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Texto 17 - Urbanização e mobilidade

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Urbanização e mobilidade: a diversidade do movimento pendular entre a 
metrópole do Rio de Janeiro e sua área peri-metropolitana em 2000* 
 
 
Rainer Randolph# 
Aramis Cortes de Araújo$ 
Francisco Ottoni& 
 
 
Palavras-chave: Urbanização; Mobilidade Pendular; Área Peri-Metropolitana; Rio de 
Janeiro 
 
 
Resumo: 
 
Os levantamentos a respeito da mobilidade pendular e suas análises realizados no 
presente trabalho pretendem contribuir para a compreensão de recentes processos de 
expansão das grandes cidades e metrópoles para áreas fora de seus tradicionais espaços de 
expansão – a periferia metropolitana – que costumamos chamar de peri-metropolitanas. 
 Pois, diferentemente de muitas abordagens a respeito dessa temática, trabalhamos 
aqui com a hipótese de que esse processo de espraiamento metropolitano – “metropolitan 
sprawl” - em múltiplas dimensões não pode ser entendido como mera extrapolação daquelas 
formas de expansão urbana que levaram à sua própria conformação. Essa hipótese orientou, 
em pesquisas anteriores, a leitura crítica daquelas investigações que defendem a hipótese da 
mera extrapolação da dinâmica metropolitana para além de suas fronteiras. 
Será uma das principais contribuições do presente trabalho mostrar como a 
observação dos fluxos de trabalhadores e estudantes entre diferentes municípios e regiões 
permite analisar melhor as potencialidades e limitações que os municípios na área peri-
metropolitana do Rio de Janeiro tem em intermediar entre a metrópole e a região. O ensaio 
concluirá com a afirmação que nem todos os quatro municípios inicialmente selecionados 
como universo de pesquisa são capazes de cumprir essa função de mediação. Aqueles que 
não o podem não deveriam ser, portanto, vistos como constituintes de uma área peri-
metropolitana em torno da metrópole do Rio de Janeiro. 
 
 
* Trabalho apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú- 
MG – Brasil, de 29 de setembro a 03 de outubro de 2008 
# Laboratório Oficina Redes & Espaço – LabORE – no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional 
– IPPUR – da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ 
$ Mestrado em Geografia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ; Pesquisador do LabORE no 
IPPUR/UFRJ 
& Graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; bolsista do LabORE no 
IPPUR/UFRJ 
 
 
 
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Urbanização e mobilidade: a diversidade do movimento pendular entre a 
metrópole do Rio de Janeiro e sua área peri-metropolitana em 2000* 
 
 
Rainer Randolph# 
Aramis Cortes de Araújo$ 
Francisco Ottoni& 
 
 
 
Expansão metropolitana, urbanização em áreas fora das suas regiões e a mudança de 
lógicas 
 
A urbanização periférica no interior das grandes regiões metropolitanas do Brasil e na 
maioria dos países Latino-Americanos caracteriza-se por um relativo alto grau de mobilidade 
dos trabalhadores e estudantes. Na periferia das regiões metropolitanas esse movimento pode 
atingir até mais de 40 % da população que trabalha ou estuda. 
Desde as décadas de 1980 e 1990 observa-se uma extensão do processo de 
urbanização – inicialmente induzida pela própria metrópole – para além das tradicionais 
fronteiras das regiões metropolitanas. Uma parte desse processo de expansão dá-se através de 
um deslocamento temporário nos fins de semana e férias de segmentos mais abastados da 
população para fora da região metropolitana. Significam um certo potencial para uma futura 
migração permanente quando as segundas residências são transformadas em primeiras (ou em 
algum tipo de uso misto) em algum momento no ciclo de vida de seus proprietários. 
Além desse potencial para a mudança das relações da metrópole com as áreas de 
entorno à sua região, que já discutimos em trabalhos anteriores (RANDOLPH/GOMES 
2007a), vale notar dois aspectos inter-relacionados dos movimentos pendulares de pessoas 
entre metrópole e áreas mais distantes que moram num lugar e trabalham ou estudam em 
outro: 
(i) há, por um lado, aquelas pessoas que moram nesses lugares “peri-metropolitanos” 
e se deslocam com freqüência regular para a metrópole por motivos de trabalho e estudo. 
Esse movimento não é unidirecional: há também uma certa parcela da população que mora na 
metrópole e trabalha nesses municípios mais distantes. 
(ii) por outro lado, para caracterizar essa forma de mobilidade pendular, será 
interessante identificar nessa população um subgrupo que migrou recentemente (entre 1995 e 
2000) da metrópole para esses lugares e continua trabalhando ou estudando no núcleo 
metropolitano. Esses processos já foram investigados dentro da região metropolitana de São 
Paulo, por exemplo, onde a migração para a periferia implicou num aumento, também, do 
movimento pendular. Nosso trabalho observa os processos que transcendem esse limite da 
metrópole e procura investigar as particularidades dessas transformações que podem ser 
atribuídas tanto à escala como ao lugar (Rio de Janeiro) da nossa observação. 
 
* Trabalho apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú- 
MG – Brasil, de 29 de setembro a 03 de outubro de 2008 
# Laboratório Oficina Redes & Espaço – LabORE – no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional 
– IPPUR – da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ 
$ Mestrado em Geografia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ; Pesquisador do LabORE no 
IPPUR/UFRJ 
& Graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; bolsista do LabORE no 
IPPUR/UFRJ 
 
 
 
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Entretanto, o universo das nossas investigações não ficará restrito aos movimentos 
pendulares entre metrópole e sua área “peri-metropolitana”. Vamos, também, procurar 
caracterizar um determinado número de municípios localizado fora da região metropolitana 
do Rio de Janeiro como “pólos de atração” de mão-de-obra. Em outras palavras, serão 
observadas também as formas de mobilidade pendular que partem de municípios em seu 
entorno e se dirigem a eles como lugar de trabalho e estudo. 
Esses levantamentos, sua análise e interpretação devem contribuir para a compreensão 
de recentes processos de expansão das grandes cidades e metrópoles para áreas fora de seus 
tradicionais espaços de expansão – a periferia metropolitana – que costumamos chamar de 
peri-metropolitanas (vide RANDOLPH 2005). 
 Pois, diferentemente de muitas abordagens a respeito dessa temática, trabalhamos 
aqui com a hipótese de que esse processo de espraiamento metropolitano em múltiplas 
dimensões não pode ser entendido como mera extrapolação daquelas formas de expansão 
urbana que levaram à sua própria conformação. Essa hipótese orientou, em pesquisas 
anteriores, a leitura crítica daquelas investigações que defendem a hipótese da mera 
extrapolação da dinâmica metropolitana para além de suas fronteiras. E, é essa hipótese que 
nos levou a selecionar a problemática dos movimentos pendulares e as variáveis acima 
apontadas. 
Pretendemos, portanto, no presente trabalho, aprofundar essas investigações que 
surgiram a partir da tentativa de compreender em que medida áreas peri-metropolitanas 
repetem, meramente, ou mesmo acirram a lógica e a dinâmica metropolitana; ou se lá surgem 
novas formas de urbanização que, até, pode colocar “em cheque” aquela da própria metrópole 
(vide RANDOLPH 2005, 2007a, 2007b; RANDOLPH/GOMES, 2007b; 
RANDOLPH/GOMES, 2007c; RANDOLPH/GOMES 2007d; RANDOLPH/ARAUJO, Jr. 
2007, RANDOLPH/LOPES, 2006). Em outras palavras, será que essas formas de expansão 
da metrópole, acompanhadas por certas formas de urbanização e regionalização em áreas 
mais distantes das metrópoles, reproduzem meramente as dinâmicas metropolitanas 
“tradicionais” – aquelas responsáveispela formação da segregação sócio-espacial 
metropolitana – ou significam algum questionamento a essas formas tradicionais e, quiçá, são 
capazes contribuir a uma ruptura da lógica metropolitana no seu próprio território (dentro das 
regiões metropolitanas) (vide AGUILAR 2002)? 
Numa segunda parte do nosso trabalho será justificada em que medida a proposta de 
abordagem da pendularidade pode contribuir a responder ao mencionado questionamento 
fundamental que constitui o horizonte de toda uma linha de pesquisa que perseguimos nos 
últimos cinco anos. Para isto será necessário, brevemente, apresentar os procedimentos 
adotados hoje em dia para a própria delimitação das regiões metropolitanas. 
Na terceira e última parte serão discutidas os levantamentos estatísticos a respeito da 
pendularidade não apenas entre quatro municípios selecionados da área peri-metropolitana do 
Rio de Janeiro com o próprio núcleo da metrópole; mas, também, o deslocamento de outros 
municípios fora da região metropolitana para esses quatro municípios. 
Nessa parte final do ensaio serão tiradas algumas conclusões e apontadas perspectivas 
a respeito da diversidade dos processos que ocorrem em relação a dois desse quatro 
municípios que parecem paradigmáticas para duas situações opostas que estamos 
encontrando na área peri-metropolitana. Concluímos que a área peri-metropolitana é tudo 
menos homogênea. E deve se questionar o mero critério de distância geográfica para a 
delimitação dessa área nos trabalhos anteriores. 
É uma das principais contribuições do presente trabalho mostrar como a observação 
dos fluxos de trabalhadores e estudantes permite analisar melhor as possibilidades e 
limitações que os municípios tem em intermediar entre a metrópole e a região. Nem todos os 
 
