento prolongado com 
antibióticos. 
RN talvez pela perda volêmica ser maior? 
Não se sabe o porquê de ser mais comum nas mulheres. 
Como é um cadáver mumificado? Reduzido em 
peso; pele dura, seca, enrugada e enegrecida; uma 
pressão leve destrói músculos, tendões e vísceras, 
transformando-os em pó; dentes e unhas bem 
conservados. 
O interesse da medicina legal é que, como há 
conservação da matéria, pode ser importante para 
determinar causa da morte etc. 
2.2.2 Saponificação ou adipocera 
 Refere-se à transformação do cadáver em 
substância de consistência untuosa, mole e quebradiça, 
amarelo-escura, com aparência de cera ou sabão. 
• Mecanismo: surge após um estágio mais ou 
menos avançado de putrefação, quando certas 
enzimas bacterianas hidrolisam gorduras, 
originando ácidos graxos que, em contato com a 
argila, transformam-se em ésteres. 
É mais comum encontrar partes do cadáver 
transformados. O corpo se transforma em uma massa 
adiposa. 
• Fatores predisponentes: água estagnada e pouco 
corrente; solo argiloso e úmido, de difícil acesso 
ao ar atmosférico; obesidade; doenças que levam 
à degeneração gordurosa; idade (mais frequente 
em crianças); sexo (um pouco mais comum em 
mulheres. 
Mulheres: por maior quantidade de tecido adiposo? 
• Interesse médico-legal: permite examinar o 
tecido celular subcutâneo, possibilidade do 
estudo de lesões produzidas por PAF, 
possibilidade do estudo de lesões do pescoço, 
como nos estrangulamentos e enforcamentos. 
É interessante para encontrar lesões produzidas 
por algum agente. 
2.2.3 Calcificação 
 É a petrificação ou calcificação do corpo. Por 
exemplo, no caso de fetos mortos retidos na cavidade 
uterina (litopédios). 
O feto pode calcificar. A calcificação ocorre em 
tumores benignos, malignos, cistos, tuberculose, enfim, 
várias situações médicas. Também acontece na formação 
de cálculos. 
2.2.4 Corificação 
 É um processo raro. Ocorre em cadáver acolhido 
em urnas metálicas fechadas hermeticamente, 
principalmente de zinco. 
• Aspecto: pele de cor e aspecto de couro curtido; 
abdome achatado e deprimido; vísceras, em geral 
conservadas. 
Não se sabe o mecanismo. 
 
 
33 
Introdução 
 A anotação da causa da morte iniciou no final do 
século XVI, com a epidemia de peste, para saber o número 
de óbitos pela doença. 
 No século XVIII, despertou-se o “interesse 
científico”, gerando necessidade de se definir 
universalmente o significado de “causa de morte”, sendo 
criado um documento padrão para a declaração. 
• 1925: modelo internacional de atestado médico 
de causa de morte. 
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