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UMA ANÁLISE DOS BAIRROS DE LINHA DO TIRO E JAQUEIRA

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UMA ANÁLISE DOS BAIRROS DE LINHA DO TIRO E JAQUEIRA
Camila Lustosa de Oliveira[1: Estudante de graduação do curso de bacharelado em ciências sociais da Universidade Federal Rural De Pernambuco – UFRPE. E-mail:Camila_oliveira_@live.com ]
Elisa Duarte Nascimento[2: Estudante de graduação do curso de bacharelado em ciências sociais da Universidade Federal Rural De Pernambuco – UFRPE. E-mail:elisadn98@gmail.com ]
Rafael Lucas Stresser[3: Estudante de graduação do curso de bacharelado em ciências sociais da Universidade Federal Rural De Pernambuco – UFRPE. E-mail: Rafael.lucas.stresser@gmail.com ]
RESUMO:
Nesse trabalho será abordado uma análise dos bairros de Linha do tiro e da Jaqueira. Em um primeiro momento faz-se uma descrição de cada um deles dando enfoque nos espaços públicos e na utilização destes pelos moradores, por fim, buscamos entender a relação que existe entre eles: um bairro periférico e o mais nobre da Zona Norte do Recife.
PALAVRAS CHAVE: Jaqueira; Linha do Tiro; Espaço público. 
INTRODUÇÃO:
O presente artigo visa mostrar as diferenças e semelhanças dos bairros Jaqueira e Linha do Tiro, situados na cidade do Recife. Escolhemos o tema deste artigo devido a nossa proximidade com os bairros a serem estudados. Uma vez que dois dos autores moram na comunidade de Linha do Tiro e outro na Tamarineira, próximo ao bairro da jaqueira. 
Como método de pesquisa utilizamos levantamento de dados para compreender a história dos bairros e seu índice demográfico, utilizando a ferramenta do IBGE. Achamos necessário usar a observação direta para descrever a estrutura dos bairros, devido a falta de informações disponíveis, decidimos também fazer uso de entrevistas semi-estruturadas para entender a utilização dos espaços públicos pelos moradores de ambos os bairros. 
O objetivo é entender a utilização do espaço publico pelos moradores nos dois bairros que possuem estruturas tão diferentes e mostrar que mesmo tão distintos existe uma conexão entre ambos.
. 
BAIRRO DE LINHA DO TIRO
	Segundo histórias contadas pelos moradores do bairro de Linha do Tiro, algum tempo atrás existiu na localidade uma área militar onde os soldados praticavam tiro ao alvo. A história contada pelo morador diz que um soldado ao praticar, errou o alvo e a bala percorreu por toda a extensão da localidade e por isso a comunidade foi chamada de Linha do Tiro. Não sabemos ao certo a precisa exatidão dos fatos narrados, mas em seu livro Os Bairros Do Recife, Carlos B. Cavalcanti relata a escolha de um general para um local de prática de tiro, esse local viria a se tornar Linha do Tiro.
O Exmº Sr. General Comandante das Armas, depois de percorrer diversos pontos dos arrabaldes dessa cidade a fim de escolher o local para uma linha de tiro, encontrou ontem, em Beberibe, no Engenho do Sr. Major Antunes, um trecho de terreno que se presta para o estabelecimento da linha. Tendo ontem mesmo procurado o Major Antunes, obteve permissão para executar qualquer trabalho que seja necessário para o ter em condições de servir para o exercício do tiro. É tão importante o serviço que se vai prestar a guarnição do Sr. General Clorindo, instruindo os seus comandados no tiro ao alvo, quanto o do Sr. Major Antunes, permitindo que seja a linha estabelecida em terras de seu Engenho, sem ônus algum para o estado. (CAVALCANTI, 2012)
	Linha do tiro é um bairro periférico localizado na zona norte e integra a 2ª Região Político-Administrativa da cidade do Recife, faz fronteira com os bairros de Dois Unidos, Beberibe, Alto Santa Terezinha e Alto José Bonifácio. Segundo dados de 2000 do Censo IBGE sua área territorial é de 82 hectares e possui aproximadamente 14.867 habitantes. A população de Linha do Tiro tinha, nessa época, uma renda média mensal de R$ 343,72 uma das vinte mais baixas da cidade. 
	Ao longo do bairro encontramos escolas em sua maioria municipais, as poucas de rede privada são destinadas ao ensino infantil. Há também postos de saúde e uma UPA 24h (Unidade de Pronto Atendimento) a serviço da população. Não há um comercio forte no bairro, pois o polo comercial se encontra principalmente em Beberibe, Água-Fria e Encruzilhada, o que se pode encontrar na comunidade são pequenas vendas, muitas vezes dentro das casas dos moradores, onde se comercializam bebidas, comidas ou algumas outras mercadorias pequenas. 