 
 
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quatro municípios inicialmente selecionados cumprem essa tarefa – não poderiam, então, ser 
considerados membros da área peri-metropolitana do Rio de Janeiro. 
 
 
 
 
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Do peri-metropolitano ao metropolitano e retour: a constituição da metrópole 
 
De uma maneira mais geral, coloca-se a questão em que medida o aumento da 
mobilidade, o conseqüente espraiamento longínquo do tecido urbano e o surgimento de 
chamadas áreas peri-metropolitanas podem ser entendidos – ou não - como mera 
extrapolação daquelas dinâmicas e formas de expansão urbana que levaram à conformação de 
metrópoles. Procura-se, aqui, indicar caminhos de investigação capazes de verificar se há 
nessas áreas peri-metropolitanas uma possível ruptura com a lógica metropolitana. Colocado 
num contexto mundial, o debate apresentado está voltado particularmente para a metrópole 
latino-americana, em geral, e a brasileira em particular. 
O que mais nos interessa no presente trabalho são aqueles deslocamentos da 
população para lugares mais distantes fora das regiões metropolitanas (vide aqui 
particularmente nosso texto RANDOLPH/GOMES 2007a) que começamos a chamar de áreas 
peri-metropolitanas. 
Inicialmente, a denominação peri-metropolitana pode ser entendida enquanto analogia 
com o termo “peri-urbano” que se refere a alguma franja urbana e pretende designar a 
interface entre o urbano e o rural (ESPANÃ 1991): uma realidade que talvez não seja mais 
rural, mas que também não pode ser considerada plenamente urbana. O termo “peri-
metropolitano” denominaria, neste sentido, uma área de interface entre o metropolitano e um 
território urbano-regional que está próximo à região metropolitana; ao mesmo tempo parece 
estar presente, nos municípios nessa área de interface entre metrópole e região, a 
problemática peri-urbana à medida que se observam transformações das relações entre áreas 
urbanas e rurais nestes lugares (RANDOLPH 2005). 
A determinação do termo peri-metropolitano depende, portanto, em primeiro lugar, da 
nossa própria compreensão do próprio metropolitano. Diferentes perspectivas e 
procedimentos a respeito da constituição donde sua formação implicará, logicamente, em 
diferentes significados de sua possível área peri-metropolitana vizinha. O caso da Região 
Metropolitana do Rio de Janeiro é uma instrutiva referência: criada e modificada, em termos 
legais, por Leis Complementares estaduais, essa região tem sido redefinida em vários 
momentos após a promulgação da Constituição Federal de 1988 e a Constituição Estadual do 
Rio de Janeiro. 
O uso do termo peri-metropolitano exige, portanto, que seja brevemente explicitada a 
natureza da noção da região metropolitana na qual se apóia. 
Entendem-se, aqui, as regiões metropolitanas como formações sócio-espaciais 
resultantes de um estágio de maior complexidade do processo de urbanização atuante no 
mundo contemporâneo, denominado metropolização. No Brasil, o fenômeno metropolitano 
alcança o ápice a partir da década de 60, quando o processo de urbanização alcança novo 
patamar, baseado no aumento considerável do número de cidades milionárias e de grandes 
cidades médias – em torno de meio milhão de pessoas, como indica Santos (1996), tendo as 
metrópoles do Rio de Janeiro e São Paulo como as principais áreas de maior complexidade 
do território, devido ao elevado movimento migratório e a densificação populacional desses 
espaços. 
Dentro dessa perspectiva existem diferentes propostas operacionais para identificar os 
limites de uma região metropolitana. No presente trabalho (vide RANDOLPH/GOMES 
2007c) será utilizada aquela que foi apresentada mais recentemente pela Organização para 
Desenvolvimento e Cooperação Econômica (ODCE). Essa instituição acabou de lançar em 
2006 um relatório de avaliação das características e transformações em 78 regiões 
metropolitanas dos seus países membros (OECD 2006). Para fins da identificação das 
metrópoles nestes países – o Brasil, ao contrário do México, não é membro da ODCE –, o 
 
 
 
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relatório apresenta uma discussão sobre variáveis e critérios adotados (OECD, 2006: 36 e 
250-271). 
Resumindo, usaremos na nossa compreensão e identificação de uma Região 
Metropolitanas três de quatro as variáveis apontadas como suas principais características – 
sem seguir os valores que lhes foram atribuídos pela OECD - : (i) o tamanho populacional 
não tem nenhuma importância no nosso caso da investigação das áreas em torna das quarto 
maiores cidades do Brasil; mas, pode tornar-se relevante quando se pensa nas regiões 
metropolitanas criadas mais recentemente no interior do Paraná e em Santa Catarina; (ii) a 
densidade populacional – utilizada também por Castello Branco (2006) – indica a 
predominância de áreas urbanas em relação a áreas rurais, mais esparsamente ocupadas; e 
(iii) o fluxo pendulário de trabalhadores (e estudantes) entre os municípios – outra variável 
presente na análise de Castello Branco (2006) – seria a expressão de um mercado de trabalho 
articulado dentro de uma região metropolitana. 
A respeito dos primeiros dois critérios – tamanho populacional e densidade 
populacional - , podemos remeter a análises que realizamos já em trabalhos anteriores (vide 
especialmente RANDOLPH/GOMES 2007c). O que vamos trabalhar no presente trabalho 
serão os fluxos pendulários entre municípios dentro e fora da região metropolitana para 
compreender as articulações que estão se formando nos municípios de sua área peri-
metropolitana. 
 
Movimento pendular e a diferenciação entre áreas dentro e fora da região metropolitana 
 
Em pesquisas pretéritas, já as mencionamos anteriormente, nossa atenção estava 
dirigida a certas formas específicas de “movimento pendular” cuja importância se derivava 
das características específicas da área peri-metropolitana investigada (do Rio de Janeiro). 
Tratava-se de um movimento periódico, mas não contínuo (diário) que tinha um potencial de 
anunciar, como colocamos naquele momento, uma nova “sociedade urbana”. Era o do 
movimento no fim de semana e nas férias que leva milhares depessoas (cariocas) para as 
praias e montanhas ao redor da região metropolitana. 
Tendo como referência essa problemática, começamos a estudar tanto as migrações 
para lugares dentro dessa área peri-metropolitana como os deslocamentos pendulares que 
podem, ambos, sem muita precisão, dar uma idéia se aquele processo de “urbanização pós-
moderna” ou da transição para a sociedade urbana já pode estar em curso. 
Na atual investigação nossa atenção está voltada às formas de articulação que estão se 
formando em determinados municípios da área peri-metropolitana do Rio de Janeiro. Aí, os 
dados sobre o movimento pendular constituem importante “referencial para a análise dos 
processos de metropolização e expansão urbana. Na atualidade, verifica-se que esses 
deslocamentos ocorrem entre distâncias cada vez maiores entre a origem e o destino, 
revelando o avanço do processo de ocupação do espaço das aglomerações urbanas” 
(MOURA, CASTELLO BRANCO e FIRKOWSKI 2005). A própria pendularidade torna-se 
um conceito analítico chave não apenas para distinguir as áreas metropolitanas das peri-
metropolitanas; mas, também, para investigar a força de atração dos municípios peri-
metropolitanas de trabalhadores e estudantes da própria área peri-metropolitana ou mesmo de 
sua franja. Desta forma será possível obter primeiras indicações sobre a formação de pólos 
regionais em relativa proximidade à metrópole. 
Na tradição da Geografia Urbana esses movimentos pendulares fornecem o 
fundamento para a identificação de áreas de influência ou regiões funcionais. Essas áreas 
seriam, então, de mercado de trabalho, econômicas e metropolitanas. 
O conceito de “migração pendular” é antigo na Geografia. Aparece nas 
análises de Beaujeu-Garnier (1980) e Derruau (s/d), dentre outros clássicos 
 
 
 
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da Geografia Humana, com ênfase em Geografia da População. Contudo, a 
perspectiva de análise do geógrafo difere da do demógrafo, particularmente 
em razão da natureza da preocupação da Geografia com a espacialização. 
(MOURA, CASTELLO BRANCO e FIRKOWSKI 2005), 
Há autores para os quais nem todos os deslocamentos temporários constituem 
fenômenos demográficos. Outros, por outro lado, analisam o fenômeno dos movimentos 
diários no interior da discussão sobre migrações para o trabalho na qual as migrações de 
temporada são destacadas. Entre os autores citados por Moura, Castello Branco e Firkowsi 
(2005) não há nenhuma denominação única a essa ordem de deslocamento. Ora se referem à 
“migração” ora ao “deslocamento” pendular. 
Mas, conforme as autoras (2005), é importante entender que a “natureza dos 
deslocamentos pendulares difere substancialmente da compreendida pelos movimentos 
migratórios, embora ambos impliquem fluxos de pessoas no território”. No caso da presente 
investigação vai se trabalhar tanto com dados sobre movimentos pendulares como 
movimentos migratórios, inclusive relacionando os dois tipos de deslocamentos. 
Uma primeira aplicação dessa concepção da metrópole pode ser realizada em relação 
à delimitação da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. 
Tabela 1 
População Residente 
Deslocamento para trabalho e estudo Região Metropolitana 
e municípios de 
residência Total Trabalham ou estudam 
(A) 
Trabalham ou 
estudam no 
município de 
residência (B) 
Trabalham 
ou estudam 
em outro 
município 
da UF (C) 
Relação 
(C/A) % 
Região Metropolitana 10 710 109 6 789 290 5 979 468 797 039 11.74 
Rio de Janeiro 5 857 738 3 779 550 3 736 228 36 275 0.96 
Belford Roxo 434 394 261 823 178 535 82 917 31.67 
Duque de Caxias 775 406 471 939 372 585 98 686 20.91 
Guapimirim 37 952 23 558 18 924 4 622 19.62 
Itaboraí 187 479 115 801 87 676 27 931 24.12 
Japeri 83 278 49 772 34 052 15 665 31.47 
Magé 205 824 122 905 97 558 25 154 20.47 
Nilópolis 153 700 95 763 63 406 32 025 33.44 
Niterói 459 430 310 408 248 666 60 917 19.62 
Nova Iguaçu 920 572 563 598 424 831 137 415 24.38 
Paracambi 40 474 23 934 20 712 3 170 13.24 
Queimados 121 993 73 056 53 076 19 710 26.98 
São Gonçalo 891 108 564 508 415 140 148 719 26.34 
São João de Meriti 449 463 276 416 182 531 93 256 33.74 
Seropédica 65 242 40 327 33 275 6 931 17.19 
Tanguá 26 056 15 932 12 273 3 646 22.88 
Núcleo Metropolitano 5 857 738 3 779 550 3 736 228 36 275 0.96 
Periferia 
Metropolitana 4 852 371 3 009 740 2 243 240 760 764 25.28 
 Fonte: Sidra/IBGE 2000 
 
 
 
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A TABELA 1, acima, contem dados sobre deslocamentos para trabalho e estudo entre 
os municípios que compõem a metrópole do Rio de Janeiro. 
Com exceção do núcleo metropolitano, é claro, todos os demais municípios da região 
metropolitana apresentam um índice em torno onde a parcela da população que se desloca 
para os mencionados fins não chega a nem 1% em relação à população local que trabalha e 
estuda. Os demais outros municípios apresentam faixas de 20 a 30 % de deslocamentos para 
fora do município: com exceção de Paracambi e, mais próximo aos 20%, de Seropédica. 
Esse quadro muda completamente quando se apresenta na TABELA 2 os municípios 
que chamamos de peri-metropolitanos. As taxas daqueles que trabalham e moram nesses 
municípios variam entre 3 e 15 % do total da população que estuda ou trabalha ou seja são 
significativamente menor do que os índices encontrados nos municípios que pertencem à 
periferia da metrópole. Neste sentido o grau do movimento pendular parece ser um razoável 
indicador para a articulação entre diferentes lugares. 
 
Tabela 2 
População residente 
Deslocamento para trabalho e estudo Área Peri-
Metropolitana 
e municípios de 
residência Total 
Traba-
lham ou 
estudam 
(A) 
Trabalham 
ou estudam 
no municí-
pio de resi-
dência (B) 
Trabalham 
ou estudam 
em outro 
município 
da UF (C) 
Relação 
(C/A) % 
Área Peri-
Metropolitana 
809 
451 526 575 489 439 35 987 6.83 
Cachoeiras de Macacu 48 543 31 478 28 713 2 727 8.66 
Engenheiro Paulo de 
Frontin 12 164 7 662 6 554 1 084 14.15 
Itaguaí 82 003 51 716 44 580 7 097 13.72 
Mangaratiba 24 894 16 360 14 958 1 380 8,4 
Maricá 76 727 48 526 40 922 7 486 15.43 
Mendes 17 278 10 876 9 271 1 506 13.85 
Miguel Pereira 23 902 15 674 13 899 1 732 11.05 
Petrópolis 286 527 187 732 181 769 5 612 2.99 
Piraí 22 118 14 067 12 741 1 225 8.71 
Rio Bonito 49 671 32 158 29 644 2 399 7.46 
Saquarema 52 450 33 455 31 305 2 102 6.28 
Teresópolis 138 068 93 231 90 041 3 017 3.24 
 Fonte: Sidra/IBGE 2000 
 