	Para o entretenimento dos moradores, existem alguns campos e terrenos baldios que são utilizados para atividades recreativas ou comércio. Em épocas festivas como o carnaval e São João, alguns desses espaços são usados pela prefeitura para criação de polos culturais, onde acontecem shows e apresentações.
	A segurança no local deixa a desejar, há assaltos constantes na área, principalmente à noite ou no inicio da manhã quando as ruas estão mais vazias. Outro problema comum no bairro é a falta de uma boa condição para moradia, é comum durante o período de chuva ocorrerem queda de barreiras que resultam na destruição de casas e muitas vezes até na morte de moradores. 
BAIRRO DA JAQUEIRA
	O bairro da Jaqueira faz parte da zona norte do recife e integra a 3ª Região Político-Administrativa da cidade. Teve origem em torno de uma propriedade rural chamada Sítio da Jaqueira. Atualmente faz limite com os bairros da Tamarineira, Parnamirim, Aflitos e Graças. Hoje em dia, o bairro que possui segundos dados do IBGE, uma área territorial de 26,8 hectares e população de 1.188 habitantes, é considerado como o bairro mais nobre do Recife, com a maior renda per capita  e com o metro quadrado mais caro da cidade, seguido pelos bairros do Pina e Boa Viagem. Seu IDH em 2000 era o maior do Recife, sendo de 0,976. 
	O bairro é predominantemente residencial com uma grande quantidade de casas, apartamentos e flats de luxo habitados predominantemente pelas classes média e alta. Encontra-se também um comércio de prestação de serviços variados: Lojas em galerias, sorveterias, restaurantes, barzinhos, livrarias, farmácias etc. No bairro existem também escolas e cursos que em sua maioria são da rede privada. 	Os serviços de saúde são oferecidos por hospitais e clínicas médicas. 
O espaço de lazer mais famoso da localidade é o parque da jaqueira considerado o terceiro maior parque da cidade – atrás do Parque de Exposição (Cordeiro) e do Parque Santana (Graças) – aquela considerável área verde já foi um pouco de tudo: sítio, campo de futebol, área planejada para receber loteamentos de casas para funcionários do Instituto o Nacional de Seguridade Social (INSS), até, por fim, em 1984, assumir a atual função. Além do parque a população pode se divertir nas praças do bairro ou no recém-inaugurado jardim do Baobá que vem se tornando ponto de encontro para a população dos bairros em volta.
	Um problema relatado pelos moradores do bairro da Jaqueira é o sentimento de insegurança, a maioria da arquitetura do bairro é composta por condomínios fechados, com muros altos e vigiados 24 horas. No entanto os espaços públicos e principalmente as ruas que são bastante vazias são comumente palco de assaltos.
 USO DO ESPAÇO PÚBLICO NOS BAIRROS 
	Segundo Rodolfo Alves Pena, o Espaço Urbano pode ser definido como o espaço das cidades, o conjunto de atividades que ocorrem em uma mesma integração local, com a justaposição de casas e edifícios, atividades e práticas econômicas, sociais e culturais. O espaço da cidade é, dessa forma, uma paisagem representativa do espaço geográfico, um território das práticas políticas e um lugar das visões de mundo e mediações culturais.
	O uso do espaço dito público no Bairro da Jaqueira tem como palco central o parque da jaqueira se dá em sua imensa maioria por moradores do próprio bairro ou dos bairros ao seu redor, um fato interessante é que muitos desses frequentadores vão de carro, mesmo morando próximo, para fazer exercícios o que desvia um pouco o intuito da atividade física. O parque oferece em sua estrutura pistas de Cooper (1.000m) e bicicross (400m), ciclovia (1.100m), patinação (600m) e instalaçõesde instrumentos e maquinas próprios para exercício físico. 
 As pessoas entrevistadas dizem que usam o parque para caminhadas, participam de aulas oferecidas, normalmente de dança, yoga e meditação, exercícios, piqueniques com a família e andar de bicicleta. Também se observa muitas pessoas, especialmente aos domingos, fazendo festas de aniversários, promovendo encontros ou levando crianças para brincar. O parque também é palco, de eventos culturais e cívicos. 
 De acordo com o historiador Leonardo Dantas, o espaço, inicialmente, era uma propriedade de um rico comerciante recifense chamado Henrique Martins. No local, funcionava, de fato, um grande sítio. Foi justamente o dono das terras que, ainda no século 18, ordenou a construção da capela de Nossa Senhora das Barreiras, que marca o parque. “Ela é uma das jóias do barroco mundial. Um dos exemplos do barroco português pelas obras de artes que possui e pelos artistas que participaram de sua concepção”, explica. Ana Rita Sá Carneiro, professora de desenvolvimento urbano da UFPE, completa: “É um dos nossos melhores parques e ele atende exatamente essa necessidade que temos de espaço contemplativo e voltado para a prática do exercício físico.”. 