Tendo como foco o Rio de Janeiro e sua Região Metropolitana, uma análise mais 
apurada dos movimentos pendulares já foi realizada por Castelo Branco (2006) que 
apresentou uma rica rede de articulações em torno da metrópole. Essa autora, ao mapear 
ligações entre os diferentes municípios em torno do Rio de Janeiro chega à conclusão que 
haja, o que chama, certos “Subnúcleos do Entorno” (2006, 8) fora da região metropolitana. 
Para a autora - diferentemente da nossa hipótese inicial - não há nenhuma ruptura 
nessa forma de expansão metropolitana pata esses sub-núcleos. É, portanto, nosso objetivo 
averiguar se e até ponto se anuncia alguma ruptura no padrão de urbanização e regionalização 
 
 
 
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nos municípios peri-metropolitanos. E, pretende-se, desenvolver um quadro mais preciso 
desses processos ao redor das grandes metrópoles do país – e aqui especialmente do Rio de 
Janeiro. Ao qualificarmos mais detalhadamente os fluxos de trabalhadores e estudantes em 
torno da região metropolitana do Rio de Janeiro procuramos identificar as dependências e 
autonomias (relativas) dos municípios peri-metropolitanos. 
Como não é possível – e nem faria sentido - trabalhar com todos os municípios 
vizinhos da Região Metropolitana do Rio de Janeiro serão escolhidos quatro municípios que 
estão situados em cada um dos quatro vetores de expansão da metrópole.Acreditamos que, selecionando nessa área peri-metropolitana municípios localizados 
nos principais eixos de expansão da metrópole teremos maior chance de encontrar realidades 
com aquelas características intermediadoras. Portanto, limitamos nosso estudo a quatro 
municípios que se encontram nos quatro principais eixos de expansão da metrópole: 
- o município de Mangaratiba, localizado na Costa Verde e no eixo de 
expansão através da rodovia Rio – Santos, 
- o município de Miguel Pereira que fica nas proximidades da expansão em 
direção a São Paulo e a rodovia Dutra; 
- o município de Petrópolis que constitui – como “cidade imperial” - uma das 
mais antigas “extensões” do município do Rio de Janeiro e está situado no 
eixo Rio de Janeiro – Belo Horizonte da BR 040; 
- o município de Maricá, finalmente, que apresenta altas taxas de crescimento 
populacional e está atravessado pela Rodovia Amaral Peixoto que constitui a 
principal via para a Região do Lagos. 
 
Pendularidade e novas formas de urbanização e regionalização na área peri-metropolitana 
do Rio de Janeiro 
 
Trabalhar em áreas peri-metropolitanas como a do Rio de Janeiro com apenas dois 
tipos de deslocamentos – os permanentes (migração) e os pendulares com freqüência diária 
(comutação) – significa uma certa limitação da investigação do processo de expansão 
metropolitana. A TABELA 3 mostra uma compilação dos principais dados referentes a esses 
dois movimentos em relação aos quatro municípios da área peri-metropolitana que sirvam, 
por ora, como caracterização dessa área. 
 
Tabela 3 
 Migração, Pendularidade e Trabalho 
 
Fonte: BME/IBGE: Microdados Censo Demográfico 2000 
 
Observando os dados da TABELA 3 percebe-se o seguinte: 
(i) Tomando como lugar de origem dos migrantes o município do Rio de Janeiro, o maior 
movimento de pessoas que estudam e trabalham em direção à área peri-metropolitana 
observa-se em relação a Maricá; Petrópolis recebe apenas aproximadamente a metade desse 
que Trabalham ou estudam
que Trabalham ou estudam no 
município do Rio de Janeiro
Trabalham ou estudam no próprio 
município e residiam no município do 
Rio de Janeiro em 31/07/1995
Porcentagem dos que 
manteram um vínculo de 
trabalho ou estudo com o 
município do Rio de Janeiro
Porcentagem dos trabalham 
ou estudam no próprio 
município
Mangaratiba 1175 239 911 20,34% 77,53%
Maricá 4240 1048 2817 24,71% 66,44%
Miguel Pereira 488 40 378 8,19% 77,46%
Petrópolis 2448 355 2046 14,50% 83,58%
Migrantes que residiam no município do Rio de Janeiro em 31/07/1995
Município
 
 
 
10
fluxo e Mangaratiba um quarto. A migração para Miguel Pereira é inexpressiva; essa situação 
repete-se também nas próximas análises em relação a esse município o que levanta dúvidas a 
respeito da pertinência de sua escolha para a presente problemática. Provavelmente, no 
futuro, será necessário rever essa escolha. 
(ii) Pergunta-se, agora, o que acontece com os migrantes recentes – que chegaram do Rio de 
Janeiro aos respectivos municípios após julho de 1995 – em termos do lugar de estudo e 
trabalho. A comparação entre esses movimentos permanentes com os pendulares mostra que 
a grande maioria dessas pessoas estuda e trabalho no lugar de seu novo domicílio: entre 66% 
em Maricá até 84% em Petrópolis. Mas, ao mesmo tempo há em Mangaratiba e Maricá uma 
parcela não desprezível de 20% a 25% dessa população que está (continua?) trabalhando no 
Rio de Janeiro. Será que será um indício para um “peri-metropolitan sprawl” (à longa 
distância), uma nova mobilidade? Ou indica a existência de novas relações de trabalho que 
permitem uma menor freqüência dos movimentos? No caso de Petrópolis este fenômeno é 
significativamente menor e não chega nem a 15% das pessoas que mudaram recentemente do 
Rio de Janeiro para lá; em termos absolutos é apenas um terço do número de pessoas nessa 
condição em Maricá. O que pode significar que Petrópolis oferece melhores condições para 
aqueles que queiram estudar ou trabalhar lá. 
Essa análise será aprofundada no primeiro sub-item do presente item posteriormente. 
Não se pode deixar de mencionar que a acima mencionada presença de segundas 
residências sugere que a compreensão dessa realidade (peri-metropolitana) exigiria uma 
terceira modalidade de mobilidade: os deslocamentos periódicos com uma freqüência 
reduzida. Como há uma crescente penetração por casas de fim de semana nas áreas peri-
metropolitanas, os movimentos pendulares com freqüência semanal ou mesmo semestral tem 
uma grande importância para a determinação das atuais características da urbanização peri-
metropolitana. Sua importância ainda aumenta se lembrarmos do potencial dessa segunda ser 
transformada – com certa facilidade – em principal residência. Futuramente, num tempo 
muito curto, pode se imaginar um deslocamento em maior escala (migração) para essas áreas 
na medida em que as condições materiais (e infra-estruturais) para tal já são dadas por causa 
das segundas residências aí já implantadas. Em outro lugar desenvolvemos essa idéia mais 
aprofundamente (RANDOLPH 2005) 
Retomando os objetivos das atuais investigações, cabe lembrar que, para o estado do 
Rio de Janeiro no século XXI, pressupomos que se encontrem entre os municípios peri-
metropolitanos, ou mesmo aqueles que pertencem à franja dessa área, alguns que podem ser 
considerados centros regionais e apresentar na sua dinâmica algum grau de autonomia em 
relação à metrópole. Estamos interessados particularmente nesse tipo de município na nossa 
investigação. 
Nestes casos, diferentemente da realidade paulista estudada por Baeninger (1998), o 
grau de autonomia certamente será mais reduzido até por causa da menor distância desta área 
em relação ao núcleo da região metropolitana; nenhum desses municípios encontra-se a mais 
de 80 a 100 km do centro do núcleo. No caso paulista uma das razões para um aumento da 
autonomia e a redistribuição espacial da população e da urbanização foi o intenso fluxo 
migratório verificado nas últimas décadas. 
No presente trabalho não vamos aprofundar aspectos das migrações intra-estaduais 
para a urbanização e regionalização das áreas peri-metropolitanas. Como já brevemente 
observado encima, a questão das migrações tornou-se relevante para os levantamentos e 
análises quando ao fato esses migrantes mantiverem (ou não) seu lugar de trabalho ou estudo 
no Rio de Janeiro. Ou seja que mudaram seu lugar de moradia da metrópole para a área peri-
metropolitana, mas que continuam trabalhando ou estudando no Rio Janeiro como teremos 
oportunidade de estudar mais aprofundamente no seguinte sub-item. 
 
 
 
11
Para tal serão usados os microdados do IBGE através de tabulações elaboradas BME 
(Banco Multidimensional de Estatística). O BME é uma base de dados formada por 
microdados originados nas pesquisas estatísticas efetuadas pelo IBGE. Os microdados 
correspondem aos dados existentes nos questionários das pesquisas, sendo portanto, a 
informação mais desagregada possível para a pesquisa estatística. 
 
a) Caracterização das pessoas que moram nos quatro municípios peri-metropolitanos 
e trabalham ou estudam no Estado do Rio de Janeiro. 
 
Essa relação complexa entre movimento pendular e migração também já foi objeto de 
estudos anteriores. Citando novamente como exemplo um estudo de Baeninger (1996), a 
autora encontra na sua investigação uma relação entre migração e movimento pendular de 
chefes de famílias. Os migrantes mais recentes em áreas metropolitanas são mais propensos a 
realizar deslocamentos pendulares do que aqueles habitantes que permanecerem há mais 
tempo em um determinado lugar. Aparentemente, no caso desses migrantes, a mudança de 
sua residência não os aproximou ao seu lugar de estudo ou trabalho. Pode-se arriscar, talvez, 
a hipótese que na decisão sobre o deslocamento da residência o localde trabalho teve um 
papel subordinado; ou por causa de imposições externas (mercado imobiliário, renda familiar 
etc.), ou por razões subjetivas da busca pela proximidade ao consumo (shopping), lazer, 
“verde”, segurança, tranqüilidade etc. decorrentes de valores de consumo e entretenimento. 
Situações parecidas serão investigadas também em relação ao deslocamento definitivo 
de cariocas para um dos quatro municípios do universo da nossa pesquisa; os dados 
agregados a esse respeito encontram-se na TABELA 2. 
Essas situações são importantes para discutir a questão do presente trabalho a respeito 
do rompimento (ou não) da lógica metropolitana de urbanização nas áreas peri-
metropolitanas. Portanto – lógica e ao mesmo tempo paradoxalmente -, se queremos 
identificar alguma nova forma de urbanização nessas áreas, precisamos comprovar a hipótese 
de que o processo de expansão metropolitana em curso fortalece (e não enfraquece) o grau de 
centralidade existente de uma parte dos municípios peri-metropolitanos. Esse é o aspecto 
estrutural da questão. 
Por outro lado existe um aspecto processual e dinâmico da expansão da metrópole e 
das transformações na sua área peri-metropolitana que diz respeito a diferentes formas 
complexas de mobilidade, deslocamentos pendulares e migrações. 
É na TABELA 4 (na página 13) que encontramos os dados que permitem uma análise 
mais detalhada do perfil daqueles que se deslocam diariamente (em princípio) do seu lugar de 
trabalho para o lugar de moradia (movimento pendular). Para caracterizar essas pessoas teria 
sido possível usar seu grau de instrução e o setor de sua ocupação – duas características 
certamente importantes e relevantes para nossos propósitos. Mas, por razão da limitação do 
atual trabalho decidimos trabalhar com o total de rendimento bruto1 dessas pessoas que vem 
sendo apresentado nos Micro-Dados do Censo Demográfico de 2000 do IBGE em 
determinadas faixas de salário-mínimo. 
Como se vê na TABELA 4 – e este procedimento vale também para as tabelas 
seguintes - compactamos as faixas de rendimento em apenas cinco faixas que vão 
sucessivamente aumentar seu tamanho (aproximadamente em forma exponencial). Essa 
forma de representação visa melhorar a visibilidade dos fenômenos que são relevantes para a 
presente pesquisa. 
 
1 Soma dos rendimentos brutos auferidos provenientes de todas as fontes, ou seja, soma dos rendimentos do 
trabalho principal e dos demais trabalhos com os rendimentos provenientes de outras fontes. O valor do salário 
mínimo na data de referência do Censo: R$151,00. 
 
 
 
12
 (i) Com respeito aquele grupo de pessoas que moram em um dos quatro municípios e 
estudam ou trabalham no Rio de Janeiro, encontra-se o perfil do rendimento bruto na 1. Linha 
de cada município da TABELA 4. A distribuição dessa população entre as cinco faixas de 
rendimento mostra que, claramente, Petrópolis apresenta a menor participação nas faixas 
mais baixas (até 10 s.m.) em relação aos três outros; em compensação, nas duas faixas 
maiores (além de 10 s.m.) alcança os maiores valores no grupo dos quatro municípios. Os 
dados de Maricá apresentam um perfil na média mais baixa do que aquele de Petrópolis: o 
grupo de pessoas que trabalha no Rio de Janeiro tem uma participação maior nas faixas 
menores e uma menor nas faixas mais altas. Os outros dois municípios, por sua vez, 
apresentam perfis de rendimento tendencialmente mais baixo ainda. 
Petrópolis, neste sentido, ocupa um lugar privilegiado entre os quatro municípios na 
medida que aquele grupo de pessoas que se desloca para o Rio de Janeiro tem um rendimento 
maior; essa posição verifica-se também quando se observa o grau de instrução e setor de 
ocupação dessas pessoas. 
(ii) Ainda ligado à questão do perfil do grupo que trabalha no Rio de Janeiro, há na 2. 
Linha para três dos quatro municípios na TABELA 4 informações do rendimento daqueles 
que recém migraram para os respectivos municípios mas mantêm sua fonte de rendimento no 
Rio de Janeiro2. O comportamento dos índices nos três casos é bastante semelhante: entre 
esse grupo de migrantes há uma parcela maior, do que entre a totalidade daqueles que 
trabalham ou estudam no Rio, com rendimento muito baixo (até 1,5 s.m.). Nota-se um 
significativo aumento nessa faixa. A partir do rendimento acima de 1,5 s.m. o quadro se 
inverte, e em todos os casos está reduzida a parcela que ganha entre 1,5 a 3 s.m.. Depois, nas 
faixas maiores acima 3 s.m., aumenta tendencialmente a participação desse grupo dos recém 
migrantes. Pode-se dizer que há uma certa “polarização” em relação à totalidade de todos que 
trabalham e estudam no Rio de Janeiro: nesse grupo de pessoas há proporcionalmente mais 
pessoas tanto com rendimento baixo como também alto. 
Apenas Maricá é uma exceção em relação à faixa daqueles que tem um rendimento 
acima de 30 salários mínimos. Aparentemente, entre os recém migrantes há uma parcela 
muito pequena que se encontram nessa faixa – não chega nem a 1% dos migrantes. Valor 
bastante inferior aos 4% dos pendulares que tem rendimento bruto acima de 30 s.m. Como 
parece, a população que se desloca do Rio de Janeiro para Maricá e continua trabalhando no 
Rio não pertence a essa faixa maior. 
Nota-se o oposto em Petrópolis: houve, em relação à totalidade do movimento 
pendular com o Rio de Janeiro, apenas um pequeno aumento na faixa abaixo de 1,5, s.m.; 
mas a faixa entre 1,5 e 3 s.m. apresenta um valor muito menor do que o do grupo de todos 
aqueles que pendulam para o Rio de Janeiro (apenas 4,5% contra quase 15%). Nas faixas 
seguintes a participação dos recém migrantes aumenta substantivamente. Chama a atenção o 
aumento de quase 10% para 20% do grupo de recém migrantes na faixa de rendimento acima 
de 30 salários mínimos o que significa claramente que nos migrantes há uma parcela 
relativamente grande (maior do que do grupo inteiro dos pendulares) com altos rendimentos 
que mantêm seu vínculo com o Rio de Janeiro. Em outras palavras, Petrópolis atraí um 
contingente significativo de pessoas de altos rendimentos com trabalho no Rio de Janeiro 
para deslocar seu lugar de moradia para lá. Pode-se interpretar esse fenômeno, talvez, como 
mais uma expressão de um tipo de “peri-metropolitan sprawl” cuja natureza valeria a pena ser 
investigada como já observamos anteriormente. 
 