	O Parque da Jaqueira – o maior em extensão do Recife – poderá ser o primeiro parque público da cidade a ser adotado pela iniciativa privada, uma vez que já existe proposta neste sentido formulada por uma empresa. O Programa Adote uma Praça foi criado em 1993 para ajudar a conservação das 250 praças e dos quatro parques existentes no Município. 
 O bairro da Jaqueira possui também algumas praças à disposição dos moradores, mas a preferência como opção de lazer ainda é o Parque da Jaqueira que atrai pessoas de todas as partes da cidade.
 Uma situação bastante diferente encontramos no Bairro de Linha do Tiro que possui poucos espaços públicos a disposição dos moradores, já que boa parte dos espaços abertos acabam sendo utilizados para o comércio. Um costume dos moradores da área é utilizar campos abandonados em determinados dias da semana para a venda e troca de mercadorias – “troca-troca” ou “feira do troca” – e em outros dias acontecem jogos de futebol mais conhecidos como “peladas”. O espaço também é bastante utilizado por crianças. O campo que costumava ser mais utilizado, chamado de Campo do Café, foi recentemente utilizado pela prefeitura para a construção de um habitacional. Os campos restantes são utilizados como polos de atração durante datas comemorativas mesmo que se situem em locais com pouca estrutura e um deles perto da UPA.
 Nas entrevistas percebemos que é notável para os moradores do bairro a falta de planejamento urbano e o descaso do Estado para com os bairros periféricos. Uma das entrevistadas chama atenção para a falta de uma estrutura mínima que permita a realização de qualquer atividade pela população, desde a falta de um espaço seguro para o lazer, sobretudo para as crianças, até a falta de praças ou mesmo calçadas que permitam a pratica de exercícios físicos, com o agravante da constante falta de segurança. A saída acaba sendo a procura por espaços em outros bairros, principalmente na área central da cidade.
FRAGMENTAÇÃO E RELAÇÃO ENTRE OS BAIRROS
	Pelo que foi apresentado no trabalho percebemos que os bairros da Jaqueira e de Linha do tiro possuem estruturas e características bastante distintas, para entender melhor essas realidades tão distintas trazemos um trecho de um dos ensaios de Allen J. Scoot em parceria com outros autores:
[...] Em um extremo, encontram-se comunidades maciças de pobres morando em cortiços, favelas e bidonvilles e, no outro, as comunidades não densificadas e bem equipadas das classes medias e rica. Em muitas dessas cidades – regiões globais existem atritos sociais complexos ligados à associação de segregação, desigualdade e proximidade. A violência, ou o medo desta, torna-se preocupação central das classes mais altas, empurrando-as para formas de assentamentos-fortalezas, condomínios cercados de paredes elevadas e entradas vigiadas. Esta arquitetura do medo só exacerba o caráter fragmentado do espaço urbano e gera problemas adicionais para a provisão da infraestrutura, porque os ricos tentam apartar-se social e politicamente do espaço da comunidade urbana como um todo (p. 21). 
	A partir do que foi dito na citação acima, é possível inferir que a aparente falta de conexão entre os diferentes bairros da cidade, a dependência e veneração da mídia hegemônica como fonte única e confiável de informação e os estereótipos que generalizam os moradores de bairros “periféricos” e “nobres” dificultam ainda mais o processo de melhoria da cidade como um todo. Porém a situação estudada é um pouco diferente da citada pelos autores uma vez que eles falam de forma generalizada, sem saber de fato como se dão as organizações na cidade do Recife, as semelhanças são evidentes, contudo a nosso ver a distância física (5,7 km) entre Linha do Tiro e Jaqueira não é tão grande a ponto de serem extremos, ambos se localizam na Zona Norte da cidade e seus moradores acabam frequentando, circulando e adquirindo serviços dos dois bairros. Como vimos anteriormente o Bairro de Linha do Tiro possui grande deficiência em relação a espaços públicos, dessa forma os moradores acabam procurando outros pontos para frequentarem e um dos mais escolhidos é o Parque da Jaqueira. Essa logica se repete em vários bairros da cidade moradores de áreas tidas como nobres adquirem produtos e serviços provenientes de bairros periféricos e moradores de bairros mais pobres procuram bairros privilegiados principalmente para empregos ou melhor estrutura de lazer. 
CONCLUSÃO
 A partir do apresentado ao longo do trabalho nota-se uma grande diferença na estrutura, planejamento e dinâmica dos bairros de Linha do Tiro e Jaqueira, no entanto por mais que existam essas diferenças, os bairros não se separam totalmente já que o fluxo de serviços e pessoas é contínuo, sobretudo na busca por espaço publico de qualidade por aqueles que moram em bairros periféricos.

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