b) Distribuição espacial das pessoas que moram nos quatro municípios peri-
metropolitanos e trabalham ou estudam em outros lugares e vice versa. 
 
2 Miguel Pereira não está incluído nessa análise por não ter um número suficiente nessa condição no município; 
 
 
 
13
 
 Quando se compara os movimentos pendulares das pessoas que moram num dos 
nossos quatro municípios e trabalham em outro com aqueles que moram em qualquer outro 
município do estado e trabalham num dos quatro observa-se alguns fenômenos interessantes: 
Em relação aos números desse fluxos há dois municípios que recebem mais pessoas para o 
trabalho e estudo de fora do que aqueles que estão saindo para estudar e trabalhar em outro 
lugar. Esse saldo é ligeiramente positivo tanto em Mangaratiba (995 pessoas) como em 
Petrópolis onde o fluxo de 4.916 pessoas que estudam e trabalha, fora é mais que 
compensado pelas 5.556 pessoas que procuram o município para este fim. Já, ao contrário, 
em Maricá e Miguel Pereira esse saldo é negativo. Chama atenção que no caso de Maricá dos 
6.964 pessoas que vão trabalhar e estudar fora correspondem apenas 1.583 que procuram o 
município para trabalhar e estudar. 
Também em relação à abrangência geográfica desses fluxos encontram-se diferenças 
significativas entre os municípios como, no caso de Maricá e Petrópolis, mostram os MAPAS 
1 a 4 que serão interpretados mais tarde 
No caso de Miguel Pereira não há nem umaárea maior de atração nem de dispersão de 
trabalhadores e estudantes; já em relação a Mangaratiba, a distribuição dos municípios 
procurados pelos moradores desse município é bastante reduzido: 41 % vão para o Rio de 
Janeiro, e fluxos mais significativos vão para outros cinco municípios. Já a origem de 
moradia das pessoas que estudam e trabalham em Mangaratiba é mais amplamente 
distribuída, mas também mais concentrada: quase 60% vem do município vizinho de Itaguaí; 
13 % do Rio de Janeiro e mais 10% de Angra dos Reis. Há mais outros sete municípios de 
onde vem uma parcela menor, mas não desprezível de pessoas (em torno de 1% do total 
daqueles que vem para Mangaratiba). 
 
c) Deslocamentos pendulares em direção aos quatro municípios peri-metropolitanos 
 
Na próxima parte do presente ensaio serão observados não apenas os movimentos 
pendulares entre os quarto municípios e o núcleo da Região Metropolitana – esses 
movimentos têm, é obvio, uma importância especial para os propósitos da argumentação aqui 
desenvolvida. Pois, além da relação privilegiada com o núcleo da metrópole que tem sua 
origem no próprio questionamento das nossas investigações, que vimos no item anterior, 
interessa as articulações dos quatro municípios com outros dentro e fora da região 
metropolitana do Rio de Janeiro. Uma comparação entre o número de pessoas que moram 
nesses lugares, mas estudam e trabalham em outros com o número de pessoas que trabalham 
ou estudam nesses lugares, mas moram em outros pode dar uma primeira impressão das 
articulações regionais dos quatro casos aqui estudados. 
Neste sentido, amplia-se agora o campo de observação para movimentos que têm sua 
origem tanto no próprio Rio de Janeiro como também em outros do estado do Rio de Janeiro 
-. tanto dentro como fora da Região Metropolitana. Persegue-se, assim, o intuito de conseguir 
identificar certos padrões que podem ajudar, posteriormente, para a discussão sobre a 
centralidade ou polaridade desses municípios em âmbito regional maior. 
É na já anunciada TABELA 4 – vide na página seguinte - que se encontram além dos 
dados acima já interpretados (1. e 2. Linha de cada município) essas novas informações sobre 
o perfil de rendimento bruto daqueles que tomam a direção oposta: ou seja que moram no Rio 
de Janeiro e trabalham ou estudam em um dos quatro municípios (3. Linha). Ainda, na 4. 
Linha, encontra-se essa distribuição do rendimento entre as cinco faixas para aquelas pessoas 
que moram em qualquer lugar do estado do Rio de Janeiro e se dirigem, para estudo ou 
trabalho, a um dos quatro do universo da nossa pesquisa. 
 
 
 
14
TABELA 4 
Comparação entre os perfis dos rendimentos entre os quatro municípios 
MUNICÍPIO CRITÉRIO 
TOTAL 
de 
pessoas 
sem 
rendimen
to 
até 1,5 
sm 1,5 a 3 sm 3 a 10 sm 
10 a 30 
sm 
acima 
de 30 
sm 
 
1. Trabalham ou 
estudam no Rio de 
Janeiro 552 15,94% 14,85% 9,60% 48,01% 17,21% 3,44%
Mangaratiba 
2. Idem; residiam 
no Rio de Janeiro 
em 31/07/1995 239 15,06% 18,83% 6,28% 55,23% 17,57% 4,18%
 
3. Aqueles que vem 
do Rio de Janeiro 
para trabalhar e 
estudar 298 3,10% 22,07% 47,59% 23,45% 3,79%
 
4. Aqueles que vem 
de outros 
municípios (UF) 2317 5,93% 16,09% 36,68% 30,83% 9,64% 0,83%
 
1. Trabalham ou 
estudam no Rio de 
Janeiro 3307 4,93% 5,50% 24,16% 38,19% 20,08% 3,93%
Maricá 
2. Idem; residiam 
no Rio de Janeiro 
em 31/07/1995 1048 7,06% 8,49% 21,56% 52,00% 26,05% 0,76%
 
3. Aqueles que vem 
do Rio de Janeiro 
para trabalhar e 
estudar 70 32,86% 12,86% 41,43% 12,86%
 
4. Aqueles que vem 
de outros 
municípios (UF) 1568 7,49% 15,63% 30,10% 37,86% 6,33% 2,58%
Miguel Pereira 
1. Trabalham ou 
estudam no Rio de 
Janeiro 731 12,45% 11,49% 23,12% 42,13% 6,84% 3,15%
 
4. Aqueles que vem 
de outros 
municípios (UF) 1291 14,27% 23,08% 19,98% 31,88% 10,79% 
 
1. Trabalham ou 
estudam no Rio de 
Janeiro 3524 12,46% 3,60% 14,87% 34,82% 24,35% 9,62%
Petrópolis 
2. Idem; residiam 
no Rio de Janeiro 
em 31/07/1995 355 2,54% 5,35% 4,51% 46,48% 29,01% 21,97%
 
3. Aqueles que vem 
do Rio de Janeiro 
para trabalhar e 
estudar 744 7,12% 2,82% 8,74% 42,74% 18,41% 20,16%
 
4. Aqueles que 
moram em outros 
municípios (UF) 5456 10,99% 11,85% 27,50% 37,75% 7,28% 4,64%
 
Fonte: BME/IBGE: Microdados Censo Demográfico 2000 
 
 
 
15
(i) Em relação à inserção regional dos municípios é interessante comparar o perfil 
daquele grupo de pessoas que estudam ou trabalham no Rio de Janeiro (e moram em um dos 
municípios peri-metropolitanos) – vide 1. Linha da tabela – com aquele de um outro grupo de 
pessoas que moram no Rio de Janeiro e vão estudar ou trabalhar em um daqueles municípios. 
– vide a 3. Linha da tabela. 
Não deixa de ser uma certa surpresa o fato que o perfil dos rendimentos daqueles que 
partem do Rio de Janeiro para trabalhar na área peri-metropolitana é melhor do que o dos 
grupos que seguem o caminho contrário. Isto vale especialmente para as duas faixas mais 
altas de rendimento (acima de 10 s.m.) que englobam em todos os três municípios parcelas 
relativamente maiores de pessoas que vão trabalhar nos três municípios do que aqueles que 
partem deles para trabalhar no Rio de Janeiro. 
Por exemplo, em Maricá dobra relativamente a parcela na faixa dos 10 a 30 s.m. e 
triplica na faixa além dos 30 s.m.; como também em Petrópolis onde duplica o índice na faixa 
maior de rendimento. No caso de Maricá há de se considerar que o número de pessoas que lá 
procuram trabalho ou estudo é muito reduzido – são apenas 70 cariocas que fazem isto; 
diferentemente de Petrópolis onde, em termos absolutos, essa população é dez vezes maior. 
Isto significa que um quinto dos mais de 700 cariocas que sobem a Serra diariamente para 
trabalhar tem um rendimento bruto superior a 30 s.m.. No caso de Petrópolis, diminui o 
índice no caso dos rendimentos entre 10 e 30 s.m. 
Nas demais três faixas de rendimento a tendência não é tão nítida assim; mas, 
observa-se ainda uma tendencial distribuição a favor de rendimentos mais altos. 
(ii) Para terminar essa comparação entre os quatros – na verdade três – municípios 
peri-metropolitanos julgamos interessante confrontar os dados dos rendimentos dos 
moradores cariocas (3. Linha) com os respectivos dados que moram em outros municípios do 
estado do Rio de Janeiro (4. Linha cada). 
Há uma nítida tendência que os cariocas que trabalham nesses municípios tem um 
perfil de rendimento mais alto do que os demais grupos de pessoas que vem de outros 
municípios: as faixas mais baixas de rendimento apresentam valores maiores para aqueles 
que moram em outros municípios da unidade da federação. Essa tendência inverte-se em 
relação às faixas mais altas onde os grupos cariocas tem uma participação significativamente 
maior do que os habitantes de outros municípios do estado do Rio de Janeiro. Isto é 
particularmente evidente no caso de Petrópolis onde havia uma percentagem elevada de 
cariocas na faixa acima de 30 s.m., mas também em Mangaratiba e Maricá. 
Os índices de Miguel Pereira seguem as tendências dos outros três municípios em 
relação aqueles que lá moram e trabalham e estudam no Rio de Janeiro (1. Linha) e que lá 
trabalham ou estudam e moram em outros municípios do estado do Rio de Janeiro (4. Linha). 
 
À guisa de uma conclusão: deslocamentos pendulares e indícios de regionalizações na área 
peri-metropolitana e sua franja - os casos de Petrópolis e Maricá 
 
Pretendia-se, com o atual trabalho, fornecer elementos acerca do debate sobre as 
características ou a “natureza” de formas contemporâneas de expansão das metrópoles para 
além de suas fronteiras regionais. 
Apresentamos nas sessões anteriores dados e interpretações acerca de quatro 
municípios que fazem parte da área peri-metropolitana do Rio de Janeiro.Percebeu-se que há 
dois casos destacados entre estes quatro que serão investigados em maior profundidade na 
presente parte do nosso ensaio. Trata-se de Maricá e Petrópolis que se destacaram por suas 
diferenças referentes à sua articulação com a Região Metropolitana e o município núcleo Rio 
de Janeiro. 
 
 
 
 
16
MAPA 1 – Mobilidade Pendular: Moradores de Petrópolis 
 MAPA 2 – Mobilidade Pendular: Lugares de onde vem aqueles que 
estudam/trabalham em Petrópolis 
 
 
 
17
MAPA 3 – Mobilidade Pendular: Moradores de Maricá 
MAPA 4 – Mobilidade Pendular: Lugares de onde vem aqueles que 
 estudam/trabalham em Maricá 
 
 
 
18
O município de Petrópolis parece apresentar características que o qualificam como um 
pólo com certa autonomia e centralidade – até certo ponto mais desvinculado do Rio de 
Janeiro. Poderia, neste sentido, cumprir aquele papel que nos atribuímos à área peri-
metropolitana, a saber: de assumir uma certa intermediação entre a metrópole e a região e 
entre o urbano e o rural. 
Já os dados de Maricá apontam em outra direção: as relações com a metrópole parecem 
reproduzir mais aquele padrão entre a própria periferia metropolitana com seu núcleo. Neste 
sentido, Maricá não se caracterizará por funções de intermediação e não poderia ser 
considerado como peri-metropolitano. 
Para aprofundar esses questionamentos a respeito dos dois municípios mapeamos os 
movimentos pendulares em duas direções de ambos: 
(i) no MAPA 1, nas páginas anteriores, observa-se o movimento pendular daqueles 
que moram em Petrópolis e trabalham ou estudam em outro lugar no estado do Rio de 
Janeiro. Para caracterizar os fluxos de pessoas, construímos três faixas: uma abaixo de 100 
pessoas, um segunda entre 100 e 460 pessoas e a última acima de 460 pessoas. Nota-se uma 
ampla distribuição espacial de municípios com os quais Petrópolis mantêm movimentos 
dentro da primeira faixa. As outras duas são concentradas na Região Metropolitana do Rio de 
Janeiro que é o destino preferido daqueles que moram em Petrópolis. 
(ii) Já o movimento inverso – daqueles que vem para Petrópolis para estudar ou 
trabalhar apresenta um padrão bastante diferente como mostra MAPA 2. Além das relações 
mais intensas com três municípios metropolitanos, aparecem também fluxos significativos 
com municípios fora dessa região – que chamamos em outro lugar de franja peri-
metropolitana. Portanto, a mera distribuição territorial dos movimentos pendulares parece 
reforçar a impressão que acabamos de descrever: Petrópolis exerce alguma centralidade que 
confere ao município de alguma forma uma certa autonomia da metrópole. 
(iii) No MAPA 3 encontram-se os movimentos pendulares que tem sua origem no 
município de Maricá. Em princípio não muito diferente de Petrópolis – apesar de uma 
magnitude de fluxos bem maior do que os de Petrópolis, as relações com a metrópole tem um 
peso maior do que aquelas com áreas fora dela. 
(iv) A grande diferença com Petrópolis nota-se no MAPA 4. Os movimentos 
pendulares que chegam a Maricá são, em grande parte, de baixa intensidade estão 
distribuídos em torno do município. Apenas há fluxos maiores e significativos provindos da 
própria Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Neste caso, portanto, os movimentos 
significativos nas duas direções restringem-se a esse âmbito. Maricá dificilmente vai poder 
assumir funções de intermediação com a área peri-metropolitana ou sua franja na medida em 
que carece uma centralidade mais significativa. 
Finalmente, para complementar a análise dessa distribuição territorial dos movimentos 
pendulares, serão apresentados duas tabelas sobre os perfis de rendimento dos grupos de 
pessoas que são os portadores físicos desses fluxos. 
Trabalhando de novo com cinco faixas de rendimento bruto, reunimos para cada um 
dos dois municípios dados sobre dois tipos de fluxos: um primeiro (destacado pela cor 
magenta) que diz respeito ao deslocamento daqueles que moram em Petrópolis e Maricá e 
trabalham ou estudam em outro município do estado. Aí, além de linhas novas, repetem-se os 
dados que já constaram na 1. Linha da TABELA 4. 
Um segundo fluxo refere-se aos movimentos que tem os dois municípios como 
destino – ou seja, mostra as origens onde moram as pessoas que procuram trabalho ou estudo 
em Petrópolis - TABELA 5 - ou Maricá – TABELA 6. Aqui repetem se os dados em relação 
aos movimentos pendulares que tem sua origem em outro município do estado e aquele que 
vem do Rio de Janeiro que continuam referências privilegiadas da nossa análise. 
 
 
 
19
Mas, para investigar mais detalhadamente exatamente esses fluxos – cruciais para o 
reconhecimento de alguma centralidade dos dois municípios - eles são detalhados e 
diferenciados, numa segunda parte da tabela, conforme os principais movimentos de 
municípios tanto fora da Região Metropolitana como de municípios que fazem parte da 
metrópole. 
Apresentam-se essas duas TABELAS a seguir: 
 
 
Tabela 5 – MOVIMENTOS PENDULARES REFERENTES A PETRÓPOLIS 
 
 Classes de Rendimentos Brutos 
EM RELAÇÃO A PETRÓPOLIS 
Até 1,5 
s.m. 
(em %)
1,5 até 3 
s.m. 
(em %)
3 até 10 
s.m. 
(em %)
10 a 30 
s.m. 
(em %)
mais de 
30 s.m. 
(em %) 
no. de 
pessoas 
 Moram em Petrópolis e trabalham ou 
estudam em outro município da UF 6,43 14,40 33,22 21,17 8,06 5.535 
 Moram em outro município da UF e 
estudam ou trabalham em Petrópolis 11,71 26,85 36,87 7,20 4,56 5.568 
trabalham ou estudam em outro 
município fora da RMRJ 6,55 19,66 42,32 15,73 7,87 534 
trabalham ou estudam em outro 
município na RMRJ 6,42 13,84 32,25 21,76 8,08 5.001 
 
trabalham ou estudam no município do 
Rio de Janeiro 3,61 14,91 34,92 24,42 9,65 3.514 
 Total 14,74 25,42 34,41 6,71 2,28 2.191 
 Areal 15,35 35,43 25,20 4,13 508 
 Três Rios 12,82 18,34 52,66 5,13 507 
São José do Vale 
do Rio Preto 13,70 30,82 41,78 3,42 6,16 292 
Paraíba do Sul 23,14 37,12 14,41 9,17 229 
 
Moram em outro 
município fora da 
Região 
Metropolitana 
Teresópolis 19,53 56,25 17,19 129 
 Total 9,57 28,07 38,64 7,44 6,08 3.292 
 Magé 10,41 43,11 35,29 1,93 1.037 
 Duque de Caxias 15,39 20,48 35,24 5,60 0,38 786 
 Rio de Janeiro 2,82 8,74 42,74 18,41 20,16 744 
 Niterói 14,29 6,29 32,57 25,14 21,71 175 
 
São João de 
Meriti 6,75 46,01 41,72 5,52 163 
 
Moram em 
município da 
Região 
Metropolitana 
Nova Iguaçu 5,19 44,44 50,37 135 
Fonte: BME/IBGE: Microdados Censo Demográfico 2000 
 
 
 
 
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Tabela 6 – MOVIMENTOS PENDULARES REFERENTES A MARICÁ 
 
 Classes de Rendimentos Brutos 
RELAÇÃO A MARICÁ Até 1,5 
s.m. 
 (em %)
1,5 até 3 
s.m. 
(em %) 
3 até 10 
s.m. 
(em %) 
10 até 30 
s.m. 
(em %) 
mais de 
30 s.m. 
(em %) 
no. de 
pessoas - 
total 
Moram em Maricá e trabalham ou 
estudam em outro município da UF 11,77 25,97 34,16 12,93 2,26 7.442 
 Moram em outro municípo da UF e 
estudam ou trabalham em Maricá 13,01 29,29 37,94 9,15 2,59 1.584 
Moram em Maricá e trabalham ou 
estudam em outro município fora da 
RMRJ 45,45 27,97 26,57 143 
trabalham ou estudam em município 
na RMRJ 12,00 25,59 34,28 12,66 2,30 7.299 
 
trabalham ou estudam no município 
do Rio de Janeiro 5,50 24,16 38,19 20,08 3,93 3.307 
 Total 15,22 28,26 21,74 11,96 10,87 92 
 Saquarema 29,03 35,48 31 
 
 
Moram em outro 
município fora da 
Região Metropolitana 
 
 
 Total 15,48 30,35 38,42 5,91 2,04 1.473 
 
São Gonçalo 
15,89 23,97 38,01 7,09 1,84 705 
 Niterói 13,62 24,68 51,93 2,06 2,06 389 
 Itaboraí 23,16 56,50 20,34 177 
 
Moram em município 
da Região 
Metropolitana e 
estudam outrabalham em Maricá 
Rio de Janeiro 32,86 12,86 41,43 12,86 70 
Fonte: BME/IBGE: Microdados Censo Demográfico 2000 
 
Fica patente que Petrópolis consegue articular (e intermediar, neste sentido) entre 
municípios tanto metropolitanos como peri-metropolitanos através dos fluxos de mão de obra 
que entram no e saiem do município. Ao contrário, Maricá está voltado quase exclusivamente 
para a região metropolitanas e parece constituir algo como uma “extensão peri-
metropolitana” dele. Seria interessante observar aqui mais detalhadamente os diferentes 
perfis de rendimento para cada grupo que se desloca de um município para outro. 
Infelizmente, por falta de espaço, essa vai ter que ser uma tarefa para um próximo trabalho. 
Em síntese, o principal resultado dessa investigação é que há de se questionar a 
delimitação original da área peri-metropolitana do Rio de Janeiro. Como já se suspeitava 
antes, um mero recorte físico-territorial (determinada proximidade ao núcleo metropolitano) 
ou administrativo-territorial (municípios vizinhos de municípios metropolitanos) não é 
suficiente para sustentar a idéia de que possa estar acontecendo alguma coisa nova com a 
expansão 
Nossos dois casos são bem elucidativos neste sentido: Petrópolis se encaixa dentro da 
perspectiva do presente trabalho de procurar na área peri-metropolitana indícios de novas 
formas de urbanização e regionalização que podem fazer surgir novas centralidades e 
mediações entre a metrópole e a região. Já para Maricá isto não vale porque esse município 
mais parece uma extensão dentro da lógica metropolitana do seu território. Pode-se, então, ter 
dúvidas a respeito do fundo material da decisão política de separar Maricá da Região 
Metropolitana e soma-lo à Microrregião dos Lagos com a qual mal mantêm relações do tipo 
que investigamos na presente pesquisa. 
 
 
 
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